Os Quatro Encontros, de Henry James

(Sem spoilers).

Os Quatro Encontros (Clube do Livro, 1986, 144 páginas) reúne três novelas de Henry James escritas na prosa e com a sutileza extraordinariamente bem trabalhadas do autor anglo-estadunidense. As três histórias têm como elo situações e desenlaces desconcertantes.

A primeira novela, Os Quatro Encontros narra, como diz o título, quatro encontros bastante espaçados no tempo entre um homem e uma mulher e como uma nesga de assunto avança entre eles. Só que aquela nesga de conhecimento em comum de certa forma os define. Depois é a vez de O Discípulo, história da relação entre um aluno, seu tutor e a família decadente que mal e mal o paga. É arrebatadora a forma com que James descreve o ambiente de fim de festa daqueles aristocratas. O volume é finalizado com a melhor história, O Mentiroso, onde o personagem principal é um militar que simplesmente não consegue parar de inventar histórias. Um dia, ele, espécie de Dorian Gray, pousa para um retrato, no qual o artista faz de tudo para deixar clara sua personalidade. E consegue. O final da história é sensacional. O curioso é que O Mentiroso (The Liar) foi publicado em 1888 e O Retrato de Dorian Gray em 1890… Wilde não copia James de modo algum, mas alguma inspiração veio dali, tenho certeza.

A tradução é bem mais ou menos.literatura

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As surpresas que o Google Reader me traz

O Google Reader é um leitor de feeds, isto é, é um local onde você pode ler vários blogs, bastando inscrevê-los. O meu tem uns 200. Os posts vêm em ordem cronológica. Como ele é rápido, às vezes a gente se depara com posts que foram publicados e logo, minutos depois, deletados por seus autores.

Ontem à noite, acompanhei o desespero de um blogueiro que postou o mesmo texto várias vezes, sempre com um título diferente, o qual revelava uma crescente exacerbação de seu ódio. Não devo revelar o tema porque o cara seria facilmente descoberto. Hoje, fui ver se ele tinha conseguido desovar a coisa. Não. Havia um novo post dizendo bem assim: “Este blog receberá atualizações a partir de 2 de janeiro. Feliz ano novo…”.

O caso mais legal ocorreu faz uns 20 dias. Um diretor de teatro estava puto por não ter recebido o Prêmio X. Dizia que não tinha visto todos os julgadores em sua peça e sugeria que só por isso tinha ficado a ver navios. Como vão avaliar minha peça se não a viram? Pressenti que o post seria deletado e o gravei. Acertei na mosca. Passados 15 min, fui ao blog do cara e o post tinha sumido.

Acho que eu nunca desisti de postar nada e acho curioso esse negócio. Os não-posts são normalmente furibundos, descontrolados mesmo. Estou aprendendo a reconhecê-los. E por que seus autores só se assustam após a publicação, tendo os posts ficado apenas alguns minutos no ar?

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Dmitri Shostakovich – Concerto Nº 1, Op. 107 para violoncelo e orchestra

Concerto ocorrido em 5 de maio de 2011 no Auditório Arturo Toscanini, da Rai de Turim.

Com a Orchestra Sinfonica Nazionale della Rai, sob a regência de Juraj Valčuha. Ao violoncelo, a genial argentina Sol Gabetta. Pessoalmente, prefiro o segundo concerto, mas o desempenho de Sol é tão arrebatador que fico em dúvida. Destaque para seu bom humor no último movimento, após quase morrer na cadenza. Acho que meus sete leitores sabem que os dois Concertos para Violoncelo de Shosta foram dedicados à Rostropovich e é claro que o autor explorou a técnica de um dos maiores celistas de todos os tempos. Ou seja, não há nenhuma facilidade.

Ah, muito simpáticas as entrevistas antes e depois do concerto.

Movimentos: Allegretto / Moderato / Cadenza / Allegro con moto

http://youtu.be/m8XQaLEJsCU

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Moleza

A semana inicia na quarta-feira e mole. Depois das cervejas e dos spritz do prolongado fim de semana, o estômago improvisa alguns muxoxos e uma monumental preguiça começa a tomar conta de mim, ainda mais vendo que há poucas notícias e que meu ônibus veio quase vazio até o centro. O Sísifo Hugo Chávez recupera-se novamente, Dona Canô e Fúlvio Petracco se despediram, ontem fez 40 graus em Porto Alegre  e até agora, 9h30, não vi nenhuma chuva que possa nos salvar.

Ontem, uma leve brisa levou a energia elétrica de nossa casa por mais ou menos uma hora. Pobres daqueles que desejavam ver o programa do Roberto Carlos na TV. Como disse um amigo, depois de 300 anos de ocupação colonial, a CEEE ainda não se deu conta de que aqui chove forte e venta. Tanto não se deu conta que basta uma brisa.

Melhor tentar trabalhar, né?

Essa foi a descoberta do verão: o tal do spritz

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Meu sonho de Natal

Quando eu era pequeno, gostava do Natal. Na verdade, adorava, claro, porque meus pais nos enchiam de presentes. A festa era diferente, era matinal. A gente ia dormir pensando naquilo que o Papai Noel nos deixaria durante a noite e, quando acordávamos, nossa, ele tinha adivinhado nossos mais profundos desejos! Lembro especialmente de quando ganhei um autorama, mas isso é outro papo.

Depois, meu esfriamento em relação à data chegou a grau zero. Ainda na pré-adolescência, sem ler nada e sem maior influência, tornei-me ateu, um ateu natural e a data, que originariamente é uma festa pagã, passou a me irritar em razão de seu substrato religioso. Acho que todos os meus sete leitores sabem que a origem da festa não guarda o menor ranço de cristianismo: é o Solis Invictus (Sol Invencível), o Solstício de inverno. Era uma enorme festança que acontecia na noite mais longa do hemisfério norte para comemorar o recomeço, pois dali por diante os dias seriam mais longos, pouco a pouco mais quentes, e haveria a possibilidade de novas e fartas colheitas. Uma belíssima data do hemisfério norte, uma data bem realista que nos foi tomada pela igreja. De certa forma, era mais ou menos (eu escrevi mais ou menos) o que é nossa virada de ano, com suas renovadas esperanças, resoluções e renovação.

Depois, quando vieram as crianças, cheguei a me vestir de Papai Noel. No segundo ano, o Bernardo ficou me olhando como quem diz “Mas esse aí é o meu pai” e, perguntado se não era no dia seguinte, neguei e desisti de novas tentativas. A Bárbara deve ter aproveitado menos dessas festinhas. Também pudera! Ela, com três anos de idade e já sob a influência do irmão três anos mais velho, costumava observar aos coleguinhas de maternal que nem Deus nem Papai Noel existiam, fato que a deixava extremamente popular entre seus amiguinhos e objeto de desconfiança dos outros pais. Quem seria aquela crespinha louca, de três anos, que fazia proselitismo ateu num maternal?

Terrível: Bárbara por volta da época em que fazia proselitismo ateu. Ainda faz, acho.

Hoje, nem dou bola para o Natal, mas acho que está na hora dos movimentos ateus serem menos mal humorados. A data é nossa. Simples assim. Por exemplo, o presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, da qual sou sócio), Daniel Sottomaior, comemora tranquilamente e não se incomoda com a data. Ele tem uma filha de 8 anos que adora o 25 de dezembro. Diz ele: “Nossa árvore é uma árvore de referência a Isaac Newton, que nasceu nesta data e que descobriu a Lei da Gravidade. Ela tem maçãs e luzes. Os outros simbolismos – perus, renas, presentes, árvores, Roberto Carlos – , nada disso nasceu com o Natal”. E completa: “Estamos apenas retomando uma data pagã que nos foi roubada pela igreja e que foi comemorada por sete mil anos antes do século III”.

Aqui em casa, durante o Natal, meu filho costumava  — esse ano ele não fez (por quê?) — escrever no quadro de avisos da cozinha em letras garrafais: Natalis Solis Invictus, isto é, Nascimento do Sol Invencível. O nascimento do Sol Invencível é o momento em que o Sol inicia a Sua ascensão triunfante, representando, neste momento, a Luz que nunca morre e vence sempre, reflexo da imortalidade. (E que acabará com a Terra, daqui a 5 bilhões de anos…). Á época, a data era uma coisa tão forte que a igreja trouxe o nascimento de Jesus justo para o 25 de dezembro… Vergonha.

Então, meu sonho de Natal é que o paganismo retome a data. E que, no hemisfério sul, a gente invente um modo bem livre e religiosamente incorreto de comemorá-lo. Eu acharia muito justo se os namorados perseguissem uns aos outros nus pelas ruas, algo assim. É sonho, e em sonhos vale tudo.

P.S. — Rodrigo Cardia que, assim como eu, odeia o verão, escreveu: O texto do Milton Ribeiro me fez lembrar do significado original da celebração: o solstício de inverno no hemisfério norte, noite mais longa do ano, depois elas começam a ficar mais curtas. E então percebo que tenho algo a celebrar: aqui no hemisfério sul as noites começam a ficar mais longas… 

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Fotaço

Mulher atira-se de uma antiga ponte de tubulação de água na região taiga siberiana em 28 de outubro de 2012. (Ilya Naymushin / Reuters) Clique para ampliar.

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Os hóspedes se despedem (com filme)

Primeiro post. / Segundo post. / Terceiro post.

A ninhada já estava se apertando. O espaço era exíguo e,

quando um se mexia, mexiam-se todos.

Pois ontem pela manhã, 22/12, o ninho estava assim.

Porém, na grade da casa, estava o trio fazendo seus primeiros testes de voo.

Esse aí estava meio desajeitado entre as plantas. Chegamos a pensar numa asa

machucada, mas o cara estava inteiro. Todos os membros do trio,

acostumados ao pessoal da casa, não demonstrava grande receio de nós.

Um(a), mais emotivo(a), ainda voltou ao ninho para uma última despedida.

Mas a falta de jeito dava o tom. Vejam o que este aí em cima faz com os pés.

Ah, melhor agora!

Todo um mundo diferente a explorar.

E o(a) nostálgico(a) só observando do ninho.

Até que pegamos sua saída do ninho (vídeo abaixo). Não voltou mais. Ouçam como a mãe (ou o pai) chamam e ele(a) voa!

http://youtu.be/41YrILQZ0MY

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O Inter joga a pré-Libertadores, o Grêmio, a primeira fase

O estranho é que o mata-mata jogado pelo Inter em 2012 é o mesmo que o Grêmio jogará no início de 2013. São tratamentos diversos para exatamente a mesma coisa.

Um abraço.

Com a colaboração de Fernando Guimarães.

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O Julgamento do Macaco discutiu a existência de Deus em tribunal

No dia 21 de julho de 1925 foi finalizado um dos casos mais rumorosos e filosóficos do judiciário norte-americano. Foi um julgamento que durou 11 dias e o primeiro a ser transmitido por rádio para o país inteiro. Também virou filme de sucesso — Inherit the Wind (O Vento Será sua Herança), de 1960. O chamado Julgamento do Macaco (“Monkey Trial”) foi a ação que o estado do Tennessee moveu contra o professor de biologia John Thomas Scopes, de 25 anos, acusado de ensinar a teoria da evolução em uma escola pública da minúscula cidade de Dayton.

A rua principal de Dayton em 1925 | Foto: Wikimedia Commons

Os meios de comunicação deram enorme cobertura ao caso e ganhá-lo tornou-se uma obsessão para ambas as partes. Durante o processo, o juiz John Raulston não permitiu que o advogado Clarence Darrow — militante da União Americana pelas Liberdades Civis e um dos mais famosos oradores dos EUA — chamasse cientistas “como testemunhas” em favor da teoria da evolução. Ao final, Scopes, que teve contra si outra celebridade, o advogado William Jennings Bryan, um democrata candidato por três vezes à presidência dos EUA, foi condenado a uma multa de 100 dólares. Bryan fez uma defesa apaixonada do criacionismo, mas foi punido por um enfarte e morreu seis dias após a decisão do tribunal.

O juiz Raulston utilizou-se de bom senso no julgamento de tão longínquo caso e, não obstante o fato do juri ter apontado o professor Scopes como “culpado”, impediu que o veredito fosse cumprido em razão de “erros técnicos” no processo. A pena dele fora o pagamento de 100 dólares, um montante que seria de aproximadamente R$ 2.700,00 em nossos dias.

O professor de Biologia John Scopes | Fonte: Wikimedia Comm0ns

O caso tinha contornos realmente curiosos, pois evidentemente não havia certeza de ambos os lados. Os criacionistas só concordavam que Scopes tinha de ser punido mesmo que estivessem se debatendo entre três teses distintas: alguns tinham certeza da criação recente do Universo e afirmavam que o mundo fora criado por Deus em seis dias com um de folga — Bryan pensava assim; outros achavam que tinha sido antes e falavam em Adão, Eva e na serpente; outros acreditavam num projeto à cargo de uma vaga inteligência pré-existente.

Darrow finalizou sua peroração dizendo que o réu não era culpado, mas que como o tribunal excluíra quaisquer testemunhos, desejando apenas ater-se à simples questão sobre se Scopes realmente ensinara que o homem descenderia de uma ordem animal tão inferior, ele jamais negaria que o fato ocorrera. Ele apenas esperava que o juri encontrasse um veredito que pudesse levá-los a uma tribunal ou instância superior.

Segundo o livro World’s Most Famous Court Trial, encerrou sua fala de forma enigmática:Não consigo nem mesmo explicar-lhes que penso que os senhores deveriam retornar com o veredito de não culpado. Não vejo como poderiam decidir nos próximos minutos sobre a existência de Deus. Não lhes peço isso”.

O juri demorou apenas nove minutos para decidir e, em 21 de julho, ele foi considerado culpado e condenado a pagar a multa de 100 dólares.

O mais incrível é que Scopes (1900-1970) não depôs em seu julgamento e ele, em sua autobiografia, garantiu que não tinha absoluta certeza se havia ou não ensinado a respeito da evolução das espécies em suas aulas, mas “que era possível, claro”.

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Nada mais merecido

Notícia está aqui. E a foto abaixo, de Antonieta Pinheiro, colhida no Concerto de ontem, é linda.

Clique para ampliar

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O Véu Pintado, de William Somerset Maugham

Abro espaço para uma resenha escrita por minha filha Bárbara, de 18 anos.

Por Bárbara Jardim Ribeiro

William Somerset Maugham

Filho de pais britânicos, W. Somerset Maugham nasceu em Paris, em 1874. Na época, quando um homem nascia em território francês, era obrigatório fazer o serviço militar anos mais tarde. Portanto, seu pai, Robert Ormond Maugham, fez com que S.M. viesse a nascer na embaixada britânica da França – território tecnicamente inglês – para que este não precisasse se envolver em futuras guerras.

Perdendo a mãe com seis anos e, logo depois, seu pai, S.M. caiu nos braços de seu tio Henry, que o mandou para um internato na Inglaterra; onde, por ser ridicularizado em razão de seu sotaque, desenvolveu uma gagueira, que o acompanhou pelo resto da vida. Foi uma criança tímida e reservada, e logo aprendeu (talvez pela sua origem inglesa) a ter um humor sarcástico. Característica que acompanha personagens de seus livros como o clássico O véu pintado (1925).

O filme de 1934

Neste livro, S.M. consegue esculpir personagens muito complexas e trazer a tona seus sentimentos mais profundos e extremos. No prefácio, o narrador – imediatamente o identificamos como o autor – diz ter se inspirado numa personagem do Purgatório de Dante: Pia, cujo marido suspeita que fora infiel e a leva para seu castelo de Maremma, onde confia que os ares insalubres irão adoentá-la e, por fim, matá-la. É um plano de vingança atribuído a fatores externos, ou seja, tiram-lhe toda a responsabilidade por sua morte. Contudo, em ambas histórias – tanto na de S.M. quanto na de Pia – a vingança perfeita não acontece.

S.M., numa linguagem simples mas concisa, narra a história de Kitty, uma bela, fútil e cobiçada jovem da alta sociedade inglesa. Tem uma irmã mais jovem, cuja beleza não chega perto da de Kitty; uma mãe que apenas se preocupa com sua aparência e em arranjar um bom partido para as filhas; e, por fim, um pai que serve apenas como renda monetária. A nossa heroína, então, passa sua juventude negando pedidos de casamento (se tornando um fardo para a família) até o dia em que sua irmã aceita uma boa proposta. Kitty, aturdida com o fato, aceita se casar com um bacteriologista que não o ama, Walter.

A capa da recente edição da Record — bem pior que a da antiga que li, da Coleção Catavento, da Editora Globo.

Walter é um homem tímido, porém de grande inteligência e ainda maior capacidade de amar – sabe que se casou com uma tola que o acha entediante, mas está satisfeito em poder amá-la. Entretanto, como o marido de Pia, também é capaz de odiar além do limite.

Após dois infelizes anos de casamento, Kitty comete adultério com Charlie, homem importante na política e detentor de um apelo sexual irresistível, fazendo com que Kitty se apaixone cegamente sem perceber o homem dissimulado que é. Num dos inúmeros encontros clandestinos, o casal de amantes acaba sendo descoberto por Walter, que, calmamente, reúne provas contra Kitty e a propõe uma solução drástica.

À medida em que a leitura avança, Kitty começa a aprender mais sobre a dicotomia das personalidades dos dois homens. Está presa a um homem que, antes, a amava incondicionalmente e, agora, vem mostrando desejar a morte dela ao querer a levar a uma situação de perigo. E apaixonada por um homem que parece gostar dela, mas gosta mais dele mesmo; pois ela dramaticamente descobre que ele não tem a menor preocupação com ela nem a intenção de ajudá-la. Mostrando-se, também, experiente em se desviar de situações como aquela.

O véu pintado é um clássico do século XX, que originou três filmes: um em 1934, por Ryszard Boleslawski; outro em 1957, por Ronald Reame; e mais um em 2006, por John Curran. É um texto fluído e rápido, entretanto – como aconteceu comigo – capaz de emocionar pela sua crueza.

O excelente filme de 2006, chamado tolamente no Brasil de “O Despertar de uma Paixão”, com Naomi Watts e Edward Norton (clique para ampliar).

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Luigi estaria à procura de palavras para dispensar Bolívar?

O mês de dezembro nos mostra o Inter em velocidade subluígica, ou seja, ainda mais lento do que o costume. A última notícia diz que o lateral direito e o atacante de velocidade prometidos talvez venham no final do Campeonato Gaúcho. Desta forma, a montagem do time ficaria para o segundo semestre. Talvez seja bom. No ano passado, o Inter contratou 14 jogadores. Destes, só aprovaram três, todos com caras assim de reservas: Ygor, Jackson e Cassiano. Dátolo fez um belo primeiro semestre, mas afundou no segundo.

As contratações mais espetaculares fracassaram até agora: Forlán não joga desde a Copa de 2010, Juan segue acumulando lesões desde 2011 e Dagoberto adotou o mesmo estilo em 2012. Ainda bem que Ratinho e Nei saíram. Dizem que Bolívar também estaria arrumando as malas, mas só acreditarei quando ver Bolívar com outra camiseta ou de pijamas por 24h. Luigi Calvário quer dar uma saída honrosa para o ex-zagueiro. Se procura palavras, sugiro que ele veja os jogos da Libertadores de 2006, quando Bolívar jogava muito. Então, encontrará argumentos para um belo elogio. Depois, ele deve pensar nas cagadas que General têm feito para justificar o pé na bunda.

Meu consolo é que as coisas andarão mais rapidamente no vestiário com Dunga e Paixão. Mas acho melhor evitar que o Calvário arraste sua cruz até lá. Pois se for, sabemos que fica.

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Nossos hóspedes estão monstruosamente grandes

Primeiro post. / Segundo post.

Hoje é quarta-feira. Sexta passada (14/12), eles estavam assim.

E abriam silenciosa e desesperadamente a boca em busca da mãe. Ou da comida.

Tudo por quê, como dizem os psicólogos, o cérebro da criança pensa que seu grito…

… ou, no caso, sua bocarra, transforma-se em comida.

em, não são crianças, mas talvez pensem que se abrirem desmesuradamente o bico

aparecerá uma minhoca. A foto de cima e a de baixo já são de domingo (16/12).

Abaixo, vocês já podem ver o quanto cresceram em 3 dias. A partir daqui, são fotos de …

… hoje. As crias já estão do tamanho dos pais, só que não abandonaram ainda o ninho.

Ainda ficam pedindo comida como trintões morando com a mãe.

Estão super apertados.

Temo que a qualquer movimento mais brusco possam cair do ninho.

E pedem e pedem e pedem comida.

E mamãe ou papai vêm e lhes dão.

Um deles já caminha na borda.

(Os cães estão ficando só no pátio dos fundos para evitar que, no caso de quedas durante as instruções de vôo, algum sabiá vire lanche…).

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O Remendão sobre sobras

Eu e o Igor somos coeditores do Sul21. Temos a característica de concordar em quase tudo. Isso é maravilhoso, pois evita brigas, estresse, etc. Também moramos na Zona Sul, mais ou menos perto um do outro, e nosso ônibus vai para o centro da cidade passando pelo Beira-Rio, o qual é observado com expectativa por mim e com prazer por ele. Porque não há mais Beira-Rio e porque numa coisa discordamos — ele é gremista e eu colorado. Quando a gente passa pela Padre Cacique, o que se vê é uma casca com o anel superior completo e com algumas partes do inferior. E só. Tantas paredes foram derrubadas que a gente consegue ver da rua não apenas o outro lado do estádio, mas o rio, ou lago, através do túneis de acesso e do vazio de alguns paredões. Além disso, não há gramado.

Nos últimos dias, eu, que achava até simpático o termo Remendão inventado pelos gremistas, passei a achá-lo inadequado. Remendo é um pedaço de pano que se costura sobre uma base rota. Uma base. Aquilo que está lá nem é uma base, tanto que a cobertura terá fundações próprias. Não será um Remendão, será um estádio construído sobre as sobras do tal anel superior e as rampas. Acho que até teria sido mais produtiva uma implosão. Só que haveria a resistência dos nostálgicos, que acham que as pedras do Beira-Rio lembram de Figueroa e do gol de Tinga no São Paulo.

Ah, estou exagerando? Então vai lá e olha! Ontem, fui comprar um presente na loja do estádio. Cheguei ao Beira-Rio às 18h. Sabem o que me disseram? Que a construtura pedira que a loja fechasse às 16h para evitar o trânsito de pessoas. Voltando ao termo Remendão, aquilo que vi não é uma obra de arte que mereça o nome de Restauro, por exemplo. Merece um nome mais chinelão. Desta forma, não sei que nome sugerir, só sei que está horrível.

Foto do gremista @FTarganski

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Hitler e Porsche

Hitler parece encantado com a apresentação de Ferdinand Porsche (esquerda), que lhe mostra o que os brasileiros chamariam depois de Fusca (fotos de meados dos anos 30)

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O leitor na carona

Dos gigantes da literatura da virada do século XIX para o XX, talvez Henry James seja o mais desconcertante deles. Carrego na bolsa um pequeno livro chamado Os quatro encontros, edição do Clube do Livro dos anos 80. São três novelinhas que ainda não acabei de ler. O tema de fundo é a educação e as diferenças entre a vida na Europa e na América do Norte. Nada que não tenha sido esmiuçado pelo autor e por outros. Só que, com sua prosa clássica e elegante, James vai deixando tudo fora do lugar, tornando as coisas discretamente lesivas, levando-as lentamente à perversão. A criação de climas é tão bem feita que pouco a pouco vou-me sentindo cada vez mais confortável, como se estivesse na carona do gordinho James, um sujeito que me leva com tanta segurança que não consigo me dar conta de coisas menores como pneus, motor, câmbio.

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Liv & Ingmar

Sou daqueles caras que acham que, para se conhecer a arte de Ingmar Bergman, deve-se ver primeiro seus filmes. Digo isso porque, na semana passada, discuti amigavelmente com alguns acadêmicos que ficaram longamente tergiversando, entre eles, sobre o que se deveria ler como introdução a Machado de Assis e Shakespeare. Na minha simplória avaliação, eles deveriam iniciar pelos próprios autores, mas o que sei eu, né? Bergman também é um imenso autor e o número de ensaios e entrevistas que envolvem sua obra não são comparáveis a de nenhum outro diretor de cinema.

Tudo começa pelo próprio Bergman escritor. Há seus extraordinários livros — como Imagens, A Lanterna Mágica e O cinema segundo Bergman (entrevista longa)  — , há dezenas de ensaios, livros com material fotográfico, filmes que lhe fazem referência ou que tiveram participação do mestre — como a obra-prima dirigida por Liv Ullmann, Infiel — e documentários como A Ilha de Bergman e este Liv & Ingmar que estreou no final de semana em Porto Alegre.

Assim como A Ilha de Bergman, o filme Liv & Ingmar certamente irá para o acervo de principais referências bergmanianas. O diretor indiano Dheeraj Akolkar deixa Liv Ullmann monologar longamente, acompanhada por cenas e imagens de filmes, fotos pessoais e passeios pela casa de Bergman na ilha de Fårö. Liv esteve casada por 5 anos com Bergman; depois tornaram-se grandes amigos. Ao todo, foram 42 anos de parcerias do autor e de sua atriz preferida, seu Stradivarius, conforme expressão do próprio Bergman, em elogio a Liv.

O filme e o discurso de Liv são consistentes. O diretor indiano dá a ela total liberdade para falar. A voz do entrevistador nunca aparece, dando-nos a impressão de uma longa improvisação. Até aí, tudo muito bergmaniano. Ullmann demonstra involuntariamente todos os motivos que fizeram com que Bergman se apaixonasse perdidamente por ela: além de ter sido belíssima, é uma mulher inteligente, com a característica de levar seus raciocínios em linha reta, nunca recuando ante temas difíceis que fizeram parte de vida do casal, como a violência física e principalmente a psicológica.

Há trechos arrepiantes, como a descrição de uma caminhada dos amigos, já velhos,  pelas ruas, a citação ao Stradivarius e as acusações de Liv de que Bergman a teria torturado durante duas filmagens, uma vez fazendo com que ela chegasse muito perto do fogo e outra quase a matando de frio, enquanto ele ficava confortavelmente com um casaco sobre outro. Necessariamente unilateral, como todas as confissões, o filme tem altíssima temperatura emocional e aí está o único erro do diretor indiano.

Em muitos momentos, ele resolve acentuar o que está quente com ornamentações orquestrais nada bergmanianas. Um grupo de violinos ardentes tentam vir inutilmente ao encontro do solo de violoncelo de Liv, em pequena bobagem expressiva. Prova de que, se Liv sabe tudo sobre Ingmar, Dheeraj fica devendo, mesmo dando exemplos de cenas em que a atriz era acompanhada apenas por uma sarabanda de uma suíte de Bach.

É um equívoco que incomoda um pouco, mas não tira os méritos do filme. Liv & Ingmar é absolutamente necessário a todo fã do cinema de Ingmar Bergman.

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A situação perde, a oposição não vence, abaixo os sócios e viva o Conselho!

Minha leitura da eleição do Conselho do Inter é bem simples. A situação perdeu muitas cadeiras, a maior parte delas para uma oposição de mentirinha — a de Píffero, Lopes e de uma série de pessoas que ainda anteontem estavam ligadas à situação — e a verdadeira oposição teve um modesto incremento, passando de 32 a 48 cadeiras da metade renovada do Conselho. Vocês dirão que 50% não é um “modesto incremento”, mas, se considerarmos o ganho de cadeiras da chapa de Píffero, a Convergência perdeu uma grande oportunidade.

Píffero e seus aliados fizeram uma campanha inteligente e oportunista. Em política não é feio ser oportunista. Sem biografia ou algo em comum que unisse aquela salada de frutas de todas as estações, chamaram sua de chapa de “Diretas Sempre”, em clara referência a um escandaloso fato recém ocorrido: a negativa do Conselho em dar um segundo turno aos sócios, ou, sendo mais claro, a absurda reeleição de um presidente derrotado em campo, sem ser referendado pelos sócios.

Muitos sócios ficaram indignados com a eleição e votaram simplesmente em “diretas sempre”. Já o grupo da Convergência — ao qual pertenço — teve pudor para se utilizar desta estratégia, mas, como já dizia José Dirceu e Raskolnikov, há que se agachar e pegar o poder onde ele normalmente está, na lama. A biografia coerente do grupo o impediu de usar casuísmos. Cometeu um grave equívoco.

Por falar em sócios, que decepção. Dos quase 60 mil habilitados, votaram 11 mil. Ou seja, são pessoas que estão ou cagando para o clube ou ressentidos com a politica interna do mesmo. Bem, por isso é que há democracia e oposição. Ou só pensam no futebol de campo, como se este fosse consequência dos deuses do futebol. Acho que, se tivéssemos 30 mil votantes, Luigi sairia muito, mas muito pior da eleição de ontem.

Desta forma, o fato esportivo do fim de semana não foi a eleição do Inter, mas a transparente entrevista concedida por Fábio Koff para a Zero Hora. Ele disse coisas das quais se tinha informação — que a Arena era um péssimo negócio para o Grêmio — e outras das quais nem se desconfiava sobre a situação financeira do clube. O Conselho do Inter — essa coisa para a qual os sócios cagam — salvou o Inter de um mau negócio. O contrato com a AG foi examinado e cheirado em seus mínimos detalhes e o resultado é muito melhor. O próprio Koff disse em sua entrevista que o Inter agregou patrimônio enquanto o Grêmio o cedeu. Viva o Conselho do Internacional!

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Resultado das Eleições para o Conselho Deliberativo do SC Internacional

Renovação de 150 conselheiros.

Chapa 1 – Inter Vencedor — Do Luigi: 38 conselheiros
Chapa 2 – Diretas Sempre — Do Lopes e do Piffero: 64 conselheiros
Chapa 3 – Convergência Colorada: 48 conselheiros
Chapa 4 – O Povo do Clube: 0
Chapa 5 – Movimento Vermelho: 0
Chapa 6 – Acorda, Conselho: 0

O sócio quer votar para presidente, né? O grande derrotado foi o banana Giovanni Luigi Calvário. A Convergência estava renovando 32 cadeiras. Com suas 48, ganhou 16 cadeiras. A vencedora foi a Chapa 2, que tem uma plataforma bem simplesinha: quer mudar o estatuto para reduzir a cláusula de barreira. De resto, é formada por dissidentes da situação. Mas hoje é oposição.

Agora a oposição tem ligeira maioria. Luigi vai ter que cooptar bastante gente em jantares.

Totais aproximados:

Chapa 1 – Inter Vencedor — Do Luigi: 127 conselheiros
Chapa 2 – Diretas Sempre — Do Lopes e do Piffero: 107 conselheiros
Chapa 3 – Convergência Colorada: 80 conselheiros

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Porque hoje é sábado, Vote Chapa 3, Convergência Colorada

Hoje tem eleição no Inter,

eleição de metade do Conselho Deliberativo.

Esse mesmo que é tão dominado pela situação do banana Giovanni Luigi,

que conseguiu reelegê-lo sem passar pelo sócio,

numa decisão que mais pareceu um GOLPE PARAGUAIO.

Logo no Inter, que sempre se ufanou de ser o mais democrático dos clubes.

Então, para que isto não se repita nunca mais.

Para evitar que um Conselho permaneça dominado por um grupo

— ainda mais por este grupo de bundinhas amantes do conchavo —

está na hora de equilibrar o jogo, trazendo novamente para o Conselho

um papel crítico, varrendo parte da claque inútil que lá se encontra.

O Conselho deve ser fiscalizador, participativo e crítico.

Deve ser formado por pessoas que conheçam mais a arquibancada e menos os

os jantares e o prestígio de apenas poder jactar-se de ser um Conselheiro

do Internacional. O Inter não merece ser gerido por quem não vai aos jogos,

nem às reuniões do Conselho. A Convergência concebeu um projeto profissional 

para o clube. Sofremos como torcedores, mas não acreditamos em soluções mágicas.

A Convergência quer seu voto hoje, pela Internet ou lá no Beira-Rio.

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Quem são: Luize Altenhofen, Monica Bellucci, Juliette Binoche, Eva Wyrwal (Iga A), Renata Fan, Nina Mercedez, Alessandra Pinho, Alessandra Pinho, Brigitte Bardot, Juliette Binoche, Salma Hayek, Charlize Theron, Nina Mercedez, Irène Jacob, Scarlett Johansson, Mila Kunis e Luize Altenhofen.

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