Bom dia, Odair (com os lances de Caxias 1 x 2 Inter)

Bom dia, Odair (com os lances de Caxias 1 x 2 Inter)

O gol que Jonathan Álvez fez no jogo dos reservas do Inter de ontem… Parecia Romário. Viram a consequência de ficar no banco ou de fora vendo o Tréllez jogar? A contratação de Trèllez é cada vez mais complicada de explicar, meu caro Marcelo Medeiros. Álvez é limitado, mas sempre deu melhores resultados do que o colombiano e Pedro Lucas, quando não é expulso.

Marcelo Lomba, atualmente um monstro | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Bem, o Inter venceu o Caxias no Centenário por 2 x 1 pelas semifinais do Gaúcho. Foi um sufoco — nosso goleiro Marcelo Lomba foi o melhor em campo –, mas o time enfrentou bem e realmente tentou vencer o Caxias. Foi pra frente, tomou muitos contra-ataques e venceu, trazendo um bom resultado.

Os árbitros seguem sua senda de absurdos. Ontem, ocorreu pênalti duplo num lance na área com Camilo, mas o apitador decidiu ignorar os fatos, mesmo estando em cima do lance. Primeiro, houve uma mão na bola e depois Camilo foi derrubado…

Bem, o desempenho da equipe importa sim. Enfrentamos o terceiro melhor time do campeonato, tivemos enormes dificuldades, mas ganhamos o jogo. Difícil de reclamar. Não gostei de Rithely e, é claro, de Tréllez. Estes comprometeram, mas o resto foi desentrosado e razoável do ponto de vista individual. Camilo esteve muito bem.

Agora, tudo é River Plate. O jogo será quarta-feira (3), às 19h15. O perigoso jogo de volta contra o Caxias será sábado (6), às 16h30. Podemos perder por 1 x 0. Empate dá Inter.

Os lances do jogo começam aos 8 segundos.

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Oscar Niemeyer e seu perfil fake no Twitter

Eu admiro Oscar Niemeyer. E, apesar de não ter a menor participação do moço, ultimamente tenho me divertido também com seu perfil fake no Twitter. O @ONiemeyer (“Arquiteto. Comunista. Centenário. O único brasileiro do século XX cuja obra durará mil anos. E estará lá pra conferir. ATENÇÃO: PERFIL FAKE!”) é engraçadíssimo. Vale a pena acompanhar as piadas de humor negro e as ianda mais negras sobre comunismo. Há boas chances de que o autor do perfil seja também arquiteto.

Algumas entradas:

— Caro @fidelcastro, perdoe o desabafo, mas a última leva de charutos que você me enviou estava uma merda.

— Acabei de ver uma manteigueira que renderia uma sala de concertos perfeita. Vou copiar.

— Zé Alencar, Tuma, Sarney, tudo no hospital. Esses jovens de hoje se detonam muito rápido.

— Se eu mandasse um cartão de melhoras pra toda vez que o Zé Alencar deixasse o hospital, eu teria que abrir uma gráfica.

— Comecei a pagar um plano de previdência privada hoje. Nunca se sabe o futuro.

— Quando o sol bater ♪♬ Na janela do teu quarto ♪♬ Lembra e vê que foi erro de projeto.

— Projetei um escorregador pra minha bisneta. Dane-se que não dá pra escorregar, é BO-NI-TO.

— Eu só vou morrer no dia em que o Brasil tiver um presidente comunista. E falo SÉRIO! 

— Já tentei fazer regressão a vidas passadas, mas o mais longe que consigo chegar é nos meus 5 anos de idade.

— Nada é mais comunista do que minha obra: seja rico, pobre, ou burguês, todo mundo se sente desconfortável dentro dela.

— Plínio não vence esta eleição e nem em 2014. Mas será o grande nome de 2018. Podem escrever!

— Vi a Mulher Melancia na Fazenda e tive uma idéia para um centro de convenções gigantesco. Já volto.

Abaixo, o verdadeiro abre seu voto para 31 de outubro:

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A Marcha dos 100 Anos

O Bernardo demora para liberar quaisquer fotos. Haja saco! Tudo o que vocês verão aconteceu em 4 de abril de 2009, dia do centenário de nosso Internacional. Houve uma marcha de milhares de colorados — não lembro o total — desde a antiga sede do clube, atual praça Sport Clube Internacional, até o Beira-rio. A cerimônia na praça foi gozadíssima, com direito a apupos para o vice-prefeito José Fortunati, que resolveu falar nas grandes realizações de seu governo, e principalmente para o inábil prefeito Fogaça que achou por bem reclamar do público que fazia coro chamando Renata Fan de gostosa. Ele disse “Que falta de respeito!”. Resultado: mereceu a maior vaia daquela manhã. Enquanto esta acontecia, Renata Fan curtia sorridente seu sucesso. Ainda sorrindo, ARRANCOU o microfone da mão do imbecil que aspira ser o próximo governador e deu aquele BOM DIA À MAIOR E MELHOR TORCIDA DO RIO GRANDE que incendiou a homarada. Como pode um prefeito desconhecer a tal ponto o trato social com um público futeboleiro majoritariamente masculino?

As fotos estão em ordem cronológica.

Saímos da praça sob uma das enormes bandeiras que cobriam o público. Meu filho se atirava no chão, procurando os melhores ângulos.

Acima, ele já está em pé. Soube depois que o Prestes caminhou um bom tempo a nosso lado, mas não quis apresentar-se por pura gueizice.

Bonita foto, não? Sei lá como ele a tirou.

Mais panos criando aquele mar vermelho que tanto mal faz a alguns adversários.

Ah, esse eu vi. Estávamos na Aureliano de Figueiredo quando ele apareceu gritando em cima da caminhonete. O Bernardo parou a caminhada a fim de pegar um bom ângulo. Conseguiu.

Esse muro é bem alto, viram? Acho que o Dado tentou registrar a queda do sujeito. Uma frustrada tentativa jornalística do gênero “Um corpo que cai”.

Uma foto oficialista. Se fosse eu, me mandaria as fotos da Renata Fan e daquela peituda (adoro!) da Miss Colorada ou coisa que o valha. Mas se ele prefere o presidente Píffero, então tá….!?

A civilidade dos gremistas. Achei bonito. Todo mundo se emocionou. Eu imaginei como minha mulher — que é torcedora do Grêmio — devia estar feliz naquele momento de grandeza de meu time. Certamente, pensava em como era bom ter um homem feliz… e longe! Bom, eles poderiam ter nos mandado à merda. Tinha Gre-Nal no dia seguinte. Sim, ganharíamos deles novamente. É o costume.

Aqui, o Bernardo tenta registrar a massa. Olha, tinha muita gente. Há fotos aéreas que mostram a multidão. Muita gente mesmo.

Nova tentativa. Subimos no viaduto, mas não encontramos forma de demonstrar que estávamos no meio da marcha e que esta não tinha final próximo.

Sem graça. Por que me mandaste essa, animal?

Ooooooh, que fofinho. Como havia mulheres e como são bonitas as coloradas! Vocês já notaram? O Luis Felipe dos Santos, do Impedimento, estava lá com sua filha, a Morgana. Mas ela é bem maior que a(o) gulochinha(o) acima.

E, para finalizar, a foto de cunho social Sebastião Salgado-like (estou sendo injusto com meu rebento, a coisa saiu bonita). Esta é a única fora de ordem, mas fica melhor aqui. O Bernardo botou a câmara na cara da família que assistia à marcha. A mãe das crianças desapareceu subitamente.

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A um Escritor que Amo

Quando o li pela primeira vez, foi por exigência do colégio. Tinha 14 anos e foi uma revelação. Nunca antes me deparara com nenhuma atividade que me interessasse de verdade. Não queria ser médico ou engenheiro – tinha eu 14 anos de idade… – mas poderia ser aquilo. Escreveria livros! A partir daquele, comecei a procurar outros do mesmo autor e notei como ele frequentemente citava músicas. Ora, meu pai era um homem de muitos discos, então era fácil conhecer as coisas de Beethoven, Mozart, Brahms e Bach de que ele falava. Depois, conheci Herbert Caro, que — amigo de Erico — fez-me uma relação verbal das músicas que ele ouvia repetidamente em casa, enquanto escrevia ou nos intervalos. Sabe-se hoje que Erico Verissimo deixou por escrito a recomendação de que, se quisessem lembrá-lo no futuro, não precisariam fazer grandes homenagens e discursos, bastaria reunir seus amigos e leitores “numa noite, qualquer noite” e tocar um “dos últimos quartetos de Beethoven, algumas sonatas de Mozart e qualquer coisa do velho Bach. E o resto – que diabo! – o resto é silêncio.”

Ontem à noite, fui a um concerto em homenagem aos 100 anos de nascimento de Erico Verissimo – ele nasceu em 17 de dezembro de 1905. Executou-se um quarteto de Mozart, outro de Beethoven e o esplêndido Op. 25 de Brahms. Foram apresentados por membros do Salzburg Chamber Soloists Ensemble. O fundador e regente desta orquestra é um portoalegrense chamado Lavard Skou-Larsen. Lavard é um violinista filho de mãe brasileira e pai dinamarquês e, mesmo morando desde os 4 anos em Viena, conhece a obra de Erico por influência de sua mãe. O concerto foi espetacular, com destaque para a violoncelista – e mulher de Lavard – Adriane Savytzky, para a pianista israelense Revital Hachamoff e para o entusiasmo, tesão e alegria de todos. Não houve discursos. Com fotos de Erico por todo o lado, ouvimos música. A empresa patrocinadora fez das suas apresentando um vídeo institucional, mas sabemos que sem patrocínio não tem concerto. Se todas as homenagens a Erico forem deste porte, teremos um grande final de ano em Porto Alegre.

Erico viajava muito ao exterior e costumava dizer aos que não conheciam Porto Alegre: “Moro numa cidade que tem Orquestra Sinfônica”. Para ele, isto demonstraria inequivocamente nosso tamanho, civilidade e humanismo. Tinha razão. Espero que a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre não esqueça dele.

P.S.- Esta pequena crônica foi escrita em abril de 2005. Sim, a Ospa homenageou Erico no concerto do dia 13 de setembro de 2005. O programa não foi um horror, mas também não incluiu nada que o escritor especialmente admirasse: começou com a Abertura da ópera “Fosca” de Carlos Gomes, depois veio o Concerto para Piano e Orquestra em lá menor de Schumann e finalizou com a Sinfonia nº 4 em ré menor, também de Schumann. Poderiam ter lido trechos de seus livros, apresentando as músicas depois, mas como são uns béocios, perderam a oportunidade. Uma pena.

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Amor

Quando eu era criança, costumava fechar a porta do meu quarto para narrar futebol em voz alta com maior liberdade. Minha irmã me enchia o saco, dizendo para eu parar de inventar aquilo. Narrava jogos espetaculares onde o Inter vingava-se de todas as humilhações que o Grêmio nos submetia naqueles anos 60. Era uma vida interior movimentada, que fazia minha garganta doer pelo esforço de gritar tantos gols. Também sonhava com jogos, escrevia escalações, contratava jogadores inatingíveis – muitas vezes era um deles — e fazia cálculos, anotando num caderno vermelho todos os jogos dos campeonatos que o Inter participava. Era uma coisa meio demente, ainda mais num tempo em que o Campeonato Gaúcho valia alguma coisa e em que o Grêmio havia vencido 12 dos últimos 13. Era uma tragédia ter 11 anos naquele 1968 que terminaria com o AI-5. Mas tinha certeza que os anos me fariam melhorar. Minha mãe também.

É, mas não mudou muito. É um grave defeito de fabricação. Vocês não me pegarão mais aos berros no meu quarto – ainda mais se estiver acompanhado –, mas minha vida interior, quando não estou submetido a estresse, inclui aquele momento em que passo a pensar no próximo jogo, na próxima escalação e, ainda, nas próximas jogadas. Entro no elevador e de repente vejo D`Alessandro pisando na bola, retardando o ataque… Aquilo me irrita e já saio do elevador preocupado. No dia seguinte, acordo e de cara levantam uma bola em nossa área. Sandro salva e partimos para um contra-ataque com Taison e Nilmar: gol certo enquanto escovo os dentes.

Acho que há pessoas que pensam em dinheiro e mulheres o tempo inteiro — eu até perco muito tempo também nisso –, mas a vida interior do torcedor de futebol é um pouco diferente. Claro que todo este interesse está associado a um clube que amamos e que, por definição, é mais importante do que todos os outros. E quando este clube tem um inimigo, este será o mais odioso e horrendo – e sifilítico e purulento e idiota e filha da puta e a nossa cara. Sim, acabo de descrever sucintamente o Grêmio.

E então este clube faz cem anos, contingência inevitável para quem, mesmo endividado, não morre e a gente fica todo bobo, achando que o dia 4 de abril nos oferecerá vales onde correm o leite e o mel, com 11.000 virgens amorosas vertendo Baileys das tetas. Confesso que balancei quando meu sobrinho me convidou para ir ao jantar do centenário, mas recuei ao saber que custava R$ 200,00. Também não me entusiasmei pelos tais fogos — quase sempre fecho minhas noites de sextas-feiras em cinemas –, mas achei legal a coisa da caminhada até o Beira-rio no sábado, a tal Marcha do Centenário.

Fiquei indignado quando um pessoal aí, os quais são indiscutivelmente os maiores representantes das torcidas gaúchas (preciso indicar a ironia?), convidaram o prefeito gremista para a caminhada e ameaçaram até com a Yeda. Céus, que gente mais sem noção! Para que misturar a mais simples das comemorações – a procissão de colorados do incerto local onde o clube foi fundado até o Beira-Rio – com mais uma tentativa desesperada de manter a troca de favores com o poder? E eles seriam retaliados, vaiados, precisariam de seguranças. Nosso momento cívico ficaria uma merda.

Sim, eu disse cívico, pois colorado é o que sou. Se habito fisicamente a Rua Gaurama, tenho uma segunda vida com endereço aqui; se tenho um telefone, também tenho e-mail; se sou Suda de modo geral, sou especificamente brasileiro; se tenho o futebol em minha vida interior — assim como tenho a Gaurama, o blog, o número do telefone, o endereço de e-mail, a Suda e o Brasil — esta se foca repetida e especificamente para o Inter. O Inter e seus grandes times moram em mim, completam um século neste sábado e é fato dos mais dignos de celebração que eu possa imaginar, mesmo que tenha achado todos os outros centenários (principalmente aquele) manifestações ridículas e sentimentalóides, sem intersecção com nosso centenário. Não tinha pensado nisso, mas devo me comover na caminhada. Afinal, ninguém consegue ser crítico de si mesmo e o Inter, sei, sou eu.

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