Bamboletras recomenda Ney Matogrosso, Maria Rita Kehl e Hannah Arendt

Bamboletras recomenda Ney Matogrosso, Maria Rita Kehl e Hannah Arendt

A newsletter de quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

É complicado escrever uma apresentação para as sugestões desta semana. Se conseguimos traçar paralelos entre Maria Rita Kehl e Hannah Arendt, como fazer com Ney Matogrosso? O fato é que são três livros bem bons e diferentes. A única coisa em comum entre os três é o fato de que, pela primeira vez, não temos um livro de ficção entre nossas dicas.

Abaixo, mais detalhes.

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Ney Matogrosso — A Biografia, de Julio Maria (Cia. das Letras, 512 páginas, R$ 89,90)

Tendo como aliada apenas a própria intuição, Ney Matogrosso abriu um caminho único na música brasileira. Enfrentou a hostilidade do pai militar e os dogmas da Igreja católica, sobreviveu aos anos de chumbo e ao perigo da aids, manteve-se firme diante das críticas a seu “canto de mulher” e da vigilância das censuras. O jornalista Julio Maria passou cinco anos perseguindo os caminhos trilhados por Ney para contar a história de um dos personagens mais transformadores da cultura do país. Visitou a casa em que ele nasceu em Bela Vista do Mato Grosso do Sul, a vila militar em que viveu a conturbada adolescência com o pai em Campo Grande e o quartel da Aeronáutica que o abrigou como soldado no Rio de Janeiro. Encontrou um irmão mais velho do qual a família não tinha notícias, levantou documentos de agentes que o observaram durante a ditadura e localizou fatos raros da fase Secos & Molhados. Ney Matogrosso – A biografia vai às camadas mais profundas da história de Ney para contar a vida de um artista que pagou caro por defender seus direitos e sua vida artística.

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Ressentimento, de Maria Rita Kehl (Boitempo, 208 páginas, R$ 53,00)

Ressentimento, obra pioneira da psicanalista Maria Rita Kehl, ganha, em 2020, uma nova edição pela Boitempo, com um novo prefácio e projeto gráfico. O livro aborda a conceitualização do ressentimento a partir de quatro pontos de vista: a clínica psicanalítica, a filosofia de Nietzsche e Espinosa, a produção literária e o campo político. Como o ressentimento não é um conceito clássico da psicanálise, Maria Rita Kehl mobiliza tanto as suas observações clínicas quanto seus conhecimentos de outras áreas para definir e explicar a constelação afetiva que o forma. “Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer” – é desse modo que o ressentido se conduz a um beco sem saída: ao não assumir a responsabilidade sobre a própria situação, ele busca apenas uma vingança “imaginária e adiada”. Faz-se notar, assim, a atualidade do tema do ressentimento, presente nos conflitos sociais daqueles que não se veem como agentes da vida social e política. Apenas a partir da tomada de consciência da própria responsabilidade como sujeitos de nossas ações é possível abrir mão da passividade – e dos ganhos secundários – da posição ressentida.

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Pensar sem Corrimão — Compreender, de Hannah Arendt (Bazar do tempo, 640 páginas, R$ 92,00)

Pensadora da crise e do recomeço, Hannah Arendt (1906-1975) produziu uma obra incomparável sobre os acontecimentos do século XX e suas repercussões. Os textos reunidos neste livro atestam a sua capacidade em avaliar com rigor teórico e compromisso ético as principais questões de seu tempo, criando diagnósticos que se tornaram referência nos mais diversos campos das ciências humanas. Produzidos entre os anos 1950 e 1970, esses escritos, em grande parte inéditos, atravessam o período em que a Arendt escreveu suas obras mais importantes. Dessa forma, é visível o diálogo estabelecido entre as reflexões presentes nesta edição – em ensaios, aulas, estudos e entrevistas – e trabalhos como Origens do totalitarismo, Sobre a revolução e A condição humana. Na coletânea estão mais de quarenta textos com propósitos e estilos diferentes: projetos de pesquisa como o que a autora dedica a Marx, uma série de estudos sobre o significado das revoluções modernas, discursos como o de agradecimento pelo recebimento da Medalha Emerson-Thoreau, importante prêmio literário concedido pelo Academia Americana de Artes e Ciências, homenagens a amigos, como o filósofo Martin Heidegger e o poeta W. H. Auden, cartas e entrevistas que trazem detalhes da vida e a obra da autora.

Os livros mais vendidos no mês de julho na Bamboletras

Os livros mais vendidos no mês de julho na Bamboletras

Confira os mais vendidos do mês de julho aqui da Bamboletras!

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia)
2. O deus das avencas, de Daniel Galera (Companhia das Letras)
3. Escravidão Volume 2 – Da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da corte de dom João ao Brasil, de Laurentino Gomes (Globo Livros)
4. Doramar ou a Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
5. Notas sobre o Luto, de Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras)
6. Correntes, de Olga Tokarczuk (Todavia)
7. Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy (Todavia)
8. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
9. Tudo é Rio, de Carla Madeira (Record)
10. Baratas, de Scholastique Mukasonga (Nós)

Bamboletras recomenda 3 pequenos grandes livros

Bamboletras recomenda 3 pequenos grandes livros

A newsletter de quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Sim, três pequenos grandes livros.

O primeiro, Encaixotando minha biblioteca, é um canto de louvor ao livro escrito por Alberto Manguel. Gente, Manguel é um daqueles argentinos geniais que não dá para desconhecer, ainda mais que ele foi amigo de Borges e diretor da Biblioteca Nacional da Argentina.

Taxitramas é pura diversão de primeira linha. São as incríveis histórias que Mauro Castro colhe em seu táxi. O cara escreve muito bem, é realmente engraçado.

E a terceira sugestão é Cartas para minha avó, de Djamila Ribeiro, uma tocante memória da autora a respeito da sua infância, da avó e de tudo o que circunda uma infância sob o racismo brasileiro.

Abaixo, mais detalhes.

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Encaixotando minha biblioteca, de Alberto Manguel (Cia. das Letras, 184 páginas, R$ 44,90)

Encaixotando minha biblioteca é uma grande declaração de amor aos livros e à leitura. Fala sobre a importância dos livros em nossa vida e como são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. No verão de 2015, Alberto Manguel se preparou para mais uma mudança: ele sairia de sua casa medieval no Loire, na França, e passaria a morar em um apartamento em Nova York. Sua biblioteca pessoal, com cerca de 35 mil volumes, teria que ser guardada. Nesse momento, o escritor começa a relembrar sua relação com os livros e as bibliotecas (públicas e privadas) que já passaram por sua vida, apresentando aos leitores uma elegia apaixonada. As reflexões de Manguel variam amplamente, desde as adoráveis idiossincrasias dos bibliófilos a análises mais profundas de eventos históricos, como o incêndio da antiga Biblioteca de Alexandria. Com perspicácia e carinho, o autor ressalta a importância dos livros e seu papel único em nossa sociedade.

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Taxitramas, de Mauro Castro (Evangraf, 136 páginas, R$ 39,90)

Uma gostosura em forma de livro. Quero ver você largar as histórias de Mauro Castro depois de começá-las. Entre centenas de personagens, um cardíaco em pânico, uma freira em fuga, uma mulher nua, um homem baleado, um passageiro querendo comprar as meias do taxista, uma mãe que esquece sua filha no banco traseiro, um bêbado distribuindo dinheiro, um sujeito querendo pagar a corrida com camarões, uma mulher violentada, uma vovó entalada, um ex-detento perdido, a busca por uma aborteira, a mulher do marido que foi deixado num motel telefona, a reação a um assalto… Uma sucessão eletrizante de situações engraçadas, trágicas ou bizarras, no limite do verossímil, mas todas baseadas em corridas reais. Respire fundo e embarque!

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Cartas para minha avó, de Djamila Ribeiro (Cia. das Letras, 200 páginas, R$ 34,90)

Um relato memorialístico pungente e sensível sobre ancestralidade, feminismo e antirracismo na criação de filhos. No mais pessoal e delicado de seus livros, a filósofa Djamila Ribeiro revisita sua infância e adolescência para discutir temas como ancestralidade negra e os desafios de criar filhos numa sociedade racista. O relato se dá na forma de cartas para sua saudosa avó Antônia – carinhosa e amorosa, conhecedora de ervas curativas e benzedeira muito requisitada. A cumplicidade que sempre houve entre avó e neta é o que permite que a autora rememore episódios difíceis, como a perda do pai e da mãe, as agressões que sofreu como mulher negra e os desafios para integrar a vida acadêmica. Djamila também fala de relacionamentos amorosos e experiências profissionais, das músicas, das leituras e das amizades que a acompanharam em sua construção pessoal – e da percepção paulatina de que a memória das lutas e das conquistas das pessoas negras que vieram antes de nós é a força que permite seguir adiante.

Quatro livros de quatro autores do Fronteiras do Pensamento 2021

Quatro livros de quatro autores do Fronteiras do Pensamento 2021

O Conto da Aia
Margaret Atwood
Rocco
368 páginas

Se O Conto da Aia (1985) já era o livro mais famoso e vendido da canadense Margaret Atwood, a premiada série que tem por base o livro — The Handmaid`s Tale, atualmente na quarta temporada — alçou-o ainda mais. Para completar, a autora lançou em 2019 sua continuação, chamada Os Testamentos. O livro é um clássico moderno e tornou-se referência para quem escreve sobre políticas destinadas a mulheres. Trata-se de uma distopia ferozmente política e sombria, que não pode ser considerada uma ficção científica, pois não é propriamente futurista. A obra explora os temas da subjugação das mulheres e os vários meios pelos quais elas perdem a independência. O Conto da Aia conta a história de Offred e de seu papel como serva. As servas são forçadas a fornecer filhos para as mulheres inférteis de status social mais elevado, as esposas dos Comandantes. A ideia é a de que sejam invisíveis, tornando-se apenas a soma de suas partes biológicas. Desta forma, o corpo de Offred se torna uma causa de desconforto para ela. É um romance cada vez mais importante nos dias atuais, onde mulheres de várias partes do mundo ainda vivem uma realidade ditada pelo determinismo biológico e pela misoginia.

Elisabeth Moss, da série de TV, e Margaret Atwood

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Sapiens – Uma Breve História da Humanidade
Yuval Noah Harari
Cia. das Letras
472 páginas

Harari não para. Aos 45 anos, já é autor de livros fundamentais que certamente você conhece: Sapiens, Homo Deus, 21 Lições para o Século 21, Notas sobre a pandemia… Seu livro mais importante é Sapiens, cuja edição espanhola recebeu um belo e esclarecedor título: De animais a deuses. O livro é dividido em 4 partes. A primeira fala do surgimento na Terra do gênero Homo e de sua evolução até o triunfo do Homo Sapiens sobre as demais espécies. A segunda trata da revolução neolítica, aqui denominada “revolução agrícola”, ou seja, aquele momento que transformou a sociedade de caçadores-coletores nômades em uma de agricultores e pastores, há cerca de 10.000 anos. A terceira já nos remete à modernidade, ao período da primeira globalização e ao surgimento dos grandes impérios mundiais, como o romano e o britânico. Impérios que se baseiam na ambição de tomar, evangelizar ou “civilizar” outros povos. A última seção é dedicada à “revolução científica”, a todas as descobertas dos últimos 500 anos no campo da ciência. Aqui, ele trata dos grandes avanços tecnológicos, desde os gerados pela revolução industrial até os mais recentes na engenharia genética, como a recriação de um cérebro humano dentro de um computador.

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Drogas para Adultos
Carl Hart
Zahar
408 páginas

Neste livro, o professor de psicologia e psiquiatria da Universidade de Columbia argumenta que o uso de drogas deve ser uma questão de escolha pessoal – e que, na maioria dos casos, a escolha pessoal pode levar a resultados positivos. Suas posições podem parecer radicais para alguns, mas também fazem muito sentido – e são apoiadas por ampla pesquisa. Um dos principais motivos pelos quais as drogas têm uma imagem pública tão negativa seria o racismo. Hart observa que, após a Guerra Civil, alguns trabalhadores chineses que trabalhavam na construção de ferrovias chinesas fumavam ópio e estabeleceram “pontos de ópio” para fazê-lo. Com o tempo, mais e mais americanos brancos visitaram estes pontos. Isso, por sua vez, levou a um medo social mais amplo e preconceituoso entre os brancos e até hoje há a ligação, nos EUA, entre drogas e raça. Depois, os negros acabaram ligados à cocaína. Drogas para Adultos defende que as pessoas têm o direito de usar drogas, se assim o desejarem. Na opinião de Hart, seria melhor que elas fossem legais, com testes de pureza e apoio social para aqueles que delas precisam. O que temos agora, em vez disso, é o encarceramento racista em massa e a vergonha social. O livro é uma aula de liberdade pessoal sem estigma social.

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O Novo Iluminismo
Steven Pinker
Cia. das Letras
664 páginas

O Novo Iluminismo é, sobretudo, um livro importante nestes tempos de trevas. É também um livro muito bem escrito, farto em informações, e praticamente impecável em sua coerência. Pinker faz um chamado para a valorização do conhecimento científico como premissa e paradigma a fim de alcançarmos a superação das mazelas e sofrimentos da humanidade em todos os níveis, para a evolução da nossa espécie em direção a uma nova era de prosperidade, paz e solidariedade. Um otimista? Certamente, mas nada ingênuo, pois reconhece as implicações, as barreiras e toda a amplitude político-ideológica que tem de ser superadas. O Novo Iluminismo mapeia as melhorias acontecidas ao longo do último meio século em áreas como o racismo, sexismo, homofobia e bullying, até acidentes de carro, derramamento de óleo, pobreza, lazer, empoderamento feminino e assim por diante. Seus gráficos sugerem que o ateísmo está aumentando e a religiosidade diminuindo nos Estados Unidos. Seus estudos, se forem lidos com atenção, são convincentes, pintando um retrato implacável e insistente de melhoras baseadas no conhecimento. Esta noção faz muita falta em tempos de terraplanismo e de combate às universidades e ao conhecimento.

Bamboletras recomenda dois livros fundamentais e uma novidade

Bamboletras recomenda dois livros fundamentais e uma novidade

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Nossas sugestões para esta semana gelada são quentes. Ah… Duvida? Pensa que é só uma má frase de efeito? Pois então veja só.

Sugerimos a bela edição de todos os contos de Cortázar e um clássico da literatura brasileira, a obra-prima Crônica da Casa Assassinada. De quebra, uma surpresa: o livro Camaradas, de Jodi Dean. Quem o leu voltou elogiando muito.

Abaixo, mais detalhes.

E cuide-se com o frio. Além dos cuidados com a Covid, agasalhe-se. E, se puder, doe aquele capotão velho e fora de uso porque as ruas estão cheias de sem-teto.

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Todos os Contos, de Julio Cortázar (Cia. das Letras, 1144 páginas, de R$ 269,90)

Precisamos mesmo descrever este tesouro? Pela primeira vez no Brasil, são publicados todos os contos de Cortázar, reunidos em dois volumes de capa dura, numa caixa com projeto gráfico especial. A verdadeira revolução de Cortázar, sabemos, está nos seus contos e histórias curtas. Mas não se trata de uma reedição de todos os livros de contos do escritor, mas de novas traduções feitas por Heloisa Jahn e Josely Vianna Baptista. (Cá pra nós, aqueles velhos livros da Civilização Brasileira às vezes tinham traduções de cortar os pulsos, né?). Então gente, Bestiário, Todos os fogos o fogo, As armas secretas, Octaedro, Fim do jogo, Histórias de cronópios e de famas, todos os livros fundamentais de Cortázar estão aqui e mais. A edição conta ainda com os dois célebres ensaios do autor argentino sobre a escrita de contos, Alguns aspectos do conto, de 1963, e Do conto breve e seus arredores, de 1969, além de um estudo do crítico argentino Jaime Alazraki sobre o Cortázar contista.

Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso (Cia. das Letras, 560 páginas, R$ 84,90)

Este livro é um clássico absoluto da literatura brasileira. Publicado pela primeira vez em 1959, Crônica da casa assassinada conta a história da decadência de uma família tradicional mineira: cada geração se vê mais pobre que a anterior, dilapidando o patrimônio para sobreviver. Os Meneses, porém, continuam sendo respeitados na pequena comunidade onde vivem. A Chácara, a grande casa que gera orgulho mas que também aprisiona, é vista com reverência e desconfiança por todos que conhecem o clã. A história dos Meneses é contada através de diferentes narradores, que se enfrentam e se contradizem, mas que constroem com maestria um retrato profundo da vida familiar. A chegada de Nina — jovem carioca que se muda após se casar com Valdo, um dos irmãos — vai abalar a relação difícil entre eles. É uma história densa, não linear, cheia de ciúmes, rancores e perversões. Como dissemos, é narrado por várias vozes, incluindo membros da família Meneses e habitantes de Vila Velha, cidade onde vivem. Não devemos acreditar em tudo o que lemos ali. Fantasmagórico e envolvente, Crônica da casa assassinada surpreendeu em 1959, por trazer temas pouco comuns à época, como a homossexualidade e as relações incestuosas.

Camarada — Um Ensaio sobre Pertencimento Político, de Jodi Dean (Boitempo, 208 páginas, R$ 55,00)

No século XX, milhões de pessoas se dirigiram umas às outras como “camarada”. Hoje, em círculos de esquerda é mais comum ouvir falar em “aliados”. Neste livro, Jodi Dean insiste no fato de que essa mudança exemplifica o problema fundamental da esquerda contemporânea: a sobreposição da identidade política a uma relação de pertencimento político que precisa ser construída, sustentada e defendida. Neste ensaio com recortes e análises bastante originais, Dean nos oferece uma teoria da camaradagem. Camaradas são pessoas que se encontram de um mesmo lado de uma luta política. Unindo-se voluntariamente por justiça, sua relação é caracterizada por disciplina, coragem e entusiasmo. Analisando o igualitarismo da figura do camarada à luz das diferenças de raça e gênero, Dean recorre a um leque de exemplos históricos e literários. Eis um livro curto que articula história, psicanálise e filosofia num texto prazeroso de ler como ensaio de interesse geral.

Todo o Salinger com desconto na Bamboletras e mais Mariana Enriquez e Sapatas

Todo o Salinger com desconto na Bamboletras e mais Mariana Enriquez e Sapatas

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Nesta semana temos 3 sugestões matadoras, por assim dizer — pois matador é o nosso presidente, né? Imaginem: toda obra de Salinger com desconto, um romance premiado da fantástica (em todos os sentidos) Mariana Enriquez e mais o essencial de Alison Bechdel. Sim, exageramos, mas este é nosso papel. Fazer o quê?

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O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger (Todavia, 255 páginas, de R$ 59,90 por R$ 50,90)

Neste mês, este clássico do século XX completou 70 anos. E, bem, a Bamboletras está dando 15% de desconto em toda a obra de Salinger. O recluso autor escreveu apenas 4 pequenos livros, mas que livros! São eles O Apanhador, Nove Histórias (maravilhoso), Franny e Zooey e Erguei bem alto a viga, carpinteiros & Seymour — Uma introdução (igualmente imperdível!). Sobre O Apanhador: é Natal e Holden Caulfield conseguiu ser expulso de mais uma escola. Com uns trocados e seu indefectível boné vermelho de caçador, o jovem traça um plano incerto: vagar três dias por Nova York, adiando a volta à casa dos pais. Seus dias e noites serão marcados por encontros confusos, e ocasionalmente comoventes, brigas e dúvidas que irão consumi-lo. Acima de tudo, paira a inimitável voz de Holden, o adolescente raivoso e idealista que quer desbancar o mundo dos “fajutos”, num turbilhão de ressentimentos, humor, frases lapidares, insegurança, bravatas e rebelião juvenil. Esta edição brasileira tem tradução de Caetano W. Galindo e, pela primeira vez, traz a capa original de seu lançamento.

Nossa Parte de Noite, de Mariana Enriquez (Intrínseca, 544 páginas, R$ 79,90)

Quem leu o esplêndido As coisas que perdemos no fogo sabe da alta qualidade da prosa da argentina Mariana Enriquez. Nossa parte de noite ganhou na Espanha o Premio Herralde de Novela e o Premio de la Crítica 2019. Um pai e um filho cruzam a Argentina de carro, de Buenos Aires até as Cataratas do Iguaçu, na fronteira com o Brasil. São os anos da ditadura militar argentina, soldados armados estão no controle e o ambiente é de tensão. A mãe do garoto Gaspar morreu em circunstâncias obscuras, em um suposto acidente. O terror sobrenatural se mistura com terrores bem reais neste romance deslumbrante — em casas cujos interiores sofrem mutações, passagens que escondem monstros inimagináveis, rituais com sacrifícios humanos que envolvem êxtase e dor, andanças na Londres psicodélica dos anos 1960, fetiche por pálpebras humanas, liturgias sexuais enigmáticas e a repressão da ditadura, os desaparecidos, a chegada incerta da democracia e os primeiros casos de aids em Buenos Aires. Um romance que amedronta e envolve na mesma medida. Mariana Enriquez nasceu em 1973 em Buenos Aires. É jornalista, subeditora do jornal Página/12 e professora.

O Essencial de Perigosas Sapatas, de Alison Bechdel (Todavia, 395 páginas, R$ 109,90)

Ao longo de mais de duas décadas, Alison Bechdel, autora da premiada graphic novel Fun Home, levou a vida de Mo, Lois, Ginger, Sparrow e de suas amigas a dezenas de jornais. Narrada como uma novela ilustrada, a história se passa em tempo real: as personagens se conhecem, se apaixonam, atam e desatam relacionamentos, trocam de empregos, envelhecem, e suas vidas ao longo de vinte anos refletem as mudanças sociais, culturais e políticas contemporâneas. Selecionadas pela autora, as tiras de O Essencial de Perigosas Sapatas dão a medida do impressionante escopo do trabalho de Bechdel.

Bamboletras ensina a como remover um presidente e recomenda Tokarczuk e Schroeder

Bamboletras ensina a como remover um presidente e recomenda Tokarczuk e Schroeder

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Escrever este “Olá” é sempre um desafio. Como encontrar pontos em comum entre os livros sugeridos? Bem, desta vez a gente não conseguiu, mas leia as sinopses abaixo porque não há nada que não seja excelente em nossas sugestões!

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Como remover um presidente, de Rafael Mafei (Cia. das Letras, 450 páginas, R$ 64,90)

Este é um completo e aprofundado estudo das dimensões políticas e jurídicas do impeachment e sua aplicação na lei brasileira. Desde os anos 1990, raramente a América Latina viveu um ano sem um impeachment consumado, ou ao menos sem a ameaça de um. Só no Brasil, houve mais de 250 denúncias de crimes de responsabilidade e o afastamento de dois presidentes. Em Como remover um presidente , o jurista Rafael Mafei reconstitui o desenvolvimento histórico do impeachment — seu surgimento na Inglaterra, sua importância para a Constituição americana e utilização no Brasil —, para então examinar a fundo não apenas os casos de Collor e Dilma, que marcaram o país após a redemocratização, mas também as tentativas contra Vargas, FHC, Lula e Bolsonaro. Um assunto muito atual e que retorna a cada governo, infelizmente.

Correntes, de Olga Tokarczuk (Todavia, 400 páginas, R$ 74,90)

Quem leu Sobre os ossos dos mortos sabe da alta qualidade da ganhadora do Prêmio Nobel de 2018 Olga Tokarczuk. Em Correntes, ela mescla vida pessoal com ficção num livro cheio de surpresas, que inclui relatos vários, comentários e contos que formam um movimentado diário de viagem. Olga é uma das escritoras que melhor explora a autoficção, em que vivências pessoais e ficções se fundem. O livro é composto de 116 pequenos capítulos. O roteiro passa por diferentes museus de anatomia da Europa e nos Estados Unidos. A narrativa é intercalada de observações sobre o ato de viajar, pessoas que a autora encontra no caminho, perrengues, pequenas histórias e imprevistos. Quando ela enviou os originais para seu editor, o caráter fragmentário da narrativa suscitou dúvidas e ele pensou que se tratava de um rascunho vitimado por confusões de “Ctrl C” e “Ctrl V”. A leitura atenta, porém, revela a óbvia concatenação entre os textos. Este é um dos méritos de Tokarczuk: conseguir misturar temas aparentemente isolados (como filosofia, higiene pessoal e Borges, por exemplo) de uma maneira inventiva, inteligente e cativante. E ela recebeu o Nobel, né?

As partes nuas, de Claudia Schroeder (Francisco Alves, 128 páginas, R$ 35,00)

Claudia Schroeder reúne poemas produzidos ao longo dos últimos quatro anos no livro As partes nuas, lançado pela Francisco Alves. Para montar o conjunto, a poetisa contou com a curadoria do poeta Pedro Gonzaga. Dividida em sete partes, a obra traz uma voz que se expressa sem medo, entre a ironia e a ternura, em versos que exploram as facetas de ser mãe, mulher e ser humano — com todos seus sentimentos e pulsões. De acordo com o português José Luís Peixoto, trata-se de um “livro-corpo”. Publicitária há 28 anos, Claudia Schroeder estreou na poesia com Leia-me toda (2010), faz parte da coletânea portuguesa A poesia é para comer (2011) e publicou o infantil A menina que descobriu o sol (2018).

Exemplares autografados pela autora.

“Escreva como se estivesse morrendo”: leia alguns conselhos de escrita de Annie Dillard

“Escreva como se estivesse morrendo”: leia alguns conselhos de escrita de Annie Dillard

Do Lit Hub
Mal traduzido por mim

Annie Dillard, uma das melhores escritoras estadunidenses, é também uma de suas melhores professoras. Em How to Write An Autobiographical Novel, de Alexander Chee, Dillard aparece como uma professora generosa e estimulante que incentiva seus alunos a visualizarem seus livros nas prateleiras das livrarias. Maggie Nelson, questionada no The Rumpus, quais conselhos de redação ela dá a seus alunos com mais frequência. Kevin Barry, quando questionado sobre o melhor conselho de redação que já recebeu: “Annie Dillard disse uma vez que o único conselho de que qualquer escritor precisa é manter suas despesas gerais baixas”. Em comemoração ao seu 76º aniversário, aqui está uma coleção incompleta — mas ainda assim abrangente — de alguns dos melhores conselhos de escrita de Annie Dillard.

Escreva de acordo com seus próprios interesses idiossincráticos:

Por que você nunca encontra nada escrito sobre aquele seu pensamento idiossincrático, sobre seu fascínio por algo que ninguém mais entende? Porque depende de você. Há algo que você acha interessante, por um motivo difícil de explicar? É difícil de explicar porque você nunca leu em nenhuma página. Então aí é que você começa. Você foi feito para dar voz a isso, a seu próprio espanto.

Escreva como se estivesse morrendo. Ao mesmo tempo, suponha que você escreva para um público que consiste apenas em pacientes terminais. O que você começaria a escrever se soubesse que morreria em breve? O que você poderia dizer a um paciente moribundo que não o enfureceria com sua trivialidade?

–De “Write Till You Drop”, The New York Times , 1989

Você é o único de você… Sua perspectiva é única, neste momento. Não se preocupe em ser original… Sim, tudo foi escrito, mas também, o que você quer escrever, antes de escrever, era impossível de escrever. Caso contrário, já existiria. Você torna isso possível. Escrevendo.

–De ” Annie Dillard and the Writing Life “, conforme recontado por Alexander Chee

Encontre inspiração lendo outras pessoas:

Leia por prazer. Se você gosta de Tolstói, leia Tolstói; se você gosta de Dostoiévski, leia Dostoiévski. Force um pouco, mas não leia algo totalmente estranho à sua natureza e depois diga: “Nunca serei capaz de escrever assim”. Claro que você não vai. Leia livros que você gostaria de escrever. Se você quiser escrever literatura, leia literatura. Escreva livros que você gostaria de ler. Siga sua própria estranheza…

Quanto mais você lê, mais você escreve. Quanto melhor o material que você ler, melhor o material que você escreverá. Você pode desenvolver o gosto pela boa literatura gradualmente. Mantenha uma lista dos livros que deseja ler. Você logo aprenderá que “clássicos” são livros infinitamente interessantes. Quase todos eles. Você pode continuar a relê-los por toda a sua vida a cada dez anos, e vários outros aparecerão para você em diferentes estágios de sua vida.

–Do conselho enviado aos alunos da University of North Carolina em Chapel Hill, republicado no Image Journal

Hemingway estudou, como modelos, os romances de Knut Hamsun e Ivan Turguenev. Isaac Bashevis Singer, por acaso, também escolheu Hamsun e Turguenev como modelos. Ralph Ellison estudou Hemingway e Gertrude Stein. Thoreau amava Homer; Eudora Welty amava Tchekhov. Faulkner descreveu sua dívida para com Sherwood Anderson e Joyce; EM Forster, sua dívida para com Jane Austen e Proust. Por outro lado, se você perguntar a um poeta de 21 anos de que poesia ele gosta, ele dirá, sem corar: “Ninguém”. Ele ainda não compreendeu que os poetas gostam de poesia e os romancistas gostam de romances; ele mesmo gosta apenas do papel, de pensar em si mesmo.

–De “Write Till You Drop”, The New York Times , 1989

Na escrita, a ação é tudo:

Não use construções verbais passivas. Você pode reescrever qualquer frase.

–Do Image Journal

Como obtemos uma escrita vívida? Verbos, primeiro. Verbos precisos. Toda a ação na página, tudo o que acontece, acontece nos verbos. A voz passiva precisa de gerúndios para fazer qualquer coisa acontecer. Mas muitos gerúndios juntos na página contribuem para o zumbido. Não faça isso. Os verbos dizem ao leitor se algo aconteceu uma vez ou continuamente, o que está em movimento, o que está em repouso. Os gerúndios são preguiçosos, não tem que tomar uma decisão e logo, tudo está acontecendo ao mesmo tempo, desordem, caos. Não faça isso. Além disso, más escolhas de verbos significam advérbios. Na maioria das vezes, você não precisa deles. Ele correu rápido ou correu? Ele caminhou devagar ou ele vagueou? . . .

Os advérbios são um sinal de que você usou o verbo errado. Verbos controlam quando algo está acontecendo na mente do leitor.

–De ” Annie Dillard and the Writing Life “, conforme recontado por Alexander Chee

Em caso de dúvida, volte ao específico e concreto:

Sempre localize o leitor no tempo e no espaço repetidas vezes. Escritores iniciantes correm para os sentimentos, para as vidas interiores. Em vez disso, mantenha as aparências superficiais; acertar os cinco sentidos; dar a história da pessoa e do lugar, e a aparência da pessoa e do lugar. Use nomes e sobrenomes. Ao escrever, coloque tudo em um lugar e um tempo.

Não descreva sentimentos.

O caminho para as emoções do leitor é, estranhamente, através dos sentidos.

–Do Image Journal

Se sua escrita o confunde, investigue a parte confusa:

Examine todas as coisas intensa e implacavelmente. Sondar e pesquisar cada objeto em uma obra de arte; não o abandone, não o percorra, como se fosse compreendido, mas siga-o até que o veja no mistério de sua própria especificidade e força. Os desenhos e pinturas de Giacometti mostram sua perplexidade e persistência. Se ele não tivesse reconhecido sua perplexidade, não teria persistido.

–De “Write Till You Drop”, The New York Times , 1989

Gaste tudo agora. Não guarde suas melhores ideias para depois:

Gaste tudo, atire, jogue, perca tudo, imediatamente, sempre. Não acumule o que parece bom para um lugar posterior no livro, ou para outro livro; dê, dê tudo, dê agora. O impulso de guardar algo bom para um lugar melhor mais tarde é o sinal para gastá-lo agora. Algo mais surgirá para depois, algo melhor. Essas coisas se enchem por trás, por baixo, como água de poço. Da mesma forma, o impulso de guardar para si mesmo o que aprendeu não é apenas vergonhoso, é destrutivo. Tudo o que você não dá livre e abundantemente se perde para você.

–De “Write Till You Drop”, The New York Times , 1989

É o começo de uma obra que o escritor joga fora.

Uma pintura cobre seus rastros. Os pintores trabalham do zero. A versão mais recente de uma pintura sobrepõe as versões anteriores. Os escritores, por outro lado, trabalham da esquerda para a direita. Os capítulos descartáveis ​​estão à esquerda. A última versão de uma obra literária começa em algum lugar no meio da obra e melhora no final. A versão mais antiga permanece fragmentada à esquerda.

Às vezes, o escritor deixa seus primeiros capítulos no lugar por gratidão; ele não pode contemplá-los ou lê-los sem sentir novamente o bendito alívio que o exaltou quando as palavras apareceram pela primeira vez — alívio por ele estar escrevendo alguma coisa. Afinal, aquele começo serviu para levá-lo aonde estava indo; certamente o leitor não precisa disso como base.

–De The Writing Life

… e, em geral, corte cruelmente:

Não use palavras extras. Uma frase é uma máquina; tem um trabalho a fazer. Uma palavra extra em uma frase é como uma peça estranha à máquina…

A unidade da obra é mais importante do que qualquer outra coisa. Essas digressões que eram tão divertidas de escrever devem desaparecer.

–Do Image Journal

Uma tarde, sob sua orientação, trouxemos nossas páginas escritas, mais tesouras e fita adesiva. Agora cortem apenas as melhores frases, [Dillard] disse. E cole-os em uma página em branco. E então, quando você tiver isso, escreva em torno deles, disse ela. Preencha o que está faltando e faça com que alcance o melhor do que você escreveu até agora.

Eu assisti enquanto as frases que não importavam sumiam.

–De ” Annie Dillard and the Writing Life “, conforme recontado por Alexander Chee

Aponte o leitor para o que é importante:

Se algo em sua narrativa ou poema for importante, dê um espaço proporcional. Quer dizer, centímetros reais. O leitor precisa gastar tempo com um assunto para se preocupar com ele. Não se intimide com suas grandes cenas; estique-as.

–Do Image Journal

Avaliar seu trabalho enquanto você escreve é ​​inútil:

Não há uma relação proporcional, nem inversa, entre a estimativa de um escritor de uma obra em andamento e sua qualidade real. A sensação de que o trabalho é magnífico e a sensação de que é abominável são ambos mosquitos a serem repelidos, ignorados ou mortos, mas não tolerados.

–De The Writing Life

Não se compare ao seu amigo mais produtivo:

Faulkner escreveu As I Lay Dying em seis semanas… Algumas pessoas participam de corridas de trenós puxados por cães que duram uma semana, passam pelas Cataratas do Niágara em barris, pilotam aviões pelo Arco do Triunfo. Algumas pessoas não sentem dor no parto. Não há necessidade de considerar os extremos humanos como normas.

–De The Writing Life

Lembre-se de que a publicação é subjetiva:

A publicação não é um indicador de excelência. Isso é o mais difícil de aprender. Quando uma revista rejeita sua história ou poema, não significa que não foi “bom” o suficiente. Isso significa que a revista pensava que seus leitores em particular não precisavam daquela história ou poema. Os editores pensam nos leitores: o que isso traz para o leitor? Também existe um culto à celebridade neste país, e muitas revistas publicam apenas pessoas famosas e rejeitam trabalhos melhores de pessoas desconhecidas.

Você precisa saber essas coisas em algum lugar no fundo da sua mente e precisa esquecê-las e escrever tudo o que for escrever.

–Do Image Journal

Acima de tudo, continue trabalhando:

O talento não é suficiente… Escrever é trabalho. Qualquer um pode fazer isso, qualquer um pode aprender a fazer isso. Não é ciência de foguetes, são hábitos mentais e hábitos de trabalho. Comecei com pessoas muito mais talentosas do que eu, e elas estão mortas ou na prisão ou não estão escrevendo. A diferença entre eu e eles é que estou escrevendo.

–De ” Annie Dillard and the Writing Life “, conforme recontado por Alexander Chee

Bamboletras recomenda o último Bernardo Carvalho e duas boas biografias

Bamboletras recomenda o último Bernardo Carvalho e duas boas biografias

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Duas biografias de grandes intelectuais — Hannah Arendt e Euclides da Cunha — e mais o último romance de Bernardo Carvalho — O último gozo do mundo — fazem a alegria desta semana tiritante.

Mais detalhes abaixo. Boa semana com boas leituras!

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O último gozo do mundo, de Bernardo Carvalho (Cia. das Letras, 144 páginas, R$ 49,90)

A história de uma professora de sociologia que vê seu casamento desmoronar pouco antes do início de uma pandemia global. “O último gozo do mundo” é o décimo terceiro livro de Bernardo Carvalho. Presa de um tempo em que “a leitura do mundo tornou-se descontínua e episódica”, a protagonista desta novela parte, com o filho pequeno, numa jornada para um retiro no interior do Brasil. Lá, mora um homem que prevê o futuro depois de ter sobrevivido ao vírus ameaçador. Um rastro de perplexidade e de perguntas sem respostas vai sendo deixado para trás, numa narrativa enigmática, eletrizante e que se torna mais e mais perturbadora. Podemos distinguir as causas dos efeitos? Como damos sentido a uma narrativa? O que restou de humanidade num Brasil dominado pela morte?

Arendt, entre o amor e o mal: uma biografia, de Ann Heberlein (Cia. das Letras, 256 páginas, R$ 64,90)

Este perfil biográfico entrelaça a vida e a obra de Hannah Arendt, autora de obras fundamentais como Origens do totalitarismo e Eichmann em Jerusalém. Inclui posfácio de Heloisa Starling. A vida de Hannah Arendt se estende por um período imprescindível na história do mundo ocidental, que abrange não apenas a ascensão do regime nazista e as crises da Guerra Fria, mas a formulação de reflexões fundamentais sobre o valor e a culpa da humanidade diante desses episódios. Nesse sentido, suas contribuições intelectuais estão diretamente relacionadas à sua vida, marcada por experiências terríveis, mas também por amor, exílio e saudade.

Euclides da Cunha, uma biografia, de Luís Cláudio Villafañe G. Santos (Todavia, 432 páginas, R$ 89,90)

Euclides da Cunha viveu apenas 43 anos e foi militar, engenheiro, jornalista, cientista, literato e cartógrafo. A despeito da abundância de fontes, alguns episódios de sua vida continuam pouco conhecidos, como a expedição à Amazônia e a passagem pelo Itamaraty. Esta biografia traz ainda novas interpretações para eventos conhecidos, sublinhando contradições entre o discurso e os fatos, o que realça sua profunda humanidade.

Os livros mais vendidos em junho na Bamboletras

Os livros mais vendidos em junho na Bamboletras

E vamos aos mais vendidos de junho! Itamar Vieira Júnior, que já ocupava o topo de nossa lista há um bom tempo, agora ocupa a primeira e a segunda colocações. E, como de costume, só temos ótimos livros em nossa lista! Os leitores da Bambô só levam coisa boa. Apareça, aqui há qualidade e curadoria!

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia)
2. Doramar ou a Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
3. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
4. Notas sobre o Luto, de Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras)
5. Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Companhia das Letras)
6. E se as cidades fossem pensadas por mulheres, de Laura Sito e Mariana Félix (Zouk)
7. João aos pedaços, de Flávio Ilha (Diadorim)
8. Porto Alegre, Cidade Baixa: Um bairro que contém seu passado, de Renato Menegotto (Marcavisual)
9. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
10. Diários: 1909-1923, de Franz Kafka (Todavia)

Você confere todos estes sucessos aqui na Bambô!
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Bamboletras recomenda o novo livro de Daniel Galera e mais

Bamboletras recomenda o novo livro de Daniel Galera e mais

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Pois é. Recebemos o novo livro de Daniel Galera, O deus das avencas. Ele é composto de três novelas e quem já leu voltou falando muito bem dele. Não muito longe, mas com um viés mais realista, recomendamos Uma vontade inadiável de acabar com este mundo, coletânea de dez narrativas de outro Daniel, o Ricci Araújo. Para finalizar, Afropessimismo, um esplêndido estudo sobre o circuito permanente de escravidão que insiste em definir a experiência da negritude.

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O Deus das Avencas, de Daniel Galera (Cia. das Letras, 248 páginas, R$ 54, 90) 

O deus das avencas traz três novelas reunidas neste livro. Na primeira novela, a que dá título ao livro, um casal se fecha em casa à espera do nascimento do primeiro filho, e mergulha numa incerteza crescente, tanto pelo destino deles quanto pelos rumos do país. Em Tóquio, Galera abandona a narrativa mais realista ao retratar a vida de um homem solitário, obrigado a enfrentar o passado em um mundo que atravessou um desastre ambiental e tecnológico. E, por fim, em Bugônia, ele dá um passo além ao recriar a história de uma comunidade pós-apocalíptica em simbiose com a natureza, que, pressionada pelas ameaças externas de um planeta devastado, precisa se transformar de forma radical. O deus das avencas é um livro especulativo e por vezes sombrio, mas extremamente humano.

Uma vontade inadiável de acabar com este mundo, de Daniel Ricci Araújo (Quatorze Vinte Um, 172 páginas, R$ 40,00)

Uma vontade inadiável de acabar com este mundo é uma coletânea com dez narrativas curtas na qual ficção e realidade criam uma trama que envolve e revolta. A tônica das histórias é a crítica à sociedade contemporânea, com seu deslustre e sua virtude. Como uma moeda, que sempre tem duas faces, Daniel Ricci Araújo nos confronta com temas que estão no dia a dia dos noticiários como xenofobia, racismo, relações familiares, drogadição, a violência urbana. Ele também nos apresenta o outro lado, ao falar de solidariedade, compaixão e cumplicidade. Em alguns dos contos, Daniel se afasta da nossa realidade para mergulhar em um cenário distópico, por meio da ficção científica, e nos apresentar situações nas quais a ética e o bom senso parecem não mais existir. A obra é um convite à reflexão sobre o papel e a responsabilidade de cada um com o hoje e o amanhã.

Afropessimismo, de Frank B. Wilderson III (Todavia, 400 páginas, R$ 84,90)

Por que a questão da raça permeia grande parte do nosso universo moral e político? Por que um ciclo perpétuo de escravidão — em todas as suas formas: política, intelectual e cultural — continua a definir a experiência da negritude? E por que a violência contra os negros é um traço predominante em todo o mundo? Essas são apenas algumas das questões que este livro levanta. Wilderson apresenta, nesta obra, as bases de um movimento intelectual — o afropessimismo — que vê a negritude pelo prisma da escravidão perpétua. A partir de clássicos da literatura, do cinema, da filosofia e da teoria crítica, ele mostra que a construção social da escravidão, vista pelas lentes da subjugação dos negros, não é uma relíquia do passado, mas um mecanismo que alimenta nossa civilização. Sem a dinâmica senhor-negro escravizado, sustenta o autor, um dos pilares da civilização mundial iria a colapso. Mais do que qualquer outro grupo, os negros serão sempre vistos como escravos em relação à humanidade. Afropessimismo fala ainda da infância do autor em Minneapolis e do racismo que ele sofre — seja na Califórnia dos anos 1960 ou durante o apartheid na África do Sul, onde ele se junta às fileiras do Congresso Nacional Africano. Este livro não apresenta solução para o ódio que está por toda parte, mas Wilderson acredita que reconhecer essas condições históricas é um gesto de autonomia em face de um mundo social essencialmente racializado.

Lições de um escritor que se autopublica: as livrarias independentes são boas, a Amazon nem tanto

Lições de um escritor que se autopublica: as livrarias independentes são boas, a Amazon nem tanto

Por  Jonny Diamond, no Lit Hub e, infelizmente, apenas nos EUA

Em 2019, o romancista Mason Engel publicou seu próprio romance e fez sua autopromoção visitando 50 livrarias em 50 dias através dos EUA. Ele filmou tudo, documentando o seu périplo. Naquele ponto, ele ainda pensava em, quem sabe?, vender seu romance apenas para a Amazon, que continua sendo o lugar mais importante para escritores autopublicados ganharem dinheiro com seu trabalho — mas sua viagem mudou tudo.

Como muitos de vocês provavelmente sabem, as livrarias independentes são frequentemente espaços comunitários (muito) idiossincráticos e (muito) encantadores. Eles são preenchidos não apenas por acervos altamente selecionados que refletem o que os livreiros realmente gostam, mas também o espírito de um bairro ou de uma cidade, aquela personalidade particular que se molda em torno de milhares de conversas silenciosas sobre o que importa no mundo. Foi isso que Mason Engel descobriu em sua viagem e o que o levou a deixar a Amazon.

Passado um ano, Engel decidiu voltar à estrada, desta vez com um propósito além de seu próprio trabalho. Apesar da pandemia, Engel — e seu cinegrafista Brady — visitaram 30 livrarias entre Nova Orleans e Nova York, perguntando aos livreiros por que fazem o que fazem e por que isso é importante. Os resultados estão agora aqui, em um segundo documentário chamado The Bookstour , que você pode assistir fazendo uma doação ao BINC , a maravilhosa organização sem fins lucrativos que apoia os livreiros necessitados. O BINC tem sido um apoiador inestimável nos últimos 18 meses para uma comunidade de livrarias que precisa urgentemente de ajuda financeira.

Isso tudo parece um boa coisa: apoiar os livreiros enquanto se aproveita de sua sabedoria, visão e esperança… Obrigado Mason Engel!

A Amazon está destruindo milhares de livros não vendidos

A Amazon está destruindo milhares de livros não vendidos

Por Walker Caplan, no Lit Hub

ITV News relatou que a Amazon está destruindo milhões de itens não vendidos a cada ano — livros, TVs, laptops, drones, fones de ouvido, computadores, milhares de máscaras COVID embaladas estão todos entre os resíduos. Imagens secretas do depósito de Dunfermline da Amazon no Reino Unido, da ITV News, mostram esses itens classificados em caixas marcadas como “Destroy”, para minimizar os custos de armazenamento.

Disse um ex-funcionário anônimo à ITV News : “De sexta a sexta-feira, nossa meta era geralmente destruir 130.000 itens por semana. Eu costumava ficar indignado. Não há razão para tal destruição. No geral, cinquenta por cento de todos os itens não foram abertos e ainda estão em sua embalagem plástica. A outra metade são devoluções e em bom estado. Os funcionários acabaram de ficar insensíveis ao que estão sendo solicitados a fazer. ”Um funcionário disse que em algumas semanas, até 200.000 itens podem ser marcados como “destruir”, enquanto apenas uma fração desse número seria marcada como “doar”. (Uma semana de abril mostrou mais de 124.000 itens marcados como “destruir”, enquanto apenas 28.000 foram marcados como “doar”.)

Outro funcionário veio  corroborar o relato do primeiro funcionário e confirmou que o depósito de Dunfermline não era o único que produzia resíduos nessa escala: “Nós nos livramos de livros novos, de iPhones novos, de PlayStations. Em todas as instalações isso acontece, acredite em mim, acontece. Trabalhei em uma instalação específica, mas conhecia outras pessoas que trabalharam em outras e elas disseram exatamente a mesma coisa. ”

A Amazon negou o envio de qualquer produto para aterros no Reino Unido em declarações à ITV e The Verge e afirma que o aterro que a ITV identificou é um local de reciclagem (apesar dos rótulos “destruir”). Disse a Amazon no comunicado: “Estamos trabalhando em direção a uma meta de descarte zero de produtos e nossa prioridade é revender, doar para organizações de caridade ou reciclar quaisquer produtos não vendidos.” A Amazon disse ao The Verge que menos de um por cento de seus produtos são incinerados para geração de energia.

Assistindo à filmagem do ITV News, é difícil não pensar em todos os que poderiam se beneficiar com os produtos marcados como “destruir”. Esses livros podem trazer alegria para escolas, hospitais, prisões; esses laptops poderiam ajudar os alunos necessitados que precisaram de laptops para aprendizado remoto no ano passado. Sem falar na sustentabilidade ambiental. Como Philip Dunne, presidente do Comitê de Auditoria Ambiental, disse ao ITV News : “[Este] é um grau verdadeiramente surpreendente de desperdício de recursos. E se for verdade, é um escândalo que a Amazon tem que resolver. ”

A Bamboletras sugere três livros muito diferentes entre si

A Bamboletras sugere três livros muito diferentes entre si

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Desta vez será complicado encontrar pontos em  comum sobre os livros sugeridos. Eles só têm em comum a alta qualidade.

O primeiro é um livro de crônicas saborosas de Humberto Werneck. Livro profundamente brasileiro e dentro de nossa gloriosa tradição cronística.

O segundo é o terceiro e último volume de uma obra-prima. Os diários de Emilio Renzi, de Ricardo Piglia, deveria ser livro de cabeceira de qualquer candidato a escritor ou artista.

O último é um mosaico enganador de fatos que envolvem uma visita à Alemanha Oriental e uma foto sobre a faixa de segurança de Abbey Road, como a célebre foto da capa do disco homônimo dos Beatles.

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O Espalhador de Passarinhos, de Humberto Werneck (Arquipélago, 176 páginas, R$ 45,00)

Espalhador de boas histórias, Humberto Werneck senta conosco na calçada para uma conversa saborosa. Na memória do menino, a educação sexual na Idade Média dos anos 50 e o pequeno defunto que leva os óculos consigo para ver o nada no fundo da terra. Na pele do jornalista, os espinhos de uma entrevista petrificante com Clarice Lispector e o ensinamento de um jovem Gilberto Gil (“Minha ambição é a boa morte”). Na coleção do catador de palavras, a festimana e o balandrau. Nas retinas infatigáveis do observador da vida, as separações que não dão certo e os santos de um lugar esquecido por Deus. Um livro que preserva o canto inimitável da crônica brasileira.

Um dia na vida: Os diários de Emilio Renzi, de Ricardo Piglia (Todavia, 334 páginas, R$ 89,90)

Como nos dois volumes anteriores dos diários de Emilio Renzi, alter ego do autor, é possível montar uma cartografia pessoal de Piglia por meio das aventuras da vida íntima (casos amorosos, família, amigos), cafés, pequenos quartos alugados, quartos de hotel e jornadas pelas freeways dos Estados Unidos. Um dia na vida é o terceiro e último volume dos diários — ponto alto da produção literária de um dos escritores fundamentais da literatura latino-americana. O pânico de viver sob uma ditadura. As dúvidas sobre ser ou não um intelectual público. As amizades literárias e os amores. O triunfo com a publicação de Respiração artificial. O envelhecimento e a doença. Aqui, como nos dois volumes anteriores dos diários, é possível montar uma cartografia pessoal de Piglia por meio das aventuras da vida íntima, cafés, quartos de hotel. E, sempre, o chamado da escrita.

O homem que viu tudo, de Deborah Levy (Todavia, 232 páginas, R$ 64,90)

No mosaico montado por Deborah Levy, as peças do mistério se sucedem e se combinam, num caleidoscópio de pistas, indícios e sugestões. Em 1988, o jovem historiador Saul Adler é convidado a viajar à Alemanha Oriental para realizar uma pesquisa. Em troca, Saul deve escrever um ensaio elogiando a vida na RDA e o regime comunista. Ele ficará hospedado na casa de seu tradutor, e pretende dar à irmã dele — fã incondicional dos Beatles — uma foto atravessando a famosa Abbey Road. Enquanto aguarda sua namorada, que irá retratar a cena, Saul é atropelado. Embora sofra apenas ferimentos leves, o acidente mudará o rumo de sua vida.

Hoje é Bloomsday, gente!

Hoje é Bloomsday, gente!

(Espero que Caetano W. Galindo não se assuste com incrível número de anotações justo na sua tradução. É o que acontece quando GOSTO MUITO. Imagine se ele abre o meu exemplar… Há quase outro Ulysses dentro… E escrito com caneta…)

Trecho final do poema “James Joyce”, de Jorge Luis Borges:

“Entre a aurora e a noite está a história
universal. E vejo desde o breu,
junto a meus pés, os caminhos do hebreu,
Cartago aniquilada, Inferno e Glória.
Dai-me, Senhor, coragem e alegria
para escalar o cume deste dia”.

Escalei o cume do 16 de junho por 3 vezes e escalaria a quarta.

Hoje é o Bloomsday, mas também é o Dalloway Day!

Hoje é o Bloomsday, mas também é o Dalloway Day!

Hoje é o Bloomsday, mas pelo visto apareceu outra efeméride para ser comemorada pertinho, quase na mesma data, neste ano exatamente na mesma data. O curioso é que Virginia Woolf não gostava nada do Ulysses de James Joyce, mas olha só:

Da Lit Hub

Todos os anos, na “quarta-feira de meados de junho”, a Royal Society of Literature celebra o trabalho e o legado de Virginia Woolf. Este ano, o Dalloway Day cai na quarta-feira, 16 de junho (que também é Bloomsday), e as comemorações marcarão o centenário da Monday or Tuesday, a única coleção de contos de Woolf.

A Lit Hub tem o orgulho de fazer parte das festividades, que este ano incluem um workshop de redação de contos, uma discussão explorando a relação entre Woolf e Katherine Mansfield, passeios a pé, um podcast e uma mesa redonda. Você pode ver o programa completo aqui , mas é claro que recomendamos o podcast, no qual a editora sênior do Lit Hub, Corinne Segal, moderou uma conversa entre Deborah Levy e Merve Emre enquanto discutiam o que Virginia Woolf significava para eles e a influência duradoura de seu trabalho sobre sua própria escrita. Esta ampla conversa apresentará uma exploração da força e fragilidade de Woolf, e de como a leitura de escritores do passado muda os autores de hoje e o que ainda temos que aprender com Virginia Woolf. Registre-se aqui para ouvir e tenha um ótimo Dalloway Day!

Chegou o Vol. 2 de Escravidão, de Laurentino Gomes, na Bamboletras, mas não apenas ele

Chegou o Vol. 2 de Escravidão, de Laurentino Gomes, na Bamboletras, mas não apenas ele

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Hoje é o Bloomsday, mas não teremos nada de Joyce em nossas recomendações, mas sim três livros com importantes pontos de contato.

O primeiro é a segunda parte de Escravidão, de Laurentino Gomes, uma importante e estarrecedora obra que traça um cenário bastante completo do que foi a escravidão em nosso país. Infelizmente, é uma história contada por pessoas brancas, mas a documentação levantada pelo autor dá uma visão muito ampla da desumanidade da escravatura. A obra será uma trilogia.

Outra sugestão é o recente lançamento da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, autora dos já clássicos Hisbisco Roxo e Americanah. Desta vez, Chiamamanda chega com Notas sobre o Luto, uma narrativa que descreve e extrapola a história da morte do pai da autora por covid-19.

Para finalizar, sugerimos E se as cidades fossem pensadas por mulheres?, livro que demonstra como as cidades foram pensadas para homens brancos e propõe soluções para que as mulheres se sintam melhor em nossas urbes.

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Escravidão (Volume II), de Laurentino Gomes (Globo, 512 páginas, R$ 59,90)

Neste segundo livro, Laurentino concentra-se no século XVIII. O período representou o auge do tráfico negreiro no Atlântico, motivado pela descoberta das minas de ouro e diamantes no Brasil e pela disseminação, em outras regiões da América, do cultivo de cana-de-açúcar, arroz, tabaco, algodão e outras lavouras marcadas pelo uso intensivo de mão de obra cativa. Nenhum outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade nacional quanto a escravidão. Conhecê-la ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente. Em um texto impactante que inclui imagens e gráficos, Laurentino Gomes lança o segundo volume de sua obra, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluíram viagens por 12 países e 3 continentes.

E se as cidades fossem pensadas por mulheres?, Org. de Laura Sito e Mariana Felix (Zouk, 142 páginas, R$ 41,00)

Considerando que as cidades se constituem como um espaço masculino e branco, no qual diferentes grupos sociais vivem de formas distintas e com oportunidades desiguais, o presente livro visa mostrar o olhar plural das mulheres que compõem a cidade: mulheres periféricas, mulheres universitárias, mulheres trans, mulheres negras, mulheres gestoras públicas, mulheres educadoras, mulheres de movimentos sociais, mulheres jovens, velhas. Dessa forma, contribui para pensarmos em que medida a ação dos movimentos de mulheres, intelectuais e feministas pode auxiliar os(as) gestores(as) públicos(as) a planejar as cidades com uma perspectiva de gênero? Como podemos avançar? Como podemos construir uma sociedade feminista, antirracista e inclusiva?

Notas sobre o luto, de Chimamanda Ngozi Adichie (Cia. das Letras, 144 páginas, R$ 32,90)

De uma das mais importantes vozes da literatura contemporânea, esse livro é um relato não apenas sobre a morte de um pai amado, mas também sobre a memória e a esperança que permanecem com aqueles que ficam. O livro foi escrito após a morte do pai de Chimamanda Ngozi Adichie em junho de 2020, durante a pandemia de covid-19, o que mantinha distante a família Adichie, Notas sobre o luto é um relato forte sobre a dor da perda e as lembranças e resiliência trazidas por ela. Consciente de ser uma entre milhões de pessoas sofrendo naquele momento, a autora se debruça não só sobre as dimensões familiares e culturais do luto, mas também sobre a solidão e a raiva inerentes a ele. Com uma linguagem precisa, Chimamanda junta a própria experiência da morte de seu pai às lembranças da vida de um homem forte e honrado, sobrevivente da Guerra de Biafra, professor de longa carreira, marido leal e pai exemplar.

Bamboletras recomenda Doramar, o novo livro de Itamar Vieira Junior, e mais

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A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Torto Arado vendeu mais de 100 mil exemplares. Para o Brasil, isto é um fenômeno muito significativo, ainda mais se considerarmos a alta qualidade e a poesia da prosa do baiano Itamar Vieira Junior. Agora, ele retorna com seu segundo livro, Doramar ou A Odisseia: Histórias que recomendamos sem medo de errar e por já termos lido uma das histórias.

Coincidentemente, Pequena Coreografia do Adeus é também o segundo livro da paulista Aline Bei, que fez uma linda estreia com o esplêndido O Peso do Pássaro Morto. A história do livro é muito boa, importante e comum a muitos de nós. Leia a sinopse!

De quebra, recomendamos outro livro notável: Nomadland.

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Doramar ou A Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Junior (Todavia, 160 páginas, R$ 49,90)

Quem se deslumbrou — isto é, quase todo mundo — com a maestria narrativa de Torto Arado, romance que converteu Itamar Vieira Junior em um dos nomes centrais da nossa literatura contemporânea, vai encontrar neste Doramar ou a Odisseia ainda mais motivos para celebrar a ficção do autor. Num diálogo permanente com nossas questões sociais e a tradição literária brasileira, Itamar enfeixa um conjunto de histórias a um só tempo atuais e calcadas na multiplicidade de culturas que formam o país. Lidas na sequência, atestam a vitalidade de um escritor que encontra uma boa parcela de inspiração em personagens que desafiam os limites que lhes foram impostos e abraçam a existência em toda a sua plenitude.

Nomadland, de Jessica Bruder (Rocco, 304 páginas, R$ 59,90)

No interior dos EUA, empregadores descobriram uma nova força de trabalho educada, disposta e de baixo custo, composta em sua maioria por pessoas mais velhas e sem endereço fixo. Muitos deles estão afundados em dívidas, sem poder pagar um aluguel ou uma hipoteca, e com uma aposentadoria que mal dá para o básico. Resultado da recessão econômica de 2008, essa parcela invisível da sociedade ganhou as estradas em trailers, ônibus e vans, formando uma crescente comunidade de nômades, que não aceitam o rótulo de “sem-teto”, são simplesmente “sem-casa”. Eles têm um lar e este está sobre quatro rodas, acompanhando-os para onde forem (geralmente o próximo trabalho mal remunerado, sem direitos trabalhistas e em condições duvidosas). Nesta reportagem sensível e impressionante, Jessica Bruder segue as rotas mais usadas dos que trabalham em empregos temporários e conhece gente de todo tipo: um ex-professor, um ex-executivo do McDonald’s, um ministro de igreja, um policial aposentado e veteranos de guerra, entre muitos outros. E a protagonista — a garçonete-caixa-empreiteira-avó Linda May.

Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Cia. das Letras, 264 páginas, R$ 49,90)

Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares. Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas. Escrito com a prosa original que fez de Aline Bei uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea, Pequena Coreografia do Adeus é um romance emocionante que mostra como nossas relações moldam quem somos.

Os livros mais vendidos em maio na Bamboletras

Os livros mais vendidos em maio na Bamboletras

Nossa lista de mais vendidos de maio! Nossos best sellers são sempre ótimos livros! 🥰

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
2. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
3. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
4. A República das Milícias, de Bruno Paes Manso (Todavia)
5. Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Companhia das Letras)
6. Atos Humanos, de Han Kang (Todavia)
7. Fada, de Dyonelio Machado (Zouk)
8. Mulheres de Minha Alma, de Isabel Allende (Bertrand Brasil)
9. As Inseparáveis, de Simone de Beauvoir (Record)
10. Diários 1909-1923, de Franz Kafka (Todavia)

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