Governador Cabral, só uma coisinha

Sempre achei que nossos defeitos eram apenas aquilo que consideramos nossas qualidades, só que levado a extremos. Chamar o autor no massacre e ontem no Rio de “animal”, além de outras ofensas, é bastante tolo. Este Wellington Menezes de Oliveira cometeu um crime absurdo, brutal e inaceitável, mas é um produto de nossa sociedade. Ele fez um perfil falso de Bolsonaro no twitter e talvez pensasse em defender a família brasileira. E por que matou tantas meninas? Certamente pelos mesmos motivos de purificação religiosa que o fizeram escrever aquelas cartas alucinadas que lemos ontem. E este Wellington sofria bullying na escola, governador. Coisa normal por aqui. E conseguiu armas pesadas. Ou seja, Wellington está bem próximo e tinha acesso às mesmas coisas que nós.

Só que era louco e levou o que temos aí ao paroxismo. Muita religião, fácil acesso à armamento, violência escolar, super-exposição de Bolsonaros… Convivemos com tudo isso, tudo é permitido, até incentivado. Acho que o debate é se teremos uma sociedade tão doente quanto a americana — aquela mistura de deus, culpa, pólvora e irreflexão — e por quê.

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Em protesto, Nelson Freire cancela concertos com a Orquestra Sinfônica Brasileira

Nelson Freire anunciou o cancelamento das apresentações que faria com a OSB — Orquestra Sinfônica Brasileira — , a qual passa por enorme imbroglio entre seus dirigentes e músicos. Freire, que se apresentou com a OSB pela primeira vez há 55 anos, desmarcou os dois concertos agendados para esta temporada — as apresentações seriam em agosto. A notícia repercutiu internacionalmente em sites especializados em música erudita, provando que a OSB tornou-se finalmente uma orquestra de importância mundial, como deseja seu regente titular e diretor artístico Roberto Minczuk.

O cancelamento deixa clara a contrariedade do pianista para com as atitudes da Fundação OSB e de seu regente titular e diretor artístico, Roberto Minczuk. Sempre discreto e elegante, Freire, um homem que é um monstro ao piano, que estuda e trabalha mais de seis horas por dia no instrumento e que poderia ter testado e cheirado até do avesso, manda um recado inequívoco: “Sou solidário aos músicos demitidos”.

Caras como o polêmico crítico inglês Norman Lebrecht comentaram o rumoroso caso que talvez possa ser resumido assim:

O regente titular e diretor artístico Roberto Minczuk — neste acúmulo de cargos mora um grande perigo, é o mesmo que dar poderes ilimitados a uma potencial estrela — resolveu realizar, assim de surpresa, provas de avaliação de desempenho. A convocação aconteceu logo após o início da férias da orquestra e a ordem era que deviam prestar uma prova de avaliação do seu potencial artístico. É estranho, pois não há notícia de caso semelhante, nenhuma orquestra do mundo exige tal prova, pois a avaliação é diária. Mesmo as avaliações feitas na OSESP nos anos 90 foram realizadas de forma civilizada, de comum acordo e sem a espada da demissão sobre a cabeça de ninguém — quem era ruim ia para o time B tocar nos festins estaduais, quem era bom ficava no time e as vagas que sobrassem eram preenchidas por novos concursos. Era justo. Na OSESP, John Neschling sabia que tinha um grupo fraco e que precisava reforçá-lo. De forma clara, justa e conversada, montou a maior orquestra do país.

Como disse, as avaliações nas orquestras e mesmo nas empresas costumam ocorrer no dia a dia e não em provas de proficiência. Trabalhei numa multinacional onde havia um ranking de funcionários. Achava confortável, nada agressivo e lutava para ter resultados. As regras era claras e factíveis. A empresa estabelecia metas e a gente ia atrás delas com chances de recuperação e aconselhamento durante o processo. Neschling, na OSESP, sabia muito bem quem ia passar e quem não ia. E criou funções para seu time B. Havia necessidade? Mas é claro! Há concertos e concertos e há a necessidade das orquestras criarem conservatórios ou escolas, não?

Porém, na OSB houve até um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Além das indenizações garantidas pela legislação trabalhista à demissão sem justa causa (aviso prévio, multa de 40% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS e saque do FGTS), o plano oferecia continuidade dos salários e do plano de saúde até o próximo mês de junho. Criou-se assim um impasse que o autor destas linhas vê como MUITO COMPLEXO, pois se havia desacordo sobre os critérios, tempo de preparação e a exigência inédita da prova, havia também o regente e diretor artístico.

Roberto Minczuk, Roberto Minczuk… é apenas um Roberto Minczuk, nada mais, e desta forma deveria se comportar com um deles. Os músicos fizeram o maior barulho, alegando que não precisariam ser reavaliados, uma vez que já haviam passado por um rigoroso concurso para entrar na orquestra, no que têm razão parcial, em minha humilde opinião.  Também diziam que não haveria tempo suficiente para se prepararem e reclamavam que deveriam ter sido convocados para colaborar na criação do sistema de avaliação, no que tem toda a razão. E protestavam que eram avaliados diariamente, no que têm carradas de razão. Ou será que Minczuk desconhece o grupo com o qual trabalha?

Além disso, Roberto Minczuk não seria avaliado… Por que não? Vi-o reger duas vezes e suas concepções eram bastante discutíveis.

A atual contabilidade mostra a dureza dos dirigentes da orquestra. Dos 82 músicos, exatos 41 não compareceram às duas chamadas para a avaliação. Destes, 31  já receberam o comunicado de demissão. Dos outros dez, sete estavam com atestado médico e foram convocados para uma nova audição, marcada para amanhã (06/04). E três também foram chamados novamente para a avaliação, por não terem recebido a convocação anterior.

Os demitidos já entraram na Justiça do Trabalho. Enquanto isso, ensandecidos, a OSB decidiu cumprir o calendário de concertos deste primeiro semestre de 2011 com a OSB Jovem, orquestra formada por bolsistas. É a loucura completa. Parece uma caça às bruxas.

Estranhamente, a OSB informou que não há relação entre a crise com os músicos que rejeitaram a avaliação e a série de audições para seleção de novos músicos que a direção da orquestra promoverá, durante o mês de maio, em Londres, Nova York e no Rio de Janeiro. O objetivo, segundo a fundação, é apenas a de preencher 13 vagas que estão abertas no corpo orquestral da OSB: seis para violino, três para viola e uma para violoncelo, clarineta, trombone e piano. Bem, então também não haverá segundo semestre, correto? Pois saem 41 e entram apenas 13! Muito estranho.

Minczuk segue defendendo que as avaliações serviriam para elevar a orquestra a um padrão internacional. Conseguiu. O assunto está presente em todas as revistas e colunas mais ou menos especializadas do mundo. Não sei se Minczuk está feliz com o gênero de notoriedade alcançada. Mas acho que ele deveria escolher entre permanecer como diretor artístico — cargo que ele deve desprezar mas que lhe dá poder — ou regente. Isso, é claro, após o aval de uma banca de padrão internacional, como ele gosta.

Afinal, quando um Nelson Freire — calmíssimo, jeitosíssimo, ultramineiro — chuta o pau da barraca, é porque a coisa foi longe demais.

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Bolsonaro ganha um amigo

Uma brincadeira de Lula em Pelotas serviu de mote para que Ricardo Noblat escrevesse um texto em defesa da democracia e das posições assumidamente homofóbicas e quase admitidamente racistas de Jair Bolsonaro (PP-RJ). O texto é notável, sobretudo porque defende com a democracia um admirador da ditadura. Bolsonaro seria um “fascista do bem” e, dentro desta categoria, pode cometer o crime que lhe aprouver — mesmo à revelia da Lei Afonso Arinos.

Divirta-se aqui.

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Bolsonaro assume homossexualismo e revela companheiro negro

OK, OK, é 1º de abril e vale tudo. Mas vejam esta matéria que contém esta pérola do pensamento bolsonariano, agora defendendo que os filhos gays tomem porrada:

O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem.

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Charge para o dia 31 de março

É o aniversário do Miguel, filho do Farinatti e da Nikelen e isso é bom. Mas fazer o quê? A charge é do Maringoni.

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A burrice do PSDB para todo o Brasil ver e ouvir

Estava ouvindo rádio ontem em casa, esperando o final da Voz do Brasil para saber quanto estava o jogo do Inter. Então, às 20h em ponto, em vez do meu colorado, entrou um programa do PSDB. Foram dez minutos da mais rigorosa estupidez. Na verdade, acho que a oposição brasileira não lê notícias, estatísticas, nada. Ela não sabe o que hoje é o país e permanece vivendo uma interminável trip nos anos 90. Porque há problemas, muitos, muitíssimos, mas eles não os citam.

Quando os milicos do golpe de 1964 criaram um partido governista (a ARENA) e outro de oposição (o MDB), não foram tão bem sucedidos como o PT com o PSDB. E olha que o PSDB nasceu assim espontaneamente, sem intervenções ou ordens externas. Simplesmente nasceu. É uma oposição inócua, sem sentido, mentirosa e, pior, que não ataca os problemas que todo governo apresenta. Consequentemente, o PT surfa sobre as marolinhas tucanas.

Ontem, tivemos um ressuscitado FHC reaparecendo como grande líder do partido no lugar de Serra. E reclamando de falta de empregos! Ora, o país bate recordes de oferecimento de empregos formais. Chega a faltar mão de obra e as empresas estão investindo em treinar pessoal. Por que não falar na péssima educação, formação, etc.?

E aquela conversinha sobre a censura da imprensa num país em que as empresas de comunicação são de oposição e trabalham incessantemente nisso… O que era aquilo? Para ficar mais patético, não sabem que o Brasil vem subindo nos rankings de liberdade de imprensa… Será que eles acham que enganam alguém com esse discurso? Ou as empresas de comunicação amigas influenciam no discurso?

E a crítica às alianças de Lula quando os aliados do PSDB foram praticamente os mesmos? O PSDB cobra coerência do PT, que deveria apenas se aliar com o PC do B ou o PSTU? Se é  isso, cabe perguntar se temos mesmo uma relação adulta…

Mas minhas maiores risadas eram dirigidas a FHC, a nova liderança. A capacidade de renovação dos tucanos é algo que me deixa tonto. Parece um carrossel onde voltam a aparecer sempre as mesmas caras. Fico tonto.

Vou dar uma sugestão ao PSDB. Comece o próximo programa chamando Dilma de Presidenta Lula. Eu até tenho o resto do roteiro oposicionista, pois ando bem informadinho, mas não vou facilitar. Eles que descubram, porra.

Eu voltei!

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Uma visita

Estava em meu trabalho de editar matérias e escolher posts quando me avisam:

— Índio Vargas está na recepção.

Índio Brum Vargas, escritor, advogado e ex-militante da luta armada, havia chegado para uma entrevista. O único detalhe é que chegara nove horas antes. Desci para falar com homem. Um pouco mais baixo do que eu, de fala tranquila e enorme sorriso, aquele senhor estava achando muito estranha uma entrevista às 19h. Expliquei para ele que nossa ideia era a de uma longa conversa regada a vinho e salgadinhos, que haveria uns três ou quatro, talvez cinco, jornalistas, e que desejávamos saber tudo.

— Tudo?

— Sim, tudo. Nossa intenção é arrancar tudo — , respondi, apesar de ele não estar com cara de quem tivesse intenção de esconder alguma coisa.

Revelei que viria um jornalista de São Sepé — Ah, dos Cassol de lá? Boa gente! — , que o Prestes tinha lido seu livro Guerra é guerra, dizia o torturador como preparação e que a Nubia não apenas lera seus livros como nos informara que havia um inteiro na internet. Ele simplesmente adorou. Disse-me que seu artigo publicado no Sul21 tivera grande repercussão e que ele deveria ter cuidado mais o texto. Fomos até a porta, combinamos o combinado e então veio a surpresa.

Índio Vargas, feliz da vida, atravessou a calçada de um salto e correu pela rua como se não fosse um septuagenário, mas o guri de São Sepé. Saí porta afora para ver bem visto aquilo. Ele corria mesmo e, olha, o calor era sufocante.

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Questão de perspectiva: Julian Assange x Mark Zuckerberg, do Facebook

Tudo é repasse de informação. Num, o repasse é livre, noutro é pago. Um não interessa, o outro sim (e ainda vai levar um Oscar, acho).

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Revista Veja inicia 2011 como terminou 2010

NOTA CONJUNTA DE REPÚDIO

O PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A OAB/RJ, POR SUA 9ª SUBSEÇÃO, O MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO, O DIRETOR DO IML-AP/RJ E O DELEGADO DE POLÍCIA TITULAR DE NOVA FRIBURGO, vem apresentar nota conjunta repudiando a matéria publicada na Revista Veja, edição 2200, ano 44, nº 03, de 19 de janeiro de 2011, em especial, o conteúdo do último parágrafo de fls. 54 até o primeiro parágrafo de fls. 56, em razão de seu conteúdo totalmente inverídico, conforme será esclarecido a seguir:

1) Inicialmente, cumpre esclarecer que em momento algum os corpos da vítimas fatais ficaram sobrepostos uns sobre os outros no Instituto de Educação de Nova Friburgo, local em que foi montado um posto provisório do IML, em razão da catástrofe que assolou toda esta região, mas sim acomodados separadamente lado a lado no ginásio do Instituto;

2) O acesso ao referido Instituto foi limitado às autoridades públicas e aos integrantes das Instituições inicialmente referidas, sendo certo que o ingresso dos familiares no local para a realização de reconhecimento somente foi permitido após autorização de um dos integrantes das mencionadas instituições e na companhia permanente do mesmo;

3) A liberação dos corpos para sepultamento somente foi autorizada após o devido reconhecimento efetuado por um familiar, sendo totalmente falsa a afirmação de que “ao identificar um conhecido, bastava levá-lo embora, sem a necessidade de comprovar o parentesco”. Frise-se, que mesmo com o reconhecimento, foi realizado posteriormente procedimento de identificação pelos peritos da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro, bem como de outros cedidos pela Polícia Civil de São Paulo, pela Polícia Federal e pelo Exercito Brasileiro, estes por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, com a análise da impressão digital, do exame de arcada dentária e exame de DNA;

4) Ademais, cada um dos falecidos foi colocado em uma urna e sepultado individualmente, não existindo qualquer tipo de sepultamento coletivo, mas sim vários sepultamentos individuas e simultâneos no mesmo cemitério;

5) Em meio a infeliz perda de 371 vidas, somente neste Município de Nova Friburgo (até presente momento) é importante registrar que houve apenas 03 (três) casos de divergência dos reconhecimentos feitos pelos parentes, os quais estão sendo devidamente esclarecidos pelos peritos do IML/Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, através do exame das impressões digitais, das arcadas dentárias e do exame de DNA. Assim, ao contrário do que a narrativa contida na matéria publicada leva o leitor a concluir, não houve uma feira livre na busca e no sepultamento de corpos, mas ao contrário, um trabalho sério realizado por profissionais exemplares, dedicados e comprometidos em minimizar, naquilo em que era possível, o sofrimento da população local, e ainda preservar, dentro das possibilidades existentes, a ordem e a saúde pública.Aliás, o respeito pelas famílias e pelos corpos dos cidadãos falecidos não permitiria que os mesmos fossem tratados pelas autoridades da maneira descrita pelas jornalistas.

Assim, é com extremo pesar, que em meio a um evento trágico e que entristeceu a todos, tenhamos que vir a público repudiar as inverdades publicadas, de cunho meramente sensacionalista, a fim de evitar que o desserviço gerado pela matéria venha a causar mais prejuízo, sofrimento e comoção aos familiares das vítimas e a toda nossa comunidade.

Nova Friburgo, 21 de janeiro de 2011.

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No Jornalismo B

Hoje, estou com um artigo no Jornalismo B:

A esquerda tem os melhores escritores, os maiores artistas, os mais renomados cientistas sociais, os mais influentes historiadores, enfim, produz os mais importantes bens culturais de nosso tempo, mas não tem um grande jornal gerador de notícias, um daqueles que paute a mídia. Fui muito rápido? Então vamos por partes.

Leia mais.

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Dois meses após o último escândalo, Prates "deixa" a RBS

Sim, nós não somos trouxas e sabemos que ele foi demitido em função da pressão de tantas piadas. que punham a grande ridículo seus empregadores. O radialista, comentarista,  colunista e fascista Luiz Carlos Prates está deixando a RBS para se dedicar a projetos pessoais. É o que dizem. Estava no grupo há 23 anos. Segundo a RBS de Santa Catarina, Prates deixa incontáveis admiradores. Certamente referem-se aos espectadores do YouTube, onde seus vídeos são bastante populares.

Num deles, acusava o governo Lula pelo aumento do número de acidentes nas estradas. Afinal, qualquer miserável compra um carro agora! Mas há mais. Noutro, fez a apologia do período da ditadura militar, afirmando que nele não houvera censura ou repressão e sim segurança. Para o articulista, desde o fim da ditadura, “o Brasil só andou para trás”. Mas há vários disparates mais. Não vou colocá-los aqui. Basta.

R.I.P.

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Chávez e Hillary e Lula

De todas as fotos que vi da posse de Dilma Rousseff, duas me ficaram na memória: a de Hugo Chávez e Hillary Clinton, em raro momento de simpatia, e…

… uma de Lula em seu difícil adeus.

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Último ato de Lula é um…

Chupa Berlusconi!

Rui Martins, em longo artigo:

Bem-vindo Cesare Battisti ao convívio de nós brasileiros, de todos nós que lutamos contra os diversos tipos de opressão, de controle, de injustiças e de tramas judiciárias contra os lutadores pela liberdade. Ontem, prisioneiro, ameaçado de extradição, hoje Battisti é o atestado de  nossa maioridade política e se torna uma marco na nossa história, no epílogo de uma luta entre um judiciário brasileiro desejoso de satisfazer a injustiça italiana contra um executivo, que não se dobrou e optou pela justiça e pelos direitos humanos. É o fecho de ouro do governo Lula.

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A Foto Perfeita

Publicado em 4 de março de 2006

A governadora Yeda Crusius conseguiu grande vitória sobre o botox ao receber o símbolo maior da arrogância esportiva injustificada. Feliz e imediatamente identificada com o mimo, prometeu apoio ao Grêmio na construção do novo estádio, que deverá chamar-se Via Crusius Arena. O atual recebeu seu nome em homenagem às Olimpíadas de Porto Alegre.

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Uma perguntinha sobre aposentadoria…

Publicado em 27 de dezembro de 2006

A pergunta: nas propostas brasileiras para a elevação da idade mínima necessária para a aposentadoria, sempre as mulheres trabalham menos do que os homens. Por quê? Penso que isto sejam sobras de um mal disfarçado machismo, ainda mais se pensarmos que elas vivem, em média, 7 anos a mais que os homens. Por exemplo, se o limite é 65 anos para homens e 60 para mulheres, elas ficarão aposentadas, sempre em média, 12 anos a mais… Por exemplo, se eu me aposentar aos 65 anos e morrer aos 70 anos, que é a média brasileira, receberei o benefício por 5 anos; já minha vizinha, que trabalhou até os 60 e viverá até os 77, ganhará o mísero salário da providência por longos 17 anos.

A propósito, vejamos como funciona nos outros países. Atualmente, quase todos exigem idade mínima para aposentadoria. O que fazem os nossos vizinhos? A Argentina (los machos) exige 65 anos dos homens e 60 das mulheres. O Uruguai exige 60, tanto de homens quanto de mulheres (avançadinhos não?). Na Europa, a Alemanha, pede limites de 63 e 60, respectivamente. Nos Estados Unidos, 62 para ambos os sexos. França, Inglaterra, Canadá, Espanha, Suécia, Holanda e Bélgica exigem no mínimo 60 anos, também sem distinção de sexo.

P.S.- O comentário do meu cunhado, Natal Antonini, é uma obra:

Caro Milton

Realmente isso é uma discriminação. Entendo que é fruto de um pensamento retrógrado de quem acha que as mulheres ainda cumprem dupla jornada pq. teriam que cuidar da casa e dos filhos enquanto nós ficaríamos tomando cerveja e coçando o saco na frente da TV. Isso nós sabemos não ser verdade. Além disso, como elas vivem mais e trabalham menos, acabam tendo mais tempo para se dedicar aos prazeres da vida e a novos relacionamentos quando se livram da gente. Mas nós que somos pessoas modernas e cultas não podemos deixar isso acontecer sem reagir. Proponho que a partir de hoje, pelo menos em nossas casas, estejamos desobrigados das tarefas domésticas, para compensar o tempo de aposentadoria, e que tenhamos também o direito a ter amantes por um tempo equivalente a diferença entre a nossa expectativa de vida e a expectativa de vida delas, para compensar que morreremos muito antes. Proponho ainda que o tempo dedicado as amantes seja o mesmo que elas estarão usando para as tarefas domésticas assim não seremos constrangidos a prejudicar o sagrado tempo que dedicamos aa nossas amadas famílias e nem atrapalharemos nos afazeres domésticos.

Abraços,
Natal.

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O Fórum Social Mundial se despede

Publicado em 31 de janeiro de 2005

Durante a semana que está acabando hoje, recebemos 120.000 pessoas em Porto Alegre para o Fórum Social Mundial. A cidade inchou, perturbou-se, dobrou-se e, por fim, penso que acolhemos adequadamente os visitantes. Assisti a vários eventos do FSM e tenho críticas à organização, à divulgação e à pauta do evento, mas não desejo nem reforçar as reclamações indignadas do fundamentalismo de direita, nem elogiar indistintamente algo tão polêmico, pois isso incluiria alguns grupos incompreensíveis a mim (principalmente na área ecológica… Grrr…). Posso dizer que passei uma semana muito feliz vendo o colorido das roupas, ouvindo estranhos fonemas e constatando que somos bons neste faz-de-conta de cosmopolitas… Fiz minha parte ao conversar animadamente com muitos alienígenas, sendo que o mais inusitado foi meu contato com vietnamitas numa língua inacreditável, pois eles não falavam nenhum idioma ocidental. Rimos muito e creio tê-los mandado a algum lugar. Fico conjeturando se estão vivos.

Sou dos que lamentam o fato do Fórum sair daqui nos próximos anos. Sei que todos sentirão falta dele, até seus críticos. Nosso prefeito de direita já suplicou: fiquem, voltem! Não vão voltar, claro.

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Post em Três Partes

Publicado em 6 de setembro de 2004

A MORTANDADE DA RÚSSIA E O SORRISO DE BUSH. Não consigo entender os objetivos de algumas ações terroristas. Os chechenos e árabes da ação de Beslan esperavam outro final que não o que obtiveram? Pediam a retirada das tropas russas da Chechênia, mas qual chefe de estado os atenderia naquelas circunstâncias? Nenhum, menos ainda Putin. Então, o objetivo seria o de chamar a atenção do mundo? Concordo que a presença do Terceiro Mundo no Primeiro é a de mímicos que aparecem às vezes na televisão sob a voz de um locutor. A ação de Beslan conseguiu que tiros e gritos também aparecessem, mas, desta vez, penso que o beneficiário principal da ação estava na Casa Branca, cujo ocupante tem a santa intenção de “deixar o mundo melhor e mais seguro…”.

O final da tragédia foi casual: uma bomba presa com fita adesiva despencou do teto do ginásio e explodiu. Como conseqüência, um grupo de crianças – assustadas e vendo uma chance de sobrevivência na confusão – tentou fugir e os terroristas reagiram alvejando-as pelas costas. Do outro lado, estava o exército russo sem entender o que estava ocorrendo. Na dúvida… Conseguimos uma tragédia, mais uma, esta com 335 mortos, linchamentos e a intolerância internacional a pessoas das quais nem sabemos bem o ideário. Ou seja, os rebeldes chechenos permanecem mímicos. Já Bush não. Posso imaginar seu dedo em riste avisando-nos dos perigos do terrorismo internacional e oferecendo sua republicana solidariedade ao povo russo. E tudo isto em meio a uma convenção. É muita burrice junta. Nunca vi um anti-americanismo tão camarada, parece até encomenda.

Curiosamente, o Pravda informa que uma facção dos rebeldes queria matar os reféns e cometer suicídio, enquanto que outra não sabia disto e pretendia seguir até a vitória final. Imagino um diálogo entre as partes:

– Te avisaram a que nossa missão era suicida?
– Não, tô sabendo agora.

Como disse meu cunhado, as oposições radicais nunca se entendem.

Também estou no time da Chalotte, do Bomba Inteligente. Trato de ser profilático e deixo um aviso para meus 7 leitores: se um dia me fizerem refém, procurem deixar os russos de fora, tá? Lembram daquela invasão do teatro (170 mortos)?

OLGA, O FILME (MAIS UM ATAQUE DO PRESENTE CONTRA O RESTANTE DO TEMPO – Obrigado, Kluge). Detestei Olga, a minissérie, ops, o filme. Na verdade, não consigo imaginar como poderiam piorá-lo. O tom grandiloqüente, ultra-romântico, a tentativa lograda do diretor – nem quero saber quem é – de refazer Casablanca, os dialógos fracos que esculhambam o excelente livro de Fernando Morais, e a cena em que Olga conhece, digamos, a Coluna Prestes…, tudo é de matar de rir. Notem, sobre minha última referência: Prestes era um virgem de 37 anos. É, pois, bastante estranho que ele tome repentinamente ares de Tarcísio Meira para erguer sua Coluna e atacar a fortaleza judaico-alemã. Este é um detalhe que fala muito mal do roteirista e diretor, eles fugiram de uma das cenas mais difíceis do filme, uma cena que certamente lhes deixaria muito perto do patético, pois, hoje, é muito estranho alguém permanecer casto até aquela idade.
(Lembro do grande John Fowles descrevendo a primeira relação sexual de Charles Smithson no livro The French Lieutenant`s Woman, que diferença!)

Quem conheceu um pouquino o velho Prestes não o reconhece naquele personagem choramingas. Prestes costumava exibir sorriso e ironia perpétuos, era inteligente e bem falante, sem a postura lacrimosa e sentimentalóide do filme – nem quando o assunto era Olga. Em suma, trata-se de um filme tão piegas e mentiroso quanto as novelas da Globo.

Ah! A música deste filme inaugura um novo gênero: a do realismo socialista sexy. O coro feminino é um espanto!

MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA. Visualmente, é um dos filmes mais esplêndidos que conheci. Todas as principais obras de Vermeer estão espalhadas em cenas do filme, assim como que por acaso. É uma belíssima e merecida homenagem ao grande holandês dos pequeninos quadros. Porém…, o diretor musical tenta estragar tudo e quase consegue. Nossa história do século XVI é pontuada aqui e ali por uma música que ficaria melhor em Batman ou Homem Aranha. Que mancada! Os holandeses tinham uma música riquíssima naquela época. Os registros de música antiga daquele período que possuo são espetaculares. Acho que a equipe que fez um filme não precisaria de um musicólogo para acertar na música, bastaria um bom melômano para fazer a correção e então poderíamos rever o filme com som.

Obs.: Neste post não consegui cumprir minhas promessas de não entrar na pantanosa área política e nem de criticar acerbamente filmes brasileiros. Mas foi demais, não pude impedir.

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Yeda, a louca

No melhor estilo Thelma e Louise, a desgovernadora Yeda Crusius inovou na inauguração da RST-471. Pegou um Mercedes-Benz conversível e fez-se filmada em ação, como se fosse uma estrela cinematográfica. Eric Clapton e B. B. King são os inocentes responsáveis pela trilha. Será que os donos dos direitos sobre as músicas foram consultados? Duvido muito. Infelizmente, o carro era bom e fez todas as curvas normalmente, contornando cada precipício. Yeda Crusius está viva e depois do passeio tuitou alegremente para o Rio Grande:

Há muito eu pedia para substituir as cerimônias formais de inauguração por uma celebração. Merecemos. Que estrada, que dia!

A estrada é importante, claro. Mas… A desgovernadora, que responde processo movido pelo Ministério Público Federal por formação de quadrilha, celebrou bem celebrado. E, no filme abaixo, aparece como uma celerada fugitiva, alegre e aventureira.

Este post é dedicado a cada um dos gaúchos que tomaram a tresloucada atitude de votar em Yeda no ano de 2006. Parabéns! Agora vejam abaixo o retrato da austeridade que, dizem, foi a tônica dos últimos 4 anos. Som na caixa! Ah, o vídeo foi capturado no site do Governo do Estado.

O alegre senhor de longas melenas brancas é o marido da escritora de autoajuda Lya Luft, não? O título da canção é Riding with the (crazy) King (Queen), informa @icarohistoria.

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Meu presidente!

Dizer o quê? Ele tem toda a razão, não? Vai junto aqui a solidariedade do blog a Julian Assange. Fala Lula!

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As Afinidades Eletivas (não as de Goethe, por favor)

Não pensem que sou a favor de Lula e Dilma fazerem visitinhas ao Papa da hora. Aliás, o problema de Lula é a carolice, que mantém ao menos da boca pra fora e em acordinhos com Vaticano. É de última categoria.

Abaixo, dois apertos de mão que poderiam ter sido evitados.

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