Bom dia, Odair Hellmann (com os principais lances de Inter 2 x 0 Avaí)

Bom dia, Odair Hellmann (com os principais lances de Inter 2 x 0 Avaí)

O Avaí entrou em campo como 19º colocado no Brasileiro. Claro que entrou fechado, buscando um empate ou uma vitória num contra-ataque. O Inter estava em 10º podendo subir muito com uma vitória.

Grandes atuações de Edenílson e Dale, com golaço marcado pelo primeiro após bela jogada coletiva | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Como quase sempre acontece conosco, no primeiro tempo não conseguimos furar a defesa dos homens do 50º estado norte-americano e, pior, tomávamos contra-ataques. A vida de um colorado é difícil. Eram 18 min e eu já pensava na injeção de ânimo que deveria ser dada apenas no intervalo. Complicado iniciar o jogo e querer que o primeiro tempo logo acabe. Isto foge da definição de diversão e entretenimento. E, com efeito, o Inter está muito mais para sofrimento do que para festas.

De novo ficou clara a má fase em que submergiu Nico López, nota dez em esforço e zero em inspiração. Já Nonato errava demais, perdendo bolas fáceis. Eram 30 minutos e não tínhamos chutado a gol. Se o goleiro do Avaí fosse eu, o placar seria o mesmo.

Lá pelos 40 min, houve pênalti em Lindoso. A TV mostrou claramente, mas o juiz não deu. Vou lhes contar. O juiz nem foi olhar o VAR.

A verdade é que o Inter não conseguiu se impor em todo o primeiro tempo. E o adversário era o Avaí…

Como o previsto, após a palavra (ou os gritos) do vestiário, voltamos bem melhores no segundo tempo. Aos 6, Nonato perdeu um gol incrível. E abrimos o placar logo depois da entrada de Sarrafiore no lugar de Zeca. Guerrero marcou. Como é bom ter centroavante!

A participação de Guerrero em todas as partidas tem sido esplêndida. A bola é passada a ele, mesmo às vezes alta e sem jeito, e o peruano a disputa de verdade com os zagueiros. Não tem aquele negócio de pular só para constar como fazem tantos de seus falsos pares. Ele tenta matar a bola ou dar o passe e normalmente consegue, mesmo tendo menos corpo. Além disso, é hábil, chuta e cabeceia bem. Trata-se de nossa melhor contratação em anos.

Jogando bem, marcamos mais um em uma obra-prima de  feitura coletiva — Dale, Sarrafiore, Parede e Edenílson — e poderíamos ter ampliado.

Pra que tanto sofrimento?

Com o resultado, chegamos aos 13 pontos, ficando na 5ª colocação na tabela, além de manter 100% de aproveitamento dentro do Beira-Rio. Antes da parada para a Copa América, ainda temos dois jogos: sexta-feira contra lanterna Vasco da Gama, em São Januário — local onde costumamos nos enrolar ou sermos roubados como no ano passado — e o Bahia, na quarta-feira seguinte, em Porto Alegre. E atenção: estaremos sem Guerrero, que estará servindo à seleção peruana na Copa América.

Os melhores lances começam aos 45 segundos do vídeo abaixo:

Atrás do balcão da Bamboletras (XIII) — A visita de Dostoiévski (II)

Atrás do balcão da Bamboletras (XIII) — A visita de Dostoiévski (II)

Mas tenho mais fatos a narrar sobre a visita de Dostoiévski à Livraria Bamboletras, durante o lançamento do Ingresia de Franciel Cruz.

Apresentei-lhe ao célebre escritor um livro de seu conterrâneo e contemporâneo Tolstói, Anna Kariênina. Ele olhou, risonho porém visivelmente contrafeito, e disse:

— Ah, um Tolstói qualquer.

Notei que ele tinha achado minha atitude ofensiva e tentei consertar a situação dizendo que, imagina, atropelada por um trem, muito melhor uma machadinha ou um bom parricídio — já pensou que maravilha se acontecesse em Brasília, Dostô? –, mas como ele não reagia, reclamei das considerações agrícolas de Liêvin, louvei o príncipe Míchkin e o niilista Kirílov e fui saindo de fininho antes que ele jogasse em mim aquele copo de cerveja.

(Com Bruno Pommer e Milton Ribeiro).
(Fotos: Rômulo Arbo).

Atrás do balcão da Bamboletras (XII) — A visita de Dostoiévski (I)

Atrás do balcão da Bamboletras (XII) — A visita de Dostoiévski (I)

Na última sexta-feira, durante o evento de lançamento do Ingresia, de Franciel Cruz, recebemos Dostoiévski na Livraria Bamboletras.

De posse da bela tradução direto do russo do Crime e Castigo da todavia — feita pelo grande Rubens Figueiredo –, eu lhe explicava como eram as traduções antigas de seus livros. Elas nos chegavam todas de segunda mão, a partir de traduções francesas. Parece que não havia ninguém que conhecesse russo no Brasil. Enquanto isso, ele, um eslavófilo furioso, 100% anti-francês, me olhava com aquela cara de quem tá louco pra pegar uma machadinha.

(Com Bruno Pommer e Milton Ribeiro).
(Fotos: Rômulo Arbo).


Hilary Hahn: por que eu preciso de dois Vuillaumes

Hilary Hahn: por que eu preciso de dois Vuillaumes

É difícil compará-los. Eu tive experiências muito diferentes com cada um deles em diferentes momentos da minha vida. O de 1864 não parece mais tão natural para tocar. Algo mudou ao longo dos anos e eu não mudei na mesma direção. O instrumento foi numa direção e eu noutra. É um violino poderoso, mas… O de 1865 é melhor para mim nos dias de hoje. É ágil e forte, responde às nuances mais sutis, move-se comigo. É como uma extensão de mim mesma. Essa diferença pode ser psicológica; acho até que é mesmo psicológica. Nossa relação com o instrumento é tão complexa quanto uma relação interpessoal.