O homem que desprezava o Bolero de Ravel

O homem que desprezava o Bolero de Ravel

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O compositor Maurice Ravel (1875-1937) foi um sujeito fino e bem-humorado. Depois da estreia de sua obra mais conhecida, o Bolero, uma pessoa da plateia afirmou que o compositor só poderia ser louco, ao que Ravel respondeu sorridente: “Ela compreendeu perfeitamente”. O compositor efetivamente desprezava sua peça mais famosa, achando-a trivial. Ele escreveu um texto nada entusiasmado para a estreia da obra:

É uma peça de 17 minutos que consiste de puro tecido orquestral sem música — um longo e muito gradual crescendo. Não existem contrastes, não existe nenhum desenvolvimento exceto no plano e na forma de execução. O tema é totalmente impessoal, pode-se tocá-lo com apenas um dedo no piano. Trata-se de temas populares hispano-árabes e, apesar do que possa ter sido dito em contrário, a escrita orquestral é simples e direta, sem qualquer tentativa de virtuosismo. Fiz exatamente o que queria e cabe aos ouvintes decidirem se devem amar ou odiar o Bolero.

O título inicial era Fandango. No entanto, este ritmo lhe pareceu uma dança demasiado rápida e o nome foi alterado para bolero, outra dança tradicional andaluz. A música foi composta por encomenda da bailarina russa Ida Rubinstein. Apesar de hoje fazer parte do repertório de concertos, na origem era um balé.

Abaixo, o Bolero com a Sinfônica de Londres, sob a direção de Valery Gergiev.

Joseph-Maurice Ravel nasceu na cidade de Ciboure, França, em 7 de março de 1875. Recebeu as primeiras aulas de piano aos sete anos, junto com o irmão Edouard, três anos mais novo. Seu enorme interesse pela música chamou a atenção dos pais que, em 1889, o matricularam no tradicional Conservatório de Paris.

Curiosamente, mesmo com os excelentes professores do Conservatório, ele nunca aceitou bem as aulas e, após algum tempo, largou o aprendizado formal para estudar composição sozinho. Durante anos tentou vencer o Grande Prêmio de Música de Roma, evento que consagrava novos talentos. Considerado um dos favoritos à conquista em 1905, sofreu nova derrota por ser muito revolucionário para o conservadorismo do juri. Por já ter certa celebridade devida à Sonata para Violino (1897) e à Sheherazade (1898), sua derrota provocou escândalo público e a mudança na direção do Conservatório.

O revés de Roma deixou Ravel ficou muito contrariado, talvez traumatizado, e desde então ele passou a ser cuidadoso nas ocasiões públicas fora de concertos, chegando a recusar distinções como a Legião de Honra, principal condecoração francesa. O compositor evitava frequentar os salões em pleno auge da belle époque europeia.

Sua primeira peça famosa foi a impressionista Pavane pour une infante defunte, composta em 1900, quando Ravel tinha vinte e cinco anos. Devido à origem basca, Ravel tinha uma predileção especial pela música espanhola. A pavana é uma tradicional e lenta dança espanhola, que gozou de popularidade entre os séculos XVI e XVII. A peça foi escrita em 1899 para piano, durante os estudos do compositor no Conservatório de Paris. Ele a orquestrou em 1910. Segundo ele, ela não evoca nenhum momento histórico, mas somente a dança de uma jovem princesa imaginária na corte espanhola. Também, segundo o compositor, a música não deve levar o ouvinte a pensamentos funéreos. Ravel afirmou que o motivo do título da peça era porque gostava do som da combinação das palavras “infante défunte”

Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, Ravel deixou de compor. Tentou alistar-se no exército francês, mas foi rejeitado por razões médicas, acabando como motorista militar. Após a guerra, concluiu o poema coreográfico Wien (Viena), que depois teve seu título alterado para La Valse. La Valse foi concebida como uma homenagem à valsa vienense. Ele queria ver La Valse como um grande balé e chegou a apresentá-la ao empresário Serguei Diaghilev em 1919, mas este a considerou inadequada. É uma de suas obras-primas.

A cigana Tzigane foi encomendada pela violinista húngara Jelly d’Arányi. A instrumentação original é para violino e piano. A composição tem um movimento com duração aproximada de dez minutos. Tzigane demonstra a capacidade do compositor de criar música para violinistas virtuoses ao estilo de Paganini e Sarasate. É a música ideal para o violinista apresentar sua habilidade e carisma no instrumento. Os temas utilizados não são tradicionais ciganos, todos são originais de Ravel.

Concerto para Piano em Sol maior e o Concerto para Piano para a Mão Esquerda vieram à luz nos anos de 1930 e 1931. O Concerto para mão Esquerda (1929–1930) foi dedicado ao pianista Paul Wittgenstein, irmão do filósofo Ludwig Wittgenstein, Paul foi um grande pianista que perdeu o braço direito durante a Primeira Guerra Mundial. Ele não se conformava com o fato e escreveu a vários compositores pedindo-lhes que escrevessem músicas que pudesse tocar. Ravel estava ocupado com a composição de um concerto para piano (o em Sol Maior, para duas mãos), mas interrompeu o trabalho para atender Wittgenstein.

O citado Concerto em Sol Maior foi composto entre 1929 e 1931. O concerto é fortemente influenciado pelo jazz e por Gershwin, que Ravel tinha conhecido em uma turnê pelos Estados Unidos realizada em 1928. O jazz era muito popular em Paris. Ravel observou que “A parte mais cativante de jazz é o seu ritmo rico e divertido. É uma inspiração para os compositores modernos e estou surpreso que tão poucos americanos sejam influenciados por ele”. Ravel desejava ser o solista na estreia da peça. No entanto, os problemas de saúde impediram que ele participasse da estreia.

Voltando no tempo, destacamos o esplêndido Quarteto de Cordas. Ravel estreou na música de câmara com este quarteto, escrito entre dezembro de 1902 e abril de 1903. A obra foi dedicada a “meu querido mestre” Gabriel Fauré… Mas a reação de Fauré foi de desaprovação. Por outro lado, Claude Debussy gostou muito do quarteto e ficou assustado com a possibilidade do jovem Ravel, então com 27 anos, revisar o quarteto a fim de agradar ao mestre e pediu: “Em nome dos deuses da música e no meu próprio, não mexa em nada do que você escreveu”. A estreia, em 1904, provocou opiniões controversas. Pierre Lalo, por exemplo, considerou-o “indecentemente próximo de Debussy do ponto de vista da harmonia, da sonoridade e da forma”, enquanto o crítico do jornal “Mercure de France” vaticinou: “É preciso fixar o nome de Maurice Ravel. Ele será um dos mestres de amanhã”.

Ma mère l’oye é Mamãe Gansa. A peça foi escrita originalmente para o piano como um presente a dois filhos de amigos do compositor e publicada em 1910 para ser tocada a quatro mãos. Foi inspirada nos contos de fada de Charles Perrault e da condessa d’Aulnoy. No mesmo ano, seu amigo Jacques Charlot a transcreveu para piano solo e, em 1911, a peça foi orquestrada pelo próprio Ravel que adicionou novas partes e a transformou num balé.

Quadros de uma Exposição não é uma obra de Ravel. Trata-se de uma Suíte para Piano escrita pelo russo Modest Mussorgsky em 1874. A orquestração que Ravel preparou para a peça é tão perfeita e valorizou da tal forma as nuances dos temas que se tornou impossível falar apenas na autoria da música quando se ouve a versão orquestral. Ao fazer o arranjo, Ravel prestou um grande serviço póstumo a Mussorgsky, tirando-o da obscuridade. Quadros de uma Exposiçãodescreve uma visita a uma exposição de quadros. Os temas isolados de cada quadro são unidos pelo mesmo tema de abertura, o passeio, interpretado com diferentes harmonias através da obra.

Os últimos anos de Ravel foram afetados pela Doença de Pick. É um mal neurodegenerativo incomum que afeta a capacidade de raciocínio, a linguagem e o auto-controle. É semelhante ao Mal de Alzheimer, mas na doença de Pick os sintomas comportamentais aparecem muito antes da perda de memória. Ele foi submetido a uma inútil cirurgia no cérebro em 1937, morrendo alguns meses depois.

Uma grande noite: o concerto da Salzburg Chamber Soloists no TSP

Uma grande noite: o concerto da Salzburg Chamber Soloists no TSP

10685768_10152812945582398_2259737904797989998_nNesta quarta-feira (8), fomos assistir ao concerto da Salzburg Chamber Soloists no velho Theatro São Pedro. Conhecia o grupo apenas através de alguns excelentes CDs que possuo. Já seu fundador e diretor artístico, o violinista e regente Lavard Skou-Larsen, é meu conhecido de outros carnavais. Já vi Lavard regendo a Ospa — entrevistei-o na época — e tocando com grupos menores no próprio TSP. O programa era ótimo, bastante afastado daquele mais do mesmo habitual:

Ernest Chausson: Concerto para Violino, Piano e Cordas, Op. 21
Solo: Lavard Skou-Larsen – Violino
Phillippe Raskin – Piano

Wolfgang Amadeus Mozart: Divertimento em Ré Maior, KV 136

Maurice Ravel: Quarteto de cordas em fá maior
(arranjo para orquestra de cordas: Lavard Skou Larsen)

A orquestra é a coisa mais linda que eu já vi passar. Não por Lavard, mas pelos outros, ou outras, pessoas cheias de graça num doce balanço a caminho do mar. Como quase toda orquestra europeia, há uma maioria de mulheres. Elas são jovens, belas e, no conjunto de 16 membros, há 13 nacionalidades diferentes, vindas de 4 continentes. Há apenas um violinista com passaporte austríaco, só que ele nasceu na Colômbia. Suponho que tenha casado com uma nativa.

Antes de tocar o Chausson que abria o programa, Lavard contou a história da morte do compositor. É uma tragédia cômica ocorrida quando o compositor tinha 44 anos de idade. A gente lamenta, mas ri. Certo dia, depois da chuva, ele vinha de bicicleta descendo por Montmartre, um dos bairros mais charmosos de Paris, quando se desequilibrou, bateu de cabeça num muro e perdeu a consciência. Só que, casualmente, caiu com o nariz numa poça d`água de uns 10 centímetros. A consequência é que morreu afogado no meio da rua, bem longe do Sena.

Sua música é muito boa, de uma gravidade e dramatismo muito particulares. Se Proust fosse compositor, talvez soasse como Chausson: lírico, apaixonado, mas sem grandes gestos. Chausson escreveu bem e pouco, pois, antes de bater a cabeça, passava a maior parte de seu tempo nos salões de Paris, com artistas célebres como Odilon Redon e Vincent d’Indy. Como os poetas que frequentava, parecia buscar a palavra perdida sob a onda invasora do cientificismo da virada do século. A Chausson só faltou tempo para que se tornasse um dos mais importantes autores de sua época. Este Concerto, originalmente para piano, violino e quarteto de cordas, é sua obra-prima. A peça é longa, de mais de 40 minutos, e foi levada com grande senso de estilo e competência pela orquestra. 

O Divertimento K. 136, de Mozart, tem três movimentos — rápido-lento-rápido, à maneira da sinfonia italiana. É o primeiro de um grupo de três divertimentos, também conhecidos como Sinfonias de Salzburgo. Essas obras se destacam das sinfonias restantes de Mozart na medida em que são escritas apenas para cordas. Um outro ponto que separa essas composições das outras Sinfonias de Mozart é que elas são compostas apenas em três, em vez dos quatro movimentos habituais. Aqui, não existe um minueto como terceiro movimento. E, finalmente, a forma compacta de três movimentos distingue ainda mais as Sinfonias de Salzburgo de outros Divertimentos e Serenatas de Mozart, que possuem mais movimentos ou formas mais livres. É Divertimento, é Mozart, então parece leve, mas é ousado e arrojado.

Lavard é um especialista em Mozart. A interpretação fluiu muito bem, com a orquestra animada, trocando sorrisos entre si, num clima de bom humor que parecia por si só empurrar a música.

Na área de quartetos de cordas, é fácil fazer a contabilidade de Ravel: tal qual Debussy, ele escreveu somente um, mas que quarteto! Ravel foi um daqueles raros grandes criadores que se revelam desde as primeiras obras: na Habanera dos Sites Auriculaires, por exemplo, escrita quando o compositor tinha apenas vinte anos de idade, a personalidade do autor já estava bem definida.

Ravel e sua geração contribuíram para que a música saísse do armário, de seu mundo isolado, para uma atmosfera mais ampla, onde pudesse se relacionar com outras artes. Ele foi um músico poeta, bastante incompreendido por seus contemporâneos. Já nossa época o colocou no merecido Olimpo. O maravilhoso e difícil Quarteto de Ravel é menos radical do que o de Debussy de dez anos antes. É puro Ravel, mas talvez ele não existisse a influência de “Debbie You See”. Aliás, mesmo caso do primeiro quarteto de Bartók. Mas o de Ravel é o meu preferido dos três, muito mais melodioso do que os outros. A transcrição de Lavard para orquestra é uma preciosidade.

Passando a régua, afirmo-lhes que a Salzburg Chamber Soloists fez um concerto de altíssimo nível. Os caras tocam com tesão, alegria, musicalidade e grande técnica. A sonoridade é muito bonita, os ataques são fulminantes e exatos. A cada obra foi dada sua personalidade. Chausson, Mozart e Ravel são muito diferentes entre si e foram tratados distintamente. Na orquestra, há músicos fantásticos como os violinistas Lavard Skou Larsen e Emeline Pierre, a violoncelista Marion Platero e outros que não saberia citar por desconhecimento. (O que foi aquilo que fez o Moisés Irajá dos Santos no bis de Piazzolla?). Foi inevitável sair feliz do TSP, quase comemorando o que raramente se ouve neste canto do mundo, tão esquecido da cultura.

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Bom dia, Renato (com os melhores lances de Ponte Preta 0 x 1 Grêmio)

Bom dia, Renato (com os melhores lances de Ponte Preta 0 x 1 Grêmio)

Por Samuel Sganzerla

Bom dia, Renato!

De cara, deixa eu te confessar uma coisa: como ontem me liberei dos compromissos profissionais um pouco mais tarde, acabei perdendo os primeiros 20 minutos do jogo. Eu poderia ter escutado no rádio o início da partida, mas tive que sentir aquele GOLPE DIÁRIO na vida do trabalhador brasileiro: deixar de ouvir o futebol, o noticiário de sua preferência ou uma música para aguentar aquele RESQUÍCIO DE ESTADO NOVO chamado “Voz do Brasil”. Mas divago.

O fato é que era um joguinho com o time quase todo reserva ontem, né!? Então já sabíamos: seria uma partida bem feia. Sem decepções quanto a isso, pois. Um sistema defensivo que conta com Bressan, Thyere, Marcelo Oliveira e Jaílson para enfrentar um adversário que não vencemos em seu estádio pelo Brasileirão há quase quatro décadas. Ou seja: TE VIRA, MARCELO GROHE! No final, foi ele mesmo o homem do jogo, fechando a meta nas várias oportunidades criadas e desperdiçadas pela Ponte Preta.

Por óbvio, temos que agradecer também a RUINDADE do time campinense. Não é à toa que estão seriamente ameaçados de rebaixamento. O meio campo deles tinha dificuldades de trocar três passes certos. Quando conseguiam acertar, contando também com nossos erros (de posicionamento da equipe e individuais), parecia que nada dava certo para eles. “Quando a fase é ruim…”, já diria algum filósofo de mesa de bar. Mesmo assim, não foram poucos os sustos que tomamos, e temos que agradecer à deficiência técnica de Léo Gamalho por termos saído de Campinas sem levar gol.

Agora, Renato, eu acredito que o Jael deva jogar muito nos treinos, ter bons indicadores avaliados pela equipe técnica e ser da tua confiança. Todavia, ontem novamente ele alternava um lance em que demonstrava boa visão de jogo, como foi o passe para Léo Moura no lance do gol, com vários outros em que fica evidente que ele e a bola não andam vivendo uma relação muito harmoniosa. Convenhamos: os números dele ainda são piores do que os do Braian Rodríguez e de “Chengue” Morales (para só ficar nesses dois no assunto “contratações gremistas que foram um fiasco”). Se Jael pretende ganhar o título de pior centroavante da história do Grêmio, está no caminho certo, mas não creio que seja um bom momento para isso.

Ramiro comemora seu gol de cabeça | gremio.net
Ramiro comemora seu gol de cabeça | gremio.net

No mais, merece destaque o lance do nosso gol. Léo Moura, do alto de seus 39 anos, mostrou uma qualidade de um lateral à moda antiga: saber fazer um cruzamento na área. Foi uma bola PERFEITA na cabeça de Ramiro, o nosso PEQUENO-GIGANTE, que mal precisou sair do chão para marcar o tento da vitória. Mesmo sendo o time reserva, o que me satisfaz num lance como esse é ver que o Grêmio tem padrão de jogo, que basta acertar a troca de passes e o posicionamento que boas chances são criadas. Claro, quando a qualidade da equipe em campo não é a mesma, isso já fica mais raro, mas pouco importa.

De resto, Renato, foi um jogo bem medíocre. Não que se esperasse muito mais coisa, vide os tenebrosos jogos que tivemos no Campeonato Brasileiro com os suplentes. Pelo menos ontem saímos com a vitória do Moisés Lucarelli, quebramos um tabu de 36 anos sem vencer lá pelo Brasileirão e a equipe segue trabalhando com confiança para nossos objetivos maiores. Vale ressaltar a boa atuação de Michel ontem, mostrando que está de volta ao seu ritmo de jogo.

De notícia ruim, Marcelo Oliveira e Beto da Silva saíram do jogo machucados. O lateral pode ter suas deficiências, mas é suplente imediato, uma pessoa da tua confiança e uma liderança no vestiário. Seria muito ruim perder. E preocupa também a possível ausência do atacante peruano, já que o garoto tem entrado bem há vários jogos e é um dos inscritos para a final da Libertadores. É trabalhar para que estejam bem para o dia 22.

Por fim, Everton teve sua chance como titular, como tanto te pediram depois da atuação estupenda dele no domingo. Mas ontem ele não apareceu muito, tendo uma atuação bem discreta. Agora, não que isso seja de alguma relevância, pois só será possível avaliar seu desempenho em um jogo de 90 minutos quando jogar com o time titular (do contrário, seria sacanagem com o garoto). Nós torcedores continuamos confiando no Cebolinha, que há tempos vem sendo fundamental para a equipe, esteja ele em campo desde o início ou entrando ENDIABRADO na segunda etapa, para infernizar os marcadores.

Nosso próximo jogo será contra o Vitória, lá na minha terra natal. Iremos a Caxias do Sul mandar a partida no estádio Alfredo Jaconi, visto que no sábado a Arena receberá o Coldplay para um grande show (até pensei em ir, mas muito o ingresso está muito caro para uma banda que até gosto, mas nem acho lá tudo isso). Talvez eu suba a serra, aproveitando para ir visitar a família e ir encher a tua paciência lá do alambrado (mentira, já deu para perceber aqui que sou bem chapa-branca contigo, né?!). Se quiser chegar lá na casa da família para tomar um vinho e comer queijo serrano e salame, já fica o convite, Renato. Convida a Carol também, se ela estiver por aí.

Saudações Tricolores!

Segue o baile…

https://youtu.be/cbERpnTN8UY

Lendo Oblómov

Lendo Oblómov

OblómovEstou lendo cada vez mais lentamente Oblómov e não é por não estar gostando. É que não dá para interromper os capítulos no meio, há que ler cada um deles por inteiro, pois são peças muito perfeitas do mosaico que está sendo formado para serem lidas com interrupções. Dá mais prazer ler cada capítulo completo. O próximo capítulo tem 20 páginas, então preciso de 20 páginas de tempo sem correr riscos de ser atrapalhado.

Oblómov é a história de um latifundiário russo que se caracteriza pela indolência e apatia, para não dizer coisa pior. Deitado em seu sofá, olhando para o teto, ele deixa passar os dias. Embora vários problemas o atormentem — principalmente sua fazenda, que cada vez gera menos dividendos –, ele apenas planeja a melhor maneira de resolvê-los, sem agir. A mera ideia de deixar sua poltrona causa-lhe desconforto, então ele deixa a inércia guiar sua vida, que vai de mal a pior. A vida passa ao largo. Mas não pensem que é um livro monótono, muito pelo contrário, é bastante movimentado e os diálogos e os pensamentos de Oblómov são vivíssimos. Ele realmente tem o ócio como bandeira.

Ele tem um amigo de infância, Stolz, que é o que poderíamos chamar de homem de ação. No pequeno tempo livre de que dispõe, ele tenta retirar seu amigo da inação em que vive imerso. Instiga-o a resolver imediatamente seus problemas, a viajar e viver. Graças a Stolz, Oblomov conhece uma jovem por quem se apaixona. Então, vive um curto despertar. Aluga outra residência, visita e visita a amada. Porém, antes de casar, tem que resolver os assuntos de sua propriedade. Além disso, Olga quer que ele esteja atualizado com o que está acontecendo no mundo. Mas tudo isso parece ser uma demasia para ele.

Ele mora na cidade, mas planeja construir uma casa em sua propriedade para lá morar com Olga, mas seus rendimentos são decrescentes e o descontrole é absoluto. O que faço, o que faço, o que faço? Ele tem boas ideias a respeito, está consciente de tudo o que lhe ocorre, só que é o Rei da Procrastinação, o Príncipe da Indolência… Dispõe de criados que o servem e roubam. Zakhar, o principal deles, é um tremendo personagem, assim como todos os que circulam pelo romance.

O livro gerou uma expressão na Rússia: oblomovismo. Iliá Ilitch Oblómov representaria a velha Rússia czarista, com suas relações de trabalho e corrupção feudais. Os patrões são aristocratas inúteis, os servos são escravos. Já Andrei Stolz representaria o futuro e o progresso. Era uma estrutura social onde uns e outros estavam em decadência e se os grandes temas da humanidade são o amor, a morte e a existência ou não de Deus, creio que a decadência mereça o quarto lugar.

P.S. — Estou na página 490 de 736.

Cena do filme Oblómov, de Nikita Mikhalkov
Cena do filme Oblómov, de Nikita Mikhalkov

Bom dia, Guto (com os gols de Luverdense 2 x 2 e a grande frase de Guto)

Bom dia, Guto (com os gols de Luverdense 2 x 2 e a grande frase de Guto)

Na entrevista de final de jogo, tu estavas contrariado, Guto. Talvez com tua própria impotência. Então resolveste atacar os jornalistas. Primeiro, fingiste pasmo com o fato de eles não terem notado a “profunda mudança” de esquema do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1. Sim, recuaste Edenílson, coisa que até eu notei. Mas que tremenda alteração, Guto! E que grande mérito! Não mudou absolutamente nada, até piorou.

Mas depois tu disseste tua obra-prima, algo que vai para os anais deste implacável blog. Perguntado sobre as enormes falhas defensivas, respondeste com esta pérola: “Só toma gol o time que está em campo. Eu não tenho como tomar“.

Ninguém sabia que Camilo (foto) e Nico entrariam... | Foto: Ricardo Duarte
Ninguém sabia que Camilo (foto) e Nico entrariam em campo… | Foto: Ricardo Duarte

Brilhante. Quem está na chuva é para se queimar. Se não jogar não perde. Só bate quem erra.

Espero que a tal frase te faça cair. Queimaste os jogadores.

A verdade é que o Inter tomou sufoco do Luverdense e esta outra frase diz mais sobre o que vimos ontem. O repetido adiamento da confirmação da vaga, isso na retinha final, jogando contra times deficientes, mostra o que somos neste final de Série B. A ruindade é assustadora.

Quando nós avançávamos, os volantes Dourado e Edenílson — bons jogadores com certa vocação ofensiva — iam à frente sem serem acompanhados pela defesa. Ficava um enorme buraco entre eles e os zagueiros. Ali trabalhava o Luverdense. Isso tu não viste. Creio que estavas encantado, observando o “funcionamento” de teu novo esquema.

Novamente, todos sabiam o que ia acontecer. Entramos com Sasha, Pottker — que até fez um bom cruzamento para o primeiro gol de Damião — , Winck e Léo Ortiz, o que esperar? Sobram sete. E a incompetência contagiou Dourado e Uendel, etc. Sobram cinco.

Então sabíamos que colocarias Nico e Camilo para tentar salvar o time, coisa que eles deixaram de fazer nos últimos três jogos, pois todos os adversários já sabem o que farás.

Sasha… O que dizer dele? E é mantido.

Coitado do zagueiro Thales, que fez a sua reestreia hoje e até jogou bem. Jogar ao lado de Léo Ortiz deve ser aterrorizante. Vocês viram a falha de Ortiz no primeiro gol? Um cruzamento passa debaixo do seu pé e o cara faz o gol… Espero que a diretoria repense o grupo de jogadores para 2018. Tarefa complicada: receberemos de volta 23 atletas emprestados e outros clubes. Tudo gente contratada por Piffero. Meu deus. É nossa herança maldita.

Nada sobrevive a Argel, Falcão, Roth, Lisca, Zago e Guto.

Os próximos 4 jogos.

11/11 (sábado, às 16h30) – Inter x Vila Nova
14/11 (terça-feira, às 20h30) – Oeste x Inter
18/11 (sábado) – Goiás x Inter
25/11 (sábado) – Inter x Guarani

Temos 63 pontos e não podemos ser ultrapassados na liderança nesta rodada. Se o América-MG vencer hoje, fica com os mesmo 63, mas com uma vitória a menos. O Infobola permanece dando 99% de chances de classificação.

Bom dia, Renato (com os principais lances de Grêmio 3 x 1 Flamengo)

Bom dia, Renato (com os principais lances de Grêmio 3 x 1 Flamengo)

Por Samuel Sganzerla

Bom dia, Renato!

Deixa eu te contar antes: no sábado, saí para tomar uma cerveja com um amigo que foi morar em São Paulo e que eu não o via há muito tempo; fomos num barzinho da Cidade Baixa para, como ele gosta de dizer, “zerar a comanda”. Uma RESENHA digna de um conto de Bukowski, eu diria. Dito isso, fui para o jogo ontem pensando se o Grêmio estaria ainda sob esse efeito de “ressaca”, após a classificação para a final da Libertadores (já que o Brasileirão não vale mais nada para nós há rodadas). Fui inclusive de espírito leve, só esperando ver uma boa atuação da equipe e torcendo para que voltássemos a vencer em casa.

Luan abraça o Cebolinha Éverton, que entrou e marcou dois gols
Luan abraça o Cebolinha Éverton, que entrou e marcou dois gols

Bueno, no início do jogo, quem parecia estar de ressaca era o Marcelo Oliveira (a despeito de as boas línguas falarem por aí que o rapaz não é de beber) – mas ele não comprometeu, sejamos justos. O Flamengo abriu mão de seu estilo mais cadenciado de jogo, focando o time na marcação e na busca de espaços pelo contra-ataque. A formação espelhada das duas equipes facilitou um jogo truncado, de muita movimentação no meio campo, mas quase nada de oportunidades criadas – teve horas que estava ruim de segurar o SONO, eu confesso. Novamente o Grêmio apresentou dificuldades para jogar contra equipes que vêm a Porto Alegre para se defender e esperar pelas nossas falhas.

Olha, Renato, por mais que eu goste de ver o Luan bem, como ele estava no primeiro tempo, fico preocupado quando o time parece depender em demasia dele. Ele flutuando na meia cancha, de uma ala a outra, mas muito sozinho, sempre com no mínimo dois nas costas. Ainda assim, ele conseguiu desferir um bom chute, defendido por Diego Alves. Jael alternou lances em que demonstrou ter certa dificuldade para dominar a bola com outros em que soube fazer o pivô e até PIFAR Ramiro, que não aproveitou o que seria a primeira assistência do CRUEL, novamente parando no goleiro rubro-negro.

O Flamengo, por sua vez, somente deu chutes à distância na primeira etapa, nenhuma no gol de Paulo Victor. Os cariocas seguiam naquele estilo de apostar nas aberturas deixadas por nós, quando subíamos para o ataque, o que poderia ter trazido mais perigos, se Márcio Araújo soubesse acertar um passe. No final do primeiro tempo, eu gostei quando tu disseste para Arthur e Ramiro subirem um pouco mais na marcação, retomando a bola com mais velocidade e compactando mais a equipe, o que permitiu impor o nosso jogo de passes trocados em velocidade. Mesmo que nada tenha ocorrido, fomos com um 0 a 0 para o vestiário que ao menos indicava que deveríamos esperar um segundo tempo melhor para nós.

Pois bem, Renato! Assim como uma pessoa que extrapola o número máximo de cervejas que sabe que deveria beber, parece que todos temos dificuldades de aprender com os próprios erros, não?! Um minuto de jogo no segundo tempo, e tudo que o Flamengo tentou fazer na primeira etapa toda ele conseguiu com um minuto da segunda etapa, esperando um erro nosso para aproveitar todos os espaços deixados abertos para o contra-ataque, e Everton Ribeiro marcando o seu gol de cabeça totalmente desacompanhado. É o que o Muricy Ramalho sempre diz, não?! “A bola pune!”

De toda forma, parece que bastou tomar o gol para que nós mudássemos de atitude. 1 a 0 nas costas e o perigo da quarta derrota consecutiva em casa (a terceira pelo campeonato nacional) fizeram com que fôssemos ao ataque e aproveitássemos o recuo do Flamengo. Entretanto, apesar da nova energia e de um time mais conectado, não fomos efetivos na primeira metade do segundo tempo. Luan e Arthur não estavam bem. Ramiro errava a pontaria. Fernandinho até deu um bom chute, mas foi tudo que ele fez enquanto esteve em campo também (outra má atuação de um dos jogadores mais contestados pela torcida presente). Logo em seguida, Marcelo Oliveira se redimiu, salvando o que poderia ter sido o segundo gol dos cariocas.

Foi aí que tu acertaste a mão, Renato, e salvou o dia! Duas mexidas certeiras, colocando Beto da Silva e Everton nos lugares de Jael e Fernandinho. Nem precisou aguardar para ver a movimentação que os dois trariam: no primeiro lance em que eles participaram, veio o gol de empate. Michel lançou na ponta, Ramiro (o pequeno-gigante) pulou mais alto para cabecear para o meio da área, Beto da Silva FUROU (propositadamente, óbvio) e Everton, o iluminado do dia, se antecipou entre Rhodolfo e Pará para tirar a tocar a bola de leve no canto oposto de Diego Alves. 1 a 1 e um alívio enorme!

Daí, nem dois minutos depois, Edilson resolveu EMULAR Gérson, numa versão destra, e fazer um lançamento EXCEPCIONAL de 40 metros para Everton entrar livre e dar uma cavadinha no canto do goleiro, virando o jogo e fazendo a Arena explodir em festa. Tudo bem que o lateral-direito flamenguista colaborou fazendo o que sabe fazer de melhor (falhar), mas isso não tirou a beleza do lance e a grandeza daquela virada. E ali apenas se consolidou o fato de que CEBOLINHA (apelido curiosamente dado a ele pelo próprio Pará, que hoje certamente terá pesadelos CHOROSOS) seria o homem do jogo e o cara deste domingo.

Dez minutos depois, veríamos Beto da Silva fazer grande jogada, também demonstrando porque a torcida flamenguista corretamente não tem mais paciência alguma com Rafael Vaz, e servindo Luan, para que o craque deixasse o seu. Ele ainda perderia um gol de cabeça relativamente fácil, mas como tem crédito com a torcida e o placar estava construído, ninguém se importou. Na verdade, naquela altura do jogo, eu até já havia esquecido da MALEMOLÊNCIA que acometia meu corpo, porque o espírito contagiante que sói pairar por cada alma Tricolor já falava mais alto do que tudo.

Nós gremistas pulávamos na arquibancada, e a emocionante virada já tinha me feito desistir de ver o jogo mais “tranquilamente”, pouco interessando a minha cabeça CANSADA. Enquanto já esperávamos o final do jogo, o Flamengo ainda colocou uma bola na nossa trave, ainda com a boa intervenção de Paulo Victor. Mas isso já não importava mais. Foi muito bom voltar a vencer na Arena, Renato. A gente precisava disso, precisava de uma vitória com uma atuação como a de hoje: um time que mostra que pode mudar a postura e a forma de jogar quando necessário e reverter um placar numa partida que se apresenta difícil.

As nossas cabeças certamente já estavam todas lá no próximo dia 22, na primeira partida da final contra o Lanús, aqui em Porto Alegre. Mas nada impediu que sentíssemos o sofrimento de quando o time foi mal e a alegria de quando se recuperou e venceu. Queremos essa confiança e esse ímpeto daqui até o dia 29. Porque, após o apito final de hoje, tudo era uma grande festividade, e nada mais poderia nos tirar aquele belo final de tarde, em que bastava olhar para cima para lembrar o quão belo é o céu AZUL.

“No meio da alegria, não teve aquele que não bebeu!”, já se entoava o canto na saída. Bom, na verdade até teve, porque eu só volto a beber no próximo final de semana mesmo – a menos que algumas Cocas-Colas valham para acompanhar a música. Mas a música que está presente em nossas mentes 24 horas por dia é outra: “Queremos a Copa”. Queremos a Libertadores, Renato! Queremos o Tri! Saudações Tricolores!

Segue o baile…

https://youtu.be/Mb5Ma-efstE

Bom dia, Guto (com vídeo mostrando teu péssimo time em Inter 0 x 0 CRB)

Bom dia, Guto (com vídeo mostrando teu péssimo time em Inter 0 x 0 CRB)

É sempre a mesma coisa. Deve ter sócio por um fio. Eu estou nesta situação. Vi o jogo num bar. Nego-me a me deslocar até o Beira-Rio. Prefiro assistir num bar com minha cerveja. Estou por um fio.

Sasha: um atacante que está há 12 rodadas sem marcar e sem nenhuma assistência é mantido como titular absoluto por Guto Ferreira | Foto: Ricardo Duarte
Sasha: um atacante que está há 12 rodadas sem marcar e sem dar nenhuma assistência é mantido como titular absoluto por Guto Ferreira | Foto: Ricardo Duarte

Guto, tu sempre escalas o mesmo time, ele apresenta os mesmos problemas e tu fazes as mesmas substituições. É cansativo de ver. Tiveste mais uma semana de treinamento. Não sei como trabalhas, sei que não se vê resultados. É sempre a mesma coisa. Espero que tu sejas o último desta série de péssimos treinadores. Nada sobrevive a uma sequência com Argel, Falcão (o técnico), Roth, Lisca, Antônio Carlos e tu. Nada pode ser pior do que este Sexteto Fantástico.

Até que Pottker jogou um pouco mais ontem, mas Sasha teve atuação nula e saiu como sempre. Ou seja, tu escalas um cara que é sistematicamente substituído por deficiência técnica. Tu escalas também Danilo Silva e Winck. E, quando Danilo saiu, tu colocaste Ortiz! E nunca vimos Thales ou Fábio Alemão. Serão testados algum dia? Então jogamos com oito, porque Sasha, Ortiz (ou Danilo) e Winck não contam.

É inútil eu ficar escrevendo sempre as mesmas coisas. Quem me lê deve estar puto. O jogo foi novamente um horror, igual aos anteriores. É cansativo. O CRB é um time que hoje tem a mesma pontuação do Luverdense, primeiro time que vai cair para a Série C. Está em 16º.

Tu me pareces perdido. Por exemplo, como tu me explicas isso? No primeiro tempo, Sasha se machucou e tu colocaste o Carlos pra aquecer. No intervalo, tu fizeste a substituição de Sasha por Nico. Tu queres nos enlouquecer, né?

E o pior é que chamas este de teu “time ideal”.

Por incrível que pareça, ainda somos líderes dessa bagaça que é a Série B. Restando cinco partidas para o final da competição, temos 62 pontos, quatro à frente do vice-líder Ceará, e na próxima segunda-feira (6/11) Restando cinco partidas para o final da competição, o time colorado segue na liderança isolada, com 62 pontos, quatro à frente do vice-líder Ceará — mas o América-MG ainda não jogou na rodada e poe chegar aos 60. Na próxima segunda-feira (6/11), às 20h, enfrentamos o Luverdense fora de casa. No Beira-Rio, o próximo jogo é contra o Vila Nova-GO, no dia 11 de novembro (sábado). Não irei ao Beira-Rio novamente. Ao vivo irrita mais. A cerveja acalma.

#ForaGuto

Como salvar um breu quebrado

Como salvar um breu quebrado

Elena me falou que este textinho poderia ser muito útil a todos os instrumentistas de cordas, profissionais ou estudantes, ainda mais em época de crise. Todos sabemos como é raro encontrar um breu de boa qualidade. E, quando menos esperamos, ele cai de nossa mão e quebra-se em mil pedaços, não sendo mais utilizável.

A Celina, mãe da aluna Helena, a qual já deixou escapar o breu várias vezes, ensina uma técnica fácil, prática e acessível para recuperá-lo.

Para isso, você vai precisar de uma panela para banho-maria e uma forminha de vela sem a vela dentro, é bóbvio.

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Depois do breu derreter, tira-se o mesmo do banho-maria e deixa esfriar. Então tira-se o cara da forma.

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Bons estudos com economia!

Fotos e técnica de Celina Barroso.

 

Veja o Bola em Transe desta última terça-feira

Veja o Bola em Transe desta última terça-feira

O Bola em Transe é um programa de debates esportivos para além do que se passa no campo de jogo. O da última terça-feira — o de número 26 — contou com Francisco Éboli, Milton Ribeiro, Moysés Pinto Neto e Alexandre Pandolfo. É claro que não sabíamos da classificação de Lanús e Grêmio, mas a gente falou sobre tanta coisa e o Francisco, o Moysés e o Pandolfo são tão brilhantes que vale conferir, acho.

O mote do programa era o novo formato da disputa do Mundial de Clubes proposta pela Fifa.

Bom dia, Renato (com os lances do jogo que levou o Grêmio às finais da Libertadores 2017)

Bom dia, Renato (com os lances do jogo que levou o Grêmio às finais da Libertadores 2017)

Por Samuel Sganzerla

Bom dia, Renato!

Tudo bem contigo? Antes de qualquer coisa, eu queria pedir licença para me apresentar: eu sou Samuel Sganzerla, o amigo gremista chato do Milton Ribeiro que foi por este convidado para GRENALIZAR um pouco este espaço, falando sobre nosso querido Imortal. Que ele tenha noção de que lerá por aqui, na sua coluna, muita corneta e alento!

De toda forma, melhor falar do jogo de ontem, não!? E que coisa foi essa partida! Ainda no último fim de semana, trocava uma ideia com um querido e gremistão amigo, que me disse: “E na quarta-feira, que seja 1 a 0 Barcelona, para ninguém ficar eufórico e o time se ligar na vida!” Olha, Renato, não sei se ele conversou contigo, mas até parece que tu ouviste ele. O gremista pode ter muitos defeitos: arrogante, petulante, irritante, demasiado e ingenuamente otimista por vezes. Mas euforia não combina conosco mesmo, e essa volta da semifinal foi para colocar os pés no chão.

Foto: http://www.gremio.net/
Foto: http://www.gremio.net/

Bom, convenhamos: depois de termos construído aquela vantagem enorme fora de casa, se o Grêmio se não classificasse hoje, seria justificável a torcida estar tão revoltada com o time quanto o Neto está com o Corinthians. Mesmo assim, a Arena foi lotada por quase 55 mil almas esperançosas com a Copa, esperando a confirmação da ida à final, que já se desenhou na semana passada. Entretanto, como todos gostamos de lembrar (até com certa ponta de orgulho), “para o Grêmio, tudo é mais difícil”.

Um misto de nervosismo e falta de foco marcaram a atuação do nosso Tricolor no primeiro tempo. O Barcelona, que nada tinha a ver com isso, aventurou-se com a bola no campo gremista, ainda que levando pouco perigo. Pelo menos até Caicedo (sinceramente e com o perdão de certo preconceito: é difícil imaginar uma equipe equatoriana sem um Caicedo) deixar um, dois, três para trás, bater cruzado na entrada da pequena área, e Álvez encher o pé em uma bola respingada para marcar o gol deles.

O jogo seguiu tenso e nervoso, teimando em lembrar que o caminho da glória continental é sempre tortuoso. “Mexe nesse time”, gritamos para ti, Renato! Everton entrou, deu alguma movimentação atuando na mesma posição que um apagado (e não de hoje) Fernandinho. Cícero, que parecia ter entrado bem na outra partida, pouco fez. Luan era a armação e a qualidade no toque de bola do time, mas nada de mais produziu sozinho na frente. E o senhor Roberto Tobar, à frente do apito, parecia demonstrar certo ressentimento com nossa equipe, lembrando que foram nossos compatriotas que eliminaram da Copa do Mundo a seleção de sua terra natal, o Chile (“safado” é o adjetivo publicável que proferi a ele, dentre vários outros).

Apesar disso tudo, de uma bola na trave de Grohe e de outra na da equipe de Guayaquil (bela e azarada cabeçada de Jael, quem diria), pode-se olhar para o histórico da partida e ver nós não corremos riscos sérios de não classificar. Mas vou te dizer, Renato, que, se o plano era acabar com a nossa euforia, deu certo A euforia! O otimismo, a loucura e a algazarra coletiva das almas tricolores seguem a pleno vapor. Porque a gente acredita sempre, Renato! A gente confia em ti! Mesmo quando o time faz dessas como hoje, nós queremos crer que tudo é parte de um plano maior, em que está escrito que, ao final, sairemos campeões.

Assim, chegamos à nossa quinta final de Libertadores (o segundo clube com mais decisões, atrás do São Paulo), com a chance de igualar o Tricolor Paulista e o Santos em número de títulos, juntando-nos aos brasileiros que mais libertaram a América. Véspera do Dia de Finados, a data seguinte ao Dia das Bruxas, nós classificamos no Dia de Todos os Santos (mesmo quando o nosso São Portaluppi não pareceu tão presente). Aliás, como brincou um amigo, coisa engraçada essa de os jogadores meio perdidos em campo terem olhado para o banco e, em vez de ver o velho Renato a que estão acostumados, encontraram um PAI DE FORMANDO EM FIM DA FESTA (paletó e gravata não são tua praia, desculpa).

Agora, o que interessa é o Lanús. Dia 22 em Porto Alegre, depois 29, em Buenos Aires. Os argentinos já mostraram ontem, em cima do todo-poderoso e favorito River Plate, que vêm com ganas para sua primeira final. Pelo menos sabem quem vão enfrentar, já que o técnico deles andou falando besteira a nosso respeito, mas resolveu se retratar. Também já vimos que a arrogância e menosprezo ao adversário não vão nos trazer nada (se bem que os únicos que tenho visto menosprezando os argentinos são os torcedores do coirmão, já querendo se vacinar diante de eventual sucesso nosso, mas deixemos que eles cuidem de si, porque têm coisas mais urgentes a resolver), porém é bom que eles saibam que do lado de cá joga um histórico campeão da Copa Libertadores.

Então, Renato, é hora de começar a maturar o time para a grande decisão. Dez anos depois, estamos de novo no palco da grande final. No teu caso, nove anos, na verdade, depois daquela vez em que tu sofreste uma dolorida e poeticamente injusta derrota para um outro time equatoriano (para tu veres como te admiro, até torci pelo Fluminense, por tua causa). Agora é hora de invocar não apenas os santos, mas todas as forças terrenas, para que neste reencontro, ora lado a lado, de Grêmio e Renato com a busca pelo topo da América termine com vitória. Muita força, treino e amadurecimento para que o time esteja concentrado e focado para entrar em campo voando baixo e ser letal, tal qual fizemos lá no Mineirão, ano passado. Nós, torcedores, crentes ou céticos, já começamos as nossas rezas (porque, como dizia Galeano, futebol é a única religião que não tem ateu).

Para os supersticiosos, é bom lembrar de 1995: naquele ano, depois de termos perdido a Copa do Brasil, fizemos boa campanha na fase de mata-mata da Libertadores; nas quartas de final, deixamos para trás uma equipe brasileira; nas semifinais, eliminamos um time equatoriano, e, na outra chave, o River Plate foi eliminado, mesmo sendo favorito para ir à decisão; na final, decidimos fora de casa e trouxemos o caneco. Se dizem por aí que a história se repete, que seja isso mesmo mais uma vez, tal qual há vinte e dois anos. E que aquele espírito Imortal e aguerrido que tu demonstraste em campo lá em 1983, Renato, contagie a equipe inteira.

Vamos, Renato!
Vamos, Grêmio!
QUEREMOS O TRI!
QUEREMOS A COPA!

NÓS VAMO ACABÁ COM O PLANETA!

Saudações Tricolores!

Segue o baile…

https://youtu.be/PQj8xnhsnco

O melhor concerto da Ospa em 2017? Provavelmente sim

O melhor concerto da Ospa em 2017? Provavelmente sim

Estava na cara que o concerto de ontem à noite na Ufrgs seria um dos melhores da Ospa este ano. Apenas uma obra seria tocada, a Sinfonia Nº 2, “Lobgesang”, de Mendessohn. Música de alto nível, com a presença do coral, costuma ser mortal (rimou). A interpretação da obra foi excelente com a presença luminosa de cantores solistas como a soprano Elisa Machado, que arrasou. Também elogiáveis o trabalho da orquestra, do coral e o senso de estilo do maestro Manfredo Schmiedt. Aquilo que ouvimos foi efetivamente um Mendelssohn. Ontem, antes do Concerto, publiquei no Guia21 um artigo a respeito da obra. Para efeito de registro, reproduzo-o aqui com umas poucas alterações sugeridas pelo Ricardo Branco.

Foto: Raquel Laks
Foto: Raquel Laks

.oOo.

Iniciemos por um depoimento pessoal. Em 2014, eu estava em Lisboa visitando a Fundação Calouste Gulbenkian quando soube que a excelente Orquestra Gulbenkian tocaria naquela noite a Sinfonia Nº 2, “Lobgesang” (Hino de Louvor), de Mendelssohn, sob a regência de Paul McCreesh. Não conhecia a obra, apenas a excelente fama da orquestra e a competência de McCreesh, comprovada em muitos CDs que ouvira.

A música me surpreendeu em vários aspectos:

(a) foram quase 70 minutos de uma sinfonia arrebatadora, de enorme qualidade;
(b) foi escrita em homenagem aos 400 anos da invenção da imprensa, que…
(c) teve enorme influência na Reforma Luterana com a edição da Bíblia de Gutenberg, pois até então a Bíblia era lida em latim e sua circulação não era a mesma que passaria a ter a partir da invenção da imprensa;
(d) utilizava textos da Bíblia Luterana e, finalmente,
(e) era uma Sinfonia Coral como a 9ª de Beethoven.

Porém…

Por algum motivo desconhecido, esta sinfonia é uma das menos conhecidas de Felix Mendelssohn (1809-1847). É, na definição do próprio compositor, uma “Sinfonia-Cantata, baseada em textos da Bíblia, para solistas, coro e Orquestra”. Foi composta por ocasião das comemorações dos 400 anos de aniversário da grande invenção de Gutenberg. Era uma obra inusual: três andamentos orquestrais seguidos de outros onze para coro, solistas e orquestra. O próprio compositor escolheu os textos bíblicos, procurando sublinhar o triunfo da luz sobre a escuridão. A obra enquadra-se na tradição do coral protestante aperfeiçoado por J. S. Bach, compositor que Mendelssohn admirou ao ponto de ter sido responsável pelo ressurgimento da sua música na primeira metade do séc. XIX.

Felix Mendelssohn

Estranhamente, Mendelssohn, desde a segunda metade do século XIX e ao longo de boa parte do século XX, tem sido classificado com um compositor judeu. É como se ocupasse uma faixa especial, paralela ao desenvolvimento musical europeu. Tal fato originou-se nos escritos discriminadores de Richard Wagner. De forma inacreditável, Wagner tentou inventar uma tradição sinfônica alemã cujo romantismo excluísse Mendelssohn, dando maior importância a Schumann, Liszt ou até mesmo a Weber. Curiosamente, nos anos 30 do século passado, por um pequeno período Hitler incentivou que os judeus tivessem casas de espetáculos onde fossem apresentadas exclusivamente peças e obras de judeus. Lembram das clássicas cenas de filmes onde os nazistas invadem teatros lotados de judeus, quebrando tudo? Pois é, naquelas casas, Mendelssohn era muito interpretado.

No entanto, é extremamente complicado entender a música romântica alemã sem Mendelssohn, um compositor extraordinário e muito culto em todos os aspectos artísticos, humanísticos e socioeconômicos, bem como poliglota e cosmopolita. (Ele é hoje detestado por alguns grupos feministas por ter prejudicado a carreira de sua irmã Fanny como compositora, como se ele pudesse escapar de ter sido um homem de sua época). Um bom exemplo de sua cultura e sensibilidade é a bem sucedida colocação de Johann Sebastian Bach (1685-1750) como o ícone central da cultura musical alemã. Tal fato só foi possível de ser realizado a partir do próprio patrimônio da família Mendelssohn, que teve, entre seus empregados em Berlim e Postdam, Wilhelm Friedemann (1710-1784) e Carl Philip Emmanuel Bach (1714-1788). Quando da morte destes filhos de Bach, a rica família Mendelssohn comprou as coleções de partituras de ambos para suas bibliotecas.

Filho do banqueiro Abraham Mendelssohn e de Lea Salomon, neto do filósofo judaico-alemão Moses Mendelssohn, Felix foi membro de uma família judia notável, mais tarde convertida ao cristianismo. Começou a compor aos nove anos, tendo crescido num ambiente de efervescência intelectual. Dentre os frequentadores da cada dos Mendelssohn, estavam Goethe, Wilhelm von Humboldt e Alexander von Humboldt. Pressionado, Abraham renunciou à religião judaica. A Felix, a seu irmão Paul, e às suas irmãs Fanny e Rebeca, foi dada a melhor educação possível. Sua irmã Fanny Mendelssohn (mais tarde, Fanny Hensel), se tornou conhecida como pianista e compositora, apesar das dificuldades impostas pela oposição de Felix e da família. Afinal, compor não seria “coisa de mulher”.

Mendelssohn foi a maior das crianças prodígio. Enquanto criança e adolescente, nenhum outro compositor escreveu obras da mesma qualidadeu, nem Mozart. Ele começou a ter lições de piano com sua mãe aos seis anos. A partir de 1817, com 8 anos, estudou composição com Carl Friedrich Zelter em Berlim. E publicou o seu primeiro trabalho, um quarteto com piano, aos treze anos.

Felix & Fanny Mendelssohn

É uma injustiça histórica visitar Leipzig e descobrir que a casa-museu de Mendelssohn foi fundada há apenas 15 anos — assim como o monumento erguido em homenagem aos dois irmãos Mendelssohn, Fanny e Felix. Leipzig é claramente uma cidade bachiana também por influência de Mendelssohn.

Mesmo com a oposição de Wagner, sua música de câmara e peças para piano nunca deixaram de ser interpretadas, apenas as sinfonias e oratórios eram vistas com certo desprezo. Já a Inglaterra foi sempre fiel a Mendelssohn: a Inglaterra vitoriana o tinha como seu compositor favorito. A Segunda Sinfonia, “Lobgesang”, conhecida como Hino de Louvor foi uma obra que influenciou claramente a música coral sinfônica da Inglaterra antes da Primeira Guerra Mundial.

É redundante lembrar que Felix, filho de um importante banqueiro e membro de uma família de intelectuais e bibliófilos, soube combinar suas qualidades pessoais com todas as vantagens de uma educação refinada que os melhores professores lhe forneceram desde a infância. Em 1823, uma carta de seu professor Zelter para Goethe informava que “ele está melhorando em tudo, adquirindo mais força e poder. Imagine nossa felicidade, se sobrevivermos, para ver o jovem Felix viver a plenitude de tudo que sua infância prometeu”. No ano seguinte, 1824, tudo isso parecia estar ainda mais claro: aos 15 anos, em alguns meses, Felix Mendelssohn compôs sua 1ª Sinfonia, um Sexteto para piano e cordas, o Rondó Caprichoso para piano e vários trabalhos menores, além de estrear sua ópera Der Onkel aus Boston.

Johannes Gutenberg

Em honra a Gutenberg

A Sinfonia Nº 2, “Lobgesang”, foi composta ao longo de 1840, publicada em 1841 e estreada na Igreja de São Tomás, em Leipzig, em 1842, dentro de um festival em homenagem a Gutenberg. Quando Mendelssohn fez a revisão definitiva de seu trabalho em dezembro para a edição da partitura, a sinfonia já era um trabalho popular na Alemanha e na Inglaterra. Na verdade, “Lobgesang” ocupa o quarto lugar na ordem cronológica das sinfonias de Mendelssohn, embora tenha sido numerada como uma segunda sinfonia por seus editores, já que naquela época apenas a Sinfonia Nº 1, Op. 11 (1824) tinha sido publicada. Na verdade, a Sinfonia Nº 5, “A Reforma”, Op. 107 (1830) foi a segunda a ser escrita e a terceira foi a Sinfonia nº 4 “Italiana”, Op. 90 (1833). A última composta por Mendelssohn foi a Sinfonia Nº 3 “Escocesa”, op. 56 (1842).

Mendelssohn deu o subtítulo de “Sinfonia Cantata” para o Lobgesang. O plano formal de escrever três movimentos instrumentais e um quarto longo movimento coral nos obriga a pensar na sinfonia coral de Beethoven. De fato, no primeiro movimento, há uma homenagem óbvia a Beethoven: o uso de um tema da Sonata para piano, Op. 22 do mestre de Bonn. Mas há diferenças notáveis no estilo usado: a introdução do primeiro movimento responde é muito pomposa quando comparada com a suave melodia do Allegretto de Beethoven, que se destaca pela naturalidade ingênua.

O movimento coral é monumental, manifestamente neobachiano. É dividido em nove partes:

1) Introdução (sobre o tema do primeiro movimento e terceiro figuração) e primeiro coral “Louvai ao Senhor tudo o que respira seguido pela ária soprano” Alaba minha alma ao Senhor “em um acompanhamento inquieto que nos lembra o sonho de uma noite de verão.
2) recitativo e único tenor: “Fale-te que foi redimido pelo Senhor”;
3) refrão de resposta;
4) a dupla de sopranos “Eu deposito minha esperança no Senhor”, que tem grandes semelhanças com uma das Canções Sem Palavras do sétimo livro;
5) o tenor canta “As cadeias da morte nos cercam”, um dos melhores momentos da Sinfonia, que termina com o anúncio da soprano de “A noite acabou”;
6) o coro em uma fuga esplêndida;
7) coro religioso “Deixe todos darem graças ao Senhor”;
8) fueto de soprano e tenor «Por isso minha música vai celebrar a sua glória»;
9) coro final da cidade aclamada.

No século XV, o Padre Francisco Costa, prior de Trancoso, teve 275 filhos

No século XV, o Padre Francisco Costa, prior de Trancoso, teve 275 filhos
Padre Francisco Costa
Padre Francisco Costa

Sentença Proferida em 1487 contra o Prior de Trancoso (do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, autos arquivados no armário 5, maço 7):

Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido:

— com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
— de cinco irmãs teve dezoito filhas;
— de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
— de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
— de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
— dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,
— da própria mãe teve dois filhos.

Total: “duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e quatro mulheres”.

Porém…

… “El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de Ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo. “.

Será que isso é mesmo verdade? O cara veio de Aveiro para Salvador? E quantos filhos ele teve por aqui?