Hoje teve Guinga no Santander Cultural

Infelizmente, Porto Alegre não parou porque Guinga se apresentava. Teve abobados, inclusive gremistas, que ficaram em casa para ver aquele Inter do Zago na TV. Tudo porque Guinga não é uma figura nacional — talvez fosse, se tivesse nascido antes –, mas mesmo assim sobrou gente para lotar o Santander Cultural na tarde chuvosa deste sábado. Muitos ficaram na rua, suplicando por um ingresso. Perderam muito. Afinal, foram 90 minutos com um grande compositor, violonista e cantor. Foi um show leve e sensível, alternando momentos festivos ou decididamente engraçados, como a magistral Chá de Panela, dedicada a Hermeto Pascoal, momentos líricos como a clássica Catavento e Girassol e temas mais pesados, como o Choro-RéquiemMeu Pai. Assim, vou mostrando para minha Elena o que temos de melhor. No ano passado, ela encantou-se com Mônica Salmaso e este ano com Guinga, de quem disse não ter voz de cantor, fato que é compensado com afinação perfeita, fruto de um ouvido miraculoso. Elena tem isso: é muito exigente em termos musicais, torce o nariz para coisas que não sejam de primeira linha. E eu vou tentando contornar eventuais vulgaridades. Ela chamou minha atenção para os inusitados e belíssimos acordes com os quais Guinga tratou Lígia, de Tom Jobim. Que arranjo ele fez! Hoje foi barbada garantir boa música para ela.

Hoje, Guinga apresenta-se mais fora do país, como quase todo mundo que é bom. É nossa decadência, fazer o quê? Ao final, cansado do show depois de dar uma master class à tarde — sacanagem dos organizadores, né? — acompanhou, com seus melhores acordes, a plateia cantando Carinhoso e Cadeira Vazia. Então, posso dizer que Guinga me acompanhou enquanto eu cantava Pixinguinha e Lupicínio e só estarei mentindo um pouquinho.

(Não fosse a gentileza de Günther Natusch, este modesto post e grande felicidade simplesmente não aconteceriam).

Guinga em ação | Foto de Elena Romanov (celular)
Guinga em ação | Foto de Elena Romanov (celular)

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