Bom dia, Vitório Piffero (vejam os gols da pífia Odisseia)

Bom dia, Vitório Piffero (vejam os gols da pífia Odisseia)
Vitório Piffero: competência e atitudes oportunas
Vitório Piffero: competência e atitudes oportunas

Vitório, segundo o site Infobola, o Inter tem 13% de chances cair para a Segunda Divisão. Eu acho que, com 43 pontos dá pera se livrar tranquilamente de uma visita à Série B. Então, como temos 21 partidas por jogar, bastaria ganhar 22 pontos. É viável.

Vitório, teu nome é derrota. Viste teu time entrando em crise e resolveste aprofundá-la. O Inter só faz cair desde a parada para a Copa América. Destreinado-se de forma inexplicável — com a chancela de Diego Aguirre –, hoje parecemos um menino sem noção que sobe num carrinho de supermercado e testa-o ladeira abaixo. O problema é saber que altura da ladeira estamos.

Acho que podemos tentar reduzir a velocidade do carrinho pela retirada de algumas peças e a recondução de certos jogadores a seus devidos lugares. William, que começou tão bem sua carreira, hoje mostra um futebol repugnante. Seu papel de ontem, principalmente no segundo gol do Grêmio, foi ridículo. Ele deixou Luan chutar para ver no que daria. Deu em gol. Anderson é outro cidadão que merece tratamento, talvez psicológico. Ou volta a se interessar pela profissão ou deve ter seu contrato suspenso. Jamais deveria jogar numa posição onde temos Alex, que ao menos é um jogador com história no clube. Ernando deveria voltar à zaga e não ficar na lateral esquerda, onde temos Géferson, Artur e Zé Mário, que ao menos são da função. Réver é um bom zagueiro, mas tem que entrar antes de forma.

E o fundamental também é fechar o meio de campo. Até a Ponte Preta amassa o Inter, até a Chapecoense nos pressiona. Enfim, temos que fechar os caminhos abertos aos adversários.

Agora, entra um colorado no chat e diz que está tão feliz quanto na véspera de uma cirurgia de hemorroidas. É mais ou menos como eu estou, Vitório. Aliás, por falar em ânus… Sim, pode ir.

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Porque hoje é sábado, Charlotte McKinney

Porque hoje é sábado, Charlotte McKinney

Você está aí tranquilo em seu sábado,

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abre este post,

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que descobriu no Facebook,

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ou não,

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e dá de cara com esta loira.

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E — o que mais fazer? — cai de amores por ela.

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Mas… Pobres loiras, por que recebem tão mau tratamento?

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A loira burra é um estereótipo feminino,

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caracterizado por uma mulher jovem e atraente,

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de cabelos loiros, de grande beleza física

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(nem todas são como esta que lhes apresento)

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mas que peca por ser exageradamente ignorante.

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Algumas atrizes loiras, como Marilyn Monroe e Goldie Hawn,

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reforçaram o esterótipo através dos papéis sonsos que interpretaram.

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No entanto, muitas mulheres pintam seus cabelos de amarelo.

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Como começou este preconceito? No século I A.C., o poeta Propércio

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criticou severamente as mulheres que pintavam seus cabelos para ficarem loiras.

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Dizia que clareavam seus cabelos para imitar as gaulesas e germânicas,

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mulheres de povos bárbaros, considerados estúpidos.

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Aí começou tudo. Que grande injustiça, não, Charlotte McKinney?

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Porque hoje é sábado, Heather Graham

Porque hoje é sábado, Heather Graham

Aí veio o Marconi e me pediu os imensos olhos azuis de Heather Graham.

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Heather Graham é a comprovação dos bons resultados obtidos pela mais rígida educação católica.

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Imaginem que papai Graham era de origem irlandesa, católico e trabalhava no FBI…

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Aí, ela faz o papel da “Rollergirl” de Boogie Nights, do diretor P.T. Anderson…

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O papel era de uma jovem “atriz” que estava começando no mundo dos filmes pornôs…

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Papai Graham, claro, não aceitou ver a filha, na época com 27 anos, no filme, e até hoje os dois não se falam.

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Com toda esta repressão, a menina só poderia sair assim meio tarada.

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Não a condeno, ainda sendo mais linda desse jeito.

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(Afirma o daltônico que enxerga bem o azul e o amarelo).

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Hoje li que parte da crítica americana não se conforma com fato de que uma boa atriz como ela…

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… volta e meia fazer cenas eróticas e ainda deixa-se fotografar despida.

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Eu posso explicar. São recados e mais recados ao papai católico. Significam:

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“Viu? Fiz de novo. Sou dona de mim”.

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A última vez que a vi foi no bom Maria, de Abel Ferrara, acompanhada e ofuscada pela atuação de Juliette Binoche.

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Mas foi protagonista de uma carrada de filmes, quase todos ruins.

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Numa madrugada dessas, acordei para desligar a TV e lá estava ela — muito sexy — num …

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… episódio de Sex and the City. Mas talvez estivesse sonhando. Afinal, a presença …

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… desta loirinha é, infelizmente, cada vez mais rara em nossas telas.

Postado originalmente em 20 de dezembro de 2008. Fotos recolocadas a pedidos.

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Adeus, Diego Aguirre

Adeus, Diego Aguirre

Sabe, Diego, eu compreendo tua demissão no dia de ontem. É que anteontem à noite o Píffero deve ter feito o mesmo do que eu: ele viu o jogo entre River e Tigres. E nós vimos que o River — um time comum e comum — pressionou o Tigres de forma a que eles não conseguissem jogar e até demonstrassem alguma ingenuidade. Contra nós, com nossa dinâmica fraquinha e previsível, com nossa marcação frouxa e com preparo físico de nada, o Tigres apareceu como um timaço. Eu vi aquele jogo de quarta-feira e comecei a ficar muito irritado, pois compreendi que a Libertadores esteve muito mais perto de nós do que eu imaginava. Estava disponível, ao alcance da mão, após passarmos pelo Atlético-MG. Tua atuação durante a parada da Copa América — quando afrouxaste demais a corda, deixando o time se desmanchar aos poucos — e teu preparador físico te demitiram, Aguirre.

O Inter não tinhas forças. Mas te agradeço muito por ter promovido Rodrigo Dourado, Valdívia e William a titulares. Tu sabes lançar jovens como poucos.

O problema foi a Libertadores. Claro que o Píffero se emputeceu. Todos os colorados com alguma memória se emputeceram. Agora, com a maionese desmanchada, entra o interino Odair Hellmann. Achei divertido o nome do cara.

O presidente devia estar tão puto que resolveu mandar também embora Alan Ruschel e Jorge Henrique. Impossível não concordar. Eu aproveitaria e repassaria Léo e Nico Freitas. Já ensinava o Barão de Itararé: “De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada”. Um clube que está mal financeiramente não pode seguir pagando esses jogadores deficientes, que disseram claramente a que vieram. Vieram atrás de um bom salário. Alex também estaria na marca do pênalti, se eu fosse gestor do clube.

Adeus, Aguirre. leve para a vida três lições: (1) não se associar com preparadores físicos incompetentes, (2) nada de afrouxar demais a corda e (3) fazer revezamentos com 3 ou 4 titulares de cada vez, não mais do que isso.

Boa sorte.

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70 anos da Bomba de Hiroxima: retornando ao mais horrível ‘Porque hoje é sábado’ de todos os tempos

70 anos da Bomba de Hiroxima: retornando ao mais horrível ‘Porque hoje é sábado’ de todos os tempos

Amigos.

Hoje, faz 70 anos que esta bomba foi jogada. No dia 3 de novembro de 2007, publiquei excepcionalmente um furibundo obituário em lugar do tradicional PHES (Porque hoje é sábado). O motivo era simples: naquela semana tinha falecido no maior conforto um dos homens cuja existência mais me abalavam — Paul Tibbets.

Quando criança, lá pelos 8, 9 anos, perguntei a meu pai sobre o homem que fizera “aquilo em Hiroxima” ao final da Segunda Guerra. Não sobre quem ordenara — lá ia eu me preocupar com isso! –, eu queria saber sobre quem fizera. Parecia-me impossível alguém viver sabendo o efeito de sua ação. Não conhecia a palavra CULPA no sentido que hoje conheço, mas tinha ideia de que existiam atos impossíveis de se carregar por aí. Meu pai fez uma pesquisa para me responder e, dias depois, me disse: “Ele não se arrependeu”. Naquele dia, entendi um pouco menos o mundo.

Volto a este post porque esta semana morreu o último tripulante do avião que bombardeou Hiroshima: Theodore van Kirk. Suas declarações sobre a bomba e as guerras eram bem diferentes das de Tibbets: “Gostaria de ver as guerras e as armas definitivamente abolidas”.

Abaixo, minha homenagem de 2007 a Paul Tibbets.

.oOo.

Ontem morreu Paul Tibbets, resultado da cruza entre Enola Gay e Paul Warfield Tibbets.

Viveu 92 anos, foi feliz e parece não ter sofrido dores

Nem físicas, nem morais, nem as da fome ou do desprezo.

Deus, em sua insistente não existência, deixou-lhe dizer que

“Não se arrependeu de ter ‘deixado cair'” em Hiroxima,

a bomba de 6 de agosto de 1945, que matou instantaneamente

78.000 e depois mais 62.000 japoneses.

O extremado amor de Paul por sua mãezinha ficou bem claro

quando ele batizou o B-29 com seu nome, hoje imortalizado.

Paul Tibbets era filho de Enola Gay e um grandíssimo filho da puta,

e partiu deste mundo para o inferno que existe, mas apenas sob o(a) Enola Gay.

Pensem nas crianças mudas telepáticas
Pensem nas meninas cegas inexatas,
Pensem nas mulheres rotas alteradas,
Pensem nas feridas como rosas cálidas,
Mas não se esqueçam da rosa da rosa,
Da rosa de Hiroxima a rosa hereditária,
A rosa radioativa estúpida e inválida,
A rosa com cirrose a anti-rosa atômica,
Sem cor nem perfume sem rosa sem nada

A Rosa de Hiroxima – Vinícius de Moraes

A bomba
é uma flor de pânico apavorando os floricultores
A bomba
é o produto quintessente de um laboratório falido
A bomba
é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles
A bomba
é grotesca de tão metuenda e coça a perna
A bomba
dorme no domingo até que os morcegos esvoacem
A bomba
não tem preço não tem lugar não tem domicílio
A bomba
amanhã promete ser melhorzinha mas esquece
A bomba
não está no fundo do cofre, está principalmente onde não está
A bomba
mente e sorri sem dente
A bomba
vai a todas as conferências e senta-se de todos os lados
A bomba
é redonda que nem mesa redonda, e quadrada
A bomba
tem horas que sente falta de outra para cruzar
A bomba
multiplica-se em ações ao portador e portadores sem ação
A bomba
chora nas noites de chuva, enrodilha-se nas chaminés
A bomba
faz week-end na Semana Santa
A bomba
tem 50 megatons de algidez por 85 de ignomínia
A bomba
industrializou as térmites convertendo-as em balísticos interplanetários
A bomba
sofre de hérnia estranguladora, de amnésia, de mononucleose, de verborréia
A bomba
não é séria, é conspicuamente tediosa
A bomba
envenena as crianças antes que comece a nascer
A bomba
continnua a envenená-las no curso da vida
A bomba
respeita os poderes espirituais, os temporais e os tais
A bomba
pula de um lado para outro gritando: eu sou a bomba
A bomba
é um cisco no olho da vida, e não sai
A bomba
é uma inflamação no ventre da primavera
A bomba
tem a seu serviço música estereofônica e mil valetes de ouro, cobalto e ferro além da comparsaria
A bomba
tem supermercado circo biblioteca esquadrilha de mísseis, etc.
A bomba
não admite que ninguém acorde sem motivo grave
A bomba
quer é manter acordados nervosos e sãos, atletas e paralíticos
A bomba
mata só de pensarem que vem aí para matar
A bomba
dobra todas as línguas à sua turva sintaxe
A bomba
saboreia a morte com marshmallow
A bomba
arrota impostura e prosopéia política
A bomba
cria leopardos no quintal, eventualmente no living
A bomba
é podre
A bomba
gostaria de ter remorso para justificar-se mas isso lhe é vedado
A bomba
pediu ao Diabo que a batizasse e a Deus que lhe validasse o batismo
A bomba
declare-se balança de justiça arca de amor arcanjo de fraternidade
A bomba
tem um clube fechadíssimo
A bomba
pondera com olho neocrítico o Prêmio Nobel
A bomba
é russamenricanenglish mas agradam-lhe eflúvios de Paris
A bomba
oferece de bandeja de urânio puro, a título de bonificação, átomos de paz
A bomba
não terá trabalho com as artes visuais, concretas ou tachistas
A bomba
desenha sinais de trânsito ultreletrônicos para proteger velhos e criancinhas
A bomba
não admite que ninguém se dê ao luxo de morrer de câncer
A bomba
é câncer
A bomba
vai à Lua, assovia e volta
A bomba
reduz neutros e neutrinos, e abana-se com o leque da reação em cadeia
A bomba
está abusando da glória de ser bomba
A bomba
não sabe quando, onde e porque vai explodir, mas preliba o instante inefável
A bomba
fede
A bomba
é vigiada por sentinelas pávidas em torreões de cartolina
A bomba
com ser uma besta confusa dá tempo ao homem para que se salve
A bomba
não destruirá a vida
O homem
(tenho esperança) liquidará a bomba.

A Bomba – Carlos Drummond de Andrade

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Como o diabo gosta, de Ernani Ssó

Como o diabo gosta, de Ernani Ssó
A capa da edição da Cosac Naify
A capa da edição da Cosac Naify

Como o diabo gosta é um livro delicioso. Ele já foi O diabo a quatro em 1985 e, radicalmente revisado e ampliado pelo autor, está sendo relançado neste ano em bela edição da Cosac Naify. Merece, e não apenas por estar completando 30 anos. O que talvez não mereça é minha participação de hoje à noite no lançamento da nova edição na Palavraria, batendo um papo com Ernani Ssó. Ainda bem que pretendo falar pouco. Porém, neste momento, peço desculpas ao Ernani, pois aqui no blog quem faz os solos sou eu.

Ernani realizou uma auto-entrevista a la Glenn Gould numa crônica chamada 50 tons de vermelho.  O título é chamativo, mas é redutor. Ali, ele começa dizendo que “os resenhistas, como todo mundo nos jornais, trabalham demais, leem os livros correndo, quando leem, e escrevem a toda, sem pensar direito”, o que justifica a entrevista. Ele tem toda a razão, principalmente na necessidade de pensar, tanto que hoje acordei e fiquei matutando sobre como escrever a respeito de um livro do qual gostara muito. O problema é que é mais fácil dizer o que ele não é. Mas vamos ao que ele é.

Numa manhã, Camilo Severo tenta inspirar-se para escrever um romance. Seus pensamentos são interrompidos por lembranças desordenadas. O livro é isso, uma série de capítulos fora da ordem cronológica, às vezes escritos na primeira pessoa, às vezes não, talvez inspirado por O Jogo da Amarelinha do Cortázar que Ernani tanto ama. O livro se passa em Porto Alegre, no triângulo obtuso formado pela cidades de Ermo, Sombrio e Turvo (SC) e um pouquinho mais longe, no Farol de Santa Marta (SC), provavelmente durante o final dos anos 70, quando aquela região estava sendo recém descoberta pelos turistas, principalmente gaúchos. Para lá se dirigiam hordas de bichos-grilos a fim de alugar as casas de pescadores. Lá, ficavam tomando banho de mar e de caneca, bebendo cerveja, consumindo drogas e trepando. Era bom, participei.

Por que é mais fácil dizer o que ele não é? Pelo fato de que Como o diabo gosta ser um livro enganador: ao leitor mais superficial pode parecer uma série de descrições do desbunde, da perda do autodomínio, da loucura e das muitíssimas relações sexuais mantidas pelo narrador. Realmente, o sexo é um tema importante de um livro que se pretende meio bandalho, só que não podemos esquecer que este se apoia mais na literatura do que no sexo. O texto é excelente. Tudo aparece em seu lugar e tem ritmo. Exatas, as palavras só poderiam estar onde estão. Isto é que torna o livro uma delícia e é sempre difícil elogiar um volume dotado de tamanho potencial de prazer e que não envolve grandes e claras teses. É um livro cujas melhores metáforas vêm da musicalidade e isto confunde.

E há o humor. Como o diabo gosta é um livro engraçadíssimo, mas não é um livro de humor. A história também revela a angústia do personagem principal, presente desde o elaborado e culto “tô nem aí” de Camilo, que é refletido no desespero de algumas cenas de sexo. A repetição de alguns fatos — descritos de forma inteiramente diversa no romance — não resulta num quadro divertido, mesmo que se ria deles. Isto parece ser muito bem controlado por Ernani, que espalha pistas que formam um quadro de uma época em que, ao lado da vida no desbunde, havia uma ditadura se desmanchando.

Recomendo muito.

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Bom dia, Diego Aguirre

Bom dia, Diego Aguirre
A agonia de mais um treinador
A agonia de mais um treinador

Já tivemos o Bom dia, Dunga e o Bom dia, Abel Braga. Agora, tudo me diz que esta tua série, Aguirre, vai acabar logo. Afinal, não vou ficar te enviando textos após tua demissão. O mandato de um técnico de futebol costuma ser interrompido por mau desempenho e, neste momento, as deficiências não se mostram apenas no preparo físico, mas no teu time. Saída de bola confusa — nunca treinada, pelo que se pode notar –, uso de jogadores em posições inadequadas — Ernando na lateral esquerda e Anderson de volante –, Lisandro López como único atacante — mas jogando pelos lados… –, uma desanimadora falta de criatividade no ataque — que ronda, ronda e ronda, enquanto o goleiro adversário se entedia –, falta de marcação por parte dos atacantes e meio-campistas avançados, dando liberdade ao adversário… Ou seja, a coisa está muito abaixo do mínimo.

Às vezes, a gente se engana feio. Ao ver Tigres e River, quarta-feira passada, para mim ficou claro que os mexicanos não são tudo aquilo. Nós é que não soubemos marcá-los. O rigor do River fez aparecer falhas que não obtivemos provocar nem vislumbrar. Gignac seguiu fazendo jogadas brilhantes. Houve uma em que ele voou e deu de calcanhar na bola, deixando-a no peito de Sóbis. Só que Sóbis foi desarmado imediatamente e o passe do francês fora feito no grande círculo… Eles nunca estiveram sem marcação próximos da área do River e foram se desmanchando, perdendo o ímpeto. O terrível Tigres quase perdeu em casa, Aguirre.

De outra parte, qualquer Ponte Preta ou Chapecoense cresce contra nós. É uma lástima, Aguirre. Gosto de tuas posições e gostaria que ficasses anos por aqui, mas há o principal é a coisa dentro de campo. Talvez nem um bom resultado no Gre-Nal anime muito uma torcida que sente que não tem time para ser favorito a nada, mas tem para estar sempre no bolo. E para jogar bonito e ser competitivo.

Não acredito em bons resultados com a manutenção da estrutura de time atual. Essa mesmo que defendes em tuas entrevistas. Para começar, precisamos de um lateral esquerdo e de um segundo volante de ofício. Isso é só o começo, pra desentortar. Depois, há as questões de dinâmica de jogo, de treino e retreino. Só que estamos em agosto e os jogos serão quarta e domingo.

Já penso em 2016. Melhor seria trazer já o técnico do ano que vem e iniciar logo o planejamento.

Não, não, este é Marlon Brando
Não, não, este é Marlon Brando

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Bartók e Martinů por Sara e Rauss em Montevidéu

Bartók e Martinů por Sara e Rauss em Montevidéu
Orquestra Filarmônica de Montevidéu com Nicolas Rauss e Sara
Orquestra Filarmônica de Montevidéu com Nicolas Rauss e Sara Davis Buechner

Há uma semana, logo após Martha Argerich e Daniel Barenboim reunirem-se no Colón em Buenos Aires, ocorria um concerto de primeira linha em Montevidéu, onde me encontrava. O programa era espetacular, totalmente fora do habitual:

Bélá Bartok: Concerto para Piano N°2
Bohuslav Martinů: Sinfonia N° 4

Nicolas Rauss
Sara Davis Buechner, piano

Além da presença do excelente maestro Nicolas Rauss, havia a solista Sara Davis Buechner. O convite a ela era um ato de justiça artística, pois trata-se de uma pianista de espetacular técnica e grande sensibilidade. Acontece que ela passou por uma cirurgia de mudança de sexo em 2002. Ela era David Buechner. Sara não gosta do termo “transexual”, e diz ficar “levemente irritada” quando referida como tal, afirmando que viver como mulher era a única maneira honesta de viver sua vida. Talvez em função do preconceito, tenha se dedicado mais ao ensino e às gravações do que aos palcos. Ela dá aulas na University of British Columbia, no Manhattan School of Music e na New York University e tem 16 CDs em sua discografia.. Sara escreveu sobre suas experiências em um artigo de 2013 no New York Times.

Sua presença no Concerto de Bartók foi luminosa e talvez seja importante dizer que eu nem sabia ainda da questão trans. Como o concerto é muito — muitíssimo — percussivo, Sara mandou bala fazendo os gestos largos e algo teatrais dos percussionistas (ver foto). Seus braços subiam e desciam em amplos movimentos, trovejando os acordes do sensacional concerto. Para interpretá-lo, Rauss mudou todas as posições da orquestra. No lugar dos primeiros violinos estavam as flautas com os clarinetes logo atrás. Do outro lado, no lugar onde estão normalmente os violoncelos, estavam os dois trompetistas com os trombones logo atrás.

Perguntei ao maestro — que regeu as duas obras de cor — sobre este posicionamento. Ele me disse que Ádám Fischer montou a Budapest Festival Orchestra desta forma para executar este concerto de Bartók, no que foi imitado por Simon Rattle em um concerto em Rotterdam. O motivo é simples, explicou Rauss: neste concerto os sopros dialogam com o piano e as cordas têm participação muito pequena. O resultado artístico foi grandioso. O acústico também foi interessante, com as cordas surgindo de forma fantasmagórica no movimento central.

Como bis, Sara Buechner interpretou de forma belíssima uma obra para piano do uruguaio Eduardo Fabini, que arrancou, literalmente, suspiros da plateia.

Divulgar Bohuslav Martinů é um apostolado de Nicolas Rauss. Antes de atacar a sinfonia Nº 4, o regente contou uma pequena história. Uma vez, perguntaram a um de seus professores na Suíça do que alguém precisaria ser dotado para ser músico. Precisaria ser dotado de ouvido? De ritmo? De grande habilidade? Não, segundo o professor, precisaria apenas ser dotado de prazer. E Rauss voltou-se para a orquestra e tratou de mostrar o que era esse tal de prazer. E mostrou! Sinfonista nato, o checo Martinů é realmente um compositor subestimado.

A sinfonia é muito interessante, prazerosa e bonita. Com os quatro movimentos clássicos, foi composta em Nova Iorque em abril de 1945, quase ao final da Segunda Guerra. É feliz e cresce a partir de um único motivo. O primeiro movimento flui natural e liricamente, apresentando variações. O segundo movimento é um Scherzo, marcado pelo perfume da Boêmia presente em algumas obras de Dvořák. O terceiro movimento, lento, é dominado pelas cordas e o finale é uma enérgica reformulação do material anterior. Dito assim, não dá a ideia da fluência e da beleza da sinfonia, né?

Assistir este concerto foi um dos melhores momentos de nossas férias de dez dias. Infelizmente, não conseguimos falar com Rauss antes do concerto devido a uma dor lombar que o maestro sentiu após o ensaio de sexta-feira e que o manteve no hotel durante o fim de semana. Não deve ter sido prazeroso, mas Bartók e Martinů deixaram-no rapidamente curado.

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Quem criou a dívida do Rio Grande do Sul e um desabafo sobre a covardia de Sartori

Quem criou a dívida do Rio Grande do Sul e um desabafo sobre a covardia de Sartori

Vamos lá: de governador em governador, desde os anos 70.

Euclides Triches aumentou a dívida do RS em 194%, <—
Synval Guazzelli em 36%, <—
Amaral de Souza em 79%, <—
Jair Soares em 39%, <—
Pedro Simon em 0,1%,
Alceu Collares em 24%, <—
Antônio Britto em 122%, <—
Olívio Dutra em -0,3%,
Germano Rigotto em 1,8%,
Yeda Crusius em -1%
Tarso Genro em por volta de 10% (não encontrei o valor exato).

Desabafo do Procurador Geral do Estado aposentado, Paulo Roberto Thomsen Zietlow (publicado no Facebook):

Um desabafo de quem perdeu a saúde trabalhando. O Sr. Sartori merece críticas não por ser o responsável por esta situação. Merece críticas por sua covardia e vilania. Deixou para avisar aos servidores públicos do parcelamento no último dia e sequer publicou os contracheques, com o nítido propósito de não recorrermos ao Judiciário. Aliás, publicou o contracheque com valores integrais para tentar dar alguma defesa processual ao Estado. Pagou em dia CCs políticos da AL, que só servem para fazer campanhas para estes políticos inúteis. Borrou-se para nos dar explicações, deixando o Estado sem a voz de seu comandante. Deixou o Banrisul, um banco público, cobrar dos servidores estaduais todos os empréstimos e juros, sem observar o calendário de pagamento parcelado. Desrespeitou os servidores, acima de tudo. Tenta vender a imagem de que seus Secretários também serão afetados é uma mentira: A MAIORIA DE SEUS SECRETÁRIOS SÃO DEPUTADOS E GANHARAM DA ASSEMBLÉIA OU DA CÂMARA FEDERAL, EM DIA. Não é pela falta de dinheiro. É PELA FALTA DE RESPEITO COM OS SERVIDORES! Deixou velhos e inválidos como eu sem grana para sequer comprar os remédios. Não teve o mínimo critério humanitário em suas escolhas. Esconde-se como guri de colégio que fez merda! É tão incapaz, que nem à herança maldita atribui o caos. Quanto ao Secretário Feltes, EU NÃO SOU TEU “COLEGA SERVIDOR”! Eu fiz concurso público. Não entrei no Estado fazendo conchavos e demagogias eleitoreiras como Vossa Excelência! Eu estudei. Não entrei pela portas dos fundos! Se não tivesse estudado, talvez hoje eu fosse um político como o Senhor. Felizmente, não sou. Tenho dignidade na cara. Já vi muitos inúteis serem Secretários ou até Governador, mas como este pessoal aí, eu não tinha visto ainda. Meu Deus, o que o Rio Grande fez! Este é o Timoneiro que conduzirá o barco avariado até um porto seguro? Hoje é um dos dias mais tristes da minha vida como servidor do Estado do Rio Grande do Sul. Dia igual, só vivi quando me comunicaram de minha triste aposentadoria.

Foto: Ramiro Furquim / Sul21
Foto: Ramiro Furquim / Sul21

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Porque hoje é sábado, Charlize Theron

Finalizando o que prometi ao Serbão, hoje é a vez da moça da direita.

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Dentre as três beldades acima, as fotos de Charlize Theron são as que chegam mais próximo ao erótico.

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Erótico pero no mucho, como sempre. As estrelas têm essa coisa chata de preservação de imagem, etc.

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Porém, os leitores sabatinos de meu blog apreciam as abordagens claras, francas e frontais.

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Desde que sem grandes exageros, Charlize! A excessiva verossimilhança às vezes atrapalha, sabe?

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Ah, melhor assim, muito melhor.

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Dizem que esta sul-africana de 1,77m, nascida em 1975, detestava ser modelo.

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Então, foi para Los Angeles tentar a sorte com o dinheiro de mamãe Gerda.

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Lá não conseguiu descontar um cheque de Gerda e teve um ataque histérico num banco.

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Como sói acontecer, um agente viu o ataque da moça e entregou-lhe um cartão… É o que diz a lenda.

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De verdade, sabe-se que, aos 15 anos, viu a mãe matar o pai em legítima defesa. Papai estava bêbado.

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Fez muitos filmes, mas eu gostei mesmo foi de Regras da vida (The Cider house rules).

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O filme é com o ator que depois virou Homem Aranha e com um Michel Caine perfeito.

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Fico lendo a relação de seus filmes e acho que outro de que gostei foi Terra Fria (North country).

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Vi uma parte de Monster – Desejo Assassino. Ela ganhou um Oscar ali, mas não …

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… me impressiono com as caracterizações suadas tão ao gosto da Academia de Cinema de Hollywood.

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Prefiro-a bem normal e bela, traindo o namorado com o Homem Aranha menino …

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… enquanto aquele estropia-se na guerra. Ela vê os negros descansarem sobre os telhados, …

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… cometerem incestos e Michel Caine drogar-se. Grande filme, grande filme de Lasse Hallström.

Post original de 13 de dezembro de 2008. Fotos recolocadas.

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Porque hoje é sábado, Naomi Watts

Porque hoje é sábado, Naomi Watts

Então, conforme promessa feita ao Serbão, hoje é a vez da moça à esquerda.

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A inglesa Naomi Watts é filha de uma hippie que andava por todo o país atrás de “namorados”.

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Ela descreve sua mãe como passional-agressiva. Seu pai era mais interessante.

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Peter Watts, foi engenheiro de som do Pink Floyd até 1974, quando morreu.

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Ao menos teve a sorte de não ouvir os discos pós-Dark Side of the Moon.

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Em 1982, a mamãe maluquete acabou na Austrália com sua filha de 14 anos.

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Aos 18, nossa belíssima loirinha de 1,65m tentou ser modelo no Japão, mas não deu certo.

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Então voltou para a Austrália e trabalhou numa loja de departamentos enquanto estudava teatro.

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Finalmente livrou-se da Austrália e, em 2001, ainda desconhecida, foi escolhida por David Lynch para o papel principal …

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… do estupefaciente Mulholland Drive, cujo nome em português tenho preguiça de procurar.

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(Cidade dos Sonhos?) Olho clínico de Lynch. Era um grande filme e ela foi digna dele.

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Também foi extraordinária em 21 Gramas, de Alejandro González Iñárritu, …

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… e tratou de vingar-se dos japoneses nos remakes de O Chamado 1 e 2.

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King Kong também caiu de amores por Naomi e assim ela pode gritar em troca de uma baita grana …

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… no filme do medíocre Peter Jackson, o qual foi criticado por ela sem maiores cerimônias e carradas de razão.

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Minha filha, uma adolescente mais madura que os admiradores do cinema de Jackson, adorou sua …

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… atuação em no old fashioned O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil), baseado no romance de Somerset Maugham.

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Mas aqui, o que menos interessa é sua biografia. (Nem vou falar que ela luta judô…)

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Aqui, o que interessa é o fato de Naomi provocar nossos instintos da mesma maneira como fez com o macaquinho do diretor dos anéis.

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Pois quem não urraria tendo-a, digamos, nas mãos?

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Hein?

Post original de 6 de dezembro de 2008. Fotos recolocadas.

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Voltando das férias… A propósito, cadê meu inverno?

Voltando das férias… A propósito, cadê meu inverno?

Com vocês, The Bad Plus e Joshua Redman em Beauty Has It Hard
(lançamento da Nonesuch de 2015, vai direto para a lista de clássicos)

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Um dia glorioso de trabalho em Montevidéu

Elena Romanov, Roberto Markarian e eu na sala do reitor
Elena Romanov, Roberto Markarian e eu na sala “del Rectorado”

Fizemos uma bela entrevista com Roberto Markarian, Reitor da Udelar, Universidade da República do Uruguai. Na entrevista, fica claro o que é uma ‘pátria educadora” e a dimensão humana de um sistema gratuito e laico de ensino. Foram 63 minutos de perguntas e respostas, mas a Elena disse que o conteúdo equivale a um livro. Pedi ajuda a vários amigos acadêmicos para melhorar minhas perguntas e o resultado foi estupendo.

Acho que vou dividir a entrevista em duas partes para que não seja cansativo para o leitor e lhe dê certo tempo para refletir sobre modelos totalmente diferentes — e mais racionais — dos nossos. Tive a sorte de conhecer o genial Markarian durante os anos 80 quando ele fazia mestrado em Porto Alegre após sete anos de prisão durante a ditadura militar uruguaia. A mim, resta agora ser digno de Markarian, dos amigos e da Elena, que me ajudou com fotos, sugestões 100% aceitas e também com alguns questionamentos..

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O exagero gastronômico de Montevidéu

O exagero gastronômico de Montevidéu
Parrilla para dois
Parrilla para dois

Aqui, nós sempre erramos o tamanho do prato. Ou vem uma coisa diminuta — fato bem mais raro — ou vem o mundo. Isso ocorre sempre, com exceções que podem ser contadas nos dedos de uma mão, com sobras. Por mais que conversemos com os garçons, ficam faltando uma ou duas perguntas. Hoje, voltamos a um pequeno restaurante ao lado do Parque Rodó, o La Cocina del Parque. Pedimos uma Parrilla para dos. Impossível comer tudo, mal chegamos à metade mesmo tendo antes atravessando a cidade desde o Palácio Legislativo. Talvez seja este o mistério de tantos cães e cocôs pelas ruas da cidade. Sobra muita comida boa nos restaurantes.

Agora chove, são 16h15 de terça-feira e vamos às 19h30 ao Solís ver a Orquestra Filarmônica de Montevideo com o saudoso e excelente maestro Nicolas Rauss, que a Ospa deixou de convidar em função da tal oxigenação. O programa é foda:

Bélá Bartok: Concierto para Piano N°2
Bohuslav Martinu: Sinfonía N° 4

Nicolás Rauss
Sara Davis Buechner, piano

Certamente será ótimo. O problema será depois, quando formos a um restaurante. Bem, ao menos o tamanho do café será o esperado.

E, amanhã, em grave descumprimento laboral — pois em meio às férias — entrevistarei o Reitor da Udelar, Universidad de La República del Uruguay, meu amigo Roberto Markarian. Tenho um roteiro pronto e acho que o Sul21 ganhará uma bela “entrevista de férias”. Já visitamos os Markarian e está tudo em ordem.

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Cinco sábios judeus nos explicam porque é tudo tão ruim

Cinco sábios judeus nos explicam porque é tudo tão ruim

Coisas de férias… (fonte)

einstein

O primeiro sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para a testa) está tudo ruim. Este foi Moisés.

O segundo sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para o coração) está tudo ruim. Este foi Cristo.

O terceiro sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para o bolso) está tudo ruim. Este foi Marx.

O quarto sábio judeu disse que é tudo tão ruim para as pessoas, porque aqui (apontando para o baixo ventre) está tudo ruim. Este foi Freud.

Mas um quinto sábio judeu disse que nem tudo é tão ruim para as pessoas, porque tudo é relativo.

Engraçado que eu contava uma piada parecida:

O século XVII foi de Shakespeare e Cervantes. O século XVIII foi de Bach. O XIX foi de Marx e Freud. O XX foi de Joyce e Einstein. O XXI… Olha, verdade, esqueci do fim da piada…

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Férias de 10 dias

Férias de 10 dias

Quem não sabe o que é Cocanha, deve clicar aqui.

Bruegel, O País da Cocanha
Pieter Bruegel (1525-1569), O País da Cocanha | Cique na imagem para ampliar

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Bom dia, Diego Aguirre (veja os gols de Tigres 3 x 1 Inter)

Bom dia, Diego Aguirre (veja os gols de Tigres 3 x 1 Inter)
Aguirre, vou dar uma dica: MUDA HOJE  teu preparador físico
Aguirre, vou te dar uma dica: MUDA HOJE teu preparador físico

Os sete leitores que me acompanham sabem que eu dizia — basta conferir nas postagens anteriores que não éramos os favoritos. Sim, o Inter fez uma péssima parada para a Copa América, nunca apresentou um preparo físico comparável a de seus adversários e, bem, o Tigres é um timaço.

Gostaria de deixar claro que não sou apocalíptico. Sigo pensando que Aguirre é um excelente técnico, mas a direção do clube precisa intervir na questão do preparo físico. O responsável pelo setor tem de ser trocado ou então tem de obedecer a ordens de alguém que conheça mais do assunto. O time não apenas não corre como bate recordes de lesões musculares. Ontem, o desempenho físico de Nilmar foi uma verdadeira piada. O do resto foi quase a mesma coisa.

Aliás, outras coisas têm de ser revistas. O que são nossos laterais? William iniciou bem sua carreira e hoje chafurda em suas próprias confusões. Géferson… Géferson? Bem, este Dunga pode levar e guardar para sempre.

Ernando merece reavaliação também. Foi imperdoável o primeiro gol do Tigres. Ele abandonou o setor para Gignac (1,86m e forte) pular com William (1,76m e magrela). Aliás, já fizera isso no gol do Tigres em Porto Alegre, deixando Ayala cabecear livre em seu setor. Duvido, mas duvido mesmo, que Réver cometersse tal “ausência”. Só que Réver é uma das vítimas de nosso preparador físico… E… D`Alessandro no meio com Valdívia pela direita? Por quê, Aguirre?

Para 2016, temos que fazer um Brasileiro digno e olhar bem se algumas promessas, como Valdívia e Dourado, são tudo isso mesmo. Ambos foram engolidos pelo Tigres. Quando lhes falta espaço, erram mais da metade dos passes.

No mais, é chorar a derrota de hoje e aprender com ela sem partir para um esquema de terra arrasada. Há muito de positivo no Inter de hoje. Venceremos.

(A propósito, como disse meu filho, ontem ganhamos o Campeonato Gaúcho de 2016…)

https://youtu.be/vlEqqs4coN8

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O que o conforto pragmático me disse ontem sobre a Ospa

O que o conforto pragmático me disse ontem sobre a Ospa

Um violoncelista, virtuose internacional que me honra com sua amizade, contou-me que nos Estados Unidos e em parte da Europa, as orquestras e os intérpretes agradecem por escrito as críticas que recebem — mesmo as mais ácidas e debochadas. Sabem que qualquer menção é melhor que o silêncio. Há pragmatismo e boa noção de divulgação no hemisfério norte. Aqui na Ospa é justamente o contrário. O narcisismo, a infantilidade e a insegurança – palavras de Francisco Marshall — tornam o terreno pantanoso. Paradoxalmente, não há serenidade no recebimento de críticas por parte de pessoas que se expõem em público.

Então decidi que, a partir de agora, apenas vou escrever sobre os concertos mais marcantes, sobre aqueles que me tocarem de alguma forma — por serem muito bons ou demasiado ruins. Aviso a meus sete leitores: não esperem mais relatos de cada concerto. Os insignificantes e opacos — a maioria — me obrigam a um esforço que realmente não preciso fazer. Vou ficar com os que me satisfazem ou irritam, pois os primeiros merecem saudação e os últimos resultam em textos cômicos. Na verdade, o fundo de minha decisão é o fato de que estou ficando enfastiado dos trajes escuros do vilão que repete quão desafinados ou dispersos são alguns naipes. Sei que não vou corrigi-los e também mereço uma zona de conforto semelhante.

Também quero andar por aí sorridente, vestindo um terno branco com um elegante lenço colorido no bolso. E achando graça do que vejo e ouço. Vou me dedicar mais a outros assuntos. Tenho que me liberar de coisas que dão pouco prazer e retorno. Os concertos deste ano foram de qualidade tão duvidosa — com raras exceções, casos de Valentina e Petri, por exemplo — que muitas vezes sinto-me desconfortável e sem adjetivos para descrevê-los. Ou seja, o que era divertido tornou-se esforço.

(A coisa está tão preta que muitas vezes nem os músicos da orquestra divulgam os concertos em seus perfis do Facebook. É um termômetro infalível, conforme um membro da orquestra me ensinou. Cada vez que isso acontece, já sei o que vou escrever no dia seguinte e fico previamente deprimido).

Mais um item para meu Projeto Gambardella. Afinal, não sou tão jovem, “para perder tempo fazendo coisas que não quero fazer”.

Cena de "A Grande Beleza"
Cena de “A Grande Beleza” com Jep Gambardella (Toni Servillo)

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Algumas abordagens a Eduardo Cunha e um desejo

Algumas abordagens a Eduardo Cunha e um desejo

Ontem, finalmente, Eduardo Cunha retirou-se da capa do Sul21. Não, espera! Não é verdade. Ele estava lá numa fotinho e a manchete dizia que ele parara de falar à imprensa. Então falemos um pouco dele neste espaço ultimamente pouco político. Afinal, não acredito que ele nos dê por muito tempo o alívio de seu silêncio. Pois ele parece ser a encarnação do mal, do sujeito religioso de direita que trama para impor ao país sua visão tacanha. Idelber Avelar escreveu um longo texto sobre Cunha e eu gostaria de pinçar um trecho literário — até porque creio que somente a ficção arranhe a realidade, o resto não. “Cunha é aquele personagem-vampiro, o intriguento do romance do século XIX, cujo poder depende da escuridão. Nos bastidores e com o regimento, sim, ele pode ser mortal, especialmente em um país homofóbico governado por um Executivo covarde. Mas basta um pouquinho de luz do sol para que o sujeito desmorone”. É exatamente isso, Cunha é um representante das trevas, cujas ameaças são eficientes nos bastidores, mas que ficam muito feias em público. Deve ser um achacador dos bons, um cara que conhece como funciona a política interna dos partidos fisiológicos onde nasceu e cresceu, fazendo de seu conhecimento.

Leio que alguns dizem que ele está morrendo politicamente. Não penso assim. Afinal, com o apoio de empresários, Cunha ajudou a financiar a campanha de mais de cem deputados. São cem pessoas que devem $ a Cunha, entendem? O malvadão é poderoso, tem gente que come na sua mão e não é homem de ficar acuado.

Não parece o chefe de uma gangue?
Figura adequada a um romance convencional do século XIX. Não parece o chefe de uma gangue? 

Eduardo Cunha é um legítimo representante de nossas elites ignorantes e endinheiradas. Guindado por doações milionárias e tendo que fazer o serviço que lhe foi encomendado, Cunha exagerou a dose e apavora até a direita e os religiosos que o colocaram lá. Idelber também usa outra bela imagem. Diz que Cunha chegou lá “graças à extrema covardia de um Executivo tão acostumado a ceder anéis que já não consegue diferenciá-los dos dedos”. Verdade.

E tudo seria comédia se não fosse com nosso rabo. Para acentuar e comprovar o descontrole do deputado, a revista Veja desta semana desembarcou do impeachment a la Cunha. Publicada na última página, a coluna de Roberto Pompeu de Toledo é um claro recado para todos aqueles que ainda contavam com a famiglia Civita. Pompeu nos dá sete razões para apoiar a permanência de Dilma até 2018, ou seja, o último ano de seu mandato. Vamos a suas palavras:

1) “Convém não sacudir demais o barco Brasil”. Ele argumenta que o impeachment faria mal à jovem democracia brasileira.

2) “Não há vislumbre de composição política capaz de propiciar sucessão razoavelmente suave, como a formada em torno de Itamar Franco quando Collor foi deposto”. Ou seja, sem unidade na oposição, não se faz impeachment.

3) “O PT desponta como o único beneficiário possível, a esta altura, da queda de Dilma”. Em razão da bagunça da oposição, Lula pavimentaria seu caminho de volta ao poder, segundo Pompeu..

4) “A herança de Dilma será pesada demais”. Para Pompeu, a direita não faria a economia voltar a crescer rapidamente.

5) “Impeachment à moda de Cunha é mais do que o país pode suportar”. O ato não pode ser decidido como vingança de políticos envolvidos na Lava Jato, ou seja, por gente envolvida em corrupção.

6) “Presidentes não podem ser afastados porque são ruins, ou porque não se gosta deles”. Reconhece que não há nenhuma acusação consistente contra Dilma.

7) “O pós-impeachment arrisca ser ainda mais tumultuado que o momento atual”. Pompeu sinaliza que o atual clima de radicalização é muito descontrolado.

Provavelmente os leitores da revista ficaram perplexos com o anúncio de Pompeu. Está claro que a publicação segue na oposição, mas sem falar mais em impeachment, talvez por medo da loucura de Cunha.

No mais, tenho medo do Dudu Cu. Em alguns momentos da última semana, ele parecia ser todo o Congresso indo na direção contrária de coisas tão óbvias que não sei nem como explicar. E tudo como se fosse um tsunami. Em poucas semanas, ele e seus asseclas conseguiram aprovar a terceirização para qualquer atividade nas empresas, uma contrarreforma política, o aumento dos benefícios fiscais para templos e igrejas — falsa base de apoio de Dilma –, medidas provisórias que retiraram direitos trabalhistas e a redução da maioridade penal.

Cunha é grato e fiel a que o pagou. A votação, por exemplo, do financiamento privado de campanhas eleitorais foi uma forma de garantir aos empresários poder de influência dentro do Congresso Nacional. Com a terceirização, favoreceu novamente os empresários, que deixam de ter a obrigação de manter seus funcionários do modelo CLT de contratação. Caso a medida seja aprovada no Senado e sancionada, qualquer atividade poderá ser terceirizadas.

Na boa, espero que ele morra politicamente, mas duvido muito.

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O sofrimento de ser Pablo Picasso

O sofrimento de ser Pablo Picasso
Brigitte Bardot visitando Pablo Picasso em 1956 em seu estúdio próximo a Cannes
Brigitte Bardot visitando Pablo Picasso em 1956 em seu estúdio próximo a Cannes

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