Começou o Yedão 2010

O Grêmio, fora de forma, virou o jogo pra cima do Pelotas no segundo tempo. Perdia de 2 x 0 no intervalo e alcançou a vitória por 3 x 2 no segundo tempo. O Pelotas estava em melhor forma física, mas é tão ruim que deixou  um adversário cansado fazer-lhe 3 gols. O Inter ganhou com o time B. O time B é, na verdade, o C, pois os caras não servem nem para reservas. Resultado: Inter 4 x 2 Ipiranga.

Alguém poderia me dizer para que serve este campeonato?

Ytalo — sim, com pisilone — fez um gol nos mortos do Ipiranga.

Findi futebolístico

Messi fica com raiva quando o acusam de não ser argentino. O fato é que ele nunca conseguiu repetir as atuações que dá a Barça na seleção. Deve ser horrível para ele, mas é verdade. Para completar, ele marcou o gol que acabou com as pretensões do Estudiantes de La Plata no último sábado. Sim, ele é profissional, porém seu gol não colabora em nada para uma imagem mais “argentina”. As manchetes dos jornais falam que Messi enfiou um punhal no Estudiantes. Isso tem todos os ingredientes de um drama. Messi joga nervosamente em sua seleção e cada vez melhor no Barcelona. Ou seja, sua responsabilidade aumenta conforme acumula glórias para os catalãos. Daqui há pouco, só o título mundial o redimirá.

Ontem, Benfica e Porto fizeram o jogo mais violento que vi em anos. Se fosse no Brasil, teríamos 2 expulsões nos primeiros 15 minutos e os ânimos se acalmariam. Talvez só o político da Fifa Carlos Simon tolerasse as agressões. O Benfica mereceu a vitória. O zagueiro brasileiro David Luiz é espetacular. Se eu fosse o Dunga, chamava agora. Sabe desarmar, cabecear, sair jogando, tudo. E tem raça.

Olha o Grêmio entregando o jogo aí, gente!

Não parece que Bérgson diz: “Parou. Não chuta mais a gol!”? E por que Adriano e Léo conversam com as mãos sobre as bocas? Foi neste momento que resolvi ver Coritiba e Fluminense. Depois alguns vêm com o papo de que o Grêmio não entregou…

Em drágeas, Co e Curitiba

Antes, alguns tópicos sobre a rodada final do Brasileiro de 2009.

1. O G-4 ficou bem. O maior time paulista, o maior carioca, o maior mineiro e o maior gaúcho.

2. Os rebaixados são 3 times médios, daqueles que gostam de um elevador subindo ou descendo — Sport, Náutico e Coritiba — e o Santo André, clone de clube de futebol, obra de empresários.

3. Acertei que o Palmeiras ficaria fora do G-4. Pediu e levou.

4. Muricy deu seu habitual show ou estava calmo?

5. Inter: vice da Copa do Brasil, vice da Recopa e vice do Brasileiro. Centenário vice. Ganhou o Gaúcho, porém vencê-lo era uma obrigação, visto que o Grêmio dava maior atenção à Libertadores.

6. Grupo do Inter na Libertadores: Inter, Cerro (URU), Deportivo Quito (EQU) e o vencedor do Jogo 5 (Argentina 6 x Equador 3). Leia-se: LDU!

7. Quase foi o Flamengo quem entregou o jogo. Nervoso, não se impôs no primeiro tempo. Na verdade, como os outros, também estava louco para abrir mão do título. O Grêmio não jogou bem, apenas aproveitou-se. No segundo tempo, uma brisa mais forte fez cair seu mal montado castelo de cartas. Assim, como o Inter no ano passado, entregou o jogo. Vingaram-se.

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Tenho algumas décadas de experiência em estádios de futebol e acho que posso apontar muitos erros na condução daquela pequena tragédia. Assisti a Coritiba x Fluminense desde os 30 minutos do segundo tempo, já que estava desinteressado pelo Maracanã. O que os câmeras da SporTV mostravam eram pessoas frustradas, chorando nas arquibancadas. O Flu defendia-se bem, sem dar chances aos paranaenses que só chutavam de longe, sem perigo. O que ocorreu depois da partida foi algo humano e previsível, fruto da frustração. Ou o policiamento acha que todo mundo frustra-se educadamente, ainda mais em grupo? A torcida do Inter, se pudesse, não teria entrado em campo na final da Copa do Brasil? Claro que entraria. Mas vamos aos erros:

1. Preços a R$ 5,00. Ora, a diretoria do Coritiba tentou lotar o estádio reduzindo o valor dos ingressos. Erro. Por exemplo, o que fez a Inglaterra para acabar com os hooligans? Colocou câmeras nos estádios e elevou o preço dos ingressos, privilegiando os associados dos clubes. O baixo valor do ingresso curitibano chamou para o estádio aquelas pessoas que utilizam o anonimato para cometer ações.

2. Onde estavam os seguranças? Os maiores clubes brasileiros utilizam seguranças próprios para auxiliarem a Brigada Militar. Esses homens vestem-se de terno preto e um de seus locais preferidos é na frente da torcida, de costas para o campo, a fim de evitar invasôes. Isso é mais necessário ainda no Couto Pereira, estádio “civilizado” onde se passa da arquibancada para o campo com se estivéssemos no Santiago Bernabeu ou na Inglaterra. Quando da invasão da torcida, viu-se que havia poucos seguranças e estes corriam da torcida…

3. Poucos e mal equipados brigadianos. Não vi brigadianos com cães. E as bombas de “efeito moral”, assim como os tiros com balas de borracha, demoraram longos minutos para aparecerem. Sabe-se que este gênero de multidão enfurecida assusta-se e recua facilmente quando se vê atacada, mesmo que o ataque seja mais de fumaça e barulho. Passaram anos até que aparecessem brigadianos adequadamente armados. Um fiasco.

4. Ambulâncias. O estatuto do torcedor manda que haja uma ambulância para cada 10.000 pessoas. No Couto Pereira, em flagrante desobediência à lei, havia apenas uma.

5. Vias de acesso. O Couto Pereira fica no Alto da Glória, perto da Universidade e, com os carros dos torcedores estacionados nas redondezas era difícil chegar reforços para a Brigada e mais ambulâncias, ainda mais que aquele era o momento em que a torcida estava se retirando do estádio, no contrafluxo.

6. Os distúrbios fora do campo. Normais após o que ocorreu no estádio, não? Os locais preferidos para as brigas foram os terminais de ônibus. É onde havia gente. 14 foram parar em hospitais.

Conclusão: Claro que a lei punirá apenas o clube e uns poucos torcedores, só que a culpa pelos acontecimentos deveria ser dividida entre o Coritiba e o poder público. Ouvi ontem alguns cariocas e paulistas estranharem tais acontecimentos numa cidade tão “civilizada” e “europeia” como Curitiba… Isto é simples ignorância. Curitiba só será mais civilizada que outra cidade brasileira quando for determinado que conservadorismo, limpeza urbana e civilização sejam sinônimos. Conheço bem. E Curitiba é tão europeia quanto Porto Alegre e menos que a violenta Buenos Aires. Grande coisa ser “europeia”!

Fotos: Terra.

Os jogos de domingo

Haverá disputa, e disputa sensacional, entre Fluminense, Botafogo, Coritiba e o vegetativo Santo André. Haverá outra decisão entre São Paulo, Palmeiras e Cruzeiro pelas últimas vagas na Libertadores. Mas acredito que não haverá disputa pelo título.

Eu nasci e vivo no Rio Grande do Sul. Gremistas e colorados vivem na mesma sociedade, são semelhantes étnica e religiosamente e acho que posso me colocar na pele dos gremistas com naturalidade. Basta inverter a situação e imaginar como eu reagiria. Eu nunca, mas nunca mesmo, desejaria ver o Grêmio campeão brasileiro. Então, por que o auxiliaria? É claro que eu torceria e aconselharia os jogadores e o clube a perderem o jogo de domingo logo nos primeiros minutos, para não deixar dúvidas nem esperanças ao outro lado. Porém, há outros clubes envolvidos e nem Souza nem a direção do Grêmio tiveram inteligência para notar onde estavam se metendo ao declararem abertamente que entregariam o jogo.

O jogador Souza, o qual não costuma primar pela reflexão, saiu de campo prometendo vingança ao Inter: entregariam o jogo pois o Inter fizera o mesmo no ano passado. Como colorado, admito que desejava que o São Paulo nos vencesse de forma a ultrapassar o Grêmio na liderança. Só que o Inter, muito mais malandro e marqueteiro, tratou de justificar a utilização do time reserva naquele jogo em São Paulo. Ah, temos jogo contra o Boca quarta-feira em Buenos Aires; ah, o temos que poupar nossos atletas porque só nos resta a Sul Americana; ah, pobres de nós que não temos mais chance de Libertadores e vamos lutar por um título de consolação, de segunda linha — afirmação que mudou logo após a conquista: ah, conquistamos um título INÉDITO para o Brasil, agora somos (nós, o Inter) campeões de TUDO.

Então, meus amigos, o jogo do Maracanã será uma farsa como foi São Paulo x Inter em 2008. O absurdo desse jogo foi o fato do Grêmio ter limpado a área dizendo que ia entregar MESMO. É claro que, durante a semana, sob protestos de Inter, São Paulo e Palmeiras, teve de recuar. Agora as vozes do Olímpico prometem luta, honra, dedicação, seriedade e… time reserva, provavelmente. Pois a forma politicamente correta de entregar um jogo é escalando um time fraco, mandando-o vencer o jogo. O que a tola direção gremista não pensou é que esta partida será transmitida para o mundo inteiro como a Decisão do Brasileiro de 2009 e que há uma grana grossa envolvida. Os donos dos direitos de transmissão querem vender o campeonato como um bom produto, como uma disputa séria e hasta la muerte, não como uma farsa. Me desculpem os amigos gremistas, mas que diretoria imbecil vocês têm.

A declaração lapidar (literalmente) sobre a situação foi dada pelo jogador Giuliano, 19 anos, do Internacional:

Se não perderem para o Flamengo, os jogadores ficarão marcados pela própria torcida. Se forem mal, serão lembrados por terem entregado a partida. Ficarão em situação ruim de qualquer jeito.

Óbvio, uma ação que teria de ser feita justificando a ausência de cada jogador — estes dois se machucaram durante os treinamentos, aquele perdeu a avó, o outro já tinha uma dispensa prometida previamente — foi feita à vista de todos. E digamos que o Brasil tenha certa dificuldade em compreender ou admitir nossa rivalidade sem tréguas. Um argentino, torcedor de Boca ou River, entenderia facilmente. A gente prefere mil vezes ver nosso time perder a imaginar o outro feliz. Somos irracionais? Mas é claro! Qual foi o idiota que disse que NÃO SOMOS IRRACIONAIS?

Mengo, campeão de 2009

Conforme, já tínhamos anunciado, o Flamengo é o campeão de 2009 e o Inter chegou a seu máximo: a classificação para a Libertadores. Imitaremos a imprensa, ignorando o que erramos em nossas previsões. Não encham o saco, acertamos o que interessa!

Se as malas brancas realmente existem, o Goiás foi o maior beneficiário. Recebeu do São Paulo para empatar com o Flamengo e deste para vencer aquele. Tal vitória decidiu o campeonato, pois colocou o time do Rio de Janeiro na liderança e o Flamengo, na última rodada, enfrentará o Grêmio, o qual já anunciou que dará férias a seus principais jogadores. Não sei se eles terão a coragem de fazê-lo, mas eu espero que façam. Gostaria que o Flamengo fizesse 8 x 1, que é como os Campeonatos Gaúchos terminam.

Motivos? Ora, em primeiro lugar, porque seu mais qualificado adversário, o Inter, não mereceu ganhar. Ontem, Mário Sérgio jogou todo o primeiro tempo com Guiñazú na lateral e Kléber no meio de campo; no intervalo, recolocou-os em seus lugares. Que mexida! D`Alessandro foi o de sempre, ou seja, nunca se sabe se estará num bom dia ou não. Não serve. O Inter tem um problema. Foi substituído por aquele que seria seu salvador, o eterno reserva Andrezinho. Na semana passada, falei com um alemão: ele disse que nos seus 2 anos de Wolfsburg, D`Alessandro alternava uma partida espetacular com outra mais ou menos e três ruins. Que coincidência! E o árbitro, que não viu o pênalti mais claro do ano, como nosso goleiro empurrando o terrível Vandinho após este ter-lhe dado um chapéu. Foi lance dos mais engraçados: o cracaço do Sport estava entrando com bola e tudo e Lauro empurrou-o em direção à linha de fundo, num dos lances mais patéticos e bem realizados do Enganão 2009.

Em segundo lugar, porque tais confusões tornam o Flamengo é o melhor time do Chinelão 2009 e, em terceiro lugar, porque a atitude do Grêmio atrairá o ódio de dois times times bastante influentes — São Paulo e Palmeiras serão igualmente prejudicados — e de todo o país menos os corintianos e os flamenguistas, que os desprezarão. E tudo isso… de graça.

Por quê? Ora, o Grêmio ganhou apenas uma partida fora de casa campeonato. E foi do Náutico, seu velho freguês, agora em versão rebaixada para a Série B. Por que ganharia do Flamengo, que é muito mais time? Por que empataria no Maracanã, sem Tcheco e se seus jogadores não podem ver a torcida adversária? Suas chances seriam mínimas, porém, em vez de fazer isso com o habitual pudor, o Grêmio resolveu anunciar a futura derrota, antecipando o nome do campeão. A torcida adorou, a diretoria achou engraçado. O presidente disse que “Ninguém vai escalar o time do Grêmio”. Como se fizesse diferença…

Sim, sou colorado, mas sei que o Entregão 2009 já tem vencedor. Eu espero que o Grêmio entre na história como o time que deu férias a seus jogadores na rodada final de um Brasileiro, mesmo jogando contra um player. Sempre aparecerá alguém para lembrar disso. É óbvio que sei que o campeonato foi decidido em 38 rodadas e que a rodada final vale os mesmos pontos de qualquer uma das rodadas anteriores. Só que este anúncio inédito fala tão mal de uma instituição que, como colorado, acho que fica bem ao Grêmio. Além disso, sou daqueles que se divertem quando vejo algo grande agindo de forma tola. O Grêmio insiste quer ser protagonista de alguma coisa, nem que seja de um absurdo. Penso que suas participações opacas já estejam irritando seus dirigentes e torcida.

Já o Juventude voltou para onde a Parmalat nunca deveria tê-lo tirado. Que lá fique em definitivo. Espero que o nome do próximo participante gaúcho da Série B atenda pelo nome de Brasil de Pelotas. É o time da maior torcida e o mais importante do interior. Mas há muito a fazer, ainda mais depois de 2009, o pior ano de sua história.

Obrigado, Grêmio! Vocês fazem parte de nosso centenário!

Somos devedores pelos grandes favores que o Grêmio nos prestou neste final de Brasileiro. Na rodada de domingo passado, eles nos permitiram passar à frente do Cruzeiro com o heróico empate que obtiveram para nós em pleno Mineirão. Neste fim de semana, ultrapassamos o Palmeiras, mas tal fato não teria sido possível sem a vitória do Imortal Tricolor sobre os verdes do Parque Antártica na última quarta-feira.

No próximo fim-de-semana, eles estarão de folga enfrentando o Barueri, porém, na última rodada, faremos novamente uso de seus préstimos contra o Flamengo para, quem sabe, acalentarmos a doce, diminuta e ainda fraca — como um pastel de Santa Clara — esperança de sermos Campeões Nacionais após 30 anos.

Hoje, graças a nosso coirmão, temos 93% de chances de ir à Libertadores e 9% de sermos campeões. Há que fazer mais e temos confiança de que esforço, competência e solidariedade não faltará ao grande time do Olímpico.

Agradecemos antecipadamente.

Tudo decidido

Milton Ribeiro traz de volta seu amor, desata macumbaria, doenças mandadas e da carne. Traz seu emprego de volta — assim como o desejo — , cura doenças e faz com que ela chame seu nome durante o orgasmo com outro homem. Faz tudo ao contrário e vice-versa se você for mulher. Por isso, sei que o Campeonato Brasileiro de 2009 está decidido: o Flamengo é o campeão, o Cruzeiro surpreenderá ao não entrar no bolo, o Avaí dará o ar de sua graça na Libertadores e Palmeiras e Atlético-MG seguirão os ridículos de sempre. Na Hora H, seguindo o determinismo atávico que os rege, abrirão as pernas.

Vejo o Parmera como 7º colocado do Brasileirão 2009. O Palmeiras parece tudo, menos um time italiano. Os times italianos tomam poucos gols, têm esquema tático rígido, marcam e batem muito. O Palmeiras só ficou com o histrionismo. Primeiro, perderá para o Grêmio no Olímpico; depois, em jogo de peculiar melancolia, empatará com o Atlético-MG e verá seu ocaso no Engenhão em novo empate.

O 6º colocado ainda conquistará 5 pontos. Isso só servirá para gáudio de sua imensa torcida e para Sexy Hot dizer que as circunstâncias não favoreceram a seu time. Não ignoramos: as circunstâncias só estão a favor do Atlético-MG quando, concomitantes, os búzios dormem, os morcegos voam nas praias e Douglas Ceconello fica só no suco de laranja. Nestas — e só nestas — circunstâncias coisas boas acontecem. Num desses raros dias, vimos um goleiro com uma chupeta na boca buscar ao mesmo tempo duas bolas dentro de seu gol e aquilo valeu por dois.

O 5º colocado será o Cruzeiro, que conquistará 6 pontos, o que fará Sexy Hot reclamar que número de vitórias é critério de jirico. Depois, consolar-se-á ao ver que o Avaí ultrapassou também os azuis em seu sprint final. Adilson Batista, sonhando com os R$ 230.000,00 mensais que o Grêmio lhe ofereceu, será o grande vilão cruzeirense. Nos jogos finais, abandonarão aquela bichice degradê que utilizaram sábado passado. Credo, que lixo! (Ler a frase anterior com entonação guei.)

O 4º colocado fará com que a manezada enlouqueça e o valor de Silas suba às alturas. Três vitórias nas últimas três rodadas! O Olé fará muitas piadas com o nome do clube, mas ele irá longe na Libertadores. Jogará um jogo das semifinais e outro das finais no Beira-Rio. Haverá uma invasão de manés que, enfim, conhecerão Porto Alegre. Vão achar ridícula.

Por falar em lixo, o 3º colocado será a prova de que é importante reciclá-lo sempre. Marquinhos será vendido, assim como Sandro, D`Alessandro e Alecsandro. Luxemburgo atuará como empresário e o time será eliminado na primeira fase da Libertadores.

O São Paulo — o verdadeiro clube italiano daquele estado, pois tem boa defesa e futebol chatíssimo — tomará apenas mais um gol neste ano, mas este, de Lúcio Flávio, será fatal. Fará a semifinal da Libertadores contra o Avaí. Será goleado em Porto Alegre. Rogério Ceni culpará a arbitragem.

O Flamengo vencerá o Brasileiro com um pé nas costas. Digo desde o primeiro semestre que é o time de melhor futebol no país. Tudo bem, me hostilizaram quando eu dizia que o Flamengo era um grande time sem ataque. Agora, ele tem Adriano e vocês vão ter de engoli-lo campeão.

A seguir, tudo o que os búzios me contaram, rodada a rodada. O vencedor de cada partida está em negrito.

Como está hoje:

1º São Paulo 62 pts -17 v – 14 g
2º Flamengo 60 pts – 17 v – 11 g
3º Palmeiras 59 pts – 16 v – 14 g
4º Internacional 56 pts – 16 v – 16g
5º Atlético-MG 56 pts – 16 v – 5 g
6º Cruzeiro 55 pts – 16 v – 1 g
7° Avaí 53 pts – 14 v – 10 g

36ª Rodada

Grêmio x Palmeiras
Atlético-PR x Cruzeiro
Botafogo x São Paulo
Flamengo x Goiás
Atlético-MG x Internacional
Santo André x Avaí

1º Flamengo 63 pts – 18 v – ? g
2º São Paulo 62 pts -17 v – ? g
3º Palmeiras 59 pts – 16 v – ? g
4º Internacional 57 pts – 16 v – 16 g
5º Atlético-MG 57 pts – 16 v – 5 g
6º Avaí 56 pts – 15 v – ? g
7º Cruzeiro 55 pts – 16 v – ? g

37ª Rodada

Corinthians x Flamengo
Palmeiras x Atlético-MG
Goiás x São Paulo
Sport x Internacional
Cruzeiro x Coritiba
Avaí x Santos

1º Flamengo 66 pts – 19 v – ? g
2º São Paulo 65 pts -18 v – ? g
3º Internacional 60 pts – 17 v – ? g
4º Palmeiras 60 pts – 16 v – ? g
5º Avaí 59 pts – 16 v – ? g
6º Cruzeiro 58 pts – 17 v – ? g
7º Atlético-MG 58 pts – 16 v – ? g

38ª Rodada

São Paulo x Sport
Santos x Cruzeiro
Internacional x Santo André
Flamengo x Grêmio
Atlético-MG x Corinthians
Botafogo x Palmeiras
Náutico x Avaí

1º Flamengo 69 pts – 20 v – ? g
2º São Paulo 68 pts -19 v – ? g
3º Internacional 63 pts – 18 v – ? g
4º Avaí 62 pts – 17 v -? g
5º Cruzeiro 61 pts – 19 v – ? g
6º Atlético-MG 61 pts – 17 v – ? g
7º Palmeiras 61 pts – 16 v – ? g

E assim terminará o Brasileiro de 2009.

Obs.: Se houver erros nas pontuações, é que as fiz apenas uma vez.

Quem tem a cara do Grêmio?

Vagner Mancini foi mandado embora porque “não tinha a cara do Grêmio”, o presidente Duda Kroef é contestado pelos gremistas por “não ter a cara do Grêmio” e Autuori, pela mesma alegação, já foi colocado no paredão.

Para esses caras, há o técnico ideal: …

… aqui está ele! É só botar o Dinho na boca do túnel.

Nada como simplificar as coisas.

2666, de Roberto Bolaño (2ª Parte – La parte de Amalfitano)

Benno Von Archimboldi? Esqueçam. Seu nome nem é citado. A segunda é a parte mais curta de 2666 e se a violência e a morte são os panos de fundo do romance, esta é a parte em que a morte domina sozinha. Domina a primeira metade do capítulo, onde o professor de filosofia Amalfitano dedica-se a evocar sua ex-mulher Lola, uma bicho-grilo das mais radicais que o deixa sozinho com a filha Rosa em Barcelona para ir atrás, ir atrás e ir atrás — como tantos personagens de Bolaño — de um poeta, enquanto o melancólico Amalfitano instala-se com a filha na cidade de Santa Teresa, na fronteira do México com os EUA. E domina também a segunda metade, em que ficamos incomodados pelos sintomas de uma loucura que começa a insinuar-se em Amalfitano, o qual ouve vozes, comete pequenas esquisitices, preocupa-se com a segurança de Rosa numa cidade de repetidos assassinatos e sonha, sonha muito.

O personagem Oscar Amalfitano tem na decadência física sua dimensão trágica. A descrição que Bolaño realiza ao descrever rapidamente suas aulas e seus diálogos com a “voz” é comovente. Também o aparecimento de um livro do qual absolutamente não lembrava — O Testamento Geometrico, do galego Rafael Dieste — e seu entorno são narrados de forma inalcançável por autores menos capazes, a grande maioria. Inspirado por Marcel Duchamp, Amalfitano pendura o livro no varal de sua casa, de forma que este possa aprender sobre a vida cotidiana de Santa Teresa e proteger sua filha, tudo isso dentro de uma série de livres associações que funcionam espetacularmente neste capítulo que é finalizado por mais um sonho. Aposto que a história de Amalfitano e de seu destino serão deixados assim mesmo, no máximo ele reaparecerá como personagem secundária. Afinal, estamos lendo Bolaño e cabe a nós dar continuidade ou nexo à superfetação de ficções.

E aqui está o final de A parte de Amalfitano (trad. portuguesa de Cristina Rodriguez e Artur Guerra, copiada daqui e “tropicalizada” (ho, ho, ho) por este abusivo resenhista:

… Amalfitano sonhou que via aparecer num pátio de mármore cor-de-rosa o último filósofo comunista do século XX. Falava em russo. Ou melhor dizendo: cantava uma canção em russo enquanto o seu corpanzil se deslocava, fazendo esses, até um conjunto de majólicas (azulejos pintados) listadas de vermelho intenso que sobressaía no plano regular do pátio como uma espécie de cratera ou latrina. (…) Quando o último filósofo do comunismo estava finalmente chegando à cratera ou à latrina, Amalfitano descobria estupefato que se tratava nem mais nem menos de Boris Yeltsin. É este o último filósofo do comunismo? Em que espécie de louco me estou a transformar se sou capaz de sonhar tais disparates? O sonho, contudo, estava em paz com o espírito de Amalfitano. Não era um pesadelo. Além disso, proporcionava-lhe uma espécie de bem-estar leve como uma pluma. Então Boris Yeltsin olhava para Amalfitano com curiosidade, como se fosse Amalfitano a irromper no seu sonho e não ele no sonho de Amalfitano. E lhe dizia: escuta as minhas palavras com atenção, camarada. Vou te explicar qual é a terceira perna da mesa humana. Eu vou te explicar. E depois me deixa em paz. A vida é procura e oferta, ou oferta e procura, tudo se limita a isso, mas assim não se pode viver. É necessária uma terceira perna para que a mesa não caia nas lixeiras da História, que por sua vez está permanentemente a se desmoronar nas lixeiras do vazio. Por isso toma nota. A equação é esta: oferta + procura + magia. E o que é a magia? Magia é épica e também é sexo, e bruma dionísiaca e jogo. E depois Yeltsin sentava-se na cratera ou latrina, mostrava a Amalfitano os dedos que lhe faltavam e falava da sua infância e dos Urais e da Sibéria e de um tigre branco que errava pelos infinitos espaços nevados. Seguidamente tirava uma garrafa de vodka da bolso e dizia:

— Acho que é hora de beber um copinho.

Obs.: A Livraria Cultura (link acima, na coluna do meio) tem 2666 na edição espanhola da Anagrama. Pelo que é, custa bem baratinho, R$ 71,34. Afinal, veio de um país onde as edições são enormes. A propósito, lançado em 26 de setembro em Portugal, 2666 já vendeu 23.000 exemplares. Pobre Brasil-sil-sil…

Montevidéu e Buenos Aires

Muitos gaúchos conhecem ambas. Para nós é simples ir a Montevidéu: há passagens de avião por R$ 200,00 para Montevidéu ou podemos ir de carro ou ônibus. A estrada é reta, um convite ao sono, mas vale a pena. Ir a Buenos Aires é pouca coisa mais complicado. O avião é mais caro, o ônibus é inviável — faz o contorno por Uruguaiana em vez de descer direto — e é uma maravilha ir de carro visitando ambas as cidades, apesar da travessia entre os portos ser bastante cara se você não puder deixar seu amado veículo numa garagem de Colonia (há muitas, são seguras). Não sei quanto custa o Buquebus hoje, mas lembro ter consultado e ter desistido do carro. Bem, chega de bancar o guia turístico!

Buenos Aires é orgulhosa e, gostemos ou não, tem razões para sê-lo. Afinal, a cidade é muito bonita e tem o perfume do tango em cada esquina. O tango não é o folclore cultivado dentro de uma cidade cheia de roqueiros e rappers, o tango é vive, desenvolve-se e é ouvido em todos os cantos, turísticos ou não. É aquilo que Piazzolla queria chamar de “Musica Popular Contemporánea de la ciudad de Buenos Aires” na época em que lutava contra os tangueiros tradicionais. Adoro caminhar tanto no centro como nos bairros de Buenos Aires, não obstante o fato de a cidade não ser exatamente segura. Já fiz caminhadas inacreditáveis pela cidade, uma das últimas de uns 10 Km, com a Claudia, entre as 2 e 4 da manhã. O que fazer se as grandes cidades são lindas vazias, à noite, úmidas de madrugada? A Claudia concorda, mesmo que no final estivéssemos caminhando dormindo, em silêncio, rindo muito de vez em quando, sem motivo. Realmente, não existe companheira de viagem como minha mulher. Topa e se interessa por tudo. O único problema é que não empresto.

Porém, prefiro Montevidéu. É mais próxima de Porto Alegre em tamanho e em espírito, é mais próxima do que seria Porto Alegre se os gaúchos fossem cultos e interessantes, e é mais próxima fisicamente. Pois Montevidéu tem livrarias aos montes na avenida principal. E teatros. E possui um centro ativo, que não vende só baratilhos. É uma cidade que saudavelmente reage contra a padronização dos shoppings. Há “Dias do Centro” nos quais as lojas dão descontos e a gente vai ficando por ali, esquecido da vida sem charme dos shoppings. É tranquila e, OK, menos arrebatadora do que sua vizinha, só que os uruguaios são mais gentis, merecedores de boa pontuação num campeonato de slow life. Come-se barato e maravilhosamente em Montevidéu, principalmente fora do roteiro turístico e ela só perde para Buenos Aires nos táxis, lá incompreensivelmente acessíveis. Outra coisa legal em Montevidéu são os preços dos antiquários. Imagine que dá para comprar um rádio Spica em perfeito estado por menos de R$ 50,00!!!

Vou ouvir o jogo nele, pois hoje estas duas cidades — rivais desde que o samba é samba — se enfrentarão. Nem imagino como ficará a praça que circunda o Estádio Centenário. Haverá um Uruguai x Argentina que poderá ser fatal para um dos dois se o Chile não fizer sua parte. Na melhor das hipóteses, o resultado fará com que um dos países jogue uma humilhante repescagem para poder ir à Copa do Mundo de 2010. Claro, sou uruguaio desde o berço. Mas não gostaria de ver Argentina fora de uma Copa do Mundo. Há sempre algo de escandaloso e dramático nos portenhos… Eles não podem ficar fora da Copa. Ainda mais com aquele técnico de opereta. Eles que joguem a repescagem!

O comentário de Luís Augusto Farinatti sobre Montevidéu merece vir aqui para o post:

Fui só uma vez a cada cidade. E não me perdoo por não ter ido mais. Pretendo corrigir isso em um futuro próximo.

Milton, Montevidéu é, mesmo, a própria slow life. Terei lido em algum lugar que Hemingway dissera que a Espanha era o último lugar civilizado do mundo? Pois agora é Montevidéu.

Fomos até lá de carro, em dezembro de 2007. Passamos por léguas e léguas de campo vazias, e pela estupidez dos mares de eucalipto e pinus da Botnia.

Comemos um filé com chimichurri inacreditável no trevo de Tacuarembó, a cidade das lambretas.

Depois de 2 horas sem cruzar com um único carro, chegamos a um posto de pedágio. A funcionária parou de ler e nos atendeu. Provavelmente foi ilusão de ótica, mas ela parece ter se surpreendido.

Emprego perfeito para uma escritora, comentei com minha mulher.

Fiquei encantado passando ao largo de Durasno. Olhei para as ruas com árvores altas, casas antiquíssimas dando direto na rua e as pessoas colocando cadeiras para sentar na calçada ao entardecer. Parecia minha pequena cidade de infância. É por isso que o Uruguai não vai para a frente. Ele é feito para a memória.

Em Montevidéu, todos andam com garrafas térmicas e as pequenas cuias de mate debaixo do braço. Eu disse TODOS: os velhos, os homens de terno e gravata, as colegiais adolescentes.

Saí do prédio da Universidade, onde estava em um congresso. Entrei na primeira livraria que vi aberta. Encontrei um livro clássico de um grande historiador uruguaio dos anos 80. O rapaz da livraria aproximou-se e me disse: “Gosta do Livro? Quer conhecer o autor?”. E me levou até um canto iluminado, onde um velhinho estava sentado, lendo.

Apontou para o velho: este é o grande historiador. Foi corrigido imediatamente: “já fui… agora apenas assombro livrarias”. Conversamos por mais de uma hora.

Fui ao museu do Torres Garcia e não comprei uma gravura. Sou uma besta. É fato.

Fiquei olhano o Rio da Prata, com minha mulher, que também não negocio. Por horas.

De Buenos Aires não vou falar hoje. Gosto demais da cidade e, inclusive, dos habitantes. Mas hoje se trata de futebol. Aí não tem jeito…

Ah…

E o bisavô da minha mulher era uruguaio. Migrou para o interior de uma cidade da Campanha Gaúcha.

Lá era tido por louco, pois tinha modos estranhíssimos: lia e escovava os dentes. Todos os dias.

Quando começou a dizer que os americanos e russos estavam construindo aeronaves para ir à lua, o povo deu o caso por perdido. Era só esperar o velho arrancar as roupas e começar a jogar pedras nas pessoas.

Todas as filas a fila

1. Dizem que o OPS trocará de servidor neste fim de semana. Estaremos certamente parados por algumas horas antes que paremos por completo.

2. Ontem foi o dia de instalar programas. Troquei meu velho notebook por um desktop bem mais parrudo. Queria trocar de notebook, mas digamos que era mais “fácil” comprar uma configuração com mais disco e memória se voltasse ao velho desktop. Sem problemas. Por conta da confusão, perdi de acompanhar a formação de mais um belo grupo de comentários, mas era necessário: os 40 GB e o XP ainda original — nunca reinstalado — do meu velho Dell Latitude mereciam aposentadoria. Ele se pagou, foram quatro anos de trabalho intenso. Hoje ele vai se assustar por não ter sido ligado. Talvez ele sirva para viagens. É incrível como consigo não estragar minhas coisas, mas a fila tem de andar.

3. Ontem também foi o dia de conversar com as assistentes sociais que acompanham o cumprimento de minha pena. Elas me pediram um tempo antes de fazerem a provável (certa) transferência. Fiquei tão indignado com aqueles acontecimentos que fiz questão de agregar a meu processo um texto que não era outro senão o post linkado acima. Elas ficaram tão pasmas com o acontecimento quanto eu, ou ao menos fingiram muito bem. Fui claro, disse que considereva-me ofendido. Querem contatar a instituição, o juiz, o escambau. Só espero que não lembrem de direcionar as consequências para meu combalido ânus. Chega, né? Querem saber?, temo muito passar de vítima a vilão.

4. À noite, fui ao show do Guinga, do baixista Max Robert e da cantora Marcê Porena no Teatro São Pedro. A desproporção entre o que toca e compõe Guinga em relação a Max Robert é acachapante. Não sei o motivo de se apresentarem juntos. Já está mais do que na hora de Guinga, 59 anos, assumir-se como chefe e fazer-se acompanhar de um pequeno grupo e de uma cantora ou cantor eficiente. Esse negócio de ficar longos minutos — tempo emocional — suportando composições e interpretações de segunda categoria à espera de alguns minutinhos — tempo emocional — do grande violonista e dentista Guinga, é como ir ver um show de Chico Buarque e ele convidar Joana para cantar por uns 45 minutinhos.

5. Há gente louca para tudo. Tanto que uma pequena e simpaticíssima editora me convidou para publicar O Monólogo Amoroso com eles. Teria que finalizar, né?

6. Vou tentar produzir algo futebolístico para o Impedimento hoje. Há algum tempo comecei uma série chamada “A ascensão e a ascensão dos negociantes”. Burramente, parei no segundo ou terceiro capítulo. Pior, deixei de fazer anotações. A tese será baseada no Inter, mas serve para todos. O Internacional é hoje um balcão de negócios, porém a estrutura comercial não consegue criar resultados, apenas lucro, egos e esperanças de contratos no exterior para os jogadores. Tudo o que chega ao Inter, excetuando-se Guiñazu e Clemer, tem o imediato horizonte da venda. Os caras são tão bons nisso que até Magrão conseguiu ser negociado, mesmo que tivesse se arrastado por meses em campo. Bastou duas boas partidas e tchau. O técnico Tite há que ser compreendido. Ele esta lá não para fazer futebol, mas para fazer a fila de vendas andar. Então, só joga quem estiver na hora de ser vendido. Se fosse investidor, acho que gostaria deste “técnico”. Quem sabe o Inter passa a informar a torcida sobre os balancetes? A gente torceria por eles, mas sempre haveria um chato para contestar as comissões…

7. Ah, e acho que está na hora de tratar disso. Afinal, nove entre dez conselheiros independentes sabem que o Beira-Rio tem de ser derrubado para a Copa. Não há conserto. É sucata. E, olha, a questão é muito séria. Há um grupo de pessoas que estão esperando o time melhorar para denunciar a verdade. Só que o time não lhes dá a mínima chance. Em tempo: acho ridícula toda esta movimentação para vermos dois ou três jogos da Copa na cidade. Já pensaram se nos couber Gana x EUA, Equador x Japão, Arábia Saudita x Bélgica?

Relatório Franciel

Quando chegamos ao estádio Olímpico — eu, meu filho e o Butragueño de Amaralina –, tomamos uma enorme vaia que encarei com bom humor. Nada demais, apenas palavrões. Quando entramos é que houve o primeiro choque: atendendo a seus arbóreos, finos e calosos torcedores, o Grêmio viria sem Tcheco. Mas aquilo era só o primeiro prato, pois logo veríamos um prato principal que outro não era senão a famigerada linha de quatro jogadores no meio-campo: Souza, Adílson, Rochemback e Douglas Costa. Ou seja, Souza e Douglas Costa estariam a quilômetros de distância. Quando vi aquilo, pensei de imediato neste parágrafo, nas inevitáveis críticas a Autuori, na futura entrada às pressas de Tcheco e no entusiasmo que isto causaria. O único grave problema encontrava-se no fim do túnel de meus pensamentos — lá estava novamente Dante Sasso dizendo inexoravelmente que não curtira o parágrafo.

Era uma experiência nova aquilo de ficar numa arquibancada vazia protegido pela polícia de Yeda Crusius. Chamei um guarda para um papo. Avisei e ele que, apesar de ocuparmos um latifúndio improdutivo e quase silencioso, não éramos do MST. Mostrei-lhes minhas mãos de dândi e eles baixaram as armas. Mas um brigadiano mais arguto desconfiou de meu sotaque, obrigando Franciel a intervir:

— Esse porra faz a porra de dez anos que vive na porra desse estado e perdeu um sotaque da porra que fazia a porra da madeira gemer — disse ele no mais irrepreensível sotaque Elevador Lacerda.

O primeiro policial garantiu, com ar de inteligência:

— Ele parece a Sônia Braga de Dona Flor, deve ser baiano mesmo.

E o segundo lhe cochichou:

— Sim, os cabelos são os mesmos.

E em voz alta:

— Podem ver o jogo.

Em campo, eu torcia para um time que não conhecia direito. Acreditem, é pior. Há anos não ficava nervoso num estádio. Não tenho mais idade para essas angústias, mas o fato de só conhecer Magal, Viáfara, Apodi e Leandro Domingues estava me deixando maluco. Apodi via pela primeira vez em sua vida dois laterais para impedir-lhe a passagem: Douglas Costa e Lúcio. Lúcio olhava para a frente e pensava em como fazer um overlapping educado em Douglas para chegar à linha de fundo. Douglas não sabia se abria espaço para Lúcio passar, se atacava ou se marcava Apodi. O mesmo impasse triângular ocorria do outro lado. Souza pensou que talvez devesse telefonar para Douglas Costa a fim de marcar um encontro. Mandava-lhe recados através de Adílson, que os repassava a Fabio Rochemback. Este estava muito ocupado em desfilar sua elegância algo exagerada e esquecia-se de avisar Douglas.

Enquanto isso, o Vitória marcava, desarmava, tocava a bola com tranquilidade e divertia-se perdendo gols, coisa na qual não víamos graça alguma. O excelente Neto Berola mostrou que não era Luís Fabiano ao tocar por cima do gol em jogada idêntica a que seu modelo converteria horas depois. Roger… Bem… Roger… Melhor não falar. Quase morremos na arquibancada. Não se mira no pobre zagueiro que está dentro do gol quando temos o gol aberto, mas diversão e lazer é um direito previsto na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Cônscio do fato, Réver resolveu colaborar com a brincadeira de perder gols do Vitória, mas Neto, demonstrando que não se deve confiar em baianos, fez o gol. Sacanagem.

No intervalo, recebemos um arbóreo torpedo dando conta de que tínhamos sido observados aos pulos, subindo e descendo as escadarias do Olímpico. A RBS mostrou que sempre MENTE ao relatar a seus ouvintes que havia 14 torcedores do Vitória assistindo à partida. Mentira! Havia 35,71% a mais. Éramos DEZENOVE, caraglio.

No segundo tempo, mais brincadeiras. Aos 21 segundos, Leandro Domingues chutou no poste esquerdo de Marcelo Grohe e, aos 4 minutos, Neto Berola fez o mesmo, tentando mostrar que aquele poste era, em verdade, seu. Então Autuori refletiu sobre as vaias que ouvia e conjeturou sobre como seus arbóreos, finos e calosos torcedores eram volúveis: eles agora babavam pelos lindos peitos de Tcheco. O moço entrou e tivemos finalmente chances de ver o futebol dos azuis. Claro, ele não deveria ter entrado. Mesmo sem ser arrasador, víamos bolas mais inteligentes chegando ao ataque gremista. Aquilo perturbou Magal, que acabou expulso por não cometer uma falta. Apavorado por ficar com menos um volante, Vagner Mancini tirava um atacante por minuto, trocando-os por volantes.

Quando tínhamos vinte e seis volantes rubro-negros em campo, Jonas — o qual deveria ser multado por pensar em chutar de primeira aquele passe de Tcheco impossível de acertar — fez um golaço. É aquela coisa, se antes nos tivessem dito que seria 1 x 1, correríamos pelos campos e colheríamos flores, felizes como a Noviça Rebelde. Só que levar um gol daquele jeito nos deixara a certeza de que estávamos destinados a morar até o fim dos dias com a madrasta da Cinderela.

Franciel passou bem. A hospitalização foi rápida e mesmo que o marca-passo tivesse parado às quatro e trinta e cinco da madrugada por defeito numa pilha paraguaia, teve a sorte de encontrar um doador argentino vitimado por Kaká. Nunca vi ninguém mais nervoso. Ele pergunta o tempo de jogo a cada trinta segundos, mas não usa relógio. Ele quer saber dos outros resultados, mas não usa rádio. Ele quer entabular arbórea conversação, mas não usa celular. Como vingança, levei-o ao Parque da Harmonia e mandei-o contar todas as piadas de gaúcho de seu repertório, também mostrei-lhe a arquitetura dos Supermercados Zaffari, visitamos a Vila Cruzeiro e tomamos banho no Guaíba. Como compensação, deixei-o fazer livremente a opção entre comida vegetariana e Mac Lanche Feliz. Nada de carne vermelha. Amanhã, terá moqueca podre.

Hora de conferir todo o acarajé e malemolência do Butragueño de Amaralina

As organizações O Pensador Selvagem, ImpedCorp (detentora dos direitos do blog Impedimento) e o Esporte Clube Vitória da Bahia têm a honra de apresentar….:

(Fanfarras)

Franciel Cruz em Porto Alegre!

Para os mais distraídos informo que o grande Franciel empresta sua pena demolidora a dois blogues, sendo que num exercita desenfreada fantasia e noutro, sua única verve estilística. Um reside na grande planície inculta do WordPress, outro no articulado condomínio privado O Pensador Selvagem. Costuma também ser meu colega no Impedimento onde volta e meia tergiversa espetacularmente sobre as más atuações de seu time.

No vão desvario de ver seu time Campeão Brasileiro — pera aí, aí ao lado ele fala na América? Tsc, tsc, tsc… –, prerrogativa a ser exercida pelo Internacional de Porto Alegre em 2009, ele há algum tempo marcou viagem para Porto Alegre. Na época, eu lhe ofereci comida e hospedagem na majestosa residência dos Ribeiro na Zona Sul de Porto Alegre. Ele aceitou, respondendo que Deus me pagaria, fato que ansio ocorra logo e con interés. Porém, dias depois, pedi-lhe candidamente que a comentasse o jogo Barueri 4 x 0 Vitória. A ingênua solicitação foi respondida da forma mais velhaca, abjeta, ignóbil, escrota e desprezível, conforme vocês podem conferir abaixo.

Scarlett

Aprendi com o menestrel alagoano Thalles Gomes que não devemos ter pudor de sacar do coldre nossas falsas erudições para iludir o distinto e inculto público. “Não falha nunca, Sêo Françuel – principalmente se apelarmos para um autor conhecido. É batata. A patuléia se identifica e ainda acha que também é inteligente”, confidenciou-me o sacana com seu antiquado sotaque carioca, pouco antes de ser escorraçado do Rio de Janeiro como charlatão.

Pois muito bem. Sigo seu conselho e, desavergonhadamente, não gasto nem mais um parágrafo para atravessar o Atlântico e solicitar o auxílio do menino Fernando Pessoa, na voz rouca de Alberto Caeiro.

É claro que vocês sacam aquela ladainha de que o rio da aldeia do gajo era muito mais belo e aprazível javascript:;que Tejo, certo?

Pois então. Desde tempos imemoriais, aplico tal tese em relação às mulheres. Prefiro a mulata da esquina, que passa mexendo mais do que Ferry Boat em dia de mar agitado, do que estas musas de plásticos que enfeiam as revistas.

Aliás, sempre achei este negócio de ficar admirando mulher inatingível uma perda de tempo dos seiscentos. Inclusive, nunca consegui entender o comportamento de um amigo gaúcho (por favor, não espalhem que eu tenho um amigo gaúcho) que todo sábado publica fotos e mais fotos de garotas que ele nunca vai comer. Pra quê, meu deus?, pergunto sempre, mas o Onipotente se esconde em alguma nuvem negra e não responde. Se não fosse minha incurável elegância, eu diria que mais do que perda de tempo, isto é um grave sintoma de xibungagem.

A disgrama é que toda regra tem exceção e eu também caí no canto da sereia.

Scarlett.

Antes, porém, de falar da menina Johansson percebo que é hora de meter um pouco mais de erudição (obrigado, Thalles).

É óbvio que vocês conhecem o poema Teresa de Manuel Bandeira, né? Sim, aquele mesmo no qual ele diz que a primeira vez que viu a referida achou que ela “tinha pernas estúpidas”, que na segunda percebeu “que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo” e que na terceira vez não viu mais nada, pois “os céus se misturaram com a terra e o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas”.

Pois então. Minha relação com Scarlett foi diferente. Não esperei a terceira vez. Peguei afeição pela moção logo de prima, quando a vi abandonada no filme Uma rapsódia americana. Putaquepariu futebol e regatas! A menina tinha uma quase vulgaridade e imponência das divas de antanho, um num sei o que de indizível – seja lá o que isto signifique.

E, desde então, que não vejo a hora de deixar meu filho com fome e gastar todo meu parco contracheque com aquela gazela. Investirei todo meu patrimônio apenas para que ela olhe pra mim com aquele mesmo olhar que devotou a Woody Allen. E nem venham falar em leite das crianças. Não aceito chantagem. Já vi homem muito mais sério do que eu perder trator, fazendas e fortunas com mulheres menos abençoadas, que não teriam condições nem de amarrar as chuteiras de Scarlett.

“Por falar em chuteiras, Sêo Françuel, isto aqui é site sobre futebol. Que horas o senhor vai falar sobre o jogo entre Vitória x Barueri?”, pergunta-me um desalmado gaúcho. Ao que, secamente, respondo. Nunca, nécaras, jamais. E invoco a sábia sentença do santo Bento XVI: “Estes gaúchos são todos viados. Onde já se viu querer interromper um discurso sobre Scarlett para tratar de um jogo chinfrim de futebol? – se é que aquele triste espetáculo que aconteceu ontem em São Paulo pode ser chamado de jogo de futebol”.

Palavras da Salvação.

Franciel Cruz

Este é o preito que recebo por franquear minha mansão e conceder vitualhas a este soteropolitano descrido e indevoto. Mesmo assim, repercuto aqui o convite composto pelo ínclito Daniel Cassol no Impedimento de ontem. O chamamento — que copio abaixo — é extensivo a quem se interessar, mas a presença terá de ser antes confirmada em comentário neste post.

ImpedFest relâmpago em honra a Franciel Cruz

Meu povo legal, meu povo jóia, a verdade que cura e liberta é uma só: o rouco locutor das terras baianas, Franciel Cruz, virá a Porto Alegre desviar o foco do Dia da Independência, ensinar-nos o ludopédio em 18 idiomas e orientar o Bitória na partida contra o Grêmio no estádio Olímpico. E, não mais importante, estará na capital de todos os bovinos para beber, e não para conversar.

Puta que pariu a mãe do guarda!

Diante do exposto, sacamos nosso Anapion do coldre para convocarmos a massa impedimentense para um evento sem parâmetros na história da beberagem mundial: a ImpedFest relâmpago em honra a Franciel Cruz.

Será nesta sexta (4), conhecida também como HOJE, no tradicional bar Parangolé (Lima e Silva, quase chegando na Perimetral), a partir das 19h30 (dezenove horas e trinta minutos).

Valhei-me Vagner Mancini!

Mas não pensem que a Semana Franciel termina por aí.

Seguinte é este.

No sábado, às 18h30, ele poderá ser encontrado na arquibancada destinada à hinchada de Bitória no confronto contra o Grêmio.

Na segunda, às 17h30, o Butragueño de Amaralina ministrará uma aula de futebol em 18 idiomas – além do baianês – numa ImpedNua extraordinária a ser realizada no Camisa 10 (quem quiser participar, se manifeste nos comentários).

No intervalo destas atividades, Franciel Cruz estará de mãos dadas com Milton Ribeiro.

Palavras da salvação.

Conselho de Idosos da ImpedCorp.

Por favor, não me procurem sábado de manhã.

Entre sinucas e surubas

Enquanto a Apple lançava seu iPhone 3Gs com uma bússola digital que permitirá a Douglas Ceconello saber onde está mesmo caindo de bêbado, Paulo Autuori nos mostrava que podemos sentir saudades de Jonas e Tite acertava seu time de forma absolutamente casual. Você pode comprar seu iPhone por míseros R$ 2.400,00 no Mercado Livre com a finalidade de descobrir seu lugar no mundo, mas seu time não poderá melhorar adquirindo algum dos flamantes jogadores da vitrine de agosto, pois setembro chegou e as únicas mudanças que você pode esperar são as propostas pelo procurador Paulo Schmitt e as convocações sempre oportunas ao bolso dos empresários amigos da CBF.

O iPhone 3Gs apenas mostra onde você está, mas não sabe para onde você irá. Talvez o GPS que ele contém indique para onde você deve ir e, neste caso, você pode obedecê-lo ou não. Em vez de ir para casa, por exemplo, você pode deixá-lo apitando feito um maluco enquanto dirige-se àquele endereço da Rua Olavo Bilac, 336, caso em que sua mulher, se souber, certamente apitará e mais, ficará rubra. Talvez até peça isonomia, coisa inaceitável. Dizia eu que sua mulher ficaria rubra, mais ou menos como uma sócia campeã do mundo. Foi o caso do campeão do mundo Paulo Autuori. Alguns amigos me disseram que ele não é muito chegado, mas isso realmente não me interessa, não sou homofóbico nem besta, e ele pode fazer o que quiser desde que não me inclua. O fato é que ele não conseguiu prever a cagada que seria convidar um time fraco e ruim como o Botafogo para seu campo. “Times ruins, jogando em casa no ataque” X “Times sem contra-ataque” costuma ser uma combinação fatal para o segundo. É como no boliche: você tantas vezes joga a porra daquela bola que de repente faz um strike sem explicação. O caso de Tite foi outro, ou não. Foi a sorte, a mesma do strike. Sem querer e sem brochuras, ele tirou do prelo o esquema de Abel Braga. Índio empurrou Danilo Silva ao ataque, Eller fez o mesmo com Kléber e quando o Goiás deu-se conta estava tão ou mais perdido do que um bêbado sem o iPhone da Apple pela rua.

A torcida do Inter não dá muita bola para Eller, tipico jogador do Rio. Ele chega com aquela saída de bola sem chutões — ao contrário, tem saídas cheias de argumentos convincentes — e aquela noção de antecipação do zagueiro que não querr (sotaque carioca) saberr de corrpo a corrpo. Ora, ishto não satishfash o desejo que todo o gaúcho tem de uma grossura mais do que argentina, talvez semelhante a de um time de rugby neozelandês. Os gaúchos gostariam que seus times fizessem aquela dancinha tribal para assustar os adversários (que morreriam de rir e aumentariam nossa fama nacional). É o caso também de Tcheco. É o melhor jogador do Grêmio há anos, mas os gremistas tolos o odeiam. Ele corre, desarma, faz gols, dá passes perfeitos, dribla, salva o time e nunca errou um puto pênalti. Pero look at him: ele tem cara de bebê chorão e fala com a cabeça baixa, reclamando sempre. Não é elegante, não parece um Capitão, parece um merda. E não é. Ou seja, ele é tudo aquilo que um americano nojento qualificaria como um loser, mas trata-se de um winner milionário que fez fortuna nos campos de petróleo das arábias. Queria eu ser um loser assim. Porém eu dizia, ou não, que ninguém parece saber onde está e nem para onde vai.

O iPhone 3Gs pode dizer exatamente onde o vivente está e até auxiliá-lo em seu caminho futuro, mas o trânsito pode atrapalhar. Com razão, sempre se disse que 66% de aproveitamento dariam um lugar entre os quatro primeiros e um acompanhamento próximo do líder. No Brasileiro, tal noção matemática aparece ampliadíssima. O líder tem 41 pontos; porém, se tivesse 66%, teria 44. Ou seja, a tabela de classificação está achatada, achatadíssima. Todo mundo é de todo mundo no Surubão 2009. O São Paulo queria ser o herói que trepa por sacadas e janelas e deposita um prometedor ósculo nos lábios da mais bela moça da cidade, mas ganhou 1 ponto dos últimos 6 que disputou. O Avaí também subia pelo mesmo caminho, contudo, antes de se acostumar à vidinha de G-4, foi vitimado por um centenário candidato ao rebaixamento, bem antes de dar o planejado amplexo naquele que antevia como futuro sogro.

Hoje à noite, por exemplo, o Inter quer manter-se em riste na Suruba, enquanto o Atlético só pensa em apagar a luz e jogar uma porca-espinho na festa. Eu fora! Mas vou ao jogo logo após a noite de autógrafos de minha talentosa amiga Carol Bensimon. Deixe de ser inculto e desinformado, vivente! Carol é a melhor coisa literária surgida por essas bandas nos último anos. Seu segundo livro já sai pela Cia. das Letras. Vai lá, animal.