Inter x Benfica na reinauguração, claro

Inter x Benfica na reinauguração, claro
Claudiomiro após marcar o primeiro gol do Beira-Rio em 6 de abril de 1969.
Claudiomiro após marcar o primeiro gol do Beira-Rio em 6 de abril de 1969.

Hoje, Diogo Olivier anuncia que o show de reinauguração do Beira-Rio contornos épicos com orquestra, coral, etc. OK, mas o vou a estádios de futebol para ver futebol e creio que meu amigo Luís Frederico Antunes, grande torcedor do Benfica, tem toda a razão ao sugerir que o primeiro jogo do estádio reformado seja novamente um Inter x Benfica. Afinal, quanto mais não seja, aquilo deu sorte. Logo de enfiada, nos dez anos seguintes, vencemos nove Campeonatos Gaúchos — competição importante na época — e três Brasileiros. A partir dali, deixamos de ser um fenômeno regional. Então, repitamos: tenhamos outro Inter x Benfica, por favor. Futebol é emoção. De que adiantaria trazer um clube sem a menor ligação afetiva conosco? Um novo Inter x Benfica seria justo, correto, histórico e coerente.

Abaixo a mensagem de Luís Frederico:

Caro Milton.

Faz muito tempo que não te escrevo. Sempre que posso vejo o Inter.

(…)

Bom, mas escrevo-te por uma razão objetiva. O Internacional está perto de inaugurar o seu novo estádio. Seria interessante que fosse de novo com o BENFICA. Pelo menos se preservava um pouco da memória histórica do clube. Havia um elo de ligação entre o velho Beira-Rio e o novo. Os sócios mais idosos e os outros que têm boas recordações dos gloriosos tempos de Falcão não perderiam essas imagens… Se os times principais não puderem vir então que venham os juniores. Abririam o espetáculo de inauguração e depois o time principal do Inter poderia jogar com outro histórico com calendário disponível. Mas, enfim, o ideal seria a primeira hipótese: os dois principais times do INTER e do BENFICA.

Um abraço para ti e para a tua família luso-brasileira.

E o Benfica novamente caiu de joelhos diante do Porto

Quando Kelvin fez o segundo gol do FC Porto, novamente pensei que o Benfica é igual ao Internacional dos anos 80 e 90. Aquele colorado até formava bons times, ganhava jogos, mas levantar taças (ou ganhar jogos decisivos) é algo muito diferente. Para ganhar campeonatos é necessário um gênero de vontade e ousadia diferentes, exatamente o que o Benfica não tem e que o Internacional aprendeu a ter apanhando muito. Meus dois times estão em situações antitéticas. Em Porto Alegre, o Inter ganha um ou mais campeonatos por ano; em Lisboa, quase nada. O Benfica não sabe que, quando estamos ganhando um jogo decisivo, há que melar os minutos finais com quedas, faltas a cada minuto, reclamações dramáticas ao árbitro, etc. Partidas muitas vezes são ganhas por anjos, campeonatos são coisas decididas por atores dispostos a tudo. Não entendo como o Porto fez seu segundo gol nos descontos sem maiores dificuldades, numa jogada de um ex-jogador de futebol conhecido nosso: Liédson, que recém entrara em campo.

Há duas rodadas, o Benfica estava 4 pontos na frente do Porto e invicto. Na semana passada, já avisou que estava louco para entregar a rapadura — empatou com o Estoril e ficou a 2 pontos de seu principal adversário. E hoje perdeu por 2 x 1, deixando o Porto passar a sua frente com apenas uma rodada para ser jogada.

Jogando na casa do Porto, o Estádio do Dragão (ui!), o Benfica saiu ganhando. Logo o Porto empatou, mas depois nunca massacrou, nunca pressionou fortemente o time lisboeta. Tudo parecia sob controle: o Benfica estava em pé, demonstrava compostura e esquema tático. Porém, se o Porto não massacrava em campo, o Benfica provavelmente massacrava-se internamente. E, lentamente, a equipe foi se desmanchando, se desmanchando e então o técnico Jorge Jesus cometeu o maior dos absurdos: lançou mão da  estratégia que a torcida colorada costuma denominar de chama-derrota. Em vez de tratar de manter a posse de bola e o adversário sob contra-ataques, retirou um jogador de frente para colocar um zagueiro. A entrada de Roderick Miranda no lugar de Gaitán indicou claramente ao Porto que “não vamos atacar mais, vamos ficar todos lá atrás e o papel de vocês é o de tentar fazer o gol que lhes falta; o nosso, de impedir”. Ora, uma das coisas mais simples e esquecidas do futebol é a necessidade de fazer com que o adversário fique longe de nosso gol. Ou temos uma super-defesa à italiana, ou o melhor a fazer é sair com a bola para longe, trocando passes.

Quando Liédson passou a Kelvin e este chutou cruzado, a TV mostrou a mais dramática, bela e importante imagem do jogo. O técnico Jorge Jesus desabou de joelhos, fazendo cara de enorme dor. Não encontrei nenhuma foto da cena de Jesus ajoelhado à beira do gramado de cabeça baixa e com cara de dor, mas digo que a profunda dor moral foi causada por ele mesmo. Ao final do jogo, JJ declarou: “Esta derrota penaliza fortemente e vai deixar marcas”. É mesmo?

Dizia Drummond — e eu concordo — que amar se aprende amando. Pois eu digo que vencer se aprende vencendo. E está difícil para o Benfica aprender.

À esquerda está Roderik Miranda; à direita, um Jorge Jesus abismado. Adeus, Benfica.
À esquerda está Roderick Miranda; à direita, um Jorge Jesus abismado. Provavelmente, o Benfica deu adeus ao Campeonato de 2012/2013.

Inter sem criatividade, Porto demite-se do penta

O Inter apresenta um grave problema. Não temos o segundo atacante, aquele que acompanha o centroavante (ops!, rimou). Taison e Edu estão muito deficientes, toda bola que vai em suas direções logo passam ao adversário. Perdem todas e não devem ser recuperados dentro de campo, prejudicando o time. Walter parece ter, no mínimo, deficiências emocionais e merecerá a punição que receber por sua fuga. Talvez a solução seja adiantar Andrezinho ou usar Leandro Damião ao lado de Alecsandro, o único avante eficiente que temos, apesar da insistência da parte burra da torcida em vaiá-lo. É complicadíssimo enfiar na cabeça dos torcedores que o jogador que faz gols é fundamental.

Pato Abbondanzieri começou a jogar. Um cara nascido em 19 de agosto não pode dar errado. Simples assim.

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Alguns adeptos do FC Porto vieram a este blog discordar cortesmente de minha opinião sobre a impossibilidade do penta. Pois piorou. Se a matemática já indicava dificuldades na semana passada, o empate com o terrível Olhanense (sim, da conhecidíssima cidade de Olhão), combinado com a vitória do Benfica só fez piorar as coisas. Agora são 11 pontos de diferença para serem tirados em oito rodadas. Impossível. Só o Braga, que está a três pontos, pode tirar o título do Benfica, meu time.

Findi futebolístico

Messi fica com raiva quando o acusam de não ser argentino. O fato é que ele nunca conseguiu repetir as atuações que dá a Barça na seleção. Deve ser horrível para ele, mas é verdade. Para completar, ele marcou o gol que acabou com as pretensões do Estudiantes de La Plata no último sábado. Sim, ele é profissional, porém seu gol não colabora em nada para uma imagem mais “argentina”. As manchetes dos jornais falam que Messi enfiou um punhal no Estudiantes. Isso tem todos os ingredientes de um drama. Messi joga nervosamente em sua seleção e cada vez melhor no Barcelona. Ou seja, sua responsabilidade aumenta conforme acumula glórias para os catalãos. Daqui há pouco, só o título mundial o redimirá.

Ontem, Benfica e Porto fizeram o jogo mais violento que vi em anos. Se fosse no Brasil, teríamos 2 expulsões nos primeiros 15 minutos e os ânimos se acalmariam. Talvez só o político da Fifa Carlos Simon tolerasse as agressões. O Benfica mereceu a vitória. O zagueiro brasileiro David Luiz é espetacular. Se eu fosse o Dunga, chamava agora. Sabe desarmar, cabecear, sair jogando, tudo. E tem raça.