“Somos Azuis, Pretos e Brancos”: o Tricolor em busca de suas cores

“Somos Azuis, Pretos e Brancos”: o Tricolor em busca de suas cores

O presente texto é produção de Matheus Donay da Costa, que na época de publicação do texto estava no quarto semestre do curso de História da UFSM. Trata-se de uma revisão do livro “Somos Azuis, Pretos e Brancos”, do jornalista Leo Gerchmann. Matheus é integrante do Stadium- Grupo de Estudos de História do Esporte e das Práticas Lúdicas. Os resultados parciais deste trabalho foram já apresentados e o resumo publicado nos anais do XIV Encontro Estadual de História da Associação Nacional de História – Seção Rio Grande do Sul (ANPUH-RS), em julho de 2018.

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Quantas cores cabem em um clube de futebol? Na cidade da longevidade, Veranópolis (interior do RS), o clube homônimo carrega um título pouco comum no esporte: pentacolor. A seleção holandesa carimbou na história apelido que dialoga com sua cor, imponente e singular. Nos tempos de Cruyff cunhou-se o termo “Laranja Mecânica”. Na mesma década do sucesso holandês, as arquibancadas do estádio Olímpico transformavam o Grêmio num clube de 7 cores: as do arco-íris, por méritos da torcida Coligay.

Em 1903, ano da fundação, foi definido que o uniforme do Grêmio seria listrado nas cores azul e havana, com gravata branca. Por falta de oferta no comércio, o havana foi substituído pelo preto e assim se fazia o tricolor de Porto Alegre. É o que nos conta o jornalista Leo Gerchmann no seu livro Somos Azuis, Pretos e Brancos, publicação que provoca algumas inquietações em leitores curiosos.

Capa do livro “Somos Azuis, Pretos e Brancos”.

Comigo, a relação com o livro inicia-se no inverno de 2015 em Santa Maria. Lembro que fazia bastante frio e fui à feira do livro em busca da recém lançada obra da L&PM, o livro do Gerchmann. Indisponível, mandei mensagem para o autor. Em 2 dias, estava em destaque na banca da editora. Texto lido, alguns questionamentos na cabeça, novas histórias e personagens a conhecimento do público. Histórias que, conforme o autor, ficaram esquecidas ou deixadas em segundo plano por muito tempo por diversas razões.

O tempo passou, entrei no curso de História e, em contato com aquele universo cotidiano de palavras – historiografia, fonte, método, teoria – um ensinamento: ler a contrapelo. Assim voltei à obra do Leo, sabendo que não se tratava de uma produção acadêmica, ainda que fosse um livro de história (como está identificado na sua classificação). E a história, se pretendemos levá-la minimamente a sério, exige método. Logo de cara constatei: esta história pra mim começa no gelado inverno santamariense de 2015, para o Leo começa (ou se intensifica) numa noite fria de agosto de 2014, quando ocorre o episódio de racismo com o goleiro Aranha na Arena.

Não demorou muito para que o clube abrisse suas portas para o lançamento de Somos Azuis, Pretos e Brancos. Eis uma nova memória em disputa, diferente daquela difundida popularmente: o clube do povo (Internacional) versus o clube da elite branca (Grêmio). A proposta do autor é clara: acabar com a pecha atribuída ao tricolor, desfazer a injustiça. Marcos Rolim, autor do prefácio, é enfático: “A investigação histórica de Léo Gerchmann nos libertou”.

Mesmo que escrito por um jornalista e a obra seja reivindicada como livro-reportagem, chamo a atenção para um aspecto fundamental. Aqui, faço uso de um trecho do livro “Pesquisa Histórica e História do Esporte”, elaborado por diversos pesquisadores da área. “A questão é simples e óbvia, mas deve ser relembrada, inclusive porque é clara a característica multiprofissional do campo de investigação (no qual atuam “historiadores de formação”, mas também oriundos de outras áreas): qualquer que seja a opção teórica/metodológica adotada, a história do esporte é sempre história. São os debates da disciplina-mãe (bem como das ciências humanas e sociais como um todo) que devem nortear a atuação do pesquisador, independentemente da sua área original de formação.”

Com base na leitura de Somos Azuis, Pretos e Brancos, tentei pinçar as fontes utilizadas, afinal, é impossível revisitar o passado sem acessá-las. Nas primeiras páginas, as fontes são indicadas como documentos abertos de forma irrestrita pelo Grêmio (no livro aparecem ainda algumas colunas de jornais e fotografias), além do auxílio do Memorial Hermínio Bittencourt e do Museu do Grêmio, ambos pertencentes à instituição, além de alguns entrevistados. Todavia, o grande problema de Somos Azuis, Pretos e Brancos reside aqui, nas fontes.

Fontes orais

Num mundo tomado pelas fake news, quem preza pela qualidade de uma informação/afirmação demanda que ela seja corroborada de alguma forma. Assim, toda e qualquer conclusão há de ser amparada em fontes concretas, estilhaços do passado que nos oferecem caminhos para buscar acessar o que já aconteceu. Em Somos Azuis, Pretos e Brancos, constantemente são expostos relatos orais de entrevistados. Frente a esta situação, me questiono: o que Gerchmann faz em seu livro é história oral?

Na historiografia, a pertinência dessa metodologia é constantemente debatida. Afinal, é a história relatada por um indivíduo, com suas crenças, suas emoções, sua subjetividade. História oral não é um fim em si mesma, e sim um meio de conhecimento (Alberti, 2007). Quando se estuda um tema através da oralidade, é preciso estudar os diversos discursos produzidos pelos entrevistados, ou seja, as variadas narrativas tornam-se objeto de análise.

Vamos aos casos de Somos Azuis, Pretos e Brancos. No segundo capítulo, Gerchmann expõe uma situação em que o Internacional não aceitava analfabetos. A fonte? “Relatos de pessoas que viveram os primórdios do clube”, segundo ele. Mas quem são essas pessoas? Quando isso foi sabido? Curiosamente, esse tipo de produção de história nos remete muito ao que Gerchmann critica em seu texto: histórias transmitidas sem responsabilidade, que perpetuam atribuições que a princípio não condizem com a instituição. Aliás, a denúncia é interessante. Uma investigação contundente poderia trazer informações inéditas acerca de uma eventual exclusão por parte do Internacional.

Em outro momento, Léo recorre a Tarciso (atacante negro do Grêmio dos anos 70 e 80). Para corroborar a tese, diz Tarciso: “Nunca sofri preconceito no Grêmio. Fui muito bem acolhido e vivi grandes alegrias. Sou muito grato ao torcedor gremista e ao povo do Rio Grande do Sul.”  Contudo, vale pontuar que Tarciso é o segundo maior artilheiro da história do clube. A acolhida e o trato com um jogador de glórias dentro das quatro linhas podem transcender (ou amenizar) muitas barreiras raciais, não?

Somos Azuis, Pretos e Brancos é recheado dessas conclusões amparadas por uma metodologia pouco crítica, que arbitrariamente escolhe o que considerar e o que relevar. Utilizar as palavras de um jogador negro para descartar a discriminação no clube é no mínimo duvidoso. O mesmo ocorre com a transcrição de falas de Alcindo, o maior goleador do Grêmio. Segundo ele, sempre achou estranho quando diziam que o clube era segregacionista. “Xingamentos racistas? Oriundos apenas da torcida do Internacional.

Analisando todas essas passagens do seu livro, é notório que há um esforço em fazer história através da metodologia oral. Ao passo que há este esforço, há também muitas idas na contramão de uma história oral coesa. Primeiramente, por afirmações não corroboradas por outros tipos de fontes. Em segundo lugar, por considerar a narrativa dos seus entrevistados (o restrito nicho de dois ex-atletas negros do Grêmio) provas irredutíveis. Não há crítica ou investigação histórica, como recomenda-se. A compreensão também fica menos nítida por não saber que tipo de perguntas Gerchmann fez às suas fontes e como conduziu as entrevistas.

Fontes documentais

Trabalhando com documentos, Leo Gerchmann dedica um capítulo inteiro para o primeiro estatuto do clube, uma consolidação das primeiras atas. Segundo ele, um documento de vanguarda que seria aceito por qualquer entidade progressista do nosso século. Aqui, me chama a atenção as interpretações extraídas dos artigos do estatuto. Dos deveres dos sócios, o artigo 6 exige bom comportamento no recinto da sede e fora dela. Léo celebra tal exigência no comentário que a segue. Mas afinal, o que seria um bom comportamento no ano de 1911, pouco mais de 20 anos após a proclamação da República, em uma Porto Alegre em constante crescimento urbano e industrial?

Ainda no estatuto, Gerchmann não poupa exclamações para salientar um trecho que exige o respeito às nacionalidades, crenças e opiniões de seus consócios. Me pergunto de novo, quais são as crenças e as opiniões dos consócios do Grêmio em 1911?  Para validar a ideia de que este artigo do estatuto sugere um clube democrático (como é feito no livro), seria indispensável saber quais são as crenças.

O autor ainda endossa um trecho que fala em “vedar a entrada no recinto do Grêmio às pessoas que achar inconvenientes” traçando um paralelo com a atualidade, onde o Grêmio e outros clubes têm tentado fazer com as torcidas organizadas. Mas afinal, deveriam as torcidas organizadas serem vedadas e tratadas como inconvenientes? Uma posição pouco comum entre aqueles que defendem um futebol popular.

Fontes fotográficas

Imagem em destaque da capa do livro “Somos Azuis, Pretos e Brancos”.

Outro recurso que é muito utilizado no livro são as fotografias, principalmente no capítulo “Os negros além de Adão”. Ainda que seja muito sugestiva, uma foto não contém em si uma verdade absoluta. São inúmeras as variáveis: luz, sombra, estado de conservação, revelação do filme, principalmente fotografias em preto e branco.

No livro são apresentadas fotos de jogadores identificados como negros e mulatos pelo autor, com propósito de desmentir a história de que Tesourinha, apenas em 1952, teria sido o primeiro jogador negro do Grêmio. Buscando por outras fontes que dessem alguma pista, encontrei a biografia de Tesourinha publicada por Sergio Endler em 1985. Ele afirma: “Na verdade o Grêmio já utilizara em sua equipe jogadores considerados “baianos”. Isto é, homens com algum traço biológico negro, mas com predominância branca na sua aparência física.”

Todavia, Endler não trata o tema com a devida precisão, o que exigiria uma  investigação mais profunda. No mais, jornais da época (que não são abordados no livro) acusam a estreia de Tesourinha como um marco histórico, o fim de um preconceito de 50 anos vigente no clube. Aliás, cabe aqui uma ressalva acerca do uso de jornais: eles também não são detentores da verdade, produzem discurso com base em diferentes variáveis, como a ideologia dos proprietários, interesses econômicos, políticos, entre outros. Pra mim, a questão dos primeiros jogadores negros do Grêmio permanece ao menos aberta à discussão. Requer uma análise mais apurada, que cruze outras bibliografias e fontes históricas.

Jornal do Dia, em 15/02/1952, trata como bombástica a especulação do jogador “colored” Tesourinha.

O historiador (ou qualquer um que se sujeite a construir uma história) está fadado à arbitrariedade. Escolhe qual fonte vai trabalhar, qual vai deixar de fora, como vai produzir o texto. Seria inocente pensar o contrário. Acontece que em Somos Azuis, Pretos e Brancos a arbitrariedade soa gritante, demonstra-se escancarada a cada parágrafo, revelada em contextos mal explicados ou sequer mencionados. No capítulo chamado “Prejuízos do Marketing”, Gerchmann discorre sobre um período de crise no Grêmio, onde se cunhou a “cruel e indevida caracterização de elitismo”.

Os anos 40, de fato, não foram fáceis para o clube. O rival Internacional empilhava campeonatos gaúchos com o time que ficou conhecido por Rolo Compressor e que contava com jogadores negros no elenco. A abertura do Grêmio era quase que uma necessidade para interromper a hegemonia colorada. Para o autor, este episódio de crise foi meramente socioeconômico, longe de qualquer questão racial. Um período em que, para se reerguer, o clube foi atrás da sua “essência”.

Mas afinal, o que seria “voltar à essência”? Este período turbulento só é retomado posteriormente por Gerchmann no capítulo “Preconceito? Algo a ser combatido por todos”, um espaço onde procura (com muita resistência) reconhecer notórios episódios racistas na instituição.

Nos anos 40, se destaca uma figura no clube chamada Aurelio Py, antigo presidente do Grêmio e conselheiro à época. O livro reproduz na íntegra o discurso de posse de Py, chamado “O credo do bom gremista”, que em algum momento diz: “Creio no Grêmio porque, trabalhando pelo aprimoramento da raça, colabora na formação de uma raça eugênica para o nosso futuro.” Gerchmann faz uma citação interessante aqui, explicando a eugenia através de Francis Galton, que seria “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.” 

O que chama a atenção é a conclusão tomada pelo autor, que a partir desta definição conclui que a eugenia citada por Aurelio Py seria a recuperação da alma gremista vitoriosa, e não uma referência à raça no sentido biológico. Como escrevi anteriormente, tal capítulo propõe-se a reconhecer erros, ainda que seja extremamente resistente. Isso porque todo e qualquer evento citado precede ou antecede da palavra “ato isolado” ou “episódio menor”.

Imagem da webserie no canal oficial do Grêmio no Youtube. Título é o mesmo do livro de Leo Gerchmann e conta a trajetória de diversos jogadores negros no clube.

Problemático tanto no uso de fontes como nas interpretações, vejo a narrativa do livro como outro ponto a ser debatido. São constantes os malabarismos retóricos para desvincular o Grêmio de qualquer origem elitista e segregacionista e acabar com a imagem de “bom moço” do Internacional. A escrita fala por si só, com palavras escolhidas minuciosamente, principalmente quando Gerchmann discorre sobre os primórdios do Grêmio e sua relação com a família Mostardeiro (que vendeu terrenos para o clube e foi sócia da instituição).

Fica notório em passagens como “Mostardeiro e Dona Laura eram um casal de origem humilde que fez fortuna com muito trabalho e tino empreendedor”. Conta também que Dona Laura promovia festas para trabalhadores, muitos deles ex-escravos e que lá se liam poesias socialistas. Fatos alheios à história do Grêmio mas que transmitem uma ideia, ainda que inconsciente, de aproximação popular do clube no seu início. Quanto à atribuição do Internacional à uma origem elitista, faço questão de reproduzir as palavras de Gerchmann:

“Antes de entrar no segundo motivo para a adoção do nome Internacional pelo rival do Grêmio, quero contar um pouco mais sobre esse Internacional de São Paulo. Vejam bem como o mundo dá voltas. Em 1933, em dificuldades financeiras (como o nosso Internacional também viveu por aqui em razão da crise de 1929, o Internacional paulista, cujo uniforme era igual ao do Milan ou do Atlético Paranaense (listras vermelhas e pretas na vertical), fundiu-se ao Antarctica Futebol Clube. Juntos, originaram o Clube Atlético Paulista, que, por sua vez, em 1937, uniu-se ao Estudantes. Daí, saiu o Estudantes-Paulista, que, em 1938, foi incorporado ao São Paulo FC. Sim, o São Paulo Futebol Clube! O Internacional de São Paulo, um dos inspiradores do nome que acabou sendo adotado pelo homônimo de Porto Alegre, é uma das vertentes do São Paulo, o clube paulista tido como mais elitizado, como sede no luxuoso bairro Morumbi, na capital paulista. Que coisa!”

A ideia é simples mas trabalhosa: busca associar, através do Inter de São Paulo (clube onde jogavam os irmãos Poppe, fundadores do Inter de Porto Alegre) e suas diversas uniões e fundições, uma ligação entre luxo, elitismo e o Internacional. Um malabarismo trabalhoso.

História x Memória

Clube se apropriou do título da obra em suas publicações oficias.

Enfim, poderia discorrer tantas outras linhas sobre as diversas passagens contidas em Somos Azuis, Pretos e Brancos. Porém, detenho-me aqui à uma conclusão: tal livro deve ser encarado como um produtor de memória, não de história.

Reproduzo aqui outro trecho do livro “Pesquisa Histórica e História do Esporte” (2013), que melhor elucida essa diferença: “Nesse ponto diferenciam-se os trabalhos do que Marieta de Morais Ferreira (2002) definiu como “historiadores” e “produtores de memória” (history makers). O segundo grupo seria composto por autores que produzem trabalhos sem se ater aos cuidados metodológicos; esses acabam por considerar suas fontes como se fosse um retrato fiel do que ocorreu no passado. Ao utilizarem relatos orais, reproduzem discursos de memória como história, apresentando assim um ponto de vista particular do ocorrido como um estudo crítico do passado.”

Memória e História não são sinônimos, mesmo que conversem entre si. A História precisa, enquanto ciência, ser crítica, suportada por metodologias. Ser carrasca com as fontes, ir à exaustão com perguntas aos documentos. A memória, esta sim, permite a subjetividade, a parcialidade, a reformulação do passado condicionado pelo presente. Se aproxima-se do tipo de conteúdo apresentado por Gerchmann: uma obra importante, sim, que traz à luz uma discussão de extrema relevância, mas que soa oportuna, visto o contexto de sua publicação. O tema é caro e tanto Grêmio quanto Internacional precisam de suas histórias passadas a limpo, para além das fontes institucionais. Precisam da história, não da memória. Memória os milhões de aficionados produzem diária e incansavelmente.

Se no inverno de 2015 quase fui convencido pelo texto do Gerchmann, três anos depois, Somos Azuis, Pretos e Brancos me causa inquietação. Ainda há muita coisa a ser investigada. Há muita conduta a ser revista nos dias atuais para que não voltamos às crises dos anos 40. Que continuemos a tentar descobrir nossas cores, sobretudo, com rigor.


Referências Bibliográficas:

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 3ª Ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2007

ENDLER, Sergio. Tesourinha.1ª Ed. Porto Alegre: Editora Tchê!, 1984.

GERCHMANN, Leo. Somos Azuis, Pretos e Brancos. 1ª Ed. Porto Alegre: L&PM Editores, 2015

MELO, V. A. et al. Pesquisa Histórica e História do Esporte. 1ª Ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013

 

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Medina sem filé

Medina sem filé

Como tem razão um amigo colorado que me escreveu no Whats sobre o Cacique Medina! Leiam:

O bom cozinheiro é aquele que faz algo acontecer com o que tem. Com filé todo mané faz bom bife. Técnico bom é quem faz render com o que tem a mão…

Virou ironia

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Registros fotográficos familiares da época da construção do Beira-Rio

Registros fotográficos familiares da época da construção do Beira-Rio


Milton Nerd dentro do Beira-Rio em construção em setembro de 1968 (eu tinha 11 anos). A época era de ditadura, mas os óculos são do Realismo Socialista.


Eu e minha irmã …


E meu pai, falecido em 1993 e que infelizmente não pode ver Campeão do Mundo o clube que me inoculou com tanta competência.


Orgulho após impedir o octacampeonato do Grêmio (foto de janeiro de 1970, 12 anos)

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Um bom dia curto e grosso, Odair (com os melhores lances do fiasco de ontem)

Um bom dia curto e grosso, Odair (com os melhores lances do fiasco de ontem)

Odair, o Inter entrou em campo com o regulamento debaixo do braço e saiu com ele enfiado no c… Sim, este é o blog da tradicional família gaúcha, mas às vezes ultrapassamos a linha do bom gosto. Tu também, Odair.

Foto de abertura do grupo do Facebook @ComiDoInter
Foto de abertura do grupo do Facebook @ComuDoInter

Vou ser curto e grosso, tenho que trabalhar. Nosso time tem péssimo toque de bola. Qualquer coisinha e a bola espirra ou passa tranquilamente sob os pés de nossos jogadores, ignorando nossa angústia. Somos nervosos e ruins, Odair. Então, sendo assim, como vamos controlar o adversário apenas tocando a bola e nos defendendo? Vamos é passar todo o tempo nos defendendo, correto? Isso é da mais pura lógica.

Quantos contra-ataques foram desperdiçados? Quantas bolas foram perdidas bobamente, devolvendo a bola para aquelas débeis tentativas do Vitória? Muitas. Até que eles criaram coragem e começaram a perder gols. Até que fizeram um.

Ou seja, nossa abordagem foi totalmente equivocada. Não nos conhecemos. A única forma de jogarmos é com esforço ou, como dizem, com a corda esticada. Retranca? Retenção de bola? Esqueça. Nosso estilo não pode ser o de apenas manter a bola conosco, pois sucumbimos a qualquer marcação. Mesmo a do Vitória.

Para piorar, tu estavas perdendo o jogo e com a quase certeza de ir para os pênaltis. Então, o que fizeste? Tiras D`Alessandro, um gol quase certo, para colocar Camilo. Camilo é bom chutador e fez o dele, mas porque ele não entrou no lugar de outro, de um menos dotado para a tarefa? É só pensar, coisa que se faz pouco no Beira-Rio.

Bem, agora só temos o Brasileiro até o fim do ano. Faltam 42 pontos para não voltarmos para a Segunda Divisão. Acho que é simples, só que nada é simples para quem não usa o cérebro.

https://youtu.be/-QVxQSnXJUY

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Bom dia, Guto (com os melhores lances de Inter 3 x 0 Figueirense)

Bom dia, Guto (com os melhores lances de Inter 3 x 0 Figueirense)

O Inter voltou a ocupar a liderança do Campeonato Brasileiro da Série B após vencer o Figueirense por 3 x 0 numa tarde horrivelmente chuvosa no Beira-Rio. (Eu não fui, vi em casa, Guto. Deixo esse gênero de heroísmo para os jovens). Voltamos ao primeiro posto beneficiados pelo empate de sexta entre Ceará e América-MG, o que deixou os mineiros a nosso alcance. Agora o Inter tem 45 pontos com 13 vitórias. O America tem os mesmos 45, mas com 12 vitórias, primeiro critério de desempate. Informamos que o quinto colocado — o primeiro a não subir para a Série A — é o famigerado Juventude, que tem 40 pontos e que perde para o Paraná no segundo critério de desempate, o saldo de gols. Então, estamos a 5 pontos de distância da desgraça. É pouco.

O próximo jogo do Inter é no próximo sábado contra o Náutico, em Caruaru, às 16h30. O time pernambucano, como sempre, está aflito ou, melhor dizendo, já está acomodado horizontalmente em seu velório. Mas vocês sabem: o Inter gosta de tentar recuperar mortos e só falta uma mão cair para fora do caixão em nossa presença.

Faltam 14 rodadas e, com mais 20 pontos, estaremos livres da maior vergonha de nossa história. Jamais devemos esquecer os responsáveis por nossa queda no ano passado. Citamos novamente e nominalmente os caras, para que todos possam decorar: Fernando Carvalho, Vitório Piffero, Carlos Pellegrini, Argel Fucks, Celso Roth e alguns outros. Mas vamos ao jogo de ontem.

Sasha ensaia um pas de deux no meio da chuva. Bonitinho, não?
Sasha ensaia um pas de deux no meio da chuva. Bonitinho, não? | Foto: Ricardo Duarte

Não foi uma partida brilhante do Inter. Fomos apenas razoáveis. O jogo iniciou e de cara fizemos o primeiro gol. Uendel cruzou e Pottker entrou de carrinho para fazer 1 x 0. Claudio Winck quase marcou o segundo aos 11 min, mas o Figueirense teve uma chance claríssima de gol com Henan aos 21. Danilo Fernandes fez uma defesa milagrosa. Este primeiro tempo teve um Inter acomodado em campo. A chuva estava fria, deveriam correr mais para compensar, mas Edenílson fazia péssima partida, D`Alessandro pensava numa cama quente ausente, e Pottker sumiu após seu gol e do fiasco de querer passar e passar a bola para Damião quando ele mesmo deveria ter feito o segundo. Por falar nele, Damião era o único que estava realmente com tesão.

O segundo tempo parecia ser um bom momento para Juan, mas o que estou dizendo… Desculpe, Guto, sei que jamais é um bom momento para o menino.

Voltamos para o segundo tempo com um pouco mais de entusiasmo e não demorou para o segundo gol sair. Aos 7 min, D’Alessandro cobrou escanteio e Leandro mergulhou — era o dia perfeito para isso — entre os zagueiros para cabecear. Era o 93º gol seu com a camisa colorada, o quarto neste ano.

O último gol só saiu aos 37 min do segundo tempo quando Uendel fez grande jogada, invadindo a área a dribles e servindo Nico López para marcar o terceiro gol. Foi o 14º do atacante uruguaio, que isolou-se na artilharia da temporada.

Foi uma partida pobre contra um adversário que está louquinho pra cair. Resumindo, nosso primeiro tempo foi triste, com uma pequena melhora no segundo. Mesmo assim, o Figueirense pouco incomodou.

D’Alessandro está suspenso novamente pela sequência de cartões. Sim, Recife é longe, Dale. Depois, tem um ônibus até Caruaru. Um saco, né? Este é o nono (9º) cartão do gringo na Série B. O homem é uma usina amarela de reclamações. Não poderíamos ter Gutiérrez no lugar de Dale e Nico no lugar de Pottker, Guto? Porque Sasha já senti que é aquele cara amado pelo treinador, o que o torna imexível.

https://youtu.be/s8q6HHTuGvw

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Bom dia, Guto (com os melhores lances de Figueirense 1 x 2 Inter)

Bom dia, Guto (com os melhores lances de Figueirense 1 x 2 Inter)

Guto, apesar do futebol singelo, o Inter mostrou três boas novidades no jogo de ontem:

(1) os reservas — tínhamos 6 no time — correram todo o tempo;
(2) tivemos contra-ataque;
(3) Juan.

E apenas isso parece ter sido suficiente contra o fraco Figueirense. Pois novamente jogamos miseravelmente. Mas digo com sinceridade, Guto: Parabéns! Tua estratégia de colocar reservas em forma para jogar deu certo. O futebol exige igualdade física para que possa aparecer quem tem mais futebol, mesmo que daquele nosso jeito desajeitado.

Diego: após chocar-se violentamente contra a trave, o forte Diego comemora seu gol | Foto: Ricardo Duarte
Diego: após chocar-se violentamente contra a trave, o forte Diego comemora seu gol | Foto: Ricardo Duarte

A suada vitória deixou-nos na quinta posição, com oito pontos, a três de distância do líder Juventude. No sábado (10/6), o jogo será contra o quase lanterna e aflito Náutico, às 16h30, no Beira-Rio.

Na noite chuvosa de ontem, em Porto Alegre, éramos uns dez cães molhados assistindo o jogo no bar de meu eterno sofrimento. O gol de Cuesta quase não foi comemorado. Olhamos uns para os outros e um colorado nada delirante disse: “Logo eles empatam”. Não deu outra. Em falha de Carlinhos — que, aliás, falhou durante todo o jogo –, o Figueira empatou ainda no primeiro tempo. E quis nos pressionar. Só que desta vez tínhamos o contra-ataque, figura tão ausente nos últimos meses quanto o bom futebol.

Não preciso descrever a partida, vocês todos sabem e há os melhores lances abaixo, então vou direto para as conclusões.

Carlos e Carlinhos… Olha, juntos, os nomes já indicam que talvez fizessem sucesso no sertanejo secundarista. Já como jogadores de futebol… Após perder aquele gol inacreditável contra o Juventude, Carlos mostrou-se rapidíssimo em estragar vários contra-ataques promissores com passes infantis. O bom Pottker do segundo tempo já estava puto com ele.

E Carlinhos é o clássico lateral que não marca, fato só aceitável se o cara atacar como um Júnior do Flamengo e da Seleção, um Marcelo do Real Madrid, um Roberto Carlos ou Marinho Chagas, porque estes exigiam serem marcados, o que inverte tudo.

Gostei da segurança de Danilo Silva na bola alta — acho que ele deve permanecer –, e da entrada de Juan, que fez um esplêndido lançamento para Pottker servir a Diego no segundo gol. Charles esteve mais ou menos bem e Brenner afundou de novo. O que houve com ele?

O resultado causa certo alívio, mas há que ter sequência. A Série B é uma barbada para quem joga futebol. O nível técnico é rasante. Só que, sem jogar futebol, até uma partida de Casados x Solteiros no Parque Saint-Hilaire é complicado, e nem falo dos assaltos. Então, Guto, o negócio é deixar o grupo no nível físico dos outros times e jogar um pouquinho. Ah!, e se esforçar como os adversários. Não é muito.

Mas é VITAL conseguir, entendeu?

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Bom dia, Odair (com os melhores momentos de Inter 2 x 1 Palmeiras)

Bom dia, Odair (com os melhores momentos de Inter 2 x 1 Palmeiras)

O Inter voltou a jogar bem contra o Palmeiras, voltou a sentir a falta de preparo físico — o time morre aos 20 minutos do segundo tempo –, voltou a se retrair quando achou que estava classificado — maldito cacoete adquirido com Argel e que foi o responsável pela nossa queda para a Série B –, voltou a perder a disputa em razão do item anterior e Nico López voltou a desperdiçar oportunidades. O gol marcado pelo Palmeiras ao final da partida deu-lhes a vaga e agora nossa vida é a Série B e a Primeira Liga.

D`Alessandro após o marcar o primeiro. O passe de Edenílson foi um primor.
D`Alessandro após o marcar o primeiro. O passe de Edenílson foi um primor. | Foto: Ricardo Duarte

Por favor, esqueçam a Primeira Liga, nossa vida é a Série B.

E lá estamos com dificuldades de vencer em razão da falta de articuladores. Só D`Alessandro faz isso. Aliás, ontem Edenílson jogou muito e auxiliou Dale na função. É um caminho.

Mas a Copa do Brasil já era. Creio que Guto Ferreira possa ter feito boas observações no jogo de ontem. O preparo físico precisa melhorar, a dedicação tem de ser a mesma e o time tem que reaprender a evitar as viradas dos adversários tocando a bola e não recuando e dando chutões.

Afinal, reza a Lei de Marcelo Bielsa:

O time que abdica de jogar com a bola, multiplica o número de bolas que o adversário terá.

A qual pode ser completada pela Lei de Andrade. O ex-grande jogador e treinador do Flamengo dizia:

O time que está sem a bola corre o dobro.

Há também uma Lei de Cruyff, que diz:

Há apenas uma bola em campo, então você precisa tê-la.

Sem estas três considerações razoavelmente cumpridas e mais um bom preparo físico, vai ser complicado.

Agora as coisas estão bem claras. Há 35 jogos da Série B até o final do ano. O resto é bobagem.

https://youtu.be/7EH8mIS1tI4

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Bom dia, Zago (com os melhores lances do Gre-Nal de 2 x 2 de ontem)

Bom dia, Zago (com os melhores lances do Gre-Nal de 2 x 2 de ontem)

O Grêmio dava uma saranda no Inter no primeiro tempo. Bolaños e Luan navegavam tranquilamente em campo. O Inter marcava de longe e eles podiam pensar no que fazer antes de receber a marcação. Já o Grêmio marcava em cima e obtinha enorme vantagem. Eles tem mais time, ainda. Mas Renatinho Portaluppi, velho amigo do Inter desde que era aprendiz de padeiro em Bento Gonçalves, resolveu mudar e recuar o tricolor no início do segundo tempo — esta afirmativa não é minha, é do próprio Renato, na coletiva após o jogo. Resultado: o Inter virou o jogo antes dos 15 min do segundo tempo. O empate do Grêmio veio num chute da entrada da área, com a bola passando entre três jogadores do Inter, o que provocou a falha de Danilo Fernandes. Lastimável.

O pessoal do Grêmio aprendeu muito ontem | Foto: Ricardo Duarte
O pessoal do Grêmio aprendeu muito ontem | Foto: Ricardo Duarte

Mais um empate. O empate dispara na ex-rivalidade Gre-Nal. Agora são 129. É o clássico Gre-Pate ou InPate. O Inter venceu 154 Gre-Nais, o Grêmio, 127, e temos 129 empates. Dá-lhe empate! Até os empates estão à frente do imortal…

Foi um bom resultado para nós, time merecidamente na segunda divisão. Apesar de não marcarmos nada bem, de os jogadores do Grêmio receberem sempre livres a bola, algo verdadeiramente apavorante, temos evoluído, Zago, e isso é o mais importante. Tu pegaste um grupo limitado, abalado psicologicamente e há 18 meses sem treinador. Ah, por falar em abalado psicologicamente… Charles e Léo Ortiz estavam nervosíssimos. William ligado em 220 V, o que é inútil. E Carlos… Olha, sei que Nico se machuca demais, mas é muito superior a este Carlos. Tem que jogar sempre. Nosso ataque tem que ser Nico e Brenner. E é melhor esquecer de Anselmo.

Nossa comemoração foi compreensível e justa. D`Alessandro, que não é nada burro, sabe que empatar com o Grêmio fazendo dois gols era impossível três meses atrás. Melhores em campo? Do nosso lado, D`Alessandro, Nico, Dourado e Brenner, que tem se mostrado um centroavante consistente.

Se seguirmos nesse ritmo, teremos um bom time para voltar para a Série A, em 2018. É sempre perigoso elogiar no inicio de março, mas acho que a diretoria tem trabalhado bem na dispensa de jogadores e nas contratações. E já damos trabalho a times do baixo clero da Libertadores.

https://youtu.be/isyYNyBAf6o

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Bom dia, Zago (com os melhores lances de Inter 1 x 0 Flu)

Bom dia, Zago (com os melhores lances de Inter 1 x 0 Flu)
O gol foi do volante Charles | Foto: Ricardo Duarte
O gol foi do volante Charles | Foto: Ricardo Duarte

Ontem, fizemos melhor partida de 2017. Sim, tivemos poucos jogos, o ano está recém iniciando, mas o losango formado por Anselmo, Dourado, Charles e Dale foi a melhor solução encontrada até o momento. É claro que o adversário era o time reserva de Fluminense e jogamos com três volantes. Mas isso é mera tese, porque Dourado não joga mais como volante, está sempre no ataque e precisa de proteção atrás. Charles e ele alternaram-se eficientemente na função de ir ao ataque, preocupando o Flu.

Os laterais Alemão e Uendel atacaram bem — às vezes ao mesmo tempo, certamente em razão da presença dos tais 3 volantes — e tiveram problemas atrás. Acho que Uendel e Charles são as melhores notícias do ano. Klaus e Paulão atuaram bem demais. (Não tenho nada contra o Paulão jogar bem). Na frente, tivemos D´Alessandro pela direita e Valdívia pela esquerda, com o péssimo Roberson centralizado.

O interessante é que o gol de Charles teve uma troca de passes de 35 segundos. Foram mais de 20 passes certos. Mas fala sério, Zago, Roberson pode ser teu bruxo, mas deve vazar já, na minha opinião. E o Andrigo leva jeito de motoqueiro entregador de pizza, daqueles trazem o troco num saquinho.

Tu pegaste um time há 18 meses sem técnico. Vejo lógica nas tuas decisões e sei que vai demorar para que o time tome forma. Sou otimista. Por outro lado, a pressão será enorme. Uendel disse que até os treinos são nervosos. Por isso é que seriam importantes algumas vitórias no Gaúcho. O Inter está em 10º no regional, o 11º já está na zona do rebaixamento. Não dá, né? Isso incomoda.

Creio que estamos estruturando um novo time. Talvez não vá ser uma Brastemp, mas acho que será um time. Finalmente.

https://youtu.be/LbXXdECMcNw

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Bom dia, Zago (com os melhores lances de Inter 1 x 2 NH)

Bom dia, Zago (com os melhores lances de Inter 1 x 2 NH)
Fernando Bob preparando alguma bobagem | Foto: Ricardo Duarte
Fernando Bob preparando alguma bobagem | Foto: Ricardo Duarte

Não gostei nem um pouco do Inter ter te contratado. Sei do bom trabalho realizado no Juventude e do bom nível de atualização que tens — coisa rara em nosso futebol. Mas há atitudes difíceis de relevar, ainda mais em um clube cujo símbolo é um Saci. Acho sintomático que as pessoas te chamem agora de Zago. Querem deixar aquele zagueiro Antônio Carlos para trás. É o que farei também.

É claro que os 18 meses em técnico estão te cobrando um duro preço. Argel e Celso Roth não deixaram pedra sobre pedra. O time chegou a ti sem nada treinado ou bem preparado, estás partindo do zero absoluto. Mas escalações como a Fernando Bob no último sábado demonstram certo desespero ou desconsideração por 2016. Não adianta retestar velha fórmulas fracassadas, ainda mais que todo o RS futebolístico sabe que Bob será logo engolido pelo ascendente Charles. Também é inútil fazer um lado direito com jogadores como Ceará e D`Alessandro que, no meio do ano, somarão 73 anos. Também me surpreende a sobrevivência de Paulão, Ernando e Andrigo. Esses caras não jogam nada, Zago. Por que contratamos Klaus, Néris e trouxemos Eduardo de volta? Não foi para enterrar Pauão e Ernando de vez?

Outra coisa: não estaria na hora de fixar Dourado na frente da zaga? Este moço teve um 2016 desastroso jogando solto pelo campo, como se estivesse numa eterna pelada no Parque Saint-Hilaire. O que eram aqueles contra-ataques do Novo Hamburgo? A gente erra um passe — fato comum —  e é pego sempre com a bunda de fora?

Vai ser uma reconstrução penosa, muito dolorida, meu rapaz. Valdívia volta em boa hora. Penso que o Gaúcho é o momento perfeito para dar força jovens como Junio, Charles e outros que tu deves nos apresentar, assim como para ver quem são de verdade Nico López, Seijas e os outros recentes contratados.

Sei da pindaíba e dos salários — direitos de imagem — atrasados, mas tu sabes que serás cobrado do mesmo jeito por uma torcida impaciente.

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Três tópicos antes do Natal

Três tópicos antes do Natal

Durante os aplausos, uma senhora tirava fotos de Daniel Barenboim usando o flash. Ele interrompeu a plateia e disse: “Não use o flash, senhora. Por três razões: primeiro, porque é proibido; segundo, porque me incomoda; terceiro e mais importante, porque, enquanto faz a foto, não pode me aplaudir”.

Uma coisa que sempre quis ter e não tenho é classe.

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Alex Castro tem razão: “Se você declara publicamente seu ódio a alguém, está declarando que aquela pessoa tem poder sobre você”. Faz três anos que tenho me mantido fiel à Lei de Steinbeck, que diz mais ou menos assim: “Vou me vingar de ti da forma mais cruel, vou deixar pra lá”. O Chico Marshall completa dizendo que “Aristóteles (De Anima) afirma que “nada produz maior cólera do que a expectativa de honra frustrada. Desdém, a mais letal das armas”.

Não é o Alex, nem o Steinbeck, é Aristóteles
Não é o Alex, nem o Steinbeck, é Aristóteles

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Conforme nós prevíamos, a coisa ia ficar séria. Ficou. O Vitória e a CBF fizeram sacanagem sim. Agora só falta dizerem que o Inter forjou o documento do Monterrey… Não creio que o Inter mereça ser resgatado do rebaixamento — afinal, quem perde duas vezes para o Vitória e e obtém um ponto do Santa Cruz tem que morrer mesmo — mas acho que o Vitória deveria ser o quinto rebaixado. Acho que os advogados do clube não devem se entregar. O Vitória fez algo duplamente proibido: contratou sem fazer o atleta voltar ao clube de origem e fora da janela. Curioso é o silêncio da Federação Gaúcha.

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Inter mexeu um minguinho, mas permanece em coma

Inter mexeu um minguinho, mas permanece em coma

3baeed38-5b65-4708-a4dd-7b75c9cf2ef5Eu assisti à partida apenas ontem à noite. Credo, que coisa assustadora! Em primeiro lugar pelo futebol feio, interrompido pela janela de luz do golaço de Valdívia e, no final, o terror completo com o Cruzeiro perdendo dois gols feitos com Robinho e Ábila. Nos dois lances, o goleiro Danilo Fernandes ficou parado, na torcida para que suas redes não fossem estufadas pelos chutões desferidos da entrada da pequena área. O segundo pareceu um efeito especial. A gente espera ver a bola lá dentro, mas ela passa como se tivesse a propriedade de atravessar redes e paredes. Vejam os dois lances no vídeo abaixo, logo após o gol de Valdívia. Não sei como aquelas bolas não entraram.

Acabou 1 x 0 para o Inter. Vendo o jogo, se eu não soubesse o resultado final, não acreditaria. Mas o Inter baixou suas chances de rebaixamento de 90 para 82%… Ou seja, ainda dependemos de um mundo para nos livrarmos, a começar por uma escorregada do Vitória hoje à noite contra o Coritiba já em férias. Não duvido que o Inter esteja repassando uma grana de incentivo ao Coxa. Sobre o resto, é um fim de feira.

O time não tem padrão de jogo, é confuso na defesa, não cria, não arma. Dependemos do Sobrenatural de Almeida.

Ah, se Lisca tivesse chegado antes… Ontem, mudou o time sempre com correção e ousadia. Não temos futebol, mas conseguimos certo domínio territorial com as saídas do péssimo Géferson e do horroroso Dourado de 2016. Tenho certeza de que, se Lisca tivesse chegado antes, não estaríamos nesta merda.

Agora, hoje à noite, faremos uma torcida meio constrangida pelo Coritiba à espera de um milagre no próximo domingo.

P. S. sobre o drone: achei engraçada a brincadeira. Dei risada. Mas não é todo mundo que sabe rir de si mesmo. O incrível é que os torcedores não apenas foram se vingar como invadiram a casa errada. Quebraram o que viram pela frente. Imaginem o medo desta família que, por sinal, é (ou foi) colorada. E, como em nossa Porto Alegre tudo o que não há é segurança, aquelas pessoas inocentes da brincadeira ficaram à mercê de um grupo de vândalos, para dizer o mínimo. Um completo absurdo.

https://youtu.be/BkJKY46ysaI

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Inter é hexa e Sasha dança a valsa dos 15 anos com a bandeira de escanteio

Inter é hexa e Sasha dança a valsa dos 15 anos com a bandeira de escanteio
Alisson, uma doce despedida. Volte sempre.
Alisson, uma doce despedida. Volte sempre.

A Elena disse que eu vibrei mais com os gols do Rosario Central do que com os do Inter ontem. Deve ter razão. O gol de Sasha foi um alívio, foi a obrigação cumprida, a certeza de que não passaríamos por um fiasco. Já os do RC foram puro divertimento.

Ainda considero o Gauchão uma espécie de antepasto. Só que o jantar, meus amigos, não vem há décadas. Então gostaria de projetar o Brasileiro e a Copa do Brasil.

O Inter não joga bonito. É um time realista, pragmático. Marca bem,  tem uma defesa que foi se consolidando durante o campeonato e que hoje é complicada de suplantar. Paulão e Ernando acertaram-se, apesar de não terem bons reservas. Fernando Bob e Fabinho são excelentes (e temos Dourado voltando). E, quando a coisa aperta, temos-tínhamos Alisson, um goleiraço. Os laterais William e Artur passaram a jogar e, se fossem todos acompanhados por atacantes de bom nível, teríamos um time bem perigoso.

E a tendência é esta: a de termos um time difícil de ser vencido e que explora o contra-ataque e a bola aérea para chegar aos gols. (Detesto hexas equipes duras de matar, principalmente quando estão do outro lado…) Neste sentido, a contratação de Ariel não é uma esquisitice, mas uma declaração de princípios. Não vamos jogar bonito. Ponto.

Acho que a contratação de Danilo Fernandes para o lugar de Alisson foi perfeita. Era a melhor opção dentro do Brasil. Nilton deve retornar e espero que não tome mais remédios para emagrecer. Mike talvez se una a um grupo de atacantes que deve ter seus destaques em Vitinho, Valdívia e Andrigo. A contratação de Anselmo preocupa, pois talvez signifique a venda de Dourado. Seijas é um excelente armador para alternar com Anderson.

Há que ter grupo para levantar as taças do segundo semestre. Grupo bom e grande. O Brasileiro não é nosso há 37 anos, a Copa do Brasil há 24. Já entramos como favoritos diversas vezes e quase sempre ficamos em nossa posição natural e desconfortável de oitavo clube do país. Talvez seja bom entrar como coadjuvante esforçado este ano.

A gozação de Sasha ao dançar uma valsa pelos 15 anos sem títulos do Grêmio foi muito engraçada, mas lembremos que o Gaúcho não faz parte da contabilidade gremista sem títulos. Então não pode fazer da nossa e estamos há 5 anos sem nenhum título…

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Larry Pinto de Faria (1932-2016)

Larry Pinto de Faria (1932-2016)

Hoje, o Inter anunciou a morte do grande centroavante Larry (Pinto de Faria). Ele fez 176 gols pelo Inter e participou do surpreendente Gre-Nal de inauguração do Estádio Olímpico. O Grêmio esperava ganhar e tomou 6 x 2, em um fiasco que os antigos não esquecem. Naquela partida, Larry marcou quatro vezes. Meu pai ria muito descrevendo o jogo. De estilo clássico e cerebral, Larry marcou época no clube. Lembrei desta excelente reportagem que o Impedimento fez com o ex-atacante em 2012, quando ele estava prestes a completar 80 anos e enquanto seu palco, o Estádios dos Eucaliptos, era derrubado.

O cerebral Larry no Estádio dos Eucaliptos – um documento

Larry

De repente, não mais que de repente, sem cerimônia nem anúncio no jornal, as máquinas adentraram o campo santo dos Eucaliptos e começaram seu trabalho. Deve ter sido numa sexta-feira, quando as preocupações de todos estão mais voltadas ao que fazer do fim de semana. De forma mecânica, rápida e compassada, as máquinas arrancaram gomos espessos de tijolo e concreto do mítico estádio do Internacional, processo que não durou mais que cinco dias. Desaparecia, fisicamente, a memória do Rolo Compressor, do Rolinho, do gol em plano inclinado de Carlitos, da Copa do Mundo de 1950, das arrancadas de Tesourinha, das pestanas tiradas por Charuto durante as partidas, da entrada triunfal da cabrita Chica no meio da torcida, da zaga intransponível de Alfeu e Nena, das tabelas fatais entre Bodinho e Larry, que ficou para contar a história.

Fazia muito calor e não havia nuvens naquele começo de tarde de terça-feira, 14 de fevereiro, quando Larry Pinto de Faria desceu do automóvel, que dirigia de próprio punho, reclamando em tom de brincadeira do horário da entrevista, que lhe obrigara a encurtar a sesta sagrada. Aos 79 anos, Larry merece que lhe respeitem o horário de descanso. Mas fora o contratempo, encontrou uma sombra no meio do canteiro de obras, sentou e conversou por quase uma hora com o Impedimento.

O gol que considera o mais bonito, a estreia nos Eucaliptos, a ovação da torcida, a convivência com os colegas no alojamento do estádio, a vida construída em Porto Alegre, o amor por apenas um clube e por que no futebol há coisas mais importantes que o dinheiro. Tudo isso foi dito por Larry neste documento de 30 minutos, gravado com o microfone “vazando” na imagem por conta do barulho das máquinas, que durante a entrevista destruíam o que restava da casa e do palco principal do cerebral Larry.

Natural de Nova Friburgo e oriundo do Fluminense, Larry chegou ao Inter em 1954 para pegar experiência. Acabou ficando no clube até 1961, marcando 176 gols e se tornando um dos maiores artilheiros da história colorada. É também o último remanescente do Rolinho, como ficou conhecido o time que foi a sequência do grande Rolo Compressor. Depois de encerrada a carreira de jogador, ainda foi vereador por quatro mandatos e secretário municipal de Porto Alegre. Nos dias atuais, desempenha com cortesia e generosidade o papel de memória viva do Internacional dos anos 50 e do Estádio dos Eucaliptos, o grande estádio do futebol gaúcho naquela época.

Assistam o vídeo, dividido em três partes:

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Na hora de decidir, o Grêmio… :)

Na hora de decidir, o Grêmio… :)

arenaÉ claro que o Grêmio é nossa diversão. Ainda mais que sabemos que eles tinham o melhor time do Picanhão 2016. Só que desaprenderam o caminho das taças. A única coisa de imortal no Grêmio são as piadas (*). Ontem, eu dava risadas assistindo o jogo. Quando o Roger tirou o Douglas, o Grêmio começou a minguar e logo vi que ia mesmo ficar faltando um gol. Lembrei-me de jogos de tênis nos quais tenistas menores batem e batem em Djokovic, Federer e Nadal, mas perdem o jogo. Mantém brilhantemente seus saques e estão sempre quase quebrando o do adversário. Mas, na hora da decisão, ficam nervosos e encolhem o braço, deixando a vitória para… quem está acostumado a vencer. O Grêmio também é assim. Na hora de dar o golpe fatal, encolhe o braço. É a psicologia da Arena e há que respeitá-la.

E o Campeonato Gaúcho será decidido por dois times bem vagabundinhos. Ver o Inter jogar é um suplício. Um pega a bola e ninguém se desmarca para receber. Dois bons jogadores, como Sacha e Andrigo, não conseguem jogar pela falta absoluta de esquema. Nosso técnico — além de de ignorar os plurais e a concordância na entrevistas — não consegue aplicar nenhuma tática. Ênio Andrade também falava muito mal, mas era um baita treinador de boleiros.

E vamos para uma decisão imprevisível. Hoje, o Inter é realmente o quarto melhor time do RS, porém tem camiseta e naturalidade na hora de levantar e guardar taças, mesmo uma pequenininha como essa. A gurizada do Ju é boa e até seria simpático vê-los dar a volta olímpica. Mas são o Juventude. O primeiro jogo, no Jaconi, será domingo que vem. O Inter decide em casa e, sabemos, é só ver um time retrancado que paramos. Não há dinâmica de jogo para abrir uma retranca. Temos só Paulão.

A semana terá Grêmio x Rosario Central quarta-feira. Não vi o RC jogar, mas espero que seja melhor do que a LDU e aquele ridículo time do Papa. O presidente Bolzan disse uma frase verdadeiramente notável após a desclassificação de ontem: Se for como hoje podemos fazer cinco no Rosario Central, como fizemos 4 a 0 na LDU. Ou seja, ele acha que perder gols é uma categoria à parte do jogar bem.

Vou poupar vocês dos melhores lances de Inter 1 x 0 São José, pois quase não houve isso. Fiquem com Grêmio 3 x 1 Juventude. Teve futebol na Arena.

https://youtu.be/24SrNzAo–A
(*) Frase roubada do twitter de Sandro Sotilli (@sandrosotigol).

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Boa noite, Argel Fucks (com os melhores lances, se podemos dizer tal absurdo)

Boa noite, Argel Fucks (com os melhores lances, se podemos dizer tal absurdo)
Tu pareces que só treinas um jogador, Argel: Paulão
Tu pareces que só treinas um jogador, Argel: Paulão

Querido Argel, o Inter está há quatro jogos sem vencer e joga o Campeonato Gaúcho. O diagnóstico pode ser feito por qualquer um que acompanhe o time: o grupo de jogadores é fraco, tu és um treinador digno deles e a diretoria observa tudo com uma passividade que beira a indiferença. Não sei o que passa pela cabeça do presidente Piffero, mas deve ser um marasmo ou uma confusão pré-Alzheimer. 2016 é um ano para assustar. O torcedor colorado sabe o que esperar do Brasileiro: mais um ano na fila. Os menos fantasiosos, como eu, aspiram apenas a discrição. Não queremos ser notados. Se me oferecessem agora um 12º ou 13º lugar, eu fechava AGORA com a certeza de ter feito um bom negócio. Mas tenho muito medo da queda. Estamos fazendo tudo para isso.

Vi boa parte do 0 x 0 entre Lajeadense e Inter. Foi um jogo de baixíssimo nível técnico e o único elogio que posso te fazer, Argel, é tu és o melhor treinador de Paulão que já passou pelo Beira-Rio. É muito pouco, mas eu te parabenizo. Hoje estou a fim de ver o lado positivo das coisas. Artur também jogou bem. O resto sucumbiu bem sucumbido e nem vou comentar.

Se tivéssemos contratado quatro ou cinco destaques na Segunda Divisão brasileira para o lugar da legião dispensada — merecidamente dispensada, diga-se — e mais um técnico de futebol que nem precisaria ser um figurão, estaríamos flanando na liderança deste fraquíssimo Charmosão 2016.

E não vou perder meu tempo escrevendo novamente o que todos sabem.

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Bom dia, Argel Fucks (com os melhores lances de Inter 1 x 2 Veranópolis)

Bom dia, Argel Fucks (com os melhores lances de Inter 1 x 2 Veranópolis)
Infelizmante, o fotógrafo deu foco em ti, Argel | Divulgação / Internacional
Infelizmente, o fotógrafo fez foco em ti, Argel | Divulgação / Internacional

Fui e voltei do jogo deboas. Eu e meu filho rimos muito da ruindade do Inter e dos dois gols casuais que deram a vitória ao time do Veranópolis, ainda pior que o nosso. Os dois gols vieram de falhas individuais de um bom e de outro excelente jogador. Como disse meu colega Luís Eduardo Gomes, o Veranópolis venceu sem criar chances de gol. Curioso. Ambos, Jackson e Alisson, parecem ter pago com parte de suas reputações a ineficiência dos restantes, à exceção de Anderson, novamente o melhor em campo, e de Dourado.

No primeiro tempo, o jogo vinha morno e com apagões causados pela parca infraestrutura estadual. Cada vez que Anderson — uma ilha lúcida num mar de estupidez — ou os laterais pegavam a bola, ninguém se aproximava. Aliás, os circunstantes se afastavam, esperando lançamentos longos. Ora, contra um time retrancado isso não funciona. Força os menos habilidosos a darem balões. E foi o que se viu: balões na noite quente e únida de Poro Alegre. Realmente o Inter tem muitos problemas e o maior deles é tu mesmo, Argélico. Cada vez que o time armava um ataque, os atacantes corriam para se esconder entre os zagueiros adversários até que Aylon, que parece ser o mais esperto deles, começou a desobedecer e voltar para trocar passes, numa das atitudes mais civilizadas que se viram ontem no Beira-Rio.

E quando a bola caía com os laterais era uma desgraça. Basta tirar um pouco de espaço para que William passe a errar passes. O outro, Artur, não precisa ser muito marcado, pois erra 90% de seus cruzamentos. Incrivelmente, ele acertou um só: o do gol de Sacha. Os outros foram todos erros não forçados, como diria um comentarista de tênis.

Fizemos 1 x 0 com Sacha naquele primeiro tempo com 13 minutos de descontos.

No segundo tempo, o jogo seguia morno quando, em dois lances casuais, o Veranópolis virou o jogo. No primeiro gol, um cruzamento da esquerda foi desviado pela canela de Jackson para as redes. Alisson nada pode fazer. Já no segundo gol, ocorreu algo inédito: a culpa foi inteiramente de Alisson. Nosso goleiro saiu numa bola que não era dele — o atacante corria fora da área em direção à lateral do campo, mas Alisson foi lá feito um Viamão e, driblado, viu Zambi marcar de longe, perdendo o ângulo.

Eu gostei, pois poderíamos finalmente ver o Inter jogando pressionado. E como jogamos mal! Houve uma bola no poste, mas o resto foi uma demonstração inequívoca de nossa fraqueza. Argel não parece capaz de mudar o panorama de uma partida nem de dar um padrão de jogo ao time. Torço para que haja uma crise neste início de ano. É difícil, pois o Gauchão é muito fácil. Mas talvez uma bela crise seja a única forma de entrarmos no Brasileiro sem pensar no perigo gremista de uma Segundona.

Fomos embora antes do jogo terminar a fim de pegar o ônibus vazio. Muitos foram embora antes do fim do primeiro tempo em razão das quedas de luz. E o jogo era para ser festivo, com promoção especial de visita ao campo após o partida. Deu tudo errado.

Espero que a derrota do Grêmio não nos sirva de consolo. Afinal, vem ano, vai ano e o grêmio sempre entra pelo cano. É normal.

https://youtu.be/fq5myAEoyXY

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Bom dia, Argel Fucks (com os gols de Inter 2 x 1 Passo Fundo)

Bom dia, Argel Fucks (com os gols de Inter 2 x 1 Passo Fundo)
Argel Fucks fazendo cara de "Eu não vendi ninguém!".
Argel Fucks fazendo cara de “Eu não vendi ninguém!”.

Os três patetas, versão 2016. Se abstrairmos a influência dos atos de cada um, tenho dúvidas sobre quem é mais inadequado para o cargo: se Sartori como governador, se Lasier como senador ou se Argel como técnico de futebol. Mas talvez os mais estúpidos mesmo sejam o povo gaúcho e os sócios colorados, que elegeram os dois primeiros e o presidente Piffero, o qual escolheu Argel como “técnico”.

O jogo de ontem foi constrangedor. Tivemos extremas dificuldades contra o mau time do Passo Fundo, que veio apenas bem organizado pelo técnico Paulo Porto. Os três articuladores, Alex, Marquinhos e Sasha, estiveram lentos e perdidos, Vitinho abandonado, William foi o doido varrido de sempre. E não há como aparecer individualidades no barco furado de Argel. Não há mecânica de jogo, a coisa é lenta e atrapalhada desde a saída de bola. Até Pelé, Cruyff e Maradona — separadamente, é claro — se deprimiriam.

A vertiginosa decadência do time do seu Argélico não se deve apenas à ausência de D`Alessandro, tem a inestimável contribuição do vendedor Vitorio Piffero. O homem que vendeu 3 vezes Nilmar, e mais Fernandão, Iarley e D`Alessandro uma vez cada, livrou-se de vários problemas em 2016. Saíram Dida, D`Alessandro, Juan, Nico Freitas, Lisandro López, Rafael Moura, Leo e Wellington Martins. Só que que tal alívio na folha de pagamento do clube não recebeu nenhum contrapeso. A única contratação do clube foi a de Paulo Cezar Magalhães, que Argel nem teve coragem de fazer estrear. Se é reserva do William louquinho, imaginem como joga.

Esperava que, se a folha foi aliviada em quase três milhões mensais, o Inter contrataria ao menos 1,5 milhão em novos jogadores, mas a inércia pifferiana é algo de fazer inveja ao governador Sartori. Ele quer uma bela contabilidade e nada em campo. O planejamento do futebol colorado é mais ou menos como o Plano de Contigência de Fortunati para os vendavais. Não existe. Dizem que vão lançar os jovens. Sim, mas com o arcabouço atual, será o mesmo que lançá-los ao fogo. Depois, eles se tornarão outros Lucas Lima e Ricardo Goulart fora daqui. Já conheço esta história.

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Após as férias, o futebol retorna nesta quarta-feira

Após as férias, o futebol retorna nesta quarta-feira
Estava tudo tranquilo até ontem, só que o Grêmio faz questão de atrair problemas
Estava tudo tranquilo até ontem, só que o Grêmio faz questão de atrair problemas

Grêmio e Inter não fizeram grandes contratações. Com as finanças deprimidas, nenhum dos dois clubes trouxe jogadores de lotar o aeroporto. As contratações foram poucas e discretas. Tudo foi feito com cuidado para não comprometer as finanças. É correto. Melhor é navegar no superávit, gastando um pouquinho menos do que se ganha, sem perigosos voos perdulários. O Grêmio deverá ter um primeiro semestre bem mais competitivo do que o Inter. Afinal, está classificado para o filé de emoções da Copa Libertadores da América, coisa que o Inter não obteve. O time caiu em um grupo complicado. Como colorados, esperamos muita disputa entre o tricolor de Humaitá e o Toluca (México), a LDU (Equador) e o San Lorenzo (Argentina). São duas vaguinhas. O Grêmio costuma passar bem pela primeira fase, mas nossa esperança é de uma desclassificação precoce. É uma chave que obrigará o Grêmio a viagens longas. Quito tem a altitude, não é La Paz mas é chato. O México fica em outro hemisfério e o San Lorenzo tem a mística. O negócio é vencer em casa e conseguir alguma coisa fora.

Nome do partido, nome do estádio, e uma claque...
Nome do partido, nome do estádio e uma claque de última…

Mas antes, amanhã (28), o Grêmio estreia fora de casa na Copa Sul-Minas-Rio contra o Avaí. O jogo será às 21h45. Sua primeira partida no Picanhão 2016 será no próximo domingo (31), contra o Brasil de Pelotas, às 17h. Joga o time reserva amanhã e o titular domingo. O time-base de 2015 foi mantido e não deve fugir muito disso: Marcelo Grohe; Wallace Oliveira, Geromel, Kadu e Marcelo Oliveira; Wallace, Maicon, Giuliano, Douglas e Everton; Luan. Ramiro pode entrar tanto na lateral direita como numa das volâncias. A folha de pagamento de 2016 está um pouco mais alta, beirando os 6 milhões de reais. Mudo de assunto desejando um péssimo ano para o Grêmio.

Ah, ontem, o deputado Jair Bolsonaro mostrou uma camisa do Grêmio na Assembleia Legislativa. O clube não tem culpa se um imbecil entregou a camisa ao deputado, mas os gremistas estão sofrendo a maior gozação. A coisa certamente partiu de algum torcedor de índole racista, fascista ou machista. Ou tudo isso junto.

Chico LFV

Já o Inter vive dias de tranquilidade. Fez pré-temporada na Flórida e também não contratou quase ninguém. Mas fez bons negócios livrando-se de Dida, Juan, Nico Freitas, Lisandro López, Rafael Moura, Leo e Wellington Martins. Foi uma limpeza e tanto. A folha de pagamento em 2015 estava próxima dos 9 milhões mensais, um verdadeiro absurdo se comparada com a produtividade do time em campo. Este valor caiu para 7 milhões no começo deste ano e não creio que tenha havido queda na qualidade. Permanece razoável, o que nos deve garantir o 9º lugar no Brasileiro de 2016.

olivioInfelizmente, o Inter não terá a Libertadores. Suas prioridades estão todas no Brasil: Churrascão, Brasileirão e Copa do Brasil. Campeão de tudo, mas sem um título brasileiro há 24 anos — e há 37 anos sem ganhar um Brasileirão! — seria a hora de tratar com carinho dos grandes campeonatos da corrupta CBF. Acho que o clube tem a obrigação de vencer o regional, pois não terá outra diversão nos primeiros meses do ano que não seja a Sul-Minas-Rio. O time estreia hoje (27) neste torneio contra o Coritiba no Beira-Rio, às 21h45. Seu primeiro jogo no Costelão será domingo (31) às 19h30, também no Beira-Rio, contra o Ypiranga de Erechim. O time-base para iniciar o ano é este: Alisson; William, Paulão (Jackson), Réver (Ernando) e Artur; Fernando Bob, Rodrigo Dourado, Anderson e D’Alessandro; Eduardo Sasha e Vitinho. Como veem, falta-nos um centroavante.

hitler bolsonaro

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Apenas dois parágrafos sobre os 40 anos do primeiro título brasileiro do Inter (com os melhores lances da decisão)

Apenas dois parágrafos sobre os 40 anos do primeiro título brasileiro do Inter (com os melhores lances da decisão)
O chamado gol iluminado de Figueroa. Iluminado e decisivo
O chamado gol iluminado de Figueroa. Iluminado e decisivo

Meu pai me fez colorado, mas logo eu passei a amar o futebol muito mais do que ele. E nós, eu e o Sylvio, marido de minha irmã — fizemos com que ele voltasse aos estádios de forma tão cabal que ele assistiu à final do Brasileiro de 1975 e eu não, pois estava estudando para o vestibular. Acho que eu não precisava me punir daquela forma — passei fácil no exame, glória juvenil —, mas ele me contou que, quando Figueroa fez o gol que nos deu o título, ele se sentou com as mãos na cabeça na arquibancada do Beira-Rio, enquanto todos comemoravam. Naquele momento, ele me culpava por tê-lo tornado aquele fanático que quase morreria com cada chute de Nelinho — e defesa de Manga — nos minutos seguintes. Foi o que ele me disse quando voltou para casa.

Faz tempo, né? Mesmo antes de 1975, o Inter tinha um time muito bom. Elias Figueroa e Paulo César Carpegiani já estavam aqui desde 1971 e o time foi pouco a pouco recebendo reforços, mas foi a chegada de Lula em 74 que mudou tudo. Ele foi o cara que dizia a todos — interna e externamente — que tínhamos um tremendo time e que podíamos ser campeões brasileiros. Naquela época, éramos uns provincianos. Achávamos impossível vencer as equipes de Rio e São Paulo. Uma vez ouvi Lula afirmar: “Eu falava que seríamos campeões e o pessoal ria”. Outro grande campeão foi o técnico Rubens Minelli. Ele foi o cara viu a Holanda de 1974 e tropicalizou um pouco daquela “loucura”. Fez do jeito que dava. Nosso time corria como nenhum outro e até os atacantes marcavam! Havia outros craques, claro, como esquecer de Falcão? Mas Lula e Minelli foram os dois pioneiros.

Abaixo, os melhores lances daquele jogo sofridíssimo:

https://youtu.be/1i4yD6f41lc

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