Armas… pela vida! Homens de Bem e Bons de Mira, Uni-vos!

Armas… pela vida! Homens de Bem e Bons de Mira, Uni-vos!

armas pela vida logo

No próximo domingo, 19 de março, no Parcão, haverá um ato em prol do direito de defesa em Porto Alegre. Ele se chama Armas pela Vida…

É claro que o movimento “Armas pela Vida” — em Porto Alegre capitaneado por um grupo luminar de vereadores — está cheio de razão. Como a sociedade gaúcha e porto-alegrense está tranquila, há pleno emprego, a temperatura está amena e a psicologia de todos está 100%, nada mais adequado do que armar todo mundo. Deste modo, os pequenos entraves da vida diária — brigas de trânsito, entre vizinhos e antipatias de um modo geral — poderão ser discutidas sem a presença do estado, esta coisa pesada e comedora de impostos. Pense, por exemplo, num casal em vias de separação e no profundo ódio que os une. A presença de armas em casa resolveria o problema imediatamente, evitando um enorme investimento de angústia e longos processos.

Os homens de bem receberiam uma carteirinha e treinariam tiro. Então, em vez de chamar uma polícia que quase não existe, a coisa poderia ser resolvida rápida e certeiramente com um disparo no coração do elemento, dado por um Homem de Bem e Bom de Mira (pode ser mulher, por que não?). Tais BO`s reduziriam o número de bandidos — os presídios se esvaziariam com a morte precoce das pessoas que cometem ilícitos — e o trabalho do Judiciário. Mais: se a população fosse bem treinada nas artes de tiro, não haveria a necessidade de tantos leitos hospitalares! O limpo e digno mercado funerário ficaria tão aquecido quanto nossos revólveres. Lembram de John Lennon cantando “Happiness is a warm gun”?

É óbvio que os roubos e assassinatos diminuiriam sobremaneira com uma população armada. Os bandidos se sentiriam intimidados com a possibilidade das vítimas tornarem-se seus algozes. Os estudantes iriam às aulas portando metralhadoras, impedindo o roubo de suas mochilas e tênis de marca. Eu iria adorar caminhar pela rua vendo os bolsos de todos cheios de armamento letal.

E não deixem que os idiotas digam que não se combate a barbárie com mais barbárie! Bala neles também! Afinal, uma rodinha de violão, um livro, um churrasco ou uma sala de concerto jamais resolveram o problema da segurança. O negócio é transformar Porto Alegre no Velho Oeste.

Chega de viver como gado e morrer como frangos!

Os vereadores Valter Nagelstein, Monica Leal, Comandante Nádia, Mendes Ribeiro, Wambert Di Lorenzo e Felipe Camozzato, junto com o representante do Armas Pela Vida Pedro Meneguzzi.
Os vereadores Valter Nagelstein, Monica Leal, Comandante Nádia, Mendes Ribeiro, Wambert Di Lorenzo e Felipe Camozzato, junto com o representante do Armas Pela Vida Pedro Meneguzzi | Foto da página do Facebook do movimento
Bem...
Bem…

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O Tribunal da Quinta-feira, de Michel Laub

O Tribunal da Quinta-feira, de Michel Laub

O Tribunal da Quinta-Feira

É preciso ser muito estúpido para transformar um registro teatral e hiperbólico entre duas pessoas conversando em privado numa declaração literal e pública que revela intenções e caráter.

Michel Laub, O Tribunal de Quinta-feira

Sem spoilers, tá? O publicitário José Victor, de 43 anos, está se separando após um casamento de 4 anos com Teca. Ele sai de casa deixando o computador e, poucos dias depois, ela descobre uma série de e-mails trocados entre seu ex e Walter, um velho amigo gay de Victor. Eles têm um tratamento bastante franco, jocoso e “incorreto” nos e-mails, mas suficientemente irritante e informativo para Teca, que bota os melhores lances no maior dos ventiladores, as redes sociais. (Não pensem que os amigos tinham um caso, nada disso, Laub não se utiliza de lugares-comuns). E começa o linchamento típico da Internet, cujas consequências são tratadas por Laub. Este é um resumo que ignora boa parte da complexidade do romance, que também envolve AIDS, relações profissionais, culpa e hipocrisia.

O livro é ótimo, mas há algo que me incomodou. Laub é um narrador poderoso e, em capítulos curtos, vai montando uma complexa teia que nos traz um contexto bem real da situação. Seu ritmo é lento e inexorável. A cada capítulo, vamos sabendo mais e mais, mas não gostei das pequenas intervenções ensaísticas inseridas na narrativa e nem da aceleração final da mesma. Me pareceu que Laub, controlando magnificamente a história, decidiu deixá-la sensacional nos últimos capítulos. Ou seja, já tinha ganho a partida quando decidiu massacrar. Acabou tomando um contra-ataque que resultou num inútil gol do adversário e manchou o que estava perfeito. Tipo 7 x 1.

O tribunal do título refere-se principalmente à explicação que ele terá de dar que à pessoa que realmente feriu durante o episódio, mas tal fórum pode ser expandido para o descontrole, suscetibilidades, desinformação e distorção das redes sociais.

Excelente livro. Recomendo.

Livro comprado na Bamboletras.

michel_laub

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Durante o almoço de hoje

Durante o almoço de hoje

Foto tirada por minha filha Bárbara hoje no Tuim.

Milton Ribeiro

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Em ano cheio de feriadões, prepare-se para três consecutivos em abril

Em ano cheio de feriadões, prepare-se para três consecutivos em abril

Esqueçamos por ora do Carnaval, do governo Temer, do Jucá, dos Renans, Maias e Sartoris. Façamos uma pausa na discussão destas Reformas obscenas.

O fato é que este primeiro semestre traz ainda quatro datas que permitem feriadão. E que vão ocorrer logo! O mês de abril terá três finais de semana seguidos com feriados prolongados, levando-se me conta o primeiro de maio.

As folgas consecutivas começam no dia 14 de abril, sexta-feira, quando se celebra a Paixão de Cristo. Exatamente uma semana depois, no dia 21 de abril, obviamente também numa sexta-feira, o calendário traz o feriado de Tiradentes. Mas há mais: o sábado e o domingo seguintes — 29 e 30 de abril — se unem miraculosamente à segunda-feira em que se comemora o Dia do Trabalhador. Um feriado religioso; outro histórico-político e um terceiro cheio de justiça e razão.

Fechando o semestre, haverá mais um feriado chega para animar a festa. Seja lá o que for, teremos a celebração católica de Corpus Christi (sempre uma quinta-feira) em 15 de junho. É um feriado opcional, mas não queremos nem saber.

No segundo semestre, há várias quintas-feiras que serão feriados. Ou seja, haverá todo um leque de possibilidades de folga.

Feriados em 2017

Confira abaixo feriados e pontos facultativos de 2017 a partir de abril:

  • 14 de abril (SEX):
    Paixão de Cristo (feriado nacional)
  • 21 de abril (SEX):
    Tiradentes (feriado nacional)
  • 1º de maio (SEG):
    Dia Mundial do Trabalhador (feriado nacional)
  • 15 de junho (QUI):
    Corpus Christi (ponto facultativo)
  • 7 de setembro* (QUI):
    Independência do Brasil (feriado nacional)
  • 12 de outubro (QUI):
    Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional)
  • 2 de novembro (QUI):
    Finados (feriado nacional)
  • 15 de novembro (QUA):
    Proclamação da República (feriado nacional)
  • 25 de dezembro (SEG):
    Natal (feriado nacional)

feriado

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Em Berlim (VI)

Em Berlim (VI)

A Elena escreveu no dia 8 de janeiro em seu perfil do Facebook. “Prometi que vou dizer e vou dizer: Milton Ribeiro é o cara!”.

É um grande exagero. Ela estava apenas agradecida. Acontece que este foi um dia muito diferente em Berlim. Uma amiga bielorrussa da Elena — também violinista — veio do interior da Alemanha para reencontrá-la após anos e trouxe seu marido alemão, um ser altamente político e que eu deveria divertir enquanto as duas conversavam. Claro, as duas conversavam em russo, eu e Renê em inglês. E nós dois realmente as liberamos para conversar. Elena ficou feliz por eu ter feito minha parte para a liberdade das amigas.

Renê é um alemão de Lübeck. Logo vi que tratava-se de um desses consumidores de notícias geopolíticas e que eu teria que falar sobre isso se não quisesse ficar num silêncio que seria constrangedor, pois por algum motivo é horrível ficar em silêncio ao lado de desconhecidos.

Primeiramente, ele quis falar sobre os refugiados e foi maravilhoso saber que ele apoiava todo o gênero de auxílio para que estas pessoas se integrassem à vida alemã.

Depois fomos, é claro, para o Brasil. E acho que assustei a curiosidade do gajo. Ele quis saber de uma usina chamada de Belo-Alguma-Coisa e da retirada dos índios… Fui obrigado a entregar Dilma Rousseff para ser comida viva pelo alemão, falei do financiamento das campanhas políticas no Brasil e dos grandes partidos sem os quais talvez seja impossível governar. Falei sobre o quase inevitável PMDB e de como sua presença em todos os lugares era perniciosa. Minha narrativa sobra a corrupção endêmica dos partidos políticos, dos empresários sonegadores e do povo o deixou perplexo. Ele também questionou sobre a ligação dos políticos e empresários. Menino esperto, não?

E contei sobre a estratégia zumbi criada pelo Moysés Pinto Neto para explicar certa parte da atuação do PT-PMDB. Tal estratégia consistia no governo do PT (de esquerda) e de seus pequenos blogs (blogs?, ele repetiu) atacarem incessantemente o adversário pela esquerda no discurso, enquanto que o governo adotava práticas da direita, produzindo aliados à direita que nunca estão satisfeitos com as concessões e uma base de esquerda disposta a justificar qualquer coisa para defender o governo que elegeram. Desta forma, Dilma diz que Temer implementa um “programa derrotado nas urnas”, mas ela, com certo pudor verbal, já fazia isso. Porém, no governo dela, programas sociais eram mantidos e a concentração de renda até diminuía discretamente. É claro que Temer é muito pior, pois adota um programa de ultra-direita sem pudor algum. Ele tenta cortar todo programa social mantido pelo governo anterior. Afirmei que a concentração de renda já se acentuou em seus primeiros meses de governo. E tentei explicar que a dupla atuação de Dilma era quase inevitável, já que o PMDB existe e que o PT jamais tentou controlar a opinião pública alimentada pela voraz grande imprensa de direita. Muito pelo contrário, o partido adubava tal voracidade, pagando-a. Renê arregalava os olhos.

Então decidi que ele ia pirar de vez. Expliquei sobre como são incultas e atrasadas nossas elites. São assim de uma forma tão completa que qualquer argumento que considerem — mesmo intuitivamente — como mais seguro é comprado por eles. Quem vende? Ora, a imprensa. E cheguei a meu tema mais caro: a educação. Expliquei sobre duas reformas educacionais — a militar e a próxima que Temer pretende implantar. Ele ficou apavorado com a primeira… Mas com a segunda foi pior. Acabou dizendo que isso levaria o país ao caos. Imagina deixar História como matéria opcional? Bem, ele é alemão.

E discorri sobre nossos alunos. Falei sobre meu trabalho voluntário na periferia de Porto Alegre e de como alunos de 14 e 15 anos da escola pública não sabem fazer contas de multiplicação e divisão. Sim, sei disso muito bem e provo.

Mas eu o deixaria ainda mais espantado ao dizer que a cidade dele, Lübeck, de 200 mil habitantes, tinha 3 Prêmios Nobel — Thomas Mann, Gunter Grass and Willy Brandt — e o Brasil inteiro nenhum. Sim, temos 1000 vezes mais gente, somos 200 milhões. Ele ficou feliz por eu saber tanto de Lübeck. E garanti que nosso Nobel não viria tão cedo, a não ser que fosse um Nobel da Paz ou para algum gênio isolado. Só que nós somos a prova de que gênios isolados não surgem facilmente como o Guga surgiu no tênis. Há que ter um ambiente cultural mínimo, algo que nossas elites detestam, desejando que permaneçamos um país vendedor de matéria-prima.

Ainda insatisfeito com minha severidade, mandei tudo às favas contando como uma pessoa com formação musical como a Elena era tratada no país. Falei de como a encalacraram numa posição subalterna, abaixo de pessoas que deveriam, na verdade, aprender com ela e de como isso era desmotivador.

Como viver no Brasil? Protegendo-se em ilhas de bons amigos.

E completei: pouca coisa de bom surgirá de nós. Levaremos 50 anos ou mais para melhorar, e desde que comecemos a mudar agora, pois nossa marcha ré ainda está engatada a toda velocidade, pilotada por bispos neopentecostais e políticos corruptos. Paralelamente, fiz questão de informar que um juiz de direito brasileiro podia receber uns 40 salários mínimos, mais benefícios — informação que chutei, mas que não deve se afastar muito da verdade.

Bem, após todo este DESTAMPATÓRIO, estava tão irritado que não tirei fotos de ninguém. E, depois do primeiro grande silêncio, ele começou a falar sobre os erros políticos de Willy Brandt.

Conversamos por mais de seis horas, bem entendido. Isto foi apenas um resumo do papo.

Fim.

Lübeck, 200 mil habitantes e 3 Prêmios Nobel
Lübeck, 200 mil habitantes e 3 Prêmios Nobel

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The Velvet Underground & Nico: o “Álbum da Banana” faz 50 anos

The Velvet Underground & Nico: o “Álbum da Banana” faz 50 anos

Do Publico.pt (adaptado por este traidor que vos escreve sempre)

The Velvet Underground & Nico, o álbum de estreia dos Velvet Underground, completou 50 anos este domingo. Lançado a 12 de Março de 1967, tornou-se num dos álbuns mais celebrados e influentes da história do rock.

velvet banana

A capa desenhada por Andy Warhol — produtor do disco — iria se tornar icônica, levando o álbum a ser frequentemente referido como o “álbum da banana”, embrulhando canções que se tornaram marcantes na história do rock, como Sunday morningI’m waiting for the man, ou Heroin, com letras que abordavam paranoias, heroína, sadomasoquismo, desejo, morte — o lado B dos anos 1960.

Brian Eno comentou que “poucos compraram o álbum na época do lançamento, mas quem o fez montou uma banda”.

“Nem nos importávamos com o equipamento que tínhamos. Nem sequer tínhamos fones de ouvidos”, recorda à revista Rolling Stone o músico John Cale, que está celebrando o aniversário com três concertos: em Paris, no ano passado, em Liverpool, em maio, e nos Estados Unidos, ainda este ano. “Esta combinação estranha entre quatro músicos distintos e uma relutante rainha de beleza resumiu perfeitamente o que significava The Velvet Underground”, afirmou no ano passado à New Musical Express.

Apesar de ter durado pouco tempo, de 1965 a 1970, a banda formada por Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison, Maureen Tucker e Christa Päffgen (ou Nico) revolucionou o rock, ao mesmo tempo que marcou uma nova relação desta com as artes e a cultura popular em geral.

Aqui o disco completo:

https://youtu.be/0OrbmyBY6zo?list=PLfYUcenVtXMafTWwCm0oZAOLSsy2P10co

A voz da cantora, atriz e manequim Nico e o seu percurso nos Velvet Underground — com os quais apenas colaborou no primeiro álbum, por sugestão de Andy Warhol –, a par de discos como o da sua estreia solo em 1967, Chelsea Girl, tornaram-na também uma referência.

The Velvet Underground & Nico foi gravado em apenas uma semana, em abril de 1966, num estúdio de Nova Iorque, e algumas das suas canções foram posteriormente registadas em Maio, em Los Angeles. As comemorações do meio século do álbum de estreia dos Velvet Underground começaram no ano passado, precisamente ao completarem-se 50 anos dessas gravações.

A aventura acabaria por terminar em 1970, quando Lou Reed anunciou que iria abandonar a banda, antes da saída do seu quarto álbum, Loaded.

Os quatro primeiros discos dos Velvet Underground passaram despercebidos na cena rock norte-americana na altura em que foram lançados — o disco da banana vendeu só 30 mil cópias –, mas o tempo haveria de lhes conferir, e ao pioneiro The Velvet Underground & Nico em particular, um lugar fundamental na história da música.

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Bom dia, Zago ( com os melhores lances de Ju 1 x 0 Inter)

Bom dia, Zago ( com os melhores lances de Ju 1 x 0 Inter)

O Inter jogou muito mal e mereceu perder. Isto precede qualquer consideração sobre a arbitragem. É muito mais importante do que os erros de Diego Real. Ele errou e feio num momento em que até jogávamos melhor, mesmo com dez homens. (Aliás, como vejo muito futebol, posso dizer o quanto são absurdas as acusações que o Inter recebe de ser beneficiado pelos juízes. Como tenho boa memória, sei do pênalti não marcado contra o NH, dos dois pênaltis claros não marcados contra o Passo Fundo — que ainda fez um gol em impedimento — e de ontem. Sim, sei, houve o pênalti de Paulão em Pedro Rocha ou Bolaños (não lembro). Outro absurdo.

Mas mais me interessa a péssima atuação do Inter. William na lateral esquerda? Temos três laterais esquerdos: o lesionado Carlinhos, mais Uendel e Iago. Se Uendel virou meio-campista, por que não escalar Iago? E se Iago não pode, por que não Seijas, que jogava pela esquerda na segunda linha de 4 homens de seu time da Colômbia? Improviso por improviso… Pois a presença de William simplesmente detonou com o bom lado esquerdo ofensivo do Inter. Ele é  lateral direito e ponto. Celso Juarez já tentou dar-lhe outra posição sem sucesso, Zago.

William: todo torto na lateral esquerda
William: todo torto na lateral esquerda

Precisamos de armadores. O time perde muito sem Dale. Os outros jogadores da posição — Ferrareis, Andrigo e Seijas — parecem ter caído em desgraça e, bem, talvez mereçam… Sasha, que também poderia jogar ali, tem longa ficha médica e está fora novamente.

Nosso desempenho no Sartorão Anticultura 2017 é risível. Em 7 jogos, 7 pontos (1 vitória, 4 empates e 2 derrotas). Míseros 33% de aproveitamento. Os maus resultados têm sido apagados pelas boas atuações na Copa do Brasil, Primeira Liga e no Gre-Nal. De resto…

Faltam quatro jogos para o final da fase classificatória e hoje estamos fora dos oito primeiros. Os jogos que poderão salvar o Inter de um novo fiasco histórico são São Paulo (C), Ypiranga (F), São José (F) e Cruzeiro (C). Isto é, nenhum dos 5 primeiros colocados. Teoricamente seria fácil, mas o Inter tem desafiado tese atrás de tese.

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Porque hoje é sábado, Alyssa Arce

Porque hoje é sábado, Alyssa Arce

Às vezes, pisamos a linha do vulgar nesta série de posts conhecida como PHES.

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Às vezes, mesmo que tentemos ao máximo, ultrapassamos em muito esta linha,

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brincamos um pouco lá do outro lado e

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retornamos para nossa conhecida austeridade e seriedade.

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Às vezes, raras vezes, uma poesia começa a cantar sozinha na minha cabeça.

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Pode ser qualquer uma que estava gravada na memória e que de repente surge.

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A desta semana é uma bem desconhecida e cômica de Drummond.

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Se não me engano, está no livro Brejo das Almas, de 1934. O nome dela é Em face dos últimos acontecimentos e — se dividida ao meio em três partes, poder-se-ia dizer que é meio social, meio erótica, meio humorística.

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Em face dos últimos acontecimentos (poema de Carlos Drummond de Andrade)

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Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos)

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Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?

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Bom dia, Zago (com os melhores lances de Sampaio Correa 1 x 4 Inter)

Bom dia, Zago (com os melhores lances de Sampaio Correa 1 x 4 Inter)

Vi tudo, foi espetacular mesmo. Mas, se fosse torcedor do PSG, ia querer a cabeça daquele treinador burro. Quem vai para a defesa daquele jeito, multiplica o número de ataques do adversário. Que se chamava Barcelona. Parecia que Celso Juarez estava comandando os parisienses. Renato deu sua opinião:

massacre

Bem, já em São Luís, no estado do Sarneystão, o Inter enfrentou e venceu por 4 x 1 ao Sampaio Correa, também conhecido como Bolívia Querida (sim, quem torce para o Sampaio é chamado de boliviano). Não sabiam? Pois é, nosso blog diverte e ensina.

Ensinamos mais, ensinamos agora que, no momento, quem dá as tintas é Brenner. Ontem, ele voltou a jogar bem, marcando dois gols. Já soma nove em seis partidas nesta temporada, o que dá uma média de 1,5 gol por jogo. É o artilheiro da Copa do Brasil, com cinco gols, e vamos deixá-lo ainda mais feliz interrompendo nosso texto com sua vibração.

Foto: Ricardo Duarte
Foto: Ricardo Duarte

Paulão, Nico López e Brenner (2) marcaram e este que foi teu nono jogo invicto, Zago: são seis vitórias e três empates. Nada mal para quem vem de 2016.

O jogo foi fácil, mas não dá para dizer que fizemos boa partida. Apenas nos impomos, coisa que não conseguíamos ano passado. Como sempre, Anselmo foi mal e Alemão parece ter sido um equívoco da atual direção. Para completar, no gol do Inter, o boliviano bateu a bola no canto protegido por Danilo Fernandes, que não se mexeu. Na minha opinião, falha dele.

Tenho vontade de rir quando penso que nosso bom ataque — Nico López e Brenner — foi contratado pelo repugnante quinteto do rebaixamento “Piffero – Fernando Carvalho – Pellegrini – Argel – Celso Juarez Roth”. Eram tão incompetentes que não conseguiam fazer jogar seus próprios bons contratados. Medeiros deve estar rindo disso, mas não deve agradecer.

Com o resultado, o Inter pode perder por dois gols de diferença ou até mesmo por 3 x 0 que avança à próxima etapa. A partida de volta contra os bolivianos está marcada para próxima quarta-feira (15/3), às 21h45, no Beira-Rio. Nosso próximo jogo é domingo (12/3), às 16h, contra o Juventude, no Alfredo Jaconi, pela sétima rodada do Costelão 2017.

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Os países que consomem mais maconha no mundo

Os países que consomem mais maconha no mundo

Traduzido (con alcuna licenza), do The Telegraph

Um novo relatório afirma que o governo do Reino Unido deve legalizar a maconha porque é “a única solução para a diminuição dos problemas de crime e vício”. O estudo, intitulado O Efeito da Maré: como o mundo está mudando seu pensamento em relação à Cannabis, foi produzido pelo Instituto Adam Smith e tem o apoio de vários deputados.

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Link para o excelente infográfico, origem da imagem acima

De acordo com o Instituto, a atual estratégia de drogas do Reino Unido “falhou em seus principais objetivos de impedir que as pessoas usem drogas, fabriquem drogas”. Também falharam “em acabar com o crime, a corrupção e a morte relacionadas com o tráfico que ocorrem em grande escala em todo o mundo”.

O relatório afirma que a legalização reduziria o crime organizado, melhoraria a qualidade (e portanto a segurança) da cannabis e seria bom para os cofres do Tesouro. Uma indústria legal de cannabis do Reino Unido, calcula, iria movimentar 6,8 bilhões de libras anualmente, com 1 bilhão indo direto para o Tesouro

Vários países tiveram um repensar a cannabis nos últimos anos. Portugal descriminalizou todas as drogas em 2001 e dentro de uma década o uso de substâncias foi reduzido pela metade. O Uruguai adotou uma abordagem semelhante — legalizou a maconha em 2013 — enquanto a Califórnia, Massachusetts e Nevada se tornaram recentemente os últimos estados dos EUA a votar pela legalização da droga. .

Embora a cannabis não seja legal na Holanda, ela pode ser amplamente consumida nos coffee shops do país. Amsterdam é estigmatizada com a cidade da maconha. No entanto, apesar da liberdade, os cidadãos holandeses não são os maiores usuários do mundo: de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), essa distinção vai para a Islândia.

Top 30 países consumidores de cannabis (percentual da população entre 15 e 64 anos)

1 Islândia – 18,3%
2 Estados Unidos – 16,2%
3 Nigéria – 14,3%
4 Canadá – 12,7%
5 Chile – 11,83%
6 França – 11,1%
7 Nova Zelândia – 11%
8 Bermuda – 10,9%
9 Austrália – 10,2%
10 Zâmbia – 9,5%
11 Uruguai – 9,3%
12 Espanha – 9,2%
13 Itália – 9,2%
14 Madagáscar – 9,1%
15 República Checa – 8,9%
16 Israel – 8,88%
17 Santa Lúcia – 8,87%
18 Belize – 8,45%
19 Barbados – 8,3%
20 Holanda – 8%
21 Groenlândia – 7,6%
22 Jamaica – 7,21%
23 Dinamarca – 6,9%
24 Suíça – 6,7%
25 Egito – 6,24%
26 Reino Unido – 6,2%
27 Irlanda – 6%
28 Estônia – 6%
29 Bahamas – 5,54%
30 Serra Leoa – 5,42%
(O Brasil tem 2,6%)

Os dados do UNODC sugerem que a cannabis é utilizada por 18,3 por cento da população da Islândia (15-64 anos). Os EUA (16,2%) e a Nigéria (14,3%) apresentaram a segunda e terceira maiores taxas de consumo; o Reino Unido ficou em 26º lugar na lista, seguido pela Irlanda. E a Holanda? Está em 20º.

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Um reconhecimento: um pequeno texto de Elena Kuschnerova sobre Martha Argerich

Elena Kuschnerova não é uma pianista qualquer. Ela é uma concertista internacional de alto nível, espécie de campeã em Scriabin. Vários compositores escreveram músicas dedicadas a ela, que mora entre Baden-Baden e Nova York. É contratada da Steinway. É também amiga da minha Elena e as duas costumam trocar figurinhas no Facebook. Um dos últimos concertos de Kuschnerova está no folheto abaixo. O Piano Salon Christophori é em Berlim e naquela cidade não é proibido fazer crítica musical. Nos dias seguintes, ela foi elogiadíssima nos jornais e sites que fazem cultura. Vejam só que programa!

E, hoje, a amiga de minha Elena foi ver Martha Argerich… Os russos sabem escrever, parece que todos sabem.

pianista elena

Tradução de Elena Romanov

Hoje eu percebi, ou melhor, eu lembrei porque as pessoas vão a concertos. Para aderir à Arte e presenciar o nascimento de um milagre.

Martha Argerich — quanto eu já ouvi sobre ela! Quantas gravações impressionantes e nem tão impressionantes… Mas nunca antes a tinha visto num palco.

Obrigada, Gidon Kremer, que em sua turnê de aniversário trouxe Martha (quem mais?). E desde sua primeira aparição no palco, eu entendi tudo. Ela entrou lentamente. Não, não com vaidade, mas como uma mulher já de idade. No entanto, era surpreendentemente bela. E ela começou a tocar com Gidon a Sonata em lá menor para Violino e Piano de Schumann. Quantas vezes eu já toquei esta sonata! Com muitos violinistas, muitas vezes, eu conheço cada nota. Mas Martha deu à luz a um verdadeiro milagre! Este é exatamente o tipo de interpretação que não pode ser descrita por palavras. A música fluiu e respirou, e apareceram lágrimas em meus olhos… E nem preciso dizer que, comparado com ela, Gidon não passava de um fundo que se esforçava ao máximo para corresponder. Que rubato! Que som! Que poesia! Era como se o próprio Schumann pairasse no salão…

Eu posso dizer com certeza que Martha é o melhor que eu já ouvi em uma sala de concerto. Talvez só se compare à Gilels.

Inesquecível!

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Ali Hassan Ayache reclama da presença estrangeira no Brasil

Ali Hassan Ayache reclama da presença estrangeira no Brasil

“Existe no Brasil uma dezena de excelentes profissionais capacitados para o cargo e a direção escolhe uma italiana”.
Ali Hassan Ayache

O potencial cômico desta matéria (e do titulo acima) pode ser resumido na seguinte frase: “Em um texto cheio de xenofobia, mas travestido de austero, Ali Hassan Ayache reclama da saída de Naomi Munakata da regência titular do Coro da OSESP para dar lugar a Valentina Peleggi”. A frase é autoexplicativa porque todos os envolvidos têm nomes não brasileiros, mostrando o óbvio: somos um país de imigrantes. Então, um Ayache faz beicinho para Munakata e Peleggi. O texto foi-me apresentado por Augusto Maurer.

Valentina Peleggi: ninguém discute sua qualidade, já a etnia...
Valentina Peleggi: ninguém discute sua qualidade, já a etnia…

Eu sou neto de portugueses, Ali Hassan veio do Líbano, Naomi é japonesa, Valentina é italiana, Augusto tem ascendência alemã. Sim, sabem que o perfil do Facebook de Ayache indica que ele nasceu em Beirute? Ora, Ali, nós matamos nossos índios, aqui quase todo mundo tem um pé fora do Brasil. Seja na África, seja na Europa, seja em lugares mais distantes. E todos, mas todos nós, saímos da África.

A matéria também reclama da presença de Marin Alsop por apenas dez semanas / ano na Osesp. Tão simples de explicar: a estadunidense Alsop é uma estrela mundial. Assisti a uma masterclass e uma entrevista dela no Southbank Center (Londres). Afirmo que aquele grau de conhecimento você não vai encontrar facilmente em nenhum lugar do mundo. Ela vale muito. Os ingleses — que não são fáceis de convencer — amam a norte-americana Alsop.

Mas o Brasil é assim. Gente de família que recém chegou acha que deve evitar os estrangeiros. Quando conheci Lisboa, vi o quanto de português havia em mim. No primeiro dia, eu já estava adaptado. Portugal já estava em mim sem eu saber. E entendi o que meus avós deviam ter sofrido no Brasil com seus sotaques, com o recomeço de meu avô como estivador no cais do porto, com as piadas de português, etc.

O texto de Ayache revela um preconceito muito comum em nosso país. Somos formados pela imigração, mas não queremos mais imigrantes por aqui, mesmo que eles venham fazer bons trabalhos ou nos ensinar. Enquanto isso, um grande homem como Jordi Savall faz isso. É que Savall conhece história. Em suas pesquisas, já encontrou a presença espanhola em todo o mundo e sabe como as trocas culturais funcionam. Te digo que certamente temos coisas a aprender com os senegaleses e haitianos que recém chegaram aqui, nem que seja sobre elegância.

Ademais, a Osesp só é a Osesp em razão dos estrangeiros. Aqueles violinos… Onde havia algo semelhante na América do Sul à época em que foram trazidos?

Tenho exemplos de xenofobia bem aqui a meu lado. Dentro de casa inclusive. Afinal, minha querida Elena é uma bielorrussa naturalizada brasileira e tem histórias muito interessantes e comprovadas para contar e mostrar. Se ela sofre de xenofobia? Nossa, e como! Não nos provoquem… Sou ótimo contando histórias.

E, falemos sério, Peleggi é uma deusa regendo. É muito competente e deveria ser um orgulho — jamais um problema! — para São Paulo recebê-la. Se não quiserem, mandem para Porto Alegre. Não temos ninguém como ela aqui na cidade. NEM DE LONGE!

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Bom dia, Zago (com os melhores lances do Gre-Nal de 2 x 2 de ontem)

Bom dia, Zago (com os melhores lances do Gre-Nal de 2 x 2 de ontem)

O Grêmio dava uma saranda no Inter no primeiro tempo. Bolaños e Luan navegavam tranquilamente em campo. O Inter marcava de longe e eles podiam pensar no que fazer antes de receber a marcação. Já o Grêmio marcava em cima e obtinha enorme vantagem. Eles tem mais time, ainda. Mas Renatinho Portaluppi, velho amigo do Inter desde que era aprendiz de padeiro em Bento Gonçalves, resolveu mudar e recuar o tricolor no início do segundo tempo — esta afirmativa não é minha, é do próprio Renato, na coletiva após o jogo. Resultado: o Inter virou o jogo antes dos 15 min do segundo tempo. O empate do Grêmio veio num chute da entrada da área, com a bola passando entre três jogadores do Inter, o que provocou a falha de Danilo Fernandes. Lastimável.

O pessoal do Grêmio aprendeu muito ontem | Foto: Ricardo Duarte
O pessoal do Grêmio aprendeu muito ontem | Foto: Ricardo Duarte

Mais um empate. O empate dispara na ex-rivalidade Gre-Nal. Agora são 129. É o clássico Gre-Pate ou InPate. O Inter venceu 154 Gre-Nais, o Grêmio, 127, e temos 129 empates. Dá-lhe empate! Até os empates estão à frente do imortal…

Foi um bom resultado para nós, time merecidamente na segunda divisão. Apesar de não marcarmos nada bem, de os jogadores do Grêmio receberem sempre livres a bola, algo verdadeiramente apavorante, temos evoluído, Zago, e isso é o mais importante. Tu pegaste um grupo limitado, abalado psicologicamente e há 18 meses sem treinador. Ah, por falar em abalado psicologicamente… Charles e Léo Ortiz estavam nervosíssimos. William ligado em 220 V, o que é inútil. E Carlos… Olha, sei que Nico se machuca demais, mas é muito superior a este Carlos. Tem que jogar sempre. Nosso ataque tem que ser Nico e Brenner. E é melhor esquecer de Anselmo.

Nossa comemoração foi compreensível e justa. D`Alessandro, que não é nada burro, sabe que empatar com o Grêmio fazendo dois gols era impossível três meses atrás. Melhores em campo? Do nosso lado, D`Alessandro, Nico, Dourado e Brenner, que tem se mostrado um centroavante consistente.

Se seguirmos nesse ritmo, teremos um bom time para voltar para a Série A, em 2018. É sempre perigoso elogiar no inicio de março, mas acho que a diretoria tem trabalhado bem na dispensa de jogadores e nas contratações. E já damos trabalho a times do baixo clero da Libertadores.

https://youtu.be/isyYNyBAf6o

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Porque hoje é sábado, Marilyn Lange

Creio que em 1975, durante inocente pesquisa bibliográfica nas revistas de meu pai,

descobri que ele tinha uma Playboy (EUA) de 1974, dedicada a Marilyn Lange.

Logo peguei a revista a fim de mostrá-la a meus colegas do

Colégio Estadual Júlio de Castilhos, que me consideraram a mais feliz das criaturas

naqueles tempos onde o acesso à pornografia era limitado.

Com efeito, Marilyn Lange tinha grandes qualidades naturais

que podiam ser identificadas ao primeiro olhar.

Eram outros tempos. Havia muitos Fuscas e Corcéis nas ruas.

Os mais ricos andavam de Maverick ou Opala, os ricaços de Landau.

Estávamos no último ano do segundo grau, eu não tinha carro e

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Carta pública de Mempo Giardinelli a Mario Vargas Llosa

Carta pública de Mempo Giardinelli a Mario Vargas Llosa

Admirado Mestre, onde quer que esteja:

Eu não tive a sorte de ser seu amigo, mas, como você sabe, considero-me seu devoto discípulo. Ambas as vezes em que nos encontramos, uma em Buenos Aires, outra em Lima, cumprimentamo-nos calorosamente, e outras vezes o Sr. me enviou saudações, das quais me orgulho, por outros meios. Mas o que é mais importante para mim é o fato de ter lido quase toda a sua obra com prazer e paixão. Mais: como professor de graduação e pós-graduação, eu sempre dou aulas sobre seus romances, ao menos uma por ano — em 2016 eu abordei Os Filhotes — e sempre retorno a suas palestras sobre Flaubert e Arguedas.

Desde logo vou dizendo que não concordo com nenhuma de suas idéias políticas, mas até agora optei por não contradizê-lo, apenas lamentando silenciosamente várias de suas declarações. Toda vez que eu lhe vi na TV, mudei imediatamente de canal em tributo à qualidade de sua prosa, de sua poética e de seus personagens. Mesmo quando se armou um protesto em 2012, aqui em Buenos Aires, porque o Sr. iria inaugurar a Feira do Livro, escrevi neste jornal que seu Prêmio Nobel foi “irrepreensível por premiar uma estética literária moderna, inovadora, original e escrita à margem da civilização imperial”. E eu também escrevi que “para além do grande narrador, é também um cruzado neoliberal, destes que se espantam com qualquer gesto equivocado kirchnerista, mas que tolera ver Menem rifar o país, o petróleo, as ferrovias, os portos marítimos, etc.”. E chegamos a 2015, quando você fez campanha eleitoral dizendo que, “se fosse argentino, votaria em Macri”. Neste caso, também mantive silêncio, apesar de que me doía vê-lo manifestar-se.

Mas, embora eu jamais tenha retrucado as suas opiniões nem muito menos contra-atacado — e não farei isto agora –, quero lhe dizer que fiquei estupefato com o diálogo que você manteve em Madrid, nesta semana, com o presidente de meu país. Ao ver você aceitar e celebrar tanta mentira não literária, concluí que meu silêncio já era demasiado.

Vargas Llosa também têm feito aparições em peças teatrais de sua autoria. Os críticos têm sido irônicos sobre o Nobel-ator.
Vargas Llosa também têm feito aparições em peças teatrais de sua autoria. Os críticos têm sido irônicos sobre o Nobel-ator.

O governo liderado pelo Sr. Macri é um governo de bandidos, em primeiro lugar, porque chegaram ao poder prometendo o que o povo argentino queria e precisava ouvir, mas determinados — desde o primeiro momento — a trair cada uma dessas promessas.

Em segundo lugar, é um governo de facínoras insensíveis, de canalhas que, ao longo de quatro décadas, e em todos os seus governos, depositaram aproximadamente 350 bilhões de dólares em paraísos fiscais. Por isso, o primeiro ato do Sr. Macri foi o de legalizar essas fortunas, que supostamente retornariam ao país.

O Sr. Macri é hoje considerado — não no mundo da América Espanhola, é claro — um dos cinco governos mais corruptos do planeta. E o repertório de escândalos que os grandes jornais e o sistema de televisão argentino omite é chocante. Sabe-se que existem mais de 40 empresas ligadas ao Grupo Socma, de propriedade da “Famiglia” Macri. E são públicos os repetidos “perdões de dívidas” e favorecimentos, como nos casos de Correo Argentino (de seu pai) e Ferrocarril Sarmiento (de seu cunhado).

Claro que fico pasmo por vê-lo celebrar Macri, ignorando tudo isso. O gabinete argentino se assemelha ao do Dr. Caligari, com mais de 50 membros processados (incluindo o presidente e seu vice) e com vínculos perversos com a empresa brasileira Odebrecht, cuja diretoria é grande parceira do presidente.

Você deve saber, com certeza, que a atuação do Supremo Tribunal Federal foi alterada através de decreto e que agora o país é governado por “decretaços” como fizeram há décadas os militares aqui e os ditadores no  Peru. E com certeza está ciente dos favores obscenos a latifundiários e a alvoroçados empresários, que puseram milhões de trabalhadores na rua, destruindo não somente empregos, mas educação, famílias e sonhos. Em pouco mais de um ano, foram fechadas 7000 fábricas e empresas produtivas, o ensino público está em estado terminal e, nestes 14 meses, nossa dívida externa aumentou ad infinitum, para algo que nunca vamos pagar.

Custa-me crer que você, meu Mestre, com a sua acuidade proverbial, preste-se a esta farsa. Pergunto, então: são tão grandes os negócios que nos preparam na Espanha que justifique uma recolonização? São tão grandes esses interesses a ponto de você descartar uma grande carreira literária e favorecer um arruaceiro que se assemelha tanto a seu compatriota Fujimori?

Minha lealdade de discípulo e a consciência de minha pequenez literária não me impedem de ver, com dor, o triste papel encarnado por você na televisão ao discursar platitudes com a finalidade de criticar o presidente venezuelano. Dói-me ouvir suas falas cheias de conotações racistas e classistas.

Me deu muita pena do Sr., Don Mario, ao vê-lo tão generoso e dócil na frente do lamentável governante desta terra que lê e gosta de seus livros. Eu senti dor e um certo embaraço por ser seu admirador.

Sim, sem dúvida, vou continuar admirando sua obra literária, mas que enorme vergonha senti de vê-lo agora, em idade avançada, desempenhando um papel como Zavalita perguntando: “Em que momento se fudeu a Argentina?”.

Seguirei devoto de sua grandeza literária. Mas apenas dela.

Péssima tradução de Milton Ribeiro.

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Serena, de Ian McEwan

Serena, de Ian McEwan

Serena McEwanResenha sem spoilers, tá? Serena conta uma história que se passa nos anos 70, em Londres e Brighton, misturando amor, literatura, costumes e política (Guerra Fria). Serena Frome é uma jovem que vai trabalhar no MI5 (Military Intelligence, Section 5), serviço de inteligência do governo inglês. Ela estudou matemática em Cambridge, mas gosta mesmo é de literatura ligeira. No início do livro, diz preferir Jacqueline Susann a Jane Austen… e, sim, ela se torna mais razoável depois. Em razão de seu amor pela literatura e por ser de direita (além de linda), ela é convidada a participar de um projeto bem comum na época: com a finalidade de combater as ideias comunistas, o MI5 passa a financiar autores talentosos que escrevam a favor do capitalismo. Normal. Até Orwell participou de um programa desses. Após alguns casos amorosos, inclusive com o homem que de certa forma a colocou no MI5, Serena envolve-se com um escritor que recrutou, um certo Tom Haley. A partir deste ponto, paro de contar a trama.

Dito assim rapidamente, parece ridículo. Não é. McEwan é um baita escritor, realiza sempre minuciosas pesquisas e consegue manter esta trama vintage — meio espionagem, meio farsa, meio romanção — bem escondida sob uma prosa sempre interessante. Só que o livro não chega a ser bom. O final que o leitor elabora em sua cabeça, imaginando as cenas que virão antes do desenlace sugerido, é menos elegante do que aquilo que é descrito por McEwan. E a gente fica pensando que ele não explicita a história porque ela não é tão boa. Fica uma sensação estranha e insatisfatória.

McEwan nasceu em 1948, eu em 57. Muitas das referências feitas por ele àquele período de minha juventude foram-me absolutamente deliciosas. Talvez eu e ele tenhamos sucumbido nostálgica e apaixonadamente à música popular e aos problemas em voga na época. As descrições detalhadas de como Serena se veste ou pensa são ótimas e a certa ingenuidade sempre presente dão um perfume especial à esta narrativa longa (382 páginas).

Mas, vocês sabem, um mau McEwan é superior do que o melhor livro de muito autor consagrado e Serena é exatamente isso, um equívoco de um excelente autor. Afinal, sempre se espera deste cara que diz vencer seu bloqueio criativo lavando louça.

Livro comprado na Bamboletras.

Ian-McEwan-escritor

Livro comprado na Bamboletras

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Iniciamos o dia dando gargalhadas com Tulio Milman

Iniciamos o dia dando gargalhadas com Tulio Milman

Bom dia para você que tem grande reconhecimento pelo trabalho de Cezar Schirmer!

Tulio Milman

(Na ZH de hoje).

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Site norueguês obriga leitores a mostrar que leram os artigos antes de os deixar comentar

Site norueguês obriga leitores a mostrar que leram os artigos antes de os deixar comentar

Do Publico.pt

O NRKbeta quer manter na sua caixa de comentários discussões produtivas e construtivas. Para isso, quem quiser comentar (alguns) artigos tem de responder a três perguntas antes de entrar no debate.

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O site tecnológico da empresa pública de rádio e televisão da Noruega, a NRK, pôs em prática, no último mês, uma nova forma de controlo da utilização feita das suas caixas de comentários. E os efeitos já se começam a sentir.

Há duas semanas, o NRKbeta publicou uma peça explicativa sobre a proposta de lei que visa a vigilância digital na Noruega. Apesar de o tema ser controverso e capaz de iniciar discussões inflamadas, os comentários ao texto mantiveram-se cordiais e construtivos, com vários links de pesquisas ou livros a serem sugeridos, relata o NiemanLab. Ora, o NRKbeta diz que a qualidade do debate se deve ao novo mecanismo aplicado a quem pretende escrever um comentário no seu site.

Em alguns artigos, os leitores que quiserem comentar terão de responder a três questões básicas de escolha múltipla sobre o próprio texto. O objectivo é confirmar que os leitores tenham realmente lido a história antes de os deixar intervir.

“Nós pensamos que deveríamos fazer a nossa parte e tentar garantir que as pessoas estão em sintonia antes de comentarem. Se toda a gente concorda que é isto que o artigo diz, então têm uma base muito melhor para o comentar”, afirmou ao NiemanLab, Stale Grut, jornalista do NRKbeta.

O jornalista e o director do site, Marius Arnesen, explicam que o NRKbeta é uma das poucas secções da NRK que oferece uma caixa de comentários aos leitores, criando uma comunidade fiel que normalmente têm conversas positivas. No entanto, algumas histórias atraem leitores que não são assíduos e as discussões resvalam.

Começando a pensar numa estratégia para tentar controlar o tipo de conversas que possam surgir, a redacção planeou esta espécie de quiz porque, assim, pelo menos garantia-se que os leitores tinham realmente lido o texto, possuindo assim a mesma base para a discussão. “Estamos a tentar estabelecer uma base comum para o debate”, diz Arnesen ao NiemanLab. “Se vais debater alguma coisa, é importante saber o que está no artigo e o que não está no artigo”.

Por agora, apenas alguns artigos trazem consigo as questões para os leitores, até que se comprove que realmente resulta. Se se provar a utilidade deste sistema, o quiz, que é criado pelo autor do texto, pode ser estendido a todas as histórias.

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Museu Iberê Camargo: mais um absurdo da provinciana e atrasada Porto Alegre

Museu Iberê Camargo: mais um absurdo da provinciana e atrasada Porto Alegre

Quando certa manhã Álvaro Siza acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se pensando que aquilo que lhe passara pela cabeça seria uma maravilhosa realidade: um gigante pilotando uma enorme pá, enterrando fundo seu instrumento de trabalho na beira do Guaíba, para depois erguer do chão o Museu Iberê Camargo e perguntar para onde deveria levá-lo. A resposta seria óbvia: para uma cidade que desse um mínimo de atenção para a cultura.

Foto: Elvira Tomazoni Fortuna
Foto: Elvira Tomazoni Fortuna

Não sei como Álvaro Siza Vieira foi construir uma de suas mais belas obras em Porto Alegre, o que sei é que a cidade não a merece. Trata-se de um museu de arte, um lindo prédio branco e iluminado na mais bela região da cidade com estacionamento no subsolo… Mas vejam só — funciona apenas dois dias por semana, sexta e sábado. Talvez os ônibus nem parem mais na frente do Iberê. Não sei de vocês, mas eu sofro com isso. Como minha cidade pode descuidar tanto de seu patrimônio cultural?

A obra é um achado. Espaçoso, privilegia a entrada de luz e a visão das águas do Guaíba. Deveria estar sempre lotado, com escolas durante o dia, mais visitantes e turistas. Em quase todos os lugares do mundo, os museus abrem todos os dias, exceto às segundas-feiras. São importantes não apenas para arte e sua memória, mas para o turismo. Só que aqui, no provinciano e cada vez mais cu do mundo chamado Porto Alegre, não há empresas, mecenas ou governo que possam assumir o local.

Só o prédio de Siza já seria uma atração para o turismo cultural. Foi vencedor de vários prêmios internacionais. Aliás, Siza é o mais premiado dentre os arquitetos vivos. Mas, daqui alguns anos, sua obra porto-alegrense deverá ser uma ruína cheia de vazamentos e pintura gasta. Já estou até me imaginando, velhinho, olhando o pôr do sol sentado na frente do bar — talvez igualmente fechado –, contando como aquilo foi maravilhoso durante uns poucos anos.

Não gosto nem de passar na frente. Para piorar, tem um pardal que faz com que todos os carros reduzam a velocidade quando passam por ele, o que faz com a gente observe bem a obra. E não entre.

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