Bom dia, Odair (com os lances do fiasco de Chapecó)

Bom dia, Odair (com os lances do fiasco de Chapecó)

O Inter entrou com os reservas, o que é um sinal aos próprios jogadores de que a partida em Chapecó era menos importante do que outra coisa que está sendo jogada. Mas há outro recado e este é dado ao adversário — escuta, você deve me vencer.

E mais: o time todo estava desgastado após o jogo contra o Alianza? Todo, todinho? Ora, não me façam rir.

Inútil: como sempre de cabeça baixa, Pottker enfrenta vários adversários até perder a bola. Foi só isso o que ele fez sábado | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Ora, a partida contra o Alianza Lima não foi tão disputada assim, não houve grande desgaste, mas Odair e turma escolheram estrear no Brasileiro com os reservas e com derrota. Foi opção. Assim como foi opção escalar Pottker, nosso pior atleta mesmo entre reservas.

Claro que esses pontos farão falta e não serão recuperados. Na última Libertadores que disputamos, o papo foi o mesmo. Quando fomos eliminados, éramos 9º lugar no Brasileiro e a conversa foi a de que íamos nos recuperar. Não conseguimos, é óbvio, e ficamos fora da Libertadores seguinte. O ” diretor de futebol” Roberto Melo disse: “Brasileirão não se ganha em abril”. Em setembro, 15 pontos atrás do líder, ele vai dizer “A gente sabe que está difícil de buscar, mas temos que tentar”. E não vai dar.

Já sei que vão dizer que o planejamento é esse mesmo. Nos findi, reservas. No meio da semana, titulares. Que o time teve mais chances e brigou muito. Ai, que lindo.

Lindo mesmo é estrear num campeonato que não ganhamos há quarenta (40) anos com os reservas. E perder.

Os 3 pontos de hoje valiam o mesmo do próximo jogo contra o Flamengo. Aliás, Cruzeiro e Flamengo entraram em campo com os titulares. Não se preservaram, que coisa.

E pobre do Palmeiras, um time sem recursos… Jogou pela Libertadores quinta-feira no Peru e está jogando com os titulares no domingo pelo Brasileirão. São uns coitados, não possuem elenco para girar o time. Ou não têm planejamento…

Agora jogamos contra Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro e River. Vamos com os reservas e Pottker?

Já que a diretoria e a comissão técnica deixaram evidente que não se interessam em ganhar o Brasileiro, a torcida também não deve em grande número ao Beira-Rio.

Por que o torcedor deveria ir a jogos de um campeonato que o clube não tem interesse em ganhar?

Já há colorados explicando a derrota dos reservas do Inter pela derrota dos titulares do Grêmio… Por que ligar fatos que não têm nada a ver? Não surpreende que Bolsonaro tenha ganho as eleições aqui. Muita gente burra, né?

O Grêmio todo mundo conhece. Vimos os dois Gre-Nais. Já o Inter… Quem é o Inter? É o planejamento do Inter, as opções do Inter, etc. As escolhas de nunca usar todo seu potencial. As confusões do Odair. Os empresários. O futebol reativo. A várzea.

O Flamengo, com os titulares, deu um baile nos titulares do Cruzeiro, o Bahia venceu o o Corinthians, Ceará e Athletico golearam, mas, segundo o Inter, esta rodada não vale nada.

Bem, abaixo, o sofrimento começa aos 8 segundos do vídeo:

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Um local da cidade: Bonobo, café com conceito

Um local da cidade: Bonobo, café com conceito

Acordei hoje e, por algum motivo, lembrei desta reportagem que fiz para o Sul21 em agosto de 2011. Apesar de não ser nada hostil e de eventualmente comer comida vegana, não faço parte da tribo. Porém, na época, mal sabia o que era aquilo, poucos sabiam o que era. Gostei muito do tratamento que recebi no Bonobo e vai ver que foi isto que me fez lembrar deste texto bem simples.

Um lugar incomum, o Café Bonobo | Ramiro Furquim/Sul21

Café Bonobo fica a dez minutos de caminhada do Parque da Redenção, exatamente na esquina da Castro Alves com a Felipe Camarão, em Porto Alegre. É uma bela casa de dois andares. No térreo fica o Café e no andar de cima moram os proprietários, o casal Valesca Sierakowski Kuhn e Marcelo Guidoux Kalil.

Se considerarmos a comida oferecida, a postura e o conceito que o apoia, o local não é nada tradicional. Para começar é um café vegano — os veganos se abstêm de utilizar quaisquer produtos que provenham de aninais ou da exploração destes. Então, além de não ingerir carnes, peixes, aves, ovos, leite, mel e seus subprodutos, como gelatina, soro, gordura, etc., os veganos não vestem tecidos de origem animal, como couro, seda, lã e peles, nem produtos testados em animais.

“O veganismo é um vegetarianismo puro e eminentemente ético”, explica Marcelo, sócio do Bonobo. “Com o tempo, a gente foi incorporando outros conceitos ao veganismo, coisas libertárias, algumas ideias anarquistas anti-hierarquia, que fomentam a horizontalidade.”

A estante do bookcrossing | Ramiro Furquim/Sul21

Tais opções estão presentes por todo o restaurante – chamamos de restaurante, pois frequentemente são servidos almoços aos sábados. Ao lado da mesa onde sentamos, por exemplo, há uma pequena estante de livros. Ao ser perguntado sobre o motivo da existência da pequena biblioteca, Marcelo esclareceu que era para fazer bookcrossing, que é a prática de deixar um livro num local público para que outros o encontrem, leiam e voltem a “libertá-lo”, seja devolvendo-o ao local onde foi encontrado, seja deixando-o por aí para que outros leiam. “Queremos divulgar as ideias que achamos boas. Recentemente, demos destaque à questão da mobilidade, do uso de bicicleta, que nós apoiamos. Então, quem chega de bicicleta aqui tem um espaço legal para estacioná-la”.

Os pratos oferecidos pelo Bonobo são produzidos a partir de alimentos comprados em feiras ecológicas, direto do produtor. “Acho que a única coisa que passa por processos industriais é o vinho. O resto fazemos tudo: o pão, os burgers, os molhos, os bolos, os sorvetes. A cerveja é um amigo nosso que faz. Até os produtos de limpeza são naturais.”

O menu do Café Bonobo | Ramiro Furquim/Sul21

Os burgers é uma das especialidade da casa. Tudo é vegetariano. O pão é branco ou integral, o “bife” pode ser ou de lentilha com curry e grão-de-bico ou de cenoura, amendoim e arroz integral. Os molhos são de catchup caseiro de tomate, pasta de grão-de-bico ou guacamole. Para quem quiser se aquecer no inverno, há o tradicional chocolate quente com leite de amêndoas. Os preços não são nada altos e ainda há promoções: por exemplo, há o bolo sem preço, pelo qual cada um paga o quanto pode ou quanto acha que vale. E hoje (10/08/2011) o almoço é sem preço, ou seja, você come e paga o que achar justo.

Val e Marcelo vivem modestamente do Bonobo. Não pretendem mais e seu café tem o slogan “compre menos, trabalhe menos e viva mais”.

O que é bonobo? Bonobo é uma espécie de primata que age de forma contrária a do chimpanzé. Este costuma resolver seus problemas – inclusive os do amor – pela força, enquanto os bonobos decidem suas questões através do amor. Por exemplo, se estão disputando comida, um faz carinho no outro e acabam compartilhando. É uma visão que seria mais harmoniosa do que a dos chimpanzés, que fazem guerras entre eles, com mortes, muitas vezes. “Aqui no café somos eu e a Val. Fazemos, dividimos e compartilhamos tudo, até a limpeza”.

“Vez ou outra nos damos o luxo de não abrir” | Ramiro Furquim/Sul21

O Bonobo abre geralmente de quartas a sábados, das 18 às 22h. Mas nem sempre este horário é cumprido. Às vezes abre para o almoços, às vezes em outros horários, às vezes não abre. Os clientes se informam pelo telefone, twitter, facebook ou pelo blog do café. “Geralmente funcionamos de quarta a sábado, mas uma vez e outra nos damos o luxo de não abrir… Quando fazemos isso, sempre avisamos. Por exemplo, hoje, depois de um monte de dias de chuva, abriu um sol e era o aniversário da Val, então escolhemos não ficar presos aqui dentro na cozinha.”

Além da estante do bookcrossing, há uma biblioteca que vende e empresta livros. Há outros produtos também: “Temos até absorventes femininos ecológicos para vender. São aqueles antigos que nossas avós usavam. São de usar e lavar para reaproveitar. A própria água com que é lavado pode ser usada para regar as plantas, é ótimo.”

O Bonobo mantém a política de compartilhamento também na cozinha. Nada é segredo. Então, se um cliente quiser saber como as pratos são preparados, é convidado a visitar a cozinha para auxiliar a fazer as coisas e aprender. “Estamos mais interessados em divulgar o veganismo do que em guardar segredos de cozinha.”

“Quem chega de bicicleta aqui tem um espaço legal para estacioná-la” | Ramiro Furquim/Sul21

Segundo o casal, são raros os casos de comensais que pedem uma picanha sangrenta. “A maioria do público sabe como é, já temos um público bem fiel. Às vezes, quando está cheio, as pessoas olham e vão embora. Nós nem aconselhamos as pessoas a esperarem, pois quando o pessoal senta aqui demora muito para sair.”

Val e Marcelo tentam plantar alguma coisa no próprio espaço do Bonobo. “A gente planta mas aqui têm muitos prédios ao redor, pouca luz e é muito úmido. Agora um amigo trouxe uma mudinha de juçara, que é como o açaí da mata atlântica. Ele acha que vai pegar. Temos pimenta, maracujá, guaco, amoreira… bastante coisa. Os móveis aqui do café nós achamos na rua ou em briques, arrumamos tudo. Viste como são bonitos?”.

Além da estante de bookcroosing, há uma pequena livraria que faz vendas ou empréstimos de livros |Ramiro Furquim/Sul21

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Bom dia, Odair (com os lances de Alianza 0 x 1 Inter)

Bom dia, Odair (com os lances de Alianza 0 x 1 Inter)

Bem, Odair e meus prezados sete leitores, a primeira constatação é a de que Sarrafiore deu mais resultados do que Pottker, que apenas faz o auxílio à marcação, fato tão valorizado por treinadores medrosos como tu. Claro que o argentino marca menos e prefere jogar com a bola; afinal, é um meio-campista ofensivo. Durante o jogo, ele pifou Nico e obrigou o bom goleiro do Alianza Lima a uma defesa incrível. Creio que mereça seguir no time titular, mas tudo passa pelo teu crivo de retranqueiro, Odair.

Moledo: absoluto | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Em segundo lugar, como é bom jogar com um árbitro equidistante! Nosso time — e eu — ficamos nervosos com arbitragens políticas como as de Vuaden e Jean Pierre Lima. Estava achando estranho o jogo, só depois me dei conta do que era.

Mas o que mais interessa mesmo é a também a pior das notícias: os erros de passe voltaram com tudo. O número de ataques e contra-ataques desperdiçados foi notavelmente alto. Quando um jogador nosso pegava a bola, tinha gente não se deslocando para receber o passe, quando sabemos que o correto é dar opções a quem está com a bola, claro. A impressão de que falta técnico foi novamente muito forte, Odair. Assim não vamos muito longe, não.

Patrick jogou bem, foi protagonista da partida, mas segue tentando fazer o mais complicado. É um jogador que gosta de tentar coisas impossíveis e que acaba perdendo muitas bolas.

Já Sóbis parece ter nascido para jogar Libertadores. Entrou muito bem, assim como D`Alessandro. Moledo mereceu o gol pelo ótimo futebol que tem jogado. Já Iago errou todos os cruzamentos. É um enorme esforço inútil.

E assim seguimos. A última partida da fase classificatória, contra o River, em Buenos Aires, virou amistosa para ambos. Já somos os primeiros de grupo, eles, os segundos. Acabou.

Sábado (27), às 19h, estreamos no Brasileiro contra uma baita touca, a Chapecoense, em Chapecó.

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Atrás do balcão da Bamboletras (XI)

Atrás do balcão da Bamboletras (XI)

Veio um bolsomínion aqui e pediu Imbecil Coletivo, de Olavo de Carvalho. Fazer o quê? Trouxemos o livro e ligamos para o cara avisando da chegada. Ficou reservado, mas, sabem como é, escondemos preventivamente o elemento sob o balcão. Bem, passados os 7 dias regulamentares, ligamos pro cliente perguntando se ele viria buscar. Ele fez aquele nhé típico e conhecido de quem não está mais interessado. Olha, vou te contar…

Desta forma, colocamos o livro na prateleira para venda.

Um dia, entrou um fiel cliente da loja. Estava com uma enorme mochila nas costas e, ao se deparar com o volume olaviano, tomou tal susto que deu um salto para trás, derrubando duas pilhas de ótimos livros da Todavia.

Saí do balcão. Deixa comigo que eu arrumo. O cara me olhou arregalado, dizendo que tinha feito aquele movimento súbito ao ver um Olavo na Livraria Bamboletras. Pois é, o que fazer? Um cliente pediu e não veio buscar.

O mochileiro sugeriu que deixássemos o livro com a lombada para dentro, mas a emenda revelou-se péssima. Todo mundo que passava pela estante virava o livro e quase gritava de pavor.

Encalhou, gente, encalhou. Não sabemos o que fazer. Sugestões?

Olavo e um amigo

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As novas regras do futebol a partir de 1º de junho

As novas regras do futebol a partir de 1º de junho

⚽NOVAS REGRAS DO FUTEBOL

1- SUBSTITUIÇÃO: O jogador não precisará mais sair de campo pelo centro quando for substituído, ele será obrigado a sair pela linha mais próxima que ele estiver, seja na lateral, linha de fundo e etc….

2- CARTÕES PARA A COMISSÃO TÉCNICA: O técnico agora poderá ser advertido com cartão amarelo, cartão vermelho, e não só isso, ele pode acumular cartões e ficar suspenso nos próximos jogos. Além do técnico, o preparador físico, o médico, o auxiliar técnico e a comissão técnica inteira poderá ser advertida com cartões.

3- JUIZ E ⚽ AO CHÃO: Com essa nova regra, independente de onde a bola estiver, se ela bater no juiz, o jogo vai parar e será dado bola ao chão. Aí o jogo recomeça.

4- TIRO DE META: Os zagueiros não serão mais obrigados a sair da área no tiro de meta, eles poderão entrar na área e o goleiro poderá sair jogando com eles normalmente.

5- GOLEIROS NAS COBRANÇAS DE PÊNALTIS: Na regra atual, diz que os goleiros são obrigados a ficar com os dois pés na na linha. Com a nova regra, eles poderão ficar com um pé dentro da linha e outro fora da linha pra pegar impulso.

6- BARREIRA NAS COBRANÇAS DE FALTA: Com essa nova regra, o time que vai cobrar a falta, NÃO pode mais colocar jogadores na barreira adversária para atrapalhar a visão do goleiro, eles serão obrigados a ficar 01 (um) metro de distância da barreira adversária. O time que sofre a falta poderá formar a barreira normalmente sem jogadores adversários atrapalhando o goleiro.

7- ⚽ NA MÃO, MÃO NA ⚽: Essa com certeza é a que gera mais polêmica. A partir de 1° de junho acabou o critério de bola na mão ou mão na bola, essa situação será unificada. Ou seja, bateu na mão fora da área é falta, e dentro da área é o mesmo critério, pênalti.

OUTRAS REGRAS QUE AINDA SERÃO AVALIADAS:

1- VAR: A international Board vai avaliar mais atuações do VAR durante o jogo.

2- PÊNALTIS DURANTE O JOGO: A international Board avaliará se manterá rebotes nas cobranças de pênaltis durante a partida, ou seja, se o goleiro pegar, se a bola for na trave ou para fora, não há mais rebote. E também não terá escanteio caso o goleiro defenda a cobrança e a bola vá para fora. O jogo vai parar e recomeçar caso o cobrador perca o pênalti !

REGRAS APROVADAS PELA INTERNATIONAL BOARD (ÓRGÃO QUE REGULAMENTA AS REGRAS DO FUTEBOL MUNDIAL) QUE SERÃO IMPLEMENTADAS NO FUTEBOL A PARTIR DO DIA 1° JUNHO DE 2019.

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3 drops de abril

Modiano (14), Aleksiêvich (15) e Ishiguro (17) foram boas escolhas. Do fato da absurda escolha de Dylan em 2016 não dava para depreender a putaria que estava a Academia Sueca. Afinal, já houve casos quase tão incríveis quanto este no passado. Mas tergiverso. Bem, teremos Nobel de Literatura este ano? É tão difícil organizar uma comissão de bom gosto, conhecimento e conduta aceitável?

.oOo.

Jude Law deve ser um cara interessantíssimo. Produtor e ator principal da série ‘O Jovem Papa’, ele não tem conseguido gravar a nova temporada — já escrita e planejada — em razão dos compromissos. Não é de todo raro um grande ator abraçar um projeto, inclusive arcando com seus custos. O que é raro é um ator produzir uma série daquele tamanho e com um nível artístico tão alto, se bem que eu gostaria de ver o diretor Paolo Sorrentino de volta ao cinema. Agora, espero que Law arranje tempo para desovar a coisa, né?

Ou será que está buscando a grana que vai gastar? Pode ser.

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Ai, que inesperado!

Pesquisa Foca e Methodus apura que apenas 8% aprovam a administração Marchezan em Porto Alegre.

E o recém eleito Eduardo Leite?

Péssimo: 22,34%
Ruim: 24,11%
Regular: 42,64%
Bom: 10,41%
Ótimo: 0,51%

Parabéns, boas escolhas!

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Hoje, 120 anos de Vladimir Nabokov

Hoje, 120 anos de Vladimir Nabokov

E eu mando bala num texto quase que montado a partir de várias fontes e da memória de tantos Nabokovs lidos:

A voz de Nabokov é única. Ele trabalha uma perfeita fusão de estranheza, sentimentos, nostalgia e imagens, formando um ambiente ao mesmo tempo denso, subjetivo e histórico. Ler Nabokov é realmente entrar em outra realidade. As tramas são complexas, há sempre jogos inteligentes de metáforas e um estilo de prosa capaz de paródias e de intenso lirismo.

Nascido em São Petersburgo, no dia 22 de abril de 1899, Nabokov foi romancista e contista de primeira linha, poeta, tradutor e entomologista. Seus primeiros nove romances foram escritos em russo, mas ele conseguiu proeminência internacional apenas após começar a escrever em inglês.

Poucos escritores do século passado foram (e são) mais festejados do que ele. Presença certa em qualquer lista dos grandes, o autor de ‘Lolita’ está sempre lá, ao lado de Borges, Joyce, Proust, Beckett… E, posso estar enganado, mas, a julgar pela quantidade de biografias existentes (até sobre Véra, sua mulher, já se escreveu uma), citações e releituras (como O Encantador, da franco-iraniana Lila Zanganeh), me parece que, hoje, poucos autores desfrutam do status de celebridade equivalente ao do “bruxo russo”.

Lolita (1955), seu mais famoso romance em inglês, foi classificado em quarto lugar na lista dos 100 melhores romances da Modern Library; o belíssimo Fogo Pálido (1962) foi classificado 53º na mesma lista, e suas memórias, Fala, Memória (1951), foi listado em oitavo na lista das maiores não-ficções do século XX. Mas chega de listas.

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Silas Marner: o tecelão de Raveloe, de George Eliot

Silas Marner: o tecelão de Raveloe, de George Eliot

Os sete leitores que acompanham este blog sabem de minha profunda admiração por George Eliot (1819-1880). Basta conferir, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Eliot, na verdade, era uma mulher que usava um pseudônimo masculino para que seus trabalhos fossem levados a sério. Na época, outras autoras publicavam trabalhos sob seus verdadeiros nomes, porém Eliot queria escapar dos estereótipos que diziam que mulheres só escreviam romances leves. E realmente seus livros são muito bem escritos e planejados, mas nada leves. Outro fator que pode ter levado Eliot a usar um nome artístico tão distante talvez fosse o desejo de preservar sua vida íntima. Ela viveu por mais de 20 anos com George Henry Lewes, um homem casado com outra mulher. Ah, a sociedade vitoriana…

Tratando de evitar spoilers, conto a história do livro rapidamente. Parece boba, mas estamos longe disso. Eliot é uma sofisticada mestra da narrativa e da observação social e psicológica. Silas Marner, indevidamente acusado de roubo e exilado de uma comunidade religiosa muitos anos antes, é um tecelão amargurado e misantropo que mora em Raveloe, vivendo apenas para o trabalho e para seu pequeno e crescente tesouro de moedas de ouro. Mas quando seu dinheiro é roubado e uma criança órfã entra casualmente em sua casa, Silas tem a chance de transformar sua vida. Seu destino e o de Eppie, a garotinha que ele adota, está ligado a Godfrey Cass, filho de um burguês da vila, que, como Silas, está preso a seu passado. Silas Marner é o livro favorito de George Eliot dentre seus romances. É curto e combina humor, rico simbolismo e faz uma crítica social nada sentimental, mas afetuosa.

(Apenas peço desculpas para discordar de Mary Ann: seu monumental Middlemarch é uma obra-prima, considerado merecidamente pela crítica um dos maiores romances ingleses de todos os tempos. E assino embaixo e por todos os lados desta opinião).

Em resumo, Silas Marner é a história de um avarento solitário redimido gradualmente pela alegria da paternidade.

Meu amigo de Facebook João Antonio Guerra faz uma observação importante:

“O mais maravilhoso para mim é o retorno a Lantern Yard, justamente onde a história começou, no último capítulo numerado do romance. Esse tempo todo a gente sabia que a condenação de Silas tinha sido injusta, e naquele momento descobrimos que (sua fuga e amargura) não serviu a propósito algum, não sobrou ninguém dos que inventaram a história toda”.

Silas Marner é um clássico. Falsamente simples, curto e perfeito. A história hiper romanesca faz com que a gente devore o livro.

Recomendo.

George Eliot (1819-1880)

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Meu estado é assim em todos os níveis

Meu estado é assim em todos os níveis

O futebol como representação da vida política e da vida em geral.

Explico para quem não entendeu: Na primeira foto, o árbitro Jean Pierre Lima vê este incrível pênalti (fora da área, houve um beliscão do jogador colorado no calção do gremista, que caiu desmaiado). Depois, vitorioso, Renato Portaluppi agradece a graça recebida.

O Inter negou-se a pegar a taça e as medalhas de vice-campeão. Correto. Se não tiverem bom valor no Mercado Livre, melhor deixar na FGF.

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Kannemann e o amor

Kannemann e o amor

Em quase todas as jogadas envolvendo Kannemann há amor. Em todos os escanteios ele se abraça carinhosamente a alguém. Comete sempre pênaltis, mas os juízes sabem da carência e entram na atmosfera meiga proposta pelo zagueiro. Quando o objeto do carinho se revolta, amarelinho. Pois é só amor.

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Bom dia, Odair (com tuas tolices da final de ontem)

Bom dia, Odair (com tuas tolices da final de ontem)

O Grêmio mereceu ser Campeão do Picanhão 2019. Liderou de cabo a rabo e, mesmo sem fazer gols na final, levou mais a sério uma competição que, afinal de contas, estava destinada a ele pela FGF. Mesmo nas finais, mesmo com poucas chances, atirou duas bolas na trave, uma em cada jogo. Ou seja, deixa eles.

Lomba teve sorte no lance do gol anulado do Grêmio. Ficaria famoso. | Foto: SC Internacional

Já nós, seguimos com os critérios errados de Odair. Como disse na minha crônica anterior, deixar a “fila de substituições de armadores” com Pottker, Parede e Camilo na frente é absolutamente inexplicável, ainda mais quando vemos Sarrafiore e Nonato no banco. É o aparentemente eterno critério de deixar os mais velhos com a precedência. Não adianta os mais jovens serem melhores, os mais velhos mandam e ponto final, mesmo sendo burros como Pottker ou repulsivamente ruins como Parede. Eles são os chefes e a Odair só resta obedecer.

Nem vale a pena falar na titularidade de Patrick, né? O cara olha o campo adversário e espera a marcação chegar para se virar e empurrar o adversário com a bunda, tentando fazer o giro. É irritante. Deixa tudo lento.

A única novidade positiva destas finais foi a boa marcação de Zeca sobre Éverton. Ontem, quando o ex-santista saiu lesionado, fez uma falta danada, pois Éverton renasceu das cinzas com Edenílson marcando de longe.

No mais, já deu para ver que Nico López não pode bater pênaltis sob pressão. Ele já tinha errado na decisão por pênaltis contra o NH. Já Cuesta não deveria bater jamais, Cuesta é zagueiro.

E deu pra ver o quanto tu és medroso, Odair. O time tem medo de ganhar. Baseado na estratégia do Depto. de Futebol, não há variação tática importante para mudar jogos de maior dificuldade e as escolhas de quem joga ou fica no banco não agradam. Nosso segundo tempo foi uma vergonha. Só nos defendemos. Jogar pelo empate na Arena ninguém mais faz. E quem não faz costuma sair sorridente de lá.

Agora temos um fim de semana de folga antes no jogo contra o Alianza em Lima, pela Libertadores. A partida é quarta (24), às 21h30. Depois, no sábado (27), temos nossa estreia no Brasileiro contra a Chapecoense, em Santa Catarina.

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Parece uma bagunça, mas é um tesouro

Parece uma bagunça, mas é um tesouro

Olhando parece uma bagunça, mas a área infantil da Bamboletras é um tesouro.

Claro que é legal dar chocolates na Páscoa, mas nós, da Bamboletras, que também amamos chocolates — podem nos presentear, tá?, estamos aqui das 10 às 22h –, sabemos que o valor afetivo, a durabilidade e a lembrança de um bom livro infantil são para sempre.

E nossos infantis foram reforçados para esta Páscoa.

Na sexta-feira e no domingo, estaremos abertos das 15 às 22h. No sábado, horário normal.

É só chegar.

P.S. — Caso alguém queira nos deixar bem felizes, nossas preferências giram entre o Kit-Kat, o velho e bom Refeição, o Milka, Prestígio, Ouro Branco e livros, muitos livros!

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Bibi Andersson (1935-2019)

Bibi Andersson (1935-2019)

Ontem, senti-me abalado ao saber da morte de uma das musas de Ingmar Bergman, Bibi Andersson. Ela participou de boa parte dos filmes que adoro.

Tive a grande sorte de ver e rever todos os filmes que ela fez com Ingmar Bergman faz poucos anos. A atuação dela em Persona… Ingmar Bergman teve a sorte de desenvolver e trabalhar com alguns dos maiores atores do mundo — Erland Josephson, Max von Sydow, Ingrid Thulin, Harriet Andersson, Bibi Andersson e Liv Ullmann.

Bibi Andersson é mais lembrada por seus papéis em O Sétimo Selo (1957), Morangos Silvestres (1957), No Limiar da Vida (1958) — um dos meus filmes favoritos de Bergman que serviu de inspiração para o poema que Sylvia Plath chamou de Três Mulheres –, Persona (1966), A Hora do Amor (1971) e Cenas de um Casamento (1973), onde é coadjuvante. Mas trabalhou  também fora da Escandinávia, em filmes menores.

Jamais esquecerei aquelas imagens de Persona como as de Bibi e Liv atravessando a praia e seus rostos lado-a-lado em justaposição. Há também o célebre monólogo de quatro minutos do personagem de Bibi no filme, relembrando seu encontro com um menino em uma praia que levou a uma gravidez e a um aborto juvenil contra a vontade.

Bibi Andersson e Liv Ullmann em Persona (1966).

Eu me pergunto como Liv está se sentindo agora. Em entrevistas recentes, ela falou de sua admiração e respeito por Bibi, comentando suas atuações em Persona e Cenas de um Casamento, no qual Bibi aparece em uma cena crucial.

Bibi Andersson já estava aposentada — sofreu um AVC em 2009 e desde lá estava bastante mal –, mas espero que seu luminoso sorriso permaneça em minha memória até que venha meu momento de segui-la.

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Bom dia, Odair (com os lances do Gre-Nal de ontem)

Bom dia, Odair (com os lances do Gre-Nal de ontem)

Há um grave problema no Inter. D`Alessandro está completando hoje 38 anos e é inevitável que não seja mais o mesmo jogador de antes. A idade pesa e ele tem de ser substituído em todos os jogos. Entramos em campo sabendo que Dale vai sair ali pelos 15 do segundo tempo. É claro que ele — com sua qualidade técnica superior — deveria entrar durante as partidas e não o início das mesmas, Odair, pois já pegaria os adversário cansados, mas… Mas este é apenas o primeiro dos problemas.

Parabéns pelo 38 anos completados hoje, D`Alessandro! | Foto: Ricardo Duarte | SC Internacional

Veja bem, nossa segunda linha de 4 é formada por Dale, Edenílson, Patrick e Nico. A ordem de substituições parece ser imutável: o primeiro da fila é, incrivelmente, Parede, depois vêm Pottker e Camilo. A ordem é finalizada por Nonato e Sarrafiore. É uma tremenda injustiça para com os jovens. Na minha opinião e na de quase toda a torcida, esta ordem deveria ser simplesmente invertida.

Ou deveria ser mais criteriosa. Nonato seria o substituto natural de Edenílson e Patrick, mais afeitos à marcação. Sarrafiore ou Camilo seriam SEMPRE os suplentes de Dale, e Pottker e Parede os de Nico. Mas como enfiar simplicidade na cabeça de um técnico amedrontado?

Parede na posição de Dale? Meu deus, ele é grosso de dar dó, muda toda forma de atacar do time. E gosta mais de marcar zagueiros do que construir jogadas…

No mais, seis coisinhas sobre o Gre-Nal:

(1) Inter fez uma partida apenas média. O empate foi justo. Nosso esquema foi o mesmo dos jogos anteriores, apenas com maior proteção a Zeca, mas isto só foi feito quando Éverton começou a reinar, fato facilmente previsível, não Odair?

(2) A arbitragem foi puramente política. Não me serve. Não expulsar Renato foi a piada do ano. Só no RS um técnico invade o campo para bater boca e fica tudo por isso mesmo.

(3) O Grêmio não marca muito. Gosta só de ter a bola. E o Inter gosta de entregá-la. O jogo foi gostoso de ver do ponto de vista tático, mas nada emocionante. As únicas emoções eram os erros de Vuaden.

(4) Na minha opinião, perdemos o Vaziozão 2019 ontem. Mas eu treinaria bastante cobranças de pênaltis para o segundo Gre-Nal quarta-feira, nas Arena, às 21h30.

(5) Os empates voltaram a ficar na frente do Grêmio na história dos Gre-Nais.

(6) Melhor jogador do Gre-Nal? Victor Cuesta, sem dúvida.

P.S. — E li no twitter de @dimibarcellos: “Hoje foi o quarto jogo quase em sequência onde o Inter teve que queimar uma troca ainda no primeiro tempo por lesão. Patrick contra Alianza Lima, Bruno contra River e Rithely hoje foram por problemas musculares na coxa. Isso não é normal”.

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Assino embaixo e por todos os lados

Assino embaixo e por todos os lados

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Eu e Elena

Eu e Elena

Primeiro, eu vi Elena com seu violino na Ospa e fiquei boquiaberto. Como ela é linda! Eu não sabia que ela lia o meu blog, que ainda existe — como iria imaginar? Depois, há exatos 9 anos, ela me pediu amizade no Face e começamos uma educada querelinha sobre música. Quando conversamos ao vivo, fiquei duplamente besta. Muito inteligente, bela voz, uma piadista de primeira. Sou um idiota sonhador e sempre acreditei que acabaríamos juntos. Às vezes acerto.

Fico sempre muito feliz ao vê-la, o que ocorre a toda hora. Por exemplo, se eu for na sala agora, ela estará vendo SVU. Se o filme não estiver muito tenso, vai sorrir pra mim.

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Minha mãe e o Gre-Nal

Minha mãe era muito supersticiosa. Ela achava que a primeira camiseta que visse na rua, em dia de Gre-Nal, seria a do time vencedor. Estou meio febril há dois dias e não sei a que horas saio hoje. Nem se saio. Mas, mesmo sem acreditar na coisa, fico na expectativa. Quando sair vou ficar olhando para todos os lados até ver a primeira.

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O maestro superego

O maestro superego

Publicado na Folha em 13 de abril de 2008
Tradução de Paulo Migliacci

Mais aclamado regente do século XX, Herbert von Karajan, que estaria fazendo 100 anos, esterilizou a imagem da música erudita para as futuras gerações, diz crítico inglês.

NORMAN LEBRECHT

Quando acordo ao som da música de Herbert von Karajan [1908-89] no rádio, esfrego os olhos para ter certeza de que Mao Tse-tung não continua no poder e a União Soviética deixou mesmo de ser uma potência mundial.

Houve um momento, definido pela forte presença de ditaduras, no qual Karajan parecia ser o fundo musical inevitável. Nos anos 70 e 80, ele era onipresente, uma presença cultural imponente cercada por admiradores nos mais altos postos. Afinal, era tudo que um político decaído aspirava ser: ultra-elegante e onipotente.

O centenário de seu nascimento, no último dia 5, está sendo celebrado por um dilúvio de produtos de uma indústria musical que ele conduziu à prosperidade e depois lançou à quase ruína.

Se o mercado de música clássica convencional se estreitou imensamente nos cinco últimos anos, isso é conseqüência inevitável dos excessos da era Karajan. Se a própria música clássica é vista por muitos (injustamente) como elitista, antiquada e retrospectiva, deve-se agradecer a Herbert von Karajan por tê-la transformado em uma forma de entretenimento seguro, empresarial, apresentado em festivais cujos preços são proibitivos ao espectador comum.

Trata-se de afirmações que mal requerem prova, mas continuam a existir nostálgicos que defendem a “grandeza” de Karajan em certas seções da imprensa.

O termo não significa nada em termos críticos, e até mesmo alguém um dia ousado como Simon Rattle se sente obrigado, à frente da Filarmônica de Berlim, que por tanto tempo foi dirigida por Karajan, a homenagear o velho tirano no ano de seu centenário. Quem sabe reviveremos também o culto a Brejnev [1906-82, presidente da União Soviética].

Karajan, como diretor musical e negociante escuso, dominou o cenário em Berlim e Salzburgo dos anos 1950 em diante, pagando cachês extravagantes a seus amigos e usando os ensaios de sua orquestra, cujos salários eram pagos pelo Estado, como sessões de gravação de discos comerciais.

Karajan enriqueceu de forma desmedida e levou muitos de seus músicos à prosperidade com ele, deixando uma fortuna avaliada em US$ 500 milhões [R$ 844 milhões], estruturada de maneira a evitar impostos, e uma pilha de 900 discos.

Ele manipulou a indústria fonográfica, dividindo para conquistar, sempre trabalhando com dois dos grandes selos e cortejando um terceiro. Em dado momento, ele respondia por um terço da receita da Deutsche Grammophon (DG), a maior gravadora mundial de música clássica.

Beleza artificial

Quase tudo o que regia soava muito liso, mais ou menos como camisetas de algodão que passaram por um banho de amaciante de roupa.

Não importa que estivesse executando Bach ou Bruckner, “Rigoletto” [de Verdi] ou uma rapsódia, a música acompanhava uma linha inconsútil de beleza artificial que devia menos à inventividade do compositor do que à intenção do regente de manufaturar um produto reconhecível.

Criado em Salzburgo depois da Primeira Guerra Mundial -uma cidadezinha que se tornou a segunda maior do Estado austríaco encolhido pela derrota-, Karajan aprendeu os perigos de viver em posição de fraqueza. Quando Hitler subiu ao poder, em 1933, ele aderiu ao Partido Nazista não só uma como duas vezes, e foi recompensando com um posto oficial em Aachen -o mais jovem diretor musical do Reich.

Não demorou para que começasse a ser elogiado pelos jornais controlados por Goebbels como “Das Wunder Karajan” (o milagre Karajan), em contraste com Wilhelm Furtwängler, maestro que não merecia a confiança política do regime. Karajan aprendeu com Goebbels como dividir para governar, entre outras artes obscuras da política.

Exibiu seus talentos sombrios na Paris e na Amsterdã ocupadas, servindo para todos os efeitos como o menino de ouro do nazismo.

Industriais ricos

Depois da guerra, foi suspenso de apresentações públicas enquanto suas conexões com o nazismo eram investigadas, mas um executivo da gravadora EMI, Walter Legge, o levou a Londres para conduzir a orquestra Philharmonia, composta por soldados britânicos recentemente desmobilizados.

O relacionamento explosivo entre maestro e orquestra duraria uma década, deixaria Karajan bem treinado nas artimanhas políticas e estimularia sua propensão ao conflito.

Depois da morte de Furtwängler, em 1954, ele se tornou maestro perpétuo em Berlim e usou a destruída capital do Reich como ponto de partida para sua expansão imperial. O festival de sua Salzburgo natal foi transformado em um evento quadrimestral, freqüentado por industriais ricos vestindo smokings, aspirantes a senhores do universo.

Conservadorismo

Nenhum músico da história procurou o poder que Karajan obteve com sua pompa, um poder que se estendeu, por emulação ou submissão, a muitas salas de concertos e festivais do planeta. Reacionário por natureza, ele sempre se manteve fiel ao romantismo convencional, excluindo a música atonal e os estilos de execução posteriores.

Christoph von Dohnányi chegou a acusá-lo de destruir a arte da regência na Alemanha, ao impor à disciplina, de modo tão vigoroso, seu gosto estreito.

Nikolaus Harnoncourt, violoncelista na orquestra de Karajan em Viena, foi excluído de Berlim e Salzburgo depois que começou a reger grupos que utilizavam instrumentos de época, de uma maneira que contrariava a ortodoxia proposta e imposta por Karajan.

A cada vez que gravava um ciclo de Beethoven -e o fez por cinco vezes-, reduzia a chance de interpretações alternativas. Sua hegemonia era autocrática e não admitia oposição.

Quando os músicos de Berlim se recusaram a admitir a clarinetista Sabine Meyer na orquestra, porque não queriam tocar com uma mulher, ele se transferiu para a orquestra rival, a Filarmônica de Viena.

Insatisfeito com a DG, ele estava conspirando para se transferir à Sony na época em que morreu. Karajan só era leal a si mesmo. Seu amor à música estava confinado à maneira como ele a executava.

Imenso charme

O poder dele, ao contrário do que acontecia no caso de Brejnev, no entanto, se baseava em um imenso charme. Muitos regentes que foram vilipendiados por Karajan durante anos, como Daniel Barenboim, se sentiram tentados a esquecer as mágoas em anos posteriores, quando o soberbo maestro os abordou de forma lisonjeira.

Na única ocasião em que me convidou para uma conversa, em 1985, decidi recusar a entrevista, preferindo observá-lo à distância, como a maioria dos músicos fazia. Ele era capaz de gentilezas pessoais tocantes em benefício de seus músicos, mas também de crueldades injustificadas, como a de cortar completamente o contato com um velho amigo sem que houvesse motivo aparente.

O passado nazista de Karajan não é incidental, ainda que ele não estivesse envolvido na promoção de holocaustos. Não há suspeita de que tenha cometido crimes raciais, e sua carreira no Reich encontrou percalços depois de 1942, quando se casou com uma rica herdeira que tinha ancestrais judeus.

O que ele adotou do nazismo foi um conjunto de valores que passou a aplicar à inocente e ineficiente indústria da música de maneira impiedosa e incansável. Se há uma lição que ele aprendeu com os nazistas é a da superioridade da música alemã e o imperativo do domínio mundial. Ele demonstrou que música era, acima de tudo, uma questão de poder.

Muita gente se deixou impressionar, e essa admiração continua. Alguns, como eu, viam sua atitude como desfavorável à música. Para mim sempre foi difícil ouvir Karajan no rádio com isenção.

A “celebração” de seu centenário é uma tentativa final da indústria fonográfica de extrair lucros de um leão morto. Algumas das celebrações são bancadas por subsídios ocultos oferecidos pelo riquíssimo e muito bem organizado espólio do maestro.

Mas é um tanto surpreendente descobrir que a Philharmonia, que nunca o aceitou integralmente, tenha decidido executar um tributo a Karajan.

Um aspecto do debate sobre Karajan, proposto por Dominic Lawson, é se “deveríamos aderir à celebração da vida de um ex-nazista” -e de um homem que jamais renegou suas afiliações passadas. Lawson ampliou a questão para discutir se um mau homem pode fazer boa arte e como devemos nos relacionar com a arte proveniente de fontes maculadas.
Essa questão, relevante quanto a Wagner, importa pouco no caso de Karajan, que jamais criou arte original. Determinar se Herbert von Karajan era um bom ou mau homem é irrelevante. Foi um brilhante organizador, capaz de moldar uma orquestra para executar seu som pessoal, uma capacidade que ele explorou ao extremo.

Karajan infligiu seu ego ao mundo da música clássica de forma que esmagou a independência e a criatividade e prejudicou a imagem da música diante das futuras gerações. Não é o mau homem que deveríamos deplorar, mas o legado reacionário e de exclusão que está sendo “celebrado”.

Para os amantes da música, não há muito a comemorar.
Quando a festa do centenário acabar, a cortina descerá para sempre sobre uma vida reprovável, carente de idéias novas e que não afirmou nenhum valor humano digno. Karajan está morto, e a música passa muito melhor sem ele.

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As 6 perguntas e 6 regras de George Orwell para escrever

As 6 perguntas e 6 regras de George Orwell para escrever

Seis perguntas

“Um escritor escrupuloso, em cada frase que escreve, fará a si mesmo pelo menos quatro perguntas. São as seguintes:

1. O que eu estou tentando dizer?
2. Que palavras expressarão o que devo dizer?
3. Quais imagens irá torná-lo mais claro?
4. Esta imagem é boa o suficiente para causar efeito?

E ele provavelmente se fará duas perguntas a mais:

5. Posso fazê-lo mais em curto?
6. Eu disse alguma coisa que seja feia e que possa evitar?

Seis regras

“Pode-se muitas vezes duvidar do efeito de uma palavra ou uma frase, e é preciso regras em que se possa confiar quando o instinto falha. Eu acho que as seguintes regras irão cobrir a maioria dos casos:

1. Nunca use uma metáfora ou outra figura de linguagem que você costuma ler impressa.
2. Nunca use uma palavra longa onde uma curta pode ser utilizada.
3. Se for possível cortar, corte.
4. Nunca use o passivo onde você pode usar o ativo.
5. Nunca use uma frase estrangeira, uma palavra científica ou uma palavra de jargão se você puder pensar em um equivalente em sua língua.
6. Quebre qualquer uma dessas regras se elas resultarem em um absurdo.

* Retirado do ensaio de Orwell Politics and the English Language.

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Bom dia, Odair (com os lances de Inter 3 x 2 Palestino)

Bom dia, Odair (com os lances de Inter 3 x 2 Palestino)

O Inter iniciou a partida pressionando fortemente o time do Palestino, como fizera contra Alianza e River no Beira-rio. Logo abriu vantagem de 2 x 0, como ocorrera no jogo contra o River. Os gols foram de Patrick após longa troca de passes e de Guerrero, com incrível competência depois de receber de Nico López. Na verdade, Nico deu o passe final para nossos três gols. A dupla Guerrero e Nico começa a funcionar e vale foto.

Nico deu as três assistências para os gols, Guerrero marcou dois com incrível competência | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Depois, ainda no primeiro tempo, igualzinho como acontecera contra o River, o Palestino achou um gol em falha inédita na temporada maravilhosa de Marcelo Lomba em 2019. Ele saiu caçando estrelas como um astrônimo drogado e tomou o gol.

Para ornamentar o cenário da tragédia que se formava, o juiz anulou um gol legal de Nico López no finalzinho da primeira etapa. Um completo absurdo, presente do bandeirinha.

A merda se instalou a um minuto do segundo tempo. Nico fez uma gracinha e perdeu a bola quando a defesa estava saindo. Moledo finalizou o momento de pane errando ridiculamente na marcação de Passerini, que empatou em 2 x 2.

Então deu aquele nervous breakdown no Inter. Tudo dava errado e os chilenos se atiravam no chão, ganhando tempo sob o olhar impassível do árbitro Carlo Orbe, que parecia achar legal ver o time do Palestino fazer cera enquanto distribuía cartões amarelos… Para o Inter! Aliás, que juiz ruim!

Então, na terceira assistência de Nico, saiu o gol salvador de Guerrero. Poie é, Guerrero é de outra turma. Não apenas faz gols como joga incrivelmente bem e com tranquilidade.

Depois, o juizeco deu dois cartões injustos para Parede e ficamos com dez em campo. Aí, tivemos aquele momento-sufoco em que só desarmamos e devolvemos a bola para o adversário.

Neste período, Odair resolveu dar força ao sufoco que sofríamos: colocou o burro William Pottker em campo e ele não se deu conta que tinha que segurar a bola.

Mais observações: Dourado saiu lesionado no primeiro tempo, mas Rithely foi bem. Dale não deve sair jogando nunca, Odair. É substituição certa. É ruim para ele e pro time. Patrick foi bem, é justo que se diga. Zeca foi bem, imaginem! Ah, outro que não usa o cérebro: Iago.

Estamos na próxima fase da Libertadores com dois jogos de antecipação.

Vida fácil? Nada disso. Agora temos dois Gre-Nais pela decisão do Campeonato Gaúcho. O primeiro jogo é domingo (14/04), às 16h, no Beira-Rio. O jogo de volta ocorre na quarta-feira (17/04), às 21h30. Voltamos a campo pela Libertadores no dia 24 de abril, às 21h30, contra o Alianza, ex-time de Guerrero, em Lima.

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