Bolsonaro ganha um amigo

Uma brincadeira de Lula em Pelotas serviu de mote para que Ricardo Noblat escrevesse um texto em defesa da democracia e das posições assumidamente homofóbicas e quase admitidamente racistas de Jair Bolsonaro (PP-RJ). O texto é notável, sobretudo porque defende com a democracia um admirador da ditadura. Bolsonaro seria um “fascista do bem” e, dentro desta categoria, pode cometer o crime que lhe aprouver — mesmo à revelia da Lei Afonso Arinos.

Divirta-se aqui.

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  1. Milton,
    Não tenho o hábito de ler o Noblat, mas segui o teu link e entendi de outra forma o que ele escreveu.
    Não me parece que ele ache correto o que o deputado do partido PROGRESSISTA (a ironia não fui eu que inventei) disse.
    Ele comenta o direito de dize-lo, por mais abjeto que seja. O facista do bem seria o Lula,por que fez uma piada homfóbica e não foi criticado pelos pares, mas ele está sendo sarcastico e não de fato o acusa de fascismo.
    As pessoas têm o direito de se indignar, ficar na frente da casa dele com faixas chamando-o de Naenderthal, energúmeno etc. Mas é uma opinião, desprezivel, mas é uma opinião.
    Acho que o caso daquele estilista foi bem interessante. Ele disse que amava Hitler e outros impropérios. A Dior em seguida afirmou que a opinião era dele e no paíes dela cada um fala o que quer. Por outro lado ela contrata quem quer e o demitiu.
    Ele sim cometeu crime quando chamou a Dilam de assassina (mas ela não o processou, o que fez bem…) e certamente quando disse que o FHC devia ser fuzilado. Aí não é opinião (ao menos acho eu), mas incitação à violência.

  2. outra coisa,
    este cara foi eleito por que certamente há um conjunto de pessoas desta estirpe na sociedade que o apoia, distribuidos pelo estado do Rio (sua região), muitos militares e viuvas da “redentora”. Como o voto é proporciona e ele é único, fica fácil ser eleito.
    Vou citar um caso de eleições passadas. Um amigo nosso tornou-se candidato e tinha uma proposta bem interessante de tecnologia para a nossa cidade, euo conhecia e sabia se eleito vereador iria adiante. No entanto, ele entrou no PP, daí fiquei com medo em quem de fato cairia meu voto e não apoiei-o. Deves saber quem falo.
    Particularmente não acredito em voto proporcional , nem em lista pois, em ambos, os Bolsonaros são passíveis de aparecer.
    Branco

    1. Quem diria, sete anos depois, vemos esse louco militarista defensor das tortura com chances de se eleger presidente. É o fracasso do projeto social de uma nação…

  3. Bolsonaro não é nada além que um representante de uma minoria, que a cada diz fica manor cada vez que morre um militar da reserva. O tipo de mentalidade dele existe em qualquer lugar do mundo, seja no Uruguai seja na Dinamarca, na Tanzânia ou na Alemanha, na Indochina ou na Inglaterra. Combater essa besta quadrada é necessário para que a tal minoria não cresça, não tenha medo de sair das sombras da democracia e lutar politicamente em prol do fim da política e institucionalização da barbárie ditatorial. Mas o Noblat e mais uma duzia de idiotas tão aí para misturar os conceitos e, em prol da democracia, defender os direitos de quem se manifesta abertamente contra ela.

    E alguém que se manifesta contra a democracia simplesmente não poderia exercer nenhuma função nos poderes públicos constituídos pelo Estado Democrático de Direito.

    Alguém que se manifesta contra a democracia abre mão de sua cidadania, pois não democrata é não cidadão, pois ele crê em um regime hierárquico de relações sociais, não em um regime de igualdade cidadã.

    Alguém que se manifesta contra a democracia é sempre alguém que conspira contra o desenvolvimento dela, logo não deve possuir direitos políticos em uma sociedade democrática, sob risco de, em seu tipo de sociedade ideal, extinguir todos os direitos políticos de toda a população sob o tacão de sua ditadura.

    Ok, os democratas que acham que é mais democrático ainda defender esse tipinho ordinário e facultar-lhe direitos políticos e de cidadania, que se manifestam como bem entenderem. Esse ponto eu não coloco em discussão. Esse tipo deve ser cassado e posto sob vigilância, pois conspira contra a democracia, ele e seus pares militares jurássicos.

    Quem defende a intolerância como qualidade de um regime político ditatorial merece sofrer a intolerância de um regime democrático de direito, ou seja, não ser preso nem torturado mas, como alguém que fez uma escolha além das relações políticas cidadãs, não ser aquilo que ele não reconhece como válido, um cidadão.

    Que plante a ditadura no quintal dele, ou vá para o Alaska; parece que lá gostam de caras assim.

  4. Concordo com o texto do Noblat. Nunca havia ouvido falar desse cara antes (o Noblat). Há alguns anos passei a ser um orgulhoso desconhecedor desses novos nomes que devem ser odiados, por estarem à direita (ou à esquerda, como Arbex Jr, que, pelo contrário, conheço e faço-me conhecê-lo cada vez mais), que a internet fez o favor de tornarem relevantes. Pelo visto, está ligado à Globo, né! Então devo odiá-lo. A cada semana guardo meu ódio todinho ileso e revigorado para alguma outra vertente do espectro brasileiro. Nesta última semana, p. ex., juntei-me a um amigo, e ambos dirigimos uma denúncia ao Ministério Público contra um médico do SUS local, que, contratado para trabalhar 40 horas semanais, só atende o limite sacramentado de 13 pacientes por dia, e encerra o expediente, o que, muitas vezes, representa míseras 10 horas de trabalho/semana. Pegamos as relações contratuais num site federal, e denunciamos, com os olhos injetados de ódio, para que ele faça jus aos 8 mil reais que ganha por mês.

    Como bem ouvi de uma mulher (e acho que a sacada deve ser um desses jargões populares), a melhor saída para o Brasil é pelo aeroporto. O Brasil é cheio de entidades ridículas, não é mostra de bom senso discutí-lo a sério. Como num dos programas televisivos do Monty Python, em que um entrevistado interrompe suas delongas diante as câmeras para dizer que a próxima pergunta ele responderia vestido de mulher e com uma voz agudamente distorcida, para se falar do Brasil devemos adotar alguma atitude nonsense parecida: falarmos com prendedores nos testículos, os bigodes penteados apontados para cima e um dos pés atrás do pescoço.

    É cansativo o texto desse Noblat. Tem a obviedade sem tesão de uma partida amistosa entre Argentina e Brasil (usar comparações futebolísticas é minha opção absurda). Mas é verdade. Ninguém menos que o Lula falou tantas besteiras. Num comentário aqui, antes, já citei uma gama de atrocidades lulistas, e não vou fazê-lo de novo. Não preciso dizer se sou a favor ou não do homossexualismo, do aborto, da rua de mão única, do passo do giró, de peidar dentro de elevadores, de escrever ofícios ao desmbargador na língua do “P”, de coçar o bicho-de-pé bem criado em sentido horário ou anti-horário. Não participo de plebiscitos, levo minha vida como quero (pago todos os estelionatos compulsórios, mas vivo em meu buraco COMO EU QUERO), e não vai ser de mim que, ao menos dessa vez, a verdade final sobre os sempre cabeludos assuntos nacionais vai depender.

    Bolsonaro falou merda, deixa o cara falar. É hipócrita como a esquerda escandalizada, que se diz patriótica e crente no progressismo dos últimos anos, demonstra completo descrédito nas insitituições tradicionais do país. O MP está aí para isso. Se o negro, ou o branco, ou o napolitano e cor de creme de ovos, ou o viado, o veado, o gay, a lésbica, se sentiram ofendidos….gente, é só escrever uma denúncia de próprio punho, num pedaço de papel de padaria, e entregá-la ao procurador do fórum de justiça mais próximo. Deixe cara falar!

    1. Ok, Charlles, então no governo Médici, diante dos discursos com as imposições dele, você diria “Olha, Médici, me reportarei à suas ordens respondendo-as vestido de mulher e com uma voz agudamente distorcida”. Pau em ti, malandro. deixa ele falar hoje e quem não falará nada amanhã será você. Democracia, mesmo algo farsesca e bananeira, é melhor que uma ditadura farsesca e bananeira. E se o Brasil é cheio de entidades ridículas… ah, o mundo é tão diferente, né? A Áustria de Bernhardt, por exemplo, que país adorável, né? Os fascistas italianos e franceses, os franquistas na Espanha… quanta civilização, né? Tem que falar do País dos Idiotas?

      1. Marcos, mas o Médici era um ditador justamente por que prendia (vamos deixar assim) aquelas pessoas que eles enxergavam como tendo os mesmos defeitos que hoje lhes atribuimos.
        É o contrário, não deixe ele falar hoje e quem não falará depois é você.

        Milton, se quiseres publicar o email que te enviei sobre emissão de opiniões acerca do processo que sofreste, sinta-se à vontade

        1. Branco, entenda do jeito que bem quiser entender; como está dito acima, deixar um conspirador antidemocrata falar porque isso defende a democracia é um paradoxo que se resolve com o renascimento do autoritarismo. O resto é cada cabeça uma sentença torta.

  5. “(…) Ricardo Noblat escrevesse um texto em defesa da democracia e das posições assumidamente racistas de Jair Bolsonaro (PP-RJ)”.

    Não defendeu em nenhum momento as posições do Bolsonaro, ao contrário, as combateu: “Bolsonaro é contra cotas raciais, o projeto de lei da homofobia, a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por casais gays. Ora, sou a favor de tudo isso”.

    1. Fecho contigo , mas tenho um senão ao texto.
      Ser contra cotas raciais não é uma opinião racista, diferente dos outros temas.
      Aliás, anatemizar quem é contra é uma forma de interditar o debate.

      Milton, perdoe-me, mas acho que leste o RN com um certo preconceito, é humano. E viva a liberdade de expressão, onde posso dizer isto no teu post e seus que além de publica-lo não vais me processar pois és um amigo LEAL

      1. Concordo contigo, Branco. Queria que o Milton propusesse aqui, num post, um debate sobre cotas raciais. Sou taxativamente contra, por uma série de motivos (se é para tapar o sol com a peneira, que aumentem as vagas para colocar o excedente à disposição). A questão aqui não é se Bolsonaro está certo. O temor de ter que estar em equilíbrio com o pensamento institucionalizado tende nossas mãos a digitar no final da frase as nossas juras de que fazemos parte da maioria saudável. “Apesar de eu ser contra as ideias de Bolsonaro”, “apesar de Bolsonaro ser um fascista”. Talvez seja a tal infância democrática do Brasil, que exige de nós uma paciência participativa de trilharmos os mesmos passos das outras sociedades mais avançadas: vamos censurar livros, eleger os bonecos públicos a serem malhados em nome da vedade, jogarmos as bruxas nas águas correntes, para, depois, voltarmos os olhos para isso tudo com uma adquirida maturidade para a auto-crítica.

        E o pior é a incrível hipocrisia da coisa. Além de escolher-se a quem malhar, ignorando as besteiras que as figurinhas premiadas falam, esquece-se o que se passa na surdina do cotidiano. Quantas vezes o Milton poderia ser acusado de homofóbico pelas brincadeiras que escreve; quantas vezes o Marcos assumiu postura anti-feminista aqui; quantas vezes eu idem e outros idem. É como uma criança com transtorno bipolar: dá um estouro de gargalhada no cinema diante um filme de drama, e no playground se veste de terninho para repudiar a alegria de brincar no roda-roda (isso foi bonito, não! Pensei agora, assim…num estralo!)

        Marcos, vc não quer comparar nosso demo com a democracia dos outros, quer?

        1. “Não quer comparar nosso demo com a democracia dos outros, quer?”. Comparo sim, é tudo uma merda, mas quando se está aqui se pensa que vivemos a pior democracia do mundo; uns franceses instalados na pousada do meu irmão – uma francesa, especificamente, aliás, há 6 meses – consideram a democracia daqui melhor do que a de lá, o povo daqui melhor do que o de lá, etc., porque não existe povo mais fascista e escroto que o francês – no dizer dos franceses que vivem e/ou passam por aqui. Isso para não falar da democracia do país dos Idiotas, tuteladas e praticamente unipartidária.

          É muito muito bonito defender a democracia e falar umas sandices em sua excelsa defesa tendo como exemplo de democrata a si mesmo contra uma besta como o Bolsonaro; faz bem à autoimagem.

          E sou a favor, é claro, das cotas “raciais”, ou melhor, das cotas para pobres, ou melhor, do ingresso em universidades públicas somente de alunos egressos de escolas públicas desde a 1ª séria do primeiro grau. Quer melhorar o ensino no Brasil? Acabe com os privilégios de quem pode pagar por ele na educação básica mas conta com o estado para poupar dinheiro na educação universitária.

  6. Ouvimos Bolsonaro para o jornal Sul21 e ele repetiu quase tudo. Negou o racismo, mas permaneceu batendo na tecla da homofobia, pois tal postura não é crime — ele sabe.

    O texto do Noblat faz sentido, mas não reflete a realidade nem o tom das declarações do cara.

    O comentário do Branco faz inteiramente sentido, Bolsô é o representante de quem pensa como ele, mas acho que deve haver limites.

    Concordo, por exemplo, com a lei francesa que manda prender quem nega o holocausto fascista ou armênio. A partir daí, tudo é valido, inclusive discutir se Hitller ou os Jovens Turcos tinham razão. O que Bolsonaro faz é atacar sistematicamente os homossexuais que, sabe-se, já são vítimas contumazes da violência.

    Bem, se vamos relativizar também isso — como faz o Noblat — , um dia voltaremos a relativizar a pedofilia. Mas, não, acho que não. Sou otimista e não vejo o mundo com uma constante involução.

      1. Milton,
        acredito que haja diferenças entre opiniões e comportamentos.
        Os holocaustos são situações factuais, não se pode ter opiniões sobre sua existência. Ou prova-se ser uma farsa ou os aceita. Mas ninguém na França será preso por achar que os nazistas ou jovens turcos tinham razão.
        Pode-se gostar de ter sexo com crianças, achar até correto, só não se pode faze-lo. Só quando as crianças são de fato atingidas é que há o crime (afinal, isto existe no inconsciente dos pais, não apenas dos filhos – um analista pode explicar melhor – até onde vai uma manisfetação inconsciente e quando passa disto?) Assim como é possivel ir ao caminho de relativizar a pedofilia corremos o risco de voltar a criminalizar o homosexualismo um dia. Princípios não podem depender do zeitgeist.
        A própria França acabou proibindo o uso do véu em escolas, impedindo, contudo,que, além dos casos justos, mulheres livres vistam-se como queiram.
        Por outro lado, como o Bolsonaro emitiu uma opinião e não uma fato, cabe à imprensa simplesmente não publica-la. Censura é quando não divulgamos um fato, opiniões cabem ao arb´trio do editor. A não ser que seja favorável….

    1. Não vi relativização, ele inclusive disse com todas as letras que quem se sente ofendido pode processar o cara pelos crimes já existentes nos códigos penais e civis. O texto não relativiza, pelo contrário, se posiciona de um lado importante no debate: o de que as pessoas são livres para assumir posições, sobretudo quando não gostamos delas.

      Não é um texto 100% fechado com o que eu penso, eu escreveria de forma diferente, mas o que ‘eu’ penso é somente isso: o que eu penso. Ao menos o Noblat — que pouco leio, quase nunca — analisa o ‘mérito’, o ‘princípio legal’ da coisa, e não ‘quem’ disse e se esse cara, isoladamente, é um bobão. Aqui já temos algo mais interessante pra avançar.

      Só acho que forçar a mão (“Ricardo Noblat escrevesse um texto em defesa da democracia e das posições assumidamente racistas de Jair Bolsonaro”) não leva a nada, até porque é mentira, ele não defendeu as posições do cara.

      Por aqui (na Itália), no ano passado, o Berlusconi disse que “era melhor gostar de belas mulheres do que ser gay”. Suscitou debates, mas nada perto de querer cassar o mandato. E por que? Porque se ele é homem e gosta de belas mulheres e acha que isso é melhor do que ser gay… ora, é a opinião dele. Não sou fã de contrapor democracias ‘amadurecidas x jovens’, mas acho que isso reflete certo amadurecimento de uma democracia. A maioria das pessoas têm direito de se manifestar em diversos foruns, inclusive nas urnas. Os que acham ultrajante a posição do Berlusca que votem contra ele, por exemplo.

      Outro dia, a neta do Mussolini, a Alessandra, disse na TV que era “melhor ser fascista do que frouxo”. E disso isso na frente de um deputado trangender, que, aliás, entrevistei e é uma bravíssima pessoa. É a opinião dela, da Alessandra. Fim. Não posso entrar na mente de uma pessoa e acreditar que eu sei o que é o “bem” pra ela. Posso discordar, e discordo. Na minha opinião, uma coisa nem sequer é comparável a outra, em termos materiais mesmo. Pode haver um fascista gay, inclusive (e houveram tantos).

      Sou muito menos sensível a essas questões. Bolsonaro não quer ver o fllho dele casado com um gay? Ué, problema dele e do filho dele. Pode não querer ver o filho dele casado com jornalista, anão, loira… Não tenho absolutamente nada a ver com isso. A quantidade de votos que ele recebeu quer dizer algo, não? São 120 mil votos e, ao contrário do que disse alguém aí em cima, essa gente não ta sumindo, não. Crivella foi eleito com a mesma plataforma — contra a lei da homofobia. A bancada evangélica, massivamente contra, ta aí na Câmara e no Senado. O Brasil tem uma parcela bem ampla da população que é altamente conservadora, que odeia ateu, gay, maconheiro.

      Repito: é uma longa discussão, e só entrei nela, Milton, porque é errado escrever o que tu escreveu; tu acusou o cara de ter feito uma coisa que ele não fez e isso muda todo o viés do papo.

      🙂

      1. Eu também acho melhor gostar de belas mulheres do que ser gay.

        O políticamente correto nos coloca numa sinuca de bico. Se perguntassem se eu me importaria que meu filho virasse viado, o que eu deveria responder? Adoraria, estou treinando-o para isso, mostrando alguns princípios básicos de anatomia, modos de cruzar a perna ao se sentar, um olhar peculiar sobre as coisas. Meu sonho é que aos 13 anos ele já tivesse sua primeira experiência homossexual bem resolvida e sadia para que sua visão humanitária pudesse alcançar a plenitude devida.

        Mas se eu falar que eu ficaria profundamente decepcionado, ainda que eu não o rejeitasse jamais; se eu falar que se houvesse uma cabala em que pudesse prever e controlar o futuro, revertendo-o, aí a casa cai.

        Mas, com licença, o próximo comentário eu me vestirei de capitão da frota aérea francesa e responderei quaisquer perguntas assoviando nas sílabas pares.

  7. Ah, começaram as tergiversações de preferência disso ou daquilo; a conversa de sempre para não se assumir, de fato, homofóbico, racista, etc.. No final, começa-se a achar que legal mesmo é o Bolsonaro, sem ele a democracia não existiria, só aqueles que a dizem prezar e, por defendê-la, não podem aceitar aqueles que sistematicamente a combatem e, com os democratas a favor, podem transformar tudo numa bela ditadura. É melhor ser um democrata de fato radical do que ser frouxo e tolerar filhotes de Mussolini.

  8. Marcos, mas vc entra em contradição. Diz essas coisas todas do brasil (esses franceses tavam de curtição!) para depois falar do “país dos idiotas”. O país dos Idiotas, que eu saiba, é aqui. Ou talvez vc queira se referir ao “país dos idiotas originais”, como os EUA, e o “país dos idiotas piratas”, que é o nosso.

    O brasil é torpe, ridículo, sem lógica. Morreria de vergonha de, no exterior, ser identificado como brasileiro. “Porto riquenho, menudo, Rick Marti, soy orto-riquenho”.

    Assim, o único certo e correto restringe-se a apenas um: Marcos Nunes! Vc vende esperma?

  9. Carta a Noblat

    por Marjorie Rodrigues

    Noblat,

    A propósito de seu post de hoje (O “fascismo do bem”), que contrasta a reação à piada de Lula com os homossexuais de Pelotas com a reação atual da esquerda a Jair Bolsonaro, algumas considerações:

    1. A piada de Lula foi, sim, muito infeliz. De péssimo gosto. Inadmissível um presidente sequer proferindo a palavra “veado”, publicamente ou a portas fechadas. Mas, porém, contudo, todavia: no dia em que o Lula defender publicamente que os “veados” de Pelotas merecem tortura ou que os “veados” de Pelotas são inferiores ou que os “veados” de Pelotas não devem ter os mesmos direitos que o restante da população, aí sim as declarações dele e de Bolsonaro serão comparáveis.

    2. O que Bolsonaro disse não foi apenas uma piada infeliz. Bolsonaro agride e desrespeita parcela significativa dos cidadãos brasileiros. Defende a tortura. Não há nada de “corajoso” em dizer coisas como essas — muito pelo contrário: é a mais pura covardia. Covardia de quem não admite a existência do diferente e, em vez de lidar com a pluralidade (tarefa essencial quando se vive numa democracia), quer impor sobre os outros os seus dogmas e preconceitos.

    3. Sim, existe muito petista que fecha os olhos para as escorregadas que os membros de seu partido cometem. Assim como existem pessoas de direita que também torcem tudo e chamam urubu de meu louro para poder defender os politicos de seu gosto. Essa é uma atitude que não se restringe a este ou aquele espectro político. É humano defender a sua sardinha. Alguns defendem cegamente. Mas nem todos. C’est la vie. Você, como jornalista, deve (ou deveria) saber bem que não existe imparcialidade, nem por parte daquele que profere o discurso, nem por parte daquele que ouve.

    4. Logo, nada mais improdutivo (e, perdoe-me dizer, até infantil) do que ficar apontado “olha! Mas tem gente na esquerda que também faz piadinha homofóbica!”, “olha! seu candidato também dá mancada!”, “a esquerda defende a sua própria sardinha!”. Somos ambos homofóbicos, Noblat. Esquerda, direita, centro, diagonal, whatever. A sociedade é homofóbica. É racista também. E é isso que faz com que Lula ache legal proferir uma piada como aquela. É isso que faz com que tanta gente vote no Bolsonaro, concordando com os perdigotos que ele solta por aí. A discussão sobre a homofobia (e também sobre o racismo) não deve ser feita com base nas atitudes deste ou daquele indivíduo, mas de nós todos.

    5. Você se diz um defensor da liberdade e da democracia. Eu também. Pois então dizaí pra gente, Noblat, onde é que as declarações de Bolsonaro se encaixam numa democracia que se preze. O que é mais importante na sua ideia de democracia, Noblat? O direito de falar qualquer merda ou o direito das pessoas à dignidade, ao respeito, a serem todas cidadãs equivalentes? Na sociedade que eu quero, Noblat, não, dizer qualquer barbaridade não é um direito. Não, as pessoas não têm o direito de defender que um determinado grupo seja inferior, promíscuo, sujo, excluído, execrado, torturado, linchado. Porque isso não está no campo das reles opiniões, como dizer que prefere abacaxi a banana. Declarações como essas incitam ao ódio. “Opiniões” como essa acabam gerando agressões e exclusões de verdade, como a dos meninos atacados na Av. Paulista e os tantos outros casos que acontecem diariamente mas não chegam às páginas dos jornais. Não é apenas questão do ofendido recorrer à justiça. Porque isso não repara os danos que declarações como estas causam num grupo inteiro: baixa auto-estima. Homofobia internalizada. E por aí vai. Não foi só a Preta Gil que foi agredida pelas declarações de Bolsonaro. Na sociedade que eu quero, Noblat, as pessoas não vão aceitar que barbaridades como essas sejam ditas. Porque elas não são mesmo aceitáveis numa democracia.

    6. Você, Noblat, é mais velho do que eu. Você viveu a ditadura. Sabe o que é censura. Sabe o que á patrulha. Eu nasci depois que o país já tinha feito a transição democrática. Comparar as reações das pessoas às declarações de Bolsonaro a censura ou patrulha, para quem viveu de fato a censura e a patrulha, chega a ser uma imbecilidade. O Brasil não lutou por liberdade de expressão para poder defender publicamente a opressão de quem quer que seja. O Brasil lutou por liberdade de expressão justamente porque era oprimido. E porque não queria mais sê-lo. Defender Bolsonaro com o argumento da “liberdade de expressão”, na minha opinião, é cuspir em cima da árdua luta que tivemos para tê-la.

    1. >>> 4. Logo, nada mais improdutivo (e, perdoe-me dizer, até infantil) do que ficar apontado “olha! Mas tem gente na esquerda que também faz piadinha homofóbica!”, “olha! seu candidato também dá mancada!”, “a esquerda defende a sua própria sardinha!”. Somos ambos homofóbicos, Noblat. Esquerda, direita, centro, diagonal, whatever. A sociedade é homofóbica. É racista também. E é isso que faz com que Lula ache legal proferir uma piada como aquela. É isso que faz com que tanta gente vote no Bolsonaro, concordando com os perdigotos que ele solta por aí. A discussão sobre a homofobia (e também sobre o racismo) não deve ser feita com base nas atitudes deste ou daquele indivíduo, mas de nós todos.

      É exatamente isso que o artigo do cara diz, que “a discussão sobre a homofobia (e também sobre o racismo) não deve ser feita com base nas atitudes deste ou daquele indivíduo, mas de nós todos”. Repito que sequer sou leitor do cara — porque eleve sempre a grande briga do Bem x o Mal — mas na boa: releiam o artigo. [Ou não] É EXATAMENTE isso o que ele fala: que esse tipo de questão não é discriminatória, e sim central.

      >>> 5. Você se diz um defensor da liberdade e da democracia. Eu também. Pois então dizaí pra gente, Noblat, onde é que as declarações de Bolsonaro se encaixam numa democracia que se preze.

      Em todas elas.

      >>> O que é mais importante na sua ideia de democracia, Noblat? O direito de falar qualquer merda ou o direito das pessoas à dignidade, ao respeito, a serem todas cidadãs equivalentes?

      AMBOS são importantes, todos eles, e um não exclui o outro obrigatoriamente: o direito a falar qualquer merda (e responder por isso nos termos da lei) é absolutamente importante, diga-se. Exemplo bem direto: eu posso achar uma “tremenda merda” isso o que essa mina ta dizendo. Ou não? Posso, certo? Então? Que diga, ué. Quem sou eu pra avaliar e dar uma de justiceiro sobre a opinião dela.

      Caso o “direito a falar qualquer merda” [que, diga-se, é uma argumentação bastante singular e quase etérea, mas continuemos], em algum momento, deixe de ser um direito, cabem algumas perguntas: quem define o que é “qualquer merda”? A autora do texto? Um comitê de cidadãos? Minha sagrada mamãe? Eu? Bolsonaro?

      O que é exatamente “falar qualquer merda?” Vamos tipificar isso em lei, em normas, em bases sociais, caso “falar merda” seja um problema. Bora lá.

      E os direitos à “dignidade e ao respeito” e a serem “cidadãs equivalentes”? O que é exatamente um “direito à dignidade”? Analisando assim, de sopetão, imagino que seja um direito como as dezenas que embelezam nossa constituição.

      http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm

      O que é ser “digno”? Estou aberto às definições, e depois vamos tipificar isso, normatizar, criar uma regra. Sociedades — as democráticas sobretudo — são baseadas em regras universais seguindo a concepção social de cada uma delas. O que mais quero é ver isso como norma, não como opinião de quem acha que detém o poder momentâneo.

      Recomendo a leitura do link acima (conhecido como “Constituição”). Pra alguém tão preocupada em defender a “dignidade” e os “equivalentes”, há parágrafos mais prementes ali com os quais se preocupar.

      Vejam bem que nem mesmo entrarei no mérito sobre o que é, por exemplo, o “direito ao respeito”. “DIREITO AO RESPEITO” (??) [vaga uma pluma no ar…] Isso, o “direito ao respeito”, é definido por quem: pela minha amada vovó? Pelo Sarney? Pelas freiras de Roma? O que o o “respeito” para que eu tenha direito a ele? Que bases constituem o respeito? Comida? Água? Escola? Voto? (???)

      >>> Na sociedade que eu quero, Noblat, não, dizer qualquer barbaridade não é um direito.

      Na sociedade que eu quero.
      Na sociedade que o José quer.
      Na sociedade que o Pedrinho quer.

      zzZZZzZZzZZ… pofff…. burp….z.zzz.zzZZ

      Seguindo a orientação democrática do universo: a sociedade que “você” quer, na minha opinião, e dentro da sociedade que “eu” quero, não me causa nenhum sentimento maior do que achar ‘legal algumas coisas ae’. Só isso. Conviva com a possibilidade de que “a sociedade que tu quer” jamais passará disso: ser “a sociedade que tu quer”.

      >>> Não, as pessoas não têm o direito de defender que um determinado grupo seja inferior, promíscuo, sujo, excluído, execrado, torturado, linchado.

      Têm. Caso se sinta incomodada, a pessoa deve procurar a Justiça. Vale, inclusive, pro gay que por vontade própria disser que “todo mundo que defende a ditadura militar brasileira é um assassino e um genocída”.

      >>> Porque isso não está no campo das reles opiniões como dizer que prefere abacaxi a banana. Declarações como essas incitam ao ódio.

      “Incitação ao ódio” está na mesma categoria judicial que “apologia ou a incitação ao crime”. Mantendo essas convicções, você, por exemplo, precisa obrigatoriamente defender que todos que participam da Marcha da Maconha devem ser presos. Ou quem organiza uma marcha a favor do aborto também precisa ir pra cadeia, já que aborto é crime e que aquelas pessoas estão ali, na rua, diante de milhares de pessoas, incitando ao crime. Eu, na minha opinião, já acho que não: nem para um, nem para o outro.

      >>> “Opiniões” como essa acabam gerando agressões e exclusões de verdade, como a dos meninos atacados na Av. Paulista e os tantos outros casos que acontecem diariamente mas não chegam às páginas dos jornais.

      Quem disse que geram agressões? Onde está a relação de causa e consequência? Charles Manson, quando invadiu a mansão do Polanski e matou a Sharon Tate e outro casal escreveu na parede, com sangue: “Death to Piggies”, uma referência à musica “Piggies” dos Beatles. Por esse raciocínio manco temos que detonar pra valer os Beatles por terem “incitado ao ódio” ao escrever a música. Cadeia pros Beatles. Por favor, bom dia.

      >>> Não é apenas questão do ofendido recorrer à justiça. Porque isso não repara os danos que declarações como estas causam num grupo inteiro: baixa auto-estima. Homofobia internalizada. E por aí vai.

      Avaliação subjetiva e sem menor base jurídica. Pra mim pode não reparar, pro Joãozinho pode reparar, pro Zezinho pode reparar em partes (etc ad infinitum). Se for avaliar lei por lei verá que nenhuma delas é capaz de reparar os danos de coisa alguma por completo.

      Há alguma soma material que repare os danos de uma esposa que teve o marido morto em um acidente aéreo? Não, não há, podemos dizer, certo? No entanto, empresas aéreas, depois de transitado e julgado o processo, pagam indenizações. Ou mesmo que não haja “reparação de danos” devemos proibir os aviões?

      Novamente: é uma discussão sobre PRINCÍPIOS. Eu tou cagando e andando pro que pensa o Bolsonaro [quem?].

      Sou diametralmente contra TODAS AS DECLARAÇÕES desse merda, e mesma assim, veja só que maravilha, estou aqui chamando ele de MERDA. E acho que posso fazer isso, defendo esse direito, porque pra mim, se amanhã colocarem o Bolsonaro e um monte de merda na frente perguntarem qual dos dois eu compraria, eu compraria o monte de merda. E eu, com meu dinheiro, compro o que eu quiser, oras.

      Sempre que alguém apelo pra luta do Bem contra o Mal, para aquilo que é reparável ou irreparável, na minha opinião, acabou a discussão. Eu NÃO QUERO SABER O QUE TU ACHA MELHOR PRA MIM, ok? Só me deixa em paz que da minha vida cuido eu.

      >>> Não foi só a Preta Gil que foi agredida pelas declarações de Bolsonaro.

      Que todas elas (as que se sentiram agredidas) tomem as medidas cabíveis contra o cara, oras. De novo: QUEM É TU pra se sentir porta-voz de qualquer coisa?

      >>> Na sociedade que eu quero, Noblat, as pessoas não vão aceitar que barbaridades como essas sejam ditas. Porque elas não são mesmo aceitáveis numa democracia.

      Talvez a sociedade que “tu quer” não seja a sociedade que “eu quero”. E talvez nem mesmo seja a melhor sociedade pra todos. Reflita sobre a opção.

      >>> 6. Você, Noblat, é mais velho do que eu. Você viveu a ditadura. Sabe o que é censura. Sabe o que á patrulha.

      Seguindo todos os argumentos dela até aqui (“sociedade que eu quero, meu mundo, o que eu penso etc”) o Noblat poderia dizer: “então, na sociedade que eu quero, já que conheço ela bem melhor do que você — e que já vivi a ditadura — é tudo o contrário do que você disse, eu estou certo e fim de papo”.

      Eis o problema de medir o mundo conforme a circunferência do nosso umbigo. Tou me lixando se o Noblat viveu ditadura. Quero discutir os princípios desse país, e não o que cada um “acha” ou o que cada um “quer” ou o que cada um “admite”.

      1. Pô, Leandro, na boa. Olha só tudo o que tu escreveste em resposta ao artigo da Marjorie Rodrigues pra justificar o artigo do Noblat, que é sobre o direito do Bolsonaro falar a merda que quiser.

        É uma meta-discussão. Transforma-se o fato (a merda que o Bolsonaro falou) numa discussão extensa sobre “o mundo que queremos” e etc.

        A coisa principal a se dizer é o seguinte, IMHO: um cara desses não merece receber salário pago com o nosso dinheiro pra falar uma merda dessas. Ele tem direito de falar o que quiser? Tem. Mas, e minha vó já dizia isso quando eu era guri, quem fala o que quer, ouve o que não quer.

        O resto (nesse caso) é masturbação de gente que curte ser anti-esquerda, anti-direita e outros antis.

        E tem uma coisinha que eu discordo do Noblat: ele diz: “Falta de decoro maior é roubar, corromper ou dilapidar o patrimônio público.”

        Não é não. Falta de decoro é falta de decoro. Se a pessoinha não merece ser deputado (ou deputada), pouco interessa o “nível de falta de decoro”. Já inventaram, aliás, o “decorômetro”?

        De quebra, ele ainda diz que toleramos corrupção e roubalheira. Bobagem. Essa relativização é exagerada. O cara é um pulha, não merece estar lá. Se tem mais pulhas do que ele lá, pouco interessa. Que se expulsem todos, então. Mas não me venha com essa bobagem de que ele é um fascista do bem. It’s an oxymoron.

        1. Não entendo “merecer estar lá” e nem é isso que estou discutindo (nem o Noblat, me parece, e nem mesmo essa menina que replicou ele).

          Mesmo assim, deixo um dedo: sempre achei que o foro de ‘merecimento’, nesse caso, fossem as urnas. E por seis vezes seguidas parece que ele anda merecendo. Talvez tenhamos que ‘educar’ esse povo que anda votando nele, nem que seja impondo nossa visão do ‘bem’.

          >>> Mas, e minha vó já dizia isso quando eu era guri, quem fala o que quer, ouve o que não quer.

          E a minha dizia “casa de ferreiro, espeto de pau”. [ou será casa de pau, espeto de ferreiro?]. Bem, não importa o que minha vó dizia, né? Era um ‘meta-ditado’. [ou um ditado-meta, nunca soube bem]

          >>> “O resto (nesse caso) é masturbação de gente que curte ser anti-esquerda, anti-direita e outros antis.”

          E com isso se pretende dizer algo do tipo “tudo o que tu falou, na verdade, é uma coisa de gente que gosta de implicar com os outros”.

          Um argumento sobre Princípios, como vemos.

          Da próxima vez tentarei ser mais ‘pró’. Pró-você, pró-o-povo-do-bem. Ou outros prós.

  10. O mesmo sintoma a que me referi. Olhem só o tom da “Carta a Noblat”, já começando pelo título: pomposo, crente que se está bradando em nome da justiça de cima de um púlpito, esperando arrebanhar uma ovação de milhões de concordantes. As intercalações de julgamento direto no meio da pretensa elegância de paladino, com os xingamentos de praxe. As palavras equilibradas para dar autenticidade de oprimido, e, nos momentos propícios, a explosão de guerra, o chamado para a desforra, a luta no chão.

    Eu li outro texto escrito pelo Noblat, não o mesmo que a Marjorie leu. A Marjorie tomou o Noblat pelo Bolsonaro, como os desavisados fazem com o dr. Frankstein e o monstro. Ambos um só, a dupla personalidade sacrificada em nome do mais perverso. Assim facilita e dá autenticidade ao corneteamento de caça ao lobo. O uso recorrente dos arquétipos de pertença: a ditadura, o partido (sempre ativamente onipresente), e, do lado oposto, a Folha, a Veja, o Globo (sempre por detrás, insinuados), a mídia corporativa. Na verdade a única força que está falando alguma coisa é o impessoal revanchismo histórico. O único conteúdo não é o aparente (que aliás é raso), mas o profundo movimento sociológico que dá impressão que o partidarismo começou: nós, abastados pela contemporaneidade escolhida nas urnas, e eles, os do passado, os crápulas, os da zona sul, etc.

    Eu compreendi o que Noblat disse, e julgo que a Marjorie também, mas as obrigações das formalidades da retórica a motivam a compor sua “carta” dentro do dogma maniqueísta a que está condicionada. “Tornar-se medíocre é a única moralidade que faz sentido”( Nietzsche)

  11. Queria saber quantas pessoas o Lula matou e quantas esse filho de uma santa (Porque as putas têm mais dignidade) ajudou a matar. Não façamos confusão nem ponhamos o carro na frente dos bois.

    Onde é que está a ditadura de esquerda? Deve ser mais branda que a tal da ditabranda da Folha.

  12. Engraçado. Fala-se tanto da ditadura, mas já são 9 anos de governo de esquerda no poder, e o que foi feito para abrir os documentos militares e punir os culpados, assim como foi feito em boa parte da América Latina? O que o Lula fez nesse sentido? Não só não fez, como foi conivente em lacrar os arquivos secretos para serem abertos apenas quando até os netos do generais tiverem desaparecido da face da Terra, dando total cobertura e proteção aos assassinos. Se tem alguém a culpar pelos Bolsonaros, não seria o Lula? E olha aí o Sarney virando santo. Em diversos blogs de esquerda , o velho oligarca, o patriarca responsável pela miséria e morte de milhares de brasileiros, o chaveirinho e braço direito de generais, já foi canonizado em vida, graças ao gigantesco gesto de perdão ao passar a mão na cabeça da funcionária que pediu sua aposentadoria no twitter do Congresso. Se lembram dele aparecendo em vídeo, liso e olímpico como sempre, perdoando a pobre da mulher diante a mídia, para depois providenciar o afastamento dela de qualquer emprego público no território federal.

    E a esquerda fica preocupada com Noblat. Deviam pegar o Bolsonaro, passar uma colerinha de ouro 18 quilates no pescoço dele, e criá-lo no quintal.

    1. Talvez eu devesse ter escrito posições homofóbicas já que Bolsô não parece muito a fim de discutir com a Preta Gil o cerne de suas declarações — antes racistas.

      Agora, eu imputei? Diria que o próprio Noblat autoimputou-se ao defender o direito de Bolsô em dizer o que disse (?). A atitude de defender o JBolsonaro contra o patrulhamento diz bem mais do que está escrito. Ora, se eu defendesse a liberdade da Veja, da Folha e do Mainardi, diria bem mais do que fazer a defesa da democracia e das leis, não? Ora, as questões subjacentes são importantes para mim e para o Gilmar Mendes, o Rei do Casuísmo Moderno. A não ser que defendesse Mainardi ou o Augusto Nunes em questões literárias (argh, sou um dos pucos brasileiros que leu “Malthus”, do Mainardi) ou à Veja na boa diagramação.

      Minha opinião costuma mover-se ao sabor dos comentários, sabe? Muda muito. Essa é uma característica da casa. Desta vez, não. Estou igualzinho. Escreveria este mau post novamente.

  13. “Noblat escrevesse um texto em defesa da democracia e das posições assumidamente racistas de Jair Bolsonaro (PP-RJ)”

    Milton: é algo bastante objetivo [e poupo meu tempo em viajar de “Mathus Casuísmo Moderno”]: não, ele não escreveu um texto “em defesa das posições assumidamente racistas de Jair Bolsonaro”.

    Mas, mesmo contra qualquer lógica que vejo no texto, é sua opinião, é sagrada seja.

    🙂

    1. Ok, mas escreveu sim. Tu lês muito bem as entrelinhas para saber disso. Há hostilidade a quem ataca Bolsô? Há. E por que ele escreveu aquilo hoje?

      Ora, faça-me o favor.

      Não estamos num juri, estamos num contexto bem real e até atiraria umas teorias psicanalíticas de forma a diagnosticar o ataque. Não o faço porque, putz, há uns psiquiatras que me leem. Mas ele sabem, tenho certeza!

      A forma passiva, vitimizante e, pior, autovitimizante do Noblat é uma piada. Ri bastante ao reler o txt dele.

      Hora do jantar.

        1. Leandro, e tu conseguistes ler esse tal de guimas? Aparecido do nada assim nessa hora da noite, e com essa série de “merda” e outros adjetivos que demonstram que, sem cogitarmos da idade mental do cara, a idade biológica não deve passar dos 17 anos? Um colegial! Guimas, lembre-se, enquanto tu estás aqui perdendo tempo com esse tipo de “argumento”, há um japonês estudando pra tomar a sua vaga no vestibular.

  14. Engraçado. Estava justamente pensando no Cloaca.

    Não faz um mês, Cloaca fez trocadilho com um jornalista da Folha, Breno Costa. Era por conta de uma notícia sobre o custo do envio da foto oficial da Dilma para diversas repartições públicas. O título do post é “Repórter-Toddynho entala no canudinho”, com foto do jornalista, recuperada de entrevista anterior (onde Cloaca foi o entrevistado, em dezembro de 2010, após participar de coletiva concedida por Lula).

    Preconceito se estimula? Pois bem, vamos além da brincadeira com o “setorista-mirim” da Folha. Milton Ribeiro foi o primeiro comentador a aparecer por lá para sugerir a Super Nanny, mas até aí apenas piada com a aparente pouca idade do repórter. A questão é que o título do post vai além dessa piada, todos sabemos.

    Um comentador anônimo sugeriu “pau nele”. Não tardou e o Paulo Ribeiro traduziu a mensagem. “Pau nele? É disso que o Toddynho gosta. É isso o que ele quer”.

    Zé Justino se manifestou no mesmo sentido. “Tá chateado porque não levou um “canudinho” (êpa!)? Só falta agora tirar o dedinho das alfácias e fazer jeitinho de açucareiro com biquinho. Vai lá, santa, talvez você ainda consiga alguns canudos para satisfazer (êpa, novamente!) seu amo lá do Folhão hipocritão”.

    Nitx, outro comentador, comentou que “este gajo deve ser um usuário contumaz de canudos para saber se o preço está conforme. E quem usa canudos sabe que lá fora o produto é mais caro. Para mim não passa de um caso de fixação canudanal”.

    Mais adiante, Remindo disse que “É enveja, queria todos canudos nele” (sic). Outro, Yacov, falou que “se tem canudinho, Breninho tá metido no meio (ops)”.

    Então, se o suposto homossexual é um jovem repórter da FSP – supostamente do outro lado do espectro (porque assinou notícia “contra Dilma”) ideológico – o autor do post, Cloaca, e seus os comentadores podem ajudar a entalar o canudinho, afinal Breno Costa gosta de pau e tem fixação canudanal. Sei lá, deve ser uma brincadeira carinhosa contra viadinhos de direita.

    No primeiro post do Cloaca com Breno Costa, de dezembro do ano passado, houve piadinhas entre comentadores sobre a suposta homossexualidade do repórter, o que caracteriza reincidência no tema e com a mesma pessoa.

    E eu acho que isso, guardada a imensa distância dos comentários do Bolsonaro (que inclusive “opina” sobre a correção da violência física recomendada a pais nos casos de filhos gayzinhos) das brincadeiras assinada pelo Cloaca e comentadores, revela é que existe muita moral de cueca por aí.

    Não acho que Bolsonaro tenha que ser cassado nesse caso. Existem penas como advertência e censura. Acho lamentável se isso ficar na conta do “ele é livre para se expressar”, enquanto está ofendendo gente e talvez impondo sofrimento físico e psíquico a crianças com trejeitos homossexuais.

    1. Disse tudo, Fábio Carvalho. É a hipocrisia da qual falei acima. E usar Cloca News como avalista de opinião equivale a chamar o Ratinho para um discurso na Academia de Letras. Há mais ódio e intolerância nesses sites da “esquerda jocosa e bonachona” do que nos lugares que esses senhores acham estar atacando. Quando esse Cloaca News escreve alguma coisa, das poucas vezes em que simplesmente não copia matéria alheia, é puro fascismo deliberado, auto-desculpada pela atmosfera circense.

      1. Charlles,
        disse-o tudo.
        O problema é que justamente a primeira coia que morre são os princípios. Ou antes, os inimigos a lei.
        No fundo esta discussão mostra uma coisa. Democracia é muito difícil. Ainda queremos prender, cassar e eliminar as minorias as quais não gostamos ou contrapõem-se a nós.
        Dialogar também é difícil, o Noblat (que achei um chato e escreve mal), tu, Leandro, eu não defendemos o Bolsonaro. Muito menos as idéias dele. Defendemos seu dirito de dize-las, mesmo que isto nos cause uma cirrose.
        Cassá-lo por opinião seria cassar o voto de um grupo que o elegeu. Qual seria o próximo passo, exila-los do país, encarcerá-los. Qual opróximo grupo a ser cassado?
        É burrice também. É assim que iremos combater este grupo, gerando mártires?

        O JB disse o que quis, daí vai ouvir o que não quer? CLARO. Cada um opine o que queira. Ele que processe ou vice-versa.

        1. Branco, estou relendo a parte sobre Thatcher do Pós-guerra, do Tony Judt. A esquerda nacional deveria ler também e aprender. Judt diz que Thatcher acabou com o Partido Trabalhista, sem fazer nada: deixou que a esquerda acabasse consigo mesma, se implodisse, por sua falta de representatividade. Aqui, a esquerda está no mesmo processo de degenerescência, matando-se pelas próprias mãos. Reações como essa a Noblat, e uma série de outras tantas distribuídas dia a dia, é um sintoma terrível de que a Brasil só espera uma questão de pouquíssimo tempo para se entregar de bandeija ao neliberalismo descarado. O Estado falido em todos os bastiões da federação, e a esquerda não reclama e denuncia, e se perde em futebolismos, por que ADORA seus ídolos, não se pronuncia contra eles. E, em contrapartida, essa ineficiência faz surgir heróis inusitados e canhestros para suplantar a carência de coerência e representatividade. A esquerda é que dá o fermento para Bolsonaro se tornar um baluarte do reacionarismo. Foi o que já disse antes: se fizessem uma pesquisa de aceitação popular a Bolsonaro, creio que teríamos altos índices de aprovação. O papel da esquerda seria tomar as instituições nacionais e contraatacassem com elas, como o MP, e não dar o tiro no rumo errado, como está fazendo. A esquerda está tão orfã de ideias e coragem, que só sobra um texto insosso como a dessa Marjorie de tal, e o panfletarismo neurastênico do Cloaca como citações.

    2. Charlles,

      Tenho senões de discordância nessa tua última réplica (dirigida ao Branco). Não é exclusividade da esquerda fingir, por exemplo, não ter ouvido o que o Lula disse sobre Pelotas ser exportadora de viados. Aliás, a Marjorie, ora glosada, respondeu bem este ponto.

      Pausa para auto-congratulações pelo “ora glosada”.

      Foram pra cima da Marta Suplicy por conta do “É casado? Tem filhos?”. A direita toda foi, com hipocrisia peculiar, acusá-la (corretamente) de ser hipócrita e covarde. Na esquerda, teve segmento organizado do próprio PT de SP que divulgou nota pública (correta) contra ela. Marta pediu desculpas ao Kassab num debate na TV e tornou a fazê-lo recentemente (quem erra, no mínimo, pede desculpas; correta ela aqui).

      Então, quando os “seus” acusam o golpe, entendo que a coisa tende a ganhar outra dimensão: quase sempre, mais bacana. Mas não sou tonto a ponto de não compreender o que as tchurmas (esquerda e direita) acham que é a tal da realpolitik.

      O PP está caladinho. Aliás, indicou Bolsonaro para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Decerto porque ele tem grande histórico de defender tortura, porrada em filho gayzinho etc e tal. Cadê o PSDB, que nem tão direita é assim (ou, pelo menos, jura não ser)? Na boa, ainda é o principal partido de oposição NADA fala – porque pode precisar de UM ÚNICO voto do Bolsonaro daqui a dois minutos?

      Bolsonaro já defendeu o fuzilamento do FHC, essa turma tucana não tem nem orgulho, nem memória.

      Então, para resumir, não acho que “a esquerda é que dá o fermento para Bolsonaro se tornar um baluarte do reacionarismo”. Se esse cara é baluarte de alguma coisa, é sintoma de doença grave na direita, que assiste calada ao sujeito fazer esse tipo de proselitismo (ou porque se falar mal do JB, em tese, ajuda a esquerda, patati, patatá).

      1. Independente de partido, tem muitas pessoas que devem adorar esse Bolsonaro. Deve estar sendo visto assim “esse é o cara que tem a coragem de falar o que todo mundo pensa.” “O cara que tem moral de pai para dizer que educa seus filhos à moda antiga, com vara de marmelo, para que eles não caem nessa onda apologista da homossexualidade”. Isso é o que tenho certeza de que já está acontecendo, mas a maior parte das pessoas nunca admitiriam isso em público.

        Relacionasse o Bolsonaro à ditadura militar. Em todos os textos se vê isso. E no jargão de parte do povo, “nos tempos da ditadura as coisas ficavam sob controle”, “os militares moralizaram o Brasil”. Pois bem, o que quero dizer é: a esquerda faz um barulho danado sobre as mazelas da ditadura. Parece algo próximo a uma Shoá nacional, os vitimizados tem esse passado de luta como algo intocável e sagrado. Até negar o potencial da ditadura, como fez a Folha, é algo tão condenável quanto negar o holocausto. No texto da Marjorie há isso, o uso da ditadura como distintivo moral, de um lado, e marca acusatória, de outro. Acontece que a esquerda não fez e não faz nada para reativar o tribunal contra a ditadura militar. O Lula mesmo pediu que esquecêssemos, para não guardarmos raiva e coisa e tal, no melhor estilo em cima do muro lulista. Se a esquerda tivesse feito a devassa que aconteceu na Argentina, p. ex., seria bem mais respeitada, teria um sólido aporte moral para que figurinhas do ultra-machismo como Bolsonaro ficassem apagadas, sem relevo.

        Mas isso é pedir demais para o Brasil.

        1. Fábio, uma confirmação do que estou dizendo. Vá até o site do Amálgama onde a Marjorie publicou o texto acima e veja, dos 20 comentários até agora, a grande maioria discorda dela. Alguns com defesa ardorosa a Bolsonaro. Chegam a querer o cara para presidente (li duas vezes e não consegui identificar a ironia).

  15. @Leandro:

    Só pra deixar bem claro: o que eu não gostei no artigo do Noblat é a relativização forçada. Não existe “fascista do bem”. O cara simplesmente não vale a pena nem dez por cento do nosso latim. Ele pode falar o que quiser, e arcar com as consequências disso. Esse último episódio só tornou ele mais desprezível do que já era.

    E continuo achando (opinião minha, pessoal e intransferível) que ele não merece estar lá. Ter sido eleito (seis vezes? caramba!) não é carta branca pra qualquer coisa.

    “E com isso se pretende dizer algo do tipo “tudo o que tu falou, na verdade, é uma coisa de gente que gosta de implicar com os outros”.”

    Que nada. Se bem que a implicação de uns com os outros faz parte, num país onde se discute política como torcida de futebol. Eu gosto do que tu escreves. Só discordo dessa relativização (as I said before). Muita gente (não tu) assume posição contrária só por conta das letrinhas do partido envolvido, e isso é coisa de mané, ou partidário filiado.

    @Fabio Carvalho:
    Exatos meus pensamentos. Se bem que o Cloaca tem um jeito de humor forçado, a la “Pânico” ou “CQC”. Não faz o meu estilo, mas pelo menos é satírico. Pra quem gosta, leia lá. E, sim, tem uma imensa distância entre as brincadeiras (de gosto duvidoso, IMHO) do Cloaca e os comentários do Bolsonaro. Reforcemos isso.
    Mas discordo sobre a cassação. Qualquer outra coisa é tapinha na mão dele. O cara não merece receber salário pago com meu dinheirinho pra ser desprezível, preconceituoso e racista.

    1. Guimas,
      para mim quano ele diz fascista do bem, ele está se referindo ao Lula. Em tom jocoso. mas não sou advogado do Noblat, nem sei o resto de suas opiniões.
      “E continuo achando (opinião minha, pessoal e intransferível) que ele não merece estar lá. Ter sido eleito (seis vezes? caramba!) não é carta branca pra qualquer coisa.”
      Também acho isso, ams e daí. Tem gente que acha o contrário. E concordo contigo que não é carta branca. Mas dizer o que pensa não é apenas um direito de um deputado.
      ” Muita gente (não tu) assume posição contrária só por conta das letrinhas do partido envolvido, e isso é coisa de mané, ou partidário filiado”
      Também concordo. Isso vale para direita e esquerda (eu diria que até mais pra esta). E neste ponto o Noblat toca. Afinal não é assim quando se defente o Lula de suas frases?
      “E, sim, tem uma imensa distância entre as brincadeiras (de gosto duvidoso, IMHO) do Cloaca e os comentários do Bolsonaro. Reforcemos isso.”
      Também concordo, mas continuam sendo homofóbicas. Revelam a verdadeira pessoa.
      “O cara não merece receber salário pago com meu dinheirinho pra ser desprezível, preconceituoso e racista.”
      Repito a concordancia. Não acho que ele merece e tens o dirito de opinar sobre isto, mas tem gente que acha o contrário e talvez pense assim do deputado que elegeste.

      Sugestão.
      Esqueçamos esta história de decôro. Ele tem o direito de falar. façamos um programa de TV. Reality. “Sua filha vai casar-se com o filho do Bolsonaro. O que você faria?”

      Estou apenas usando minha liberdade de expressão.

      1. “Também concordo. Isso vale para direita e esquerda (eu diria que até mais pra esta). E neste ponto o Noblat toca. Afinal não é assim quando se defente o Lula de suas frases?”

        Mas então devia ter tido muita gente querendo que não se criticasse Lula por aquilo que ele fala, já que é expressão livre de opinião.

        Só que, toda vez que se critica algum jornal por esse tipo de editorial (e teve muitos), se fala que queremos censura. E nesse ponto, a imprensa sempre tem a última palavra. Nada contra, mas dois pesos, etc. Pode falar mal do Lula pelo o que ele diz, mas não pode do Bolsonaro, por que é censura?

        De novo: o cara pode falar o que quiser. Mas, por favor, que se dê o respeito e que respeite o cargo público que tem. Só isso.

        “Esqueçamos esta história de decôro. Ele tem o direito de falar. façamos um programa de TV. Reality. “Sua filha vai casar-se com o filho do Bolsonaro. O que você faria?””

        Sei lá. Não conheço o fulano! Mas se tu me perguntasse se a minha filha vai casar com o Bolsonaro, eu diria, com todas as letras, que eu não gostaria. Bolsonaro é um imbecil. Prefiro minha filha casando com gente menos idiota.

        1. Guimas,
          “Mas então devia ter tido muita gente querendo que não se criticasse Lula por aquilo que ele fala, já que é expressão livre de opinião”
          Eu não falei em que não se deve criticar o Bolsonaro; estamos discutindo a punição. Criticar também é exercitar a liberadade de opinião. Se o Lula acha que não tem problema uma mulher ser apedrejada é o que ele pensa.
          Não se está defendendo o que o Bolsonaro disse, ou o que ele pensa. TODOS aqui o chamaram de abjeto, ou algo parecido. Não vamos deslocar o objeto.
          Quanto ao reality show, eu não fiz uma pergunta específica a ti, mas uma proposta (que me daria dinheiro, hehe) de como responder a ele usando das mesmas armas (ou direito): a liberdade de expressão.
          Imagine o que iam dizer dele. E seriam só opiniões. Eu por exemplo (tenho duas filha) diria que mesmo sendo genro, este ser abjeto não entraria em casa. Eu cuspiria nele no jantar de apresentação. Ou melhor, minhas filhas tiveram boa educação e, portanto, não se casariam com tal éspécime. E não seria preconceito. Ou se fosse, continua no meu direito.
          E espero que ninguém me processe por isto.

      2. Branco,

        Eu acho que não ter nenhuma punição por alegada liberdade de expressão, no caso em tela, é autorizar um vale-tudo cívico (e político!) contra homossexuais.

        Você pode não gostar do Bolsonaro, ou do filho dele (noves fora a hipótese de o filho dele, pelo menos o caçula, não ser um babaca como o pai, já que outros dois filhos são parlamentares… eleitos!). Ele pode não gostar da Preta Gil. O caso NÃO É pessoal, ora. É uma ofensa genérica, que atinge, sei lá, mais de um milhão de brasileiros.

        Liberdade de expressão não é um direito absoluto.Vou usar exemplo batido: tenho direito de entrar numa sala de cinema cheia e gritar “fogo”, causando pânico e tumulto, e alegar que estava apenas me expressando?

        1. Direito vc tem, Fábio. Mas se alguém lhe denunciar por isso, aí terá que responder na justiça. SE alguém te denunciar. O MP tem que ser provocado, para agir.

          Tenho uma prima que passou no último concurso para delegado da PF. Como ela sofre de vitiligo, só pôde ser empossada meses depois, pois haviam lhe reprovado no exame físico e coisa e tal. Entrou na justiça, ganhou e, como as melhores, as medianas, e as piores vagas foram todas preenchidas pelos outros aprovados, sobrou-lhe ir trabalhar no Maranhão. Ela trabalhou alguns meses lá e pediu licença maternidade. Disse que é horrível trabalhar naquele estado, que existe um policiamento acirrado sobre o que se diz, principalmente na esfera do funcionarismo público. Além da grande miséria reinante, não se pode trabalhar e nem fazer nada, sem a aprovação prévia da Família. Ela está tentando transferência para o Tocantins.

          Há alguns dias um ator de teatro disse que o Piauí é um “cu”. Caiu-se em cima do cara sem dó. Todo mundo conhece o caso, claro. A política e o judiciário piauiense proibiram a encenação da peça em que contracena o dito ator, no estado.

          Por aqui, no cu do Goiás, Marconi Perillo expulsou um radialista até além dos limites da perseguição ditatorial, uma família de coronéis tirou de circulação um livro do Fernando Morais só por conter uma única frase que, segundo seu entendimento, lhe era desabonador. Há um ano, tive que responder na justiça a um processo por ter condenado uma carcaça inteira de vaca com cisticercose, movido contra mim pela mesma família. Fui instruído pelo forum a desistir, assumir meu “erro” como ato culposo e pagar uma cesta básica. O caso seria trabalhoso, e tudo indicava que eu perderia, segundo os mesmos entendidos. Não capitulei. Mostrei as provas, os laudos, gastei com bom advogado e…o juíz me deu ganho de causa. Como aquilo me dava enjoo, ver as mesmas caras defasadas de antigos deuses-na-terra, aceitei não ir além atrás de uma indenização de peso contra eles, por danos morais, e peguei apenas o valor para o advogado e uma retratação que saiu em dois principais órgãos de imprensa goianos.

          O MIlton foi processado, e ESTÁ sendo processado.

          Em qualquer ocasião, mesmo a de um zero à esquerda como esse Bolsonaro, sou RADICALMENTE CONTRA a censura de livre expressão. Que gritem “fogo”. Se me prejudicarem, vi que tenho entendimento e coragem suficiente para ir atrás da minha defesa.

        2. Neste caso não estás emitindo uma opinião mas expressando um fato. Estás emitindo uma proposição falsa e fazendo com que pessoas tomem atitudes a partir de falsas premissas. Não é expressão.
          Lembrando o próprio Bolsonaro (neste post eu me ative apenas ao episódio em questão):
          – FCH deve ser fuzilado: isto não é uso da liberdade de expressão, mas incitação ao crime (a não ser que fales em tom de brincadeira)
          – Dilma é assassina: é uma ofensa pessoal a não se que ele prove ser verdade. Se ela quisesse ganharia o processo.
          Agora dizer que homosexuais estão errados, que não gosta dele, que educou seus filhos para não casarem com eles. Bom isto é uma opinião.
          Eu não receberei em minha casa membros da facção dele (JB), não aceitaria mesmo. E o faço por suas opiniões. Sou discriminador. Sou sim, e daí? Na empresa onde trabalho, multinacional americana, ele seria demitido. Mas por ela ter o direito de escolher quem ela quer ficar.
          No caso do Estado é diferente. O Estado não tem este direito. Por ser o Estado. enão, ele estabele o que se pode falar ou não. E aí a maioria de plantão é que decide. Isto todos sabemos onde vai dar….

          Se ele atingiu mais de um milhão de brasileiros, imagina o que seria um milhão de processos?

          A democracia é complicada mesmo. Ela deve permitir inclusive que se tente solapa-la (nos EUA o PC era pró União Sóvietica e em Israel pela dissolução do estado israelense) e muitas vezes é assim que ela acaba (nazismo).

          Por fim, puxa. O cara tem dois filhos deputados? Esta eu não sabia? Vamos lá. A verdadeira plataforma dele não é racismo ou homofobia, mas uma volta a ditadura. Três deputados no Rio? Isto é o que devia nos preocupar. vai por terra a minha tese de que sempre teríamos 1 desses. É bem mais

        3. Charlles e Branco,

          Ele pode não sentir tesão homossexual, ou preferir mulheres bonitas, a questão não é essa. Ele tem direito de falar que homossexuais são promíscuos? Que filhos bem educados não se tornam homossexuais?

          Isso é mera opinião*?

          Isso configura quebra de decoro? Eu acho que sim. Se sim, cabe sanção. Bolsonaro é reincidente. “O filho começa a ficar, assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele”. Logo, para além da mera opinião, vale uma atitude: bata no homossexual, que ele aprende a se comportar como homem.

          Quando ele disse isso, há cerca de quatro meses, dentro da Comissão de Direitos Humanos, não deu nada (aliás, o PP voltou a colocá-lo lá na atual Legislatura, o que é um deboche partidário, convenhamos).

          Ele foi cobrado por outros parlamentares da comissão. “Não retiro nenhuma palavra do que eu disse”, reagiu Bolsonaro. Ao que Fernando Chiarelli (deve ser filho do ex-ministro da Educação, Carlos Chiarelli), do PDT paulista, concordou com ele. “Esse governo está querendo desmasculinizar esse país. Tirar a virilidade dos nordestinos, dos gaúchos, dos paulistas, dos mato-grossenses”.

          *Bolsonaro recuou da opinião de mulher negra ser promíscua, porque essa opinião configura, em tese, crime. Disse que entendeu errado a pergunta. Contra homossexual, essa opinião não dá nada. E ele a manteve. Porque a dignidade da mulher negra é diferente do homossexual?

          (No mais, ele tem um filho deputado estadual no RJ e o outro é vereador na capital fluminense.)

        4. Charlles,

          Correção formal: o MP não tem que ser provocado para agir. Ele pode agir de ofício.

          No caso, complica, em primeiro lugar, pelo foro privilegiado. Em segundo, pelo fato de ele estar amparado pela imunidade parlamentar (para opiniões e votos). Não acho que seja (apenas) caso judicial: é falta de decoro mesmo na minha opinião, por isso a Câmara deveria tomar providência, pois compete a ela fazer isso.

        5. Fábio,
          eu estou discutindo as declarações dadas ao CQC, não a situação geral do deputado. Mais, eu escrevi que achava crime quando ele chamou a Dilma de assassina (calúnia) e sigeriu que FHC devia se fuzilado (incitação à violência).
          No caso de bater no filho ele falou outra vez e, se encaramos que ele está sugerindo a outras pessoas que agridam menores, por qualquer motivo, é incitação à violência e não expressão de uma opinião.
          Dizer que homossexuais são promíscuos é uma opinião, torpe, mas é. Ela deve ser ridicularizada e combatida, mas não com cala-te-bocas.

  16. Guimas,

    Já li que as outras penas (censura, advertência ou suspensão) são para casos como problemas de conduta dentro da Casa: tumultuar sessão, xingar deputado etc e tal. Logo, neste caso, ou se cassa, ou não dá nada. Até onde se sabe, nada chegou até o Conselho de Ética até agora – as representações, pelo que li, seguiram para a Corregedoria.

    E eu acho que não vai dar nada – o que é péssimo. Pode falar que homossexual é promíscuo que não dá nada. Pode mandar pai bater em filho gayzinho que não dá nada. Podem as igrejas falarem barbaridades, inclusive sessões de cura de homossexuais, que não dá nada. Vão alegar que curam câncer também…

    Ontem, Fernando Barros e Silva, na FSP, seguiu mesma linha da defesa da liberdade de expressão. A la Noblat, hoje tem editorial da FSP (Liberdade de Agressão). “Caso Bolsonaro não justifica abrir precedente contra livre expressão do pensamento ou contra caráter inviolável do mandato parlamentar”.

    Foi por isso que ele recuou do racismo. Porque aí é crime tipicado e é imprescritível.

    Ontem foi o Fernando Barros e Silva a adotar mesma linha. Outro dia, na repercussão do caso Bolsonaro, apareceu numa matéria o Ives Gandra Martins (e outro da Mackenzie) criticando o preconceito do deputado, mas defendendo a tal liberdade de expressão. Esse jurista é o mais famoso supernumerário do Opus Dei no Brasil.

    Mackenzie, aliás, é a instituição cujo chanceler, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, no ano passado, atacou o projeto que transforma homofobia em crime “por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia”.

    Segundo o texto de “orientação acadêmica” que ele assinou, “tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais”.

    Pode falar que homossexual é antiético no site de uma instituição de ensino superior (ok, presbiteriana) que não dá nada.

    Eu discordo da “liberdade de expressão” alegada para ofender pessoas num estado laico. Mas não vai dar nada.

    1. É isso aí, Fábio. Eu sei que não vai dar nada. É só mais um político descartável defendendo idéias inúteis que temos lá.

      E, usar a igreja pra defender homofobia (“Deus quer assim, não posso fazer nada”) é exagero também. Essa gente não tem mais o que fazer?

  17. Minha posição sobre o ocorrido é a seguinte: deixar o deputado argumentar livremente e, sempre que possível, enrabá-lo em público pela força da argumentação. A discussão pública entre visões antagônicas é a melhor vitamina para um regime democrático sadio.

  18. Milton, não conhecia seu site. Seguindo a ideia do seu título aucusatório parece que o Bolsonaro ganhou outro amigo, o Marcos Rolim, que desde ontem defende que ele não deve ser cassado e tem o direito de dizer o que disse.

    Aqui está o twitter dele com os argmentos
    https://twitter.com/#!/rolimmarcos

    O Rolim pra quem não sabe é Jornalista, sociólogo, militante dos Direitos Humanos como ele próprio se define. E ex-deputado e atual assessor do PT no RS.

  19. Meu ponto de vista sobre democracia é aquele do ditado popular: a liberdade de um acaba quando começa a do outro.

    Se alguém não gosta de homossexuais, vá lá, é um direito seu. Quando este sujeito diz, por exemplo, que é preciso “dar um couro” se o filho for “meio gayzinho”, aí quem está sendo antidemocrático é ele, não quem não tolera este tipo de declaração.

  20. O que deixa as pessoas que defendem com unhas e dentes a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA estupefadas, é o apoio explícito e velado que este elemento tem nos portais e artigos da grande mídia. Para os articulistas da mídia porca, a liberdade de expressão abarca tudo, iclusive, atacar negros e gays em rede nacional, que diga-se, é uma CONCESSÃO PÚBLICA. E lá vão eles, deitar falação na surrada e irritante liberdade de expressão. A liberdade de expressão no Brasil é garantida constitucionalmente, agora, se em rede nacional se atacar qualquer pessoa ou grupos sociais, no caso, homossexuais e negros, vai responder judicialmente por isso. A liberdade de expressão não é absoluta em NENHUM LUGAR DO MUNDO. No cotejo de valores e princípios de nossa carta maior de 1988, o valor central é a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, logo, a liberdade de expressão é relativa. Isto é tão óbvio, que até parece que estes milhares de artigos e editoriais da imprensa decadente é até para irritar os seres humanos que compactuam com o humanismo radical.

  21. Acho bom esse filhote da ditadura ficar com as barbas de molho, porque haverá, sim, uma varredura em todos os “anos de chumbo”, a partir da década de 1940. A Lei já foi aprovada. E duvido que esse militar da reserva, formado pela AMAN, em 1977, em plena ditadura militar, é santinho. Haja vista as declarações anti-democráticas e racistas que ele vocifera. Dizem que “cachorro que late não morde”. Será que na ditadura ele só latia? Será que a propalada “rebeldia” dele não era multilateral, contra todos, inclusive os “comunistas”? Bolsonaro, “te cuida”!!!

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