Com vocês, The Bad Plus e Joshua Redman em Beauty Has It Hard
(lançamento da Nonesuch de 2015, vai direto para a lista de clássicos)
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Um dia glorioso de trabalho em Montevidéu
Fizemos uma bela entrevista com Roberto Markarian, Reitor da Udelar, Universidade da República do Uruguai. Na entrevista, fica claro o que é uma ‘pátria educadora” e a dimensão humana de um sistema gratuito e laico de ensino. Foram 63 minutos de perguntas e respostas, mas a Elena disse que o conteúdo equivale a um livro. Pedi ajuda a vários amigos acadêmicos para melhorar minhas perguntas e o resultado foi estupendo.
Acho que vou dividir a entrevista em duas partes para que não seja cansativo para o leitor e lhe dê certo tempo para refletir sobre modelos totalmente diferentes — e mais racionais — dos nossos. Tive a sorte de conhecer o genial Markarian durante os anos 80 quando ele fazia mestrado em Porto Alegre após sete anos de prisão durante a ditadura militar uruguaia. A mim, resta agora ser digno de Markarian, dos amigos e da Elena, que me ajudou com fotos, sugestões 100% aceitas e também com alguns questionamentos..
O exagero gastronômico de Montevidéu
Aqui, nós sempre erramos o tamanho do prato. Ou vem uma coisa diminuta — fato bem mais raro — ou vem o mundo. Isso ocorre sempre, com exceções que podem ser contadas nos dedos de uma mão, com sobras. Por mais que conversemos com os garçons, ficam faltando uma ou duas perguntas. Hoje, voltamos a um pequeno restaurante ao lado do Parque Rodó, o La Cocina del Parque. Pedimos uma Parrilla para dos. Impossível comer tudo, mal chegamos à metade mesmo tendo antes atravessando a cidade desde o Palácio Legislativo. Talvez seja este o mistério de tantos cães e cocôs pelas ruas da cidade. Sobra muita comida boa nos restaurantes.
Agora chove, são 16h15 de terça-feira e vamos às 19h30 ao Solís ver a Orquestra Filarmônica de Montevideo com o saudoso e excelente maestro Nicolas Rauss, que a Ospa deixou de convidar em função da tal oxigenação. O programa é foda:
Bélá Bartok: Concierto para Piano N°2
Bohuslav Martinu: Sinfonía N° 4Nicolás Rauss
Sara Davis Buechner, piano
Certamente será ótimo. O problema será depois, quando formos a um restaurante. Bem, ao menos o tamanho do café será o esperado.
E, amanhã, em grave descumprimento laboral — pois em meio às férias — entrevistarei o Reitor da Udelar, Universidad de La República del Uruguay, meu amigo Roberto Markarian. Tenho um roteiro pronto e acho que o Sul21 ganhará uma bela “entrevista de férias”. Já visitamos os Markarian e está tudo em ordem.
Cinco sábios judeus nos explicam porque é tudo tão ruim
Coisas de férias… (fonte)
O primeiro sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para a testa) está tudo ruim. Este foi Moisés.
O segundo sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para o coração) está tudo ruim. Este foi Cristo.
O terceiro sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para o bolso) está tudo ruim. Este foi Marx.
O quarto sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para o baixo ventre) está tudo ruim. Este foi Freud.
Mas um quinto sábio judeu disse que nem tudo é tão ruim para as pessoas, porque tudo é relativo.
Engraçado que eu contava uma piada parecida:
O século XVII foi de Shakespeare e Cervantes. O século XVIII foi de Bach. O XIX foi de Marx e Freud. O XX foi de Joyce e Einstein. O XXI… Olha, verdade, esqueci do fim da piada…
Férias de 10 dias
Quem não sabe o que é Cocanha, deve clicar aqui.
Bom dia, Diego Aguirre (veja os gols de Tigres 3 x 1 Inter)
Os sete leitores que me acompanham sabem que eu dizia — basta conferir nas postagens anteriores que não éramos os favoritos. Sim, o Inter fez uma péssima parada para a Copa América, nunca apresentou um preparo físico comparável a de seus adversários e, bem, o Tigres é um timaço.
Gostaria de deixar claro que não sou apocalíptico. Sigo pensando que Aguirre é um excelente técnico, mas a direção do clube precisa intervir na questão do preparo físico. O responsável pelo setor tem de ser trocado ou então tem de obedecer a ordens de alguém que conheça mais do assunto. O time não apenas não corre como bate recordes de lesões musculares. Ontem, o desempenho físico de Nilmar foi uma verdadeira piada. O do resto foi quase a mesma coisa.
Aliás, outras coisas têm de ser revistas. O que são nossos laterais? William iniciou bem sua carreira e hoje chafurda em suas próprias confusões. Géferson… Géferson? Bem, este Dunga pode levar e guardar para sempre.
Ernando merece reavaliação também. Foi imperdoável o primeiro gol do Tigres. Ele abandonou o setor para Gignac (1,86m e forte) pular com William (1,76m e magrela). Aliás, já fizera isso no gol do Tigres em Porto Alegre, deixando Ayala cabecear livre em seu setor. Duvido, mas duvido mesmo, que Réver cometersse tal “ausência”. Só que Réver é uma das vítimas de nosso preparador físico… E… D`Alessandro no meio com Valdívia pela direita? Por quê, Aguirre?
Para 2016, temos que fazer um Brasileiro digno e olhar bem se algumas promessas, como Valdívia e Dourado, são tudo isso mesmo. Ambos foram engolidos pelo Tigres. Quando lhes falta espaço, erram mais da metade dos passes.
No mais, é chorar a derrota de hoje e aprender com ela sem partir para um esquema de terra arrasada. Há muito de positivo no Inter de hoje. Venceremos.
(A propósito, como disse meu filho, ontem ganhamos o Campeonato Gaúcho de 2016…)
https://youtu.be/vlEqqs4coN8
O que o conforto pragmático me disse ontem sobre a Ospa
Um violoncelista, virtuose internacional que me honra com sua amizade, contou-me que nos Estados Unidos e em parte da Europa, as orquestras e os intérpretes agradecem por escrito as críticas que recebem — mesmo as mais ácidas e debochadas. Sabem que qualquer menção é melhor que o silêncio. Há pragmatismo e boa noção de divulgação no hemisfério norte. Aqui na Ospa é justamente o contrário. O narcisismo, a infantilidade e a insegurança – palavras de Francisco Marshall — tornam o terreno pantanoso. Paradoxalmente, não há serenidade no recebimento de críticas por parte de pessoas que se expõem em público.
Então decidi que, a partir de agora, apenas vou escrever sobre os concertos mais marcantes, sobre aqueles que me tocarem de alguma forma — por serem muito bons ou demasiado ruins. Aviso a meus sete leitores: não esperem mais relatos de cada concerto. Os insignificantes e opacos — a maioria — me obrigam a um esforço que realmente não preciso fazer. Vou ficar com os que me satisfazem ou irritam, pois os primeiros merecem saudação e os últimos resultam em textos cômicos. Na verdade, o fundo de minha decisão é o fato de que estou ficando enfastiado dos trajes escuros do vilão que repete quão desafinados ou dispersos são alguns naipes. Sei que não vou corrigi-los e também mereço uma zona de conforto semelhante.
Também quero andar por aí sorridente, vestindo um terno branco com um elegante lenço colorido no bolso. E achando graça do que vejo e ouço. Vou me dedicar mais a outros assuntos. Tenho que me liberar de coisas que dão pouco prazer e retorno. Os concertos deste ano foram de qualidade tão duvidosa — com raras exceções, casos de Valentina e Petri, por exemplo — que muitas vezes sinto-me desconfortável e sem adjetivos para descrevê-los. Ou seja, o que era divertido tornou-se esforço.
(A coisa está tão preta que muitas vezes nem os músicos da orquestra divulgam os concertos em seus perfis do Facebook. É um termômetro infalível, conforme um membro da orquestra me ensinou. Cada vez que isso acontece, já sei o que vou escrever no dia seguinte e fico previamente deprimido).
Mais um item para meu Projeto Gambardella. Afinal, não sou tão jovem, “para perder tempo fazendo coisas que não quero fazer”.
Algumas abordagens a Eduardo Cunha e um desejo
Ontem, finalmente, Eduardo Cunha retirou-se da capa do Sul21. Não, espera! Não é verdade. Ele estava lá numa fotinho e a manchete dizia que ele parara de falar à imprensa. Então falemos um pouco dele neste espaço ultimamente pouco político. Afinal, não acredito que ele nos dê por muito tempo o alívio de seu silêncio. Pois ele parece ser a encarnação do mal, do sujeito religioso de direita que trama para impor ao país sua visão tacanha. Idelber Avelar escreveu um longo texto sobre Cunha e eu gostaria de pinçar um trecho literário — até porque creio que somente a ficção arranhe a realidade, o resto não. “Cunha é aquele personagem-vampiro, o intriguento do romance do século XIX, cujo poder depende da escuridão. Nos bastidores e com o regimento, sim, ele pode ser mortal, especialmente em um país homofóbico governado por um Executivo covarde. Mas basta um pouquinho de luz do sol para que o sujeito desmorone”. É exatamente isso, Cunha é um representante das trevas, cujas ameaças são eficientes nos bastidores, mas que ficam muito feias em público. Deve ser um achacador dos bons, um cara que conhece como funciona a política interna dos partidos fisiológicos onde nasceu e cresceu, fazendo de seu conhecimento.
Leio que alguns dizem que ele está morrendo politicamente. Não penso assim. Afinal, com o apoio de empresários, Cunha ajudou a financiar a campanha de mais de cem deputados. São cem pessoas que devem $ a Cunha, entendem? O malvadão é poderoso, tem gente que come na sua mão e não é homem de ficar acuado.
Eduardo Cunha é um legítimo representante de nossas elites ignorantes e endinheiradas. Guindado por doações milionárias e tendo que fazer o serviço que lhe foi encomendado, Cunha exagerou a dose e apavora até a direita e os religiosos que o colocaram lá. Idelber também usa outra bela imagem. Diz que Cunha chegou lá “graças à extrema covardia de um Executivo tão acostumado a ceder anéis que já não consegue diferenciá-los dos dedos”. Verdade.
E tudo seria comédia se não fosse com nosso rabo. Para acentuar e comprovar o descontrole do deputado, a revista Veja desta semana desembarcou do impeachment a la Cunha. Publicada na última página, a coluna de Roberto Pompeu de Toledo é um claro recado para todos aqueles que ainda contavam com a famiglia Civita. Pompeu nos dá sete razões para apoiar a permanência de Dilma até 2018, ou seja, o último ano de seu mandato. Vamos a suas palavras:
1) “Convém não sacudir demais o barco Brasil”. Ele argumenta que o impeachment faria mal à jovem democracia brasileira.
2) “Não há vislumbre de composição política capaz de propiciar sucessão razoavelmente suave, como a formada em torno de Itamar Franco quando Collor foi deposto”. Ou seja, sem unidade na oposição, não se faz impeachment.
3) “O PT desponta como o único beneficiário possível, a esta altura, da queda de Dilma”. Em razão da bagunça da oposição, Lula pavimentaria seu caminho de volta ao poder, segundo Pompeu..
4) “A herança de Dilma será pesada demais”. Para Pompeu, a direita não faria a economia voltar a crescer rapidamente.
5) “Impeachment à moda de Cunha é mais do que o país pode suportar”. O ato não pode ser decidido como vingança de políticos envolvidos na Lava Jato, ou seja, por gente envolvida em corrupção.
6) “Presidentes não podem ser afastados porque são ruins, ou porque não se gosta deles”. Reconhece que não há nenhuma acusação consistente contra Dilma.
7) “O pós-impeachment arrisca ser ainda mais tumultuado que o momento atual”. Pompeu sinaliza que o atual clima de radicalização é muito descontrolado.
Provavelmente os leitores da revista ficaram perplexos com o anúncio de Pompeu. Está claro que a publicação segue na oposição, mas sem falar mais em impeachment, talvez por medo da loucura de Cunha.
No mais, tenho medo do Dudu Cu. Em alguns momentos da última semana, ele parecia ser todo o Congresso indo na direção contrária de coisas tão óbvias que não sei nem como explicar. E tudo como se fosse um tsunami. Em poucas semanas, ele e seus asseclas conseguiram aprovar a terceirização para qualquer atividade nas empresas, uma contrarreforma política, o aumento dos benefícios fiscais para templos e igrejas — falsa base de apoio de Dilma –, medidas provisórias que retiraram direitos trabalhistas e a redução da maioridade penal.
Cunha é grato e fiel a que o pagou. A votação, por exemplo, do financiamento privado de campanhas eleitorais foi uma forma de garantir aos empresários poder de influência dentro do Congresso Nacional. Com a terceirização, favoreceu novamente os empresários, que deixam de ter a obrigação de manter seus funcionários do modelo CLT de contratação. Caso a medida seja aprovada no Senado e sancionada, qualquer atividade poderá ser terceirizadas.
Na boa, espero que ele morra politicamente, mas duvido muito.
O sofrimento de ser Pablo Picasso
Bom dia, Diego Aguirre (veja os frangos de Renan)
Mas que sorte tem esse teu time reserva, não? Na troca de jogadores entre Inter e Goiás, Sasha levou vantagem sobre Renan de uma forma, digamos, constrangedora para nosso ex-goleiro, campeão da Libertadores de 2010. Renan tomou dois gols em frangos perfeitos, ambos com duas patas, olhos, ossos, miúdos, bico, penas, peito, coxa, sobrecoxa, coração e vísceras. E o segundo foi doado justamente a Sasha, que jogou no Goiás em 2013.
Tais resultados servem para diminuir a pressão sobre os titulares, que viajam hoje para Monterrey a fim de tentarem uma muito difícil classificação contra os mexicanos do Tigres.
Tenho ouvido e lido as declarações vindas de lá. Há uma total certeza de que o Inter vai tomar uma escovada. Mas, sabe, Aguirre?, nesta Libertadores o Tigres empatou dois jogos em casa, contra River Plate (2 x 2) e Universitario Sucre (1 x 1). Ou seja, nem sempre são tão espetaculares em casa.
O que não gostaria é de perder para eles só no preparo físico. Mesmo com o calor de Monterrey, os caras vêm de férias, Aguirre, férias!
É certo que perdemos o favoritismo, mas acho que nossa história recente — vide a classificação em 2010 contra o Estudiantes — nos dá certa esperança. A esperança é um sentimento meio ridículo e de agonia sempre horrível, mas desistir dela é como morrer na véspera. O importante é manter a compostura e mostrar para eles que o futebol brasileiro não acabou e que eles são apenas mexicanos que nunca chegaram a lugar nenhum.
https://youtu.be/19UQzM7751w
Porque hoje é sábado, Jennifer Connelly
Tinha que escolher entre Naomi Watts, Jennifer Connelly e Charlize Theron? Sei lá, tinha.
Como todas as pessoas deste mundo, Jennifer Connelly foi jovem.
Muito jovem e interessante. Posava para tudo quanto era revista quando tirou a loteria: …
… Sergio Leone viu-a e fez o convite para que ela fizesse uma ponta em Era uma vez na América.
E então, em contato com todos aqueles atores, ela começou a pensar: “Sigo como a gostosona do pedaço ou viro uma gostosa com conteúdo?”.
Não saberia o que responder a ela. Mas ela soube o que fazer e foi para Yale fazer Artes Dramáticas.
E voltou com conteúdo e ainda mais bela, o que comprova minha velha tese de que goleiros e…
… mulheres só tem orgasmos com naturalidade após os 30 anos.
Peço desculpas a todos pela grosseria da piada acima.
Afinal, todos os futebolistas do país sabem que Allisson, goleiro do Inter, tem 20 e poucos.
Porém, falando um pouco mais (ou menos) sério, é incrível como a idade fez bem a ela.
Quando jovem, era bonita, mas nem perto do avião de hoje.
Esta novaiorquina que completa 45 anos em 12 de dezembro é budista e tem dois filhos, o número ideal.
Acho que a vi pela primeira vez em Água Negra, um remake americano dirigido por Walter Salles. Molhada e assustada era ainda mais bonita.
Depois, em Pecados Íntimos, ela tem um papel menor, mas está muito bem, novamente.
Dizem que seu melhor filme é Réquiem para um Sonho, que não vi.
Ela não gosta de dar entrevistas, diz que é um suplício trabalhar como modelo e ama Pearl Jam.
Post antigo, mas em bom estado.
Porque hoje é sábado, muitas, mas não quem eu queria
Protesto
Na Internet, você pode encontrar centenas de fotos de estrelas perecíveis como Rebecca de Mornay, …
… milhares de Ursula Andress, que — atriz medíocre como Rebecca — só não perece em razão dos primeiros 007, …
… dezenas de Anita Ekberg, cuja natural opulência foi imortalizada por Federico Fellini, …
… praias tomadas por Bo Derek, ….
… revistas lotadas de Sara Tommasi ou …
… fotos de todos os tamanhos e idades da iconoclasta maior Jane Birkin, …
… assim como da talentosa (pelas costas) cantora Shakira, …
… e da mui duvidosa Angela Merkel — pois há todo gênero de tarados –, …
… mas não encontrará variedade de belas fotos dos dois mais belos animais brasileiros não extintos:
… Letícia …
… Sabatella e …
… Maria Fernanda …
… Cândido. Só encontrará fotos de divulgação bagaceiras.
Em compensação, as indianas, paquistanesas e árabes não fundamentalistas nos dão um baile… Por quê?
Mato substitui flores na Ospa
Há um ano havia flores. Eram magníficas. Mas agora só vemos mato. Ele está presente nas doze fotos tiradas por nosso intrépido fotógrafo Guilherme Santos, o qual invadiu a floresta ospiana apesar dos 3 cachorros que habitam o local. As feras são de propriedade de um cuidador de carros que mora dentro de um veículo estacionado ao lado do portão da futura (?) sede da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Além dos cães, o morador possui um amigo humano, um companheiro. No momento das fotos, enquanto um cuidava dos carros, o outro encontrava-se cozinhando uma gostosa refeição dentro do alojamento dos operários que trabalhariam no local.
Nosso brioso fotógrafo não teme vento nem tempestade. Ele ri da intempérie e faz pouco da Brigada Militar, mesmo quando das reintegrações de posse ou manifestações. Mas tem medo de cachorros. Nem ousou registrá-los. Trêmulo, disse-me que um deles ergueu suas orelhas e ficou parado, observando seu trabalho. Deve ter sido aterrador.
Foi o modo que encontramos de falar sobre a Ospa dos últimos 20 dias. Se a música capenga, o mato viceja.
Com nosso governador Polentón da Massa e seus cortes de gastos e congelamentos de salários, quero ver tirar o mato de lá.
Abaixo, o belo trabalho de Guilherme.
Bom dia, Diego Aguirre
Uma mui distinta senhora, amiga de anos, escreveu no inbox do Facebook que teve uma caganeira durante o segundo tempo do jogo de ontem. Uma caganeira, Aguirre. Veja o que o futebol faz com as pessoas.
Vamos para o México com uma vantagem diminuta. Sabemos que tu gostas de contra-atacar, então tens aí uns dias para armar teu time naquele estilo Peñarol-like: fechadinho, saindo de trás rapidamente. O Tigres é muito bom time. Sabe armar e defender-se, além disso, faz tudo com fluência. O time é alto e forte. Sóbis e Gignac são estupendos lá na frente. Já Nilmar parece ter sentido a parada. Sua velocidade será fundamental em Monterrey. Eles vão vir para cima, mas têm que ser punidos por nossa velocidade.
Ao final da partida, vi muita gente brocha com a vitória por escassos 2 x 1. O fato do Tigres ter jogado 30 minutos com 10 homens e ter não somente segurado o Inter, como também criado boas situações, deixou-nos muito incomodados no Beira-Rio. Mas, pensem bem, eu acho que jogamos demais tendo em vista os jogos imediatamente anteriores dos chamados titulares. O que me preocupa é o preparo físico. Ao final da partida, o Tigres é que parecia estar em maior número em campo. Isto pode resultar numa calamidade se pensarmos que a partida decisiva das semifinais será jogada sob os 30ºC noturnos de Monterrey. Também não entendi o ingresso de Rafael Moura. Se tínhamos 11 contra 10, não era hora de botar um centroavantão. Era hora de tocar a bola.
Mas o bom do futebol são as eventuais caganeiras, a absoluta indefinição que acaberá apenas na quarta-feira. O jogo decisivo é talhado para teu estilo, Aguirre, mas jamais diria que somos favoritos para passar. Muito pelo contrário; se passarmos, vou ficar tão agradavelmente surpreso quanto fiquei com aquele gol de Giuliano contra um Estudiantes muito superior a nós na Libertadores de 2010.
E o bom de ser colorado é ver confirmado nosso realismo nas redes sociais. Li várias pessoas dizendo que saíram do estádio com o gosto da eliminação da boca. Então, a única coisa que te peço é: surpreenda-nos, Aguirre! Boa caçada aos Tigres! Vá armado de forte marcação e fulminantes contra-ataques!
Os gols de ontem:
Explicando parte da genialidade de Van Gogh
Van Gogh teve uma vida marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contatos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, em 17 de março de 1901.
Abaixo, um pequeno e divertido filme que dá ideia da genialidade do pintor.
Algumas gárgulas
As gárgulas são desaguadouros, ou seja, são a parte saliente das calhas de telhados que se destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede e que, especialmente na Idade Média, eram ornadas com figuras monstruosas, humanas ou animalescas. O termo se origina do francês gargouille, de gargalo ou garganta.
Acredita-se que as gárgulas eram colocadas nas Catedrais Medievais para indicar que o demônio nunca dormia, exigindo a vigilância contínua das pessoas.
Boa sorte quarta-feira, Diego Aguirre (com os gols e melhores lances de ontem)
Réver fez seu gol e saiu agradecendo a Deus. Não sei a quem agradece quando toma gols ou perde. Mas ele, Réver, e Vitinho foram os melhores em campo na vitória do Inter contra o fraco Joinville, franco favorito ao rebaixamento neste 2015. O jogo de ontem pouco interessava, contudo está sendo usado como catalisador para o jogo contra o Tigres. É uma estratégia mística e aceitável no mundo esportivo. Sem chances no Brasileiro, só nos resta ficar fora do grupo dos cadentes, coisa que pode ser feita a qualquer momento, dada a ruindade do grupo. Fiquei feliz vendo Réver jogar bem e com força física. É nosso melhor zagueiro depois de Juan.
O que interessa mesmo é o jogo contra o Tigres na próxima quarta-feira. O departamento médico está esvaziando, mas há gente que recém voltou e que deve estar fora de ritmo de jogo. Acho que tu, Aguirre, colocarás Dourado e Aránguiz de volantes e sobrariam quatro vagas para esses cinco: D`Alessandro, Valdívia, Sasha, Nilmar e Lisandro López. Talvez possamos dizer que Dale e Nilmar estejam escalados por serem de nível superior aos restantes e então sobrariam duas vagas para serem disputadas por Valdívia, Lisandro e Sasha. Aposto nos dois primeiros. Creio que Anderson está fora dos cogitados para iniciar a partida, assim como Réver. O fundamental é que o Sobrenatural de Almeida jogue do nosso lado e que Jorge Henrique assista o jogo da arquibancada.
Ontem, a máquina do Flamengo, que nos destroçou no Beira-Rio, perdeu por 3 x 0 do Corinthians. Isso em pleno Maracanã. Nossa façanha foi perpetrada pelo time titular. Quarta-feira, uma semana depois, temos que esquecer o passado recente e ver o jogo como uma continuação das disputas contra o Atlético-MG e o Independiente Santa Fe. Sim, não será fácil, vamos ter que fazer pegar no tranco um carro cuja bateria parece estar sem carga. A torcida e o feitiço da Libertadores será fundamental para dar força e entusiasmo a uma equipe que tem surgido combalida e sem espírito de competição.
Perdemos o favoritismo, mas a taça ainda está lá, nas mãos de ninguém, Aguirre.
Breve registro de um recital inesquecível de André Carrara
Não há exagero no título. Na última quinta-feira (9), no inacreditável horário das 17h30, assistimos o recital do pianista André Carrara no Auditório Tasso Correa, do Instituto de Artes da Ufrgs. Para os padrões do local e apesar do horário, tinha muita gente na plateia. Foi uma noite que poderia ser chamada de europeia. Um recital impecável, seguido de um esplêndido jantar. Mas esqueçamos do jantar por ora. Quem conhece Carrara e suas interpretações de Chopin, largou o que estava fazendo e foi até o centro de Porto Alegre para ver de perto.
Em seu recital, ele interpretou, nesta ordem, os quatro Improvisos, os quatro Scherzi e as quatro Baladas do compositor polonês Frédéric Chopin (1810-1849), ícone do piano romântico. São três coleções bem distintas e que compuseram um concerto de crescente densidade emocional.
Chopin era um romântico inovador. Trabalhou novas formas musicais como a Balada, a Polonaise, o Noturno, o Improviso, o Estudo, etc. Carrara deu personalidade clara e própria a cada quarteto de peças. Em um recital que nunca abandonou o mais alto nível, o grande destaque foram as Baladas. A poetisa Orides Fontela devia estar presente ali, pois me vieram à mente suas palavras:
Nunca amar
o que não
vibranunca crer
no que não
canta
Teve gente bem próxima a mim que chorou. Depois do recital, enquanto jantava, eu refletia sobre a heterogeneidade dos músicos da Ospa, pois, ao lado de Carrara e outros grandes instrumentistas, há outros que têm relações infantis com seus instrumentos. Imaginem que Carrara tocou tudo de cor, sem recorrer a partituras!
Não sou um grande adepto do romantismo, mas há casos em que somos convencidos de nossos erros de forma tão cabal que só nos resta a vergonha. Na última quinta-feira, Carrara fez nossa noite, nosso dia e nossa semana e seria injusto que eu, que publico tanta besteira, não escrevesse estas linhas sobre aqueles sublimes 90 minutos que ecoam até agora.
Como disse Carrara nesta entrevista: “O repertório erudito é música para ‘gente grande’. Para ser apreciado, exige um estado reflexivo que está sendo cada vez mais esquecido. Estamos muito reativos e pouco reflexivos. Tem um sentido expressivo na música que estamos perdendo”. Recuperamos algo deste sentido na última quinta-feira.
Porque hoje é sábado, Georgia Salpa
Para Homero, Europa (em grego: Εὐρώπη, Eurṓpē) era uma rainha mitológica de Creta
e não uma designação geográfica.
Mais tarde, o termo foi usado para se referir ao centro-norte da Grécia,
e em 500 a.C., o seu significado foi estendido para as terras ao norte.
O nome Europa é de etimologia incerta. Uma teoria sugere que a palavra vem do grego εὐρύς (eurus), que significa “largo, amplo” e ὤψ/ὠπ-/ὀπτ- (ōps/ōp-/opt-) significa “olho, rosto, semblante”. Eurṓpē seria como “ampla contemplação”. (*)
Pois parece que a Europa quer acabar com sua origem, a Grécia. Nós somos contra.
Vejam a ateniense Georgia Salpa, por exemplo.
Com ela, a gente entende
que esse negócio de recusar um país empobrecido
é um tremendo erro
e que o bom é promover trocas
e interétnicas, interdisciplinares, intercursais, internacionais e coloradas
para manter a humanidade
forte e bonita.
(*) Introdução roubada do E Deus criou a mulher.
Porque hoje é sábado, Penélope Cruz
Recentemente, vi dois excelentes filmes com minha “ídola” Penélope Cruz.
No primeiro, ela é a Consuela Castillo de Elegy (Fatal, no Brasil), de Isabel Coixet, baseado no romance The Dying Animal (O Animal Agonizante, no Brasil), de Philip Roth.
Não é um papel fácil e o filme trata de temas como a degradação pelo tempo e nossa finitude.
Sua atuação com Ben Kingsley é um milagre para quem já foi indicada para o prêmio Framboesa de Ouro, que teve a sorte de não ganhar.
Depois, vi-a como a absolutamente neurótica María Elena, em Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen.
Só posso dizer uma coisa: há uma atriz dentro daquele corpo.
Mas nem sempre foi assim. A juventude pode ser exuberante, mas, para alguns, …
… as boas atuações e os orgasmos são como os goleiros: costumam ficar melhor depois dos trinta.
Antes de jogar tanta beleza na privada, …
… esta madrilenha, vegetariana e budista que vi pela primeira vez em …
… Belle Époque, de Fernando Trueba, onde ela e mais três irmãs enlouqueciam um soldado que havia desertado, …
… recuperou-se com louvor. Aos 34 anos, é chamada de A Madona de Madrid.
(Nada a ver com a xaroposa cantora e dançarina. Comparar Madonna com Penélope…
… é como provar uma (1) alfafa após um prato de pasta al funghi).
Penélope costuma filmar em três países: Estados Unidos, Espanha e Itália.
E com Almodóvar.
Como se não bastasse, a linda espanhola ainda tem uma irmã, …
… de nome Mônica. Como vemos, …
… são grandes as possibilidades matemáticas.
Post de 2008, revisado pero no mucho.