O Triunfo do Tempo e do Desengano (*)

Publicado em 22 de novembro de 2005

Logo eu, de tão raras viagens, passo um novembro todo viajante. Depois dos barulhentos lançamentos de meu orgulhoso 1/14 de livro em Porto Alegre e São Paulo, depois da necessidade de ir à Goiânia para trabalhar – aproveitando a estadia para mais um lançamento -, vou agora à Madrid, Roma, Verona, Riva del Garda e Milão. É uma viagem rápida, mais determinada pelas necessidades profissionais da Claudia do que por turismo, porém dei um jeitinho de enxertar visitas (e aceitar convites) a (de) alguns amigos, como Nora Borges (Madrid) e Flavio Prada (Riva del Garda). Preciso vê-los, quanto mais não seja para levar-lhes camisetas da Verbeat – não sei vocês sabem que o Pradinha está vindo aumentar a algaravia de nosso condomínio.

O blog foi uma revolução em minha vida. Além do indiscutível prazer de ser lido, esta coisa cinza e de lay-out duvidoso, talvez homenagem a meu daltonismo, trouxe-me um leque de brilhantes e generosos amigos em quantidade nunca dantes vista. Nos últimos tempos, posso dizer resumidamente que viajei com a Stella e com a Mônica, hospedei-me na Laura-RJ e no Zadig, além de conhecer mais uns 50. Tais encontros sempre me mostraram um grau de interesse e carinho muito mais alto do que a média encontrável na rua. É uma afinidade detectada nos escritos de cada um – seja de que qualidade forem – e nunca fraudada nos encontros ao vivo. As pessoas que conheci em Goiânia e São Paulo no último final de semana foram uma overdose neste sentido. A viagem começou meio esquerda quando o pessoal da Gol me disse em Porto Alegre que eu tinha considerável excesso de bagagem e que isto me custaria R$ 106,00. Decidi que não pagaria aquilo nem morto. E, bem, como não deixaria de levar as toneladas de erva mate solicitadas e muito menos as copas (salame tipo milano, vulgo copa) no aeroporto, resolvi deixar os vinhos. De forma um tanto cronópia, ofereci os vinhos aos funcionários da companhia aérea, que negaram-se fama e profissionalmente a receber o presente; então, voltei ao ponto de táxi e perguntei aos taxistas se eles queriam vinho. Imagina se não! Primeiro ficaram desconfiados (Não tem mijo aí dentro?), depois entraram em acordo na divisão das onze garrafas. Não sei como isto repercutiu no trânsito de Porto Alegre, mas gostei de ver as caras alegres deles, convidando-me a aparecer mais vezes… (Volta sempre, tá? Amanhã a que horas?)

Depois, foi a mais tranqüila das viagens. A coisa só foi piorar na volta a Porto Alegre, quando Márcio Resende de Freitas resolveu que não seria bom marcar o pênalti sobre Tinga. Vocês sabem como são os juízes, são autoridades arrogantes em campo, mas subservientes fora dele. São obedientes aos chefes e pavlovianos quando, na dúvida, escolhem sempre beneficiar o dinheiro e o poder. É o Corínthians da MSI, o Palmeiras da Parmalat, o Flamengo da CBF, o Vasco da CBF a da truculência, etc., tudo misturado com aquele medinho de perder o lugar de árbitro da Fifa, condição que lhes rende altos ganhos que lhes é concedida pela CBF, que também gosta de dinheiro, poder, TV, etc., e assim caminha o futebol. Enfim, roubaram meu time.

(*) O nome do post: é que acho tão bonito o título deste oratório de Handel que resolvi usar. Alguma coisa contra? Do original italiano: Il Trionfo del Tempo e del Disinganno. Nesta obra filosófica, escrita por Handel aos 22 anos sobre libreto de Benedetto Pamphilj, está a famosa e espetacular ária Lascia la spina, cogli la rosa, a preferida de tantos cineastas.

A sumidade vai falar, eu mal posso esperar

RS Urgente informa:

A Assembléia Legislativa aprovou hoje (28), por 26 votos a 20, a criação de uma Comissão de Representação Externa para investigar as denúncias de fraudes na prestação de contas de projetos beneficiados pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC). A proposta é de autoria do deputado Ronaldo Zulke (ecce homo, ao lado), do PT, com o apoio de mais 19 parlamentares. A comissão vai averiguar as denúncias de fraudes no sistema LIC, que geraram uma crise envolvendo a secretária estadual da Cultura, Mônica Leal, e a presidente do conselho estadual da área, Mariângela Grando. Segundo Zulke, o trabalho da comissão não se limitará aos problemas de gestão da LIC, mas também analisará os fatores que prejudicam atualmente a atividade cultural no Rio Grande do Sul. O governo Yeda saiu derrotado na votação. Não queria a instalação da comissão.

Finalmente vamos saber mais.

Mal posso esperar pelas explicações de Mônica. Gostaria de ver. Quando ela fala sobre cultura, dá-me frouxos de riso.

E Zero Hora, pisando em ovos, informa:

A 54ª Feira do Livro de Porto Alegre foi lançada oficialmente nesta terça-feira durante café da manhã para imprensa e convidados. Para o público, a feira será aberta na próxima sexta-feira.

O presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, João Carneiro, falou da expectativa para a reunião do Conselho Estadual da Cultura, na quinta-feira, que decidirá sobre o repasse de R$ 700 mil referentes à Lei de Incentivo à Cultura.

— Não estou trabalhando com a hipótese de não recebermos a verba. Temos sim, um orçamento geral e um enxuto para a edição deste ano.

Inteligente o seu João, pode-se esperar qualquer coisa da sumidade (ou seria sumidouro?).

O sombra e outros tópicos muito mais ardentes

Tive aulas de português com o prefeito José Fogaça em 1975. Fiz uma semana de cursinho no IPV antes de mudar para o Mauá e ele me pareceu um bom professor. Melhor se lá tivesse ficado. Assisti duas aulas, não mais do que isso. Depois ele ficou 24 16 anos como senador em Brasília. Culpa dos gaúchos que reelegeram o autor de uma música que tornou-se uma espécie de hino informal de Porto Alegre e do pessoal do interior, sempre pronto a aderir à direita. Sou um cara que leio as notícias políticas com parcimônia e nunca ouvi nada de útil que Fogaça tivesse participado em Brasília. Acho até que ele nem foi. É muito devagar. Ontem, assisti a todo o debate entre ele e Maria do Rosário. José e Maria, Maria e José. PT x PMDB-PPS. Chatíssimo, mas Maria é melhor. A sorte dela é exatamente José que, meio cabeça de vento, não diz coisa com coisa. Há pessoas que não preservam a inteligência. Ó, M`ria, mais tu não t` aproveitasht` d`reito. Êl é um p`monha, M`ria.

Destaques para o projeto “Óleo de Cozinha” de Fogaça, o qual foi confrontado por Maria com outro projeto: o “Lixo é Luz”. Luz? Aqui em casa é cheiro. Descontente com a situação, Fogaça diz que é de seu governo o projeto “Papa Pilhas”. Deve ser mesmo. Já andei quilômetros e quilômetros em Porto Alegre atrás de um lugar onde jogar as pilhas. Acabaram no lixo seco, claro. Fogaça falou muito nos “Portais da Cidade”. Sei lá que porra é essa, só sei que Maria do Rosário andou botando mais botox que a Suélen (ou seria Pâmela?), quando pensei que esta tinha ficado finalmente torta e doente. O sorriso-só-boca de Maria está de assustar as crianças que tanto ama. Mas, pô, ela é dez vezes melhor do que o sombra.

-=-=-=-=-=-=-=-

A FlaM comenta por e-mail que um certo Henrique Goldman, do qual nunca tinha ouvido falar, escreveu uma crônica — supostamente autobiográfica — onde conta que, aos 14 anos, forçava a empregada a transar com ele. Houve reações iradas. Henrique, mentalmente lento como Fogaça, deixou que a publicação escrevesse um notável pedido de desculpas: “Nosso colunista pede desculpas públicas à empregada da família com quem transou, contra a vontade dela, quando tinha 14 anos”. Um cara finíssimo, sem dúvida… Manteve a macheza escrota. Parabéns!

Este Goldman deveria ter utilizado a hipérbole para descaracterizar-se e não ficar na songa-monguice naturalista. Caro Goldman, sabe-se que uma das formas de se descaracterizar um tópico é recorrer à hipérbole, ou seja, intensificá-lo até o inconcebível… Você deveria perseguir todas as empregadas! Deveria ir para a cama com sua mulher sonhando com empregadas, fazer com que a mulher se vestisse de camareira para sentir tesão, tinha que sonhar com bundas de mulheres no alto de escadas, balançando fartas nádegas e peitos enquanto os vidros eram limpos… Aí sim, você tem chance de tornar-se um Hubert Hubert de domésticas. E não iria nos incomodar tanto. Mas teria que escrever assim:

Conquanto seja indispensável registrar alguns pontos pertinentes, a impressão geral que desejo transmitir é de uma porta lateral que abre violentamente numa vida em pleno vôo, deixando entrar uma negra e retumbante golfada de tempo que abafa, com suas chicotadas de vento, o grito da catástrofe solitária.

Faz aí, trouxa!

Upgrade das 16h30: Comentário da FlaM

E o babado do “colunista ficcionista” segue rendendo. Virou petição online.

O cara é uma receita para autores desconhecidos: como sair do anonimato para o estrelato da abjeção! E otário da vez!

-=-=-=-=-=-=-


O criador da Hustler, Larry Flint, continua a fazer das suas. A última é um filme erótico em que Sarah Palin, Hillary Clinton e Condoleezza Rice protagonizarão cenas quentíssimas… Como uma película deste gênero requer muito roteiro e é complicadíssimo de rodar, eles iniciaram as filmagens na semana passada e esperam colocar o DVD à venda bem antes das eleições americanas… Não adianta, a gente faz uma baixaria bem grande — vide o Sr. Henrique Goldman acima — e os americanos logo nos suplantam.

Sarah Palin será vivida por Lisa Ann (36 anos) e Hillary Clinton, mais veterana, por Nina Hartley (49 anos). Não foi divulgado quem fará o papel de Condoleezza Rice. Ao lado, compare umas e outras.

Eu não inventei essa. Juro! Aqui, na Globo.com. E aqui, a notícia mais completa. Um detalhe extremamente tranqüilizador é que a obra não conterá anal scenes. Bom, baixaria por baixaria, não vejo problema algum numa anal scene com condom e muito menos com Condy. Clique no Condy aí ao lado para ver as primeiras fotos dela que aparecem no Google Images. Olha a cara de irritação! Melhor esquecer a tal cena.

Manhã Patrocinada

O despertador de meu celular Nokia me acorda. Levanto a cabeça para conferir a hora no rádio-relógio General Electric sobre o criado-mudo SRD. Levanto-me lentamente pensando se tiro meu pijama Benet ou se vou ao banheiro ainda vestido. Está frio e resolvo mantê-lo. Faço xixi na privada Ideal Standard e vou para cozinha, onde abro o freezer-geladeira da Eletrolux e pego um croissant congelado da Casa do Croissant e uma caixa de leite da Elegê. O croissant é imediatamente redirecionado para o forno de microondas Panasonic e o leite, acompanhado de Zero Cal, vai para um copo SRD. Ainda dormindo, com o piloto automático me levando, pego meu lanchinho e vou à sala onde ligo o amplificador Gradiente, o DVD da Philips para ouvir um CD da EMI Classics com música de Hindemith. Na caixa de correspondência Cristal Acrimet, pego o jornal de literatura Rascunho. Levanto a cabeça e vejo a minha mulher aproximar-se com um roupão da Teka e um iogurte Activia, da Danone, na mão esquerda. Serve-se dele numa colher Pinti. Diz que estamos sem papel (Chamex) para a impressora Epson de nosso computador Dell. Não dou muita importância. Vejo meu saldo no Santander pois tenho que fazer um depósito para a Flávia em sua conta da Caixa Econômica Federal. Faço-o. Volto ao banheiro e escovo os dentes com Oral-B e pasta Close-up. Sento-me na Ideal Standard e livro-me dos vestígios com Neve. Tiro o mau cheiro com Gleid. Uso o sabonete Original para lavar as mãos e o rosto e vou me vestir. Vagarosamente, vou pondo uma cueca da Preston Field, calças da Happy Man, camisa da Riccardi, meias da Lupo e sapatos da Gallarate. Depois, reviso o que tenho que levar para o trabalho. Pego então a calculadora HP e um livro da Companhia das Letras, assim como uma agenda da Globo. Jogo-os na pasta cuja marca procurei procurei procurei e não encontrei. Dou um beijo na minha esposa e desço as escadas pensando em como ela beija bem até encontrar meu carro Ford. Coloco-o para funcionar e reviso se ele tem em seu tanque gasolina Ipiranga. Aliviado, faço os pneus Good-year me levarem ao trabalho. Durante o caminho confiro em meu relógio Technos se não estou atrasado. Chego ao escritório e, enquanto ligo meu computador Dell, vejo se o chá Leão já está na garrafa térmica da Termolar. Como estava, pego um copo plástico da Zanatta e tento me lembrar se pus no porta-malas do carro Ford o tênis Nike, o calção Wilson e a camiseta da Sul Malhas, pois posso precisar disto se sobrar um tempinho para ir à academia do Grêmio Náutico União. Volto para a mesa e começo a telefonar num Siemens para o cliente Trensurb. Enquanto isto, abro a gaveta da mesa Orlandi e pego as contas para pagar. Há uma do Colégio Leonardo da Vinci e uma do Banco Itaú. Com uma caneta Cross assino cheques do Santander e vejo que acabaram os clips da ACC. A ligação é desligada. Volto-me para o monitor da Dell de meu computador e ele mostra meu blog, da WordPress, onde leio esta bobagem comendo um chocolate Alpino da Nestlé, desejando imensamente um café da Segafredo que há no posto AM-PM da Ipiranga aqui ao lado.

Observação final: SRD é uma expressão do jargão veterinário e significa “Sem Raça Definida”.

Aconteceu em Passo Fundo…

Depois do post anterior, eu até tentaria ser mais sério, só que uma notícia de hoje me deixou encantado. Um ladrão roubou um Monza em Passo Fundo. Quando viu, havia uma criança de 5 anos dormindo dentro do carro. O homem ficou louco de ódio contra os pais daquele menino que fora deixado fechado, no carro, à noite. E resolveu ligar para a polícia. A seguir, o diálogo travado entre o ladrão e o policial:

Brigada Militar – Brigada Militar, emergência.

Ladrão – Ô, boa noite, quem fala?

BM – Quem tá falando?

Ladrão – Oi, meu amigo, seguinte, ó. Esse bar aí do lado do Natus, sabe, o Natus na Avenida Brasil? Seguinte, eu vou ser bem sincero pra ti, tá? Eu roubei um carro ali, tá? Agora. E eu peguei o carro e tinha uma criança dentro, cara, e eu não vi, entendeu, não vi. Então o que que eu fiz, eu peguei o carro e botei o carro atrás do Fagundes (o Colégio Estadual Joaquim Fagundes dos Reis, próximo ao local onde o carro foi deixado), tá? Então tu manda uma viatura lá e manda o fodido do pai dele pegar ele e levar pra casa. Uma criança, um piázinho, tá?

BM – Tá ok.

Ladrão – Tá. Valeu.

BM – Onde que tá o carro?

Ladrão – Tá bem na esquina do Enav (a Escola Estadual Nicolau de Araújo Vergueiro, próximo ao local), ali do postinho. Do postinho do Fagundes, entre o Fagundes e o Enav, ali.

BM – Atrás do Fagundes? Tá ok. Que carro é?

Ladrão – É um Monza, tem um piázinho dormindo no banco de trás, tá? E diz pro fodido do pai dele: a próxima vez que eu pegar aquele auto e tiver o piá lá, eu vou matar ele.

BM – Tá ok.

Esse ladrão não é o máximo? Só faltou levar o pai ao Conselho Tutelar.

Carta aberta ao judoca português Pedro Dias

Sabemos, Pedro, que tu tinhas uma questão pendente com o João Derly. E que questão! O povo brasileiro tomou conhecimento anteontem que, no ano passado, enquanto tu fazias compras no centro de São Paulo com a mãe de João Derly, ele se divertia no hotel com tua namorada brasileira. Sim, é um fato triste na vida de qualquer homem. Por este motivo, o fato de o teres vencido e eliminado das Olimpíadas de Pequim te deu um prazer e um gosto todo especial.

Porém, amigo Pedro, ouça o que tenho a te dizer. Essas coisas não se contam publicamente. Todo o Brasil está agora se divertindo com o português trouxa e, depois da informação, tua grande vitória tornou-se apenas uma vingancinha de corno. Tsc, tsc, tsc. Por favor, tenha um pouco mais de dignidade, Pedro. Tu fizeste bem a primeira parte: foste lá e eliminaste o João do torneio que ele mais desejava vencer. Pedro, tu tiraste a medalha do gajo que é bicampeão mundial! Ali, no tatame, realizaste tua vingança. Esta, para ser digna, deveria ser silenciosa e finalizada somente por um leve sorriso. E fim. É assim que se faz. No máximo, deverias ter dito ao João, privadamente:

– A vingança é um prato que se come frio.

Isto seria perfeito. Mas não. Resolveste humilhar publicamente João Derly. Erraste. Todo o país está rindo da esperteza do gaúcho que comia tua namorada enquanto fazia comprinhas com, com… logo com a mãe de teu mau amigo! Posso imaginar a cena.

– Pedro, não querias fazer compras em São Paulo?
– Sim, umas poucas coisinhash de que pr`ciso.
– Olha, minha mãe pode te acompanhar. E… Quanto à X, deixa ela dormindo.
– Ah, Derly, muito t` agr`deço. Mas não extarei atr`apalhando a sinhora tua máe?
– Não, que idéia! Darás um prazer a ela. Ela já adora fazer compras. Imagina então com um cara bonito como tu…

Tudo bem, Pedro, foi uma traição. Mas acho que quando a gente é traído, deve resolver a coisa internamente, não nos jornais. Esta tua declaração…

– Tinha uma questão pendente com ele. Já fomos amigos, mas agora somos só conhecidos. Se é uma questão de saias? Pode dizer-se que sim, mas o assunto ficou hoje tratado.

… foi de total infelicidade. Ficaste tão encantado (e burro) que não apenas reduziste tua grande vitória como tomaste um pau na rodada seguinte e também ficaste fora das Olimpíadas. Enquanto isso, João dizia-se inocente, que era invenção e que gostaria de conversar contigo a respeito. Pedro, ele voltou a ficar em vantagem. Nota zero para ti. Invalidaste tua desforra.

Aprenda a ficar calado e a não aceitar convites para sair com a mãe do amigo, gajo. Só se for para dar uns amassos na véia.

Grande abraço.

De bandana, Pedro Dias esconde seus ornamentos enquanto acaba com Derly.

Diga não

ContraA abominável monstruosidade parida pelo Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) para regular a Internet foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Numa semana de péssimas notícias para a Internet, começou a mobilização para tentar barrar a aprovação em plenário desse projeto substitutivo, que cria a figura do provedor delator, criminaliza o compartilhamento de arquivos e, absurdo dos absurdos, transforma em criminoso todo aquele que obtiver “dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização do legítimo titular”.

Em outras palavras, o Senador Eduardo Azeredo quer criminalizar basicamente tudo o que fazemos na internet: citar, copiar, colar, compartilhar. Não tenho nada a acrescentar ao que vários colegas blogueiros já disseram sobre o assunto. Limito-me, então, a convidar os leitores a que assinem a excelente petição escrita por Sergio Amadeu e André Lemos. O selinho acima foi retirado do blog do Sergio Amadeu (veja que fantástico: se aprovado o projeto de Azeredo, eu estaria cometendo um crime ao circular este selinho).

É uma vergonha para o estado de Minas Gerais ser representado no Senado por Eduardo Azeredo.

P.S.- Post copiado de Idelber Avelar.

P.P.S.- Já chegamos a quase 6000 assinaturas da petição. Assine.

A volta, o Gre-nal e os Filmes de Junho

Só noto o quanto gosto deste espaço quando fico sem ele. Problemas técnicos me deixaram longe do blog desde a última sexta-feira. Oh, sim, ficamos sem o Porque Hoje é Sábado e espero não ser processado por esta falta, apesar das ameaças recebidas. É pior ainda quando a mulher cuja presença nos parece tão natural viaja. O momento de adormecer, então… É desalentador. Ainda bem que as duas faltas não ocorreram ao mesmo tempo, pois quando da viagem da segunda, o primeiro já havia retornado. É um precário vaivém de contrapartidas.

O Grenal foi absolutamente frustrante para nós, colorados. Jogávamos muito melhor, ganhávamos o jogo e já tínhamos chutado duas bolas na trave quando nosso goleiro resolveu cometer uma agressão a um jogador do Grêmio. A partida era leal, não havia rixas ou violência, mas Renan achou que seria adequado, após segurar um cruzamento, chutar Rodrigo Mendes. Pênalti contra nós e expulsão. No final, ainda quase desempatamos. Grandes atuações de Sorondo e Nilmar. De bom, nossa surpreendente atuação. De ruim, a perda de dois pontos para um adversário batido.

Os filmes de junho:

31 – O Labirinto do Fauno – El Laberinto del Fauno – 2006 – Espanha / EUA / México – Guillermo del Toro – 3
30 – Jornada da Alma – Prendimi L`Anima – 2003 – França / Itália – Roberto Faenza – 4
29 – Bella – Bella – 2006 – México / EUA – Alejandro Gomez Monteverde – 3
28 – Control – Control – 2007 – Inglaterra – Anton Corbijn – 4
27 – Longe dela – Away from her – 2006 – Canadá – Sarah Polley – 3
26 – A Outra – The Other Boleyn Girl – 2008 – Grã-Bretanha – Justin Chadwick – 2
25 – Sex and the City – Sex and the City – 2008 – EUA – Michael Patrick King – 3
24 – Bloom – Bloom – 2003 – Irlanda – Sean Walsh – 3
23 – Confiança – Trust – 1990 – EUA / Inglaterra – Hal Hartley – 4
22 – A Vida é um Milagre – Zivot je cudo – 2004 – Bósnia / França – Emir Kusturica – 5

30 horas

As últimas 30 horas do fim de semana foram algo como um carrossel de emoções (como dizia a Bia).

1. Visita a minha mãe na UTI: ela sofre do Mal de Alzheimer ou de algo perto disso; foi fazer uns exames e, fraca, acabou na UTI. Sedada, deitada e intubada (*), era uma visão deprimente.

2. Inter 2 x 1 Botafogo: meu filho queria porque queria ir ao jogo. Não sei se queria mesmo ou se sua intenção era a de me afastar do trabalho e do hospital. Ganhamos o jogo. Surpreendentemente, a estréia do Tite foi boa.

3. Esplêndido convite: liga a Astrid, mulher do meu amigo Augusto, perguntando se temos programa para o sábado à noite. Não tínhamos. Então, ela perguntou quantos nós éramos, pediu que arrumássemos a mesa com pratos fundos, colher, garfo e faca, além de copos para água e vinho. Precisaríamos produzir uma sobremesa para esperá-los? Que vinho escolheríamos? Não, nada disso, ela e o Augusto trariam absolutamente tudo, da comida à sobremesa, passando pelo vinho. Noite inesquecível, companhia e música perfeitas. Só o meu cansaço destoava.

4. UTI: nova visita a minha mãe no domingo pela manhã. A mesma coisa. Inconsciente como quase sempre está.

5. Longe dela: talvez pelo contexto, quis ver o filme em que Julie Christie faz uma personagem que sofre de Alzheimer. Um filme muito bom que, se não nos dá a extensão do trabalho e do horror, dá o tamanho psicológico da perda.

6. Control: em seguida, mais um filme. Putz, e era mais deprimente ainda. Trata da curta vida de Ian Curtis, vocalista da banda Joy Division. A atuação dos atores é digna dos mais rasgados elogios. Notável.

7. Dunga: fico sabendo da derrota brasileira e penso na crônica que escreverei para o Impedimento. Explicarei meus motivos para comemorar este tipo de resultado.

(*) ENTUBAR – Entubar ou Intubar?
Entós (grego)= posição interior. Documenta-se em vocábulos introduzidos na linguagem científica a partir do século XIX.
Intus (latim)= para dentro.
Como tubo(cânula endotraqueal) vem do latim tubus, a palavra correta é intubar.

Retirado do Dicionário das Agressões Médicas à Língua Portuguesa.

Hoje, cinco anos de blog

Acompanhar blogs é uma coisa estranha. Quando caminho distraído pela rua, quando divago esperando o sono chegar ou quando dirijo meu carro, carrego comigo fatias das histórias e dos textos de muitos blogueiros. Alguns são confessionais e a gente vai pouco a pouco montando as histórias de seus donos. Outros se pretendem não confessionais, mas só nos dão um pouco mais de trabalho. Não sei quantas amizades fiz através do blog; garanto que foram muitas mais do que faria desconectado e, se foram 7 ou 700, é o que menos interessa. O que importa é que conheci muitas pessoas afins e quem tem afinidade conosco é sempre alguém maravilhoso, não? Peraí, esta frase foi um indisfarçado autoelogio, então deixem-me reformular dizendo que é sempre maravilhoso encontrar alguém que guarde afinidade conosco, alguém que tenha a potencialidade de conversar de chinelos conosco, sentado em nossa cozinha com tudo por lavar. Mas ainda não está bom; talvez fosse melhor dizer que o maravilhoso do blog é conhecer pessoas que abordam a vida de forma semelhante à nossa e sentir que podemos admirá-las. Há em todas estas tentativas de frase um forte componente narcisista, mas estamos livres disto em nossa grande reunião? E… onde estaríamos 100% livres de nosso narcisismo se até na forma com que passamos a faca na manteiga há paixão, estilo e, portanto, narcisismo?

Bem, perdi o foco. Queria dizer que blogar não me dá grande trabalho, pois escrevo meus textos mentalmente a qualquer momento e depois é só transcrevê-los no teclado. Não, nenhum sofrimento, nenhuma dor pré-parto, nada. Estou adestrado. Chego no computador com a estrutura, o plot e algumas expressões prontas. Minha mulher acha que passo horas preparando o que publico, mas é um equívoco. O que ela não desconfia é que metade da minha mente está atenta à vida cotidiana, metade está escrevendo para o blog ou para mim mesmo e metade está tocando música. É um tumulto como a cabeça de qualquer um.

Mas voltemos ao assunto do título. Hoje, completo 5 anos de blog. Mesmo com pouco tempo disponível, não pretendo parar. Começou despretensiosamente e, quando soube da visitação, virou quase trabalho. Se comparada a de alguns colegas, nunca tive grande popularidade, mas tenho números suficientes para me deixar ligado. Aqui, em meu mural, falo em público sem ficar nervoso, viro tarado aos sábados, resenho livros, crio minha pobre ficção, provoco, me coleciono, faço e aconteço. Não sou tímido, mas aqui sou ainda menos. Perfeito! Mas gosto tanto de escrever quanto de acompanhar as fatias de vida e arte que nos são expostas pelos outros blogueiros e fazer minhas montagens. É um enorme quebra-cabeças espalhado pelo chão.

Puro fingimento

Acho que tive febre hoje, estou gripadíssimo. Todos os anos tomo aquela vacina contra a gripe; sempre me dizem que nos primeiros dias podemos arranjar uma, depois é difícil. Nunca tinha me acontecido. Vacinei-me sábado e hoje estou uma ameba. Neste momento, por exemplo, finjo escrever este post. Sob esta janela do Windows em que lhes escrevo, há uma tese de uma amiga – de PHD, rapaz, te mete! – que estou fingindo corrigir. Faço isto por puro prazer (ela escreve muito bem, não há correções a fazer, só frases que talvez pudessem ser mais bonitas e que são reformadas, ou não, durante divertidos telefonemas); em outra janela, há um extrato bancário meio apavorante; ainda em outra há um trabalho que devo finalizar a fim de tornar melhor a janela citada anteriormente e há também o Outlook Express com várias mensagens a responder. Tudo meio parado, pois há uma beterraba operando o micro.

Fora do micro, outras janelas me acenam. Tenho que resolver algumas coisinhas chatas que empurro de um dia para o outro – esta é uma janela que está há dias minimizada. Permanecerá assim. Tenho que pegar um filme que mandei duplicar para um amigo de Recife. Faço amanhã sem falta. O OPS me pede atitude e meus filhos dizem-me mudamente que deveria dar-lhes atenção de maior qualidade. Ou não, não sei bem. São adolescentes, sabe? Que paranóia, dou-lhes sempre enorme atenção…

Ademais, devo estar vendo coisas. Não me parece real este chapéu visto no blog da Leila. Vocês também o vêem? Parece-lhes normal? Dizem que ela foi assim na estréia de Sex and the City, o filme, mas não pode ser verdade. Preciso de algo que baixe minha febre, devo estar convulsionando.

Sarah Jessica Parker

Fernando Arralbal e Gerald Thomas têm chiliques em Porto Alegre

Parece que os fatos foram os seguintes. Num jantar, na noite anterior ao evento, os diretores teatrais Fernando Arrabal (espanhol nascido do Marrocos) e Gerald Thomas (nowhere man, segundo ele), estavam conversando alegremente. Então Arrabal citou alguns ditadores – Hitler, Stálin, Salazar, Pinochet, etc. – em meio a uma fala. Em resposta, Thomas perguntou-lhe porque não incluíra Franco em sua lista.

Pronto! Arrabal quis saber aos berros se Thomas pensava que ele tivesse apoiado Franco, Thomas chamou-o de anão descontrolado e por aí afora… Mais briga, depois: qual dos dois teria privado mais da companhia de Samuel Beckett. Era importante para ambos não somente apresentarem a grife Beckett, mas também demonstrarem tê-la maior e mais íntima. Gozado isso. Beckett morreu em 1989, sendo um dos fundadores do Teatro do Absurdo… Do absurdo, não da burrice.

A partir deste fato, os organizadores do Fronteiras do Pensamento fizeram de tudo para que as duas estrelas não se encontrassem. Só que havia um problema, estava programado um debate! Que não houve, claro. Houve duas palestras separadas: a do simpático e sedutor Arrabal foi um sucesso de público, mas fontes mais confiáveis dizem que o espanhol apenas empreendeu uma série de piadas razoavelmente inteligentes, retirando-se aplaudidíssimo; a de Gerald foi um fracasso, pois nosso amigo não soube ser simpático. Ficou 20 minutos no palco: disse que estava preparado para um debate, não para uma palestra, continuou dizendo que não era palestrante de profissão e começou a falar que era favorável ao fim do estado de Israel e que não acreditava mais no teatro. Aliás, este seria um ponto interessante pois Gerald é cético sobre o futuro do teatro e Arrabal acredita num renascimento. Mostrou também uma foto sua com Beckett… Depois, retirou-se abruptamente, provavelmente indignado pelo cotejo entre a capacidade de improvisação do espanhol e sua própria incompetência. Vaias e aplausos.

Um absurdo, não? As pessoas que pagaram para tal bobagem estão indignadas, claro.

Não creio que eles não pudessem entrar num acordo e conversar, expondo suas diferenças. São adultos, experientes e articulados. Mas acho que ambos, separadamente, concluíram que valeria mais a pena brigar e ganhar manchetes e posts. Porém, aqui em meu post, gostaria de fazer coro ao psiquiatra Mário Corso e declarar que ambos, ao escolherem os chiliques em lugar do debate, deviam ter pouco ou nada a dizer.

Bagdá

Pessoal, depois do vendaval, ficamos sem água e luz em casa (escrevo numa lan house).

A Zona Sul de Porto Alegre está assim há quase 22 horas.

O celular não pega – a antena deve estar desligada.

O telefone – só temos sem fio e sem luz não funciona.

Estamos incomunicáveis.

Merda.

Mas tomamos banho na casa da sogra.

(Talvez na próximas horas peçamos alimentos não perecíveis, sabe-se lá. Estejam atentos e não nos deixem sós.)

Um Corpinho que Cai

Para meus filhos, sobre o caso da menina Isabella Nardoni.

Meus filhos, o caso da Isabella Nardoni não é para piadas, mas não resisto a uma. Por isso, o título esdrúxulo acompanhado da foto. Mórbido, não? Quero explicar-lhes o que houve naquela noite em São Paulo. Ora, é óbvio que vocês já notaram que às vezes me descontrolo, ficando muito irritado com vocês. Eu já berrei e tive vontade de matá-los por tênis embarrados deixados no meio da sala, por algum esquecimento tolo ou por motivos maiores. Eu juro que, em alguns desses irrefletidos momentos, senti tanto ódio que quis acabar com vocês.

O que diferencia a loucura da normalidade é que as pessoas ditas normais sentem a raiva crescer como um oceano de sangue quente que sobe direto à cabeça e… ou não fazem nada ou apenas gritam feito loucos ou saem da sala batendo a porta. Vocês sabem, já fiz vários escândalos desse tipo. Mas os loucos deixam que o ódio absoluto seja transformado em atos de agressão física. Houve um sujeito chamado Sigmund Freud que ensinou que civilização é um monte de coisas, mas também é repressão. A gente é educado desde pequeno a não sair matando gente por aí só porque nos bateu uma raiva incontrolável. Incontrolável uma merda. A gente sente a raiva, dá um soco na mesa, a mão dói e a gente trata de tentar conversar. É assim que acontece.

Quando te perguntei, Bárbara, se alguma vez tiveste vontade de me matar, tu respondeste que nunca, porém depois pensaste melhor e respondeste que só umas duas vezes… Viste? É normal. Nós nos amamos, mas já tivemos momentos de irreflexão em que achamos que o mundo seria melhor se um de nós não existisse. É normal. O que não é normal são pais que se deixam tomar pela violência irrefletida por longo tempo.

Quando, por exemplo, critico vocês com argumentos e palavras razoáveis, a Claudia normalmente me apóia, mas nas raras vezes que rugi feito um louco, ela sempre me criticou acerbamente e mandou-me parar. Mandou mesmo! E eu obedeci. Noto agora que sempre tive meus ataques na frente dela, talvez porque inconscientemente soubesse que não haveria apoio. Ou seja, os pais controlam um ao outro.

O que é loucura é que ambos se voltem contra uma criança a fim de assassiná-la. O que não é normal é que um tenha tido o descontrole de bater na cabeça de uma menina sem oposição do outro. Mais incrível é que o outro, em vez de protegê-la, ainda a tenha estrangulado. E o mais inacreditável é que eles tenham combinado atirá-la pela janela. Vocês não imaginam o quanto sempre estiveram longe de um ato desses.

O que faz com que esta notícia vire assunto nacional é a conjugação de vários fatos: a criança era branca, paulista e de classe média. Isto é, o crime foi cometido por gente como nós, gente que já sentiu vontade de, eventualmente, atacar suas crianças em momentos de descontrole. Ou seja, a sociedade branca do maior estado brasileiro, está fazendo um tratamento psiquiátrico coletivo. O resto país aproveita e se trata também. Todos estão condenando o próprio ódio e descontrole, que sabem eventualmente possuir, como coisas realmente hediondas. Têm razão nisso. O casal Nardoni entrou como uma luva num medo que é de todos. Quando eu abri o quarto do Bernardo numa manhã dessas e vi que ele não tinha chegado – ele me prometera chegar a determinada hora da madrugada -, quando vi que ele não atendia o telefone, disse para minha mulher que ia matá-lo…, mas só fui capaz de umas ácidas ironias quando ele chegou em casa. Ainda bem. Ele notou que tinha sido grave e passou a me avisar. Mas é contra aquele demônio que deseja matar que estamos fazendo a catarse coletiva que envolve o casal Nardoni.

Afinal, o público consumidor de notícias é branco, de classe média e, volta e meia, sente ímpetos de esganar seus filhos. Se Isabela fosse de uma família pobre e favelada, tendo sido atirada num barranco qualquer por um pai criminoso, não receberia grande atenção dos jornais e televisões. Por quê? Ora, porque os pobres não consomem jornais e haveria dificuldade de identificação por parte dos leitores. Mas um casal que mora bem, que possui carro e é branco e paulista? Nossa! Isso somos nós e por este motivo é tão impactante.

Meus filhos, vocês riram muito quando anunciei o título deste post e é claro que ele está aí para chamar a atenção de quem passar. Saibam que, de qualquer modo, para fazer seus corpinhos caírem de forma eficiente me daria muito trabalho. Teria que subir até o terraço. Não é fácil a vida de quem mora no primeiro andar…

Prelúdio para a Fuga do Carnaval

Como não vivo em Recife ou Salvador, para mim o Carnaval significa apenas barulho, gente bêbada e falta de serviços. Desta vez, fugiremos para bem longe. Dizem que estaremos a 40 km de qualquer asfalto, mas que o celular funciona. Também não há nenhuma cidade por perto, então nos submeteremos às quatro refeições diárias previstas pelo hotel: café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Estava precisando mesmo. Não terá nem televisão no quarto, uma beleza.

Posso me imaginar descendo do carro, olhando os cavalos, cumprimentando quem estiver na minha frente e perguntando onde ficaremos. Depois de tudo arrumado, olho para os livros, fantasio a mulata globeleza dançando na minha frente e o locutor anunciando:

– Olha o Tchékhov chegando aí, geeeeente!

Então abrirei o livro e me deitarei para ler. Passada meia hora, eu, que sofro de baixa tolerância à ausência de música, pegarei o mp3 ou o computador, farei a globeleza retornar e ouvirei a voz novamente:

– Olha o Bach chegando aí, geeeeente!

Estou esquentando os tamborins para a festa. Louco para chegar logo lá. Dizem que haverá cavalos para as amazonas da família, piscina para todos e que teremos cinco dias daquela vida besta para a qual tenho pecular talento.

(Não esqueça do Autan e de levar as piores calças compridas, Milton. Dizem que pode haver cavalgadas… Ops!)

– Olha a cavalgada noturna chegando aí, geeeeente!

Pois a cavalgada noturna não dá para perder. Afinal, dizem que lá não há sol à noite.

P.S.- Há pessoas, como meu amigo Leônidas, que tiveram outra idéia da expressão “cavalgada noturna”. Espero satisfazer ambas as interpretações.