Porque hoje é sábado, Sara Sampaio

Hoje, acordei com desejos de mamilos

Porém, quando tu, Sara, pela manhã, me perguntaste

se os palestianianos

(pois é assim que se diz em Portugal)

deveriam cultivar esperanças

olhei em teus olhos e teus lábios e decidi

que os mamilos ficariam para a próximo sábado

ao mesmo tempo que te respondia Não tenhas ilusões

porque o conflito israelo-palestiniano

(e falei corretamente para que ela soubesse que conheço nossas línguas)

está envolvido num contexto maior,

o árabe-israelense ou árabe-norteamericano, tanto faz

e que tudo isso de hoje seria um passo

no sentido da visibilidade e da dignidade

e quando teus olhos me perguntaram se isto era não ter ilusões

te respondi que o fracasso seria como água nova brotando

e mesmo que o afropresidente americano estranhamente (para nós, Sara)

queira vetar, e apesar de você, Susan Rice (desculpe por falar em tal mulher na tua presença),

qualificar tudo de um estratagema pouco sábio,

sabes?, haverá uma enorme euforia

apenas por saber que uma esmagadora maioria

está conosco, Sara.

Porque hoje é sábado, Leila Lopes

Fiquei irritado ao chegar em casa.

Ao invés de estudar,

minha filha assistia ao Miss Universo.

Mas vi aquelas cinco

e comecei a achar interessante

torcer pela negra.

O motivo era simples:

ela era a mais bela

e era angolana.

É um país envolvido com o materialismo básico da escola

do hospital, da estrada, do matar a fome, do tirar da miséria.

E ela ostentava (ostenta ainda)

uma cara incrível de brasileira,

pois nosso país — lembram? —

tinha a indignidade de importar gente de lá

que não queria vir para cá,

e que formaram nosso país com o que trouxeram

como o samba, a capoeira, a feijoada e tanta coisa que nem caberia aqui (como não coube).

Estatuinha (Edu Lobo / Gianfrancesco Guarnieri)

Se a mão livre do negro tocar na argila
O que é que vai nascer?

Vai nascer pote pra gente beber
Nasce panela pra gente comer
Nasce vasilha, nasce parede
Nasce estatuinha bonita de se ver

Se a mão livre do negro tocar na onça
O que é que vai nascer?

Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas
Nasce tapete pra cobrir o nosso chão
Nasce caminha pra se ter nossa ialê
E atabaque pra se ter onde bater

Se a mão livre do negro tocar na palmeira
O que é que vai nascer?

 

 

 

 

 

Nasce choupana pra gente morar
E nasce rede pra gente se embalar
Nasce as esteiras pra gente deitar
Nasce os abanos pra gente abanar

http://youtu.be/T6yeRAlnOiU

Porque hoje é sábado, não me peçam explicações

Os analistas encontram razões para tudo,

então vejamos o que dirão disso:

eu encontrei um diretório em meu computador

com estas 22 fotos.

Não sei exatamente o que as unia

ou o sentido em estarem ali reunidas.

Que inteligência as liga?

O clips que as junta?

O que faz Camila Vallejo com Jean Seberg?

Ou Kathleen Turner com Keeley Hazell?

O que um analista diria desta aparente livre-associação?

Lembram que Lauren Hutton tinha um vão entre os incisivos?

(O vão mal aparece acima)

E o que desejaria ela com Monica Vitti?

Não é uma reunião de loiras.

Nem de morenas.

Não é uma coleção atual,

nem retrô,

o que é eu não sei,

o que posso garantir é que gosto delas.

Mariza 11

Pois tenho gostos pronunciados

e surpreendentes.

Porque hoje é sábado, Camila Vallejo

EMBALAGEM E CONTEÚDO. Camila Antonia Amaranta Vallejo Dowling ou simplesmente Camila Vallejo (Santiago, 28 de abril de 1988) é uma estudante de geografía e dirigente estudantil chilena. Militante da Juventude Comunista do Chile, é a atual presidente da Federação de Estudantes da Universidad do Chile (FECh), sendo a segunda mulher a ocupar o cargo.

Quando eu digo que as mulheres de esquerda são mais inteligentes, bonitas, decididas, tesudas e que, fundamentalmente, trepam melhor, bem, eu não estou sendo folclórico.

Me gustan los estudiantes

que marchan sobre la ruina.

Con las banderas en alto

va toda la estudiantina:

son químicos y doctores,

cirujanos y dentistas.

Caramba y zamba la cosa

¡vivan los especialistas!

Me gustan los estudiantes

que van al laboratorio,

descubren lo que se esconde

adentro del confesorio.

Ya tienen un gran carrito

que llegó hasta el Purgatorio

Caramba y zamba la cosa

¡los libros explicatorios!

Me gustan los estudiantes

que con muy clara elocuencia

a la bolsa negra sacra

le bajó las indulgencias.

Porque, ¿hasta cuándo nos dura, señores, la penitencia?

Trecho da letra de Me Gustan Los Estudiantes, de Violeta Parra.

Como diz o samba em homenagem: "Vinícius, velho, saravá!"

O poeta Vinícius de Moraes

Há 31 anos, num 9 de julho, morria o poeta Vinícius de Moraes. O poetinha – apelido dado por Tom Jobim – era um boêmio, fumante, amante dos bons uísques e das mulheres. Casou-se nove vezes. Apesar disso, teve tempo de criar obra literária, musical e teatral. Foi parceiro de toda uma geração de grandes músicos brasileiros como o citado Tom, além de Chico Buarque, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra, Edu Lobo e João Gilberto, dentre outros.

Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes nasceu em 1913 no Rio de Janeiro, na Gávea, filho de um funcionário da prefeitura e de uma dona de casa que era também pianista amadora. Em 1930, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à UERJ. Na chamada “Faculdade do Catete”, conheceu o romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinícius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933, aos 20 anos. Após um período na Inglaterra, fez concurso para o Ministério das Relações Exteriores. Na primeira vez foi reprovado, mas na segunda tentativa acabou aprovado, sendo enviado para Los Angeles como vice-cônsul.

Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Depois, Vinícius de Moraes atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda. A carreira de diplomata fui subitamente interrompida pelo AI-5, através de uma aposentadoria compulsória. O motivo alegado foi a boemia. Em entrevista, o presidente João Figueiredo explicou as causas da demissão: “O Vinícius diz que muita gente do Itamaraty foi cassada por motivos políticos, por corrupção ou por pederastia. É verdade. Mas no caso dele foi vagabundagem mesmo. Eu era o chefe do Serviço Nacional de Informações, o SNI, e recebíamos constantemente informes de que ele, servindo no consulado brasileiro de Montevidéu e ganhando 6 000 dólares por mês, não aparecia por lá havia três meses. Consultamos o Ministério das Relações Exteriores, que nos confirmou a acusação. Checamos e verificamos que ele não saía dos botequins do Rio de Janeiro, tocando violão, se apresentando por aí, com copo de uísque na mão. Nem pestanejamos. Mandamos brasa.”

Hoje, ninguém se incomoda com seu mau comportamento funcional. Afinal, o ganho cultural foi muito mais importante.

Vinícius de Moraes é conhecido pelo grande público muito mais por sua música e por seu trabalho como letrista do que por sua obra literária. Porém, estes estão de tal forma interligados com a vida do autor que certamente não é muito inteligente separá-los. Nos anos 40, Vinícius era um poeta lírico de linguagem simples que muitas vezes enveredava pelo social. Os poemas desta época certamente não lhe garantiriam nenhuma “imortalidade”e ele era mais conhecido por sua atuação como jornalista e crítico de cinema.

O manuscrito de “Soneto da Separação”

Só em 1953 o poeta começou a abrir espaço para o letrista e músico. Naquele ano, Aracy de Almeida gravou “Quando Tu Passas Por Mim”, primeiro samba de sua autoria. Escrito com Antônio Maria, o samba marcava, na vida pessoal do poeta, mais um fim de casamento. No ano seguinte, Aracy de Almeida voltou a gravar outra música com letra de Vinícius.

Em 1954, foi publicada sua coletânea Antologia Poética, ao mesmo tempo em que finalizava sua peça teatral Orfeu da Conceição, premiada no concurso associado ao IV Centenário de São Paulo, cidade por ele apelidada de “o túmulo do samba”. Dois anos depois, quando andava atrás de alguém para musicar a peça, um amigo indicou-lhe um jovem pianista e arranjador chamado Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, de 29 anos. O encontro entre Vinícius e Tom, entre Tom e Vinícius, deveria ser saudado com fanfarras não fosse a bossa nova tão avessa a estas barulheiras. Ali nascia uma das mais fecundas parcerias da música brasileira, uma que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a trilha sonora para Orfeu e seguiram compondo uma vertiginosa sucessão de clássicos que acabaram na criação da bossa nova juntamente com João Gilberto. Se Todos Fossem Iguais A Você, Eu e Você, A Felicidade, Chega de Saudade, Eu sei que vou te amar, Garota de Ipanema, Insensatez, entre outras belas canções canônicas.

A pedra fundamental da bossa nova veio com o LP Canção do Amor Demais, gravado por Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o LP trazia ainda com outras músicas da parceria, como Luciana, Estrada Branca, Outra Vez e a indiscutível Chega de Saudade, em interpretações vocais intimistas, bastante estranhas ao comum da época — o da voz empostada e do berro. No ano seguinte, era lançado o LP João Gilberto que trazia como música de abertura a mesma Chega de saudade gravada por Elizeth e abria definitivamente o período da bossa nova. Aliás, é importante dizer que a famosa batida do violão de João Gilberto já se fazia presente no disco de Elizeth.

Tom e Vinícius

Mas Vinícius ainda teria outras participações fundamentais na história da MPB. Em 1965, o “I Festival Nacional de Música Popular Brasileira” (da extinta TV Excelsior) consagrou Arrastão (composta em parceria com Edu Lobo) como vencedora. O segundo lugar foi a Valsa do Amor que Não Vem , do mesmo Vinícius com Baden Powell, defendida por Elizeth Cardoso.

Em 1966, uma nova parceria com Baden Powell gerou “Os Afro-Sambas”, uma brilhante coleção de canções de influência africana que recebeu sua maior homenagem há poucos anos, com a regravação feita por Mônica Salmaso e Paulo Bellinati. No mesmo ano, lançou o livro de crônicas Para uma menina com uma flor.

Entre um parceiro e outro, eram criadas uma série de obras-primas da MPB. Samba da Bênção, com Baden; Marcha da Quarta-feira de Cinzas, com Carlos Lyra; Valsinha e Gente Humilde, com Chico Buarque; a lista é imensa.

Toquinho e Vinícius

Depois de 1970, foi a vez de encetar outra longa parceria, talvez a mais duradoura e prolífica delas, aquela com o violonista e compositor Toquinho. Formavam uma dupla bem diferente em qualidade das atuais. Também era diversos na postura: Toquinho empunhava um violão e Vinícius um copo de uísque. O primeiro LP já trazia Na Tonga da Mironga do Kabuletê, Testamento, Tarde em Itapoã, Morena Flor e A Rosa Desfolhada. Em 1972, eles lançaram o álbum São Demais os Perigos Dessa Vida, contendo — além da faixa-título — grandes canções como Cotidiano nº 2, Para Viver Um Grande Amor e Regra três.

Em 1979, participou de leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofreu um derrame cerebral no avião. Perderam-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral. Morre na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.

O poetinha em 1977

A poesia de Vinícius, seja na música ou nos livros de poesia, transpira paixão. Paixão pela mulher, paixão pelo divino, paixão pelo prazer transitório e pela dignidade humana. Outra palavra fundamental de seu léxico é a busca. Busca da religião que logrou encontrar na África, busca das inumeráveis musas — mulheres reais ou inventadas — e a busca do perdão para tantas infidelidades. Poeta entre o viril e o terno, entre o metafísico e o carnal, fez de sua poesia um local de encontros e de despedidas. Morreu como uma reeencarnação de Dioniso. Era o rei das festas, o mais saudado, o poeta do fumo, das religioões afro-brasileiras num tempo em que isso era quase escandaloso, da irresponsabilidade, da insânia e, sobretudo, da intoxicação — através do amado uísque — que une o bebedor com a deidade. E, para nossa alegria, ainda deixou-nos uma grande obra que, se não chega a ser a de um Drummond, a de um João Cabral, a de um Murilo ou a de uma Cecília, chegou mais facilmente ao coração do povo através da música. Vinícius, velho, saravá!

~o~

O dia da criação

Macho e fêmea os criou.
Gênese, 1, 27

I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente

Porque hoje é sábado, Maria (cheia de graça) Sharapova

Maria, na foto abaixo, pareces estar no confessionário…

Já eu, venho aqui confessar meu medo

O medo de que tu jamais voltasses

a disputar uma final de Grand Slam

Sentimos tua falta

— e como! — porém hoje pela manhã

voltas a disputar uma final em Wimbledon

após sete anos de ausência

Maria,

a Kvitova não ousará te vencer

Quando todos aqueles que amam as mulheres e suas formas

te verem entrando cheia de graça na quadra

a torcida será tua — e mesmo teu gritos insuportáveis

soarão como orquestrações de Rimsky-Korsakov

como contos de Tchékhov

como filmes de Tarkovsky

e, como ratinhos de Palov,

te perseguiremos com os olhos

no aguardo de tua felicidade.

Porque hoje é sábado, Toy Story e nenhuma seriedade

O fotógrafo irlandês Tony Kelly,

pelo visto,

é bem humorado e aprecia divertir-se com seu trabalho.

Nem todos podem ser felizes e ganhar a vida desta maneira.

Sabem? Acho que as mulheres dificilmente têm este gênero de humor.

Normalmente elas reagem, preferindo a seriedade. Não são todas, mas

rir de alguma coisa durante as primícias, por exemplo, parece ter um potencial de retorno à estaca zero.

Será que elas temem a intrusão de alguma vulgaridade ou já se irritam pensando que estamos rindo delas?

Ririam disso.

Ficariam indiferentes a isso.

Falariam mal disso — apelativo até para mim.

Notariam a direção da luz, o chão e o rosto Vermeer (enquanto nós sentiríamos a falta da bunda).

Fariam tsc, tsc, tsc,

Apontando em riste

Nossa ridícula necessidade de voyeurs.

P.S.- O nome desta série — das 7 primeiras fotos —  é Toy Story. E ela me foi apresentada pelo ex-fotógrafo do Sul21, Ramiro Furquim, um estudioso amante de temas áridos.

Porque hoje é sábado, Giovanna Mezzogiorno

Poema para Giovanna Mezzogiorno, por Fernando Monteiro

(Publicado originalmente no Substantivo Plural)

O Deus veio e disse:

Vais ser chamada de Zênite do Dia,

de Metade da Jornada que Completa

as Vinte e Quatro Horas Eternas de Ísis no Céu

da Verdadeira Vida!

Giovanna, o teu Nome vai dilatar o espaço

e dividir as horas da Manhã e da Tarde dos homens

que contemplarão tua Beleza –

e chorarão por si mesmos

e também por ti, ó Rainha!

Porque hoje é sábado, Sandra Milo

A memória de todos guarda que a eterna mulher de Federico Fellini foi Giulietta Masina.

É, mas houve Sandra Mila, a atriz de e de Julieta dos Espíritos.

“La nostra storia duro’ 17 anni, voleva sposarmi” ou

“Nossa história durou 17 anos, ele queria casar comigo”.

“Ho detto no alle nozze ma ho amato il suo corpo simbolo di sfrenata vitalita” ou

“”Eu disse não para o casamento mas amei seu corpo, símbolo de uma vitalidade desenfreada”.

Em março de 2000, numa festa em homenagem ao diretor,

Sandra Milo repentinamente congelou os presentes ao contar a novidade,

que logo depois foi confirmada por vários amigos, porque de novidade tinha pouco.

De qualquer maneira, o encontro com Fellini foi crucial para a Sandra atriz.

I due capolavori, nas duas obra-primas, Sandrocchia (como era carinhosamente chamada

por Federico) fazia desinibidas e debochadas mulheres fatais e livres, que incorporavam o imaginário

erótico do diretor, que preferia criar esposas mais moderadas, dentro da mentalidade da classe média.

Mas que filha-da-puta sacana e esperto era esse Fellini!

Porque hoje é sábado, Ann-Margret e Sonia Petrova

Eu garanto que não há absolutamente nada a ver — em estilo, físico e biografia — entre

a sueca Ann-Margret e

a francesa Sonia Petrova.

Se elas estão juntas aqui, deve-se a candentes pedidos de meus sete leitores,

uns queriam a de cima, outros a de baixo.

Ann-Margret foi presença frequente em minha adolescência com seus péssimos filmes com Elvis,

Petrova surgiu em minha vida muito depois.

Ann-Margret era tremendamente sexy e foi tema de muito treinamento privado,

Petrova não, Petrova estava mais para a deusa inacessível.

Ann-Margret fazia filmes alegres com números de dança,

Petrova sofria em Ludwig de Visconti. Dançar? De que jeito?

Ann-Margret foi uma estrela mundial,

Petrova desaparaceu após três importantes filmes.

Ann-Margret era sensualíssima, mas não garanto nada sobre seus gostos.

Já Petrova parecia ser a mulher de perfeito bom gosto.

Porém, paradoxalmente, a sueca-americana aparecia mais intrépida sobre duas rodas

do que a francesa de nome russo, muito mais próxima da posição horizontal.

Ann-Margret fugia, Petrova ficava.

A que conclusão chego? A de que Ann-Margret era sensual e boboca, enquanto Petrova era longínqua e próxima? Bem, eu nunca vendi este espaço como coerente.

~o~

Já que apenas cinéfilos inveterados viram Sonia Petrova em ação, abaixo está uma cena dela em Ludwig. Ela contracena com a estupendamente bela Romy Schneider.

http://www.youtube.com/watch?v=QeRLbIcyjtU

Porque hoje é sábado, algumas mulheres da esquerda gaúcha

Meus queridos sete leitores! Caríssimos! Como militante desde o final dos anos 70, posso asseverar que uma das maiores mentiras da humanidade é dizer que as mulheres da esquerda são todas inequívocos jaburus.

A atual geração de petistas, comunistas e psolentas vêm confirmar décadas de…

… observações realizadas com extrema pertinácia pelo autor deste blog.

Nossas mulheres não são apenas as mais lidas e inteligentes, são também as…

… mais belas. Até quem faz as coberturas é interessante! Vejam abaixo:

Larissa Riquelme é apenas um rascunho da Rachel Duarte do Sul21.

E como são expressivas! O sorriso irônico de Manuela… Não parece a vocês…

… que me avisa para eu me cuidar a fim de não ser processado novamente?

Há um gênero de homens — limitados, limitados — que faz confusão entre as…

… interessantes e as chatas. Eu não. As de forte personalidade; as que pensam, decidem e falam, …

… as que passam longe da mera peruagem; mantêm mais viva a magia feminina.

As homenageadas de hoje: Vereadora Sofia Cavedon – PT/RS;

Deputada Manuela D`Ávila – PC do B/RS;

Vereadora Mariana Carlos – PT/RS – Cachoeira do Sul;

Vereadora Fernanda Melchionna – PSOL/RS – Porto Alegre;

Jornalista Rachel Duarte – Sul21.

~o~

Observação final e lamentável: a direita trata assim as mulheres, tsc, tsc, tsc.

~o~

Créditos: a primeira foto de Sofia Cavedon, assim como as três de Rachel Duarte são do Ramiro Furquim/Sul21. As outras, sabe-lá.

Porque hoje é sábado, Scarlett Johansson se mexerá só para você

Esse é um PHES diferente. Enquanto a página estiver carregando, você deverá ficar tranquilo como a Scarlett da foto abaixo, observando uma bela Tóquio pré-terremoto.

Depois da carga, você verá uma cena de violência doméstica que lamento não ter protagonizado;

um teste de consistência cuja mão não foi a minha;

um abraço que parece ter desagradado a deusa (não fui eu);

uma interminável demonstração de caras e bocas, à qual você assistirá até o fim;

uma passada de olhos por locais bastante interessantes da anatomia da nossa estrela;

e aquele jeito feminino que nos deixa abilolados e cheios de expectativa.

Você verá também um mergulho e um convite;

algo que ela não quer mostrar

(mas depois ela até engatinhou);

você verá uma propaganda imbecil;

e mais violência. (Mas daquela perfeitamente abençoada e permitida).

E era isso: um PHES pesado, mas apenas para sua banda larga.

Porque hoje é sábado, Anne Hathaway e Jennifer Lawrence no tapete vermelho

Pô, Anne, todo aquele glamour do Oscar e que fiasco, hein?

Que festinha brega e que apresentação ridícula a do James Franco!

Te botaram numa fria que vou te contar…

Melhor ficar em casa, indo à feira para comprar vitualhas

(sim, leitor ignaro, já pro dicionário!).

Que dor de cabeça aquele teu partnerzinho meia boca.

Tu estavas com vontade de te esconder, não? (sim, tava, eu senti)

Enquanto isso, merecedora do Oscar

— certamente de melhor filme e talvez até de melhor atriz —

lá estava toda pimpona a juvenil Jennifer,

olha a linda cara dela de adolescente!

Chego a me sentir dono de um site de pedofilia…

É que ela estava chegando com o melhor filme e sem a menor chance

Não estava tensa, não tinha James Franco; e foi a estrela do fracote Oscar 2011.

Te fudeste, Anne do nome da mulher de Shakepeare, te…

… nossa!

Porque hoje é sábado… terceirizamos com a Caminhante

Algumas mulheres ultrapassam o status de mulher bonita e se tornam ícones, divas, unanimidades. É só clicar no PHES antigos para ter uma boa amostra.

Não é desse tipo de mulher que eu quero falar, até porque não gosto delas. Não gosto da maneira como elas são onipresentes, como os homens estão dispostos a nos ignorar por simples imagens delas e principalmente pelo ideal inatingível que elas representam.

Sim, nós mulheres comuns temos uma antipatia natural por essas mulheres ícones. Não é difícil perceber; ficamos enlouquecidas quando nosso homem elogia demais uma famosa. Por isso o impulso quase irresistível de desmerecê-las, de insistir que só há vulgaridade onde vocês enxergam beleza.

Mas é claro que não somos imunes a elas. Nós a detestamos tanto quanto queremos ser iguais, queremos receber o mesmo tipo de atenção. Como lidamos com isso é uma questão essencial.

O tempo modifica o corpo – e a cabeça, e os sentimentos,e a alma – das mulheres, mas isso não quer dizer que a vontade de ser desejada envelheça.

Essa vontade está presente em todas as mulheres, por debaixo de nossas roupas, ardendo na pele mesmo das inteligentes e críticas.

Cada vez que uma mulher faz uma plástica para tentar se parecer com alguém, é esse tipo de olhar que ela busca. Mas a satisfação individual tem um preço: torna a humanidade mais uniforme. E – justamente por isso – menos bela.

Teremos menos uma mulher que mostrará ao mundo com uma beleza menos óbvia, mas nem por isso menos interessante,

Menos uma mulher que nos desagradará à primeira vista, e nos obrigará a descobrir porque não conseguimos parar de olhar para ela,

Menos uma mulher que nos fará menos arrogantes, menos perfeccionistas.

Perderemos diferenças, perderemos várias formas possíveis.

Em resumo, o mundo terá uma mulher a menos a dizer: Olhe para MIM.

Variedade e beleza andam juntas; se mulheres não podem ser belas de infinitas maneiras, a culpa é de quem olha.

Texto e escolha de fotos: Caminhante

Amanhã, um Porque Hoje é Sábado Especial

Sim, amanhã, à 0h01, terceirizaremos. E com uma mulher de excelente texto e crítica contumaz de nossos PHES… Porém, falando sinceramente, acredito que os homens mais inteligentes são aqueles que tentam entender o que pensam as mulheres e as obedecem, ao menos pro forma. Aprendamos, pois.

Rachel Weisz

Porque hoje é sábado, Gisele Bündchen

Não negue, você ficou decepcionado.

Pois, para os padrões do PHES, Gisele Bündchen tem pouca substância.

E, além do mais, trata-se de uma figurinha encontrável em qualquer banca.

Porém, ela precisava deste sábado. Trata-se de uma ação humanitária.

Nossa, essa mulher linda está sofrendo muito…

… ela é gaúcha…

… quase não come nada…

… deu uma grana para a reconstrução do Haiti…

… e é torcedora daquela aGremiação crepuscular.

Precisa, portanto, de um consolo, de um ombro amigo, …

… de um x-bacon numa das lancherias da frente do Beira-Rio, …

… observando o Absoluto contra o céu azul.

Céu da cor de seus olhos, a contragosto acostumados à escuridão.

Na boa, Gi, não adianta dar dinheiro para esta outra reconstrução.

Hoje, aquilo é Cartago. É mais complicado do que qualquer Haiti.