Lições de um escritor que se autopublica: as livrarias independentes são boas, a Amazon nem tanto

Lições de um escritor que se autopublica: as livrarias independentes são boas, a Amazon nem tanto

Por  Jonny Diamond, no Lit Hub e, infelizmente, apenas nos EUA

Em 2019, o romancista Mason Engel publicou seu próprio romance e fez sua autopromoção visitando 50 livrarias em 50 dias através dos EUA. Ele filmou tudo, documentando o seu périplo. Naquele ponto, ele ainda pensava em, quem sabe?, vender seu romance apenas para a Amazon, que continua sendo o lugar mais importante para escritores autopublicados ganharem dinheiro com seu trabalho — mas sua viagem mudou tudo.

Como muitos de vocês provavelmente sabem, as livrarias independentes são frequentemente espaços comunitários (muito) idiossincráticos e (muito) encantadores. Eles são preenchidos não apenas por acervos altamente selecionados que refletem o que os livreiros realmente gostam, mas também o espírito de um bairro ou de uma cidade, aquela personalidade particular que se molda em torno de milhares de conversas silenciosas sobre o que importa no mundo. Foi isso que Mason Engel descobriu em sua viagem e o que o levou a deixar a Amazon.

Passado um ano, Engel decidiu voltar à estrada, desta vez com um propósito além de seu próprio trabalho. Apesar da pandemia, Engel — e seu cinegrafista Brady — visitaram 30 livrarias entre Nova Orleans e Nova York, perguntando aos livreiros por que fazem o que fazem e por que isso é importante. Os resultados estão agora aqui, em um segundo documentário chamado The Bookstour , que você pode assistir fazendo uma doação ao BINC , a maravilhosa organização sem fins lucrativos que apoia os livreiros necessitados. O BINC tem sido um apoiador inestimável nos últimos 18 meses para uma comunidade de livrarias que precisa urgentemente de ajuda financeira.

Isso tudo parece um boa coisa: apoiar os livreiros enquanto se aproveita de sua sabedoria, visão e esperança… Obrigado Mason Engel!

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A Amazon está destruindo milhares de livros não vendidos

A Amazon está destruindo milhares de livros não vendidos

Por Walker Caplan, no Lit Hub

ITV News relatou que a Amazon está destruindo milhões de itens não vendidos a cada ano — livros, TVs, laptops, drones, fones de ouvido, computadores, milhares de máscaras COVID embaladas estão todos entre os resíduos. Imagens secretas do depósito de Dunfermline da Amazon no Reino Unido, da ITV News, mostram esses itens classificados em caixas marcadas como “Destroy”, para minimizar os custos de armazenamento.

Disse um ex-funcionário anônimo à ITV News : “De sexta a sexta-feira, nossa meta era geralmente destruir 130.000 itens por semana. Eu costumava ficar indignado. Não há razão para tal destruição. No geral, cinquenta por cento de todos os itens não foram abertos e ainda estão em sua embalagem plástica. A outra metade são devoluções e em bom estado. Os funcionários acabaram de ficar insensíveis ao que estão sendo solicitados a fazer. ”Um funcionário disse que em algumas semanas, até 200.000 itens podem ser marcados como “destruir”, enquanto apenas uma fração desse número seria marcada como “doar”. (Uma semana de abril mostrou mais de 124.000 itens marcados como “destruir”, enquanto apenas 28.000 foram marcados como “doar”.)

Outro funcionário veio  corroborar o relato do primeiro funcionário e confirmou que o depósito de Dunfermline não era o único que produzia resíduos nessa escala: “Nós nos livramos de livros novos, de iPhones novos, de PlayStations. Em todas as instalações isso acontece, acredite em mim, acontece. Trabalhei em uma instalação específica, mas conhecia outras pessoas que trabalharam em outras e elas disseram exatamente a mesma coisa. ”

A Amazon negou o envio de qualquer produto para aterros no Reino Unido em declarações à ITV e The Verge e afirma que o aterro que a ITV identificou é um local de reciclagem (apesar dos rótulos “destruir”). Disse a Amazon no comunicado: “Estamos trabalhando em direção a uma meta de descarte zero de produtos e nossa prioridade é revender, doar para organizações de caridade ou reciclar quaisquer produtos não vendidos.” A Amazon disse ao The Verge que menos de um por cento de seus produtos são incinerados para geração de energia.

Assistindo à filmagem do ITV News, é difícil não pensar em todos os que poderiam se beneficiar com os produtos marcados como “destruir”. Esses livros podem trazer alegria para escolas, hospitais, prisões; esses laptops poderiam ajudar os alunos necessitados que precisaram de laptops para aprendizado remoto no ano passado. Sem falar na sustentabilidade ambiental. Como Philip Dunne, presidente do Comitê de Auditoria Ambiental, disse ao ITV News : “[Este] é um grau verdadeiramente surpreendente de desperdício de recursos. E se for verdade, é um escândalo que a Amazon tem que resolver. ”

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A Bamboletras sugere três livros muito diferentes entre si

A Bamboletras sugere três livros muito diferentes entre si

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Desta vez será complicado encontrar pontos em  comum sobre os livros sugeridos. Eles só têm em comum a alta qualidade.

O primeiro é um livro de crônicas saborosas de Humberto Werneck. Livro profundamente brasileiro e dentro de nossa gloriosa tradição cronística.

O segundo é o terceiro e último volume de uma obra-prima. Os diários de Emilio Renzi, de Ricardo Piglia, deveria ser livro de cabeceira de qualquer candidato a escritor ou artista.

O último é um mosaico enganador de fatos que envolvem uma visita à Alemanha Oriental e uma foto sobre a faixa de segurança de Abbey Road, como a célebre foto da capa do disco homônimo dos Beatles.

Mais detalhes abaixo. Boa semana com boas leituras!

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O Espalhador de Passarinhos, de Humberto Werneck (Arquipélago, 176 páginas, R$ 45,00)

Espalhador de boas histórias, Humberto Werneck senta conosco na calçada para uma conversa saborosa. Na memória do menino, a educação sexual na Idade Média dos anos 50 e o pequeno defunto que leva os óculos consigo para ver o nada no fundo da terra. Na pele do jornalista, os espinhos de uma entrevista petrificante com Clarice Lispector e o ensinamento de um jovem Gilberto Gil (“Minha ambição é a boa morte”). Na coleção do catador de palavras, a festimana e o balandrau. Nas retinas infatigáveis do observador da vida, as separações que não dão certo e os santos de um lugar esquecido por Deus. Um livro que preserva o canto inimitável da crônica brasileira.

Um dia na vida: Os diários de Emilio Renzi, de Ricardo Piglia (Todavia, 334 páginas, R$ 89,90)

Como nos dois volumes anteriores dos diários de Emilio Renzi, alter ego do autor, é possível montar uma cartografia pessoal de Piglia por meio das aventuras da vida íntima (casos amorosos, família, amigos), cafés, pequenos quartos alugados, quartos de hotel e jornadas pelas freeways dos Estados Unidos. Um dia na vida é o terceiro e último volume dos diários — ponto alto da produção literária de um dos escritores fundamentais da literatura latino-americana. O pânico de viver sob uma ditadura. As dúvidas sobre ser ou não um intelectual público. As amizades literárias e os amores. O triunfo com a publicação de Respiração artificial. O envelhecimento e a doença. Aqui, como nos dois volumes anteriores dos diários, é possível montar uma cartografia pessoal de Piglia por meio das aventuras da vida íntima, cafés, quartos de hotel. E, sempre, o chamado da escrita.

O homem que viu tudo, de Deborah Levy (Todavia, 232 páginas, R$ 64,90)

No mosaico montado por Deborah Levy, as peças do mistério se sucedem e se combinam, num caleidoscópio de pistas, indícios e sugestões. Em 1988, o jovem historiador Saul Adler é convidado a viajar à Alemanha Oriental para realizar uma pesquisa. Em troca, Saul deve escrever um ensaio elogiando a vida na RDA e o regime comunista. Ele ficará hospedado na casa de seu tradutor, e pretende dar à irmã dele — fã incondicional dos Beatles — uma foto atravessando a famosa Abbey Road. Enquanto aguarda sua namorada, que irá retratar a cena, Saul é atropelado. Embora sofra apenas ferimentos leves, o acidente mudará o rumo de sua vida.

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Hoje é Bloomsday, gente!

Hoje é Bloomsday, gente!

(Espero que Caetano W. Galindo não se assuste com incrível número de anotações justo na sua tradução. É o que acontece quando GOSTO MUITO. Imagine se ele abre o meu exemplar… Há quase outro Ulysses dentro… E escrito com caneta…)

Trecho final do poema “James Joyce”, de Jorge Luis Borges:

“Entre a aurora e a noite está a história
universal. E vejo desde o breu,
junto a meus pés, os caminhos do hebreu,
Cartago aniquilada, Inferno e Glória.
Dai-me, Senhor, coragem e alegria
para escalar o cume deste dia”.

Escalei o cume do 16 de junho por 3 vezes e escalaria a quarta.

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Hoje é o Bloomsday, mas também é o Dalloway Day!

Hoje é o Bloomsday, mas também é o Dalloway Day!

Hoje é o Bloomsday, mas pelo visto apareceu outra efeméride para ser comemorada pertinho, quase na mesma data, neste ano exatamente na mesma data. O curioso é que Virginia Woolf não gostava nada do Ulysses de James Joyce, mas olha só:

Da Lit Hub

Todos os anos, na “quarta-feira de meados de junho”, a Royal Society of Literature celebra o trabalho e o legado de Virginia Woolf. Este ano, o Dalloway Day cai na quarta-feira, 16 de junho (que também é Bloomsday), e as comemorações marcarão o centenário da Monday or Tuesday, a única coleção de contos de Woolf.

A Lit Hub tem o orgulho de fazer parte das festividades, que este ano incluem um workshop de redação de contos, uma discussão explorando a relação entre Woolf e Katherine Mansfield, passeios a pé, um podcast e uma mesa redonda. Você pode ver o programa completo aqui , mas é claro que recomendamos o podcast, no qual a editora sênior do Lit Hub, Corinne Segal, moderou uma conversa entre Deborah Levy e Merve Emre enquanto discutiam o que Virginia Woolf significava para eles e a influência duradoura de seu trabalho sobre sua própria escrita. Esta ampla conversa apresentará uma exploração da força e fragilidade de Woolf, e de como a leitura de escritores do passado muda os autores de hoje e o que ainda temos que aprender com Virginia Woolf. Registre-se aqui para ouvir e tenha um ótimo Dalloway Day!

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Chegou o Vol. 2 de Escravidão, de Laurentino Gomes, na Bamboletras, mas não apenas ele

Chegou o Vol. 2 de Escravidão, de Laurentino Gomes, na Bamboletras, mas não apenas ele

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Hoje é o Bloomsday, mas não teremos nada de Joyce em nossas recomendações, mas sim três livros com importantes pontos de contato.

O primeiro é a segunda parte de Escravidão, de Laurentino Gomes, uma importante e estarrecedora obra que traça um cenário bastante completo do que foi a escravidão em nosso país. Infelizmente, é uma história contada por pessoas brancas, mas a documentação levantada pelo autor dá uma visão muito ampla da desumanidade da escravatura. A obra será uma trilogia.

Outra sugestão é o recente lançamento da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, autora dos já clássicos Hisbisco Roxo e Americanah. Desta vez, Chiamamanda chega com Notas sobre o Luto, uma narrativa que descreve e extrapola a história da morte do pai da autora por covid-19.

Para finalizar, sugerimos E se as cidades fossem pensadas por mulheres?, livro que demonstra como as cidades foram pensadas para homens brancos e propõe soluções para que as mulheres se sintam melhor em nossas urbes.

Mais detalhes abaixo. Boa semana com boas leituras!

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Escravidão (Volume II), de Laurentino Gomes (Globo, 512 páginas, R$ 59,90)

Neste segundo livro, Laurentino concentra-se no século XVIII. O período representou o auge do tráfico negreiro no Atlântico, motivado pela descoberta das minas de ouro e diamantes no Brasil e pela disseminação, em outras regiões da América, do cultivo de cana-de-açúcar, arroz, tabaco, algodão e outras lavouras marcadas pelo uso intensivo de mão de obra cativa. Nenhum outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade nacional quanto a escravidão. Conhecê-la ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente. Em um texto impactante que inclui imagens e gráficos, Laurentino Gomes lança o segundo volume de sua obra, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluíram viagens por 12 países e 3 continentes.

E se as cidades fossem pensadas por mulheres?, Org. de Laura Sito e Mariana Felix (Zouk, 142 páginas, R$ 41,00)

Considerando que as cidades se constituem como um espaço masculino e branco, no qual diferentes grupos sociais vivem de formas distintas e com oportunidades desiguais, o presente livro visa mostrar o olhar plural das mulheres que compõem a cidade: mulheres periféricas, mulheres universitárias, mulheres trans, mulheres negras, mulheres gestoras públicas, mulheres educadoras, mulheres de movimentos sociais, mulheres jovens, velhas. Dessa forma, contribui para pensarmos em que medida a ação dos movimentos de mulheres, intelectuais e feministas pode auxiliar os(as) gestores(as) públicos(as) a planejar as cidades com uma perspectiva de gênero? Como podemos avançar? Como podemos construir uma sociedade feminista, antirracista e inclusiva?

Notas sobre o luto, de Chimamanda Ngozi Adichie (Cia. das Letras, 144 páginas, R$ 32,90)

De uma das mais importantes vozes da literatura contemporânea, esse livro é um relato não apenas sobre a morte de um pai amado, mas também sobre a memória e a esperança que permanecem com aqueles que ficam. O livro foi escrito após a morte do pai de Chimamanda Ngozi Adichie em junho de 2020, durante a pandemia de covid-19, o que mantinha distante a família Adichie, Notas sobre o luto é um relato forte sobre a dor da perda e as lembranças e resiliência trazidas por ela. Consciente de ser uma entre milhões de pessoas sofrendo naquele momento, a autora se debruça não só sobre as dimensões familiares e culturais do luto, mas também sobre a solidão e a raiva inerentes a ele. Com uma linguagem precisa, Chimamanda junta a própria experiência da morte de seu pai às lembranças da vida de um homem forte e honrado, sobrevivente da Guerra de Biafra, professor de longa carreira, marido leal e pai exemplar.

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Bamboletras recomenda Doramar, o novo livro de Itamar Vieira Junior, e mais

Bamboletras recomenda Doramar, o novo livro de Itamar Vieira Junior, e mais

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Torto Arado vendeu mais de 100 mil exemplares. Para o Brasil, isto é um fenômeno muito significativo, ainda mais se considerarmos a alta qualidade e a poesia da prosa do baiano Itamar Vieira Junior. Agora, ele retorna com seu segundo livro, Doramar ou A Odisseia: Histórias que recomendamos sem medo de errar e por já termos lido uma das histórias.

Coincidentemente, Pequena Coreografia do Adeus é também o segundo livro da paulista Aline Bei, que fez uma linda estreia com o esplêndido O Peso do Pássaro Morto. A história do livro é muito boa, importante e comum a muitos de nós. Leia a sinopse!

De quebra, recomendamos outro livro notável: Nomadland.

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Doramar ou A Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Junior (Todavia, 160 páginas, R$ 49,90)

Quem se deslumbrou — isto é, quase todo mundo — com a maestria narrativa de Torto Arado, romance que converteu Itamar Vieira Junior em um dos nomes centrais da nossa literatura contemporânea, vai encontrar neste Doramar ou a Odisseia ainda mais motivos para celebrar a ficção do autor. Num diálogo permanente com nossas questões sociais e a tradição literária brasileira, Itamar enfeixa um conjunto de histórias a um só tempo atuais e calcadas na multiplicidade de culturas que formam o país. Lidas na sequência, atestam a vitalidade de um escritor que encontra uma boa parcela de inspiração em personagens que desafiam os limites que lhes foram impostos e abraçam a existência em toda a sua plenitude.

Nomadland, de Jessica Bruder (Rocco, 304 páginas, R$ 59,90)

No interior dos EUA, empregadores descobriram uma nova força de trabalho educada, disposta e de baixo custo, composta em sua maioria por pessoas mais velhas e sem endereço fixo. Muitos deles estão afundados em dívidas, sem poder pagar um aluguel ou uma hipoteca, e com uma aposentadoria que mal dá para o básico. Resultado da recessão econômica de 2008, essa parcela invisível da sociedade ganhou as estradas em trailers, ônibus e vans, formando uma crescente comunidade de nômades, que não aceitam o rótulo de “sem-teto”, são simplesmente “sem-casa”. Eles têm um lar e este está sobre quatro rodas, acompanhando-os para onde forem (geralmente o próximo trabalho mal remunerado, sem direitos trabalhistas e em condições duvidosas). Nesta reportagem sensível e impressionante, Jessica Bruder segue as rotas mais usadas dos que trabalham em empregos temporários e conhece gente de todo tipo: um ex-professor, um ex-executivo do McDonald’s, um ministro de igreja, um policial aposentado e veteranos de guerra, entre muitos outros. E a protagonista — a garçonete-caixa-empreiteira-avó Linda May.

Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Cia. das Letras, 264 páginas, R$ 49,90)

Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares. Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas. Escrito com a prosa original que fez de Aline Bei uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea, Pequena Coreografia do Adeus é um romance emocionante que mostra como nossas relações moldam quem somos.

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Os livros mais vendidos em maio na Bamboletras

Os livros mais vendidos em maio na Bamboletras

Nossa lista de mais vendidos de maio! Nossos best sellers são sempre ótimos livros! 🥰

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
2. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
3. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
4. A República das Milícias, de Bruno Paes Manso (Todavia)
5. Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Companhia das Letras)
6. Atos Humanos, de Han Kang (Todavia)
7. Fada, de Dyonelio Machado (Zouk)
8. Mulheres de Minha Alma, de Isabel Allende (Bertrand Brasil)
9. As Inseparáveis, de Simone de Beauvoir (Record)
10. Diários 1909-1923, de Franz Kafka (Todavia)

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Bamboletras recomenda livros e seminário, todos fora da curva

Bamboletras recomenda livros e seminário, todos fora da curva

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá.

Desta vez temos sugestões bem fora da curva. Por “fora da curva”, entendemos aquilo que, em razão de características especiais e únicas, se distingue dos demais, dentro de uma mesma categoria. Pois o que dizer da literatura pantagruélica de Rabelais e do sempre originalíssimo Gonçalo M. Tavares? De quebra, sugerimos o livro da jornalista Ana Garske sobre algo que também deveria ser fora do normal: a luta contra a Covid-19 em nossos hospitais.

E ainda divulgamos o seminário virtual Romance: Modos de Fazer, que tem concepção, montagem, roteiro e direção de Reginaldo Pujol Filho e que é uma das melhores ideias de interação com escritores que temos visto.

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Pantagruel e Gargântua, de François Rabelais (Ed. 34, 448 páginas, R$ 87,00)

Uma obra-prima irresumível. Então lá vai textão: François Rabelais (1483?-1553) estudou direito, tornou-se monge franciscano e depois beneditino, quase foi expulso da Igreja por ter tido três filhos, trabalhou como secretário de um dos homens de confiança do rei Francisco I, publicou traduções de autores gregos e latinos, e formou-se em medicina. Além de tudo isso, teve tempo para escrever quatro obras fundamentais do Renascimento: Pantagruel (1532), Gargântua (1534) — aqui reunidos no primeiro dos três volumes das Obras completas de Rabelais —, o Terceiro livro (1546) e o Quarto livro (1548-1552) de Pantagruel, e também uma miscelânea de almanaques, versos, cartas e outros textos, que inclui um Quinto livro de autoria questionada. Dessa forma, segundo Mikhail Bakhtin, ele ocupa um lugar na história da literatura “ao lado de Dante, Boccaccio, Shakespeare e Cervantes”. As aventuras dos gigantes Gargântua e Pantagruel, pai e filho, e suas peripécias em Paris e outros locais, são um dos pontos altos da ficção humorística ocidental. Sem respeitar nenhuma regra — de verossimilhança, composição épica, hierarquia ou do puro e simples bom senso —, Rabelais revolucionou o romance, parodiando as novelas de cavalaria, os tratados antigos, os preceitos da Igreja e as disputas políticas entre o rei da França e o líder supremo do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V. Alternando os registros popular e erudito, incorporando listas diversas, poemas e textos nonsense, e se utilizando da picardia, do grotesco e do escatológico para satirizar a pompa dos poderosos, Rabelais antecipou recursos estilísticos que só apareceriam séculos depois na prosa moderna — algo que foi captado nesta tradução de Guilherme Gontijo Flores, que também assina a organização, a apresentação e os comentários a cada capítulo de Pantagruel e Gargântua. Completam o volume cerca de 120 ilustrações de Gustave Doré, selecionadas a partir das edições de 1854 e 1873 da obra de Rabelais.

As Cinco Badaladas do Sino, de Ana Garske (Catarse, 128 páginas, R$ 30,00)

Uma jornalista retorna ao hospital onde trabalhou por três anos para registrar a batalha dos profissionais de saúde da instituição na guerra contra a pandemia da Covid-19. À procura da voz e do rosto de anônimos que viraram estatística na coluna dos mortos ou dos recuperados, encontra histórias de superação e alegria pela chance de recomeçar. Na outra margem, familiares recontam a trajetória de entes queridos que tiveram a vida e os sonhos arrancados abruptamente pela fúria do vírus. Buscam, na lembrança de momentos inesquecíveis ao lado desses amores perdidos, resgatar a força para seguir em frente. Quem eram, quais os planos, com o que sonhavam os Paulos, Cristinas, Marias, Josés, até terem suas vidas interrompidas pela Covid 19? Quem eram, até serem infectados pelo coronavírus, e como vivem a partir da superação da doença as Sandras, Eduardos, Veras, Leonardos?

Atlas do Corpo e da Imaginação, de Gonçalo M. Tavares (Dublinense, 528 páginas, R$ 159,90)

Quem já leu alguma obra de Tavares sabe que este angolano é único. Único mesmo! Neste incomparável Atlas, ele atravessa a literatura, o pensamento e as demais formas de arte, da dança à arquitetura, usando palavras e imagens para tratar de temas como identidade, tecnologia, morte e relações amorosas; esmiuçando os conceitos de cidade, racionalidade, alimentação e muito mais. Ampliando fragmentos, o autor mapeia e põe ordem à confusão do mundo, com discurso ilustrado por fotografias d’Os Espacialistas, coletivo de artistas plásticos. Um livro para ler e ver, com sua narrativa delineada pelo próprio leitor-espectador, através de reflexões visuais que nos conduzem pelo labirinto que é o mundo onde vivemos.

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E, para finalizar, olha só que legal: o escritor Reginaldo Pujol Filho está lançando a segunda edição de Romance: Modos de Fazer, seminário virtual que criou no ano passado para debater com romancistas as técnicas, os segredos, os caminhos, as ideias por trás de seus romances. São 8 encontros, com 8 romancistas sobre 8 romances no formato do que Reginaldo chama de “aula-entrevista”. Neste ano, os encontros serão com

Maria Valéria Rezende,
Juan Pablo Villalobos,
José Falero,
Carola Saavedra,
Eliana Alves Cruz,
Luisa Geisler,
Samir Machado de Machado e
Itamar Vieira Júnior.

Mesmo com 8, este timaço faria frente à combalida dupla Gre-Nal, não acham?

Aqui você tem todas as informações: https://reginaldopujolfilho.wordpress.com/romance-modos-de-fazer-vol-2/

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O fazer literário de dois gênios e um romance gaúcho para aquecer o clima

O fazer literário de dois gênios e um romance gaúcho para aquecer o clima

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá.

Esta é uma semana de grandes lançamentos: a biografia de João Gilberto Noll escrita por Flavio Ilha, os extraordinários Diários de Franz Kafka e um originalíssimo romance que se passa aqui ao lado da Cidade Baixa, no Menino Deus, são três excelentes dicas da Bamboletras para esta semana fria e de algum temor sobre uma terceira onda que esperamos que não ocorra.

Poderíamos mostrar outros ótimos livros, mas mantenhamos nosso número tradicional de três, que está nos três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo), nos Três Mosqueteiros, nos Três Porquinhos, nos três sobrinhos do Pato Donald (Huguinho, Zézinho e Luizinho), na Santíssima Trindade, etc.

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João aos Pedaços, de Flávio Ilha (Diadorim, 248 páginas, R$ 60,00)

Biografia do escritor João Gilberto Noll, resultado de quatro anos de pesquisa do jornalista e escritor Flávio Ilha. A obra traz também quatro contos inéditos e dezenas de fotos de Noll, além de cartas e trechos do romance inacabado que o escritor deixou. Ilha teve acesso a cartas e documentos pessoais de Noll cedidos pela família e amigos. O jornalista e escritor é leitor de Noll desde seu primeiro livro, ‘O cego e a dançarina’, de 1980. Em menor ou maior intensidade, acompanhou de perto seu trabalho, mas só foi conhecê-lo pessoalmente em 2016, ao cursar uma de suas oficinas literárias. Nesta ocasião os dois iniciaram um processo juntos: Flavio propôs a produção de um documentário sobre sua história literária, que seria feito a partir das tradicionais caminhadas do escritor no centro da cidade de Porto Alegre, e também de leituras de trechos de seus livros por pessoas convidadas. “Noll inclusive já havia selecionado alguns trechos para ler, estava empolgado, mas morreu antes de conseguirmos dar início ao projeto. Como não seria possível fazer o trabalho sem ele, decidi transformar em uma biografia. Comecei aos poucos, tateando, procurando pessoas. Só engrenou mesmo em 2019” afirma Flávio Ilha.

Diários, de Franz Kafka (Todavia, 572 páginas, R$ 99,90)

“Tudo que não é literatura me entedia”, anota Franz Kafka em certo dia de 1913. A essa altura, Kafka, um advogado judeu de Praga, era funcionário de um instituto de seguros trabalhistas e começava a receber uma modesta atenção como o autor da novela ‘O veredicto’. Sua glória seria póstuma e por obra do amigo Max Brod, que não destruiu sua obra como lhe fora pedido e fez o contrário, divulgou-a. Uma prova disso são estes ‘Diários’, verdadeiro monumento literário do século XX traduzido integralmente pela primeira vez no Brasil por Sergio Tellaroli. São páginas assombrosas. Constituem aquilo que o escritor argentino Ricardo Piglia qualificou como o “laboratório do escritor”: o espaço em que o autor de ‘A metamorfose’ experimentava e afiava a sua escrita em meio a comentários sobre sua época, suas leituras, suas decepções amorosas, rascunhos de cartas, relatos de sonhos, começos de obras literárias jamais concluídas, bem como diversas de histórias acabadas.

Olivetti Lettera 32, de Carolina Panta (Zouk, 178 páginas, R$ 46,90)

Olivetti Lettera 32 é um romance de 37032 palavras. Um narrador incomum. Três personagens expostas a páginas escritas. Uma máquina de escrever. O romance estrutura-se a partir de um livro recebido. Cada uma das mulheres residentes no prédio do bairro Menino Deus acaba por, em algum momento de um mesmo dia, receber um tomo. Os volumes estampam seus nomes nas capas. O que se cria, a partir da chegada dos exemplares, é um resgate de suas vidas. Um narrador misterioso, aparentemente onisciente, busca métodos de escrita e recursos linguísticos para contar essas mulheres. Descobre-se, assim, durante a leitura das narrativas, um sentimento de culpa transversal ao feminino das personagens. Muito disso é apresentado pelo narrador a partir de bilhetes anexados às obras. Ele conversa, expõe-se também às personagens trazendo os dramas das mulheres aos olhos da leitura, assim como os seus próprios. Diva, Eleonora, Maria Luíza. Três personagens de tempos diferentes, vivenciando a dor e o prazer de se constituir como mulher.

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Salman Rushdie mete sua colher na questão do cancelamento da biografia de Philip Roth

Salman Rushdie mete sua colher na questão do cancelamento da biografia de Philip Roth

Por Walker Caplan
Traduzido mal e porcamente por mim

No início desta semana, soubemos que a Skyhorse Publishing está pronta para republicar Philip Roth: The Biography, de Blake Bailey, depois que a editora inicial do livro, a WW Norton, colocou o livro fora de impressão devido a notícias de que Bailey havia assediado e agredido ex-alunos de sua turma da oitava série e estuprou a executiva editorial Valentina Rice .

Antes das notícias sobre a decisão da Skyhorse, críticos, a indústria editorial e leitores estavam divididos sobre a decisão da Norton de retirar o livro. Alguns concordaram, outros condenaram o comportamento de Bailey, mas argumentaram que os livros têm valor além de seus autores (ou argumentaram que as deficiências do livro lhe conferem valor histórico). Alguns temiam que a WW Norton abra um precedente preocupante para retirar os livros da impressão. O último a meter a colher foi Salman Rushdie. Em uma entrevista ao Irish Times, Rushdie compartilhou seus pensamentos sobre a decisão de Norton de tirar a biografia de Roth da impressão:

Eu não li o livro de Bailey, mas, em geral, não gosto da ideia de nenhum livro ser descartado porque o autor possa ser um canalha. Posso entender a repulsa dos editores por tal autor, obviamente. Mas parece censura moral. E eu não gosto das sugestões que foram feitas de que isso, de alguma forma, ‘cancela’ Roth também.

Há um movimento progressista juvenil, muito do qual é extremamente valioso, mas parece haver dentro dele uma aceitação de que certas ideias devem ser suprimidas, e acho que isso é preocupante. Onde quer que tenha havido censura, as primeiras pessoas a sofrer com ela são as minorias desprivilegiadas. Portanto, se em nome das minorias desprivilegiadas você deseja endossar a supressão do pensamento errado, estamos em uma via escorregadia.

Rushdie também teve seu ‘cancelamento’. Passou uma década escondido sob proteção policial depois que o aiatolá Khomeini do Irã emitiu uma fatwa pedindo a morte de Rushdie após a publicação de Os Versos Satânicos. Os Versos Satânicos foram proibidos em vários países; cadeias de livrarias pararam de vender o livro. O tradutor japonês de Rushdie foi esfaqueado e assassinado, seu tradutor italiano foi esfaqueado e gravemente ferido, e seu editor norueguês foi baleado, mas sobreviveu). Rushdie tem sido um defensor da liberdade de expressão, tuitando sua desaprovação aos escritores que se retiraram do evento PEN’s 2015 Gala por causa de sua decisão de homenagear o Charlie Hebdo, assinando a polêmica “Carta sobre Justiça e Debate Aberto” de Harper.

Disse Rushdie ao The Guardian após a controvérsia PEN / Charlie Hebdo: “Se apenas endossássemos a liberdade de expressão para as pessoas de quem gostamos de falar, isso seria uma noção muito limitada de liberdade de expressão”. Para Rushdie, o cancelamento do livro de Blake Bailey é outra ameaça à liberdade de expressão, se sua censura depende de definições prévias.

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Biografia de Philip Roth escrita por Blake Bailey foi “cancelada”

Biografia de Philip Roth escrita por Blake Bailey foi “cancelada”

(Traduzo rápida, mal e porcamente este artigo para mostrar como a cultura de cancelamento norte-americana está atingindo gente como Philip Roth. Não quero saber muito sobre a vida pessoal de Bailey, mas fico perplexo com a vontade de destruir a obra de alguém através de sua vida. Já temos Allen, não? Se o artigo cancela o biógrafo — talvez ele mereça –, atinge também Roth de maneira profunda. Por exemplo, a foto que acompanha o artigo é inequívoca. Para quem lê inglês, será melhor clicar no link porque minha a tradução é quase sem revisão).

O novo livro de Blake Bailey sobre Philip Roth foi retirado por sua editora nos Estados Unidos após várias alegações de má conduta sexual contra o biógrafo. O trabalho deve ser julgado pelos padrões de sua vida?

Por Leo Robson
Tradução mal feita por mim

Um dos elementos mais impressionantes das acusações contra o célebre biógrafo literário Blake Bailey foi a rapidez e o veemência de sua negação. Ao longo das últimas semanas, Bailey, 57, cuja biografia de Philip Roth foi publicada no mês passado, foi acusado de vários atos de agressão sexual. As alegações abrangem um período de 20 anos, desde meados da década de 1990, quando Bailey começou a dar aulas de inglês para a oitava série na Lusher Charter School em New Orleans, até 2015, quando Valentina Rice, uma executiva editorial da Bloomsbury USA, afirmou que ele a estuprou na casa do crítico do New York Times Dwight Garner. Bailey foi imediatamente dispensado por seu agente e sua editora americana, WW Norton (que, ao que constava, já havia sido informada sobre o relato de Rice) e interrompeu uma segunda impressão de seu livro sobre Roth, que já era um best seller.

Uma declaração do advogado de Bailey enfatizou que seu cliente nunca “recebeu qualquer reclamação sobre seu tempo em Lusher”. Na era pós-#MeToo, essa defesa tem pouco peso; Bailey estava em uma posição de poder e há várias alegações de que ele se envolveu em um comportamento excessivamente familiar para um ambiente escolar. Embora ele tenha rejeitado todas as acusações recentes contra ele como falsas, Bailey admitiu no passado ter relações com ex-alunas.

Até que os detalhes do contrato de Bailey sejam conhecidos, a retirada feita pela editora do livro, a Norton, da biografia de Roth, parece uma decisão estranha ou pelo menos arbitrária, uma vez que o livro não defende a violência sexual e sua escrita não depende nem foi facilitada pelos supostos crimes de seu autor. (Uma explicação pode ser simplesmente que o editor tomou a decisão à luz da revelação de que já sabia das alegações de Rice.)

Como escândalo literário, a história lembra a de Paul de Man, o crítico belga conhecido por seu trabalho sobre a indeterminação da linguagem que, depois de sua morte, publicou postumamente uma série de artigos em jornais pró-nazistas.

Como escritor, Bailey se especializou nos supostos paradoxos do caráter humano — como alguém pode ser sábio ou emocionalmente intuitivo ou encantador e também agressivo, frio, violento, irresponsável? À primeira vista, parece óbvio o que une os sujeitos das três primeiras biografias de Bailey. Richard Yates (2003), John Cheever (2009) e Charles Jackson (2013): eram todos, em uma frase preferida, “alcoólatras colossais”. O irmão mais velho de Bailey, Scott, era multiplamente viciado e um predador sexual — ele agrediu Bailey pelo menos uma vez — que passou um tempo na prisão e acabou se matando. (Ele foi diagnosticado como esquizofrênico, mas parece mais provável que ele sofresse de um transtorno de personalidade.)

***

O próprio Bailey foi um alcoólatra durante vinte e trinta anos, e ele disse que o fato de Yates e Cheever escreverem sobre “famílias suburbanas aparentemente prósperas e felizes que são realmente afetadas pelo álcool e doenças mentais e assim por diante, pode ter algo a ver com o porquê fiquei atraído pelo trabalho deles ”. Ele também observou que “o que realmente me atrai são personalidades compartimentadas”. Se a atração pela primeira categoria tem suas origens nos fatos de sua experiência, então o apelo da segunda certamente se relaciona com a sensação de Bailey de que “há aspectos de minha natureza que são desprezíveis”. (Ele acrescentou: “Mas eu não sou a soma das minhas qualidades desprezíveis.”)

Ele descreveu John Cheever como “uma espécie de meu sujeito por excelência”, acrescentando que ele tinha uma “ personalidade muito compartimentada”. Cheever se imaginava, Bailey disse, como “um brâmane de Massachusetts que desempenhou o papel de um “paterfamilias do condado de Westchester”. Ele era “um homossexual enrustido que gostava de companhias muito rudes” e, como Bailey disse em outro lugar, estava “apavorado o tempo todo” de que as pessoas descobrissem a verdade. Cheever era “charmoso” e “um mentiroso sem vergonha”. Bailey disse que gostaria de “resolver esse quebra-cabeça”: como um componente de uma personalidade se relaciona com outro que parece diametralmente oposto? Ele disse que “os monstros são fascinantes”.

O retrato da divisão de Bailey carrega uma dimensão ética. Ele revelou que ouviu coisas dos detratores de Cheever “fariam absolutamente você ficar de cabelos em pé”. Mas ele tende a procurar “as coisas atenuantes”, e que saber tudo é perdoar a todos. “Nunca odiei remotamente meus súditos”, disse ele há não muito tempo. “Na verdade, sempre senti uma afinidade calorosa … Tenho uma visão muito sombria de mim mesmo como ser humano, então realmente não é minha função lançar calúnias.” Bailey citou o método de Albert Goldman em sua biografia cruel de Elvis Presley como o “oposto de como eu trabalho”. (Ele elogiou as memórias de Michael Mewshaw de Gore Vidal por revelá-lo como uma “gárgula bêbada”, mas também um “amigo generoso e constante”.)

Mas há um desvio nos comentários de Bailey entre tentar entender o mau comportamento e decidir que, afinal, não era um mau comportamento. Bailey mencionou o caso do protegido de Cheever, um contista chamado Max Zimmer. Na biografia de Cheever de Bailey, há um momento em que Cheever tira o pênis da calça. Zimmer disse: “Aqui estava eu. Com um homem com seu pênis em um lugar totalmente estranho para mim.” Zimmer temia que, se recusasse, Cheever iria “causar confusão”. Bailey afirma que isso não era o estilo de Zimmer — então “Eu o masturbava. E era uma coisa horrível de se fazer. ” Mas Bailey mais tarde viu no diário de Cheever que o escritor estava “terrivelmente atormentado” com o relacionamento: Não era mesquinho ou explorador. Estava apaixonado por Max.

***

A acusação de misoginia contra a escrita de Bailey remonta a pelo menos 2016, quando sua crítica irritada da biografia da escritora Shirley Jackson por Ruth Franklin foi publicada no Wall Street Journal. Ele discordou do que chamou de “tese principal” de Franklin — que Jackson havia sido explorada e maltratada por seu marido, o crítico Stanley Edgar Hyman. A história de “uma feminista pioneira”, escreveu ele, “precisa de um homem mau”. Há uma passagem especialmente reveladora. Franklin descreve como “cruel” uma passagem das memórias de Brendan Gill aqui na New Yorker na qual ela se refere a Jackson como uma mulher cujo “ar de garota gorda de palhaçada frivolidade” mascarava sua “aversão a si mesma não examinada” — uma observação que Bailey defende como “astuta”. Mas então ele resiste fortemente à sugestão de que Hyman tenha conspirado nos excessos de Jackson. Não, ele diz, eles simplesmente gostavam de comer juntos: “Isso os unia mais fortemente do que a literatura”. Bailey está ansioso para aplicar uma estrutura psicológica que acomode a insegurança feminina, mas uma que introduza agressão ou abuso masculino é um passo longe demais.

O livro de Bailey sobre Philip Roth revela seu animus de maneiras semelhantes. Laura Marsh no New Republic escreveu que a animosidade de Bailey em relação à primeira esposa de Roth, Margaret Martinson, era “algo mais do que uma questão de tomar partido em um divórcio amargo”. (Parul Sehgal, no New York Times, também foi fortemente crítico: “Com pouco menos de 900 páginas, o livro é uma extensa apologia do tratamento que Roth dava a suas mulheres.”) Frequentemente, há uma mulher má ou que faz bobagens no relato de Bailey sobre a vida de Roth e sua carreira. No final, em uma passagem muito estranha, Bailey argumenta que a proeminente feminista Carmen Callil, que se opôs a Roth como vencedor do Prêmio Internacional Man Booker de 2011 por motivos artísticos, fez todo o possível para elogiar a personagem feminina do romance Pastoral Americana para parecer despreocupada com a “alegada misoginia” de Roth.

O problema com o livro de Roth — facilmente o pior de Bailey — é que ele se inclina demais para a simpatia. Ele está irritado com a ideia de que Roth seja um misógino, apresentando isso como uma reação a Leaving a doll’s house (1996), onde a segunda esposa de Roth, Claire Bloom, dá vazão a memórias depreciativas de seu relacionamento com Roth. Bailey sofre com o equivalente biográfico da afirmação de Freud de que o psicanalista só pode levar o cliente até onde ele mesmo chegou. Ele nunca, por exemplo, levanta a possibilidade de que Roth justificou sua própria misoginia embarcando em relacionamentos com mulheres com vícios e problemas de saúde mental, ou que os atos de munificência de Roth foram controladores, digamos, ou foram oferecidos no lugar de intimidade emocional. Mais uma vez, a noção de equilíbrio de Bailey, o desejo de compreender ou perdoar, se confunde com a tendência de deixar as pessoas fora de perigo.

Em uma entrevista, Bailey simplesmente não conseguiu reconhecer a legitimidade das objeções ao seu retrato. Se Roth parecia um monstro, como a biografia também poderia ser branda ou censuradora? A resposta é que Bailey muitas vezes parece não apreciar a importância do que está contando. A força das biografias de Bailey é baseada em sua conexão intuitiva com seus temas — algo que ele enfatiza. Mas também existe uma atração inconsciente, e isso não é menos revelador.

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A própria história de vida de Bailey, conforme ele a conta, traça um arco familiar. Ele foi criado em uma família disfuncional e saiu dos trilhos. Ele se autodenomina “um jovem muito confuso e atrofiado”, mas não dá detalhes sobre conduta manipuladora ou agressão contra as mulheres, mesmo em um espírito de confissão. Bailey afirma que em seus trinta e poucos anos foi salvo ao conhecer sua futura esposa, Mary, que era estudante de graduação na época, e descobrindo sua vocação como biógrafo. Ele ainda tem cicatrizes e memórias ruins e permanece, ele disse, “muito bem conectado”.

Ele se pergunta em suas memórias de família The splendid things we planned (2014), referindo-se a seu irmão Scott: “Por que fui assim, e por que ele foi assim?” A tragédia de Scott, diz ele, é a história “do que eu poderia ter sido, ou do que, pelo menos, ainda não me tornei”, embora a referência seja à autodestrutividade de Scott. Scott, por sua vez, disse a Bailey: “Você vai ser exatamente como eu. Você vai piorar” — especulação considerada absurda pelo autor. Quando a mãe de Bailey diz a ele que Scott só precisa parar de beber, ele responde que não adianta; ele é simplesmente “um lunático sóbrio”. A mesma conclusão não ocorre a Bailey sobre sua própria recuperação.

Em um e-mail de 2020, visto pelo New York Times, Bailey escreveu para uma de suas supostas vítimas, Eve Peyton, uma ex-aluna, sobre “o horror” de uma noite em junho de 2003, na qual, ela afirma, ele a estuprou. Ele disse a ela que estava sofrendo de uma doença mental não especificada na época. Mas então o próprio relato de Bailey sobre seu progresso pessoal contém sinais preocupantes — notadamente, um descarado desprezo pelos limites que permaneceram evidentes no momento da escrita. Como ele explica, ele conheceu Mary em Lusher quando ela veio pegar o dever de casa de sua irmã de 13 anos. “Isso foi durante meu período de planejamento”, escreveu ele, “então tive tempo para flertar com ela”. Quando ele voltou a topar com ela, ela mencionou que vinha trabalhando meio período como auxiliar de professora, então ele a convidou para dar uma aula como convidada — “depois disso eu a levei para tomar um drink”. (Bailey, em suas memórias, lembra de ter dito a seu irmão que nunca tivera relações com seus alunos. Ele também disse a um entrevistador que as linhas de abertura e encerramento do romance Lolita de Nabokov, um texto que ele costumava ensinar em Lusher, “fazia meus cabelos dorsais tremerem”.)

Em uma entrevista, Bailey citou em êxtase a história de Tchekhov Dama com Cachorrinho, enfatizando a noção de que as aparências são falsas. Ele deu, a título de exemplo, a “versão recebida” dos últimos anos de Cheever, que John Updike chamou de “redentora” em que Cheever se recuperou do alcoolismo, chegou a um acordo com sua homossexualidade e criou alguns best sellers. “Nada poderia ser mais falso”, disse Bailey. “A vida superficial teve sucesso e a vida interior foi mais torturada do que nunca.”

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Por que esperei tanto para ler Jane Austen?

Por que esperei tanto para ler Jane Austen?

Por Joshua Raff
Tradução mal feita por mim

Cheguei tarde a Jane Austen. Como velho e fiel leitor vitalício, não tenho uma explicação simples para essa omissão, mas quando minha família decidiu ler Orgulho e Preconceito como um projeto de leitura familiar logo após a pandemia nos forçar ao isolamento, aproveitei a chance de preencher esta lacuna na minha alfabetização.

Depois que encontrei meu equilíbrio em sua linguagem, fiquei viciado. Deixei de lado os outros livros que estava lendo e me dediquei a Jane. Segui Orgulho e Preconceito com Emma e depois Persuasão em rápida sucessão. Cada um tem ótima narrativa, com o peso adicional de comentários sociais nítidos em uma linguagem que é elegante, intrincada e reconfortante ao mesmo tempo, uma combinação que parecia faltar nos outros livros que eu tinha lido durante o pandemia. E, como pai de duas filhas, senti um tipo especial de admiração pelas jovens heroínas de Austen, que parecem ter sua idade e serem modernas ao mesmo tempo. Particularmente Elizabeth Bennet em Orgulho e Preconceito, que se encaixa mas não se encaixa, que lê, que observa com algum humor as pessoas ao seu redor e o mundo em que habitam. E que, em uma das cenas favoritas de todos, enfrenta a imperiosa Lady Catherine de Bourgh, de uma forma que as heroínas ainda mais modernas teriam orgulho de imitar.

Por que levei tanto tempo para ler Austen? Foi o preconceito masculino da minha educação? Eu comprei a percepção dela como muito feminina… E o que há em seus romances que oferece fuga e consolo para esses tempos estressantes?

Jane Austen

Antes de começar minha busca por Jane, eu sabia ainda menos sobre Austen e sua vida do que sobre seus livros. E eu não apreciava sua base de fãs obsessiva. Testemunhe as legiões de leitores de todas as idades, todas tomadas por histórias ambientadas quase inteiramente no mundo estultificante e aparentemente estreito das classes superiores da Inglaterra da Regência. Ela é popular no Japão, por exemplo, onde existem até versões em mangá de seus livros, de acordo com a estudiosa de Austen, Catherine Golden. Além de sua base de fãs japoneses, suas histórias foram transferidas para a Índia (Noiva e Preconceito) e para a Los Angeles contemporânea (Clueless, um favorito da família), para mencionar apenas alguns. Seus livros foram até mesmo reformulados como histórias de vampiros e zumbis. Existem Sociedades Jane Austen em todo o mundo celebrando todas as coisas relacionadas a Jane.

As mulheres parecem constituir os principais leitores de Austen. As aulas de Catherine Golden em Austen no Skidmore College, onde ela detém a Tisch Chair in Arts and Letters, são predominantemente ocupadas por mulheres. Estou supondo que o mesmo se aplica a muitas outras faculdades e universidades. “Os fás são tipicamente mulheres e principalmente bebem chá”, Jeanne Kiefer conclui na pesquisa mais recente de Jane Austen (Anatomy of a Janeite: Results from The Jane Austen Survey 2008). Existe uma conexão? Estou muito feliz por finalmente ler Austen, mas você não pode me fazer beber chá.

Os homens que encontram Austen tendem a fazê-lo mais tarde na vida do que as leitoras, de acordo com Kiefer. Isso certamente é verdade para mim. Mas a resistência do leitor masculino a Austen parece ser um fenômeno relativamente recente. O professor Golden me disse que até meados do século 20, os homens eram grandes leitores de Austen. E os romances de Austen foram até enviados para soldados britânicos no front em ambas as Guerras Mundiais, em edições feitas especialmente para caber no bolso de seus uniformes.

Os leitores veem em Austen “mulheres jovens bonitas, casas grandes e dramas recatados em salas de estar…”, de acordo com Helena Kelly. Essa é a versão de Austen apresentada em muitas adaptações para cinema e televisão de seus romances, com as bordas de Austen suavizadas. Mas se é assim que conhecemos Austen, Kelly diz: “Sabemos errado”.

Enquanto os romances de Austen acontecem em “espaços feminizados”, nas palavras do escritor e crítico literário William Deresiewicz, Jane é frequentemente caracterizada como “um expoente de grande paixão”. É possível que eu tenha colocado Austen em uma caixa reservada para escritoras particularmente femininas, embora eu leia pelo menos tantos romances de escritoras quanto de homens. É a própria existência de tal caixa (se é que existe uma) evidência de misoginia inconsciente?

Ao contrário das leitoras mulheres, que foram forçadas a se identificar com personagens masculinos durante anos, os homens não tiveram que encontrar coisas em comum com personagens femininas e simplesmente não são bons nisso, diz Deresiewicz. Seu livro, A Jane Austen Education, descreve sua transformação tanto como homem quanto como pessoa, uma vez que ele rompeu essa barreira. Por mais que me deliciasse com o trabalho de Austen, não posso dizer que passei por tal transformação ou, se passei, não percebi, nem minha família ou meus companheiros de zoom. Nunca é tarde demais, suponho.

Pode ser que “homens que lêem”, leitoras de Jane em potencial, sejam afastados pelo tratamento às vezes brutal de Austen para seus personagens masculinos. Eu, pelo menos, fico mais envergonhado, às vezes chocado, com os homens frequentemente vaidosos, insípidos, arrogantes e mesquinhos que povoam os livros de Austen, personagens como Sir Walter Elliot em Persuasão ou o Sr. Collins em Orgulho e Preconceito. Mas Austen não poupa ninguém e há muitas personagens femininas que também se enquadram nessa descrição. E, por necessidade, existem alguns bons homens, muitas vezes pares para as heroínas, uma vez que os livros terminam em casamentos tradicionais. Mas a descrição de Sir Walter que abre Persuasion foi quase o suficiente para eu abandonar totalmente o livro. Obcecado por posição social, seu lugar na sociedade, e impossivelmente vaidoso, “Ele [Sir Walter] considerava a bênção da beleza inferior apenas à bênção de um baronete; e o Sir Walter Elliot, que uniu esses dons, foi o objeto constante de seu mais caloroso respeito e devoção.” E essa é uma das descrições mais brandas de Austen desse homem ridículo. Superei meu desconforto para continuar lendo e estou muito feliz por ter feito isso.

Os poderes curativos ou calmantes da escrita de Austen foram reconhecidos há muito tempo, de acordo com o professor Golden. Não só os soldados britânicos no front receberam cópias de Austen, mas também os soldados em processo de reabilitação. Rudyard Kipling, um grande admirador da obra de Austen, até escreveu uma história sobre um grupo de soldados lendo Austen (The Janeites, publicado em 1924).

O que torna Austen tão atraente em tempos como estes, tempos de isolamento e estresse? É, pelo menos em parte, uma fuga para um mundo, por mais fechado e protegido que possa ter sido, no qual as principais preocupações parecem ser bailes, chás e casamentos, sugere Golden. Mundos ordenados e estáveis, como William Deresiewicz os descreve, ambientados em ambientes rurais e domésticos. E para aqueles soldados nas trincheiras, uma imagem de casa, uma Inglaterra idealizada. Um dos soldados na história de Kipling descreve os romances de Austen: “Eles não eram aventureiros, nem obscenos, nem o que você chamaria de interessantes, mas parece que em tempos particularmente estressantes, a fuga ideal deve ter peso suficiente para enfrentar a crise. Jane tem esse peso.

Seus romances são mais do que boas histórias, mesmo para o leitor casual. Seus comentários cáusticos sobre classes sociais e alguns outros males de seu tempo transcende o mero escapismo e torna seus livros uma diversão digna em dias difíceis. O comentário de Austen sobre o papel e a situação das mulheres, mesmo das mulheres privilegiadas, é tão relevante hoje quanto era há duzentos anos. O que eu suponho que seja triste por si só. Seus insights sobre as emoções humanas, “discurso livre e direto”, de acordo com o professor Golden, nos levam diretamente para a mente de seus personagens e fornecem um imediatismo que fala aos leitores hoje, prova de que a natureza humana e a emoção não mudaram tanto desde a época de Austen.

A linguagem de Austen costuma ser mordaz, mas também é um alívio da alta vulgaridade de hoje. Talvez pareça antiquado, mas há paz a ser encontrada ali, no ritmo, na contenção, na poesia e na elegância que é produto de outra época, inteiramente. E, claro, há o gênio de Austen. Austen retrata uma sociedade altamente regulamentada, seus personagens limitados por uma intrincada teia de regras. Eu não gostaria de viver naquela época, mas como ficção é um contraponto bem-vindo ao caos que parece nos cercar hoje. Existe uma polidez ou etiqueta que é sufocante e atraente, exigindo que seus personagens permaneçam no controle de seu comportamento, não importa o quão turbulento seja seu tumulto interno. Os vilões de Austen violam essas normas sociais aceitas de forma grosseira, enquanto as heroínas (e alguns heróis) se perdem em pequenos caminhos que se avultam no mundo estreito em que seus personagens vivem. E em um estranho paralelo com nossas vidas circunscritas durante a pandemia, o mundo de Austen, como o nosso, é limitado, tanto geograficamente quanto por ordem social.

Acontece que o resto da minha família está deliciada com minha conversão a Austen. E embora algumas coisas pareçam estar melhorando em nosso mundo desde que terminei de ler Persuasão , os eventos recentes são terríveis o suficiente para exigir uma distração valiosa, embora ocasional, da seriedade mortal dos eventos ao nosso redor. Jane Austen é a coisa certa. Estou saindo para ler a Abadia de Northanger .

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Três excelentes livros brasileiros são as sugestões da Bamboletras

Newsletter de 19 de maio de 2021

Olá.

As sugestões da semana são bem diferentes entre si. A biografia da arquiteta modernista e Lina Bo Bardi é luminosa e guarda um imenso leque de surpresas. Andarilhos é uma reinvenção do pampa, quase um faroeste tardio. E uma nova biografia, desta vez da filósofa, escritora e ativista antirracismo Sueli Carneiro. Ela é fundadora e diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra e considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

Boa semana com boas leituras!

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Lina – Uma Biografia, de Francesco Perrotta-Bosch (Todavia, 575 páginas, R$ 89,90)

Poucas figuras públicas foram mais brasileiras do que a arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Chegando ao Brasil logo após a Segunda Guerra, ela se afeiçoou à cultura brasileira de tal maneira que se tornou uma de suas principais intérpretes, capaz de uma leitura das tradições locais ao mesmo tempo rigorosa e abrangente. Crítico de arquitetura e ensaísta de mão-cheia, Francesco Perrotta-Bosch examina a trajetória dessa artista brilhante à luz da seguinte questão: para além de sua participação política, como uma estrangeira foi capaz de enxergar tanto de um país que não era o seu, a ponto de traduzi-lo para os próprios brasileiros?

Andarilhos, de R. Tavares (Zouk, 200, páginas, R$ 46,00)

Andarilhos já pode ser considerado um novo clássico da literatura regional brasileira. Tavares traz frescor e contemporaneidade a um dos gêneros mais amados pelos brasileiros – mostrando a força e a representatividade das pessoas que moram no vasto território campesino da América Latina.

 

 

 

Continuo Preta, de Bianca Santana (Cia. das Letras, 286 páginas, R$ 59,90)

Sueli Carneiro é uma das maiores intelectuais públicas do Brasil, referência histórica do movimento negro, biografada por uma das mais promissoras vozes da nova geração. Em mais de quarenta anos de ativismo, ela vem combinando escrita, academia e intelectualidade para qualificar uma luta política que enegreceu o feminismo no Brasil e, ao mesmo tempo, colocou as mulheres como protagonistas do movimento negro.

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Quem precisa de um estado totalitário quando pessoas zelosas garantem que livros com ‘opiniões inválidas’ nunca sejam publicados?

Quem precisa de um estado totalitário quando pessoas zelosas garantem que livros com ‘opiniões inválidas’ nunca sejam publicados?

Eu não concordo 100% com o autor, mas muitas vezes me deparei com casos semelhantes na Livraria Bamboletras, da qual sou proprietário. Discordando do texto abaixo, nego-me a vender Olavo de Carvalho e outros fascistas em minha livraria. Também não venderia autores de textos transfóbicos. Mas tenho este problema quando o cliente quer literatura de baixa qualidade. Alguns de nossos funcionários dizem: “Mas isso não é livro para nós vendermos!”. E, bem, é verdade que temos um acervo muito bem cuidado de bons autores que é nossa mais cultivada qualidade — a dedicada curadoria –, mas não podemos nos dar ao luxo de rejeitar vender best-sellers que não agridam nossos valores éticos, mesmo sendo ruins… 

De Frank Furedi (*)
Tradução mal feita por mim

A indústria editorial está encorajando a censura popular e cada vez mais cedendo aos funcionários que exigem que certas opiniões nunca devam ser expressas — especialmente aquelas que envolvem questões trans.

Parece que a área editorial está rapidamente se tornando uma escolha de carreira para ambiciosos aspirantes a censores. A ala mais ambiciosa e agressiva do movimento de censura de base são as publicações de policiamento de lobby que tratam de questões relacionadas a trans. Recentemente, um grupo de indivíduos de toda a indústria editorial associada a este lobby escreveu uma carta ao The Bookseller exigindo a censura de livros que considere desfavoráveis ​​à sua causa.

O ponto principal da carta é afirmar que a trans cultura não pode ser um assunto de debate e que os editores devem evitar que opiniões contrárias a ela sejam publicadas. Afirma:

A transfobia ainda é perfeitamente aceitável na indústria de livros britânica. Nossa indústria desculpa, diz que ver os indivíduos trans como tendo menos do que direitos humanos plenos está OK e uma opinião tão válida quanto as outras. Nossa indústria ainda está muito confortável em dar a essa forma de preconceito uma plataforma poderosa. Precisamos nos afastar do paradigma de que todas as opiniões são igualmente válidas.

A exigência de rejeitar o paradigma de que todas as opiniões são válidas é uma forma indireta de dizer que as opiniões “inválidas” podem ser legitimamente censuradas e os autores que defendem tais opiniões devem ser cancelados e silenciados.

Pedidos de censura por inquisidores autônomos que trabalham no setor editorial também têm estado sido uma tônica nos EUA. Os funcionários da Simon & Schuster recentemente entraram com uma petição insistindo que a editora cortasse seus laços com escritores associados à administração Trump. A petição, assinada por 216 funcionários, ganhou o apoio de mais de 3.500 apoiadores externos, incluindo renomados escritores negros, como Jesmyn Ward, duas vezes vencedor do National Book Award for Fiction.

Quando escritores famosos se juntam à fila de censores entusiastas, torna-se evidente que a cultura literária americana está em apuros.

Um dos alvos dos inquisidores Simon & Schuster é um acordo de dois livros que a empresa assinou com o ex-vice-presidente Mike Pence. Por acreditarem que as opiniões de Pence não são tão válidas quanto as deles, fechar uma das principais vozes do Partido Republicano é um serviço público à sociedade.

Uma das características mais perturbadoras do movimento inquisitorial na indústria editorial é a maneira casual com que procura corromper os ideais de tolerância e liberdade de expressão.

É importante notar que a carta enviada é intitulada ‘O Paradoxo da Tolerância’. Uma vez que rejeita a tolerância por pontos de vista com os quais discorda — afirma, “claramente não é apropriado dizer simplesmente ‘todos têm direito à sua opinião’” – deveria ser intitulado ‘Pela intolerância’!

A hipocrisia dos defensores da censura na publicação foi destacada em junho de 2020, por um grupo denominado Pride in Publishing. Eles escreveram uma circular, ‘Vamos esclarecer o que a liberdade de expressão é e o que não é’. O objetivo desta carta era apoiar os funcionários da Hachette Children’s Books que se opuseram a trabalhar no último livro de JK Rowling. Rowling — a autora da série Harry Potter — havia cometido, na opinião desses funcionários, o pecado imperdoável de se recusar a aceitar a definição de sexo e gênero promovida por ativistas trans.

A carta dizia: “Vamos esclarecer o que é e o que não é liberdade de expressão. A liberdade de expressão não dá ao autor o direito a um contrato de publicação. Mas protege o direito de um trabalhador de soar o alarme quando é convidado a participar de algo que pode causar dano ou trauma a ele ou a outra pessoa. Os autores transfóbicos não são um grupo protegido. Pessoas trans e não binárias são. ”

Na lei britânica, quem usa palavras que expressam hostilidade para com os chamados grupos protegidos com características protegidas — como raça, religião, orientação sexual, status de transgênero e deficiência — pode ser acusado de crime de ódio . A implicação da declaração da Pride in Publishing é que o direito de exercer a liberdade de expressão é qualificado em circunstâncias quando é dirigido a um grupo protegido. Esta carta também destaca o que se tornou uma das características mais distintivas do policiamento linguístico do século 21 — a doença da liberdade de expressão.

Na verdade, a implicação da declaração Orgulho na Publicação é que o livro de Rowling representa uma ameaça à segurança e à saúde mental das pessoas trans e não binárias que trabalham na Hachette. Afirma que “os funcionários nunca devem ter que trabalhar em conteúdo que seja prejudicial à sua saúde mental ou que lhes cause turbulência desnecessária”. Esse sentimento ecoa a visão amplamente aceita que insiste que as comunicações verbais e publicadas são um perigo potencial para o bem-estar das pessoas e, portanto, precisam ser regulamentadas para proteger certos grupos de ofensas, traumas psicológicos e problemas de saúde mental.

Esta medicalização da liberdade de expressão, levando à sua doença, tornou-se um dos argumentos mais eficazes usados ​​para minar a liberdade de expressão.

Os ativistas têm, com efeito, reforçado seu apelo à censura, alegando que a publicação de opiniões equivocadas de parte de autores os ofendem e causa-lhes sofrimento psicológico e trauma.

A indústria editorial reconheceu que sua nova geração de funcionários não espera trabalhar com material que os perturbe. David Shelley, o CEO da Hachette, e Clare Alexander, uma agente literária, disseram recentemente ao Lords Committee que os novos empregados da indústria editorial devem ser avisados ​​de que podem ter que trabalhar em livros de pessoas com as quais não concordam!

O fato de as editoras precisarem alertar os funcionários de que talvez tenham de trabalhar com autores cujas opiniões não gostam destaca a posição precária de liberdade de expressão e tolerância nesse setor.

Era uma vez, os editores estavam preocupados com a ameaça representada pela censura do Estado e temiam provocar a ira de censores autoritários de cima. Hoje, a indústria editorial tornou-se cúmplice em consentir em cancelar a cultura e a pressão para policiar o que o público consegue ler vem de baixo, de uma nova geração de funcionários intolerantes.

Quem precisa de um estado totalitário quando trabalhadores zelosos e frágeis estão determinados a garantir que as ‘opiniões inválidas’ nunca sejam divulgadas?

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(*) Professor emérito de sociologia na Universidade de Kent em Canterbury.

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A volta de Han Kang e dois autores brasileiros são as dicas da semana da Bamboletras

Newsletter de 12 de maio de 2021

Olá.

Três livros muito sérios neste começo de maio. Todos eles tratam de violência. Aquela mesma que, infelizmente, parece ser nosso dia a dia. Um é coreano e tem muito em comum com nosso passado recente, os outros dois são brasileiros e falam a nossa língua de perplexidades e impotência. É a literatura nos ajudando a vermos a nós mesmos.

Boa semana com boas leituras!

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Atos Humanos, de Hang Kang (Todavia, 192 páginas, R$ 59,90)

Em maio de 1980, na cidade sul-coreana Gwangju, o exército reprimiu um levante estudantil, causando milhares de mortes. O evento de trágicas consequências foi transfigurado nesta ficção extraordinária, poética, violenta e repleta de humanidade. Construindo um mosaico de vozes e pontos de vista daqueles que foram afetados, Atos humanos é a demonstração dos enormes recursos literários de Han Kang, uma das autoras mais importantes da cena contemporânea. Lembram do excepcional “A Vegetariana”? Pois é. Este é segundo livro de Kang a chegar ao Brasil.

 

Ensaio Sobre o Grito, de Rafael Valles (Metamorfose, 92 páginas, R$ 40,00)

O escritor, pesquisador e documentarista Rafael Valles lança seu livro de contos “Ensaio sobre o grito”. A obra traz histórias com personagens que se deparam com ânsias de mudarem suas vidas para não ficarem condenadas ao silêncio. Só que, para tanto, precisam encarar a realidade, as perdas e as escolhas pessoais. Entre as personagens, uma dona de casa que resolve aceitar ser dublê, um professor… Sem spoilers, né?

 

 

O Riso dos Ratos, de Joca Reiners Terron (Todavia, 208, páginas, R$ 62,90)

Nesta epopeia sobre a obsessão, um homem acometido por uma doença fatal promete vingar a filha da brutalidade de que foi alvo. No entanto, o agressor está fora de alcance, assim como a própria filha desaparecida, e o mundo que o homem conhecia não existe mais. Desse modo, ele mergulhará num inferno de violência, no qual as lembranças e o absurdo vão se sobrepor aos horrores da realidade e da existência. Um romance original e surpreendente.

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Quais são os livros mais discutidos na Internet?

Quais são os livros mais discutidos na Internet?

Por Emily Temple, na Literary Hub
Mais ou menos traduzido por este blogueiro...

Como uma pessoa que discute livros na internet para ganhar a vida, às vezes tenho pensamentos estranhos e aleatórios, como “quais são os livros mais discutidos na internet?” Ou então, “como posso descobrir quais livros são mais discutidos na Internet?” Bem, “por que não procuro no Google?” Depois disso, paro de pensar e começo a pesquisar no Google. No final, na tentativa de responder à minha pergunta, pesquisei 275 livros diferentes para comparar o número total de resultados, de acordo com a ferramenta.

Esse número, a propósito, é uma estimativa — um webmaster do Google o descreveu como “um valor aproximado”, mas pode ser ainda menos preciso do que isso. Até mesmo a estimativa pode variar muito, com base em uma série de fatores diferentes, como onde você está e o que mais você pesquisou (em toda a sua vida). Mas mesmo que os próprios números sejam aproximados, eles ainda podem ter significado relativo, especialmente quando acessados ​​do mesmo computador, usando o mesmo navegador, no mesmo dia: no mínimo, eles devem ser capazes de nos dizer, de uma forma geral forma, quais livros foram referenciados mais ou menos do que outros online.

É importante lembrar que isso não é exatamente o mesmo que a popularidade verdadeira — muitos best-sellers, especialmente os mais antigos, publicados quando a internet não era uma força motriz no marketing de livros, tinham uma classificação relativamente baixa aqui. As recentes adaptações de grande orçamento obviamente ajudam. O mesmo acontece com o drama. Assim como estar maduro para a investigação acadêmica. O fato de o livro de Rupi Kaur estar apenas no meio dessa lista me prova que o Google não faz um bom trabalho de busca no Instagram. Ainda assim, admito que fiquei surpresa com alguns deles – particularmente com a classificação relativamente baixa de alguns dos livros que para mim, no meu canto da internet, parecem ser discutidos até a morte.

Uma nota sobre estratégias de pesquisa: minha técnica básica era pesquisar o nome do autor e o título do livro juntos, ambos entre aspas. Ajustei um pouco se o título ou nome fosse muito comum; quando relevante, muitas vezes omitia o artigo em um título para acomodar referências casuais (muitas vezes eu tentei isso, não importava, mas às vezes sim). Dito isso, quem sabe o que pode estar escondido nesses milhões de resultados? Outra razão para pensar nesses números apenas em termos aproximados.

Uma nota sobre os livros: a única maneira de abordar isso era procurando livros que achei serem de alto nível, um por um. Isso significa que se eu não pensei no livro, ele não entrou na lista. Provavelmente esqueci uma série de best-sellers populares publicados nos últimos cem anos ou mais. Mas olha, eu tinha que parar em algum lugar. Ao contrário do Google, o tempo é finito.

Portanto, seja o que for que valha (ou não), aqui está o que os senhores da máquina me retornaram:

(Títulos em inglês)

George Orwell, Nineteen Eighty-Four – 12,997,000*
J.R.R. Tolkien, The Lord of the Rings – 8,630,000**
William Shakespeare, Hamlet – 8,240,000
Harper Lee, To Kill a Mockingbird – 5,600,000
William Shakespeare, Macbeth -5,540,000
Jane Austen, Pride and Prejudice – 5,530,000
J.R.R. Tolkien, The Hobbit – 4,690,000
William Shakespeare, Romeo and Juliet – 4,680,000
Laura Ingalls Wilder, Little House in the Big Woods – 4,440,000
Michelle Obama, Becoming – 4,410,000
J.K. Rowling, Harry Potter and the Sorcerer’s Stone – 4,310,000***
Herman Melville, Moby-Dick – 4,260,000
Henry David Thoreau, Walden – 4,180,000
E.L. James, Fifty Shades of Grey – 4,130,000
Karl Marx and Friedrich Engels, The Communist Manifesto – 3,800,000
Plato, The Republic – 3,690,000
Charlotte Brontë, Jane Eyre – 3,450,000
Alan Moore, Watchmen – 3,400,000
F. Scott Fitzgerald, The Great Gatsby – 3,300,000
Homer, The Odyssey – 3,050,000
Homer, The Iliad – 2,920,000
Frank Herbert, Dune – 2,670,000
Diana Gabaldon, Outlander – 2,660,000
Stephenie Meyer, Twilight – 2,620,000
Stephen King, The Shining – 2,540,000
Gustave Flaubert, Madame Bovary – 2,490,000
George Orwell, Animal Farm – 2,460,000
Adam Smith, The Wealth of Nations – 2,300,000
Frances Hodgson Burnett, The Secret Garden – 2,280,000
Louisa May Alcott, Little Women – 2,260,000
Suzanne Collins, The Hunger Games – 2,080,000
James Joyce, Ulysses – 1,850,000
Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale – 1,800,000
Charles Dickens, David Copperfield – 1,780,000
Lewis Carroll, Alice’s Adventures in Wonderland – 1,630,000
Barack Obama, A Promised Land – 1,610,000
Ray Bradbury, Fahrenheit 451 – 1,600,000
Roald Dahl, Matilda – 1,560,000
John Green, The Fault in Our Stars – 1,480,000
Geoffrey Chaucer, The Canterbury Tales – 1,460,000
Vladimir Nabokov, Lolita – 1,430,000
Veronica Roth, Divergent – 1,410,000
Miguel de Cervantes, Don Quixote – 1,380,000
William Shakespeare, A Midsummer Night’s Dream – 1,340,000
Joseph Heller, Catch-22 – 1,320,000
Jack Kerouac, On the Road – 1,320,000
Neil Gaiman, American Gods – 1,300,000
Delia Owens, Where the Crawdads Sing – 1,290,000
Charles Dickens, Great Expectations – 1,270,000
Niccolo Machiavelli, The Prince – 1,270,000
J.D. Salinger, The Catcher in the Rye – 1,260,000
Aldous Huxley, Brave New World – 1,240,000
Michelle Alexander, The New Jim Crow – 1,230,000
Leo Tolstoy, Anna Karenina – 1,100,000
Toni Morrison, Beloved – 1,090,000
Leo Tolstoy, War and Peace – 1,060,000
Joseph Conrad, Heart of Darkness – 1,040,000
Dan Brown, The Da Vinci Code – 998,000
Sylvia Plath, The Bell Jar – 986,000
Mark Twain, The Adventures of Huckleberry Finn – 984,000
Daphne du Maurier, Rebecca – 984,000
Dante Alighieri, The Divine Comedy – 979,000
Roald Dahl, Charlie and the Chocolate Factory – 972,000
Neil Gaiman, Good Omens – 905,000
John Steinbeck, Of Mice and Men – 888,000
C.S. Lewis, The Lion, the Witch and the Wardrobe – 791,000
Anne Frank, The Diary of a Young Girl – 791,000
Albert Camus, The Stranger – 790,000
Arthur Miller, The Crucible – 790,000
Ernest Hemingway, The Old Man and the Sea – 782,000
Margaret Mitchell, Gone with the Wind – 782,000
Gillian Flynn, Gone Girl – 776,000
Chinua Achebe, Things Fall Apart – 771,000
Virgil, The Aeneid – 760,000
Emily Brontë, Wuthering Heights – 756,000
Upton Sinclair, The Jungle – 753,000
Richard Adams, Watership Down – 753,000
Douglas Adams, The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy – 735,000
Ta-Nehisi Coates, Between the World and Me – 725,000
Cormac McCarthy, The Road – 719,000
Frederick Douglass, Narrative of the Life of Frederick Douglass – 713,000
Agatha Christie, Murder on the Orient Express – 713,000
George Eliot, Middlemarch – 703,000
Sylvia Plath, Ariel – 695,000
Jonathan Swift, Gulliver’s Travels – 690,000
Franz Kafka, The Metamorphosis – 682,000
Ayn Rand, Atlas Shrugged – 681,000
Virginia Woolf, Mrs. Dalloway – 660,000
Edward Said, Orientalism – 650,000
Walt Whitman, Leaves of Grass – 649,000
Stephen Hawking, A Brief History of Time – 640,000
Art Spiegelman, Maus – 638,000
John Steinbeck, The Grapes of Wrath – 637,000
Rupi Kaur, Milk and Honey – 633,000
Harriet Beecher Stowe, Uncle Tom’s Cabin – 633,000
Khaled Hosseini, The Kite Runner – 611,000
Alexandre Dumas, The Count of Monte Cristo – 607,000
John Grisham, A Time to Kill – 603,000
Virginia Woolf, To the Lighthouse – 592,000
Lucy Maud Montgomery, Anne of Green Gables – 585,000
Jorge Luis Borges, Ficciones – 584,000
John Green, Looking for Alaska – 583,000
Haruki Murakami, Norwegian Wood – 580,000
Stephen Hawking, A Brief History of Time – 579,000
Markus Zusak, The Book Thief – 573,000
Edith Wharton, The Age of Innocence – 551,000
Hilary Mantel, Wolf Hall – 541,000
Angie Thomas, The Hate U Give – 541,000
Chuck Palahniuk, Fight Club – 539,000
Malcolm Gladwell, Blink – 538,000
Truman Capote, In Cold Blood – 521,000
Stieg Larsson, The Girl With the Dragon Tattoo – 516,000
Maya Angelou, I Know Why the Caged Bird Sings – 515,000
Alice Walker, The Color Purple – 513,000
Paula Hawkins, The Girl on The Train – 509,000
Kurt Vonnegut, Slaughterhouse-Five – 506,000
Agatha Christie, And Then There Were None – 505,000
Sigmund Freud, The Interpretation of Dreams – 500,000
Marjane Satrapi, Persepolis – 495,000
P. L. Travers, Mary Poppins – 469,000
Helen Fielding, Bridget Jones’ Diary – 468,000
Trevor Noah, Born a Crime – 449,000
Donna Tartt, The Secret History – 445,000
Ralph Ellison, Invisible Man – 439,000
John Williams, Stoner – 435,000
Yann Martel, Life of Pi – 420,000
Ernest Hemingway, The Sun Also Rises – 411,000
Kazuo Ishiguro, Never Let Me Go – 409,000
Antoine de Saint-Exupéry, The Little Prince – 397,000
William Gibson, Neuromancer – 397,000
Mark Haddon, The Curious Incident of the Dog in the Night-Time – 394,000
Bryan Stevenson, Just Mercy – 389,000
Franz Kafka, The Trial – 387,000
Zora Neale Hurston, Their Eyes Were Watching God – 381,000
James Joyce, A Portrait of the Artist as a Young Man – 375,000
Kathryn Stockett, The Help – 372,000
Hunter S. Thompson, Fear and Loathing in Las Vegas – 368,000
Fyodor Dostoevsky, Crime and Punishment – 361,000
Elena Ferrante, The Neapolitan Novels – 356,000
Umberto Eco, The Name of the Rose – 353,000
Alex Haley, Roots – 352,000
Chimamanda Ngozi Adichie, Americanah – 350,000
Jonathan Franzen, Freedom – 344,000
Toni Morrison, The Bluest Eye – 341,000
W.E.B. Du Bois, The Souls of Black Folk – 323,000
Ian McEwan, Atonement – 319,000
Toni Morrison, Song of Solomon – 317,000
Rabindranath Tagore, The Home and the World – 315,000
Marcel Proust, In Search of Lost Time – 305,000
Colson Whitehead, The Underground Railroad – 302,000
Tim O’Brien, The Things They Carried – 300,000
David Foster Wallace, Infinite Jest – 293,000
Larry McMurtry, Lonesome Dove – 291,000
Philip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep? – 284,000
Shirley Jackson, The Haunting of Hill House – 282,000
Richard Wright, Native Son – 280,000
Harriet Jacobs, Incidents in the Life of a Slave Girl – 280,000
David Mitchell, Cloud Atlas – 279,000
Solomon Northup, Twelve Years a Slave – 273,000
André Aciman, Call Me By Your Name – 272,000
Don DeLillo, Underworld – 263,000
D.H. Lawrence, Lady Chatterley’s Lover – 258,000
Lorraine Hansberry, A Raisin in the Sun – 246,000
Haruki Murakami, Kafka on the Shore – 243,000
William Faulkner, The Sound and the Fury – 242,000
Amy Tan, The Joy Luck Club – 241,000
Toni Morrison, Sula – 239,000
Edith Wharton, The House of Mirth – 239,000
Arundhati Roy, The God of Small Things – 239,000
Gabriel García Márquez, One Hundred Years of Solitude – 238,000
Betty Friedan, The Feminine Mystique – 235,000
Cormac McCarthy, Blood Meridian – 234,000
Erich Maria Remarque, All Quiet on the Western Front – 232,000
J. M. Coetzee, Disgrace – 230,000
Fyodor Dostoevsky, The Brothers Karamazov – 226,000
Milan Kundera, The Unbearable Lightness of Being – 226,000
Salman Rushdie, Midnight’s Children – 224,000
Amor Towles, A Gentleman in Moscow – 223,000
James Baldwin, The Fire Next Time – 219,000
Banana Yoshimoto, Kitchen – 218,000
Raymond Chandler, The Big Sleep – 217,000
Djuna Barnes, Nightwood – 215,000
Frank McCourt, Angela’s Ashes – 211,000
Alice Sebold, The Lovely Bones – 208,000
Jeffrey Eugenides, Middlesex – 203,000
Mitch Albom, The Five People You Meet in Heaven – 199,000
Kazuo Ishiguro, The Remains of the Day – 198,000
Booker T. Washington, Up From Slavery – 197,000
Yaa Gyasi, Homegoing – 197,000
Erik Larson, The Devil in the White City – 191,000
Betty Smith, A Tree Grows in Brooklyn – 191,000
William Faulkner, As I Lay Dying – 187,000
Roberto Bolaño, 2666 – 187,000
Roxane Gay, Hunger – 187,000
Evelyn Waugh, Brideshead Revisited – 186,000
Ursula K. Le Guin, The Left Hand of Darkness – 186,000
Zadie Smith, White Teeth – 181,000
Sandra Cisneros, The House on Mango Street – 177,000
Robert A. Heinlein, Stranger in a Strange Land – 175,000
Jean Rhys, Wide Sargasso Sea – 173,000
Dashiell Hammett, The Maltese Falcon – 171,000
Audrey Niffenegger, The Time Traveler’s Wife – 170,000
E.M. Forster, Howards End – 170,000
Audre Lorde, Sister Outsider – 168,000
Nella Larsen, Passing – 168,000
Stendhal, The Red and the Black – 165,000
Marilynne Robinson, Gilead – 165,000
Alex Haley and Malcolm X, The Autobiography of Malcolm X – 164,000
James Baldwin, Notes of a Native Son – 163,000
J.M. Barrie, Peter and Wendy – 162,000
Michael Ondaatje, The English Patient – 160,000
John Kennedy Toole, A Confederacy of Dunces – 160,000
Willa Cather, My Ántonia – 158,000
Italo Calvino, Invisible Cities – 157,000
Thomas Pynchon, Gravity’s Rainbow – 156,000
Iris Murdoch, The Sea, The Sea – 154,000
Patricia Highsmith, The Talented Mr. Ripley – 150,000
Isabel Allende, The House of the Spirits – 148,000
James Baldwin, Giovanni’s Room – 147,000
Terry McMillan, How Stella Got Her Groove Back – 143,000
Haruki Murakami, Kafka on the Shore – 139,000
Angela Carter, The Bloody Chamber – 139,000
Don DeLillo, White Noise – 139,000
A.S. Byatt, Possession – 139,000
Philip Roth, American Pastoral – 138,000
Mark Z. Danielewski, House of Leaves – 137,000
Pearl S. Buck, The Good Earth – 136,000
William Faulkner, Absalom, Absalom! – 136,000
Sherwood Anderson, Winesburg, Ohio – 133,000
Jhumpa Lahiri, The Interpreter of Maladies – 133,000
Flannery O’Connor, A Good Man is Hard to Find – 132,000
Marilynne Robinson, Housekeeping – 129,000
Octavia Butler, Kindred – 128,000
Willa Cather, O Pioneers! – 127,000
Sojourner Truth, The Narrative of Sojourner Truth – 127,000
Vladimir Nabokov, Pale Fire – 126,000
Shirley Jackson, We Have Always Lived in the Castle – 126,000
Vikram Seth, A Suitable Boy – 125,000
Jonathan Safran Foer, Everything is Illuminated – 125,000
Tom Wolfe, The Bonfire of the Vanities – 122,000
Jean Toomer, Cane – 118,000
Carlos Ruiz Zafón, The Shadow of the Wind – 118,000
Jonathan Franzen, The Corrections – 115,000
Susanna Clarke, Jonathan Strange & Mr. Norrell – 115,000
James Baldwin, Go Tell It On the Mountain – 115,000
Jennifer Egan, A Visit From the Goon Squad – 113,000
Philip Roth, The Plot Against America – 112,000
John le Carré, Tinker Tailor Soldier Spy – 109,000
Sarah Waters, Fingersmith – 109,000
Curtis Sittenfeld, Prep – 108,000
Philip Roth, Portnoy’s Complaint – 104,000
Leslie Marmon Silko, Ceremony – 102,000
Richard Yates, Revolutionary Road – 101,000
José Saramago, Blindness – 101,000
Marguerite Duras, The Lover – 96,300
Carson McCullers, The Heart is a Lonely Hunter – 95,700
Maxine Hong Kingston, The Woman Warrior – 87,100
Joan Didion, Slouching Towards Bethlehem – 86,600
Dave Eggers, A Heartbreaking Work of Staggering Genius – 84,700
Raymond Carver, What We Talk About When We Talk About Love – 83,400
Jacqueline Susann, Valley of the Dolls – 80,200
Robert Pirsig, Zen and the Art of Motorcycle Maintenance – 76,600
Junot Díaz, The Brief Wondrous Life of Oscar Wao – 69,400
Annie Dillard, Pilgrim at Tinker Creek – 67,300
Louise Erdrich, Love Medicine – 66,300
Jeffrey Eugenides, The Virgin Suicides – 66,200
Rudolfo Anaya, Bless Me, Ultima – 60,700
Maggie Nelson, Bluets – 57,300
Michael Chabon, The Amazing Adventures of Kavalier & Clay – 56,000
Denis Johnson, Jesus’ Son – 53,700
Jamaica Kincaid, A Small Place – 51,300
Edwidge Danticat, Breath, Eyes, Memory – 51,000
Samuel R. Delany, Dhalgren – 42,900
Edward P. Jones, The Known World – 40,100

* Como o título é regularmente escrito de duas maneiras diferentes, esse número foi alcançado pela combinação de 11.800.000 instâncias de “ 1984 ” e 997.000 de “ Mil novencentos e oitenta e quatro ”

** Sei que são tecnicamente três livros (embora ele sempre quisesse que fossem publicados como um); para o bem ou para o mal, pensei que faria mais sentido funcional ir com o título da trilogia neste caso.

*** Este número foi alcançado combinando os resultados para os títulos dos EUA e do Reino Unido para este livro: Harry Potter e a Pedra Filosofal (Reino Unido) teve 2.720.000 menções e Harry Potter e a Pedra Filosofal (EUA) teve 1.590.000.

.oOo.

Emily Temple é editora-chefe da Lit Hub. Seu primeiro romance, The Lightness , foi publicado por William Morrow / HarperCollins em junho de 2020.

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Os livros mais vendidos de abril na Bamboletras

Os livros mais vendidos de abril na Bamboletras

Aqui está a lista dos mais vendidos de abril aqui na Bamboletras!

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia)
2. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
3. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
4. Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy (Todavia)
5. O Oráculo da Noite, de Sidarta Ribeiro (Companhia das Letras)
6. Marrom e Amarelo, de Paulo Scott (Alfaguara)
7. A estrangeira, de Claudia Durastanti (Todavia)
8. Talvez você deva conversar com alguém, de Lori Gottlieb (Vestígio)
9. O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk (Companhia das Letras)
10. A vida não é útil, de Ailton Krenak (Companhia das Letras)

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#livraria #livros #bookstagram #apoielocal #bamboletras #bamboleitor #literatura #maisvendidos #bestsellers

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A live da Todavia “Livrarias resistem. Como?”, com a participação deste

No sábado (1/5), às 18h, aconteceu o bate-papo “Livrarias resistem. Como?”, com participação de Martine Birnbaum (Livraria da Travessa – SP) e Milton Ribeiro (Livraria Bamboletras – RS), com mediação de Cintia Oliveira e Marcelo Levy (Todavia).

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Um Dyonelio reeditado, jovens mulheres e o elogiado Meia Siza as dicas da Bamboletras

Newsletter de 3 de maio de 2021

Olá!

Toda semana são nova surpresa. “Fada” é um romance imerecidamente pouco divulgado do grande Dyonelio Machado que a Zouk nos traz de volta. “Meia Siza” é uma história familiar pós-abolição, ilustrado por fotos e documentos e “Elas marchavam sob o sol”, um romance sobre a formação de duas jovens. Mais detalhes abaixo.

Boa semana com boas leituras!

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Fada, de Dyonelio Machado (Zouk, 262 pág., R$ 49,90)

Última obra editada em vida, em 1982, aos 87 anos de Dyonelio Machado, “Fada” é uma história de amor entre jovens que buscam romper com os ditames patriarcais do padrasto de Jafalda, apelidada Fada, e o casamento arranjado que ele planejava. Ambientado na campanha gaúcha, e por vezes no ambiente universitário, Fada dialoga com o universo fantástico próprio do imaginário local, desmistificando-o a partir de uma análise racional. Uma característica da narrativa é seu caráter metaficional, seja para pensar o ofício literário e a criação artística, seja para sublimar as dificuldades que o próprio Dyonelio sentiu num período de ostracismo que viveu.

 

Elas marchavam sob o sol, de Cristina Judar (Dublinense, 168 pág., R$ 44,90)

Ana e Joan. A primeira é diurna e contemporânea, bombardeada pelo consumismo e por pressões estéticas e comportamentais. A segunda é noturna, influenciada por noções de ancestralidade, ritos de passagem e intuições do inconsciente. Ambas estão prestes a completar dezoito anos e acompanhamos suas histórias em paralelo, mês a mês, até a data de seus aniversários. Mas não se engane: mais do que o relato da jornada de duas jovens mulheres, “Elas marchavam sob o sol” é um romance sobre violência, perseguição religiosa, perda de liberdade e direitos.

 

Meia Siza, de Marieta dos Santos da Silveira (Pradense, 143 pág., R$ 30,00)

Através de ”Meia Siza – Ignácia e Aramis: Mãe e filho na luta pela sobrevivência no pós-abolição”, Marieta dos Santos da Silveira leva ao público seu primeiro trabalho, que são suas memórias de família, desde um tempo em que pessoas eram objetos de compra-e-venda, operação que gerava, a favor do governo, o imposto ”meia siza”. Pelo relato de Aramis, desvelam-se valores, crenças, compromissos e afetos nos quais, certamente, o público leitor se reconhece. Marieta nos convida a acompanhar seu exercício de memória que (re)constitui vivências, materializa lembranças pessoais e também coletivas, desenhando um ambiente, tanto geográfico quanto social e histórico, que nos é relevado de maneira muito envolvente pelas histórias dos diversos personagens.

 

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