Uma resenha cheia de dedos: a Ospa, a Sinfonia Concertante de Mozart e a 3ª de Schumann

Uma resenha cheia de dedos: a Ospa, a Sinfonia Concertante de Mozart e a 3ª de Schumann
Um chocolatinho.
Um chocolatinho.

Além de eu gostar muito da obra, tenho uma ligação pessoal com a Sinfonia Concertante para Violino e Viola, K. 364, de Wolfgang Amadeus Mozart.

A primeira e mais simplória das ligações é a ex-tra-or-di-ná-ria obra-prima de Peter Greenaway Afogando em Números (Drowning by Numbers, 1988). A cada um dos afogamentos é tocado o segundo movimento (Andante). O filme é esplêndido. Sério: vi-o mais de cinco vezes. Até hoje tenho vontade de decorar as falas dos personagens.

A segunda é o fato de eu ter escrito uma novela tendo por tema a Sinfonia Concertante. O Violista — lá de 2006, 2007 — conta os dramas de um instrumentista antes de um importante concerto. Sei lá, é divertido.

Mas a mais profunda ligação deu-se depois, em 2012. No dia 19 de agosto, sempre um dia glorioso, ganhei de presente de aniversário uma interpretação do Andante em minha casa, executada por Elena Romanov (violino), Vladimir Romanov (viola) e Alexandre Constantino (piano). Fiquei comovidíssimo com o presente — ideia de Elena após ler a citada novelinha –, mas, no dia seguinte, tomei um susto ao lembrar que a peça refletia o impacto que teve, em Mozart, a morte de sua mãe. Explico duas coisas: (1) na época, minha mãe estava muito mal — faleceu em 31 de outubro daquele ano — e (2) absolutamente nada fazia prever que Elena se tornaria minha namorada. Eu era amigo de uma mulher linda e inteligente e gentil e de humor peculiar. Com intenções nulas, nada indicava um futuro com ela.

Então, voltando, digo-lhes, meus sete fiéis leitores, que a Sinfonia Concertante é uma peça que conheço profundamente. Para muitos, esta peça é o maior dos concertos para violino de Mozart, superando os cinco oficiais. E digo-lhes que não ouvi ainda gravação melhor do que a da dupla sueca Bernt Lysell e Nils-Erik Sparf, feita para a Bis. Se Mozart é o compositor da leveza e da ousadia, Lysell e Sparf acertaram em cheio no tom utilizado. Não é uma gravação pretensiosa e sem erros, é apenas muito musical.

O programa de ontem da Ospa tinha a Sinfonia concertante para violino e viola, de Mozart e a Sinfonia Nº 3, de Robert Schumann. Os dois solistas — Emerson Kretschmer (violino) e novamente Vladimir Romanov (viola) –, da Concertante não costumam postar-se diante do público, normalmente há um maestro entre eles e o povão. Um é spalla dos violinos e outro das violas na Ospa.

E, bem, sabem? Como direi?

É o seguinte: sinto-me impedido de elogiar ou detonar o Mozart de ontem. O violista é o ex-marido de minha namorada e qualquer posicionamento poderia ser interpretado MUITO criativamente. Tenho opinião, sim, mas preferiria enviar um sincero Cartão de Agradecimentos e a caixa de chocolate que ornamenta este post a ele. Afinal, ele foi um dos que provocou a virada mais feliz de minha vida. Como iria reclamar dele ou fazer-lhe um elogio que poderia soar protocolar como uma conversa entre dois embaixadores de nações inimigas? Não quero confusão. E mais não digo.

O primeiro movimento (Allegro maestoso) é lindíssimo e não chega a ser surpresa que George Balanchine tenha coreografado um famoso balé para esta música em que o papel dos solistas é mais de uma conversa entre si e não com a orquestra em geral. É interessante notar que a voz de Mozart seria a da viola. O compositor adorava tocar viola em quartetos de cordas, gostando de estar “no meio”, se me entendem.

A grande “ária” do Andante realça a diferença da sonoridade entre o som de violino e o da viola. É da beleza deslumbrante da peça: é como se o violino fizesse um lamento, sendo consolado pela viola. A alegria do 3º movimento faz-lhe intenso contraste. É um belo concerto e foi bem melhor do que a soporífera execução da Sinfonia Nº 3 de Robert Schumann.

Um músico da orquestra me disse que faltou a linha curva, a surpresa, a abertura de uma garrafa de champanhe. Também disse que a obra do marido de Clara Wieck parecia um carro 1.0 subindo lotado a Lucas de Oliveira. Concordo! Foi opaco, para dormir.

O programa:

Wolfgang Amadeus Mozart: Sinfonia concertante para violino e viola K. 364
Robert Schumann: Sinfonia n° 3

Regente: Tiago Flores
Solistas: Emerson Kretschmer (violino) e Vladimir Romanov (viola)

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Notas sobre o Música na UFCSPA desta quarta-feira

O Quarteto Instrumental formado Artur Elias (flauta), Elena Romanov (violino), Vladimir Romanov (viola) e Rodrigo Alquati (violoncelo) deu um excelente recital na universidade de nome difícil de pronunciar. Contrapartida que todos os cursos mais ricos deveriam dar ao público por levarem boa parte da grana que deveria ir para a área das Humanas  — dia desses o IA, por exemplo, vai abaixo –, o Música na UFCSPA merece todos os elogios. A série mantém-se impecavelmente afastada da mediocridade. Toda a programação é de primeira linha e hoje não apenas os músicos eram excelentes como também o repertório consistia de obras raramente executadas entre nós. O ingresso é sempre gratuito.

Gostaria de fazer duas pequenas críticas à organização: a primeira é que a função estava marcada para às 12h30 e a portaria deixou todo mundo lá fora até às 12h29. Teve um senhor idoso que disse “Já que é assim vou almoçar”. E foi embora. A segunda é que as pessoas que vão a concertos, neste horário, normalmente deram uma fugidinha do trabalho e têm horário apertado. Ou seja, tem que começar na hora, nunca com atraso.

Mas o concerto era consolo para quaisquer males. Após o conjunto iniciar de forma um pouco hesitante o Allegro do Quarteto em Ré maior, K. 285, de Mozart, a coisa simplesmente engrenou e foi perfeita até o final. Com a costumeira segurança, Artur Elias comandou o Mozart de forma esplêndida. Ele, “cantou” o Adagio como poucas vezes ouvi. Impossível não ficar feliz com o que ouvimos.

Em seguida, no Tchaikovsky, passou o bastão à Elena Romanov, que solou brilhantemente um arranjo do Andante Cantabile do Quarteto de Cordas op. 11 nº1. O concerto foi finalizado com a curiosa e muito boa 15 minutes, do contemporâneo Jean-Michel Damase, obra complicada, cheia de episódios contrastantes. Ia conferir se a duração seria de exatos 15 minutos, mas esqueci…

Com justiça, a plateia aplaudiu de pé. O bis veio com Carinhoso de Pixinguinha. Também foi ótimo, mas a plateia estava tão satisfeita com o que vira que, se eles fizessem uma exibição amadora de sapateado, seriam igualmente ovacionados.

Olho no Música na UFCSPA. O público ainda não se deu conta de sua existência.

P.S. — Deveria ser normal, rotineiro, mas não é. Este quarteto, todo saído da Ospa, ensaia e toca música de câmara. Assim fazendo, apenas demonstram de forma inequívoca seu amor e dedicação à música. Não ficarão ricos por isso.

O quarteto no palco da UFCSPA
Em primeiro plano, a mulher e o filho do flautista Artur Elias (ao fundo).
Elena Romanov. de muito longe, a criatura mais bonita do palco.
Seu marido Vladimir.
E o violoncelista Rodrigo Alquati.

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Ospa: uma sétima de Mahler para não se colocar defeito

Ira Levin: trabalho impecável, até para não deixar cair a fugidia partitura (quem estava no concerto sabe a que me refiro).

Eu achei o público pequeno. O Salão de Atos da Ufrgs estava com uma lotação de aproximadamente 70%. E, quando acabou o concerto, achei o público menos numeroso ainda. Pois o que ouvimos foi de tal forma grandioso e sublime que nos deixou menores. Ou maiores. Pois internamente me sentia como se tivesse crescido alguns centímetros. É um verdadeiro crime o fato de que tantos ensaios, com resultados tão bons, gerem apenas um concerto que, pior, não será repetido tão cedo. Mas deveria.

O único problema foi o de ter sentado ao lado de duas pessoas que não conseguiam calar a boca e que, curiosamente, guardam algum parentesco com uma importante figura da orquestra. Para completar, a menina grávida e sua mãe saíram estrepitosamente em meio ao último movimento. Encheram o nosso saco por mais de uma hora e, quando minha mulher pediu que parassem de falar, chamaram-na de “grossa”. Arrã.

A Sinfonia Nº 7 tem uma estrutura simétrica mais ou menos assim: um belíssimo e dançante Scherzo envolvido por duas ma-ra-vi-lho-sas “Músicas da Noite”, as quais são antecedidas e sucedidas por dois movimentos tipicamente mahlerianos, um sombrio e outro luminoso. Fazendo um esquema bem precário, é assim:

Sombras / Música da Noite 1 / Scherzo / Música da Noite 2 / Alegria

O maestro Ira Levin comprovou novamente sua extraordinária competência — ele já tinha regido a Ospa na Sinfonia Nº 1 de Mahler em julho do ano passado. Repito o que disse naquela oportunidade: ele DEVE ser convidado mais vezes.

Em casa, em CDs, costumo ouvir a sétima sinfonia retirando o primeiro e o último movimento. Fico apenas com as duas Nachtmusiken e com o Scherzo, que me é particularmente sedutor. Ontem, este esquema revelou-se em toda sua imbecilidade. A arquitetura da Sinfonia só faz sentido quando ouvida por inteiro. O caminho percorrido pela música só pode ser compreendido se sabemos seu início e seu seu final. Mais: os jogos timbrísticos entre os instrumentos e as melodias que são começadas aqui e desenvolvidas acolá, ou seja, toda a arte da composição e da orquestração de Mahler só podem ser sentidas e avaliadas ao vivo. Hoje, a Sétima é hoje outra sinfonia para mim.

Os destaques da orquestra foram muitos. O pessoal dos metais, o primeiro violinista Emerson Kretschmer, o primeiro violista Vladimir Romanov, todos os sopros e a percussão,  as cordas, todos estiveram absurdamente bem numa obra que não é nada fácil.

Parabéns a todos os envolvidos. Na próxima terça-feira, haverá o retorno de Rach ao Salão de Atos, mas há muita coisa boa para trabalhar na memória. Agora mesmo estava ouvindo uma das gravações de Bernstein da Sétima. Sim, agora que a entendo melhor, é outra sinfonia.

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Festim Diabólico CCXIV

(Por isso é que mantenho a categoria “Amigos, tudo”).

Acho que ainda não chegamos à edição de nº 214, mas certamente já passamos fácil das 50 edições. Os Festins Diabólicos são as festas aqui de casa, sempre com 20 pessoas para fora. Sábado, foram 36. O motivo do nome do encontro é o filme de Hitchcock, que tinha um baú no meio da sala. Já sabem o que temos no meio da nossa, mas sem um morto dentro, se lembro bem. Ultimamente, após o jantar, quase sempre alguém senta em nosso combalido piano ou pega seu instrumento e a música acontece. São amigos, músicos profissionais, que tocam aqui em casa por pura amizade. Poderiam deixar seus instrumentos e partituras em casa. Poderiam dizer que não estavam a fim, poderiam alegar uma tendinite ou simular um desmaio, qualquer coisa que todo mundo compreenderia, mas não, eles tocam pra nós.

No grupo, há o núcleo duro, os que sempre são convidados. Dentre eles, há gente como a Nikelen e o Guto que viajam incondicionalmente por quatro horas com um filho pequeno e o deixa com a avó num hotel. E viajam mais quatro horas de volta, tudo por quatro horas de festa. É maravilhoso isso. Lamentavelmente, alguns dos habituais participantes acabaram ficando de fora no último sábado porque a casa poderia explodir de tanta gente. Fazer o quê? Bem, os dois últimos Festins foram muito particulares, mas o de ontem foi invulgar para mim. Era meu aniversário e houve algumas manifestações que realmente me tocaram.

A Claudia, minha mulher, sempre faz a comida e a bebida é trazida pelos comensais. A “chef” que fica mais próxima dela é a Astrid. Pois ontem ela veio com um exército de canapés. Dizendo assim, parece pouco. Parece até que ela comprou ali na esquina. Nada disso, ela, que está super estressada com uma série de coisas, fez um por um para quase quarenta pessoas. E eram ab-so-lu-ta-men-te geniais. Assim como os músicos que tocam aqui expressam seu carinho através de seu trabalho, há pessoas que o fazem através da comida. É o caso da Claudia e da Astrid. Agora cheguei a um impasse em meu texto porque sou bom para comer mas péssimo para descrever comida. Talvez consiga algumas fotos depois… Para que meus sete leitores tenham uma ideia, no dia seguinte, domingo, quando acordou, o meu concunhado Bruno ligou aqui pra casa perguntando se tinha sobrado canapés. Das centenas, tinha sobrado um (1) e a primeira coisa que fiz ao acordar foi zerar a conta. Peço desculpas a ele.

A música. Deve ter sido ideia da Elena Romanov. De repente, logo após o jantar, ela, que é violinista e seu marido, o violista Vladimir Romanov, prepararam as estantes. Até aí, tudo normal. O pianista Alexandre Constantino estava sentado ao meu lado com uma partitura e me informou vou tocar com eles e eu disse que estava ótimo, ora. Tudo normal. Então, o Alexandre juntou-se ao casal e eles começaram o Andante da Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra de Mozart. A Elena sabe de amor que tenho por esta música, protagonista de minha novelinha O Violista. Foi a coisa mais linda e só pensei que aquilo era endereçado a mim quando estavam terminando. Queria até que repetissem… Eles tocaram uma redução onde o acompanhamento é feito pelo piano. Abaixo, o original.

Tchê, foi lindo. Depois o professor doutor Luís Augusto Farinatti, o Guto, fez mais um de seus tradicionais e irresistíveis stand-ups. A Carmen Crochemore me disse hoje que nunca tinha rido tanto. O curioso é que o Farinatti acha que a gente se incomoda com as repetições. Negativo, rapaz.

E depois para terminar. O Marcelo Delacroix deu um show completo aqui em casa com mais dois músicos seus amigos — o Rodrigo Calveyra e Manuel de Olaso. Confesso que tinha pedido pra ele como presente. A afinação, seu bom gosto e senso de estilo são um verdadeiro absurdo e às vezes tenho que olhar para a sala refletindo que recebi tudo o que ele desempenhou de presente, somado ao Farinatti, ao Mozart do trio e à gastronomia da Astrid e da Claudia. É óbvio que nenhum dos não citados deixam de ser extraordinários; todos são inquilinos de meu ventrículo esquerdo — que é onde o coração bate mais forte (minha irmã me ensinou) — , só que a amizade + a música ou o riso ou a gastronomia tornam tudo mais memorável, não? Ou, melhor dizendo, a amizade mais a arte acaba sendo superior, o que não significa que esta não esteja assentada naquela. Bem, ao menos aqui em casa, sempre está.

A seguir, fotos. Não sei se todos estão nelas, não contei.

Vladimir Romanov e Lia Zanini aguardando o vinho que o Augusto Maurer abre lá atrás.
Astrid Müller e Rovena Marshall: brinde e risadas para alguém fora do quadro.
Augusto Maurer e Marcelo Delacroix em primeira leitura do primeiro.
Meus filhos Bárbara e Bernardo estremecendo a foto.
Os mesmos da foto acima, mas agora absolutamente enfeitiçados pelo Farinatti. Olhem as caras.
Batatas.
Gente falando bobagem, gente ouvindo bobagem. Eu, Dario Bestetti e Luís Augusto Farinatti.
Cadê?
Antônio Castro num impasse: como pegar o garfo? Carmen Crochemore o orienta.
Igor fica aliviado quando Castro logra libertar as mãos. Com Igor Natusch, Bruno Zortea, Nikelen Witter, Farinatti, Carmen, eu e as mãos.
Mãos muito, extremamente bobas. Com Anderson Larentis, Rachel Duarte e Igor.
Claudia Guglieri ensina Vladimir como se bebe o suco.
Credo, como esse cara come (e mente). Nikelen e Farinatti.
Magro de ruim.
Grande momento. Marcelo Delacroix solo.
Uma toca violino, todos tocam piano. Com Elena Romanov, Alexandre Constantino e Liana Bozzetto.
Preparação para o Andante. Com Elena e Vladimir. Adorei.
Credo, se tu soubesses como eu te odeio, Chico Marshall! Com Farinatti , o odioso e Nikelen.
E o impossível acontece. Farinatti para de movimentar os braços.
Sei lá, acho que alguém já bebera um ribeiro de vinho. Com Chico e Astrid.
Aspecto singular da sala dos Antonini Ribeiro.
Todos ouvindo Elena, Vladimir e Alexandre. Em primeiro plano eu a Claudia.
Ah, não. Me sujei de novo! Com Rovena Marshall.
O pé da Bárbara, meu cunhado Sylvio e minha irmã Iracema. Ao fundo, no espelho, o casal Rovena e Chico.
Alexandre, o Cavaleiro das Trevas.
Tão bonita, só que ninguém queria fotografar a Bianca! Lá à direita. Com Claudia Antonini e Bruno.
Apagando a (1) velinha com la Guglieri.

Obs.: Fotos de Liana Bozzetto, Lia Zanini e Augusto Maurer.

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Mais um Festim Diabólico

Foi a comemoração atrasada do aniversário da Claudia. Vamos a algumas fotos. Fico sempre achando que ficou gente de fora das imagens. E pode ter acontecido, sim.

A comida estava demais… Nunca tinha provado o tal do locro.

Como consequência, houve gente que dormiu em pé (Augusto Maurer e Astrid Müller).

Que dormiu deitada (Heloísa Marshall).

Que chorou (Claudia Antonini com Augusto ao fundo).

Que fez arte (Vladimir Romanov).

Que trouxe arte de presente (escultura trazida pela Caminhante).

Que se dedicou apenas à arte. (Minha experiência mostra que todas as mães têm um pouco de vergonha do que seus filhos são capazes. Besteira pura.). Estrelando Nikelen Witter e Miguel Witter Farinatti.

Que teve os olhos vazados para que não dançassem (Astrid e Caminhante).

Que ficou feliz apesar das trevas (Caminhante com Elena Romanov ao fundo).

Que conversou (muitos).

Que ficou esperando beijo (Claudia e um bobão).

Que não parava de mentir (Milton e Guto “Antes faça mal que vá fora” Farinatti).

Que deixou a gente muito feliz (Vladimir e Elena Romanov). Destaque para os sorridentes Chico e Rovena Marshall.

Que também tocou demais (Alexandre Constantino).

Que comeu pra caralho (Dario Bestetti).

Que riu, ora (Helen Osório). Olhem a hora.

Que disputou sobremesa (Lia Zanini e Marcelo Delacroix).

Intermezzo (ou Serenata de Haydn): ufa, cansei de iniciar frases com quê.

Mais uma foto dos autenticamente queridíssimos Vladi e Elena.

Augusto, Astrid e a Caminhante conversam.

Laura Marshall com a Claudia ao fundo.

Helen e minha irmã Iracema.

Alexandre Constantino dá enorme atenção à Liana Bozzetto.

Laura, Sylvio e Cláudia Guglieri — a última prepara-se para dormir, como sempre.

O presente da Helen era lindo, parecia algo não vivo, sei lá. Cardamomos?

Augusto Maurer, já emburrecido pelos excessos, toma seu chá de boldo com Alexandre Constantino.

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A foto de Sóbis

Foi um final de semana totalmente satisfatório com as visitas da Caminhante, da Nikelen e do Farinatti. Houve também um festim diabólico de aniversário, que teve como destaques não apenas o grupo reunido e a excepcional gastronomia, mas o belo e inesperado recital da Elena e do Vladimir Romanov, tocando uma Serenata de Haydn para a aniversariante — as lojas estavam fechadas, então a gente resolveu dar música de presente (obrigado, Elena e Vladimir) — e várias músicas brasileiras em arranjos que nos deixaram (muito) embasbacados. Era a noite do pessoal da música erudita tocar popular. O Alexandre Constantino também sentou-se ao piano para esmerilhar a bossa nova (obrigadíssimo, Alexandre!).

Porém, não adianta. A gente sempre lembra mais daquilo que não gostou. Ou daquilo que gostou menos, porque na história que vou contar há muito de gratidão, amor e respeito. Eu e o Farinatti fomos ao jogo do Inter e eu, com minha boca grande e boba, resolvi me referir antes do jogo ao fato de Gamarra, Fernandão, Iarley, Alex e muitos outros ex-jogadores do Inter terem ido ao Beira-Rio jogar, alguns marcando gols — como todos os citados — , mas sempre demonstrando seus sentimentos à torcida, pois nunca vibraram ao balançar as redes do ex-clube.

Como é característico meu, não pude deixar de dizer: “Os gremistas devem ficar loucos com isso, os caras vêm aqui e demonstram gratidão, coisa raríssima de a gente ver no outro lado”.

Então ontem, no mais importante jogo para o Internacional neste Brasileiro, Rafael Sóbis nos fez o mais doloroso dos gols, o da vitória do Fluminense. Sua reação — para demonstrar a todo o estádio que não vibraria — foi a mais cabal possível. Juntos as mãos como se rezasse, num pedido desajeitado de desculpas (vejam abaixo a foto de Alexandro Auler publicada no Impedimento). Depois, do jogo, confessou que seus filhos foram ao estádio ver papai jogar, ambos com camisas vermelhas. Dizer o quê? Triste consolo para um time de 7 milhões mensais, que joga pouco e que não irá à Libertadores 2012.

Só espero não ter que gostar de tomar gols.

E, após o jogo, Sóbis falou:

— Peço desculpas à torcida. Podem ter certeza de que estou com uma dor enorme no coração por vencer o meu time e distanciá-lo de um objetivo. Queria que esse gol fosse de outro.

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Aniversário em 25 fotos

Reunir um grupo de amigos como o que reunimos lá em casa no último sábado é motivo de orgulho para este que vos escreve. O pretexto, meu aniversário, era francamente secundário; os amigos que foram à festa, não. Foi uma bela noite com boa comida e pessoas que se conheciam ou que se conheceram e se entrosaram. Éramos quase 40 e fiquei com vontade de convidar mais outro tanto. Selecionei algumas fotos abaixo, mas há gente que some delas. fazer o quê? Muito obrigado pela presença de todos! Foi uma baita festa.

Começamos por uma geral. À esquerda, sentada, a única foto em que aparece Rachel Duarte e, no primeiro plano, Benedito Tadeu César e minha irmã Iracema Gonçalves. Atrás, iluminado por uma aura como se fosse uma espécie de santo agnóstico, Ricardo Branco conversa com Alejandro Borche Casalas. Ao lado, Helen Osório de papo com Jussara Musse.
Claudia explica alguma coisa a Vladimir Romanov. Igor Natusch (esquerda) faz o mesmo, assim como o Felipe Prestes (meia esquerda). Eu (direita) confiro o placar de Brasil x Portugal.
Eu faço o que sei fazer e, em sentido anti-horário, temos Alejandro, Elena Romavov, Rovena Gobbato Marshall, Vladimir Romanov, Francisco Marshall, Jussara e o  Branco.
Animação contagiante: Igor, Prestes, Gabriela Bordini, Adroaldo Mesquita da Costa e Benedito: todos olhando a repetição do segundo gol de Portugal. Depois, ao ouvir o início de Abbey Road em vinil, Igor disse: “Ouvir um som de baixo vindo de um bom disco de vinil me dá vontade de chorar. É lindo.”
Meus filhos Bernardo e Bárbara, esta em momento garçonete. À direita, meu cunhado Sylvio Gonçalves.
Sylvio faz alongamento ao lado de Gabriela, enquanto Claudia traz os doces sob o olhar faminto de Marshall.
Claudia, Augusto Maurer e Vladimir fofocam. Eu explico ao Marshall o funcionamento de nossa mesa. Adoro explicar isso.
Iracema dá uma gaitada de galpão reagindo a algum absurdo dito pelo Augusto.
Elena Romanov troca o violino pelas batatas. Depois até tocou um pouquinho de piano.
Laura Luz e Filipe Gonçalves fazem tudo rapidamente para não perderem a festa do Guilherme Carravetta.
Da série “Paixão de Casais com Menos de 5 anos”: Astrid Müller e Augusto.
Adroaldo, Benedito e eu observamos alguma coisa sob os olhares desatantos de Bergman, Antonioni e Fellini na parede.
Mais um para a série: Dario Bestetti e Cláudia Guglieri.
Mais um: Bruno Zortea e Bianca Antonini casarão em outubro. Fui escalado para padrinho. Gostaria de saber qual é minha função.
Come, Astrid, come.
Bebe, Dario.
Vladimir mostra seu sorriso “Daniel Craig” ao lado do Alejandro.
Arthur Maurer faz cara de doido varrido antes de atacar um prato preparado especialmente. Conversa entre ele e a Bárbara:  “Tu gosta do teu pai?”, “Claro, gosto.” “É, não tem como não gostar dele”. Pô, obrigado, Arthur!
Augusto com seu filho Pedro Maurer. Quem ficou brincando come atrasado.
Rovena e Claudia na hora do chá. Claudia já estava altamente alcoolizada, mas mantinha a dignidade.
Bernardo acerta as pontas com Lia Zanini (autora da maioria das fotos) antes de “chupar” do narguilé.
O último da série “Paixão”: Marcelo Delacroix (Cury) e Lia fotografam-se no espelho, tendo como ornamento uma fogueira de Jussara.
Mais um casal, desta vez mais velho, de irmãos.
Marshall exercita ritual pagão em Vladimir Romanov. Aliás, frase dita pelo Vladimir: “Podem nos convidar sempre para vir aqui. A gente vem”.
O trio russo conta para Rovena como funcionava o Gulag. Ah, as fotos que são não da Lia, são da Elena.

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A Ospa ontem

Atualizado às 17h15 (negritos).

Tem sido um bom concerto após o outro. Não ter maestro titular foi um grande acerto. A relação músicos x maestro x governo não desgasta e há alternância de repertório. Só lastimei o público. Com a qualidade da orquestra, os ótimos programas e os preços módicos, era para ter sala cheia. Sinceramente, será que merecemos uma sala de concertos?

Foi concerto com coreografia. O maestro carioca comandava com a ginga e não com a baqueta. Um dos trompistas (Israel Oliveira)– o belo mulato sentado mais a frente do qual desconheço o nome — chacoalhava alegremente sua trompa, e até o Vladimir Romanov, com toda sua fleuma bielorussa, por vezes não resistia e balançava a perna. Me diverti muitissimo!

~o~

Intervenção do “editor” do blog:

O programa de ontem foi o seguinte:

H. Villa-Lobos – Bachianas Brasileira nº 8
F. Mignone – Concertino para Fagote
H. Villa-Lobos – Choros nº 6
F. Mignone – Dança da Chico Rei e da Rainha Ginga

Solista: Alexandre Silverio – fagote
Regente: Roberto Duarte

Acho que todos estão se dando conta de que a ausência de um regente titular está fazendo a orquestra render muito mais. Como disse a Jussara Musse, a relação é “rápida e sem desgastes, de puro amor”. O cara vem, trabalha, dá uns beijos, mostra o que tem de melhor, sem precisar ouvir reclamações sobre não ter levado o lixo para a rua. Muito melhor, né? Não gosto muito da Bachiana nº 8, há melhores, mas a partir do Concertino de Mignone a coisa tomou um rumo tal que levou realmente a pequena (por quê?) plateia ao entusiasmo. O Choros nº 6 foi o ponto alto do concerto e a Dança final era bem o que se esperava de um finale de concerto, daqueles que faz o público feliz e agradecido.

Grande presença de Alexandre Silverio e, principalmente, do excelente Roberto Duarte no comando.

 

 

 

 

Roberto Duarte

 

 

 

 

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