Destes, apenas Claudiomiro, Valdomiro, Jair, Alfeu e Damião estão vivos. O último que entrou na lista? Faz mais de 40 anos.
De pênalti, Damião marca seu 100º gol jogando pelo Inter | Foto: Ricardo Duarte
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O fato acima é uma coisa… Muito outra é que Damião vem jogando mal, tendo feito apenas dois gols neste Brasileirão. Alcançou a marca por seu passado, não por seu complicado presente.
Atualmente, o Santos é muito fraco. Controlamos a partida e poderíamos ter uma vitória mais simples, não fossem os inúmeros contra-ataques desperdiçados por erros de passes, lentidão e pela ruindade de Pottker e Damião.
No primeiro tempo, por exemplo, perdemos gols feitos por Damião, Patrick e novamente Damião.
Pottker voltou a ser o pior em campo. Está assim a 13 jogos — nenhum gol, nenhuma assistência para gol –, mas parece ser intocável. Tu retiraste Damião e Lucca, mas mantiveste o 99. Acho que ele tem um grande empresário, mas gostaria de crer que Pottker só fique em campo em função da sua capacidade física. Tem sido só isso.
O que foi aquele gol que ele perdeu no final da partida, o gol que nos tiraria do sufoco?
O excelente Cuesta desempatou a partida a nosso favor | Foto: Ricardo Duarte
Do lado positivo, temos nossa zaga — novamente muito firme — que mandou nas duas áreas. O gol de Cuesta, logo após o empate do Santos, foi fundamental, ainda mais se pensarmos na baixa efetividade de nosso ataque. Notem que o pênalti que originou nosso primeiro gol foi sofrido por Iago, outro jogador de defesa. Ou seja, nosso ataque pouco fez, nossa defesa resolveu a partida.
Rodrigo Dourado também voltou a jogar muito. Tem feito excelentes atuações.
Iago também está subindo de produção. Deu um cruzamento para o Damião abrir o placar, só que…
O curioso é que estamos a 7 jogos sem perder e… Sempre sem D`Alessandro. É claro que o gringo dá uma qualidade superior ao time, mas é algo para refletir melhor. Será que é mais vantagem ter mais marcadores na frente?
Zeca fez muita falta na lateral direita. Fabiano, apesar de ter melhorado no segundo tempo, é um horror. Mas o ex-santista só retorna depois da Copa. Uma pena.
Quinto colocado — com 19 pontos em 11 jogos, 57,6% de aproveitamento, a um de distância do vice-líder –, o Inter recebe o Vasco da Gama na quarta-feira (13/6), às 21h45, na última partida antes do recesso do campeonato por 30 dias por conta da disputa da Copa do Mundo da Rússia.
Faltam 26 pontos para ficarmos livres da Serie B e uns 40 para estarmos no grupo que vai para a Libertadores 2019.
Face ao sucesso da medida na capital, Tallinn, o governo da Estónia alocou uma parcela do Orçamento nacional para permitir que as restantes cidades possam disponibilizar o acesso gratuito aos transportes públicos para os seus residentes.
Tallinn, a capital da Estônia, conduziu há cinco anos um referendo onde propunha a possibilidade de acesso gratuito aos transportes públicos, ao qual 75% dos eleitores votaram positivamente.
Para usufruir desta medida era necessário residir na cidade e pagar 2€ por um “cartão verde”. Esta medida não abrangia turistas e visitantes de outras cidades do país, que têm de pagar para usar os transportes públicos da cidade.
Esta medida provou ser de tal forma popular que agora o governo da Estônia está tornando gratuitos os ônibus de todo o país. A partir de 1 de julho, todas as cidades poderão implementar o acesso totalmente gratuito aos transportes públicos para os seus residentes.
Embora esta não seja uma medida obrigatória, quem o fizer receberá um financiamento adicional que constará no orçamento nacional do país para os transportes públicos.
“Não há dúvidas de que não só conseguimos cobrir as despesas, como obtemos lucro”, afirmou Allan Alaküla, chefe do gabinete da União Europeia em Tallinn, à PopUpCity. “Ganhamos o dobro daquilo que investimos desde a introdução dos transportes públicos gratuitos. Estamos contentes por perceber que há tantas pessoas motivadas para se inscreverem como residentes de Tallinn para acederem aos nossos transportes públicos gratuitos”.
Algumas cidades francesas e alemãs também estão a ponderar a introdução de medidas semelhantes de forma a reduzir o número de carros nas cidades e a poluição por estes causada. Também o País de Gales está a aplicar o acesso gratuito aos ônibus durante o fim de semana.
Hoje, no início da tarde, chegou um cliente de uns 40 anos que jamais tinha lido Dostoiévski. Descrevi rapidamente os temas de cada um dos cinco maiores romances do russo — Os Irmãos Karamázov, O Idiota, Crime e Castigo, Os Demônios e O Adolescente. Ele empilhou todos. Perguntou sobre a tradução de Paulo Bezerra (editora 34) e eu repeti os elogios que minha mulher, russa e grande leitora, tinha feito. Depois pediu Tchékhov. Falei sobre A Dama do Cachorrinho e Enfermaria N° 6. Ele empilhou mais esses. Passou a Bulgákov. E ele acabou acrescentando O Mestre e Margarida à pilha ou montanha (mágica?). E me disse: “Agora vou ter que escolher”. Pegou mais alguma coisa que não vi, hesitou dois segundos e decidiu.
— Quer saber de uma coisa? Vou levar tudo!
Não sei se a beleza salvará o mundo, mas acho que a leitura facilitará a vida dele na crise.
Fiquei feliz por ele. Imaginem que ele vai ler aquilo tudo PELA PRIMEIRA VEZ. E graças à Bamboletras.
P.S. — Perguntamos se algum era para presente e a resposta foi “Não, nenhum”.
(fato ocorrido domingo, 26/5, em plena crise dos combustíveis)
Uma senhora chega ao balcão para fazer uma troca de um livro. Enquanto paga a diferença, fala ao telefone:
— Oi, minha filha, estou aqui na Bambô trocando teu livro, mas queria mesmo era te fazer um convite. Vamos dar um passeio? Ir a um café ou sorveteria? O tanque do carro ainda não chegou perto da reserva e queria aproveitar contigo. O dia está lindo, o trânsito maravilhoso e a gente poderia andar por aí. Imagina, poderíamos olhar para a cidade!
A filha certamente concordou, pois ela sorri vivamente.
— Tá bom, te arruma porque chego em dez minutos. Vamos nos esbaldar!
Pottker saiu jogando nos 11 últimos jogos. Não fez nenhum gol e nem deu passe para algum companheiro marcar. É titular absoluto.
Não permita que teu amor te olhe com a cara com que Pottker olha para a bola | Foto: Ricardo Duarte
Damião marcou 2 gols em 2018. É titular absoluto.
Nico López, o goleador de 2017 e 2018, é reserva. Mas não apenas é reserva como está depois de Pottker, Damião, Lucca, Rossi, talvez até de Camilo. Sempre joga uns minutinhos na tentativa de salvar o time. É compreensível que sempre entre, já a situação geral é incompreensível.
A defesa funciona bem, a armação e o ataque não.
Acho que tu, Odair, não deve ser tão burro, deve estar obedecendo ordens superiores. Algum dirigente-empresário quer aquecer Pottker e Damião. Digo que estão sendo congelados.
E sugiro dar uma olhada no ótimo Richard, que faz tabelinha com Nico no banco.
Nem vou comentar muito o jogo de ontem porque os comentários de hoje seriam muito semelhantes aos de ontem e anteontem. Entramos com medo do SP e fomos dominados no primeiro tempo. No segundo, vimos que o bicho não era tão feio assim e até fizemos uma pressão pela vitória. Mas, com nossas armação e ataque, é complicado vencer.
Até temos um bom time, só que não utilizamos nosso potencial.
Edenílson tem contribuído pouco. Charles substituiu bem ao suspenso Dourado.
Pelo lado positivo, não perdemos há seis jogos e devemos acabar esta 10ª rodada lá pelo 8º lugar. Temos 16 pontos em 10 jogos, o que dá 53,3% de aproveitamento. É médio. Temos grupo para mais, mas tu e a diretoria querem ficar por aí mesmo.
No domingo (10/6), às 19h, jogamos outra fora de casa, desta vez contra o Santos, na Vila Belmiro.
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Meu amigo Julio Linden fez uma PREVISÃO CORRETÍSSIMA de como será Santos x Inter:
1 – Pottker sai jogando. 2 – Por volta de 25 minutos do segundo tempo entra o Rossi no lugar do Lucca. 3 – Por volta de 35 minutos do 2º tempo entra o Nico no lugar do Pottker. 4 – Se o Juan Alano estiver no banco, Odair dará mais uma oportunidade para o guri o colocando em campo aos 42 do segundo tempo. Como o jogo terá 4 minutos de acréscimo, o rapaz terá intermináveis 7 minutos para provar que poderá ser um bom jogador quando ficar MADURO.
Falta uma semana para o Dia dos Namorados e a Bamboletras criou uma listinha despretensiosa dos mais importantes casais da literatura. Muitos deles estão em nossas estantes.
Claro, o legal da data é estar junto e celebrar a relação, mas sabemos que um presente sempre abre um sorriso. Ainda mais quando este é um livro escolhido com cuidado. E, se você já observou seu amor lendo, sabe que ler é sexy.
Nossa listinha (reclamações nos comentários):
Romeu e Julieta — Romeu e Julieta Capitu e Bentinho — Dom Casmurro Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy — Orgulho e Preconceito Bibiana Terra e Rodrigo Cambará — O Tempo e o Vento Bridget Jones e Mark Darcy — O Diário de Bridget Jones Scarlett O’ Hara e Rhett Butler — E o vento levou… Tristão e Isolda — O Romance de Tristão e Isolda Abelardo e Heloísa — Abelardo e Heloísa Heathcliff e Catherine Earnshaw — O Morro dos Ventos Uivantes Jay Gatsby e Daisy Buchanan — O Grande Gatsby Blimunda e Baltasar — Memorial do Convento Diadorim e Riobaldo — Grande Sertão: Veredas Anna Kariênina e o Conde Vronski — Anna Kariênina Florentino Ariza e Fermina Daza — O Amor nos Tempos do Cólera Estella Havisham e Philip Pirrip — Grandes Esperanças Werther e Carlota — Werther Lara e Iúri Jivago — Doutor Jivago
Odair, nada tenho contra o cidadão William Pottker. Também nada tenho contra o jogador William Pottker, que às vezes é muito bom, apesar daquela bunda de marido. Só que ele passa por péssima fase e foi o responsável pelo mau empate de ontem. Os três gols que recebeu de presente e se ATRAPALHOU foram patéticos. No primeiro, ele chutou contra o corpo do goleiro sem tentar esquivar-se. Pô, o cara estava a dois metros e seria simples dar um toque e depois chutar. O segundo foi mais vergonhoso. Estava quase na pequena área e tentou colocar no ângulo. Errou POR 5 METROS. Mas o pior foi o terceiro: ele não conseguiu matar uma bola que recebeu novamente cara a cara com o goleiro. Tem que se recuperar fora do time, ninguém se recupera passando vergonha em campo, Odair. O Valdomiro foi um caso único.
Victor Cuesta corre sonhando com um armador decente para o Inter | Foto: Ricardo Duarte
Antes do início da partida, todos os colorados que têm alguma consciência do time já sabiam: teríamos 60 minutos de sofrimento com WP e uns 30 para que Nico ou Rossi tentassem corrigir as cagadas do primeiro. Mas tu insistes com Pottker.
Sim, sei que Nico e Rossi são meio loucos, mas e daí? Nico quase marcou ontem quando entrou. Foi dele aquela bola no poste, no único ataque decente que tivemos no segundo tempo.
No mais, vimos nosso conhecido time fraco, quase sem ataque e com armação deficiente. A defesa nos salva. Um time de pouca dinâmica de jogo e que tem pouca possibilidade de beliscar uma boa colocação e que por isso não pode ser mal escalado por ti, Odair.
O resultado de 0 x 0 contra o Sport deve deixar o Inter lá entre o quinto e o sétimo lugar com 15 pontos. Na terça-feira (5/6), às 21h30, enfrentamos o São Paulo, no Morumbi, sem Rodrigo Dourado, suspenso pelo terceiro amarelo. Espero que jogue Charles. Nada de Gabriel Dias, Dadá. Depois, no dia 19, vamos à Vila Belmiro encarar o Santos. O próximo jogo em casa é diante do Vasco da Gama, no dia 13, antes da parada para a Copa do Mundo.
É curioso – não creio que isso tenha sido observado até agora – que os países tenham escolhido indivíduos que não se parecem muito com eles. Seria o caso de imaginar, por exemplo, que a Inglaterra escolheria o dr. Johnson como seu representante; mas não, a Inglaterra escolheu Shakespeare, e Shakespeare é – por assim dizer – o menos inglês dos escritores ingleses. O típico da Inglaterra é o understatement, é o fato de dizer um pouco menos das coisas. Shakespeare, porém, tendia à hipérbole na metáfora, e se ele tivesse sido italiano ou judeu, por exemplo, não haveria nada de surpreendente.
Outro caso é o da Alemanha; um país admirável, tão facilmente fanático, e que escolhe justamente um homem tolerante, que não é fanático e que não está muito preocupado com o conceito de pátria; escolhe Goethe. A Alemanha é representada por Goethe.
A França não escolheu um autor, mas a tendência é Hugo. Evidentemente, sinto uma grande admiração por Hugo, mas Hugo não é tipicamente francês, Hugo é estrangeiro na França; Hugo, com aquelas grandes decorações, com aquelas vastas metáforas, não é típico da França.
Outro caso ainda mais curioso é o da Espanha. A Espanha poderia ter sido representada por Lope, por Calderón, por Quevedo. Mas não, a Espanha é representada por Miguel de Cervantes. Cervantes é um homem contemporâneo da Inquisição, mas é tolerante, é um homem que não tem nem as virtudes nem os vícios espanhóis.
É como se cada país achasse que precisa ser representado por uma pessoa diferente, por uma pessoa que possa ser, um pouco, uma espécie de remédio, uma espécie de teriaga, uma espécie de antídoto para seus defeitos.
Canção de Ninar é um thriller espetacularmente bem montado sobre um tema que afeta a quase todas as famílias de classe média urbana: as babás, a criação dos filhos, a vida profissional das mães. E Slimani dificulta sua própria tarefa ao anunciar na primeira página que o bebê estava morto e que a menina ainda estava viva, mas que não iria resistir. O que lemos depois é todo o processo que leva a babá perfeita (e perturbada) a uma série de frustrações que pensa ser insuportáveis. As poucos, Slimani nos joga detalhes que vão fazendo a tensão crescer. No fundo, fica clara a violência entre classes.
A família é a clássica: um pai, uma mãe, uma filha e um filho pequeno. No primeiro momento, a mulher, uma advogada, deixa a carreira profissional para ficar em casa com a filha. Depois vem outra criança e ela entra em crise. A rotina é o algoz que deixa suas aspirações profissionais ficam longe. Ela ama seus filhos, só que… Então ela resolve voltar a trabalhar – mesmo que seu salário dê apenas para pagar o da babá.
Ela faz uma seleção e encontra a babá perfeita, obsessiva e boa para com as crianças. Para completar, tem excelentes — e verdadeiras — referências. Louise preenche com sobras os requisitos: cuida bem das crianças e também de todos os detalhes do apartamento. Limpa tudo, faz comidinhas. É um anjo. O casal progride na profissão, mas a paz não vem. A babá não é da família, não é a família. Mas quer ser de alguém, quer ter o seu lugar.
A figura de Louise é tudo, menos a da louca caricatural de filme americano. Ela não espuma e nem fica cometendo atrocidades a la Glenn Close. O personagem e o clima de absoluto suspense são excepcionalmente bem criados. Quando nos perguntamos se os pais não suspeitaram, se não notaram nenhum sinal, pode-se responder que é mais confortável não vê-los e seguir a vida que estava indo bem.
Canção de Ninar é um livro grudento, daqueles que nos obriga a ler mais um capítulo antes de fechá-lo. E está longe de ser mero entretenimento. A coisa é perturbadora mesmo.
O primeiro parágrafo:
“O bebê está morto. Bastaram alguns segundos. O médico assegurou que ele não tinha sofrido. Estenderam-no em uma capa cinza e fecharam o zíper sobre o corpo desarticulado que boiava em meio aos brinquedos. A menina, por sua vez, ainda estava viva quando o socorro chegou. Resistiu como uma fera. Encontraram marcas de luta, pedaços de pele sob as unhas molinhas. Na ambulância que a transportava ao hospital ela estava agitada, tomada por convulsões. Com os olhos esbugalhados, parecia procurar o ar. Sua garganta estava cheia de sangue. Os pulmões estavam perfurados e a cabeça tinha batido com violência contra a cômoda azul.”
O Inter desejava fazer mais uma entrega à domicílio, mas Nico López e Cuesta impediram um empate bobo fora de casa. A propósito, Diogo Oishi, um dos moderadores da @ComuDoInter no Facebook fez um levantamento demonstrando que Nico López faz gols entrando tanto no início do jogo como em meio à partida, tanto faz. Copiei o texto dele aqui neste post, basta procurar o irmão gêmeo deste asterisco, lá antes do compacto do jogo (*).
O jogo com o Vitória foi assim:
Foi um sofrimento incrível. O primeiro tempo estava terminando com 0 x 2 e o Inter tinha um pênalti ao seu favor. Era a hora de terminar com o jogo. O Vitória é fraquíssimo, como sabemos. Só que… Rossi pediu para bater. Era a hora do treinador ou o capitão entrarem em ação e mandarem bater quem tivesse treinado para isso, ou seja, Lucca. Mas os comandantes ficaram olhando Rossi chutar a bola em direção à lua. Na sequência, o Vitória descontou e, na volta do segundo tempo, só os baianos jogaram, chegando logo ao empate. Nos descontos, graças a uma grande jogada de Cuesta, o melhor do Inter, Nico López desempatou.
Abaixo, a jogada de Cuesta e gol de Nico:
Que Jogadaça do Cuesta, que homem meu Deus! Que arrancada do Nico! Vencemos!!! pic.twitter.com/baaxdIkMun
A gente não precisava ter sofrido tanto. Nosso time se apavorou, perdeu inteiramente a compostura após o 1 x 2, deixou o Vitória empatar em nova falha de Danilo Fernandes e poderia ter levado a virada. Seria até natural. Parecia o filme 2016, o Mais Indesejável dos Retornos. Mas vencemos pela iniciativa dos platinos e, como diria Shakespeare, All’s well that ends well (Bem está o que bem acaba ou Tudo está bem quando termina bem). Que sufoco desgraçado!
Espero, Odair, que tenhas aprendido mais estas lições: (1) Nico pode ser titular, (2) Pottker e Damião estão mal, muito mal e (3) quem bate pênalti é quem treina para batê-los.
Estamos em 5º lugar com 14 pontos em 8 jogos. Vamos bem — com 58,3% de aproveitamento –, mas há que ter cuidado, a tabela está muito achatada. Antes da Copa, temos ainda 4 compromissos:
Sport (c)
São Paulo (f)
Santos (f)
Vasco (c)
O ideal quase impossível seria se fechássemos a 12ª rodada com 24 pontos (66%), mas será complicado, pois acho que vamos perder para o São Paulo no Morumbi.
Nico López preparando o chute decisivo | Foto: Ricardo Duarte
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“Ain, porque Nico López só rende quando vem da reserva” Será mesmo?
Gols de Nico López enquanto titular:
– (2) Bahia (Inter 2 x 0 Bahia) // 2018 PS: Considerei como titular pois ele entrou aos 11 do 1º tempo, ou seja, jogou boa parte do jogo. – (1) Grêmio (Inter 2 x 0 Grêmio) // 2018 – (1) Novo Hamburgo (Inter 3 x 0 Novo Hamburgo) // 2018 – (2) Guarani (Inter 2 x 0 Guarani) // 2017 – (1) Ceará (Inter 2 x 0 Ceará) // 2017 – (1) América-MG (Inter 1 x 1 América-MG) // 2017 PS: Considerei como titular pois ele entrou aos 8 do 1º tempo – (1) Juventude (Inter 1 x 1 Juvntude) // 2017 – (1) Palmeiras (Inter 2 x 1 Palmeiras) // 2017 – (2) Londrina (Inter 3 x 0 londrina) // 2017 – (1) Novo Hamburgo (Inter 2 x 2 Novo Hamburgo) // 2017 – (1) Cruzeiro-RS (Inter 2 x 0 Cruzeiro-RS) // 2017 – (1) Cruzeiro-RS (Inter 1 x 2 Cruzeiro-RS) // 2017 – (1) São Paulo-RS (Inter 1 x 0 São Paulo-RS) // 2017 – (1) Sampaio Corrêa (Inter 4 x 1 Sampaio Corrêa) // 2017 – (1) Novo Hamburgo (Inter 1 x 2 Novo Hamburgo) // 2017 – (1) Brasil de Pelotas (Inter 2 x 1 Brasil de Pelotas) // 2017 – (1) Fortaleza (Inter 3 x 0 Fortaleza) // 2016 Total: 20 Gols
Gols de Nico Lopez enquanto reserva: – (1) Vitória (Inter 3 x 2 Vitória) // 2018 – (1) Juventude (Inter 3 x 1 Juventude) // 2018 – (1) América-MG (Inter 2 x 1 América-MG) // 2017 – (1) Figueirense (Inter 3 x 0 Figueirense) // 2017 Total: 4 gols
— Nico López fez seu primeiro gol, saindo da reserva, apenas em 16/09/2017. Mais de um ano depois da sua contratação
Nico López goza desse suposto prestígio de ser um bom reserva porque entre a 19ª rodada e a 26ª rodada da série B, quando virou reserva de Eduardo Sasha, fez nada mais nada menos do que: 1 Assistência, 1 chute na trave e 2 gols (em coisa de 7 rodadas. Ou seja: Em pelo menos 4 ele entrou durante o jogo e fez algo de produtivo).
Apenas como parâmetro: Nico López entrou por 15 vezes como titular e 17 vezes como reserva na série B em 2017 (16×16 considerando o jogo do américa-mg como titular)
Não, gente, Nico Lopez NÃO É melhor vindo da reserva. Por uma condição óbvia: Nico Lopez tem um índice de efetividade baixo (ele não é um matador), mas tem um índice de produção alto (ele é um criador de oportunidades). Ou seja: Ele não é o cara que entrará no jogo, incendiará e precisará de uma bola para matar. Ele será o cara que talvez até incendeie, mas precisará de vários chutes até acertar. E, tendo 15 minutos, pode ser que ele não tenha chutes o suficiente.
Então assim: Se você realmente acreditava que “Nico jogava melhor/nico produzia mais” quando saia da reserva. Pare de acreditar, você está simplesmente errado. Os números mostram isso.
Então, eis que tivemos mais um capítulo desse recente drama que o Grêmio vive: a inglória missão de furar retrancas. Ontem à noite, lá na Arena, o Fluminense entrou em campo de forma semelhante aos times que enfrentamos nas últimas rodadas do Brasileirão – e ao Defensor, que também chegou todo fechado lá atrás, para nos encarar na Libertadores.
Éverton contra as retrancas | gremio.net
Muito provavelmente, Renato, tudo isso seja reflexo lá do início deste mês que hoje se encerra. Após uma sequência de grandes goleadas nossas, todos os times que nos encararam, principalmente aqui em casa, estabeleceram um padrão tático que faria inveja a Karl Rappan, o técnico inventor do “Ferrolho Suíço”.
Chegando no estádio com dois amigos que foram assistir à partida comigo, comentei com eles: “O jogo de hoje vai ser um saco! Tenham certeza que o Fluminense vai entrar numa formação defensiva com uma linha de 5 atrás e uma linha de 4 logo à frente, no meio, com um jogador do setor se deslocando para pressionar a bola e o resto fechando”. Dito e feito!
Ao longo dos 90 minutos de partida, nós tivemos 70% de posse de bola, 20 finalizações e oito escanteios (contra nenhum do Fluminense). Apesar do grande número de chutes, foram apenas seis a gol, sendo poucas chances claras para marcar. Novamente, Renato, tivemos o predomínio absoluto do jogo, mas não conseguimos transformar isso em vitória.
Num primeiro tempo em que praticamente apenas nós jogamos, nossa melhor oportunidade veio num cabeceio do Kannemann, que passou rente ao travessão, por cima do gol. André teria feito um dos grandes golaços de sua carreira, se não estivesse ligeiramente impedido antes de matar no peito e mandar uma bicicleta para as redes da meta do time carioca.
O segundo tempo mudou um pouco de figura. Se o adversário não tem um grande elenco, tem pelo menos um técnico que sabe “tirar leite de pedra”. Diferentemente dos confrontos contra Atlético-PR, Inter e Paraná, em que ficamos no 0 a 0, mas não corremos risco nenhum, os cariocas souberam propiciar alguns bons contra-ataques, que levaram perigo à nossa meta. Agradecemos mais uma vez ao Grohe, por sinal.
O meio campo com Maicon e Cícero na volância certamente ganha qualidade na armação, Renato, mas perde um pouco em marcação – e dali e do mau posicionamento do Madson é que nasceram as jogadas de perigo do adversário. Sinto que o Arthur faz falta não somente pela sua importância na equipe, mas porque o próprio futebol do nosso capitão não tem a mesma desenvoltura sem ele – ontem o Maicon cometeu alguns erros de passe e demarcação que não costuma cometer, mas foi bem mesmo assim.
Luan, apesar de criticado pelos analistas dos botecos dos arredores da Arena, é sempre uma peça fundamental no time. Mesmo não produzindo tudo que pode, as jogadas das melhores chances sempre passaram por seus pés, terminando em passes precisos que carregavam o time para o ataque com mais qualidade. Mas, como ele mesmo sabe, pode fazer mais, apesar da ferrenha marcação que sofre.
E as nossas melhores chances de vencer o Fluminense vieram na metade da segunda etapa, pelos pés do Everton. Contudo, ontem ele não conseguiu ser decisivo, como tem sido neste 2018. O destaque vai para dois lances: o primeiro no contra-ataque fulminante, em que deixou o marcador na saudade e encobriu o goleiro, que conseguiu dar um leve desvio na bola, fazendo-a sair caprichosamente, na rede pelo lado de fora; a segunda foi a grande chance do jogo, em que ele perdeu um gol que não é do seu feitio, com a bola sobrando dentro da área e o goleiro já vendido no lance (bateu novamente na lateral de fora da rede).
Eu entendi a tua opção por Lima no lugar do Ramiro, Renato, procurando dar mais ofensividade ao Grêmio, que sabia que enfrentaria um ferrolho. Mas não funcionou muito bem, porque o garoto teve boa movimentação, até desenvolveu bem algumas jogadas, mas nenhuma produção efetiva. Pepê entrou bem em seu lugar, mas também não fez muito. O destaque negativo da partida vai para Madson, que APANHOU da bola, e para os escanteios mal batidos pela equipe – hora de voltar aos treinamentos!
Enfim, mais um 0 a 0. Contudo, apesar de também estar insatisfeito com o resultado, gostaria de dizer que não faz o menor sentido esse clima de “queda” que alguns estão tentando criar. Se o Grêmio não reproduziu seu melhor futebol nas últimas rodadas, também não se pode dizer que não manteve uma vitoriosa sequência, atrapalhada por empates com times que entraram com o único objetivo de não perder o jogo para nós.
Neste mês de maio, o Grêmio fez nada menos do que nove partidas, tendo seis vitórias e três empates – sabendo que poderíamos ter saído vitoriosos de todos estes. Fez 17 gols e sofreu apenas três (um no time reserva, um contra e aquele azarado na goleada contra o Santos, em que a bola desviou no Kannemann e interrompeu o recorde de invencibilidade do Grohe). E isso tudo lembrando que não conseguimos colocar os 11 titulares em campo há dois meses.
Temos que ter em mente, Renato, que nossa missão até a parada da Copa do Mundo vai ser enfrentar, em meio a todo esse desgaste, times que entrarão em campo contra o Grêmio para fazer um ponto (talvez o Palmeiras fuja dessa lógica). Até que as outras equipes comecem a precisar construir o resultado, buscar a vitória, a nossa realidade será continuar encarando adversários que se contentam em empatar conosco no Brasileirão.
Quero dizer, com isso tudo, que obviamente gostaria de estar na liderança, agora um pouco distante por conta desses pontos perdidos. Mas que não há qualquer motivo para desesperança, visto o alto padrão de jogo que o time tem mantido e as circunstâncias atuais. Mudanças pontuais e alguns reforços no elenco podem muito bem nos colocar na ponta da tabela, visto que não há nenhuma equipe disparando neste início de campeonato. Que venham os próximos jogos! Até domingo e boa viagem a Salvador, Renato!
Às vezes, almoço no Parangolé Bar E Restaurante. É muito tranquilo, gostoso e equilibrado. Hoje, completei nove ou dez almoços e ganhei um grátis, mas o que desejo contar é que sempre compro uma mineral com gás e levo a garrafa com o resto, normalmente a metade do conteúdo. Jamais lembraria que esquecera de levar minha água na última sexta. Pois o Seu Cláudio guardou o restante na geladeira. Hoje, ele perguntou se podia servir a água que eu já comprara. São gestos desses que fazem o Parangolé um lugar tão especial. É muita atenção, honestidade e fineza. Meu muito obrigado ao pai da Ana Laura Freitas!
O primeiro clube não sul-americano a aparecer é o Barcelona, com 120 jogos a menos que o Inter. É que a CBF precisa agradar as federações regionais para ganhar votos e seguir com a catrefa de sempre…
Aquele gol do Rossi aos 92 minutos… Foi tão Champions League, né, Odair?
A comemoração do gol decisivo de Rossi | Foto: Ricardo Duarte
E foram 30 mil pessoas ao Beira-Rio durante a crise dos transportes! Nossa torcida é maravilhosa, mas o time tem que trazê-la para o seu lado. Jogando bola.
Pois bem, iniciamos o jogo pressionando o Corinthians até Klaus e Danilo Fernandes fazerem uma lambança antológica. Um esperou pelo outro, ninguém foi na bola, Mateus Vital foi: 0 x 1. O maior culpado foi o zagueiro, que surpreendeu o estádio inteiro ao se omitir.
Jogamos bem mais do que o Coringão. Nosso principal problema foi a péssima atuação de Pottker. Com Damião isolado, o Inter tinha dificuldades para atacar. Lucca era o melhor da frente, mas estava sozinho. O que está acontecendo com Pottker? O moço dá boas entrevistas e não parece burro. Mas quando entra em campo, tenta arrancadas individuais que não dão certo. Nem olha para os companheiros de time. Tornou-se totalmente improdutivo.
Nosso meio de campo permanecia sem armação. A coisa só avançava pelas laterais. Não temos um meio produtivo. Com todo mundo pelos lados, há um Saara entre Dourado e Damião. Não melhoramos muito neste quesito no segundo tempo, mas pressionamos bastante.
O segundo tempo trouxe o Corinthians ainda mais recuado e o Inter com absoluta segurança defensiva. Mas sem força no ataque. O gol saiu quando tu tiraste Iago para colocar Nico López. O time melhorou muito. Com companhia Damião começou jogar. Num lance muito bem realizado, Lucca cruzou e Damião marcou. Então os ingressos de Rossi e Juan fizeram aumentar a pressão sobre os paulistas. Passamos a criar e perder gols. Um foi justamente anulado.
O gol que nos deu a vitória nasceu de um constrangedor erro defensivo do lateral Mantuan. Mas demonstrou que Rossi é um cara ligado, prontinho para deixar Pottker na reserva.
Meu amigo Julio Linden faz uma observação importante: o perfil de jogadores como Moledo, Zeca, Lucca e Rossi tem feito uma diferença brutal em relação aos grupos de jogadores de anos anteriores. Eles não são acomodados e resignados com derrotas.
Odair, teu trabalho começa a aparecer, mas há que afastar esses medalhões e ter uma conversinha ao pé do ouvido do lateral esquerdo Iago. Zeca parece que vai resolver o problema do outro lado. Participou maravilhosamente nos momentos de pressão sobre o Corinthians.
O resultado deixa o Inter na oitava posição do Brasileirão, com 11 pontos em 7 jogos. Faltam 34 para nos livrarmos da Segundona… Na quarta-feira (30/5), o Inter vai a Salvador enfrentar o Vitória pela oitava rodada. No Beira-Rio, volta a atuar no dia 2 de junho contra o Sport.
Renato, tu sabes que não sou caminhoneiro, mas estive parado semana passada. Todavia, as últimas três partidas do Grêmio merecem um comentário comum: foram três ocasiões em que o Grêmio precisou furar uma retranca. Felizmente, tal quarta passada, na Libertadores, conseguiu ontem, lá em Fortaleza.
Thonny Anderson comemora seu gol ao final da partida em Fortaleza | Foto: gremio.net
É verdade que nossa vitória deste domingo saiu num contra-ataque já nos 15 minutos finais de jogo. Algo que eu tenho até dificuldades de me lembrar quando aconteceu pela última vez. Nosso Tricolor, em seus triunfos recentes, vence se impondo sobre o adversário ou na base do ABAFA.
Agora, Renato, eu me permito ser sincero contigo: o Grêmio dos últimos jogos tem ficado abaixo das exibições que nos fizeram criar tantas expectativas para esta temporada. Apesar de ainda manter o padrão tático e o controle do jogo, o time tem sido mais lento nos ataques e errado mais passes.
Claro, vamos dar um desconto: já faz dois meses que não conseguimos entrar com todos os titulares em campo. A ausência do Arthur é muito sentida no meio campo. Ontem, ao menos tivemos a volta do Everton. E que diferença com ele no ataque!
O Cebolinha foi simplesmente o homem do jogo. Infernizou a defesa adversária do início ao fim, metendo uma bola na trave na primeira oportunidade, com nem três minutos se partida. Ainda sofreu dois pênaltis, sonegados pelo senhor Wagner Reway (esse cidadão não ia tomar uma geladeira mais severa, depois da LAMBANÇA que fez em Vitória e Flamengo, na primeira rodada?).
De qualquer forma, a despeito da péssima arbitragem a que estamos acostumados, merece destaque o gol da partida. Não sei se foi precipitação do Jorginho ao mandar o time do Ceará para cima do Grêmio no fim do jogo, mas o Everton, que nada tem a ver com isso, fez uma jogada espetacular no contra-ataque.
Como um velocista, atravessou mais de meio campo, para servir a bola cabeça de Thonny Anderson, que tinha acabado de entrar (que estrela, hein, Renato?!), para marcar com o gol livre. O meu elogio maior, porém, vai pelo fato de que o defensor do Vozão tentou fazer falta no Everton no meio-campo, no início da jogada, que preferiu a jogada a tentar cavar um cartão. Garantiu nossa vitória assim.
Se o Cebolinha continuar com essa bola toda, vai acabar mais cobiçado do que frentista de posto com gasolina. Merece todo nosso reconhecimento, então. Por outro lado, o destaque negativo vai para André, que sabemos que tem muito mais potencial do que o futebol que tem mostrado. Te liga, guri!
Enfim, apesar de não ter sido uma grande atuação, o 1 a 0 protocolar garantiu os três pontos, que era o mais importante. Graças aos resultados paralelos, acabamos nos mantendo a apenas dois pontos da liderança – que, sabemos, poderia ser nossa. Mas não é hora de ficar chorando sobre leite derramado.
Depois de amanhã, quarta-feira, retornaremos ao gramado da Arena. Enfrentaremos o Fluminense, adversário direto pela ponta da tabela. Renato, sei que o calendário é complicado e que o time vem sofrendo com o desgaste (10 jogos e mais de 30 mil quilômetros a serem percorridos neste mês que antecede a parada da Copa do Mundo).
Renato, com foco total no Brasileirão agora, faremos cinco jogos em duas semanas, três deles em casa. É a oportunidade de buscarmos a liderança do campeonato – ou de ficarmos o mais próximo possível dela, pelo menos. Depois de podermos curtir a Copa do Mundo, torcendo por Geromel e companhia (não sei os outros, mas eu irei), esperamos retornar com o time completo e preparado para um segundo semestre, que, tomara, seja de muitas alegrias também.
Eu lia as histórias de Farinatti em seu extinto blog, então, para mim, é impossível considerá-lo um estreante. Sempre gostei de seu estilo fluido e focado na história. Mas lia seus contos à medida que ele os publicava, espaçados no tempo. O conjunto de 12 contos de Verão no fim do mundo — lidos em duas sessões de 6 contos — teve efeito catalisador e me surpreendeu positivamente. Há unidade nas 125 páginas do livro, não há pontos fracos. Hábito que tenho quando gostei muito do que li, o final do livro fez com que eu girasse o volume em minhas mãos frias de maio, sem desejar abandoná-lo. Bom sinal. E quais foram os motivos principais disso? O caráter profundamente humano daquilo que tinha lido, o fato do autor não participar do livro em digressões e a facilidade da leitura. Como bônus, vai um tanto de bom humor, principalmente no conto Reunião Dançante.
O ambiente mais comum das histórias é o da região de Santa Maria e periferia. Creio que apenas Copacabana e O rio pela janela passam-se fora daquela região, no Rio de Janeiro e em Paris. Mas não esperem regionalismo. O que há são as peculiaridades dos habitantes da região, perfeitamente integradas às histórias. Em Laranja azeda, uma velha senhora que está perdendo sua moradia orgulha-se e vê vantagem em algo inusitado. Em Lembrança dos teus familiares são mostradas contradições entre quem conhece e desconhece o morto. Em Forasteiros, temos o descontrole em uma região onde a presença policial é rarefeita. Farinatti sabe envolver e finalizar suas histórias. Como Ernani Ssó escreveu abaixo, há semelhanças com as obras não-Maigret de Simenon.
Mas meu conto preferido é mesmo a história-título, cheia de cortes e lacunas.
Ou seja, a coleção é muito boa. Há voz própria, a abordagem é variada e criativa, o texto é fluido e envolvente. Sei que Farinatti passou muito tempo revisando e reescrevendo estes contos. Afirmo que valeu a pena. Muito.
Recomento fortemente.
Lançamento de Verão no fim do mundo em Porto Alegre:
Neste sábado, 9 de junho, às 18h
Na Livraria Bamboletras
Centro Comercial Nova Olaria
Rua Gen. Lima e Silva, 776
Luís Augusto Farinatti (foto retirada do perfil do autor no Facebook)
Passei um medo danado a semana passada: recebi um livro de um amigo. Não estou de brincadeira, não. Imagina se eu não gostasse? Pra piorar, trata-se de livro de estreia. Pelas minhas contas, livro de estreia bom só acontece um ou dois por década e olhe lá.
Previ noites de insônia e suores frios, mesmo que eu tenha visto esse amigo apenas duas vezes. Sabe o que é? Devido à educação que recebi (por culpa de uma avó pra quem a sinceridade era matéria de fé) aliada a um distúrbio acho que glandular, costumo dizer o que penso, principalmente em matéria literária e política. Isso nunca acabou em tragédia, mas, convenhamos, minha vida social é complicada. Enfim, o terceiro encontro com meu amigo poderia ser constrangedor.
Não deu nada. Gostei demais dos contos do Luís Augusto Farinatti. Agora pretendo mostrar as provas ou pelo menos dar minhas razões. Também meus desconsertos. Uma resenha é um espaço muito limitado.
O Verão no fim do mundo (editora Modelo de Nuvem) tem doze contos. Pelo quarto ou quinto, comecei a me perguntar: a quem Farinatti leu mais? Eu não via influência de ninguém que eu conheço. Seus contos estão na linha do Tchekhov – gente comum, dramas cotidianos, silêncios nas horas certas -, mas isso não quer dizer absolutamente nada, porque uns oitenta por cento dos contos seguem a linha aberta por Tchekhov e muitos autores nem precisaram ler Tchekhov pra isso, tal a marca que o homem deixou.
Lembrei então do Sérgio Faraco. Farinatti tem uma prosa tão clara e seca, tão organizada e sólida como a dele, mas pensei no Faraco mais pelo cenário, o Rio Grande do Sul da fronteira, as cidadezinhas cheias de tédio, o conhecimento das coisas do campo. Aos apressadinhos, aviso logo: não há regionalismo algum no Farinatti, tipo uma ode à chula, nem é necessário um glossário – como também não é necessário conhecer Copacabana ou Paris pra ler os contos ambientados por lá. A massinha de modelar do Farinatti são as pessoas, e as pessoas, sabe-se, são mais ou menos bestas em qualquer lugar.
Enfim, é bem possível que seja ignorância minha, como em tantos outros casos. Mas acho que o Farinatti não deixa pistas porque não teve pressa de publicar. Ficou quieto, trabalhando duro, até amadurecer. Pela cara dele não se diria. Vá acreditar em cara.
Ao chegar ao fim do volume, tive de olhar o índice e pensar: do que foi mesmo que gostei mais? Sim, o conjunto é bem parelho, mas a dificuldade de escolha foi porque no começo senti a literatura em segundo plano. Eu lembrava de umas pessoas, dos dramas delas. O escritor tinha ficado oculto, sem ostentações de linguagem e sem comentários explicativos. Essa confiança no que se narra e essa confiança na perspicácia do leitor não se aprendem de um dia pro outro. Outra coisa é que pra apostar totalmente nas pessoas é preciso conhecer um tiquinho delas.
Evidente que o escritor não tem como se ocultar no caso da escolha do drama e da comédia que aborda e, digamos, no gerenciamento deles ao longo dos parágrafos. Foram a escolha e o gerenciamento que me levaram aos contos preferidos: oito, alguns mencionados abaixo. Os detalhes: a naturalidade e intensidade com que as pessoas e suas dores são apresentadas, a revelação às vezes súbita do desvão de um sentimento dúbio (o que ultrapassa o mero retrato), a história se fechando sem pontas soltas, embora deixe portas e janelas abertas ou semifechadas pra quem quiser se arriscar.
Lá pelas tantas me lembrei do Georges Simenon, escritor focado apenas no drama e no que está estreitamente conectado a esse drama, considerando literatura ou excrecência tudo o que entrar no texto apenas por si mesmo. Ele disse, numa entrevista, que as cartas que recebia de leitores não eram cartas comentando seu belo estilo ou coisas assim. Eram pra contar que tinham vivido algo parecido com o que tal personagem tinha vivido em certo livro, ou pra contar seus próprios problemas, como se Simenon fosse um padre ou médico.
Não sei bem por quê, mas acho que os leitores do Farinatti não vão se confessar com ele. Agora, pode apostar, vão contar histórias dos vizinhos, de um cunhado encrenqueiro ou ridículo, do filho drogado de um conhecido. Coisas assim. Por mais besta que seja a história, ou até por isso mesmo, o Farinatti a salva com sua mágica: recria o contexto e dá peso humano a cada gesto. Mágica simples, como se vê, mas de fatura complicadíssima.
Ver pra crer? Leia “Laranja azeda”, o segundo conto do volume. Com um mínimo de fatos, como fazer um doce de laranja azeda e pegar dois ônibus, temos uma situação, uma velha sem ânimo, um sobrinho ativo e ganancioso que nem aparece, mas está presente demais, uma vizinha indignada, dois advogados conformados com a incompetência e umas lembranças descosidas – tudo gente nítida e emoções turvas. Como se isso não bastasse, lemos com interesse. Pra encerrar, um exemplo de revelação súbita de um sentimento esquivo: quando a velha se admira, com uma espécie de orgulho, que seu processo tenha sido enviado a Porto Alegre e não lamenta ou não compreende sua derrota, temos o traço mais profundo e talvez mais cruel sobre essa pessoa.
Por falar em nitidez, o Farinatti faz uma coisa que a maioria dos escritores contemporâneos desaprendeu: seus personagens (sabemos sempre quem é quem e como se sente) se movem num mundo concreto. Com pequenos toques, ele indica onde estamos, se faz sol, se venta, se há mais gente por perto. Atenção: ele não para a narrativa pra descrever. O ambiente está integrado à ação. Daí que temos uma grande sensação de solidez, de realidade em três dimensões. O texto nunca é um exercício de linguagem, mas um objeto, uma coisa feita de madeira, sei lá. Isso acontece mesmo em contos como “O rio pela janela”, que acontece mais na cabeça do rapaz do que num apartamento em Paris.
Depois dos primeiros contos, passei a confiar no taco do Farinatti. Mesmo assim, às vezes me peguei ansioso, temendo que ele estragasse o final da história, como em “Forasteiro”. Havia tudo pra uma derrapada. Mas não. Ele nos dá um desenlace surpreendente e ao mesmo tempo de uma naturalidade à prova de balas. Talvez até tenha nos levado de propósito a pensar num lugar-comum do tipo mais usado nos mais reles filmes gringos. O personagem segue em frente e o Farinatti sai de fininho, nos deixando na mão.
É isso, o autor oculto ou esquivo se revela mais quando silencia. Também é mais eloquente quando silencia. O silêncio está em toda parte no Verão no fim do mundo, mas em contos como “Lembrança dos teus familiares” (as informações contraditórias e a mudez de quem conhece o morto) e “Tarde de domingo” (como o assassino, se é mesmo um assassino, reagiu?), se você prestar atenção, pode ouvir ao fundo o risinho sacana do Farinatti.
Uma última coisa: disse que ele manja de gente. Como o silêncio, esse conhecimento está em toda parte, em detalhes, falas, atmosferas, tristezas. Meu exemplo favorito é o final do conto “Reunião dançante”, talvez o mais divertido e com certeza o mais bem-humorado. Sim, o adolescente às voltas com um amor romântico é atropelado pela vida. Sabe-se, a vida não dá moleza, a vida nos vira pelo avesso a três por quatro. Às vezes nos vira do avesso deliciosamente. Os sinais de que topei com alguém adulto, quer dizer, que aceita a vida sem precisar cobri-la com o merengue de qualquer tipo de fé, me faz bem.
Meus reparos a esses contos são tão pequenos que nem vale a pena falar. Corte de uma que outra palavra, melhoria de uma que outra frase, coisas que às vezes podem ser descontadas em minhas manias. Mas do final de “Isaura e o Toco” não abro mão. Acho que devia ser apenas uma insinuação.
No mais, encontro você na livraria Bamboletras, dia 26 de maio, às 18 horas. Ou vai ficar em casa lendo best-seller de americanos iletrados? A gente precisa vencer o Bananão em todas as frentes.