O Mário Marcos tem razão: a Seleção perdeu até a capacidade de decepcionar

É normal o Mário Marcos de Souza ter razão. No último sábado, ele novamente produziu uma manchete cuja clareza e verdade são absolutas. O tema era a Seleção Brasileira: “A Seleção que perdeu até a capacidade de decepcionar”. Ele cita vários problemas pontuais da seleção brasileira. Eu gostaria de me afastar um pouco deles e observar o fenômeno de uma forma mais geral. E há vários pontos a considerar.

Creio que grande parte do desencanto das pessoas com a seleção nasce no absoluto anacronismo de uma instituição que é administrada da mesma forma com que era durante a ditadura. Pior: hoje, a CBF presidida por um dos mais destacados membros da ex-Arena, o moralmente discutível José Maria Marin. Imaginem que, no dia 1.º de abril, a CBF receberá uma petição que cobra a saída de José Maria Marin da presidência da entidade em razão causa de seu envolvimento com a ditadura militar.

Ontem, a petição online ultrapassou a marca de 50 mil assinaturas de apoio. O organizador da petição, Ivo Herzog, é presidente do Instituto Vladimir Herzog e filho do jornalista assassinado em 1975, quando se encontrava detido nas dependências do Departamento de Operações e Informações (DOI), controlado pelo Exército, em São Paulo. Marin discursou várias vezes contra Herzog e sua atuação na TV Cultura de São Paulo.

Mas você me dirá que os clubes também são administrados como eram na ditadura e que sua sedução não diminuiu. Então, eu contraponho o fato de que há outros desencantos: o povo brasileiro nunca foi muito ufanista e, agora, com os jogadores atuando em sua maioria fora do país, quebrou-se o elo entre eles e a seleção.

Nos últimos anos, a população brasileira apenas se preocupa com os rumos do time brasileiro durante as Copas do Mundo. Fora delas, o que ela vê é um time formado por jogadores cujas biografias não são acompanhadas por aqui. Não são mais ídolos nacionais. Ninguém está morrendo de preocupação com as lesões de Kaká no Real Madrid ou se Hernanes é ou não o dono da Lazio. Pior: estes jogadores têm visivelmente uma preocupação periférica pela Seleção e isto fica claro em cada entrevista. E, não havendo tesão do lado deles, a gente brocha por aqui.

De minha parte, posso acrescentar que o fato da Rede Globo ser a principal divulgadora da Seleção faz com que meu interesse nela passe a ser quase negativo, ainda mais  quando há amistosos como o de hoje. Hoje, possivelmente, a Seleção, no jogo contra a Rússia, em Londres, nos chegará companhada da voz de Galvão Bueno. A voz de Galvão é-me nauseante. Deve ser o mesmo para muita gente. Pior: a Seleção joga normalmente fora do país, durante a semana e à tarde, quando estamos trabalhando. Poucos a veem e só prestamos atenção vagamente aos gols e ao resultado e olhe lá. Ou seja, ela não decepciona e nem entusiasmaria a ninguém, pois é pouco vista

É claro que, em 2014, seremos engolfados pela Copa e estaremos na maior expectativa. Estabeleceremos com a Seleção aquela relação paradoxal que temos com nossos atletas olímpicos. Ou seja, após passar quatro anos nos lixando para eles, faremos a cobrança por vitória como se o time de Felipão carregasse uma procuração nossa. Aí, talvez outro jogador faça o mesmo que fez o lateral Rafael na decisão das Olimpíadas de 2012: vaiado e perdendo o jogo por 2 x 0 para o México — após ter sido o responsável direto pelo primeiro gol mexicano –, o lateral do Manchester United, deu um toque de letra no melhor estilo tô-nem-aí.

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A Ospa e o Grêmio

Para mim foi surpreendente; afinal, o Teatro do Sesi estava quase cheio. Havia um jogo pela Libertadores — o divertido Caracas 2 x 1 Grêmio — e, como se não bastasse, tinha o show Thick as a Brick, do Jethro Tull, no Araújo Vianna. Mas o pessoal deslocou-se até o “interior” para chegar ao Sesi e ver o concerto inaugural de 2013. Era uma cortina lírica com aberturas, árias e cenas de Giuseppe Verdi e Richard Wagner. Em 2013, ambos completam 200 anos de nascimento e devem ser figurinhas fáceis antes do ano da Copa.

Não tenho muito a dizer sobre o concerto, não sou afeiçoado ao gênero, porém é absolutamente obrigatório citar o espetacular tenor Martin Muehle. Trata-se de um cantor que não apenas é excelente, mas que também está no auge. Mesmo na ‘Cena 3 do primeiro ato da ópera “Die Walküre”’ — uma longa cena que consiste em aproximadamente 15 minutos de clímax, algo que no início é parecido com o sexo tântrico mas que logo dá sono — , o cara deu um banho. Perto do final da cena, olhei para o lado esquerdo, uma pessoa dormia; olhei para o outro lado, duas. O Martin não merecia Wagner. Será que em Bayreuth é também assim?

Eu estava sentado na poltrona A13 / 9.

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Em Caracas, falava-se em outra poltrona…

Quando saí do Concerto e liguei o celular, o Dario Bestetti já estava em chamas, mandando torpedos de “Chávez Vive!”. Logo vi que algo muito legal estava rolando em Caracas. Liguei pra ele e soube que Cris era o Bolívar careca. Caraca, vi os gols agora! A definição é mais do que exata. Claro, não assisti o jogo e tenho convicção de que o Grêmio irá se classificar em primeiro lugar em seu grupo — o Flu está muito mal e o Grêmio poderia vender saldo gols e ainda assim permanecer em vantagem — , mas perder pontos é sempre legal. O porteiro do prédio do Sul21 não me recebeu com o olho tapado em referência ao pirata Barcos, prova de que o golpe deixou-o abalado. Não lhe disse nada. Nem precisava. Todo mundo sabe da derrota e da faixa.

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Dunga é um técnico de futebol

Dunga, eu queria te sugerir uma coisinha…

Depois do amadorismo e da acomodação, representados por Falcão, Fernandão e Dorival Junior, Luigi acabou acertando. Acertou sem querer, pois Dunga era tudo que nosso presidente entendido em futebol não desejava. Luigi aspirava continuar no cargo de presidente-palpiteiro, mas o péssimo resultado nas eleições do Conselho fez-lhe dar alguns passos atrás. Ontem, nas entrevistas após a partida, notei certo BANZO e inveja em Luigi. Acho que nosso Giovanni Luigi Calvário está louco para mexer no time e não se enganem: se Dunga pestanejar, voa.

Mas tudo o que não tem feito é pestanejar. Dunga não apenas diz o que pretende como consegue demonstrá-lo depois. Queria saídas rápidas para o ataque, queria que a defesa parasse com os chutões, queria marcação, jogadas ensaiadas e controle da bola alta. Disse tudo isso e depois demonstrou em campo. Esta é uma rara qualidade. Afinal, identificar o problema, eu, o Falcão e monte de gente identifica. O complicado é ir ao campo e inventar treinamentos que deem ao time o que lhe falta. E aí está o trabalho de Dunga, técnico de futebol.

O campeonato é o gaúcho, competição fácil e crepuscular do futebol mundial, mas nós sabemos que, quando a coisa não está ajustada, aqui e ali alguns jogos são vencidos com dificuldades e dor. Às vezes também se empata ou perde. Porém o time de Dunga, apesar de ele se escabelar na casamata como se estivesse 0 x 5, já vai fazendo seus gols no primeiro tempo e vence os jogos sem nenhum estresse. E não toma gols mesmo relaxando um pouco no segundo tempo. Ou seja, faz o que deveria fazer com extrema naturalidade.

Juan acertou a defesa; com ele, Moledo adquiriu segurança e não estranhem se acabar morrendo abraçado com Felipão em 2014. Gabriel e Fabrício vão muito bem, obrigado. Nossos volantes têm apresentado mais argumentos do que cometido faltas; a prova disso está no número de cartões. Na armação estão Fred, que erra muitos passes mas se esforça como um louco, e D`Alessandro, o único que é afagado publicamente pelo técnico. Aí está mais qualidade de Dunga: a de ter identificado o argentino como um caráter mimado, que deve ser elogiado até quando erra. Se D`Alessandro precisa ser amado, então amemo-lo! D`Alessandro, tu és o melhor armador que vi jogar desde Maradona…

No ataque, Forlán só me apaixona quando chuta, mas bastou Rafael Moura recuperar-se de sua cirurgia e fazer três gols num jogo-treino para Damião acordar. Se D`Alessandro precisa de carinho oral, Damião precisa de alguém que lhe chegue por trás, tipo avalanche. Acho compreensível que ele passe a jogar melhor; afinal, o apelido do cara é HE-Man. E tudo isso só possível porque, durante a semana, Dunga treina seus jogadores de forma consistente, bem diferente daquele Dorival que ficava à beira do gramado, treinando a diretoria que o amava.

Ah, junto a Dunga há o preparador físico Paulo Paixão, um sujeito que costuma fazer seus times voarem em campo. Então, não obstante Luigi, nosso vestiário é profissional.

Luigi, deixe os caras trabalharem, por favor. Preocupe-se com o Beira-Rio, com a contabilidade, faça um curso de dicção, mas fique longe do vestiário!

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Só eu sei como sofri com Zico

Eram tempos um pouco diferentes dos de hoje, digo sem nenhuma nostalgia. Por exemplo, uma vez, passei dez dias em Itaqui. Estava fazendo um trabalho por lá e dependia de uma linha sem ruído da CRT. Que nunca veio. Era verão e anoitecia bem tarde. Quando o sol caía, eu caminhava pelas ruas da pequena cidade ouvindo continuamente as notícias do Jornal Nacional. Con-ti-nua-men-te, pois todas as casas de Itaqui ficavam com as janelas abertas e as tevês sintonizadas na mesma emissora. Parecia 1984, o livro de Orwell, apesar de que, pensando bem, talvez até fosse o ano de 1984 de verdade. Esqueçam a frase anterior. Parecia Fahrenheit 451, que também tem um Grande Irmão e este era representado pelas vozes de Cid Moreira e Sérgio Chapelin, que ecoavam a quase dois mil quilômetros do Rio de Janeiro.

As pessoas podiam até duvidar de alguma notícia, mas TODOS ouviam e viam a Rede Globo e quem duvida da influência dela nos anos 70 e 80, deve perguntar aos candidatos Fernando Collor de Melo e Luís Inácio da Silva. Ao menos um deles, contará boas histórias. Aquilo me irritava – pois adoro Itaqui e jamais falaria mal de seus habitantes que conhecem como poucos a arte de receber – e eu acabava na beira do rio para olhar Alvear e pensar na dona do hotel. Uma tarde, reclamei manhosamente que o ar condicionado de meu quarto não dava conta do calor. Ela foi conferir o fato in loco. A recepção ficou vazia por bastante tempo, prova de que nem todo mundo têm a opinião do Dante (o comentarista do Impedimento que não curte nada que eu faço).

Nas noites de domingo, a presença da Rede Globo parecia ainda maior. Tinha o Fantástico e, lá pelas 22h, entrava o Léo Batista com os gols pelo Brasil. O personagem principal, o mais festejado, o Rei da Globo e do Flamengo era um baixinho que atuava com a camisa 10. Rede Globo → Rio → Flamengo → Zico → Festa, simples assim. Era insuportável. Ainda mais que o cara era absolutamente genial.

Logo que ele apareceu, todos os Ceconelli do sul do Brasil, com sua neurótica fixação pelo número 3, diagnosticavam que ele era apenas um “jogador de Maracanã”, que era só botar “o Ademir Kaefer em cima dele pra ele abrir as pernas”, e torciam o nariz com ceticismo. Só que ele não parava de fazer gols – e era gol de tudo quanto era jeito, de pé direito, esquerdo, forte, colocado, de primeira, driblando meio mundo, de pênalti, de bate-pronto, de falta e até vários de cabeça, normalmente feitos no Botafogo.

O moço era realmente democrático. Tinha pra todo mundo. Todo o clássico no Maracanã tinha. A princípio, dando razão aos Ceconelli, o futebol e os gols de Zico apareciam mais quando acompanhados pela torcida do Flamengo, mas depois eles passaram a prescindir da companhia dela e vararam o Brasil. Eram gols bonitos, calculados, cheios de estilo. Não é favor compará-los com os de Messi. Zico também era pequeno e perdia poucos gols. Assim como o argentino, Zico calculava seus chutes. Raramente a bola estufava as redes com ódio, ela quase sempre dirigia-se para lá como uma criança dirige-se com sono para sua cama. A cena seguinte era a do protagonista correndo para a torcida, quase sempre passando pelo lado direito da goleira adversária para ir até o fosso do velho estádio. Era uma cena chata, repetitiva para os torcedores não flamenguistas.

O chamado Galinho de Quintino – apelido de considerável mau gosto – chutava bem demais. Sua cobrança de falta era mortal. Seus lançamentos também eram esplêndidos e quase todos os pênaltis que batia acabavam nas redes adversárias – quase todos eles chutados no canto direito do goleiro. Um dos mistérios que nem deus explica é porque os goleiros atiravam-se quase sempre para o canto esquerdo. A convicção com que se equivocavam – ou eram enganados – era algo patético, ridículo. A seguir vou colocar alguns poucos números de Zico como artilheiro, mas é importante esclarecer que ele não era exatamente um atacante, era um enganche que chegava para chutar. OK, era um enganche que não marcava ninguém, mas era um meio-campista, saía de lá. Só que quando estava na área demonstrava como ninguém a arte de se colocar bem. E livre. E a bola insistia em passar por ele.

E o que dizer das arrancadas? Quantas vezes Zico partiu da intermediária como quem não queria nada e acabou nas redes adversárias? Mas eu nem precisaria descrever suas qualidades. Vamos aos poucos números que prometi.

Ele marcou 699 gols em sua carreira. No Flamengo, foram 539 em 826 jogos. Em 72 jogos pela Seleção, fez 52 gols. Também jogou na Udinese e no Kashima, onde até hoje é chamado de サッカーの神様. Em Udine, um jornal escreveu: “Para nós, friulanos, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um fusca. Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo”. Mas há mais: é o maior artilheiro do Maracanã, com 333 gols; no ano de 1979, marcou 81 gols em 70 jogos; e em sua carreira ganhou Brasileiro, Libertadores (da qual foi o artilheiro), Mundial de Clubes, Campeonato Carioca. Só não levou mesmo a Copa do Mundo, em parte por sua culpa ao errar um pênalti contra a França, no México, na Copa de Maradona.

Alguns times que o Flamengo construiu em torno de Zico foram arrasadores. O clube sempre tentava dar-lhe coadjuvantes sensacionais, mas aquele que tinha Raul no gol, Mozer na zaga, Leandro e Junior nas laterais, Andrade na volância com, à sua frente, sem posição fixa, Tita, Adílio, Lico e Zico, com Nunes lá na frente – nunca sozinho – era praticamente imbatível. Só eu sei como sofri com esses caras. Vou passar por cima da lesão que lhe infligiu Márcio Nunes, do Bangu, em 1985. Afinal, neste 3 de março, Zico está completando 60 anos e a gente não deve falar de coisas ruins.

Então, para finalizar e a fim de que ninguém diga que minto…

Publicado sábado (1) no Impedimento.

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Grêmio conquista os primeiros títulos da nova Arena

via Dario Bestetti.

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Luxemburgo, o cagadinho

Ai, jesuis, Gre-Nal de novo?

Quando era bem pequena, minha filha não conseguia dizer a palavra salgadinho. Ela dizia cagadinho. Eu achava engraçado e providenciava o que ela queria. E, sabe?, toda vez que ouço o Luxemburgo falando em Gre-Nal me vem a impressão de que ele tem medo de jogar contra o Inter e lembro de minha filha dizendo “cagadinho”. Reconheço o tom de Luxa até por identificação, porque, como torcedor do Inter, também tenho certo temor de Gre-Nais. Ele usa palavras que conheço.

Noto a alegria de Luxemburgo em ter justificativas perfeitas para entrar em campo com o time reserva. Noto como ele fica feliz de poder jogar com o time mais fraco e não correr riscos pessoais. Noto como ele quer preservar seu longo contrato. Mas acho que acabou. O próximo será às ganhas. O próprio presidente Koff, que para trouxa não serve, já anunciou que no segundo turno os jogos serão mais espaçados e o Grêmio vai jogar contra o Inter com o time titular. Nada me tira da cabeça que era um recado para seu técnico.

É tudo impressão, mas apostaria que Luxa dorme mal antes dos Gre-Nais. Ainda mais depois daquele último Gre-Nal do Brasileirão. Um segundo tempo de onze contra nove — o goleiro e o centro-avante do Inter tinham sido expulsos — que acabou em 0 x 0 e que teve graves consequências no planejamento do clube em 2013.

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Só agora, depois de contratado pelo Botafogo, Bolívar recebe uma justa homenagem

A idade deixou-o cada vez mais meigo. Acho que as faltas e os corpos estendidos no chão serão comuns nas imediações da área do Botafogo. Fica nosso abraço para o General. E, por favor, não volte nunca mais.

O filme acima é de André Bozzetti. E, abaixo, o lance com Dodô, do Bahia. O jogador ficou seis meses fora dos campos.

Via grupo Colorados de Fé.

P.S. — O grande Ramiro Furquim, fotógrafo do Sul21, tem uma foto exclusiva onde fica patente a elegância, o fair play e a categoria de nosso ex-zagueiro.

| Foto: Ramiro Furquim/outroangulo.com

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ISSO VOCÊ TEM QUE VER: aqui, o documentário Memórias de Chumbo – A Condor e o Futebol

A série é dividida entre Argentina, Chile, Uruguai e Brasil. Abaixo, temos disponível o Brasil. A série inteira da ESPN Brasil ainda não está no site da emissora por conta de questões burocráticas associadas aos direitos autorais das músicas. Vale muito a pena assistir, pois várias figuras conhecidas estão envolvidas. E o programa é ótimo. Produção e roteiro de Lúcio de Castro.

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O time da Piada Pronta abre os trabalhos logo no décimo dia de 2013

O comovente abraço ao Olímpico | Foto: Diego Vara / ZH | CLIQUE PARA COMOVER-SE MAIS COM A IMAGEM

Os times de futebol têm personalidade própria. O Inter, quando em decadência, é choramingas e patético; como agora, deixa-se levar até bater numa margem. Já o Grêmio cai em meio a uma opereta, com jogadores transando no ônibus enquanto o presidente, caindo a para a segunda divisão, diz: mas vejam nosso site, que coisa maravilhosa! Quando o Grêmio ganha, é sempre sofrido — nem que não seja –; quando o Inter ganha, é natural e absolutamente merecido. Quando o Grêmio perde um jogo, há uma enorme probabilidade de que o juiz seja o culpado; quando o Inter perde, é porque o time é uma merda mesmo.

Mas há uma coisa na qual é difícil ganhar do Grêmio. O tricolor gaúcho costuma se apresentar como Piada Pronta e faz disso uma arte. Não tinha ainda acontecido em 2013, porém, no décimo dia… eles não se aguentaram e revelaram o mais novo chiste: o Grêmio está voltando para o Olímpico pela simples razão de que a Arena ainda não está pronta. O Grêmio é como aquele franguinho al primo canto que sabe de terá a cabeça decepada ao primeiro Quac!, porque o produtor está ali ao lado, atento, com o facão na mão. Mas o instinto o obriga a cantar ou, no caso do Grêmio, a fazer rir.

Sim, hoje o Grêmio solicitou ao comando da Brigada Militar (BM) a liberação do estádio Olímpico para a realização de três jogos em janeiro… O pedido está sendo analisado pela BM. Isso é sensacional! Já houve abraço de despedida ao Olímpico, já houve o último jogo — uma discreta tragédia –, as rádios e as TVs já passaram dias enchendo o saco passando todos os gols, falando com todos os que fizeram alguma coisa no estádio, já foram choradas lágrimas por parte dos nostálgicos, o torcedor símbolo Paulo Sant`Ana já deu a volta olímpica com a bandeira “Adeus, Olímpico” na mão… Tudo já foi feito e agora voltam. Parece o Sílvio Caldas (*).

O Grêmio estaria disposto a levar as partidas contra o Canoas e o Santa Cruz, nos dias 24 e 26 de janeiro para o velho estádio. A medida também poderia valer para o jogo contra a LDU, pela pré-Libertadores. Nesta quinta-feira, de forma assim meio escondida, foram reinstaladas as goleiras no estádio Olímpico. Eu amo nosso Tradicional Adversário, obrigado Grêmio!

(*) Caíram no folclore as despedidas do cantor carioca Sílvio Caldas, que durante pelo menos 20 anos anunciou que enfim faria o seu último show ou a sua última gravação. No entanto, permaneceu em atividade até o ano de 1995, adiando sua aposentadoria até os 87 anos de idade.

Grêmio com a Síndrome de Sílvio Caldas

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Meu segundo time faz golaços

O primeiro gol do Benfica contra o Estoril no último domingo, obra de Gaitán.

http://youtu.be/PqedyrKUhFI

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Em 10 minutos e em ordem cronológica, todos os 91 gols de Messi em 2012

http://youtu.be/qXrltgfrrqw

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Exclusivo: a diferença entre Messi e Maradona

Foto: A Bola — Portugal

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Inter: o último a sair acende a luz

Depois das desejadíssimas saídas de Bolívar, Nei e Luciano Ratinho, eis que saem Guiñazú e agora talvez saia Dagoberto. Ou seja, a diretoria que queria um outro atacante de velocidade para acompanhar Damião ou Rafael Moura, perderá o único que tinha. É o perigo de ter um presidente tolo. Um tolo não tratará de cercar-se de sumidades, mas procurará outros tolos que concordem com ele. Exatamente o mesmo que fez Obino no Grêmio.

O Farinatti responde no Facebook:

Eu preciso acreditar que não é só imbecilidade. Largar o Dagoberto e ir a Recife negociar a volta do Gilberto é um ato tão tolo que parece até proposital, como provocação. Porém, pode haver algo que não sabemos. O Inter estava louco para se livrar do Dagoberto. Na verdade, parece que iria dispensá-lo de qualquer maneira e só não o fez antes, na esperança que algum clube o quisesse e o Colorado pudesse receber algum ressarcimento. Houve alguma coisa extra-campo com ele neste ano. E não foi o episódio dos cremes. É a única explicação. Seria burrice demais até para o Luigi.

Os setoristas da dupla disseram que houve uma mal-disfarçada euforia na direção quando chegou a proposta do Cruzeiro. Eu mesmo ouvi a entrevista do Souto Moura e ele mal podia conter o entusiasmo. Muito estranho… Somo isso ao fato de que, poucos dias antes, vazou a notícia de que Dagoberto não estava nos planos de Dunga. E mais, lembro que Fernandão disse que foi amigo de quem não devia ser e disse que não estava se referindo ao Bolívar: foi ele quem trouxe Dagoberto… Sei lá, preciso acreditar nisso porque não adianta eu ir até lá e quebrar todo o Beira-Rio, só de raiva, porque isso a Andrade Gutierrez já está fazendo.

Agora, Vitor Júnior é para f… o c. do palhaço.

P.S. — O título do post foi surrupiado do romance de Marcos Nunes.

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Um desejo meio desesperado de boa sorte ao Dunga

Dunga: com ele e Paixão, alguma esperança

Não sei se o Inter está por demais empobrecido do ponto de vista financeiro — já estava do ponto de vista diretivo — ou Dunga e a nova comissão técnica querem antes uma resposta para a eterna interrogação do clube — há elenco ou não? Ou, de forma mais explicita: pode um time com D`Alessandro, Damião, Guiñazú, Dagoberto, Forlán, Juan, Dátolo, Índio, Muriel, Kléber, etc. ser ruim? Ou ruins eram as comissões técnicas anteriores? Esta dúvida também é minha, pois tivemos uma incrível sequência de técnicos aprendizes (Falcão, Fernandão) ou preguiçosos (Dorival). Para piorar, eles trataram de fazerem-se acompanhar de outros incompetentes. A convicção no amadorismo foi tão grande que eles conseguiram “expulsar para o Corinthians” um dos melhores preparadores físicos do país, Fábio Mahseredjian.

A hipótese de que Dunga deseje ver antes o que realmente tem em casa me sabe muito bem. É uma estratégia de cunho europeu, algo de longo prazo, pois, convenhamos, até hoje não se sabe quem são e o que podem fazer Dagoberto, Forlán e Juan, para ficar no mínimo. Do ponto de vista estritamente técnico, o ano de 2012 não existiu, tendo sido substituído por rosários de lesões musculares (vide o caso D`Alessandro) e de bisonhos treinamentos, incapazes de dar um padrão tático ao time. Na minha opinião, o trio que citei acima está chegando ao clube agora para fazer suas estreias.

Vejam bem, este é o melhor pensamento que posso extrair de uma diretoria que foi a maior inimiga do clube no ano passado, mas que teve o bom senso de contratar profissionais em 2013. Acho mesmo do ano passado não se extrai nada, a não ser a necessidade de livrar-se de Nei, Bolívar, Ratinho, talvez de Bolatti e Élton. 2012 passou em branco.

Vou ser otimista e pretendo esquecer aquele frase lida no Diário Gaúcho que dizia que a rescisão de Bolívar custaria ao clube 2 milhões de reais. Espero que seja mentira.

Bem, hoje Dunga e Paulo Paixão começam a trabalhar e, por incrível que pareça, este torcedor está otimista. Se não der certo, ao menos vamos nos divertir com as brigas de Dunga com a imprensa. (Adoro!)

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Futebol em frente ao muro

Crianças palestinas jogam futebol em frente ao muro que as separa de Israel. Talvez os sionistas tenham medo de alguma bolada, sabe-se lá. A foto é de Ahmad Gharabli (AFP) e foi tirada na aldeia de Abu Dis, na Cisjordânia, em 8 de novembro de 2012. (CLIQUE PARA AMPLIAR)

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O Inter joga a pré-Libertadores, o Grêmio, a primeira fase

O estranho é que o mata-mata jogado pelo Inter em 2012 é o mesmo que o Grêmio jogará no início de 2013. São tratamentos diversos para exatamente a mesma coisa.

Um abraço.

Com a colaboração de Fernando Guimarães.

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Luigi estaria à procura de palavras para dispensar Bolívar?

O mês de dezembro nos mostra o Inter em velocidade subluígica, ou seja, ainda mais lento do que o costume. A última notícia diz que o lateral direito e o atacante de velocidade prometidos talvez venham no final do Campeonato Gaúcho. Desta forma, a montagem do time ficaria para o segundo semestre. Talvez seja bom. No ano passado, o Inter contratou 14 jogadores. Destes, só aprovaram três, todos com caras assim de reservas: Ygor, Jackson e Cassiano. Dátolo fez um belo primeiro semestre, mas afundou no segundo.

As contratações mais espetaculares fracassaram até agora: Forlán não joga desde a Copa de 2010, Juan segue acumulando lesões desde 2011 e Dagoberto adotou o mesmo estilo em 2012. Ainda bem que Ratinho e Nei saíram. Dizem que Bolívar também estaria arrumando as malas, mas só acreditarei quando ver Bolívar com outra camiseta ou de pijamas por 24h. Luigi Calvário quer dar uma saída honrosa para o ex-zagueiro. Se procura palavras, sugiro que ele veja os jogos da Libertadores de 2006, quando Bolívar jogava muito. Então, encontrará argumentos para um belo elogio. Depois, ele deve pensar nas cagadas que General têm feito para justificar o pé na bunda.

Meu consolo é que as coisas andarão mais rapidamente no vestiário com Dunga e Paixão. Mas acho melhor evitar que o Calvário arraste sua cruz até lá. Pois se for, sabemos que fica.

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O Remendão sobre sobras

Eu e o Igor somos coeditores do Sul21. Temos a característica de concordar em quase tudo. Isso é maravilhoso, pois evita brigas, estresse, etc. Também moramos na Zona Sul, mais ou menos perto um do outro, e nosso ônibus vai para o centro da cidade passando pelo Beira-Rio, o qual é observado com expectativa por mim e com prazer por ele. Porque não há mais Beira-Rio e porque numa coisa discordamos — ele é gremista e eu colorado. Quando a gente passa pela Padre Cacique, o que se vê é uma casca com o anel superior completo e com algumas partes do inferior. E só. Tantas paredes foram derrubadas que a gente consegue ver da rua não apenas o outro lado do estádio, mas o rio, ou lago, através do túneis de acesso e do vazio de alguns paredões. Além disso, não há gramado.

Nos últimos dias, eu, que achava até simpático o termo Remendão inventado pelos gremistas, passei a achá-lo inadequado. Remendo é um pedaço de pano que se costura sobre uma base rota. Uma base. Aquilo que está lá nem é uma base, tanto que a cobertura terá fundações próprias. Não será um Remendão, será um estádio construído sobre as sobras do tal anel superior e as rampas. Acho que até teria sido mais produtiva uma implosão. Só que haveria a resistência dos nostálgicos, que acham que as pedras do Beira-Rio lembram de Figueroa e do gol de Tinga no São Paulo.

Ah, estou exagerando? Então vai lá e olha! Ontem, fui comprar um presente na loja do estádio. Cheguei ao Beira-Rio às 18h. Sabem o que me disseram? Que a construtura pedira que a loja fechasse às 16h para evitar o trânsito de pessoas. Voltando ao termo Remendão, aquilo que vi não é uma obra de arte que mereça o nome de Restauro, por exemplo. Merece um nome mais chinelão. Desta forma, não sei que nome sugerir, só sei que está horrível.

Foto do gremista @FTarganski

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A situação perde, a oposição não vence, abaixo os sócios e viva o Conselho!

Minha leitura da eleição do Conselho do Inter é bem simples. A situação perdeu muitas cadeiras, a maior parte delas para uma oposição de mentirinha — a de Píffero, Lopes e de uma série de pessoas que ainda anteontem estavam ligadas à situação — e a verdadeira oposição teve um modesto incremento, passando de 32 a 48 cadeiras da metade renovada do Conselho. Vocês dirão que 50% não é um “modesto incremento”, mas, se considerarmos o ganho de cadeiras da chapa de Píffero, a Convergência perdeu uma grande oportunidade.

Píffero e seus aliados fizeram uma campanha inteligente e oportunista. Em política não é feio ser oportunista. Sem biografia ou algo em comum que unisse aquela salada de frutas de todas as estações, chamaram sua de chapa de “Diretas Sempre”, em clara referência a um escandaloso fato recém ocorrido: a negativa do Conselho em dar um segundo turno aos sócios, ou, sendo mais claro, a absurda reeleição de um presidente derrotado em campo, sem ser referendado pelos sócios.

Muitos sócios ficaram indignados com a eleição e votaram simplesmente em “diretas sempre”. Já o grupo da Convergência — ao qual pertenço — teve pudor para se utilizar desta estratégia, mas, como já dizia José Dirceu e Raskolnikov, há que se agachar e pegar o poder onde ele normalmente está, na lama. A biografia coerente do grupo o impediu de usar casuísmos. Cometeu um grave equívoco.

Por falar em sócios, que decepção. Dos quase 60 mil habilitados, votaram 11 mil. Ou seja, são pessoas que estão ou cagando para o clube ou ressentidos com a politica interna do mesmo. Bem, por isso é que há democracia e oposição. Ou só pensam no futebol de campo, como se este fosse consequência dos deuses do futebol. Acho que, se tivéssemos 30 mil votantes, Luigi sairia muito, mas muito pior da eleição de ontem.

Desta forma, o fato esportivo do fim de semana não foi a eleição do Inter, mas a transparente entrevista concedida por Fábio Koff para a Zero Hora. Ele disse coisas das quais se tinha informação — que a Arena era um péssimo negócio para o Grêmio — e outras das quais nem se desconfiava sobre a situação financeira do clube. O Conselho do Inter — essa coisa para a qual os sócios cagam — salvou o Inter de um mau negócio. O contrato com a AG foi examinado e cheirado em seus mínimos detalhes e o resultado é muito melhor. O próprio Koff disse em sua entrevista que o Inter agregou patrimônio enquanto o Grêmio o cedeu. Viva o Conselho do Internacional!

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Resultado das Eleições para o Conselho Deliberativo do SC Internacional

Renovação de 150 conselheiros.

Chapa 1 – Inter Vencedor — Do Luigi: 38 conselheiros
Chapa 2 – Diretas Sempre — Do Lopes e do Piffero: 64 conselheiros
Chapa 3 – Convergência Colorada: 48 conselheiros
Chapa 4 – O Povo do Clube: 0
Chapa 5 – Movimento Vermelho: 0
Chapa 6 – Acorda, Conselho: 0

O sócio quer votar para presidente, né? O grande derrotado foi o banana Giovanni Luigi Calvário. A Convergência estava renovando 32 cadeiras. Com suas 48, ganhou 16 cadeiras. A vencedora foi a Chapa 2, que tem uma plataforma bem simplesinha: quer mudar o estatuto para reduzir a cláusula de barreira. De resto, é formada por dissidentes da situação. Mas hoje é oposição.

Agora a oposição tem ligeira maioria. Luigi vai ter que cooptar bastante gente em jantares.

Totais aproximados:

Chapa 1 – Inter Vencedor — Do Luigi: 127 conselheiros
Chapa 2 – Diretas Sempre — Do Lopes e do Piffero: 107 conselheiros
Chapa 3 – Convergência Colorada: 80 conselheiros

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