Igreja de São Pelegrino em Caxias do Sul e Antônio Prado

Viajamos durante o fim de semana. Minha mulher tinha algumas reuniões na serra. Eu fiquei vadiando. O exterior da Igreja de São Pelegrino, em Caxias do Sul, é uma verdadeira blasfêmia arquitetônica, uma inconcebível mistura de estilos. A remissão destes pecados inicia na porta, quando nos deparamos com a porta de bronze, obra de Augusto Murer.

O lado de dentro é deslumbrante, com obras de Aldo Locatelli por todos os lados.

Vejam o teto.

Ah, vocês acharam estranho este detalhe?

Pois é, se Michelangelo foi proibido de colocar demônios na Sistina, Locatelli desenhou-os em São Pelegrino. Notável.

Mas há uma coisa absurda. Nos quadros que descrevem a via sacra e que circundam a nave há vidros de proteção. E eles refletem a luz, óbvio. E há muita luz. Então a gente não consegue nenhum quadro por inteiro. Alguns detalhes tem que ser vistos dando uma voltinha para fazer com que os reflexos luminosos se movam. Há malucos que se quase se atiram no chão por uma foto.

E mesmo assim, observem, pegam o reflexo das janelas do outro lado da igreja. O quadro acima é belíssimo. Aquela lata caindo é a lata de tinta do pintor Locatelli, já quase sem forças para finalizar os afrescos de São Pelegrino, em razão do câncer que o mataria aos 47 anos. Algumas pessoas protestam, pois não havia latas na época de Cristo… Céus!

Depois, fomos à Antônio Prado.

Na cidade, há diversas obras tombadas pelo patrimônio histórico. Desconheço a história de Antônio Prado, mas chutaria algo semelhante à Parati. Provavelmente foi mantida do modo como a vemos por ter empobrecido muito.

A única forma de se preservar alguma coisa do passado do Brasil é através do desinteresse. Se há interesse, põe-se tudo abaixo. Voltem às fotos anteriores. Prestem atenção ao tamanho das tábuas. Cada uma tem metros e metros de madeira contínua.

Mesmo que entremeadas de construções modernas, mesmo que os pradenses passeiem na rua com os carros tocando a todo volume uma “música” com a “letra” que transcrevo abaixo: …

Ela já fez plástica,
ela faz ginástica,
ela faz dieta
é gostosa à beça,
ela ficou fantástica,
ela é transgênica,
ela é turbinada,
foi modificada
ela ficou fantástica.

Sobrou alguma coisa para a gente ver. Imagino meus amigos Leônidas Abbio e Daniela Pasetto pequenos, brincando no pátio do Colégio Ulisses Cabral.

Comprando carne num açougue pra lá de temático.

Mas olha, gostei mesmo foi da fantástica, perfeitíssima sopa de capeletti (ou agnolini) que tomamos no Clube União. Comemos maravilhosamente — depois foram servidas milhões de saladas e churrasco impecável. E pasmem, nós pagamos, O CASAL, R$ 28.

Inesquecível.