Michael Jackson é um vírus / Semelhanças

Sim, e meu antivírus já ficou todo eriçado com a possibilidade de ele penetrar em meu notebook, mesmo ele sendo um Dell púbere de mais de três anos.

Michael Jackson era um gênero de ruína moderna que nunca conseguiu me interessar. Mesmo com toda a sedução que a palavra “decadência” possui para todos os leitores, Jackson parecia estar em outro mundo, só compreendido por Liz Taylor e seus fãs. Além do embranquecimento, do nariz de múmia, das bolhas (pois ele dormiu em bolhas de vidro numa época, não?), de balançar bebês em sacadas, de comprar e perder os direitos sobre a obra dos Beatles, das acusações de pedofilia, do casamento com a filha de Elvis Presley, do seu sítio Peter Pan-like, do casamento com sua enfermeira e de um monte de loucuras, pijamas, roupas, fantasias e excentricidades, o que havia nele? Ah, também tinha sua belíssima dança e, lá atrás, bem lá atrás, talvez alguma música.

Delas só consigo lembrar de Thriller e Black or White e mesmo assim só acho legal os videoclipes. Caetano Veloso costumava cantar Billy Jean, porém, francamente, nunca entendi direito a melodia, até porque nunca ouvi o original. Sou um ET que quase só ouve eruditos — agora mesmo estou ouvindo Fasch — e jazz. Além do mais, não compreendo um negro que fica branco, alegadamente em razão do vitiligo. Aliás, toda sua figura transformada por operações, mais a roupa, o rancho e a cobertura insistente da imprensa, sempre me mostraram que Michael era um jeca enlouquecido.

O fim de Michael Jackson e o de Farrah Fawcett, aos 50 e 62 anos, não me causam nenhuma comoção, mas fico encasquetado com uma coisa: são ídolos que explodiram quando eu já tinha idade para rejeitá-los. Ou seja, são pessoas para mim muito jovens e próximas de meus 51 anos.

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Ontem, estávamos vendo As Confissões de Henry Fool e meu filho apontou semelhanças entre:

O ator James Urbaniak (figura comum nos filmes de Hal Hartley) e Dmitri Shostakovich

De novo, como contraprova:

E, em linha menos artística, Mahmoud Ahmadinejad e eu:

Para que recontar os votos, porra?

16 comments / Add your comment below

    1. A mãe do Shosta era de família 100% polonesa (odeio os polacos, lembras?). A família do pai era de São Petersburgo mesmo.

      Caio? Sei lá. Acho que não. Quando o conheci era um cara cabeludo e barbudo, nem tinha cara.

      Luiza Possi é linda, credo.

      1. Simisqueci mesmo foi de comentar a recontagem dos votos. Nada mais inútil, até porque a vitória de qualquer outro pouco significaria para o Irã. Se há uma maioria em oposição à república teológica o caminho é a revolução, não referendar um sistema político baseado em interpretações de um livro tão sagrado quanto qualquer outro (há um romance moderninho por aí onde, no futuro, diante de um diário deixado por um antigo motorista de táxi do passado, os terráqueos sobreviventes a uma hecatombe qualquer fundam uma religião, tomando aquelas anotações por mensagens divinas, uma coisa assim). Mas é melhor não falar sobre isso, pois a turma é tão bacana que costuma matar ou fatiar quem não concorda com eles. São piores que “feministas”.

        1. E os templários, do Pêndulo de Foucault, não eram uma soociedade secreta torno de uma lista de lavanderia ? Assim me contaram, pois, sendo a obra posterior a eu ter me tornado, conforme Milton, um leitor de catálogos e manuais, acabei lendo o segundo thriller de Eco.

        2. Errata, sem os (evidentes) erros de digitação:

          E os templários, do Pêndulo de Foucault, também não eram uma sociedade secreta em torno de uma lista de lavanderia ? Assim me contaram, pois, sendo a obra posterior a eu ter me tornado, conforme Milton, um leitor de catálogos e manuais, acabei não lendo o segundo thriller de Eco.

  1. esses mails eu deleto direto… enfim, pensei a mesma coisa ontem. dois ícones da minha infância se foram no mesmo dia – a Pantera e Jacko – estou ficando velho. 😉

    mas até postei sobre o Michael hoje também – bizarrices todas à parte, foi um artista pop admirável, e como bem lembrou o Ramiro, gravou “Thriller’.
    acho “Billie Jean’ muito boa – a sacada do Caetano foi misturar com a “Nega Maluca’ , o tema das canções é o mesmo, uma falsa acusação de paternidade. 😀

    e cantar “Ben’ daquele jeito, pondo muito cantor adulto da época debaixo do braço, com 13 anos… uma pena que ficou maluco depois do acidente no comercial da Pepsi.

  2. Toda morte, ou passamento como prefiro dizer, provoca um trauma naqueles mais chegados que por aqui ficam. Mais traumática ainda é a morte de um filho, terrível eu digo. Ele um excêntrico, talvez. Difícil de definir, pois nascido com pele negra acabou tornando-se artificialmente branco. E aí penso que surja alguma complicação legal em seu atestado de óbito. Parece-me que se envolveu com pedofilia. Enfim, um sujeito enigmático e que tinha na fama o oxigênio indispensável. Para mim será um maluco a menos.

  3. Michael Jackson era um cantor pop e fez bem o seu serviço, com musiquinhas vazias porém altamente viciantes. Só vai ser um saco aturar todo mundo falando nele o resto da semana (o Fantástico já está preparando uma cobertura especial…). (OFF: essa pontuação está correta?)

    Ninguém lamentou quando César Lattes morreu, o que é no mínimo injusto.

    E bem, sobre o Máicou, é como diz o meu avô: antes ele do que eu.

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