Transcrito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, no despacho responsável por afastar o tucano, obtido e divulgado nesta quinta-feira (18d maio) pelo site Buzzfeed Brasil, a conversa revela como Aécio queria interromper a Operação Lava Jato.
“Ministro da Justiça é ‘um bosta de um caralho'”
Aécio — Esses vazamentos, essa porra toda, é uma ilegalidade.
Joesley — Não vai parar com essa merda?
Aécio — Cara, nós tamos vendo (…) Primeiro temos dois caras frágeis pra caralho nessa história é o Eunício [Oliveira, presidente do Senado] e o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara], o Rodrigo especialmente também, tinha que dar uma apertada nele que nós tamos vendo o texto (…) na terça-feira.
Joesley — Texto do quê?
Aécio — Não… São duas coisas, primeiro cortar o pra trás (…) de quem doa e de quem recebeu.
Joesley — E de quem recebeu.
Aécio — Tudo. Acabar com tudo esses crimes de falsidade ideológica, papapá, que é que na, na, na mão [dupla], texto pronto nãnã. O Eunício afirmando que tá com colhão pra votar, nós tamo (sic). Porque o negócio agora não dá para ser mais na surdina, tem que ser o seguinte: todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A ideia é votar na… Porque o Rodrigo devolveu aquela tal das Dez Medidas, a gente vai votar naquelas dez… Naquela merda das Dez Medidas toda essa porra. O que eu tô sentindo? Trabalhando nisso igual um louco.
Joesley — Lógico.
Aécio — O Rodrigo enquanto não chega nele essa merda direto, né?
Joesley — Todo mundo fica com essa. Não…
Aécio — E, meio de lado, não, meio de leve, meio de raspão, né, não vou morrer. O cara, cê tinha que mandar um, um, cê tem ajudado esses caras pra caralho, tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu? Se falar coisa sua aí… forte. Não que isso? Resolvido isso tem que entrar no abuso de autoridade… O que esse Congresso tem que fazer. Agora tá uma zona por quê? O Eunício não é o Renan.
Joesley — Já andaram batendo no Eunício aí, né? Já andaram batendo nas coisas do Eunício, negócio da empresa dele, não sei o quê.
Aécio — Ontem até… Eu voltei com o Michel ontem, só eu e o Michel, pra saber também se o cara vai bancar, entendeu? Diz que banca, porque tem que sancionar essa merda, imagina bota cara.
Joesley — E aí ele chega lá e amarela.
Aécio — Aí o povo vai pra rua e ele amarela . Apesar que a turma no torno dele, o Moreira [Franco], esse povo, o próprio [Eliseu] Padilha não vai deixar escapulir. Então chegando finalmente a porra do texto, tá na mão do Eunício.
(…)
Joesley — Esse é bom?
Aécio — Tá na cadeira (…). O ministro é um bosta de um caralho , que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde pede pra sair. Michel tá doido. Veio só eu e ele ontem de São Paulo, mandou um cara lá no Osmar Serraglio, porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (…). Porque aí mexia na PF. O que que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele vai pro João.
Joesley — Pro João.
Aécio — É. O Aécio vai pro Zé (…)
[Vozes intercaladas]
Aécio — Tem que tirar esse cara.
Joesley — É, pô. Esse cara já era. Tá doido.
Aécio — E o motivo igual a esse?
Joesley — Claro. Criou o clima.
Aécio — É ele próprio já estava até preparado para sair.
Joesley — Claro. Criou o clima.
“Como vou entrar numa merda dessa sem advogado?”
A TV Globo também divulgou outro trecho da conversa entre os dois que se refere à negociação de R$ 2 milhões pedidos pelo tucano ao empresário. Na conversa, Aécio indica o primo, Frederico Medeiros, para receber o dinheiro, que seria para pagar o advogado de defesa do senador afastado no processo da Lava Jato.
Aécio também cita a irmã, Andrea Neves, que foi presa nesta quinta-feira. Veja o diálogo:
Joesley – Deixa eu te falar dois assuntos aqui, rapidinho. É…a tua irmã teve lá.
Aécio – Obrigado por ter recebido ela lá
Joesley – Tá…ela me falou de fazer dois milhões, pra tratar de advogado …primeira coisa, num dá pra ser isso mais. Tem que ser….
Aécio – É?
Joesley – Tem que ser. Eu acho pelo que a gente tá vendo tudo, pra mim e pra você… vai ser, a primeira coisa
Aécio – Por que os dois que eu tava pensando era trabalhar (no processo)
Joesley – Eu sei, aí é que tá
Aécio – ….. assim ó …. toma não tem, pronto. Primeira coisa. Eu consigo (…) que é pouco, mas é das minhas é das minhas lojinhas, que eu tenho, que caiu a venda pa caralho
Aécio – [Risos]
Joesley – É rapaz, isso aqui era setecentos, oitocentos.
Aécio – Como é que a gente combina?
Joesley – Tem que ver, você vai lá em casa ou ….
Aécio – O FRED
Joesley – Se for o FRED eu ponho um menino meu pra ir. Se for você sou eu. [risos] Só pra…
Aécio – Pode ser desse jeito…risos
Joesley – Entendeu. Tem que ser entre dois, não dá pra ser…
Aécio – Tem que ser um que a gente mata eles antes dele fazer delação [risos]
Joesley – [Risos] Eu e você. Pronto… ou FRED e um cara desses…pronto
Aécio – V amos combinar o FRED com um cara desse . Porque ele sai lá e vai no cara. Isso vai me dar uma ajuda do caralho. Não tenho dinheiro pra pagar nada. (…). Sabe porque eu tenho que segurar esse advogado. (…) Porque não tem mais, não tem ninguém que ajuda
Joesley – E do jeito que tá…
Aécio – Antes de ter mandado a ANDREA lá eu passei dez noites sem dormir direito . Falei não vou não porque o cara já me ajudou pra caralho. Mas não tem jeito, eu vou entrar numa merda dessa sem advogado?
Joesley – Você tá certo.
Aécio – Faz como?
Joesley – Pronto. O menino entra em contato com o FRED.
Aécio – O menino liga pro FRED. O FRED já sai de lá e já deixa na casa do cara e acabou.
Joesley – Pronto. Quinhentos por semana pá pá pá. Eu acho que eu consigo. A partir da semana que vem.
Aécio – Primeiro liga pro FRED
Joesley – Pronto, eles se acertam
O documento conlcui: “Como se vê da transcrição, Joesley e o Senador Aécio Neves, numa reunião intermediada pela irmã do parlamentar, Andrea, que já havia sido a portadora da solicitação da vantagem indevida feita por seu irmão, acertam o pagamento de 2 milhões de reais, em quatro parcelas semanais, a serem recebidos por um intermediário, no caso, seu primo Frederico Medeiros (FRED)”.