O Corinthians mereceu

Emerson: autor de dois gols na decisão

Como tínhamos previsto neste post (O Corinthians: dessa vez vai, acho), o Corinthians — “com um time de implacável pragmatismo, sem ilusões, dedicado à marcação e sem destacados protagonistas” — finalmente levou a Libertadores para casa. A conquista não incluiu as tradicionais arbitragens camaradas que acompanham o clube no Brasil, ela ocorreu limpamente no campo de jogo. Então, apesar de ter torcido para o Boca Juniors, reconheço a merecida vitória e deixo meus parabéns ao muitos e chatíssimos corintianos que conheço.

Na verdade, toda a tensão da torcida nem era justificada, tal a superioridade do time em campo. Mas sei como é, quando ganhamos a primeira Libertadores, meus amigos de outros estados diziam: “Mas foi fácil, vocês eram muito melhores que o São Paulo…” Tá bom, sofri horrores.

Para um sujeito como eu, que dá atenção residual ao futebol de seleções, a Libertadores é o torneio mais importante para ser acompanhado. Fico feliz que nossa versão da Champions League tenha se tornado uma paixão brasileira. É o terceiro título consecutivo de nosso futebol. O Inter ganhou em 2010, o Santos em 2011 e agora o Corinthians. Acho mais, acho que o espaço dado ao grande torneio fará crescer o interesse pelo Brasileiro, pela Copa do Brasil e apressará a morte dos regionais, pois é impossível manter os clubes que disputam a Libertadores fora de uma Copa do Brasil que pode levá-los novamente ao grande torneio. Em quase todos os países de futebol desenvolvido, há três grandes disputas anuais: o nacional com jogos de todos contra todos ida e volta, a Copa do país — com todos os clubes e eliminatória como a Copa do Brasil — e a competição continental. Só aqui temos estes anacrônicos regionais que atrapalham o calendário e nos fazem desrespeitar as datas Fifa. Vejam o efeito: agora, Inter e Santos perderão vários de seus principais jogadores em função das Olimpíadas. Culpa de quem? Ora, é só olhar o calendário.

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  1. É… foi merecido mesmo, não há como negar. Em uma leitura mais fria, com a TV desligada, é bom pensar nesse interesse crescente pela Libertadores e suas consequências.

    E cá entre nós. Antes o Corinthians que o Grêmio denovo, hahaha.

    Agente não queria, mas já que aconteceu, vamos admitir que foi merecido.

  2. Merecido e justo. Venceu o melhor time da competição. O que me enoja no Corínthians é a sua relação próxima e nojenta com o lado mais sujo e corrupto da nossa política e as confederações de futebol do país.

    Na bola, sem ajuda da arbitragem, foram perfeitos. Mataram um Boca envelhecido e que joga só com a tradição da camisa.

    Que sirva de lição ao Inter, não se pode jogar um campeonato com uma defesa centenária como a nossa.

  3. Umas coisas:

    1) Não vejo porque o Brasil tenha que adaptar o seu calendário ao internacional e às datas FIFA; a extinção de TODOS os estaduais deixará uma imensa lacuna de interesos específicos de estados que serão dispersos pela concentração dos supostos interesses nacionais, lê-se interesses do Sul Maravilha;

    2) Datas FIFA e outras criam problemas também no calendário europeu, vistas as negativas de liberação de jogadores brasileiros para jogos amistosos da seleção, que se dão em datas FIFA, esem esquecer que também os clubes europeus usam times reservas em seus campeonatos nacionais, privilegiando as copas européias, e vivem também, esses clubes, às turras com a FIFA;

    3) Copas africanas de seleção são de 2 em 2 anos, e criam enormes problemas para os clubes europeus, lotados de jogadores africanos. Será que a FIFA tem como (ou quer) resolver isso?

    4) No dia em que o futebol for visto como APENAS como entretenimento, negócio, algo para encaixar em uma grade de programação, então o futebol não existirá mais, será apenas um subproduto de uma subcultura do capitalismo.

  4. Após a extraordinária conquista corintiana, florescem as seguintes conclusões fundamentais à existência humana:

    1) Milagres acontecem: se o Barcelona fosse o campeão europeu não teríamos qualquer chance de conquista do bi-mundial; mas diante da realidade que se apresenta, não há qualquer dúvida: nossos brucutus preto-e-brancos são muito superiores àqueles dos ingleses.

    2) Sem dúvida – Deus existe!; e, além de brasileiro, é corintiano!

  5. Se foi merecido ou não, eu já não sei, porque não acompanho futebol. Só sei que os corintianos que conheço conseguiram se superar no nível de chatice e que a festa que eles fizeram, no dia, foi madrugada adentro, impedindo todo mundo de dormir (às 4h da madruga, ainda se ouviam MTOS fogos, buzinas e gritos aqui em Sampa). Se eu tivesse uma metralhadora aqui em casa teria feito uma chacina – e olha que acho bonita a paixão pelo futebol e acho bacana esse tipo de comemoração.

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