Campeão com 8 jogadores da base em campo: meritocracia, afinal | Foto: Alexandre Lops
Aguirre, sou sócio do Inter desde os anos 70. Pago uma migalha do orçamento do clube, uma migalha de teu salário. Assim, como torcedor, tenho o mais pleno direito para criticar a ti e ao time, mas nunca embarquei nessa de pedir tua saída. Sempre identifiquei sentido e inteligência no que tu fazias, mesmo errando eventualmente. Porém, esqueça, é demais esperar um mea culpa daquela parte da imprensa que vinha todo dia encher o saco, pedindo tua demissão. Será que agora eles pedirão a demissão de quem perdeu para ti? Olha, espero que não, deixa como está.
Ontem, entramos em campo com oito jogadores saídos da base, não obstante o fato da direção ter contratado sete jogadores no início do ano. Mais fácil listar os que não nasceram nas divisões inferiores do clube: Ernando, Aránguiz e D`Alessandro. Acabou aquela coisa injusta do Abel, que escalava sempre os mais experientes a fim de “manter o grupo na mão”. Tu escalas mais de 22 jogadores a cada dois jogos e, na final, escalaste quem estava melhor. Correto.
Historicamente, agora são 406 Gre-Nais, com 153 vitórias do Inter, 127 empates e 126 vitórias do Grêmio. Os empates são os verdadeiros rivais do Grêmio. Em Campeonatos Gaúchos são 44 a 36. A vantagem é imensa. O Grêmio não ganha um Gauchão desde 2010. O último título “de verdade” do tricolor a Copa do Brasil de 2001, de 17 de junho de 2001. O Inter ganhou mais regionais nos últimos 5 anos que o Grêmio nos últimos 15. Mas a crise sempre persegue o Inter, vá entender a imprensa chefiada por David Coimbra.
O Gre-Nal de ontem começou fácil. O Grêmio vinha e nós contra-atacávamos. Com volantes pesados — grandes sucessos no século XX –, o Grêmio não conseguia evitar que nossos atacantes dessem logo de cara com os desprotegidos zagueiros gremistas. E nós passávamos por eles em velocidade. Fizemos 2 x 0 rapidamente, mas poderíamos-deveríamos ter feito mais. O gol do Grêmio, ao final do primeiro tempo, deu aquele cagaço típico do clássico; afinal, o empate em dois gols, daria o campeonato ao Grêmio. Só que o Grêmio não construiu NENHUMA CHANCE DE GOL em todo o segundo tempo, que foi um saco. As únicas oportunidades criadas eram as bolas alçadas na área e ponto final. O futebol do Grêmio parece a dos times ingleses de trinta anos atrás. É um time duro de vencer, mas que, para ganhar, depende apenas da bola aérea.
O Gre-Nal foi bonito. A torcida mista é uma grande sacada. Todos saem do estádio juntos, azuis e vermelhos. Apenas o espaço exclusivamente gremista, tomado por organizadas, tem comportamento violento. Ontem, quebraram 166 cadeiras e as mandaram pelos ares. São uns bobos. O Inter também tem os seus e todos têm de ser identificados e impedidos de ir aos estádios.
Este ano, Artime completará 77 anos. Dizem que este centroavante argentino, famoso nas décadas de 60 e, principalmente, no início dos anos 70, fez mais de mil gols em sua carreira. Talvez este cálculo não seja lá muito verdadeiro, pois ele marcou por volta de 400 em jogos oficiais e os outros 600 seriam em jogos amistosos… Sei lá. Mas não interessa. Seu currículo de títulos e gols importantes já deixaria a esmagadora maioria dos outros artilheiros invejosos: em 25 partidas pela seleção argentina marcou 24 gols, foi 4 vezes goleador do Campeonato Argentino, 3 vezes do Uruguaio, 1 vez da Copa América, 1 vez da Libertadores e, no Mundial de 1971, fez os três gols do Nacional de Montevideo nas duas partidas contra o Panathinaikos (empate em 1 x 1 na Grécia e vitória por 2 x 1 no Uruguai). Também é importante saber que ele atuou 16 vezes em clássicos contra o Peñarol, tendo vencido 10 jogos e empatado 6. Em 12 destas partidas deixou sua marca. Ah, e ainda é o oitavo maior goleador da Libertadores em todos os tempos.
Apresentado Artime, seguimos nossa história dizendo que ele foi do River Plate e do Independiente antes de chegar ao Palmeiras em 1968, conforme a foto abaixo.
Esta manchete do Diário Popular de 27 de maio de 1968 contém verdades e mentiras. Sim, o nome do sujeito é Artime, apesar daquele equivocado o “z” em seu Luis; ele efetivamente marcara 48 gols em seus últimos 57 jogos pelo Independiente; porém ele não nasceu em Mendoza e, muito mais importante, apareceu aliviado de 3 anos em São Paulo. Em vez de ter nascido em 02/12/1938, rejuvenescera para 25/11/1941, ou seja, em vez de estar beirando os 30, ele chegou ao alvi-verde com 26 anos. Normalíssimo para a época (lembro que Mário Sérgio fez 31 anos umas quatro ou cinco vezes…). A estreia – contra seu ex-clube – foi um sucesso, Artime já saiu de cara guardando dois:
No Palmeiras, Artime seguiu marcando gols em profusão, tornou-se um grande ídolo, mas ficou apenas alguns meses, pois o Nacional de Montevidéu fez algo impossível nos dias de hoje. Foi a São Paulo com uma mala cheia de dólares e comprou a peso de ouro o grande atacante. Valeu a pena.
Em três anos, ele marcou 155 gols pelo Nacional. É o maior goleador do clube nos últimos 40 anos. Foi artilheiro do Campeonato Uruguaio de 1969, com 24 gols, de 70, com 21, e de 71, com 16. Foi tricampeão do país, campeão da Libertadores da América de 1971 em três sensacionais jogos contra o Estudiantes – o jogo de desempate foi em Lima e Artime, bem, vocês já imaginam: ele deixou o seu (Espárrago, outro craque de bola, fez o outro). E, como já disse, ainda foi Campeão Interclubes contra o Panathinaikos…
Agora, que vocês já conhecem os números do cara, preciso explicar que ele não era muito alto, mas era o mais mortal dos cabeceadores; não era também muito hábil, mas se um saco de arroz passasse na sua frente acabaria dentro do gol; o que tinha de especial era uma arrancada realmente estúpida. Vi-o jogar uma vez contra o Grêmio em 1968, só que não lembro do resultado.
Quando Artime deixou o Nacional, foi jogar no Fluminense, que estava montando um supertime. Gérson descreveu o novo esquema de jogo com singeleza:
— Eu recebo a bola do Denílson, lanço o Lula e corro para abraçar o Artime.
Simples, não? O único problema é que argentino chegou muito velho ao tricolor das Laranjeiras e não repetiu os sucessos anteriores. Quando chegou ao Rio, João Saldanha foi entrevistá-lo num programa de rádio e, conversa vai, conversa vem, Artime deixou João embasbacado com uma declaração:
— Quase a metade de meus gols acontecem porque erro a conclusão.
João pensou que Artime fosse meio louco, mas ouviu a explicação:
— Por exemplo, eu tenho um método para cabecear: se o cruzamento vem da esquerda, eu enquadro o corpo de tal forma que meu ombro direito aponte para o poste esquerdo da goleira. Então, escolho um canto, mas como acho fundamental que minha testa bata em cheio na bola, com força, raramente acerto o canto escolhido. (O principal é cabecear forte, por supuesto). Só que como estou com o corpo bem enquadrado, mesmo que erre um pouco a bola acaba indo com força no gol e os goleiros não conseguem pegar.
— E os gols com o pé?
— São mais ou menos a mesma coisa. No entrevero da grande área, eu tento ser rápido e chutar forte, mas nem sempre consigo olhar para onde. Muitas vezes pego mal na bola, mas ela entra assim mesmo. É até melhor quando erro um pouquinho, porque acabo enganando os goleiros…
— E os toques na saída do goleiro?
— Como sou veloz, tento chegar logo na bola e não dou tempo para eles saírem. Então, dou uma bomba sem olhar, na direção do gol. Eles não têm tempo para reagir.
Por uma questão de gentileza, o gaúcho João Saldanha — que possuía orientação política soviética e no futebol era radicalmente carioca — não chamou o argentino de grosso, mas fez a tola pergunta-padrão:
— Você acha que vai se adaptar a um futebol requintado como o do novo Fluminense?
Sim, o brilhante João Sem Medo deve ter ficado perturbado com as respostas de Artime para fazer uma pergunta tola como essa.
O que achaste da agressão aos professores ontem em Curitiba? Sei, a educação uruguaia é de melhor qualidade. Lá os professores também apanham? Não creio. O governador Beto Richa é um certamente um canalha, mas vamos em frente, temos um feriadão e um Gre-Nal pela frente.
Não dou grande importância ao Picanhão — falo mal do regional até quando ganhamos –, só acho que um jogo contra o Grêmio é um belo teste para quem vai disputar dois jogos eliminatórios pelas oitavas da Libertadores contra o Atlético-MG, o mais recente Rei do mata-mata no Brasil.
Nenhuma voz dissonante sai do Beira-Rio, porém o Grêmio tem dado aquele incentivo extra a nossos jogadores. Estão querendo estabelecer uma richa (aqui não falo do governador Beto Hitler) entre Felipe Bastos e D`Alessandro… Que bobagem. Depois veio um diretor chamado César Pacheco e disse que não conhecia o Alex… Outra besteira desnecessária, coisa antiga. Depois eu é que sou velho, Aguirre.
Na lista de bobagens, podemos incluir a demora do Píffero na renovação de Alex. E também a forma como entraste em campo no último Gre-Nal. Vamos falar sério, Aguirre, sei que a educação no Uruguai é melhor, mas tu foste burro demais no último domingo. Dois volantes com o Aránguiz mais à frente? Olha, eu não sei treinar um time, dar dinâmica a ela, sou um idiota completo, mas sei que como um time deve se dispor em campo. Vejo futebol há mais de 40 anos e aprendi alguma coisa. Sei que o Aránguiz rende como volante e renderá mais ainda se tiver um lateral que cubra suas subidas, como faz a seleção chilena.
Outra coisa abelística é a insistência em deixar o Valdívia na reserva. O cara está vivendo um momento mágico e tu o pões para dormir? Francamente. E ainda: por que colocar o Anderson se temos disponível o Alex cheio de gana para renovar seu contrato?
Mas vamos ganhar este Gre-Nal para depois embicar na pista de decolagem da Libertadores. Posso ser otimista, Aguirre?
O Inter perdeu a grande chance que lhe foi dada pelo árbitro Anderson Daronco. Este distribuiu tantos cartões bobos que foi obrigado a expulsar Geromel quando este fez, finalmente, uma falta merecedora de cartão. Depois o Grêmio recuou, mas o Inter não se fartou de perder gols, perdeu uns aqui e ali, não houve grande pressão. E, pqp, foi uma partida ruim, bem chata de se ver. O Douglas Ceconello matou a questão: “Gre-Nal, se não fosses tão feio, não serias eterno”.
O resultado do jogo foi o reflexo exato daquilo que se passou dentro do campo. Não me digam dos gols perdidos pelo Inter. Por exemplo, soltando aquele traque, como fez no segundo tempo, Sasha jamais fará gol em Grohe. Ninguém pode sequer querer reclamar grande injustiça de placar ou arbitragem. Daronco foi ruim para os dois lados. Como tem ocorrido, foi mais um Gre-Nal entre dois times com mais receio de perder do que desejo de ganhar. Houve poucas oportunidades de gol ou jogadas de perigo e, portanto, o marcador foi a consequência lógica desta postura medrosa. O resultado foi ótimo para o Grêmio e há precedentes. Em 2006, exatamente desta forma, o Grêmio foi campeão no Beira-Rio pelo saldo qualificado após um empate em zero no Olímpico.
Os garotos Rodrigo Dourado e Valdívia voltaram a ser os destaques do Inter — Valdívia tem que iniciar os jogos, certo Aguirre? Também recém vindos dos juniores, William, Alisson e Geferson foram bem. A exceção foi Sasha, que decaiu muito. O milionário restante do time foi apenas irregular…
Para piorar, enquanto víamos o jogo, eu e Elena perdíamos de conversar com o Henrique Bente, que fora ver a coisa lá em casa. Minutos depois de sair lá de casa, o Henrique escreveu o que segue em seu perfil do Facebook:
Primeiro Gre-Nal a que assisto depois de desligar-me do Grêmio em função do Caso Aranha.
Claro que não vestiria nem a camiseta de um, tampouco a do outro, então em solidariedade aos anfitriões vesti as cores tchecas e ingressei nos domínios do Imperador Vassily, o Magnífico, para torcer pelas fraturas.
Assistir a uma partida de futebol tão desgraçada na casa de uma musicista e de um melômano foi interessante, não tanto pelos vinte e dois caboclos que insistiam em desonrar o ludopédio, mas pela experiência de escutar, em vez da voz de boleiros, boa música: César Franck, Franz Schubert e Johann Sebastian Bach fizeram suas contribuições, mas foi a Sinfonia Italiana de Felix Mendelssohn-Bartholdy a que melhor se saiu junto com a coreografia sovaquenta daqueles inimigos da bola.
Assistir ao Braian Rodriguez passar lotado pela bola ao som da abertura de Sonho de uma Noite de Verão foi talvez um pouco demais para meu telencéfalo, de modo que meus atentos anfitriões não tardaram a desinfetar meus sentidos com um potente absinto. Depois de dois goles da Fada Verde, tudo melhorou.
Espero repetir a experiência com melhor futebol. Por ora, muito obrigado, Milton e Elena!
Tem razão o Henrique, o absinto tornou o final da partida agradável. Os erros de passes tornaram-se lógicos, os rostos duros de ruindade tornaram-se engraçados, o problema é que no Beira-Rio, no próximo domingo, ninguém vai deixar eu levar a garrafa milagrosa.
Já que teremos um Gre-Nal domingo, lembremos de um célebre clássico de outros tempos…
Olha, o jogo foi uma porcaria. Mas a briga… Deixa eu contar para vocês. Era na tarde de dia 20 de abril de 1969. Eu tinha 11 anos e aquele já seria meu quarto jogo no Beira-Rio, pois tinha visto Inter 2 x 1 Benfica (inauguração do estádio em 6 de abril), Brasil 2 x 1 Peru (inauguração dos refletores em 7 de abril) e Inter 4 x 0 Peñarol, todos jogos do Festival de Inauguração do novo estádio. É importante é começar dizendo que AQUELE ERA OUTRO MUNDO.
Imaginem o seguinte. Sempre que Grêmio ou Inter construíam um estádio, o crescimento do patrimônio vinha acompanhado da GLÓRIA. Não sei o motivo, mas o time de maior estádio vencia mais. O Grêmio era grande nos anos 20 com a Baixada. A partir dos anos 30, com a construção dos Eucaliptos, formamos o Rolo Compressor que quase fez o Grêmio – sim, vá estudar! – fechar. Então veio o Olímpico em 1954 e, poucos anos depois, o Grêmio passou a ganhar tudo. Em 1969, amargávamos o seguinte retrospecto: dos últimos 13 Campeonatos Gaúchos, eles tinham ganhado 12.
Ou seja, havia a certeza de que o estádio era um fator fundamental. Hoje sabemos que a mística do estádio voltaria a funcionar a pleno naquele 1969 e nos anos 70. Então, enquanto todo o esforço do Grêmio era para que o Inter não conseguisse o crescimento aguardado, nós tínhamos certeza que, com o Beira-Rio, já éramos os melhores. Para piorar, o Inter, em 1954, fora inaugurar o Olímpico. E como inaugurou! Paradoxalmente, fizemos 6 x 2 e meu pai contava e recontava dando gargalhadas um dos gols que Larry marcara em tabela com Bodinho. Porém, para piorar ainda mais, o goleiro que levara os seis gols em 1954 era o técnico do Grêmio em 1969, Sérgio Moacir Torres Nunes, aquele mesmo que quisera retirar seu time de campo a fim de evitar um fiasco na inauguração de 1954. Não deu certo. Sentiram as possibilidades de violência? Pois é.
Mas há mais: o futebol naquela época era infinitamente mais violento do que o atual. Ah, duvidam? Então vejam, por exemplo, a carnificina que foi aquele Grêmio x Peñarol que tornou o tricolor campeão da Libertadores pela primeira vez. E já eram os anos 80. E era tudo normal. Um jogador era quase assassinado, o juiz marcava a falta e o jogo seguia.
Mas tem ainda mais: dias antes, houve uma briga entre as duas diretorias. O Grêmio disse que ia ao jogo — que era “amistoso” — sob protesto e a diretoria do Inter respondeu:
Montagem: Globoesporte
Pois então fomos para o estádio. Dia chuvoso, horrível, estádio hiperlotado como não se faz mais. A torcida do Grêmio ocupava metade da geral e da arquibancada. É claro que não lembro de nada que não seja a briga. Tinha 11 anos. Aquilo foi demais! O jogo foi truncado e cheio de faltas; só sei que Hélio Pires — um rápido ponta-direita e centroavante que o Grêmio buscara no Novo Hamburgo –, já tinha sido expulso. Menos um para a briga final.
Montagem: Globoesporte
Então, aos 37 do segundo tempo, a bola foi mansamente em direção a Alberto, grande goleiro do Grêmio. Espinosa – ele mesmo – foi à trote proteger seu goleiro e Urruzmendi, um uruguaio ruim pra burro, correu em direção a Alberto como se fosse tirar-lhe a bola sabe-se lá como, talvez atentando contra a vida do calmo arqueiro, pois ela estava em suas mãos. Espinosa, que na época usava cabelos muito compridos e um bigode que envergonharia Olívio Dutra, fez a proteção. Foi bem na minha frente. Dizer que Urruzmendi atropelou Espinosa é uma redução. Se minha memória funciona um pouquinho, o uruguaio não apenas não travou a corrida como estranhamente ergueu os dois cotovelos, atingindo a cabeça de Espinosa por trás. O futuro técnico campeão do mundo pelo Grêmio decolou, mais ou menos como a Maurren Maggi é capaz, sem auxílio de nenhum homem. Claro, eu achei bacana. Afinal, os gremistas estavam lá ou para perder ou para apanhar, e já que não perdiam… Era o espírito da época! A reação veio com Tupãzinho, um excelente atacante comprado ao Palmeiras. Ele conjeturou se aquilo não ultrapassaria o aceitável e concluiu que Urruzmendi já vivera o suficiente.
Alcindo contou, anos depois, com uma ponta de saudade: “Olha, numa confusão daquelas, você não bate nem apanha. Você não sabe em quem está dando, de quem vem o soco… Você está sempre cego, ameaça, empurra…”.
Bom, o que veio a seguir… Só por fotos e por dois antológicos filminhos. Foi a mais bela batalha campal que vi. Acho que as guerras no passado deviam ser daquele jeito. Talvez algumas guerras napoleônicas tenham terminado no corpo a corpo, quando não havia mais pólvora. Lindo aquilo. Eu pulava de alegria. Todos pulavam de alegria. Estávamos no Coliseu. O juiz expulsou TODOS os jogadores, exceto Dorinho (Inter) e Alberto (Grêmio). No dia seguinte, torcedores de ambos os times chamavam os dois de bichas. Tinham que brigar, pô!
As fotos e os filmes são sublimes, vejam abaixo:
Candidamente — notem o sorriso –, Sadi observa seu pé procurar a cabeça (ou o pescoço) de Alcindo no chão.Gainete sentado com Alcindo no colo. Parece que o Bugre está tomando uns tapinhas na bunda. Baixaria.Dorinho não foi expulso, mas o que faz no meio da confusão, com a camisa dez colorada? Foge? Não me parece.Flagrante do tranquilo Alberto aconselhando a Urruzmendi e Alcindo: “Muita calma nessa hora”… Vejam o detalhe da mão do goleiro, pedindo paz.
Um raro filminho. Espetacular voadora de Gainete. Uma coisa é dar a voadora, outra é planejar onde cair…
Acima, um mais completinho…
A refrega ocorreu aos 37 do segundo tempo e, serenados os ânimos (sic), o Inter queria seguir jogando… No dia seguinte, TODOS os gremistas diziam que seus pupilos tinham batido a valer nos colorados e TODOS nós dizíamos o mesmo em sentido contrário. Céus, que idiotice! Passamos anos falando e discutindo e brigando sobre aquele jogo.
Ficha técnica da arruaça:
Internacional 0 x 0 Grêmio
Data: 20/04/1969
Local: Estádio Beira-Rio
Arbitragem: Orion Satter de Mello Internacional: Carlos Gainete Filho; Laurício, Pontes (este era Bibiano, irmão da célebre dupla de zaga João e Daison Pontes, representantes máximos da ultra-violência no interior gaúcho), Valmir Louruz e Sadi Schwertz; Tovar e Dorinho; Valdomiro Vaz Franco, Bráulio, Sérgio e Gilson Porto (Urruzmendi).
Grêmio: Alberto; Valdir Espinosa, Ari Ercílio, Áureo e Everaldo Marques da Silva; Jadir e Sérgio Lopes (Cléo); Hélio Pires, João Severiano, Alcindo Marta de Freitas e Volmir (Tupãzinho).
Observações finais:
1) Saldo: nenhum morto.
2) Em negrito estão as figuras mais famosas das tropas.
Na noite em que a Câmara dos Deputados fez uso de nossos ânus, fazendo o trabalho para o qual foram pagos pelos empresários que investiram em suas campanhas, o Inter quase protagonizou um fiasco histórico. Após um primeiro tempo brilhante, relaxamos de forma exagerada e quase deixamos que o The Strongest ganhasse seu primeiro ponto fora de casa em 11 jogos contra times brasileiros.
Com irreconhecíveis atuações individuais de D`Alessandro, Nilmar, Aránguiz e Sasha — imaginem que Dale perdeu duas bolas nas imediações de nossa grande área, deixando adversários cara a cara com Alisson –, fizemos um segundo tempo miserável, digno de meus bocejos na arquibancada, ao menos até a pressãozinha do The Strongest.
Como tu disseste, Aguirre, nossos jogadores subestimaram o time boliviano. Acabamos a partida com nosso meio-de-campo inteiramente dominado pelo fraco time dos Andes. Parecia um filme de terror. Foi bom que isso acontecesse antes do Gre-Nal. Uma atuação dessas contra o tricolor seria a repetição do segundo clássico do Brasileiro do ano passado, vencido pelos pijamistas por 4 a 1, lembram? Simplesmente não dá para repetir o jogo de ontem. Espero que William assuma a lateral direita, que Aránguiz marque mais e acerte alguns passes, que Lisandro López faça aquela sombra amiga para Nilmar e que Sasha e Dale venham mais ligados para dentro do gramado. E, Aguirre, bota o Dale do lado direito. No meio, ele não rende.
O Atlético-MG será um adversário terrível. São os Reis do Mata-Mata no Brasil. O Corinthians foi esperto ao entregar seu jogo para o São Paulo justo pelo placar que lhe serviria para escapar do forte Atlético-MG, pegando o fraco Guaraní do Paraguai. O regulamento deu-lhe esta chance a acho que, no lugar deles, faríamos o mesmo. Paciência. Vamos ter que quebrar mais um tabu…
As próximas semanas do Internacional — roubado do Carta na Manga
26/04 – Grêmio x Inter – Arena – Gauchão
03/05 – Inter x Grêmio – Beira-Rio – Gauchão
06/05 – Atlético-MG x Inter – Independência – Libertadores (data provável. a confirmar)
10/05 – Atlético-PR x Inter – Arena da Baixada – Brasileiro
13/05 – Inter x Atlético-MG – Beira-Rio – Libertadores (data provável. a confirmar)
17/05 – Inter x Avaí – Beira-Rio – Brasileiro
20/05 – Santa Fé ou Estudiantes x Inter – Libertadores (se passar pelo Galo)
23/05 – Vasco x Inter – São Januário – Brasileiro
27/05 – Inter x Santa Fé ou Estudiantes – Beira-Rio – Libertadores (se passar pelo Galo)
Aguirre, caríssimo! Já disse e repeti que, por mim, a dupla Gre-Nal não jogaria o Campeonato Gaúcho. No máximo entraria num quadrangular final, algo assim. O campeão mesmo é o Campeão do Interior, aliás bi-campeão, o Brasil de Pelotas. É um clube com torcida e história que vai lutar para chegar à série B do Brasileiro em 2015. E merece, Aguirre. Espero que a comunidade pelotense — que gosta tanto e vive seu futebol como nenhuma outra no interior do RS — possa formar uma grande onda junto com o time para chegar onde nunca chegaram. Torço pelo Brasil.
O Inter voltou a jogar bem. Perdemos dúzias de gols e chegamos à final com a discutível vantagem de jogar o segundo jogo da decisão em casa. Já são oito anos que somos o time de maior pontuação e decidimos em casa. De 2008 a 2014, ganhamos todos os Gaúchos, à exceção de 2010. São 43 títulos contra 36 do Grêmio, pois o campeonato é disputado entre os dois, com coadjuvantes.
Mas o que interessa é que William segue jogando muito, que Anderson entrou muito bem, que Lisandro López fez boas jogadas e que o time todo reserva, com as exceções de Paulão, Nilton e Alan Ruschel, demonstrou que pode assumir vagas no time titular sem grandes problemas. Tua estratégia mostra-se inteiramente correta e sei que, se eu tivesse enchido o saco de um técnico como parte da imprensa fez contigo, Aguirre, eu diria, OK, talvez eu tenha errado, ele está dando a volta por cima, etc. Mas, no RS, a desfaçatez grassa. Peço-te desculpas pela existência de Wianeys e outros que tais. Não nos queira mal por meio dúzia de idiotas, tá?
Acho que devemos manter este grupo para jogar os Gre-Nais finais. Claro que o Grêmio é de outro nível, mas quem chegou até aqui foram eles, os reservas. E o que interessa é a Libertadores. Se não der certo, paciência.
Fundamental é o jogo de quarta que pode nos dar a liderança do grupo 4 e um uma boa posição nas oitavas-de final. O tal The Strongest é fraco ao nível do mar. Vamos pra cima deles.
Nilmar fez dois na disputa com… Lisandro López | correndo Foto do grande Alexandre Lops
Parabéns, Aguirre. Marcamos tão adiantados que os zagueiros chilenos ficaram como se tivessem aberto um livro e se dado conta de que o primeiro parágrafo estava repetido até o fim. A bola voltava rápida e os erros, alguns ridículos, se sucediam. Isto é, não fomos especular em Santiago, não fomos esperar o tal “erro do adversário”, fomos ao Chile para jogar e provocar os erros deles. Futebol é um jogo que não se ganha apenas com a elegância e nobreza do jogar bem com a bola, mas com a atitude operária de ir lá limpar a caixa de gordura na esperança de que depois apareça um L’Oréal qualquer.
Teu time foi convincente, Aguirre. Todos aqueles que — como eu — que achavam que tu deverias ficar no clube começam a sorrir, aguardando que outros digam que estavam errados. Sim, jamais ouviremos isso, mas ao menos estamos sentados. Destacar Nilmar — que correu como um louco, só sendo detido pelos abraços de seus companheiros — e Sasha é o óbvio, então eu gostaria de elogiar a dupla de volantes. Rodrigo Dourado desarmou e foi para jogo como um meio-campista de Pep Guardiola. Aránguiz foi um modelo de discrição. Sorrateiro, tirava do adversário e não errava passes.
O resto seria mais elogios, Aguirre. Mas elogiar muito é produto raro neste corneteiro que te escreve. Continua assim, tá?
Durante a temporada de desperdício de gols, Juan tenta uma bicicleta na área do Cruzeiro | Foto: Alexandre Lops
O incrível é que não jogamos mal. Perdemos várias chances antes do primeiro gol do Cruzeiro. E houve um segundo. A classificação aconteceu com dois pênaltis reais — a Fifa manda dá-los quando qualquer bola toca na mão de um defensor dentro da área — , mas apenas um foi convertido. D`Alessandro errou e Lisandro López fez o seu. Só não posso concordar com os cartões amarelos imputados. Foram claras bolas na mão, totalmente casuais. Um dos cartões expulsou um atleta do Cruzeiro.
É um lugar-comum e uma verdade: o 2 a 2 é um alerta. É preocupante a dificuldade do Inter para fazer gols, principalmente se pensarmos nos adversários da Libertadores da América. Lisandro entrou e fez dois, demonstrando porque é quem é. Não é jogador de encolher a perna na hora de decidir. Claro que não é só isso, o cara sabe jogar, porém comparem sua gana de fazer gols com a de Valdívia, por exemplo. O cabeludinho chuta com medo de errar. Ainda bem que Dale, Lisandro e Juan garantiram a classificação nos pênaltis. Dos quatro que bateram, só Rafael Moura errou.
Outra coisa, não creio de Jorge Henrique possa ser titular ao lado de Rodrigo Dourado. O baixinho pode jogar eventualmente como volante, mas Nico Freitas e Nilton são do lugar, apesar de terem realizado más partidas.
E vamos em frente, acertando o time e matando alguns — nem que seja de enfarto — pelo caminho. Ah, o Cruzeirinho jogou demais. Futebol moderno, rápido e participativo. Este Luiz Antônio Zaluar é um baita técnico.
O racismo nunca deve ser relativizado. Ele deve ser punido exemplarmente. Acho também detestável o nhém-nhém-nhém jurídico que, através de recursos, transformam as penas em pó. Se houve ofensa racial, o clube e o torcedor devem sofrer o que prevê a lei e isso deve valer para Inter, Grêmio, Flamengo ou ASA da Arapiraca, indistintamente.
Gremistas e colorados fazem parte da mesma sociedade. Há muitos gaúchos, torcedores de ambos os times, que chamam os negros de macacos quando acham que eles estão demais. Nosso racismo circundante não é restrito a determinados clubes.
Os jogos de times como Internacional e Grêmio são registrados por dezenas de câmeras e microfones. Estes devem ser examinados. Acreditar no depoimento de um jornalista é simplesmente ocioso. Ontem, entrei no twitter de Luciano Potter — que acusa torcedores de chamarem Fabrício de macaco. A coisa é uma série de lugares comuns, cheios de grandes palavras vazias. Parece-me que é conselheiro do Inter, o que lhe daria autoridade moral, mas sua postura trai a vontade de posar como herói defensor dos oprimidos. Posso estar errado, mas acho que, para comprovar as ofensas, bastam os registros eletrônicos, sem a necessidade de egos.
E há alguns fatos estranhos: um homem foi acusado de ofender Fabrício. Havia fotos e filme. Ele se apresentou e negou o fato. Estava até rindo da coisa. Afinal, ele é negro e não chamaria ninguém de macaco, disse. Outro é o silêncio de Fabrício a respeito do caso. Ele se declara apenas arrependido de sua atitude e não se apoia em injúrias sofridas. E mais: há certo desejo de que o Inter também seja acusado de racismo, como foi o Grêmio no ano passado.
Por outro lado, o presidente Piffero anunciou que o jogador não joga mais no Inter. É uma atitude que demonstra o destemor do clube com as denúncias de injúrias raciais. Fabrício teria reagido daquele forma por ser meio louco e descontrolado. Quem, como eu, o conhece de outras reações que teve no passado, não se surpreendeu muito.
Concluindo: sou favorável a que a denúncia por injúria racial seja examinada em detalhe, mas por favor, usemos a tecnologia, não o parente de Harry.
Mesmo com as pesadas críticas feitas a teu trabalho por parte da imprensa, o Inter chegou ao final da fase classificatória do Salsichão 2015 em primeiro lugar, quatro pontos à frente do segundo colocado: o Grêmio, treinado pelo infalível sete-a-um. A imprensa da área Zelotes já começa a mudar de opinião a teu respeito, mas te cuida, eles só costumam agir com naturalidade quando o objeto de análise é o time do bairro uma-e tá.
É claro que também fiz críticas a ti. Afinal, não acho que tu sejas um novo Telê Santana ou um Rinus Michels ou um Rubens Minelli ou um Guardiola — meus técnicos favoritos –, só que jamais pedi tua cabeça. Os motivos são óbvios. Qual era o grande problema do time no início do ano? Era a defesa. Lembro dos 4 a 4 contra o São José e de outros jogos onde sempre levávamos gols… Pois nos últimos OITO JOGOS tomamos apenas UM GOL, do Emelec, no interior do Equador. Ou seja, tu trabalhaste e corrigiste nossa maior deficiência. O que não entendo é por que pediam tua cabeça se tu estás trabalhando há menos de três meses. Teu time é um bebê. E mais: acabamos o ano jogando malíssimo. As pessoas pedem por milagres.
Como disse, nós realmente não estamos jogando muito, estamos jogando o que se espera de um time novo. Fazemos algumas boas partidas, outras lamentáveis. Dei risada quando abri o jornal de hoje e li as manchetes “Tranquilidade no Beira-Rio” e “Sete jogos, sete vitórias”. Ontem, era um merda; hoje, foste guindado a gênio. Afinal, passaste na frente do espetacular Grêmio. A avaliação do teu trabalho desconsidera quaisquer processos, apenas vê o último jogo. Então, te cuida, Aguirre. Não há nada a comemorar. Basta perder uma partida para voltar ao estado de merda.
Para se entender o futebol, há que se considerar sua dimensão tribal e ritualística, seu lado irracional. Há valores infantis, mas muito sérios, envolvidos. A camiseta, as cores, o símbolo, o clube, a fidelidade à tribo. Quando Fabrício ouviu as vaias ontem à noite, ele desistiu da jogada e virou-se para a arquibancada mandando-a tomar no cu com os dois dedos médios erguidos. Foi uma ofensa grave, mas um descontrole até perdoável após punição, pedidos de desculpas e geladeira de algumas semanas. Mas depois, quando foi expulso, ele fez mais. Ele pegou a camisa do clube, o chamado manto sagrado, e o jogou no chão. Naquele momento, descumpriu vários acordos tácitos de amor à tribo e tornou impossível o caminho da volta.
Não fui ao jogo de ontem. Cheguei em casa cansado e repassei meu ingresso ao coloradíssimo zelador do prédio onde moro. Não falei com ele depois. Mais tarde saí até um restaurante. O taxista, outro colorado, estava louco de ódio. Disse que só um cheirado, com o cérebro carcomido pela cocaína poderia agir daquela maneira. Mais: disse que o contrato deveria ser suspenso por justa causa (?). É claro que Fabrício, com seu excelente desempenho físico em campo, não é um viciado em drogas, é apenas um pavio curto que atacou o lado sagrado e religioso do clube. Não é um bom jogador, mas é um cara esforçado e, certamente, autodestrutivo. Que clube terá coragem de contratar um sujeito que pode agir assim? Vi o site do Inter com as (belas) fotos de ontem. Fabrício não está em nenhuma delas. Ele deixou de existir. Adeus, Fabrício.
Abaixo, o chilique:
https://youtu.be/m5QEsjnoNBE
Aguirre demonstrou classe: “Vamos deixar passar as horas e ver o que vai acontecer. Poderíamos estar aqui falando de futebol ou de minha demissão”.
Ontem, parece até que jogamos melhor e assumimos pela primeira vez a liderança do Gaúcho. Isso é que desespera a tribo azul. Chega no final e a gente está lá. Foi a quarta vitória consecutiva por 1 x 0. Estamos virando um time chato, mas pontuador.
Após vencer os perigosos Veranópolis e Avenida pelo elástico placar de 1 a 0, o Inter repetiu a façanha contra a terrível União Frederiquense no Estádio Ecológico Vermelhão da Colina. Todos os adversários que o Inter humilhou — vencendo-os sem jogar futebol, só para lhes mostrar quão ruins são — estão ou na zona de rebaixamento ou quase lá. Testemunhas do excelente e pragmático futebol apresentado pelo Inter, as árvores e os pássaros do outro lado das câmeras de TV não falaram a nossos repórteres.
O Inter tem colecionado um ramalhete de lesões musculares neste ano de 2015. Até agora foram Cláudio Winck (2 vezes), D`Alessandro, Nilmar, Bertotto, Alisson, Aránguiz, Juan, Anderson e Taiberson. (Lisandro López e Léo sofreram problemas articulares). Pois agora, para este jogo avassalador de Frederico Westphalen, Diego Aguirre ganhou mais uma rosa vermelha para seu buquê: as fibras rompidas dos músculos de Alan Costa.
Esta é nossa preparação para a Libertadores. Entrar em detalhes do jogo de ontem? Para quê?
O jogo não existiu. O Inter apenas demonstrou novamente como se vence sem jogar. Os destaques do antifutebol foram os craques Luque e Paulão. Luque demonstrou todo o seu desprezo e asco ao adversário ao escolher não jogar. Já Paulão, brindou-nos com uma colorida coleção de roscas, maus passes e hesitações. Não obstante, saímos de lá com os três pontos.
Fiel ao novo estilo colorado, Aránguiz não fez nada contra o Brasil, em Londres.
Acho que tu estás brincando, Aguirre. Pense comigo. O Inter jogou contra um time que provavelmente será rebaixado no Costelão 2015 com três zagueiros, dois laterais e dois volantes. Ou seja, jogou com sete jogadores cujas maiores aptidões são defensivas. Para viver, respirar ar puro e sonhar, tinha apenas Alex, Taiberson e Sasha.
Tu falaste em preparar a equipe para a Libertadores, mas nós vamos simular um jogo fora de casa, contra La U, durante um mês? Simularemos isso em seis jogos? O jogo contra a Universidade do Chile será dia 16 de abril e, uma semana depois, em 22 de abril, já teremos o The Strongest em Porto Alegre, quando teremos de ser ofensivos como NÃO fomos ontem. Como nunca treinamos.
Não seria o caso de entrosar também uma formação mais ofensiva? Desculpe dizer isso, Aguirre, mas tu estás sendo muito burro.
Ontem, foi cômica a forma como o Avenida nos acuou. Sem jogar muito, apenas avançou e nossos sete defensores recuaram, esperando eles virem. É do DNA dos caras que estavam em campo. Eles marcam. Às vezes mal, como Fabrício. E, se não fosse o Alisson, com suas duas defesas milagrosas, hoje todos estariam falando na tua saída do clube. Sabes que um empate contra um quase-lanterna não acrescentaria muita coisa a teu currículo.
E acho que William tem que estar na lista de jogadores para a próxima fase da Libertadores, se lá estivermos. O Léo é ruim demais, simples assim. E o teu 3-5-2 é ridículo, Aguirre.
Três bons meninos: William, Taiberson e Alisson Farias
Ver o o Inter jogar com este time de reservas é uma bobagem em termos de análise da evolução do grupo. O time muda tanto e é tão desentrosado que só podemos analisar valores individuais. William, Rodrigo Dourado, Alisson Farias e Taiberson foram destaques da partida deste domingo contra o Veranópolis, vencida por 1 x 0. Os dois últimos mudaram a partida. Acho que William e Dourado já podem disputar posições no time da Libertadores. William está jogando mais do que o desatento e inábil Léo e que Winck, o que não marca. Mas não está inscrito nesta fase da Libertadores… Dourado está. Infelizmente, não vejo o lateral esquerdo Géferson como uma possibilidade de titularidade. Espero estar errado. A surpresa: Jorge Henrique jogou muito bem como volante.
Aguardamos os titulares na próxima quarta-feira.
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Novak Djokovic 2 x 1 Roger Federer. Se Nole permanecer mais 15 semanas como nº 1, passa à frente de Nadal em número de semanas no primeiro lugar do ranking. Nadal tem 141 semanas, Djokovic, 127. Será merecido, pois o sérvio é mais tenista do que Nadal jamais foi. Já Federer… Este é o melhor de todos os tempos, com inalcançáveis 302 semanas na liderança. Aos 33 anos, ainda joga esplendidamente e mantém a segunda colocação no ranking.
Não aguento mais ver essa merda de time jogando mal…
É óbvio que nós não fomos ao Equador para jogar bem, fomos especular e um ponto estaria de bom tamanho. Afinal, entramos com três zagueiros (Juan, Réver e Ernando) e três volantes (Freitas, Nilton e Aránguiz). Sobram dois laterais em crise técnica (Leo e Fabrício) e apenas duas esperanças de bom futebol (Alex e Sacha). Ou seja, era para marcar bem e jogar mal e foi o que fizemos, ao menos até a expulsão de Lastra, quando nos tornamos péssimos.
O Emelec achou um gol no primeiro tempo. Digo “achou”, porque tratou-se da única chance dos equatorianos e foi um lance bastante estranho, improvável mesmo. O jogo virou em 1 x 0 para o Emelec. No início do segundo tempo, o Emelec ficou com dez jogadores e o Inter logo empatou o jogo com Vitinho, que entrara no intervalo no lugar de Aránguiz. (Aliás, quando é que o chileno voltará da Copa do Mundo?). O incrível foi que, após o empate, começamos a tomar um baile dos dez remanescentes deles. Não conseguimos em momento nenhum ameaçar o gol de Dreer. Com onze em campo, o negócio era avançar sobre o adversário na base da troca de passes, mas como fazê-lo se não acertamos três passes consecutivos, Aguirre? E os laterais conseguiram o difícil milagre de errarem TODOS os cruzamentos. Acho que gostaram de ver o goleiro Dreer erguer os braços sozinho em sua pequena área para pegar cada um deles.
Uma coisa, Aguirre. Nosso próximo jogo na Libertadores 2015 será só no dia 16 de abril, em Santiago, contra a Universidade do Chile. Até lá, precisamos de um time mais compacto e com melhor toque de bola. É impossível continuar com esse futebol deficiente. Nossa defesa ontem foi novamente muito mal contra um time desfalcado. Não vamos longe desse jeito. Aliás, para bom entendedor, foi o que disseste ontem nas entrevistas pós-jogo. Vamos com os titulares no Gauchão ou seguirás preservando-os? Pensam que eles devam jogar e jogar. Estamos em março, o preparo físico já deve ter chegado e está na hora de eles demonstrarem a que vieram.
Na engenharia, tive um professor que ria assim. Nós, seus alunos, chamavam-no de “risadinha que me f…”
Isso não diminui a notável coleção de erros do PT, porém, se os protestos eram contra a corrupção, por que só vi cartazes contra o PT? E o PP, o PMDB, o PSDB? E o religioso Eduardo Cunha, e Renan Calheiros, presidentes da Câmara e do Senado? E os outros? E, bem, falar em intervenção militar, reclamar de bolivarismo, por favor… Aí já é muita tolice.
Dilma não foi nada inteligente ao ser votada pela esquerda para depois tentar governar com a direita. Desagradou todo mundo que não encara o PT como seu time de futebol. Perdeu seus formadores de opinião e, agora, as ruas.
O resultado é que doravante vamos ter que nos ver com a massa cheirosa. E ainda temos a bancada religiosa no poder. Boa parte deste pessoal de amarelo tem ideias muito primárias e esses evangélicos… Não vou conseguir lhes contar que grande merda de ano será 2015.
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Falei em futebol ali? Pois é. Segunda é dia de futebol neste blog. Como o Gauchão só interessa mesmo na fase final e olhe lá, vamos tratar de um enorme buraco, um rombo recorde.
Meus sete leitores sabem que eu detesto Giovanni Luigi Calvário (seu nome completo) tanto quanto o Roberto Siegmann. Discordo da forma como Luigi pensa, age, fala, caminha, do jeito que ele escova os dentes. Um líder sem ideias tende a cercar-se de outros incompetentes e foi o que ele fez por quatro anos. O organograma parecia uma árvore de incapazes. Quase deixei de pagar a mensalidade do clube quando Luigi se reelegeu sem ir para o pátio. Aquele mês, em mais de duas décadas, foi a única vez em que atrasei o pagamento. Mas pago e, por isso, posso falar.
Daqui alguns dias, Luigi vai entregar o balanço do ano passado. Já se sabe que o déficit será de R$ 49 milhões. Isso só no ano passado. Um resultado verdadeiramente vermelho. O Inter gastava os tubos em contratações, contratos longos e trocas de técnicos, enquanto o futebol era uma verdadeira piada em campo. Tentativa e erro, tentativa e erro, sem uso do cérebro e da observação, sem um projeto.
Claro que isso chegará ao futebol. Os efeitos da administração Luigi durarão anos. Espero que não se tornem nossa Arena.
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O Gauchão segue como se espera. No início de março, com a dupla igualada ao restante dos times no quesito preparo físico, sua qualidade aparece e até o time de reservas do Inter vai a Pelotas e bate o Brasil. É muita diferença, não é um campeonato entre iguais. É Grêmio x Inter, só. Esses regionais…
Ontem, tivemos teu primeiro teste bem-sucedido, Aguirre. Não morro de amores pelo 3-5-2, mas é indiscutível que a melhora não foi causada apenas pela numerologia. O problema não era que os jogadores estivessem hostis aos números 4-5-1 ou 4-2-3-1. É que ontem houve maior harmonia e sincronismo entre os setores, é que ontem o centroavante não ficou isolado. Sasha esteve próximo de Lisandro López e diria que eles foram os melhores da partida. Com a proximidade, os erros de passe diminuíram e isso é fundamental. Sabemos que o time que tem a bola corre menos do que aquele que tem que marcar porque a perde a cada momento. Dá trabalho (e lesões musculares) fazer diminuir o tamanho do campo para o adversário.
Espero que tu pares com testes como aquele com Ernando na lateral direita — com Winck no banco — e Alan Ruschel como volante — com Bertotto no banco. Por algum motivo, as improvisações não costumam dar certo no Brasil. Se o Ernando decidiu que é zagueiro, ele já vai entrar de má vontade como lateral, louco para voltar aos braços da mamãe que o gerou zagueiro. Só um cataclismo muda uma coisa dessas. Lembre-se de que só a mãe do Jorge Henrique o fez polivalente…
Acho que vamos desse jeito aí contra o Emelec. Aliás, jogamos contra o Aimoré ensaiando para a Libertadores, senão duvido que tu colocasses 3 zagueiros e dois volantes em campo. Será uma pena se Nilmar não jogar no Equador. Uma pena que Lisandro também não possa jogar. Porque precisaremos de rapidez e Vitinho tem jogado mais para si do que para a equipe.
Em outra faixa, mas ainda nos números, digo que os alemães estão de namoro com o número sete. Alemanha 7 x 1 Brasil, Bayern 7 x 0 Barcelona, Bayern 7 x 1 Roma e, ontem, Bayern 7 x 0 Shaktar Donetsk. Para nos encontrarmos com eles, só numa final de Mundial… Melhor assim.
Estou admirando cada vez mais Diego Aguirre. Como centroavante.
Ontem, tive dificuldades em acompanhar aquele nosso jogo, Aguirre. É que no canal ao lado havia a Copa Davis. Jogavam Brasil x Argentina em Buenos Aires. João Souza, o Feijão, enfrentava Leonardo Mayer. Foi uma guerra: 6h42 de um jogo épico, o mais longo jogo de simples da história da Copa Davis. E João Souza, o Feijão, acabou derrotado pelo argentino Leonardo Mayer: 7/6(4), 7/6(5), 5/7, 5/7 e 15/13. (Agora, a disputa está em 2 x 2, mas Bellucci deve perder hoje). Enquanto isso, nosso time se arrastava em campo, jogando mal e com uma escalação incompreensível.
Ernando jogava como lateral direito — Cláudio Winck assistia-o do banco. Alan Ruschel entrou como volante — Bertotto assistia-o do banco. Em meio a tantas improvisações, Aguirre, o bom Alisson Farias estreava, assim como Lisandro López. Sou contra tua demissão, acho que é impossível montar um time em dois meses, mas esses teus testes não parecem ter uma direção. Na boa, é muita loucura saindo da tua cabeça. Melhor assistir ao tênis. Depois, quis ouvir os comentários. O pessoal falava na ruindade de nossa defesa. Achei que o gol do Juventude tinha sido tão escandaloso do ponto de vista de posicionamento quanto os do Emelec. Não, tinha sido uma falha puramente individual e ridícula de nosso goleiro Muriel. Olhei os lances do jogo. Vi Paulão falhando num gol mal anulado. Nenhuma novidade.
Aguirre, trabalhe mais e com mais bom senso. Professor Pardal só existiu um e nem sempre dava certo.