Tudo em doses homeopáticas, até a cerveja

Há noites em que nada acontece e há outras em que tudo acontece no mesmo horário. Ontem, eu receberia uma pessoa aqui em casa às 19h, neste horário começaria um debate sobre a ficção de gênero na Palavraria. Meu compromisso caseiro acabou logo e corri para o debate. Nossa, estava ótimo — em outra faixa, pude comprovar meio constrangido a popularidade deste espaço…, algumas pessoas quase fizeram tietagem, fiquei feliz demais, imagina se não? — , o Xerxenesky, o Samir e o Carlos André Moreira conhecem literatura, são bem-humorados e sabem se expressar, o que nem sempre ocorre com escritores. Só que eu tinha prometido ir ao concerto da OSPA com minha mulher, o qual começaria às 20h30. Saímos (sumimos) à francesa e chegamos am cima da hora na OSPA. Credo, a primeira noite dedicada aos 200 anos de nascimento de Schumann absurdamente chata, realizada por músicos sem o menor tesão. Salvou-se a Sinfonia Nº 4 na segunda parte do Concerto, mas eu estava com uma fome de anteontem e só pensava no jantar com o Branco e a Jussara, muito mais legais do que aquilo que acontecia no palco.

Resultado: chegamos em casa muito tarde para uma terça-feira e a cerveja Bluehead foi a culpada de eu começar o dia de hoje com uma hora de atraso. Ah, por falar em musica, deixo-vos com duas resenhas alucinadas de P.Q.P. Bach, do blog erudito de mesmo nome, ambas publicadas nesta semana.

J. S. Bach (1685-1750): Bach Attributions

Por uma dessas coisas inexplicáveis, a obra para órgão de Bach está fora de moda. Algumas pessoas acham que o som do órgão é tão irritante quanto os padres pedófilos de Ratzinger — o qual parece preferir sexo com crianças do que entre adultos — , mas é bem no órgão que Bach realiza suas maiores experimentações. (Ah, acharam que eu ia fazer uma piada com o órgão sequiçual, né?) Mas retornemos ao que interessa: o que há de peças amalucadas na Orgelwerke é uma grandeza! E eu gosto. Muito! Este CD é sensacional por diversas razões.

(1) O organista é do caralho (ou do órgão, como queiram);
(2) O repertório, apesar de evitar os experimentalismos, está longe dos lugares-comuns;
(3) A produção da Hyperion é fodal;
(4) O CD está fora de catálogo até em Marte e
(5) Fique tranquilo, você não terá de ouvir a Toccata e Fuga em Ré Menor de novo.

E ah, vocês sabem como era a nossa família. Vinte filhos e aquele entra e sai de alunos, todos interpretando peças de sua preferência e criando outras. Então, alguns historiadores de ejaculação precoce pegaram tudo isso e disseram que era de Johann Sebastian, mas nem sempre era… Neste disco há peças de vários Bachs, de outros agregados que tentavam comer minhas irmãs e de todo o tipo de gente que queria a cerveja de meu pai. Havia por lá um certo Ratz que só se interessava pelos meninos e meninas de menos de dez anos… Bem, era uma zona e até isso se reflete neste baita CD.

CD IM-PER-DÍ-VEL !!!! (como diria o véio Ratz observando um pré-púbere)

Béla Bartók (1881-1945): Sonata for Solo Violin / Leoš Janáček (1854-1928): Violin Sonata / Claude Debussy (1862-1918): Violin Sonata / Serguei Prokofiev (1891-1953): Violin Sonata Nros 1 e 2 / Igor Fyodorovich Stravinsky (1882-1971): Divertimento

Viktoria Mullova é um das preferências absolutas deste filho de Bach, que também a acha bonita, apesar da notícia que FDP Bach me passou: ela agora estaria jogando em nosso time, disputando as moças. Como provavelmente não iria comê-la mesmo, tanto faz. Mas a sonoridade desta moscovita é coisa de louco.

A peça de Bartók é uma peça de Bartók, isto, é, é esplêndida e o mantém entre os 3 maiores Bs da música erudita, os quais permanecem como os maiores mesmo quando se usa todas as outras letras do alfabeto. Quem são os três? Ora, Bach, Brahms, Beethoven e Bartók.

A peça de Janáček é igualmente sensacional. Música bem eslava, sanguínea e cheia de surpresas e belas melodias, combinando perfeitamente com Bartók.

Depois a gente brocha. Debussy… Debussy… Debbie…, o que dizer? Claude, apesar do tremendo esforço que fez para movimentar-se no primeiro movimento, é um gordo. Portanto, é meio estático. Para piorar, é também extático. Bem, hoje faz um lindo dia e dizem que é o Dia do Beijo, o que significa que eu deveria ir para a rua ver o que consigo. (Mas, olha, foi das melhores coisas que já ouvi do gordo Debbie).

Prokofiev! Ah, Serguei é outro papo. Já de cara ele mostra quão fodão é naquele tranquilo Andante assai e no furioso Allegro brusco que o segue. Sem dúvida, é um cara que valoriza o contraste… Nós também detestamos o total flat, a gente gosta tanto dos mares piscininha quanto das descidas vertiginosas; afinal, os acidentes geográficos é o que faz a beleza da paisagem, né? As duas Sonatas de Prokofiev são notáveis.

Stravinsky… Sei que meus pares aqui no blog são admiradores do anão russo e adoro provocar, só que não dá, o cara é bão demais, raramente erra. Será que o gordo Debbie escreveu alguma coisa chamada “Divertimento”? Ele se divertia com o quê?

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

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Minha fé já me auxiliou

Minha incipiente fé já deu o ar de sua Graça. Ontem à noite, meu HD que, como sabemos, foi vítima da ira de Deus, teve aquela típica melhora antes da morte em Cristo. Naquele momento iluminado, pude buscar todos meus arquivos de trabalho, todas as mulheres do Porque Hoje é Sábado, todas as músicas, mas senti o dedo duro negativo do Criador no momento em que tentei salvar meus e-mails. Perdi-os. Acho que foi por não ter, sei lá, dado a Extrema Unção ao HD nem rezado. Então, há um buraco negro em meus e-mails entre o dia 30/09/2010 e hoje. Acho que consegui copiar os contatos, ao menos.

Sim, tenho um disco externo. Olha, se não tivesse, não adiantaria nenhuma Providência Divina.

Mais sinais de Deus: o Santo Salvador da Dell viria à tarde aqui em casa. Pois não é que ele me ligou propondo vir de manhã? Bem, estou ajeitando as coisas no micro. Espero que amanhã tenha um dia normal.

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Deus me castigou (uma comprovada intervenção divina)

Eu recém tinha escrito um e-mail para alguns amigos. Nele, confessava uma grande cagada que tinha cometido. Deus avaliou o último fato, somou-o ao rosário de maldades atéias cometidas anteriormente — quando eu era outra pessoa, muito pior — e finalmente resolveu lançar um raio fulminante em meu HD, atingindo-o fisicamente, apesar do mesmo e todo meu computador estarem ainda em gozo de garantia. Foi Ele, não tenho dúvidas. Ele resolveu que 400 GBytes de música eram desnecessários a um ímpio, que as milhares de fotos classificadas cuidadosamente em diretórios com nomes de mulheres (para o Porque Hoje é Sábado, não para o vício onanista) constituiam-se num luxo demasiado e que tudo, tudo, tudo o que faço no computador merecia ter fim e tchum: mandou o raio.

Escrevo para vocês em meu brioso notebook Dell fabricado em 2004. Seu imortal e indestrutível HD (como minha fé em Cristo) tem 30 GBytes. Porém, amanhã, entre as 14 e 18h, virá o Santo Salvador enviado pela Dell e pelo amor do bom Deus. Ele me mostrará como Cristo me ama. Então, estarei limpinho e redimido de meus pecados. Prometo melhorar e temer a Deus. Bom, termino aqui. Está na Hora do Silício.

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A caixa de comentários do antepenúltimo post…

… está sensacional, não? Tenho o maior orgulho do meu grupo de leitores. Vocês me deixam maior do que sou. Ia dar seguimento àquele assunto agora, mas apareceu uma viagem de última hora. Não, nada de férias, volto amanhã à tarde. Alguma sugestão para o Porque Hoje é Sábado? Ando pouco inspirado. Ou fecho aquela coisa de vez?

O Inter? Estive lá ontem à noite. O Fossati simplificou o esquema e até os jogadores entenderam. O time estava organizado, mas é complicado ganhar com tantos erros. Tivemos sorte. There`s a long way, etc.

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O genial El Roto de cada dia

Não sei porque, mas achei as letras da legenda pouco claras. O texto é: “Veo muerte y dolor y no me afecta, ¿emitirán con anestesia?

Obrigado, Helen!

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Armando Nogueira, o mais recente santo

Armando Nogueira, falecido ontem, tem recebido notáveis encômios post mortem. Na verdade, eu pouco sei dele além das discretas participações nos debates da SporTV e de ter sido o fundador e primeiro diretor do Jornal Nacional, um dos principais esteios da ditadura militar. Sei que havia a censura e que os milicos mandavam tirar isso e colocar aquilo, sei da concordância de Roberto Marinho, mas o papel de Armando é muito semelhante ao de Klaus Maria Brandauer no clássico Mephisto. Ele parece ser um poeta, um amante da palavra e do bom futebol romântico, porém passou 25 anos obedecendo aos militares e a Roberto Marinho no mais importante jornal da onipresente Rede Globo daquela época em que só tínhamos a TV aberta.

No documentário Muito Além do Cidadão Kane, Armando Nogueira critica acidamente a edição do famoso debate Lula x Collor de 1989, que beneficiou escarradamente o segundo e provavelmente decidiu a eleição. Virou exemplo de jornalista ético, apesar de sua longa relação com o braço jornalístico da ditadura. Estranho.

Mais. Há o bem mais claro escândalo da Proconsult de 1982. Havia a disputa Leonel Brizola x Moreira Franco e Nogueira — conhecido à época pelo delicado apelido de “armando nojeira” — ficou em maus, péssimos e malcheirosos lençóis por ter manipulado (ou colaborado com a manipulação) resultados das pesquisas de opinião, fato que se tornou depois corriqueiro. Brizola deixou às claras a atuação do educado e culto moço da Globo.

Sobre o caso Lula x Collor — vejam Santo Armando com o dedo na boca, todo torto na cadeira, tentando tirar o seu da reta da história:

Não digo que ele tenha sido culpado — o que sei eu? — , mas o Jornal Nacional era dele e estávamos numa época complicada. Difícil acreditar que tudo foi feito sem a presença do diretor, principalmente numa edição tão importante, não? E aqui está a beleza produzida pela Rede Globo para o Brasil no Jornal Nacional, um ou dois dias antes da eleição:

Nosso país não prima mesmo pela memória. Ninguém quis lembrar que o ameno, leve e simpático Fernando Sabino escrevera, provavelmente sob encomenda, Zélia, uma paixão, em homenagem ao amor da ministra da Economia do governo Collor, Zélia Cardoso de Mello, pelo ministro da Justiça Bernardo Cabral. Todos só queram falar em Encontro Marcado e nas crônicas. Então, tá. Viva Armando Nogueira!

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Grigori Perelman, sou teu fã

Com todo o meu amor e consideração às pessoas um pouco deslocadas, com todo meu amor semileigo à matemática e, pior, sabendo que alguns teoremas são verdadeiros poemas (Ave, Ramiro) em sua beleza, concisão, elegância e — por que não? — lirismo, só posso achar admirável a história de Grigori Perelman, um matemático que vive em São Petersburgo.

Há sete problemas matemáticos para serem resolvidos neste milênio, segundo os entendidos. Agora são seis. Um deles era a Conjetura de Poincaré, nome que já é belo por si só. O Instituto Clay de Matemática (da Universidade de Cambridge, Massachusetts) oferecia 1 milhão de dólares a quem comprovasse matematicamente o que era apenas uma “conjetura”, uma suposição. Jules Henri Poincaré (1854-1912) concebeu a coisa há mais de 100 anos e durante este período nenhum matemático conseguiu escrever a comprovação. Perelman resolveu o problema em 2003, mas este é tão complexo que os avaliadores levaram muito tempo para entender que Perelman tinha efetivamente matado a charada. O problema tem a ver com a topologia, ou seja, versa sobre espaços e geometria tridimensional.

Então, foram entregar o milhão de dólares a Perelman, o qual recusou  a soma, dizendo que o reconhecimento a seu trabalho lhe bastava. Isto já era a maior das gratificações.

Ah, é claro. Talvez a maioria de meus sete leitores pensem que Perelman seja doido varrido. Não pretendo discutir isso com eles, até porque o gênio é paupérrimo, desempregado, não tem nada de seu, vive com a mãe num prédio infestado de baratas e não se liga muito nessas coisas de banho ou corte de unhas; mas não adianta: ele é alvo de minha admiração. O homem ama a matemática e deve caminhar pela Perspectiva Nevsky em seu mundo, sem olhar para ninguém, do mesmo modo que fez Raskolnikov antes de matar a velha usurária para NÃO obter muitíssimo menos que 1 milhão de dólares.

Do mesmo modo, o russo disse não aos inevitáveis convites de várias universidades.

Eu fui casado com uma cientista jet setter… Sei que quase todos são assim: os jantares destes grupos de cientistas assemelham-se a reuniões de agentes de viagens. Bá, muito avião, UniSmiles, CapesTur, congressos turísticos, diárias, um estresse só… Muita, muita ciência (?) e mais títulos do que o Danrlei no Grêmio. Se alguém daquele departamento universitário ganhasse um prêmio de 1 milhão de dólares, não apenas faria plantão na porta do Instituto Clay, como a cesta de ofídios explodiria em milhares de pedidos de — sempre falsos — de coparticipações, coautorias, cocôs e cobranças de “lembra que eu te ajudei aqui?”. Então, entendem que para mim também há um divertido lado B na história de Perelman? Ele não apenas recusa as sinecuras científicas como não quer dinheiro… É meu ídolo!

Às vezes, prolongados afastamentos da atividade de ensino, que são motivados na realidade pelo gosto do turismo ou simplesmente pelo desejo de mudar de ares, são justificados a pretexto de missões de pesquisa ou de participação em colóquios e congressos cujo proveito científico é no mínimo duvidoso. No caso, a “primazia da pesquisa” representa muitas vezes um álibi perfeito, aceito universalmente. Seria muito mais difícil, dados os costumes vigentes na universidade, justificar ausências tão frequentes e tão longas pelas necessidades reais do ensino.

Wladimir Kourganoff, A face oculta da universidade. Unesp, 1990, p. 132

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Pergunta ao povo

Entrei com uma representação na OAB contra um advogado que me atendeu. Ou melhor, que não me atendeu nada bem e que me fez perder uma ação que deveria ter sido um domingo no parque. Minha representação foi aceita e, agora, dois anos depois, fui chamado para uma audiência de instrução. Minha pergunta é bem simples: vou ter que encarar aquele bando de advogados falando juridiquês sem ter um para chamar de meu? E… Audiência de instrução? Instrução? Acabo de descobrir a definição:

É quando o juiz ouve a versão de cada uma das partes e das testemunhas, recebe também as outras provas, e sugere uma solução para o caso ou marca uma data para apresentar o seu parecer, com base no qual o Juiz de Direito decide.

Hum… Sei lá. OK, virei um caminhão de lixo em cima do cara, mas ele mereceu. Pesquisei um monte para conseguir escrever algo numa língua que desconheço. Os caras da OAB dizem que a audiência será compreensível para o asno que sou, que não preciso de advogado… Duvido muito. E o corporativismo? Então eu vou lá sozinho defender o futebol num grupo que só joga curling? Pronto, fiquei nervoso.

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Provocações um(1) cidadão de origem polonesa

Há um cidadão muito curioso. Seu nome é Pedro Czarnina e ele parece ser de origem polonesa. Desconhecendo o fato de meu ex-sócio ter o sobrenome Galuschka e minha amizade com Radziuks e que tais, talvez ele seja a única pessoa no mundo que acredita que eu não gosto de poloneses. Nem Leticia Wierzchowski acredita mais nisso. E Pedro, o Quidam (*), volta e meia retorna aqui para me ofender. Eu sempre deleto seus comentários, porém desta vez vou dar um grande destaque a ele, pois, afinal, as ofensas costumam dizer mais do agressor do que do agredido. Ontem, ele desperdiçou seu tempo desta forma:

E aí! Como está o pai da Basia? Não tá mais brincando com os sobrenomes? Só pra dizer que viramos assíduos leitores do teu blog. E de vez em quando, ao não termos muita coisa pra fazer, elegemos alguém pra tomar no cu. Com acento ou sem acento, o eleito da hora foste tu. Semana que vem faremos novo pleito. Então Milton: — Idzie do Dupa. Em polonês, pois tu merece. Ah! Dia desses vi aqui comentários excelente de escritores russos… A Polônia é uma pequenino país, mas tem 5 prêmios Nobel de literatura. H.Sienkiewicz, todo mundo conhece o Quo Vadis, mas ele tem uma trilogia gigantesca, recém traduzida no Brasil por Tomasz Barcinski. Wladyslaw Reymont (pouco conhecido por aqui), Czeslaw Milosz e a Wiszlawa Szymborska, poetisa ainda viva. Tem também o Isaac Singer, polonês de nascimento, mas que escreveu sua obra em iidiche. É muito considerado lá mas, aqui em nossa terrinha de “gonorantis”, não sabemos muito acerca dele.

O pior é que Pedro, o Quidam, ignora que conheço o que foi traduzido de Sienkiewicz — bem chatinho, o coitado — e li os bons Milosz e Singer. Não conheço o Reymont (Rejment) nem a mulher de 6 milhões de dólares. A todos os que conheço prefiro Witold Marian Gombrowicz, que não ganhou a grife do Nobel, que era um pouco antinacionalista — creio que seria do mesmo modo se tivesse nascido em qualquer outro lugar — , meio argentino e morreu na França. Sim, conheço um pouco da cultura polonesa. Não muito. Sei alguma coisa das invasões, mas nem imagino quem seja a Basia do hino. Por favor, não precisa explicar nos comentários! Bem, Pedro, chega, né? A propósito, não gostei da tua frase “Em polonês, pois tu merece.”. Além do erro na conjugação verbal, há uma clara intenção de escamotear o idioma polonês, pois eu, o mandado tomar no cu, mereceria o polonês. Tu não? Francamente, Quidam…

(*) Obrigado, Ramiro.

P.S.– Acerca de outro assunto, acaba de comentar amigavelmente em meu Facebook, um amigo chamado Marko Petek. Árabe, com certeza.

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Sensacional!

Espetacular registro da chuva do dia 6 de março na Gávea, Rio de Janeiro.

Baixo Gávea Debaixo D’água from Mellin Videos on Vimeo.

Obrigado, Hupper.

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José Mindlin (1914-2010)

Morreu hoje, em São Paulo.

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Desfile das Escolas de Samba

Há poucas coisas mais entediantes do que os desfiles. Tudo começa pela música. As melodias são todas muito parecidas, além do ritmo ser sempre o mesmo e das repetições fazerem parte do sistema. Mas ouvi-lo de longe não chega a ser irritante. Aos poucos, a atenção sobre o que se ouve vai ficando rarefeita e podemos perfeitamente religar nosso toca-discos interno. O som torna-se uma new age percussiva.

Já olhar é pior. A necessidade de “demonstrar 100% de alegria na passarela do samba” é das coisas mais enjoativas. Não é possível fazer um desfile triste e sem erros? E por que não usar uma batida mais lenta? Seria uma revolução… Se uma tem de ser mais alegre e empolgante que a anterior, não há como a coisa não tender à idiotice. E, decididamente, não é arte. É muito mais uma grande lavanderia de dinheiro para os traficantes.

Vi a comissão de frente da Unidos da Tijuca. Aquela troca de roupa é o sonho de todo marido.

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Calor: Batista desmaia ao vivo

Agora, está 41,6 ºC aqui em Porto Alegre…

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Calor

Hoje, saí às 7 horas para correr. Já estava 29ºC. À tarde, chegaremos aos 37 ou 38°C. Com a umidade, os meteorologistas calculam uma sensação térmica de 42ºC. E não chove ou pouco chove. A chuva permanece em São Paulo e no restante do sudeste. Nossa situação é bem melhor. Ainda podemos ir e vir, a água não incomoda. Há a bicharada. Os mosquitos estão controlados de forma ecológica aqui em casa. Plantamos umas coisinhas que os afastam. Mas há uns besouros descomunais voando por aí. São burros, entram em casa e não conseguem ir embora. Não há como negar, parece uma vingança da natureza.

Enquanto isso, a figura mais importante dos telejornais é a mocinha do tempo. E ela ultimamente tem vindo com notícias ruins, o que deve aumentar a necessidade das pessoas de se informarem. Nossa paranoia a torna popular.

Minha mãe, aos 82 anos, vai aguentando. Meus filhos voltam da praia agora à tarde — estavam com a mãe deles — e eu resolvi mudar um ar condicionado de lugar durante o fim de semana. Queria deixá-lo numa altura mais inteligente para que tivesse maior rendimento. Não quis pagar ninguém para fazê-lo, mas acabei morrendo com um serralheiro. Por exatos 4 mm a coisa não entrava no lugar.

O Grêmio joga hoje às 17h. Como estamos no horário de verão, será na verdade 16h. É simplesmente impossível que tenhamos um bom jogo. Por que marcar um jogo em Porto Alegre neste horário e não, digamos, às 19h30? Nós, o Inter, jogamos às 22h.

A cidade de Forno Alegre:

Charge: Kayser

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Gol contra? Não, né?


Depende do livro, claro.

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Que venha 2011!

Vou dar 48 horas para 2010 melhorar. Pela amostra dos primeiros dez dias, 2010 será o pior dos anos. Já tive um pouco de tudo: confusões, lentidão, decisões irracionais, atitudes tresloucadas e até problema de saúde. E tudo isso acrescido de muito, muito trabalho improdutivo. O que é trabalho improdutivo? Ora, é aquele bem burocrático, é aquela dificuldade incrível para retirar uma certidão negativa quando você sempre foi negativo; é aquele sofrimento sob 35 graus para retirar outra certidão que diz que você não faliu ainda; é quando lhe pedem para trazer um documento e você o traz, mas aí ligam para quem o imprimiu e respondem que ele é inválido porque você não informou uma coisinha qualquer que era fundamental e, quando você fala com o responsável…

– Boa tarde.
– Boa tarde. É do XPTO?
– Sim, em que posso servi-lo?
– É que ontem levei a contabilidade do exercício XXXX de minha microempresa para fazer o cadastramento e saí daí com o certificado, mas depois fiquei sabendo que faltaram alguns valores para o cálculo dos índices de solvência e liquidez.
– Sim. Ah, é da empresa ABCD?
– Exato, eu fui pessoalmente aí ontem. E não entendo porque me deram a certidão negativa se havia problemas.
– Bom, meu amigo, meu trabalho é cadastrar e eu cadastrei. Os problemas decorrentes do seu cadastramento são problemas seus.
– ?!?! Claro…, mas porque o Sr. não me informou sobre os problemas?
– Ora, o Sr. não deve ter perguntado. E o cadastro foi feito. Com restrições, mas foi feito.
– E de que me adianta um cadastro “com restrições”? E por que a certidão foi impressa sem indicar problemas quando faltavam dados?
– Meu amigo, eu não sei que uso o Sr. daria à certidão e nem imaginava que me ligariam. Só sei que ligaram e eu falei a verdade, apontando as restrições.
– Hum, que honesto. Mas se algum de vocês tivesse falado para mim na hora do cadastramento, eu faria as correções junto ao contador e apresentaria tudo redondinho.
– Olha, meu chapa, meu negócio é cadastrar.

Este diálogo foi travado anteontem. Ainda não consegui arrumar tudo de tal forma que possam perguntar para a besta quadrada se está tudo bem e ele dizer que sim.

Mas tudo pode piorar e então fiz um exame de esteira para ver como estava o coração e o troço veio informando sobre algumas arritmias. Logo eu, que ainda sou capaz de correr a boa velocidade por 45 minutos e o faço duas vezes por semana? Meu cardiologista minimizou a coisa, mas me pediu uma ecografia para ter certeza se a minimizada não seria maximizada com um enfarto quando, por exemplo, tiver que enfrentar o próximo burocrata. Eu, burro e suado em cima da esteira, não percebi que a pressa do sujeito em acabar o exame no começo do sexto estágio era mau indicativo… Fiquei indignado, dizendo que queria correr mais, enquanto ele respondia “tá bom assim, seu Milton”.

Bem, 2007 melhoraria se amanhã meu exame saísse bonitinho e se o burocrata do XPTO me declarasse finalmente sem restrições. Só peço isso, não é muito. Vamos ver.

Atualização das 11h: sem restrições no XPTO! 2010 melhora ligeiramente.

Atualização das 18h: tudo OK. Exame impecável do coração. Vocês vão ter que me agüentar por mais um tempinho. 2010 melhora consideravelmente.

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Feliz 2010 / Novo Recesso

Então, em vez de pedir pelo paraíso ou gratuitamente pelo milagre da felicidade, que tal aproveitar a virada para pensar eticamente em como fazer as probabilidades moverem-se positivamente em nossa direção, na dos que amamos e, por que não exagerar, na da humanidade? Sim, é bom forçar alguns limites, desde que não sejamos obrigados a abrir mão daquilo que mais nos vale. É possível felicidade maior? Não creio.

Lembrem especialmente que, como disse C. J. Keyser, citado por nosso Magister Ludi, “A certeza absoluta é privilégio de mentes não educadas e de fanáticos” ou como minha irmã, mais sucinta, me ensinou: “Só a ignorância não gera dúvidas”.

Eu simpatizo com alguns rituais. Gosto especialmente da simbologia de renovação e recomeço que há na comemoração do Novo Ano. Por isso desejo que, apesar do calor, degustem com leveza esta época e consigam armazenar energia para manter um ritmo bom até o próximo momento de refletir um pouco — e que não precisa esperar 12 meses.

E que o resultado seja um 2010 endinheirado, saudável, amoroso, cheio de música e literatura para todos nós!

-=-=-=-=-=-

O blog entra novamente em recesso até o próximo dia 4 ou 5.

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Recesso

O blog passará o final de semana em viagem e retomará sua programação habitual na próxima segunda-feira ou terça-feira.

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Abaixo o Natal!!!

O Natal devia ser como a Copa do Mundo, de quatro em quatro anos. O que há de bom nestes dias? Estar com a família? Sou alguém bastante sociável, gosto de minha familia e já os vejo frequentemente. Então, prefiro estar com eles sem as besteiras mesquinhas e os milagres da época. Mais do que o primado do consumo, detesto as promoções de bons sentimentos, a hipocrisia, a religião, a obrigação de felicidade. Pior, hoje serão servidas iguarias irresistíveis, vai se comer muito e não quero engordar. Por mim, dormia cedo. E amanhã todos voltarão porque haverá comida demais…

É uma festa legal quando temos crianças pequenas, mas agora, qual é o sentido? Há a necessidade de estarmos alegres após passar o dia arrumando a casa e lembrando de detalhes… Pois é, já viram, vai ser aqui em casa. Se a gente fica sério, as pessoas se preocupam. Então, o negócio é beber. Haja saco. Ainda bem que chove. Podia vir uma tempestade e faltar luz no meio da festa! Seria uma novidade!

Festa por festa prefiro a virada do ano. Ao menos é sem presentes e com menos religião. E, associada à data, há uma simbologia de renovação, de planos e mudanças quase sempre falsas, mas ao menos pensadas. Já o Natal… é pura merda. Na minha infância, era comemorado na manhã do dia 25. A gente acordava e havia presentes sob a árvore. Fim. Hoje é um happening, vão tomar no cu.

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Minha Vida Como Picanha

Até o ano passado, eu corria 10 Km (até participei da Rústica de Porto Alegre) a qualquer momento, só de alegria por estar vivo. Também ia à academia e me sentia bem. Então, este ano, vieram diversos revertérios Milton Ribeiro tornou-se um ex-quase-atleta-senior que apenas mantinha seu peso e, quem sabe, sua discutível silhueta.

Hoje pela manhã fiz um esforço notável e dirigi-me a uma academia aqui pertinho para fazer uma avaliação física. Queria voltar a suar e a conviver com a endorfina (ver parênteses após este parágrafo) que me fazia falta. Cheguei lá e descobri que o coração, a pressão e alguns sinais vitais estavam dentro da normalidade, mas o resto… O resto… Bem, o resto serviu para me caracterizar como um bife gordo de grandes proporções. Sim, uma enorme picanha! Estou com medo de ir ao espelho e ver um réptil de uma tonelada e meia com duas perninhas. Já preparei a frase que direi a minha querida Claudia: “A gordura é o que dá gosto à carne, meu amor!”.

(ENDORFINA é uma substância natural produzida pelo cérebro durante e após atividades físicas. Ela regula a emoção e a percepção da dor, ajudando a relaxar. Gera bem estar e prazer. A endorfina é considerada um analgésico natural, reduzindo o estresse e a ansiedade, aliviando as tensões, sendo inclusive recomendada no tratamento de depressões leves. Durante o orgasmo essa substância é liberada na corrente sanguínea, provocando uma intensa sensação de relaxamento no casal e alguns até adormecem após a relação.)

O que descobri? Ora, descobri que meus 76,1 Kg (em 1,71 m) contém absurdos 19,849 Kg (ou 26,08% de meu peso) de gordura, o que me coloca ao lado das baleias e dos ursos brancos antes do inverno. Resultado: a partir de segunda-feira, vou hibernar na academia vizinha. Ah, descobri também que minha flexibilidade está próxima à do Papa quando discute aborto.

Não sei porque saí do exame pensando na bomba de nêutrons(*).

(*) A bomba de nêutrons tem ação destrutiva apenas sobre organismos vivos, mantendo, por exemplo, a estrutura de uma cidade intacta. Isso pode representar uma vantagem militar, visto que existe a possibilidade de se eliminar os inimigos e apoderar-se de seus recursos.

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