Mônica Leal e meu Tempra dourado

Mônica Leal e meu Tempra dourado

Obs. inicial: Hoje, duas pessoas vieram me falar deste velho post. Recordar é viver! Importante dizer que já paguei o que devia à nobre vereadora.

Alguns poucos de vocês devem lembrar que a atual vereadora de Porto Alegre e ex-Secretária de Cultura do RS, Mônica Leal, me processou. Sei que muita gente vai me invejar e devo confirmar que tenho o maior orgulho disso. É currículo, meus amigos! Bem, ela ganhou a causa e fiquei devendo um alto valor para ela. Depois, meu advogado — que é excelente — conseguiu baixar o montante e hoje a coisa está num valor que não lembro qual é, só lembro que é igualmente impossível de pagar. Afinal, se me virarem de cabeça para baixo e chacoalharem, só vão cair no chão minhas passagens e os almoços que devo comer até o fim do mês.

Hoje me ligou um oficial de justiça. A seguir, o diálogo:

— É o Sr. Milton Ribeiro?

— Sim, quem fala?

— Aqui é X., oficial de justiça, e eu tenho uma intimação para entregar ao Sr.

— Da parte de quem? — perguntei, já sabendo do que se tratava.

— De… Mônica Leal — ele disse e deu uma risadinha curta, não sei por quê.

— Ah, sim, pois é, acho que ela deve processar muita gente, né? E o que diz a intimação?

— Ela pede a penhora de um Tempra de sua propriedade.

— Um Tempra? O Sr. quer dizer o automóvel?

— Sim, o automóvel.

— Mas eu nunca tive um Tempra.

— Mas é o que está escrito aqui.

— OK, o Sr. fica de plantão no dia X no horário Y no local Z, não?

— Sim.

— Eu vou aí buscar a intimação, pode ser? Passo aí na frente todo dia.

— Ah, perfeito. Estarei aqui. Obrigado.

— Obrigado, boa tarde.

— Boa tarde.

Quando depositei o telefone no gancho, minha mente se iluminou. Lembrei do Tempra. Estávamos talvez em 1997. Eu e meus amigos Daniel e Corrêa compramos um carro em São Paulo para fazer negócio. O troço era bom e caro e não era um Tempra. Vendemos na primeira semana. Recebemos uma parte em dinheiro e outra na forma de um carro de menor valor: o Tempra dourado.

Eu juro para vocês que nunca tinha visto uma coisa mais feia na minha vida. Eu nunca dei bola para carros, mas aquilo era uma excrescência, um problema de malformação de fábrica, algo que faria a Igreja aprovar o aborto, algo que deve ter feito os operários da Fiat pararem a produção para olharem bem, darem gargalhadas e contarem pros amigos.

— Daniel, que carro é esse?

— É o que a gente recebeu na volta.

— Daniel, esse carro não foi figurante em Carruagens de Fogo?

— Que coisa horrível, né?

— Daniel, quem é que vai comprar isso?

— Olha, Milton, o carro está em excelente estado blá, blá, blá…

Demoramos uns 3 meses ou mais para nos livrar do Chariots of Fire. Mas ele foi adiante. A dúvida que fica no ar é a seguinte: será que ele ainda está em meu nome? Será que, em estando no meu nome, teve pagos seus impostos? Bem, se não teve, aí toda a piada começa a perder a graça. O pior é fucei no site do Detran e nada de Tempra.

Hoje à tarde, só para apavorar meus sete leitores, procurei um Tempra dourado na internet mas não achei. Era um amarelo metálico, credo. Era dessa cor aí embaixo, mas não era digno como este Maverick. Imaginaram o horror?

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Acabamos de encontrar uma foto de Tempra dourado!

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