Hoje, 120 anos de Vladimir Nabokov

Hoje, 120 anos de Vladimir Nabokov

E eu mando bala num texto quase que montado a partir de várias fontes e da memória de tantos Nabokovs lidos:

A voz de Nabokov é única. Ele trabalha uma perfeita fusão de estranheza, sentimentos, nostalgia e imagens, formando um ambiente ao mesmo tempo denso, subjetivo e histórico. Ler Nabokov é realmente entrar em outra realidade. As tramas são complexas, há sempre jogos inteligentes de metáforas e um estilo de prosa capaz de paródias e de intenso lirismo.

Nascido em São Petersburgo, no dia 22 de abril de 1899, Nabokov foi romancista e contista de primeira linha, poeta, tradutor e entomologista. Seus primeiros nove romances foram escritos em russo, mas ele conseguiu proeminência internacional apenas após começar a escrever em inglês.

Poucos escritores do século passado foram (e são) mais festejados do que ele. Presença certa em qualquer lista dos grandes, o autor de ‘Lolita’ está sempre lá, ao lado de Borges, Joyce, Proust, Beckett… E, posso estar enganado, mas, a julgar pela quantidade de biografias existentes (até sobre Véra, sua mulher, já se escreveu uma), citações e releituras (como O Encantador, da franco-iraniana Lila Zanganeh), me parece que, hoje, poucos autores desfrutam do status de celebridade equivalente ao do “bruxo russo”.

Lolita (1955), seu mais famoso romance em inglês, foi classificado em quarto lugar na lista dos 100 melhores romances da Modern Library; o belíssimo Fogo Pálido (1962) foi classificado 53º na mesma lista, e suas memórias, Fala, Memória (1951), foi listado em oitavo na lista das maiores não-ficções do século XX. Mas chega de listas.

Há 120 anos, nascia um mestre: Graciliano Ramos

Os 120 anos de um dos maiores escritores brasileiros, Graciliano Ramos

Publicado em 28 de outubro de 2012 no Sul21

Graciliano Ramos viveu 60 anos e nasceu há 120, precisamente em 27 de outubro de 1892. Durante sua vida, publicou 10 livros. Tal simetria combina bem com o estilo do escritor – seco, elegante, de um regionalismo muito particular, discreto e onde estavam presentes mais a condição social e a psicologia do que as descrições de costumes e o ambiente. A política, aliás, apareceu em sua vida antes do escritor. Graciliano nascera em Alagoas, na cidade de Quebrângulo. Aos dezoito anos de idade, mudou-se para Palmeira dos Índios, onde o pai era comerciante. Em 1928, tornou-se prefeito. Um excelente prefeito. Permaneceu no cargo por dois anos, renunciando em 1930.

Durante sua gestão, tomava atitudes polêmicas como a de soltar os presos para que construíssem estradas. Outra curiosidade é que seu talento para a literatura foi descoberto a partir dos relatórios que escrevia como prefeito. Ao escrever um relatório ao governador Álvaro Paes, chamado “Um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”, publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas em 1929, o escritor se revela mesmo ao abordar assuntos de rotina da administração. Seus relatórios impecáveis, mas também irônicos e apresentados em forma livre, dificilmente seriam lidos sem estranheza e admiração. Após a renúncia, foi nomeado diretor da Imprensa Oficial de Alagoas. (Aqui, temos o relatório enviado pelo prefeito Graciliano ao governador de Alagoas em 1930). Read More