As sugestões desta primeira terça-feira de abril são bem ecléticas. Confira abaixo.
Boa semana com boas leituras!
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Carta Aberta ao Demônio, de Ricardo Silvestrin (Libretos, 104 pág., R$ 32,00)
Carta aberta ao Demônio são 73 poemas de Ricardo Silvestrin divididos em quatro partes: Outro tempo, Outros cantos, Errata e Atribuído a mim. O livro ressoa os tempos distópicos em que vivemos, sem abrir mão do relato do horror. O Demônio, espécie de símbolo do tempo presente, é interpelado. Os versos vão da indignação à reflexão, do espaço íntimo à metalinguagem, da tristeza ao humor.
Porto Alegre, Cidade Baixa: um bairro que contém seu passado, de Renato Menegotto (Marcavisual, 136 pág., R$ 45,00)
A leitura de ”Porto Alegre, Cidade Baixa: um bairro que contém seu passado” é resultado de uma minuciosa e elaborada pesquisa do autor, apresenta-se como uma oportunidade ímpar de acesso à complexidade do bairro. Em um criterioso passeio pela história são desvendadas sua urbanidade e suas edificações, dando a conhecer verdadeiros documentos históricos.
O Enigma do Quarto 622, de Joël Dicker (Intrínseca, 528 pág., R$ 64,90)
Joël Dicker retorna com um mistério ambientado na Suíça. Em uma noite de dezembro, o sofisticado hotel Palace de Verbier, nos Alpes Suíços, é palco de um assassinato sem solução, já que a investigação do crime nunca é concluída pela polícia. Anos depois, o escritor Joël decide tirar alguns dias de férias e se hospeda nesse mesmo local. Lá, uma surpresa o aguarda: seu quarto é o 621 bis, a nova nomenclatura do agora estigmatizado 622, e a curiosidade o leva a mergulhar em uma investigação sobre o caso emblemático.
É muito ruim esse negócio de a gente só saber a escalação minutos antes da partida. Desse jeito, só podemos escrever a respeito após o resultado. Quando li no twitter que íamos com Maurício e Patrick nas pontas, logo pensei em lentidão e pouca criatividade. Nada contra os dois, são bons jogadores, mas tudo contra eles entrarem fora de suas posições. Miguel, eu vejo estes problemas no Inter:
1. Patrick na ponta. Quem viu grandes pontas jogarem, sabe que eles são ou rápidos ou habilidosos. Patrick não é nenhuma das duas coisas. Patrick é um excelente armador — fez um esplêndido 2020 — que deveria estar disputando posição com Edenílson e Praxedes. Ademais, fica ao lado da linha lateral e ali pela esquerda não tem nem bandeirinha para uma conversa. Ele fica sozinho, deprimido. Se eu tivesse acesso a ti, Miguel Ángel, te explicaria o significado de peladeiro. Patrick é um deles. E dos bons.
Patrick: em um relacionamento difícil com a linha lateral | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional
2. Maurício na ponta. O mesmo acima, sem o esplêndido 2020 e sendo menos peladeiro.
3. Saída de bola. Dou risada quando vejo Lomba sair no toque e, quando a bola chega no Cuesta, este dá um bago pra frente, entregando a bola pro adversário. Qual é o sentido disso? Se Cuesta sabe lançar, que acerte. Ah, tenho que te explicar também o que é bago pra frente!
4. Quem são os nossos pontas. Eles são Palacios, Caio Vidal e, com o perdão da palavra, Marcos Guilherme. Peglow?
5. O centroavante abandonado. Com os pontas jogando lá nas linhas laterais, com os meias não chegando e os laterais muito menos — Yuri ou Guerrero ficam sós. Coitados. O peruano tem 37 anos e não vai aguentar o tranco.
6. Lomba. Por favor, acho que chega de Lomba. Ele é mesmo o preferido do Pavan?
7. Rodinei. Não sou um crítico do cara, mas se ele ele vai embora, deixem o Heitor jogar para sabermos até onde ele pode ir. Já sabemos tudo sobre Rodinei. Ademais, o lugar é do Saravia.
8. Dourado. Suas declarações após o jogo não são as de um capitão. Ou ele faz uma autocrítica ou mudamos de capitão. Detalhe: acho que é excelente jogador. Penso que ele estava muito puto com a derrota. Sendo assim, não deveria ter falado.
9. Detalhes. O guri Praxedes não ter passado aquela bola para o Yuri… O gol que perdeu o Lucas Ribeiro… Perder gols assim em clássicos…
Acima, a proporção de mortos brasileiros em relação aos mortos do mundo inteiro, em comparação com o tamanho da população brasileira em relação ao resto do mundo.
E a proporção da população já vacinada em Israel, Reino Unido, Chile, EUA, Canadá, União Européia e, lá embaixo no gráfico, o Brasil.
Como de costume, segue a lista dos mais vendidos do mês de março na Livraria Bamboletras. Alguns títulos seguem na lista, mas o mês passado trouxe novidades!
1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia)
2. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
3. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
4. As Inseparáveis, de Simone de Beauvoir (Record)
5. Marrom e Amarelo, de Paulo Scott (Alfaguara)
6. O ar que me falta, de Luiz Schwarcz (Companhia das Letras)
7. E fomos ser gauche na vida, de Lelei Teixeira (Pubblicato)
8. D’ale: Meus sonhos, meu futebol, minha vida, meu legado, de Diego Borinsky (Sulina)
9. A Estrangeira, de Claudia Durastanti (Todavia)
10. A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante (Intrínseca)
É claro que temos todos! É só entrar em contato ou vir até nossa porta!
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As mais de 300 mil mortes não abalaram os 30% de aprovação a Bolsonaro. Ou seja, não dá para subestimar o tamanho da extrema direita e do fundamentalismo religioso no Brasil. Por outro lado, a rejeição a Bolsonaro está batendo nos 60%.
A equação está bem complicada, pois os 30% de ignorantes, religiosos, fascistas, machistas, pró-armas, etc. parecem ser impermeáveis a argumentos (e às mortes).
O principal candidato da oposição é óbvio. A direita e o centro civilizados é que não emplacaram ninguém ainda. E eles poderiam, quem sabe, corroer um pouco dos 30% do Bolso. Doria conseguiria isto? De onde sairiam seus eleitores?
Bem, eu acho que hoje a campanha na área política teria que ser a de desvincular religião e política. Quem criou isso? Ora, os próprios políticos de TODAS AS COLORAÇÕES. Sempre foi óbvio que as pessoas simples entendem melhor as propostas da direita. Só mesmo um tolo poderia achar que os evangélicos abraçariam a esquerda. Afinal, os bispos são protofascistas.
A outra opção é garantir que Bolsonaro e família têm parte com o diabo…
Nossa, quando lembro das fotos da inauguração do “Templo de Salomão” me dá espasmos.
Pastor Everaldo, depois preso por desvios no RJ, batizou Bolsonaro nas águas do rio Jordão
Caros, eu já expliquei algumas vezes o “Caso Rubens Enderle”, mas vamos lá uma vez mais. Rubens chegou à Boitempo há cerca de vinte anos, recomendado por uma professora marxista, de nossa inteira confiança. Ele era à época um jovem estudioso de Marx, com amplo conhecimento da língua alemã. traduziu boa parte da obra marxiana e também a de alguns marxistas, todos de forma competente e séria. Foi sempre elogiado pelos especialistas que melhor conhecem os dois idiomas. Ganhou o Prêmio Jabuti de melhor tradução com O Capital, livro I (prêmio raramente dado a livros de não-ficção) e diversas outras menções honrosas. Em determinado momento, creio que quando traduzia o livro II, passamos a ter noticias de manifestações dele nas redes sociais em favor de Olavo de Carvalho e outras causas indefensáveis. Num primeiro momento, não demos atenção a elas, afinal importava que ele era um bom tradutor. Mas a coisa cresceu, se agravou (tenho apenas noticias, nunca vi nenhuma de suas postagens, nem pretendo) a ponto de decidirmos não mais contratá-lo para novas traduções, por suas posições ferirem nossa linha e posicionamentos públicos. Isso, entretanto, não significa que qualquer de seus trabalhos devam ser colocados em dúvida. O que ele traduziu foi bem feito e seguirá em nosso catálogo. Agradeço se puderem transmitir esta explicação quando e se esse assunto voltar à baila. Obrigada e abraços.
Na final do Campeonato Brasileiro de 1976, o Inter foi proibido de prestar homenagem a João Goulart, seu ex-jogador. Jango morreu em 6 de dezembro de 1976 e a final foi em 12 de dezembro.
João Goulart foi ponta esquerda do time juvenil, mas foi obrigado a parar em 1935 devido a uma lesão na perna esquerda.
Moro é o lombrosiano mais típico, já Deltan Dallagnol é o guri filho da puta (desculpem-me as putas!) com cara de estudioso e jeito de quem acaba de sair do banho. Seu perfil no Facebook começa por “Discípulo de Jesus”… Ou seja, não é ele que faz as coisas, ele está aí cumprindo uma santa missão.
Tive contato diário com pessoas assim. Trabalhei com um cara decididamente do Mal — estava na cara dele que tinha que manter distância — e com uma toda bonitinha e sedutora que estava sempre pronta para puxar o tapete de alguém. São tipos perigosos.
E a sacanagem vem de qualquer coloração política: o primeiro era filiado ao PP e a segunda, só votava no PT.
Destilado o ódio, volto ao trabalho.
.oOo.
Comandantes das Forças Armadas renunciaram afirmando que não aceitarão um golpe. Deste modo, temos um presidente genocida e golpista. A Câmara deveria abrir um processo de impeachment imediatamente, mas não parece ter disposição para tanto. A cassação está caindo de madura, não?
Os próprios milicos não querem a Banana Republic de Bolsonaro, mas agora ele vai buscar quem o apoie, é claro.
Na contramão, Mourão diz que ‘Pode botar quem quiser, não tem ruptura institucional. As Forças Armadas vão se pautar pela legalidade, sempre’.
Basta ler as sinopses abaixo para se notar estamos diante de três livros muito originais. Mas há muito mais. Consulte-nos! Fique à vontade para compartilhar esta newsletter com outras pessoas, e faça seu pedido com a gente!
Boas leituras!
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O Som do Rugido da Onça, de Micheliny Verunschk (Cia. das Letras, 166 pág., R$ 54,90)
Em 1817, Spix e Martius desembarcaram no Brasil com a missão de registrar suas impressões sobre o país. Três anos e 10 mil quilômetros depois, os exploradores voltaram a Munique trazendo consigo não apenas um extenso relato da viagem, mas também um menino e uma menina indígenas, que morreriam pouco tempo depois de chegar em solo europeu. Em seu quinto romance, Micheliny Verunschk constrói uma poderosa narrativa que deixa de lado a historiografia hegemônica. Com uma prosa embebida de lirismo, este é um livro sem paralelos na literatura brasileira ao tratar de temas como memória, colonialismo e pertencimento.
Klara e o Sol, de Kazuo Ishiguro (Cia. das Letras, 336 pág., R$ 59,90)
Do ganhador do Nobel Kazuo Ishiguro, autor dos livros ‘Não me abandone jamais’ e ‘O gigante enterrado’, um novo romance sobre o que significa ser humano. Klara tem habilidades de observação impressionantes e estuda com cuidado o comportamento de todos que passam pela vitrine. Do lugar onde foi designada para ficar na loja, ela espera que uma dessas pessoas a escolha como companheira. Contudo, quando surge a possibilidade de sua vida mudar para sempre, Klara é aconselhada a não apostar suas fichas na bondade humana.
A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida (Todavia, 88 pág., R$ 49,90)
Com esta meditação sobre o bem e o mal, e como a natureza parece indiferente à nossa moralidade, Djaimilia Pereira de Almeida construiu um romance que encanta pela beleza de suas frases e fascina pela profundidade com que Celestino, este homem a um só tempo brutal e delicado, é desenhado. Um livro arrebatador.
Não que queiramos nos gabar ou provocar inveja em ninguém — até porque não é do nosso feitio –, mas a Livraria Bamboletras é recheada de clientes ilustres. Um deles é o ex-Prefeito, ex-Governador e ex-Ministro de melhores governos Olívio Dutra, referência como homem público.
Olívio está em São Luiz Gonzaga e recém adquiriu este livro de autoria do historiador Luiz Roberto Targa, “Gaúchos e Paulistas na construção do Brasil Moderno”. Um belo estudo de economia e política e título disponível aqui nas prateleiras da Bambô.
Olha o nosso marcador de páginas ali!
Boa leitura, Galo Missioneiro! 😉
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Edenílson: ontem teve gol de craque | Foto Ricardo Duarte / SC Internacional
Miguel Ángel Ramírez está fazendo testes bem interessantes. Ontem, ficou claro que ele não está muito preocupado com o placar, que quer mais a assimilação dos novos conceitos. Por exemplo, ontem tirou Guerrero e colocou Galhardo e Maurício, nada de Yuri. (Maurício entrou muito bem). Miguel Ángel está seguindo um planejamento que não é claro para nós, mas que já pode ser auscultado.
O time mudou muito em pouco tempo. Agora jogamos com dois pontas bem abertos, os laterais avançam preferencialmente pelo meio, o time chega tocando bola com os jogadores muito próximos um do outro e com um ou dois afastados, todos pedem a bola e a recuperação da mesma é tentada onde ela foi perdida. Mais: a saída de bola é feita pelos dois zagueiros e mais o volante, mas quem sai para o ataque não é necessariamente o volante. Muitas vezes quem saiu foi Lucas ou Zé Gabriel. As viradas de jogo — fundamentais do esquema — também foram raras.
É o tal jogo de posição em que a posse de bola é fundamental.
Eu estou gostando, apesar de que criamos e chutamos muito pouco e nada, por exemplo, de fora da área. A falta dos chutes de longe pode ser justificada pela incrível retranca do Caxias. Nossos zagueiros iam até a intermediária adversária, demonstrando o absoluto encolhimento do pessoal da Serra. Não havia espaços, mas sou torcedor e sempre quero mais. E, insisto, criamos pouco.
É um início promissor que apresenta ainda muitos erros. Acho que se houver calma da torcida e pouca RBS vai dar certo.
Há uma série cômica de livros ingleses que nos ensina a como blefar culturalmente, a como falar sobre coisas que absolutamente desconhecemos. A série chama-se Manual do Blefador e divide-se em Literatura, Música, Filosofia, Artes Plásticas, etc. No livrinho de Música, o verbete Bach diz o seguinte: se você quiser impressionar um chefe ou uma potencial futura namorada ou namorado que conheça Bach, jamais tente enganá-los, pois a obra do compositor é muito extensa, há muita coisa de alta qualidade — as pessoas tornam-se fanáticas por ele — e não se pode adivinhar sobre o que fanático vai querer falar aquele dia. Então o jeito é preparar o melhor suspiro possível e dizer dramaticamente “Ah…, Bach!”, indicando que está absolutamente sem palavras. Deixe que o outro fale.
Pois é surpreendente o porte e o grau de influência de Bach, assim como sua colocação como pedra fundamental de toda a nossa cultura musical. O mundo criado por Bach foi desenvolvido numa época em que não havia plena noção de obra; ou seja, Bach não se colecionava para servir à posteridade como os autores passaram a fazer logo depois. Ele escrevia para si, para seus alunos e contemporâneos. O que se sabe é que ele gostava das coisas bem feitas e era um brigão — passava grande parte de seu tempo solicitando mais e melhores músicos e procurando empregos mais rendosos. Tinha família enorme, conta-se 20 filhos, dos quais dez passaram pela alta mortalidade infantil do início do século XVIII.
À época, procurar empregos mais rendosos poderia ser um grande problema. Os empregadores consideravam traidores quem fazia isso. Por exemplo, quando Bach recebeu uma oferta do Príncipe Leopold, de Köthen – falaremos dele depois – Bach pediu permissão para deixar Weimar, onde trabalhava. Mas o Duque de Weimar não quis perder os serviços de seu brilhante músico e recusou o pedido. Como Bach insistisse, o Duque não teve dúvidas em colocá-lo na prisão, isso sem nenhum processo. Bach passou trinta dias preso.Porém, ao sair da prisão, em dezembro de 1717, partiu imediatamente para Köthen com sua família já de quatro filhos, sendo nomeado mestre de capela da corte do Príncipe Leopold.
Sabe-se pouco a respeito das opiniões e da vida não profissional de Bach, há apenas um episódio pessoal bem conhecido.
Ele havia feito uma longa viagem de trabalho e ficara dois meses fora. Ao retornar, soube que sua mulher Maria Barbara e dois de seus filhos haviam falecido. Dias depois, Bach limitou-se a escrever no alto de uma partitura uma frase: “Deus, fazei com que seja preservada a alegria que há em mim!”. Pouco tempo depois ele casou de novo, continuou fazendo um filho depois do outro e, como não existiam, na época, equipes de futebol, ele pode criar, em seu próprio seio familiar, uma orquestra de câmara…
Bach costumava ganhar mais que seus colegas, mas nada que fosse espantoso. Ele era respeitado mais como virtuose do que como compositor — Telemann era considerado o maior compositor de sua época. Nosso herói também produzia cerveja em casa, mas este é um tema sobre o qual podemos falar outro dia. Pois ele, com toda esta família e mais alunos, produzia cerveja em enormes quantidades.
Príncipe Leopoldo de Köthen
Por falar em quantidade, a perfeição e o número de obras que Bach criava e que era rápida e desatentamente fruída pelos habitantes das cidades onde viveu, era inacreditável. Tentaremos dar dois exemplos: (1) Suas obras completas, presentes na coleção Bach 2000, estão gravadas em 153 CDs. Grosso modo, 153 CDs são 153 horas ou 6 dias e nove horas ininterruptas de música… original.
Mas, como se não bastasse (2), ele parecia divertir-se criando dificuldades adicionais em seus trabalhos. Muitas vezes o número de compassos de uma ária de Cantata ou Paixão, corresponde ao capítulo da Bíblia onde está o texto daquilo que está sendo cantado. Em seus temas também aparecem palavras — pois a notação alemã (não apenas a alemã) é feita com letras. Ou seja, pode-se dizer que ele sobrava…
E imaginem que durante boa parte de sua vida Bach escrevia uma Cantata por semana. Em média, cada uma tem 20 minutos de música. Tal cota, estabelecida por contrato, tornava impossível qualquer “bloqueio criativo”. Pensem que ele tinha que escrever a música, copiar as partes e ainda ensaiar para apresentar domingo, todo domingo.
A capa dos concertos dedicados ao Margrave de Brandenburgo
Poucas obras musicais são tão amadas e interpretadas como os seis Concertos de Brandenburgo. Tais concertos exibem uma face mais leve do gênio de Bach e, na verdade, fizeram parte de um pedido de emprego. Em 1720, aos 35 anos, Bach parecia feliz em Köthen. Ganhava adequadamente, seu patrono não só amava a música como era um músico competente.
O príncipe Leopoldo de Köthen, parte do Sacro Império Romano Germânico, gastava boa parte de sua renda para manter uma orquestra privada de 18 membros e convidava artistas viajantes para tocar com eles. A orquestra era excelente, com alguns dos melhores músicos daquela parte da atual Alemanha. Como calvinista, o Príncipe Leopoldo utilizava pouca música religiosa, liberando Bach para compor e ensaiar música instrumental. No entanto, o relacionamento pode ter azedado quando Bach solicitou a compra de um órgão. O pedido foi rejeitado. E vocês sabem como Bach era brigão.
O Margrave de Brandenburgo Christian Ludwig
Então, em 1721, Bach apresentou-se ao Margrave (comandante militar) Christian Ludwig de Brandenburgo. Ele foi com um manuscrito encadernado contendo seis concertos para orquestra de câmara com base nos Concertos Grossos italianos. Não há registro de que o Margrave tenha sequer agradecido a Bach pelo trabalho. Ele jamais imaginaria que aquele caderno — mais tarde chamado de Concertos de Brandenburgo — se tornaria uma referência da música barroca e ainda teria o poder de mover as pessoas quase três séculos mais tarde.
Em outras palavras, Bach escreveu os Brandenburgo como uma espécie de demonstração de suas qualidades, um currículo para um novo emprego. A tentativa deu errado. O Margrave de Brandenburgo nunca respondeu ao compositor e as peças foram abandonadas, sendo vendidas por uma ninharia após sua morte. Mesmo rejeitados, os Concertos de Brandenburgo sobreviveram em seus manuscritos originais, aqueles mesmos que tinham sido enviados para o Margrave de Brandenburgo no final de março de 1721. O título que Bach lhes dera era o de: “Seis Concertos para diversos instrumentos”).
Como foram encontrados? Ora, no inventário do Margrave dentro de um lote maior de 177 concertos de “obras mais importantes” de Valentini, Venturini e Brescianello.
Logo após a morte de Bach, sua música instrumental foi esquecida. Só sua música religiosa permaneceu, ainda que pouco interpretada.
Os Concertos de Brandenburgo são destaques de um dos períodos mais felizes e mais produtivos da vida de Bach. É provável que o próprio Bach tenha dirigido as primeiras apresentações em Köthen. O nome pelo qual a obra é hoje conhecida só apareceu 150 anos mais tarde, quando o biógrafo de Bach, Philipp Spitta, chamou-os assim pela primeira vez. O nome pegou.
Bach pensava nos concertos como um conjunto separado de peças. Cada um dos seis requer uma combinação diferente de instrumentos, assim como solistas altamente qualificados. O Margrave tinha sua própria orquestra em Berlim, mas era um grupo de executantes em sua maioria medíocre. Todas as evidências sugerem que estes concertos adequavam-se mais aos talentos dos músicos de Köthen.
Joshua Rifkin oferece uma explicação para que os Brandenburgo fosse ignorados por quem os recebera: “Como iria acontecer tantas vezes em sua vida, o gênio de Bach criava obras acima das capacidades dos músicos comuns e por isso eram esquecidas. Só mesmo em Coethen poderiam ser interpretadas!”. Com efeito, os Concertos permaneceram desconhecidos por meia dúzia de gerações, até que foram finalmente publicados em 1850, em comemoração ao centenário da morte de Bach. Mesmo assim, sua popularidade teria de esperar pelos toca-discos.
Os Concertos de Brandenburgo talvez sejam um dos maiores exemplos do pensamento criativo de Bach, pois compreende estilo contrapontístico, variedade de instrumentação, complexa estrutura interna e enorme profundidade. Eles não se destinavam a deslumbrar teóricos ou a desafiar intelectuais, mas sim causar puro prazer a músicos e ouvintes.
Manuscrito do terceiro Concerto de Brandeburgo de Bach
O concerto era a forma mais popular de música instrumental durante o barroco tardio, o principal veículo de expressão para os sentimentos, papel depois assumido pela sinfonia. Cada Brandenburgo segue a convenção do concerto grosso, em que dois ou mais instrumentos solo são destacados de um conjunto orquestral. Os concertos também observam a convenção de três movimentos, rápido-lento-rápido.
O único Concerto em quatro movimentos é o primeiro, ao qual foi adicionada uma dança final. Sua orquestração é incomum, podendo quase ser chamado de uma sinfonia. Talvez Bach quisesse dar um começo forte e rústico, destinado a alguém preguiçoso que fosse julgar o conjunto apenas por sua abertura.
Como dissemos, a inventividade de Bach também reside nas curiosas combinações instrumentais: no quarto concerto, por exemplo, o grupo habitual de cordas e contínuo acompanham o violino solo e duas flautas em um discurso musical brilhante. No quinto, Bach faz uso de uma flauta transversal, de violino e do cravo, mas o que resulta parece ser um antecessor dos grandes concertos para teclado. Ouçam, para exemplo, sua elaboradíssima cadenza do primeiro movimento.
Os outros concertos – a partir do N 2 – estão mais próximos do modelo de concerto grosso padrão. Para o meu gosto, apesar de suas qualidades, o pesado Concerto Nº 1 é o patinho feio da coleção.
É a partir do segundo — para violino, flauta, oboé e trompete — que a leveza, a ousadia e a invenção tomam conta do conjunto, indo até o final. O concerto Nº 3 for escrito para 3 violinos, 3 violas, 3 violoncelos e contínuo, formado normalmente por cravo e contrabaixo. O Nº 4 foi escrito para violino e duas flautas. O 5º para flauta transversa, violino e cravo. O 6º é uma festa para as violas. Nem tem violinos.
Sem prejuízo dos outros concertos do ciclo, faço uma menção àquele que me trouxe para “dentro” da música erudita: o terceiro, que foi projetado para três grupos instrumentais que consistem em três violinos, três violas e três violoncelos, mais baixo contínuo. Escrito em três movimentos, com o segundo sendo um passeio no campo da improvisação, tem no primeiro e terceiro movimentos fascinantes e alegres temas e contrapontos, verdadeira exposição do virtuosismo de Bach como compositor. Para mim, ele é “o concerto barroco por excelência”.
(Sim, eu estava no banheiro quando meu pai colocou a agulha do toca-discos no começo do Concerto Nº 3. Saí de lá aos gritos, perguntando o que era aquilo. Nunca me recuperei).
(Em minha cabeça, esses concertos são das peças mais tocadas. Muitas vezes caminho pelas ruas assobiando-as. E tenho a melhor das convivências com elas).
A fala de ontem de Bolsonaro me deixou mais uma vez perplexo. Desta vez não foi pela vulgaridade nem pela dificuldade que ele tem de ler, mas pelas mentiras mesmo. Foi como se ele achasse que poderia apagar todas as suas falas no cercadinho, nas entrevistas, nos domingos, no Twitter, no YouTube, nos discursos oficiais (gripezinha), etc.
O pior é que acho que o gado que o apoia talvez acredite nele. Talvez agora pense que, “debaixo dos panos, ele sempre quis a vacina”.
Uma vez, recebi de um bolsonarista religioso um artigo que dizia que a vacina era feita a partir de fetos abortados. Quando rebati, o cara quis brigar comigo, me ofendeu e tal. Então, acho que a maioria do gado está disposta a engolir tudo. Só espero que alguns se desgarrem.
A partir de desta segunda-feira (22), o comércio está liberado para abrir entre às 5h e às 20h.
É uma decisão polêmica. Por um lado, há a preocupação com os empregos, por outro, com a vida.
Nós, da Bamboletras, pretendemos permanecer como estávamos na semana passada, dando total força à telentrega e ao pegue e leve em nossa porta. Com maquininhas de cartão quase bêbadas de tantos banhos de álcool.
Poderíamos escancarar as portas ao público, mas escolhemos seguir com cuidado. Conosco e com nossos clientes.
Só não pense que isto significa que você deva nos abandonar.
Com o recrudescimento da pandemia, estamos em dificuldades cada vez maiores. Queremos continuar com vocês depois que tudo isso passar, mas precisamos que continuem conosco neste momento.
Comprando um livro aqui outro ali, mandando livros de presente para os amigos, fazendo encomendas… Esta troca em que ambos saem ganhando nos servirá para que estejamos juntos quando vacinados.
Não esqueçam de nós, por favor. E cuidem-se.
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Morte na Água, de Kenzaburo Oe (Cia. das Letras, 456 pág., R$ 99,90)
Conhecido pela profunda humanidade de seus personagens, Kenzaburo Oe (Nobel de Literatura de 1994) é um dos principais romancistas contemporâneos. Em “Morte na Água”, acompanhamos o escritor Kogito Chōkō — alter ego do próprio Oe — em sua busca de inspiração para seu próximo livro, que o leva de volta à sua cidade natal em busca de informações que expliquem melhor a morte de seu pai. A intenção de Kogito é escrever um romance a partir do que coletar, mas ele acaba se vendo em meio a questões muito mais complexas que envolvem desde traumas pessoais até descobertas que remontam à Segunda Guerra Mundial.
A Nota Amarela, de Gustavo Czekster (Zouk, 238 pág., R$ 50,00)
A cellista Jacqueline du Pré sobe ao palco para o concerto mais emblemático de sua vida. Enquanto executa o Concerto para Violoncelo de Elgar – regido pelo maestro Daniel Barenboim, com quem recém havia se casado –, Jacqueline mergulha no labirinto da própria mente, atravessando claridades e escuridões à procura da perfeição. O cello, vivo junto ao corpo, por vezes é a tábua de salvação que a impede de se afogar; por outras, o traidor que aponta o caminho mais perigoso entre as pedras e as ondas. O livro cumpre uma das mais importantes funções da literatura: trazer a palavra para dentro do vazio das imagens. Depois daquela tarde em 1967, a violoncelista mais famosa do mundo, que tocava para reis e presidentes, entenderia as consequências de sua busca pela nota impossível.
A Era do Capitalismo de Vigilância, de Shoshana Zuboff (Intrínseca, 800 pág., R$ 99,90)
Obra-prima em termos de pensamento original e pesquisa, “A era do capitalismo de vigilância”, de Shoshana Zuboff, apresenta ideias alarmantes sobre o fenômeno que ela nomeia capitalismo de vigilância. Os riscos não poderiam ser maiores: uma arquitetura global de modificação comportamental ameaça impactar a humanidade no século XXI de forma tão radical quanto o capitalismo industrial desfigurou o mundo natural no século XX. Zuboff chama a atenção para as consequências das práticas de empresas de tecnologia sobre todos os setores da economia. Um grande volume de riqueza e poder vem sendo acumulado em sinistros “mercados futuros comportamentais”, nos quais os dados que deixamos nas redes são negociados sem o nosso consentimento e a produção de bens e serviços segue a lógica de novas “formas de modificação de comportamento”. A ameaça não é mais um estado totalitário simbolizado pelo Grande Irmão da literatura de George Orwell, mas uma arquitetura digital presente em todos os lugares, agindo em prol dos interesses do capital de vigilância.