OSPA em noite medonha, mas só lá fora

O clima medonho de ontem — chuvoso e frio — liquidou com a possibilidade de a Reitoria da UFRGS receber um bom público para o concerto de ontem à noite. Uma pena, pois estava excelente.

O programa iniciava com O Moldávia, do checo Smetana, trecho mais conhecido do poema sinfônico Minha Pátria (Má Vlast). Depois, nós sofremos duras consequências de duas obras bem chatas, a Dança do Comediantes da ópera A noiva vendida, também de Smetana, e das 4 Danças eslavas, de Dvorák, até chegarmos à esplêndida Sinfonia Nº 2 de Brahms.

Ao contrário do tempo que fazia lá fora, a segunda de Brahms é tranquila e mesmo seu Adágio não é nada triste, mais parecendo uma Sinfonia Pastoral. Brahms, que sempre sofreu comparações absurdas com Beethoven — na verdade são tão parecidos quando Scarlett Johansson e Monica Bellucci, duas perfeições inteiramente distintas — , teve sua segunda sinfonia posta em comparação à sexta de Ludwig van, a Pastoral, por seus contemporâneos. Mas isso são considerações históricas e absurdas. O que nos interessa é que a interpretação da OSPA sob a regência de Cláudio Cruz esteve com sobras à altura da composição.

Antes da estreia, Brahms brincava com seus amigos dizendo-lhes que nunca tinha composto algo tão triste e ameaçava: “É tão triste que acho que não vou conseguir ouvir até ao fim”. Na verdade, toda a sinfonia está repleta de felicidade brahmsiana, que é algo contido, sereno e, tá bom, pastoral.

Grande noite. Perdeu quem ficou com medo da chuva.

Johannes Brahms