Ontem, uma grande noite da Ospa no Salão de Atos da Ufrgs

Ontem, uma grande noite da Ospa no Salão de Atos da Ufrgs

Eu antecipara no Facebook que o Concerto da Ospa de ontem à noite tinha tudo para ser o melhor de 2016. E foi. Repertório bom (e difícil), solista espetacular, maestrina de alta musicalidade e comando, e uma orquestra tocando bem acima de sua própria média garantiram uma bela função no Salão de Atos da Ufrgs.

O repertório era formado por apenas duas peças: o Concerto para Viola de Béla Bártók e a Sinfonia Nº 2 de Camargo Guarnieri.

O Concerto para Viola de Bartók tem uma história triste e bonita. Em 1945, o compositor húngaro — um ateu socialista que anos antes declarara, em seu país natal, que gostaria de converter-se ao judaísmo para ser também perseguido pelos nazistas — estava morrendo de leucemia no exílio norte-americano. Sem dinheiro, passava dificuldades e aceitava trabalhos de composição para viver e deixar algo para sua esposa.

E as encomendas pingavam, poucas e importantes. Algumas das maiores figuras da música dos EUA fizeram-lhe encomendas: Benny Goodman, Yehudi Menuhin — que recebeu uma Sonata que é uma obra-prima — e William Primrose, violista, que pediu um concerto.

A violista russa Anna Serova | Foto: Ugo Zamborlini
A violista russa Anna Serova | Foto: Ugo Zamborlini

É notável como o Concerto para Viola tem a cara de Primrose. É a música mais norte-americana de Bartók, mas recebeu igualmente toques escoceses em razão das origens familiares do violista. O primeiro movimento, Allegro non troppo, é tomado por solos de viola, um mais belo que o outro. Antes de morrer, Bartók sofrera uma transformação. Amenizou um pouco seu estilo e aparou algumas arestas, enquanto a doença o vencia. O movimento lento, Adagio religioso, é uma emocionada despedida da vida. A compreensão da solista Anna Serova e da maestrina Valentina Peleggi a respeito daquilo que transmitiam era completa. Foi uma interpretação rarefeita, a música levitava linda, verdadeiramente expressando o desejo de que houvesse um outro plano ou continuidade, algo em que Bartók não acreditava. (O ateu Bartók tem também um Andante religioso no Concerto Nº 3 para Piano e Orquestra, composto quase na mesma época a fim de ser deixado para sua esposa atuar como solista e ganhar sua vida).

O último movimento é agitado e feliz, e a passagem do Adagio para ele foi especialmente trabalhada por Peleggi no ensaio de segunda-feira, assistido por mim. É aqui que aparece o tema escocês com que Bartók homenageia Primrose. Olha, é difícil caracterizar o nível de alta cultura musical envolvida no trabalho da russa Serova sob a direção de Peleggi. O resultado foi esplêndido. Aquilo que se interpretou ontem foi efetivamente o Bartók maduro de seus poucos anos nos EUA, não foi outra coisa.

A Sinfonia de Camargo Guarnieri também veio com uma demonstração de sensibilidade da maestrina. Desrespeitando o “protocolo”, ela pegou o microfone e explicou o que seria tocado através de exemplos retirados da Sinfonia e tocados pela orquestra. Foi oportuno e adequado. A italiana Peleggi trabalha na Osesp como assistente de maestro e sabe que os brasileiros conhecem pouco seus compositores. Então, tratou de contextualizar a música de Guarnieri. Na saída do concerto, a plateia elogiava a atitude de Peleggi ao falar sobre o objeto de seu trabalho.

A maestrina Valentina Peleggi | Foto: Augusto Maurer
A maestrina Valentina Peleggi durante um ensaio em 2015 | Foto: Augusto Maurer

Vamos a mais alguns detalhes: Guarnieri escreveu a Sinfonia Nº 2 em 1945. Em 1947, enviou-a para um Concurso Internacional realizado em Detroit, destinado a escolher uma “Sinfonia das Américas”. Tirou o segundo lugar entre as oitocentas obras inscritas. Villa-Lobos e Oscar Lorenzo Fernandes também enviaram trabalhos. Com 5.000 dólares a mais no bolso e crescente reconhecimento internacional, Guarnieri regeu a estreia da obra em 1950, em São Paulo, com a Orquestra Sinfônica Municipal.

Sofisticada e aparentemente mais difícil do que o Concerto de Bartók, a Sinfonia Nº 2 tem um primeiro movimento na forma de sonata, o segundo é contemplativo e praticamente monotemático e o terceiro é uma espécie de dança que é “uma loucura”, como disse simpaticamente Peleggi. Destaque para o trabalho da orquestra e para os belos solos de Paulo Calloni (corne-inglês), Flávio Moraes (fagote) e Wenceslau Moreyra, o Celau (violoncelo).

Foi uma grande noite, merecedora de um jantar com muita alegria e risadas. Uma observação final: nos últimos anos, a Ospa foi regida três vezes por mulheres. Em pouco tempo, tenho certeza que será absolutamente indiferente se o comando for masculino ou feminino. O que será importante será a concepção e o gesto. Da primeira vez, ouviram-se piadas machistas e o concerto não foi muito bom; da segunda, houve menos, o resultado de palco foi excelente; ontem, a aceitação era quase geral, com os narizes torcidos definitivamente vergados pela competência. Gente, esqueçam o patriarcado. Logo logo, ele estará enterrado e será muito brega e antinatural.

Argel Fucks pode rebaixar três times em 2016

Argel Fucks pode rebaixar três times em 2016

Cansado da primeira divisão? Acaricia projetos de cair? Chame Argélico Fucks que ele dá um jeito ligeirinho. Ele já deixou o Inter lá na rabada. Não apenas fez isso como largou o time destruído, um traste para os novos técnicos que chegaram depois. Após sua demissão no colorado, foi para o Figueirense, de onde nunca deveria ter saído e… Basta olhar a tabela. O Figueira é o primeiro após a linha dos rebaixados. Demitido também do clube catarinense, foi contratado pela diretoria do Vitória, que já está no Z-4. Trata-se de um caso de incompetência premiada. Ou de masoquismo dos clubes.

Na próxima quinta-feira, no Beira-Rio, ocorrerá um choque de brucutus e a certeza de que ninguém poderá dar um nó tático no outro, só em si mesmo. O jogo será Inter x Vitória ou, melhor dizendo, Celso Juarez Roth x Argélico Fucks. Um clássico dos infernos. Não haverá espaço para o pensamento. Queria ser o comentarista deste embate. Quem se atrapalhar mais, perde.

O estranho caso de Argel Fucks
O estranho caso de Argel Fucks

Bom dia, Celso Juarez Roth (ontem como Mr. Hyde)

Bom dia, Celso Juarez Roth (ontem como Mr. Hyde)

celsoTodos vocês conhecem O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde, certo?Não? Bem, trata-se de um romance gótico do grande Roberto Louis Stevenson, com elementos de ficção científica e terror, publicado em 1886. Uma obra-prima. Na narrativa, um advogado londrino chamado Utterson investiga estranhas ocorrências relativas a seu velho amigo, o tranquilo Dr. Henry Jekyll, descobrindo que ele às vezes transformava-se no malvado assassino Edward Hyde. Tudo coisa das experiências de laboratório de Jekyll, personagem que antecipa a montanha de “cientistas loucos” que vieram depois. Só que Hyde, predador selvagem e inconsequente, vai tomando conta, vai se tornando uma necessidade, vai seduzindo Jekyll. A obra é conhecida por sua representação do fenômeno de múltiplas personalidades, quando em uma mesma pessoa existem tanto uma personalidade boa quanto uma má.

Juarez
Juarez

O mesmo acontece com o técnico do Internacional Celso Juarez Roth. Em alguns dias ele aparece como Celso, em outros como Juarez. E, meus sete leitores, garanto-lhes que Juarez é burro, destrutivo, contraditório, dança na cara da lógica, limpa a boca suja de molho de tomate na toalha de linho do mais fino restaurante, conta piadas de peido na frente de senhoras e fala alto expelindo gotas de saliva.

Mas há algo pior, pode ocorrer de Celso ser invadido por Juarez em meio ao jogo. E foi o que ocorreu ontem à tarde após as inéditas falhas de nosso goleiro Danilo Fernandes. Quando a câmara focou em Celso logo no início do segundo tempo, vimos o esgar malvado de Juarez e, sim, ele tornou impossível qualquer reação nossa. Ele queria nos foder, entendem?

Tudo para ficar assim. Celso Juarez Roth: 5 jogos 5 pontos, 33% de aproveitamento. 5% de 666.

Bem, não sou Utterson, mas vou tentar explicar a ocorrência antes de preencher a B.O.

O jogo mal tinha iniciado e já ganhávamos por 1 x 0. Gol de Valdívia em jogada ensaiada. E, bá, jogávamos bem. Era só ir pra cima e liquidar o jogo. O juiz nos sacaneou num pênalti claro sobre Nico López. Mas era só pressionar que estava fácil. Então, Danilo Fernandes resolveu ter suas primeiras falhas. Teve duas, uma no final do primeiro tempo, outra nos primeiros segundos do segundo, dando dois gols para os paranaenses, que agradeceram. Foi o momento em que vimos Celso á beira do campo. Seu rosto indicava  claramente. Ele já virara Juarez.

Imaginem que ele tirou Seijas — o melhor em campo, o único que acertava passes –, Valdívia e Eduardo Henrique para colocar Ceará, Vitinho e Anderson. Hahahahaha, como dizem no Facebook. Improvisou William Chutinho — nosso lateral que perde um gol feito por jogo há dois anos — no meio! Ora, William de armador…

E colocar Vitinho e Anderson da forma como Juarez os colocou é, na verdade, a receita ideal para acabar com eles. Juarez os deixou de fora até não poderem mais e lembrou deles justo quando o jogo estava complicado. “Vão lá e resolvam!”. Hahahahaha!

No Beira-Rio, ele coloca Alex…

A retirada de Seijas desmontou o time, impediu qualquer reação. É que, gente, Juarez erra as substituições de propósito. E time e torcida ficam nervosos, sem entender e perdendo. Agora, vemos o fantasma da Segundona crescer novamente.

Fica difícil de comentar. O time vinha bem, dominava o Atlético-PR. Aí, nosso goleiro cometeu duas falhas e o técnico derrubou o time. Comento como jogamos bem o primeiro tempo e mal o segundo ou apenas fico embasbacado pela mudança de Celso para Juarez? Pensem nisso enquanto reviso o texto.

Obs.: Esta ideia de Celso virar Juarez não é minha. Nasceu lá no Impedimento.

https://youtu.be/NE2MHChhJLQ

Porque hoje é sábado, Alinne Moraes, nossa musa ateia

Porque hoje é sábado, Alinne Moraes, nossa musa ateia

Há alguns meses, Alinne Moraes declarou seu ateísmo.

Coisa rara num país como o nosso

que, apesar de quase não matar por religião,

merece facilmente a pecha de fundamentalista, basta ver nosso Congresso.

Por outro lado, fazer o PHES com qualquer atriz brasileira é sempre complicado:

nossas atrizes não se imortalizarão por suas fotografias,

constrangedoramente inferiores às da mais reles atriz estadunidense

ou europeia.

(Deu um trabalhão encontrar estas, nossa!)

Mas, gente, o que interessa é a Alinne que é ateia.

Ela não saiu assim no mais declarando-se vassala de Satã…

Ela apenas comentou que, como atriz, ia fazer uma personagem

muito supersticiosa, “imagina, logo eu, que sou ateia”.

Lindo isso. Linda ela.

Linda ela cuja boca é escandalosa,

capaz de engolir crucifixos e convencer quaisquer padres. (Que nunca foram lá).

Linda ela que subiu no meu conceito (grande coisa…).

Linda ela cujos gestos não têm que dar sempre dividendos.

Linda ela à qual falta o encanto da fraqueza.

(Putz, como ela é demais…Mas o que é o raio dessa perna na foto acima?!).

Linda ela cujas fotos são satisfatórias.

Linda ela que, ao tornar-se famosa, não quer usar apenas o corpo.

Linda ela que é como a gente.

Bom dia, Celso Juarez Roth (com os gols da vitória de ontem)

Bom dia, Celso Juarez Roth (com os gols da vitória de ontem)

celso-juarez-rothDesafiando toda a lógica — Piffero, Juarez, um time encravado de jogadores ruins em várias posições –, todo colorado estava confiante numa vitória ontem à noite. Afinal, em comparação com o que há no entorno, não somos tão péssimos a ponto de cairmos para a segunda divisão. Para completar, somos um dos poucos times que nunca caíram e há ainda tempo para recuperação — faltam 15 rodadas para o final do ForaTemer 2016. Com os três pontos de ontem, mesmo tendo ficado 14 rodadas sem vencer, tiramos o nariz para fora d`água e respiramos novamente. Mas é só o nariz mesmo. E estamos respirando somente em razão de nosso saldo de gols: risíveis -2.

Ontem à noite, tudo começou mal no Beira-Rio. O horroroso lateral-esquerdo Géferson lembrou Cerezzo na Copa de 82 e resolveu atravessar uma bola rasteira na frente de nossa área, entregando a bola para Ricardo Oliveira fazer 1 x 0 para o Santos. O torcedor reagiu bem, apoiando o time e vaiando Géferson. A partir dali, curiosamente, tudo começou a dar certo. Sejias fez um gol improvável. Anselmo recebeu cartão amarelo e seguiu batendo em tudo o que via pela frente e Lucas Lima foi expulso em razão de repetidas atitudes que julgo das mais irritantes e dignas de expulsão: cera e mais cera.

Seijas, líder do time. Hoje, o jogador mais importante do Inter
Seijas, líder do time. Hoje, o jogador mais importante do Inter

Então, Juarez retirou Anselmo por receio de expulsão, melhorando o time com Eduardo Henrique. É claro que Eduardo Henrique deveria ter iniciado a partida, mas conhecemos o lado Juarez de Celso Roth. Ele sempre escolhe o pior. Para nossa sorte, as circunstâncias fizeram-no acertar o time. (Como já tinha acontecido no caso de Nico López). Vocês pensam que nossa vida é fácil?

E ganhamos merecidamente o jogo com um gol de Aylon, cujo nome é, acreditem, Aylon Darwin. Como não amar alguém assim chamado? Lento e cuidadoso como uma tartaruga das ilhas Galápagos, Darwin foi caprichoso ao empurrar a bola com o peito para as redes do Santos.

Após o 2 x 1, poderíamos ter feito mais, perdemos várias chances claras de gol. Ao final da partida, tomamos enorme sufoco do Santos. Puro nervosismo, incapacidade de ficar com a bola. Sim, há muito por fazer, podemos retornar ao Z-4 na próxima rodada, mas estamos invertendo a tendência e isso já estava claro na quarta-feira enquanto dávamos gaitadas com os gols do Coritiba.

Aylon Darwin comemora seu golaço: a evolução colorada
Aylon Darwin comemora seu golaço: evolução colorada e origem das espécies. A macacada adorou

A próxima partida é complicada. Jogaremos contra o Atlético-PR na Arena da Baixada naquele embuste de grama sintética. O negócio é acreditar que permaneceremos no crème de la crème do futebol brasileiro, no pequeno e exclusivo grupo dos que nunca caíram: Flamengo, São Paulo, Santos, Cruzeiro e nóis. Não será fácil, mas conseguiremos. Com Aylon Darwin não tem como não evoluir.

A luta continua.

https://youtu.be/DNl5drBN6r0

A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch

A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch

A guerra não tem rosto de mulherA guerra não tem rosto de mulher é mais um excelente produto do curioso, trabalhoso e eficiente método de Aleksiévitch fazer literatura. O livro é formado de pequenas introduções da autora e de trechos de entrevistas que são retrabalhadas, classificadas e ordenadas. O efeito é o de um torpedo, cheio de dor e humanidade. Os relatos são curtos, vindos todos de mulheres soviéticas que lutaram na 2ª Guerra Mundial. Suas funções são de francoatiradoras, enfermeiras, lavadeiras, médicas, pilotas, cozinheiras, artilheiras, comandantes, tanquistas, sapadoras, enfim, elas estiveram em todos os gêneros de trabalho de soldados em guerra. Matavam e eram mortas. E cada sobrevivente tem uma história diferente e pessoal para contar. A morte, é claro, é onipresente. Todos os relatos envolvem sofrimento, mas também há histórias de amor, de coqueteria e de pequenas alegrias.

Todos sabem que a história é escrita pelos vencedores, mas é pior do que isso, ela é escrita por homens e apenas sobre homens. As mulheres são apenas enfermeiras? Nada disso. E a escolha do feminino no livro de Aleksiêvitch é fundamental. O masculino ama as ações honrosas, a narrativa oficial, enquanto que as mulheres são mais afeitas às “anotações da alma” e aos sentimentos. Nada de estatísticas, de narração de batalhas, apenas detalhes do que é viver dentro de um conflito como aquele..

Isto é, depois de sete anos de entrevistas e de quilômetros de cassetes gravados, Svetlana Aleksiévitch não escreveu um livro somente sobre a guerra, mas principalmente sobre o comportamento do ser humano na guerra, perseguindo menos “os grandes feitos e o heroísmo, mas aquilo que é pequeno e humano”.

A originalidade de Aleksiévitch está em nos descortinar as mulheres não reconhecidas e que participaram ativamente de uma guerra crucial do século XX. Os relatos são crus e violentos, dando-nos uma realidade despida de heroísmo. O ambiente parece muito artificial para aquelas mulheres que usavam cuecas — por falta de calcinhas –, não menstruavam e trabalhavam dias sem dormir. O paradoxo entre ser mulher e soldado é um dos principais pontos dos relatos.

Não é um livro tão bom quanto Vozes de Tchernóbil — os fatos narrados em A guerra não nos causam as cada vez mais terríveis surpresas de cada capítulo daquele –, mas a autora bielorrussa nos dá uma notável contribuição para o entendimento do que foi o dia a dia do maior conflito armado de todos os tempos.

Svetlana Aleksiévitch
Svetlana Aleksiévitch

Aquarius, de Kleber Mendonça Filho

Aquarius, de Kleber Mendonça Filho

Se, após Kleber Mendonça Filho fazer o notável O Som ao Redor, seu próximo filme já era aguardado, a curiosidade tornou-se ainda maior depois que ele e um grupo de atores de Aquarius ergueram cartazes denunciando o golpe parlamentar brasileiro em pleno Festival de Cannes, minutos depois da extinção do MinC.

manif-cannes

Como tem sido comum, o governo reagiu tentando atrapalhar o filme da forma mais tosca — aumentando sua classificação etária. Para completar, um dos porta-vozes do novo governo, a revista Veja, através de seu colunista Reinaldo Azevedo, aconselhou os leitores a que boicotassem a obra. Foi como jogar oxigênio na fogueira. Houve sessões lotadas em Porto Alegre em que o filme foi aplaudido no final. Observem o cartaz de divulgação abaixo, onde Azevedo é citado. Parece piada, mas a condenação de Veja já é usada como mérito.

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Com esta divulgação, Aquarius levou cerca de 55 mil pessoas ao cinemas em seus primeiros quatro dias de exibição. De quinta a domingo, o filme converteu-se na segunda maior abertura de nacional do ano, atrás somente de Os dez mandamentos, onde houve flagrante fraude, com a igreja comprando ingressos para sessões vazias. Só como comparação, O Som ao Redor teve um total de 94 mil espectadores em todo o seu tempo de exibição. Ou seja, em quatro dias, Aquarius já ultrapassou a metade dos espectadores do primeiro longa de Mendonça.

É claro que os cinéfilos estavam indóceis para assistir logo o filme, mas 55 mil assim de cara é certamente resultado da tentativa de boicotar a produção. Que é excelente.

Os dois longas de Mendonça têm pontos de contato. São filmes que partem do específico para o geral. Não parece haver preocupação em fazer um filme político, mas de focar em situações comuns aos brasileiros. Só que a identificação é tão grande que somos levados a pensar nos motivos para o que vemos. A superfície é sorridente, mas a base é formada por desigualdade, tensão e violência. Para um filme brasileiro ser político, não precisa mostrar deputados corruptos, pois suas cópias fiéis estão em toda parte. Seus modus operandi estão dentro dos condomínios e por toda sociedade. Então, qualquer filme honestamente naturalista acaba por esbarrar nas relações sacanas entre classes sociais e, na tela, tudo fica potencializado, claro e absurdo. E o filme acaba tendo força política, de crítica.

Não vou passar spoilers, apenas a situação. Clara (Sônia Braga) é uma jornalista aposentada. Viúva, vive no Ed. Aquarius, de frente para o mar da praia de Boa Viagem. É uma construção bonita, antiga e baixa em zona valorizada, dessas que você sabe que vão sumir quando uma construtora comprar todos os apartamentos para botar um monstro enorme no lugar. E este momento já chegou para o Aquarius, só que Clara nega-se a vender o apartamento que é há décadas da família.

À esquerda na foto, o diretor mendonça | Victor Jucá / CinemaScópio
À esquerda na foto, o diretor Mendonça | Victor Jucá / CinemaScópio

O filme foi feito com apenas R$ 3,3 milhões e não abandona nossos pensamentos após a sessão. Mendonça é engenhoso: para compor o ambiente de uma jornalista presumidamente ex-crítica musical, Kleber faz com que Braga ponha discos e mais discos para tocar — sempre vinis. São canções que fazem parte de nosso referencial. Como escreveu Tarkovski em Esculpir o Tempo, “o cinema pode ser entendido como a capacidade de registrar o tempo através de signos exteriores e visíveis, identificáveis aos sentimentos”. E o que marca mais afetivamente o tempo do que as canções?

Sorridente e cruel, a pressão para Clara se retirar vai crescendo. O roteiro se esbalda em mostrar várias facetas da personagem principal e de como sua vida é complementada pelo local onde vive. O apartamento faz parte do modo de vida de Clara. A atuação de Sônia é esplêndida. Tranquila, sem grandes rasgos, ela dá tom poético à firmeza e ao mal-estar de Clara. Tudo o que ela faz, as festas, as reuniões com amigos, o sexo, ajudam para que compreendamos sua resistência contra um velho conhecido nosso, o medo.

Filmes não são teses ou representações exatas, mas é curiosa a forma como Clara e a construtora fazem parte do mesmo balaio. Ela diz que dinheiro não importa porque tem a aposentadoria e a renda de cinco outros apês. Ou seja, o  conflito é entre um membro da elite — uma rentista — e uma empresa, o que torna ainda mais burra a resistência de certa direita.

Vamos vender, D. Clara?
Vamos vender, D. Clara?

Porque hoje é sábado, Vanusa Spindler (vintage nacional)

Porque hoje é sábado, Vanusa Spindler (vintage nacional)

Para Felipe Prestes, Igor Natusch e Pedro Palaoro.

Era o meio da tarde de ontem, quando alguém lembrou Vanusa Spindler na redação.

Meu pasmo foi considerável, porque trabalho com pessoas sub-30, sendo que …

… a famosa Playboy vanusiana é de 1989 e a Sexy é de 1994.

É realmente notável a cultura daqueles jovens. Pensei que só pessoas da minha idade, …

… ou pouco menos, como o Rafael Galvão, a conhecessem. (Cliquem aqui, CLIQUEM).

Pensei que Vanusa fosse um fenômeno desconhecido para aqueles meninos.

Meu pasmo foi ainda maior quando um deles disse as seguintes palavras:

Isadora Ribeiro e Magda Cotrofe, ô dupla de ataque que castigou minha pré-adolescência.

Lembro que uma namorada abriu minha Playboy vanusiana e mediu a moça, …

… detalhadamente, de cabo a rabo. O veredito foi: “Gorda!”.

Naquela época eu ainda não tinha perdido o pudor, …

… então, olhei para Vanusa, fiz um ar científico e confirmei: “gordinha”.

A hipocrisia e a mentira são estatutos fundamentais em algumas relações.

Agora, preocupa-me esses jovens. Ouvem Led Zeppelin, Beatles, Stones, …

The Who, Pink Floyd… Não têm nem símbolos sexuais próprios! Querem não apenas …

… ouvir nossas músicas como sonham comer nossas fantasias!

Para o próximo PHES, será que consigo fotos de …

… Rose di Primo?

.oOo.

(Prezados usuários desta seção: Se vocês tiverem fotos da Rose, por favor, cedam).

Erico Verissimo, Sílvia, eu e Julie Christie

sexy-julie-christie-petuliaÀs vezes, Erico Verissimo (1905-1975) aparece com um livro novo. Dia desses, vi o pequeno volume Do Diário de Sílvia, um lançamento relativamente recente dos fantasmas do escritor. Fiquei feliz, pois sabia tratar-se de um dos trechos que mais gostei da trilogia O Tempo e o Vento, mais exatamente do terceiro volume da terceira parte do raramente lido O Arquipélago. Explico: hoje, O Tempo e o Vento é vendido em sete volumes: dois de O Continente, dois de O Retrato e três de O Arquipélago. O diário de Sílvia está lá no final, no terceiro volume d`O Arquipélago. Em 1974, a grande professora de literatura e português Sara, a Sarinha do Colégio Júlio de Castilhos, fez com que lêssemos toda a trilogia. Eu tinha 16 para 17 anos e acabei me apaixonando perdidamente pela personagem Sílvia, com a qual fantasiava e convivia diariamente e que me aparecia com o rosto de Julie Christie jovem…

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Para quem não leu o imenso romance, explico que há nele um jogo de ir e vir no tempo entre os anos de 1745 e 1945. A cada capítulo, Erico nos leva a um período diferente e vamos entendendo a estrutura e a história de família Terra Cambará. A Editora Globo foi a primeira a dar-se conta de que os capítulos que formam a história de Ana Terra poderiam ser juntados e arrancados de O Tempo e o Vento — mais exatamente do primeiro volume da trilogia, O Continente — para tornar-se uma novelinha. O mesmo foi feito depois com a narrativa dos feitos do Capitão Rodrigo Cambará, que transformou-se em Um Certo Capitão Rodrigo. Acho que isto foi feito ainda em vida de Erico e, presumivelmente, com sua autorização. Agora, a Cia. das Letras inteligentemente extrai outro trecho do livro e transforma-o num pequeno volume de menos de 100 páginas.

julie christie

Não resisti e comprei o livro. Sou dos poucos que considera a terceira parte — O Arquipélago — a melhor das três. Esta avaliação não é nada literária, é baseada simplesmente no fato de que Sílvia está lá. Buscava-a em todas as mulheres. Não era uma fixação baseada em erotismo, era algo mais ligado à afinidade, a uma convivência agradável. Ontem, quando comecei a reler o Diário, ia atrás do que sobrara do Milton adolescente e tentava descobrir se ele não era um idiota completo. Surpreendi-me com três coisas: a primeira é de que ela ainda é fascinante para mim; a segunda foi o alto número de referências políticas que Sílvia faz em seu Diário, escrito entre os anos de 1941 e 1943; a terceira é o grau de franqueza (quase crueza) que ela utiliza para caracterizar o fracasso de seu casamento e o amor irrealizado pelo cunhado Floriano.

Descobri então que minha memória dourou a musa, deixou-a um pouco mais etérea, enquanto ela, aos 25 anos, agora pulsando frente a meus olhos de cinquenta e tantos, trata de tocar modernamente sua realidade na imaginária Santa Fé. Voltei a sonhar um pouco, lembrei bastante dos anos jovens de colegial e, ontem, para lembrar os velhos tempos, fantasiei beber uma champanhe com ela na calçada da Av. João Pessoa, tal como ela (Julie Christie) fez com Truffaut.

Truffaut Julie Christie

Os manuscritos secretos de Kafka serão afinal conhecidos

Os manuscritos secretos de Kafka serão afinal conhecidos

Há oito anos que se arrastava uma disputa legal que chegou a parecer estar resolvida em 2012 e que tem uma história descrita como… “kafkiana”. A Biblioteca Nacional de Israel vai mesmo receber o espólio de documentos do escritor.

Franz Kafka

Do Publico.pt

A decisão final foi do Supremo Tribunal de Israel: depois de oito anos de disputa, confirmou-se que os manuscritos que Franz Kafka deixou ao seu amigo Max Brod e que foram herdados pela sua secretária vão mesmo ficar na Biblioteca Nacional de Israel. “Um dia de celebração para qualquer pessoa da cultura, em Israel e fora”, disse David Blumberg, o presidente da instituição que fica com a guarda de um espólio ainda praticamente desconhecido, prometendo mostrá-lo ao público de forma exaustiva.

Poucos viram até agora o conteúdo dos cofres onde as herdeiras de Esther Hoffe, a secretária a quem Brod legou o espólio, mantiveram os disputados documentos, e que incluem cadernos e cartas – podem também conter o manuscrito original de um romance incompleto, segundo referia um artigo da BBC datado de 2010. Inequivocamente está confirmada a existência, entre os papéis de correspondência trocada entre os dois amigos, dos diários de Kafka em Paris, de muitas obras de Brod, também ele escritor, e de desenhos e cartas de Kafka, informa a biblioteca em comunicado.

“É previsível que muitos outros tesouros estejam escondidos no material pessoal de Max Brod, que será exposto e catalogado pela Biblioteca Nacional”, lê-se no mesmo comunicado.

A sua importância, e o respectivo valor, estimado em milhões, justificam que há oito anos as herdeiras de Hoffe e o Estado de Israel estejam envoltos numa batalha legal – agora, o Supremo Tribunal tomou a decisão de última instância de ordenar que a família israelita transfira os documentos para a Biblioteca Nacional. O processo legal tem sido descrito por muitos como “kafkiano”.

A família Hoffe defendia que era a legítima proprietária dos documentos e em 2012 argumentara também que a Biblioteca Nacional não tinha meios para garantir a preservação do espólio. Mas “o Supremo Tribunal pediu à Biblioteca Nacional que faça o máximo para revelar o espólio Brod ao público” e  esta “vai seguir a decisão do tribunal e preservar os bens culturais, mantendo-os no país e tornando-os acessíveis ao grande público”, garantiu David Blumberg, citado pela BBC.

Da fuga aos nazis à Terra Prometida

Remonte-se ao início do século XX. Kafka, nascido em Praga, morreu de tuberculose em 1924, com 41 anos. O seu amigo Brod, fiel depositário da sua obra inédita e de documentos vários, morreu em 1968 sem ter cumprido parte da promessa que tinha feito ao escritor – queimar todos os romances que deixara por publicar. “O meu último pedido: que tudo o que deixo, sob a forma de diários, manuscritos, cartas (as minhas e de outros), desenhos e afins, seja queimado sem ser lido”, escreveu Franz Kafka numa carta endereçada a Max Brod e deixada na secretária da sua casa na cidade checa.

Franz Kafka com Max Brod em 1907
Franz Kafka com Max Brod em 1907

Mas Max Brod publicou O Processo, O Castelo e Amerika, títulos hoje essenciais na obra do escritor e que foram editados postumamente, entre 1925 e 1927, com um ano de separação entre si. Brod, que considerou que queimá-los seria “um ato criminoso”, como cita o Jerusalem Post, salvou parte da obra inédita de Kafka de outra forma: em 1939, levou os seus manuscritos de Praga, fugindo aos nazis que acabavam de invadir a antiga Checoslováquia e emigrando para a Palestina. O trem em que saiu de Praga com a mala cheia do legado de Kafka passou cinco minutos antes de os soldados alemães fecharem a fronteira.

Antes de morrer, Max Brod confiou os papéis à sua secretária, Esther Hoffe – também descrita por algumas fontes como sua companheira de longa data. Ela guardou-os durante toda a vida num apartamento em Telavive e em cofres em diferentes bancos, não sem que na década de 1970, e de acordo com o Jerusalem Post, Israel tenha tentado ficar com a custódia do espólio para o expor – um tribunal deu-lhe o direito de o manter na sua posse, notando porém que devia doá-lo ao Estado após a sua morte.

Uma longa disputa legal

As duas filhas que Esther Hoffe teve com o marido Otto, Eva Hoffe e Ruth Wiesler, herdaram o espólio após a morte da antiga secretária, em 2007. No ano seguinte, encetaram um processo para serem legalmente reconhecidas como suas proprietárias, mas, em 2009, o Estado israelita processou-as, exigindo os documentos – o testamento de Brod indicava que Esther Hoffe deveria depois legar o seu espólio “à Universidade Hebraica, à Biblioteca Municipal de Telavive ou a qualquer outra instituição pública em Israel ou no estrangeiro”, lembrava a acusação.

Foi então que começou verdadeiramente a disputa legal. Em 2010, escreve a BBC, alguns dos cofres que continham o espólio foram abertos em Zurique (os documentos tinham sido armazenados em cofres na Suíça e em Israel), mas o seu conteúdo só ficou a ser conhecido por um juiz israelita. Um tribunal israelita entregaria o espólio à Biblioteca Nacional do país em 2012. Entretanto, um recurso prolongou o caso, com a herdeira Eva, a última sobrevivente das duas irmãs, a argumentar também que o espólio era a sua única fonte de rendimento – Esther Hoffe já tinha vendido o manuscrito de O Processo por dois milhões de dólares em 1988, num leilão que bateu recordes e em que ficara prometido que o seu novo dono, um livreiro alemão, o doaria a um museu para exposição pública.

À época a venda deixou a sobrinha de Kafka, Marianna Steiner, então com 75 anos, muito satisfeita pelo facto de a obra não “ficar fechada numa gaveta”, reportava o diário New York Times.

Ao longo dos anos, escreve a agência AFP, as irmãs Hoffe venderam alguns outros documentos do espólio a colecionadores. Eva Hoffe, que ao contrário da irmã nunca abandonou o apartamento dos pais e viveu com os documentos que lá se encontravam, recordava em 2010 o New York Times, tinha uma relação “quase biológica” com os manuscritos, segundo o seu advogado, Oded Hacohen. Do destino dado ao espólio, por estar em análise todo o testamento de Esther Hoffe, estaria também dependente a herança de perto de um milhão de dólares respeitante à compensação dada à família pelo Governo alemão por danos relacionados com o Holocausto. Os Hoffe fugiram de Praga já durante a ocupação nazi.

Só esta semana o caso se resolveu definitivamente. Os três juízes do Supremo israelita a escreveram segunda-feira no seu veredicto que “Max Brod não queria que os seus bens fossem vendidos ao melhor preço, mas sim que encontrassem um lugar apropriado num santuário literário e cultural”.

Chupa, Celso Roth

Chupa, Celso Roth
Aylon entrou assim, voando | Foto: Ricardo Duarte
Aylon entrou assim, voando | Linda foto de Ricardo Duarte

Celso Roth resolveu escalar o time da torcida e deu no que deu.

3 x 0, uma vitória após 14 jogos sem chegar ao clímax, e um começo, um feto de futebol.

Imaginem se nosso Professor Pardal não tivesse inventado William como terceiro volante contra o Sport, imaginem se Sasha tivesse ficado fora, se Ariel não tivesse entrado, se Bo(m)b não tivesse entrado para manter o resultado mínimo, se Celso Juarez Roth fosse mais Celso e menos Juarez? Digo que não empataríamos aquele jogo, venceríamos. Com jogadores mais afeitos ao toque de bola e a atacar — Nico López, Seijas e Aylon — a coisa flui, fluiu. Não mudamos de status, permanecemos na zona de rebaixamento do Brasileiro e esta posição é um escândalo para uma instituição como a do Inter, mas ontem deu para ver que podemos fugir da degola com muito esforço e um pouco de bom senso. Não precisa muito mais.

Nico López não apenas usa a cabeça para pensar, como fala com a bola | Foto: Ricardo Duarte
Nico López não apenas usa a cabeça para pensar, como fala com a bola | Foto: Ricardo Duarte

Nico López, assim como Seijas, é um jogador inteligente. Jamais pode ficar fora. Cercado e desejando manter a posse de bola, é capaz de dar um bico da intermediária adversária para Danilo Fernandes recomeçar tudo. É outra civilização. Já Sasha foi pifado por Nico e o que fez? (1) Não chutou de primeira a bola dada com afeto porque não tem o pé esquerdo. (2) Erra a conclusão com o “pé bom”. Sasha, viste como Nico chutou de direita e marcou. Já pensaste se ele tivesse que virar a bunda para o lado da Geral antes de chutar?

Após o jogo, Roth começou a falar coisas bem básicas e razoáveis como manter a posse da bola, atacantes auxiliando na marcação, rapidez, recomposição, volantes no lugar. Nossa, como faz bem uma vitória! Celso, tu nem tiraste o Aylon para colocar o Bob e segurar o resultado!!!

Celso, não deixe Juarez tomar conta do teu corpo. Mantenha dois volantes, não coloque jogadores defensivos para manter resultados diminutos, invista na posse de bola e cubra-se da glória de ter retirado o Inter daquele lugar repulsivo para onde só vão médios, pequenos e o Corinthians.

Porque hoje é sábado, Brigitte Bardot

Porque hoje é sábado, Brigitte Bardot

Meu pai a considerava a mulher mais bela do mundo.

Confesso que não entendia.

Era muito pequeno, nada sabia de nada — hoje sei de alguma coisa? — e ainda menos

sobre a explosão mundial do filme E Deus criou a mulher, realizado pelo maridão

Vadim. Quando cresci, Brigitte Bardot já não era mais um sex symbol planetário,

só se falava nela quando ia a Búzios.

Nasceu em 1934, enfrentou a oposição dos pais ao fazer o primeiro filme em 1952,

virou mito em 1956 com o filme que inspirava o melhor blog do mundo

e participou de dúzias de produções ruins que apenas exploravam sua imagem.

Quando chegava perto dos 40 anos, em 1973, largou o cinema e

criou uma fundação para a defesa dos animais.

Acho admirável a forma como envelheceu. Nega-se a esconder as rugas, o peso e

a transformar-se num ET cheio de próteses, plásticas e botox.

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