A Fita Branca, de Michael Haneke, foi o melhor filme de 2010

OK, eu abandonei a lista de filmes que mantenho no blog. Esqueci dela, assim como esqueci de declarar o melhor filme do ano passado, em minha humilde opinião. Claro, o mundo não mudará se eu não declinar minha lista, mas eu costumo encher o saco dele todos os anos.

Não foi um ano tão fraco quanto os anteriores. A Fita Branca, de Michael Haneke, foi DISPARADO o melhor filme de 2010. Outros bons filmes foram o argentino O Segredo dos seus Olhos, de Juan José Campanella, o italiano Vincere, de Marco Bellocchio — fui convencido por amigos de que se tratava de um bom filme, apesar de não aprovar seu estilo tonitruante — , O Escritor Fantasma, de Roman Polanski, Tudo pode dar certo, de Woody Allen e O que resta do tempo, de Elia Suleiman.

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Telma Scherer, o ciclista e as confusões da Feira do Livro

Na última sexta-feira, entre 18 e 20 horas, enquanto fazia a performance “Não alimente o escritor“, presa a uma casinha de cachorro, a escritora e performer Telma Scherer foi enxotada da Feira com alguma truculência. Com problemas financeiros reais, muito triste — como afirma com escarrada clareza no vídeo abaixo — e não sendo absolutamente doida varrida, Telma acabou vítima da Brigada Militar. Foi levada num camburão para um posto da instituição, sob a vaga acusação de perturbar a ordem e desobedecer a ordem pública, legal, etc.

Eu já sabia do fato, mas só dei-lhe a devida importância quando, segunda-feira, vi um ciclista ser expulso da Feira do Livro com agressividade bem maior do que a utilizada contra Telma Scherer. O menino estava atrapalhando mesmo, caminhando entre as barracas empurrando sua bicicleta e até justificava algumas reclamações de quem se chocava contra a bicicleta. Merecia, no máximo, uma advertência da autoridade, pois, imaginemos, ele estava com aquele capacete meio ridículo dos ciclistas e óculos escuros, talvez viesse de longe e com pouco dinheiro para comprar alguns pockets. Era caso para um tratamento indulgente e educado. Porém o que ocorreu é que ele foi literalmente abalroado por um brigadiano que veio de longe aos gritos de “Para o lado, para o lado”. Como o menino não reagiu imediatamente — custou a ser dar conta que a gritaria era com ele — , o homem seguiu gritando e empurrou o ciclista, que antes apenas olhava com interesse os livros com sua bicicleta. Foi uma cena feia.

Ora, nós estamos numa Feira do Livro. Há estátua de Drummond e Quintana, havia escritores dando palestras sobre ficção russa e um americano falava sobre Clarice Lispector. É um espaço cultural e, goste-se ou não, aprove-se ou não, o anônimo ciclista e a escritora deprimida (com razão, com razão) que resolveu expressar-se em praça pública, devem ser tratados com a gentileza e civilidade que o evento pressupõe. É incrível que após 56 anos anos de Feira não haja um protocolo entre a Câmara Riograndense do Livro e a Brigada Militar para que seus soldados não tratem o povo da Feira como se fossem gente  armada vendendo drogas, apesar de alguns títulos que vi. É incrível que após 56 anos ainda não foi criado um espaço de arte e diálogo a poucos metros de distância da programação oficial. É uma total falta de sensilidade.

Eu tenho críticas à Feira do livro — a oferta de livros muito rotineiros a tornam uma enorme, comum e nauseante livraria média; há nela cada vez mais um perfume de quermesse; há alunos de escolas fazendo passeios bobos sem aproveitar o MARGS, o Memorial, o Erico Verissimo, a Casa de Cultura e o Santander Cultural que estão ao lado — , mas sou grande apreciador das muitas palestras e dos balaios. Como experiente frequentador de um evento que este ano teve 1,7 milhão de pessoas e recorde de vendas (411 mil exemplares vendidos numa capital média como a nossa), afirmo com segurança que tanto Telma quando meu ciclista não atrapalham em absoluto e sim dão um colorido peculiar de protesto e casualidade que deveria ser uma das qualidades da Feira do Livro.

Acho que a Brigada Militar está mais acostumada ao MST que, sem cobertura maior da imprensa, deve receber ordens e detenções sem a menor explicação… Também sou de opinião que a Câmara faz um belo trabalho que deve ser melhorado e que não tem relação com os abusos da polícia da desgovernadora. E, bem, acho que nem preciso declarar minha solidariedade à bonita Telma nem ao anônimo ciclista, né? Só não sei se eles voltarão à Feira, se acham mesmo que ela serve para a promoção da leitura e que é um “espaço cultural”.

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Prêmio Nobel de Literatura para Vargas Llosa

Por Idelber Avelar

A Revista Eñe, caderno cultural do Clarín, me pediu um texto sobre o Prêmio Nobel para Mario Vargas Llosa. Minha intenção era traduzi-lo ao português para os leitores do blog mas, dado o avançar da madrugada, vai em castelhano mesmo. Façam o esforço aí.

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A la Academia Sueca le gustan las simetrías simbólicas en sus premiaciones, lo que no quiere decir, desde luego, que ellas tengan algo que ver con la literatura. En el panteón del Nobel, para cada Gabriel García Márquez, hay un Octavio Paz. Para cada José Saramago, hay un Mario Vargas Llosa. La oscilación es tan previsible que resulta difícil adjudicarle buena fe a las declaraciones del escritor peruano, de que no se consideraba parte del identikit del Nobel, por sus supuestas “posiciones incómodas”. Es bien sabido que también la incomodidad, en sus varias versiones, ya es una cuota que se reparte salomónicamente en Estocolmo. Ahora le toca el premio al gran portavoz de la derecha neoliberal, quizás el último escritor latinoamericano de alguna importancia a mantener la creencia en la redención por las letras, en lo literario como instrumento de ilustración y modernización de la cultura.

Lo mejor de la obra de Vargas Llosa — sin duda, sus cuentos y novelas juveniles — es una lograda autopsia de una masculinidad en ruinas. Tanto en la novela La ciudad y los perros como en los cuentos de Los jefes se instala el drama del Bildungsroman en suspenso, interrumpido, incapaz de trascender la circularidad de los ritos adolescentes de iniciación. El tema de Vargas Llosa no dejará de ser éste, aunque la “maduración” del escritor pondrá en escena el traslado de esa lógica adolescente al campo de la política.

Vargas Llosa aún produce dos magníficas obras en los sesentas, La casa verde y Conversación en la catedral. Ambas, especialmente la primera, son hitos en la incorporación de las técnicas de vanguardia a la novelística latinoamericana: el monólogo interior, la multiplicidad de voces y registros narrativos, la quiebra de la linealidad temporal. Vargas Llosa sería uno de los más eufóricos en el gesto que caracterizaría el boom de los años sesentas, a saber, la asociación entre dichas técnicas y una presunta puesta al día de la literatura latinoamericana, proceso al cual algunos llegarían a atribuir un potencial redentor, sustitutivo de nuestro retraso social y económico.

Algo ya se notaba en La guerra del fin del mundo, uno de los pocos relatos genuinamente reaccionarios sobre Canudos, pero cuando Vargas Llosa escribe Historia de Mayta, su obra ya es pura ideología. El proceso coincide con la consolidación de su convicción de que la “ideología” sería siempre un atributo perteneciente a los demás. Dicha mistificación toma aquí la forma de un binarismo entre la ilustración y el retraso, la democracia y el populismo, el progreso y el chavismo. Aparentemente sin advertir que estos binarismos son la encarnación esencial de la ideología en nuestros tiempos, Vargas Llosa ya los utilizara para, como crítico normalizador, domesticar la obra de José María Arguedas en un estudio. Si se pudiera hablar de una verdadera incomodidad a estas alturas, ella sería la (no) relación de Vargas Llosa con el vasto mundo que la obra de Arguedas representa y significa, éste sí, un mundo de alguna exterioridad incapturable por la industria de los premios.

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Do autoritarismo

Não, o assunto não é futebol. É sobre algo que sempre me fascinou: o comportamento das massas, mesmo no microcosmo de um pequeno grupo em pé numa arquibancada.

O Chivas ganhava o jogo por 1 x 0 e estávamos todos nervosos ou apavorados com a possibilidade, naquele momento bem real, de perdermos a Libertadores para um time inferior. Foi quando meu vizinho acendeu um cigarro de maconha. Nada anormal num estádio de futebol  — o cheiro de maconha é uma das fragrâncias mais comuns nestes locais. Só que de repente um grupo de pessoas começou a berrar desorganizada e histericamente:

— Apaga, apaga, apaga essa merda!

Olhei para trás e vi um grupo de senhores cujos rostos pareciam ter saído de uma foto de milicos das muitas ditaduras que nosso continente viu durante os anos 60 e 70. Tinham as caras cortadas à foice, rostos irritados e seriíssimos como se estivessem apanhando de mexicanos. E se mostravam cada vez mais agressivos:

— Fracassado, viciado, maconheiro, filho da puta, vagabundo, traficante! Apaga esta bosta! Apaga agora, porra!

O fumante a meu lado, de olhos vermelhos certamente em função da derrota parcial de seu time, estava apavorado, sem saber se iam chamar a Brigada Militar ou se ia apanhar ali mesmo. Só que naquele exato momento Rafael Sóbis fez o gol de empate.

Como se tivéssemos ensaiado por horas, todos, mas todos os que estavam em volta e que não tinham sido torturadores no passado, ato contínuo se abraçaram ao maconheiro e passaram a gritar, pulando no mesmo ritmo:

— A-cen-de! A-cen-de! A-cen-de!

Éramos uns 20… Confesso não ter conferido a face dos milicos após a vingança.

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Confissões de um homem sem caráter

Por Franciel Cruz
(espalhando coisas boas a meu respeito)
(ver última frase do quarto parágrafo)

Com seu inconfundível timbre que passeia entre o mar da Bahia e as montanhas dos Gerais, a mineira Jussara Silveira, talvez a melhor e mais baiana cantora da atualidade, fez a fundamental profissão de fé no Bolero Maria Sampaio. Ouçam: “Amigos são parentes que pude escolher”. Porém, um amigo sacana metido a erudito (esta raça de gente ruim) garante-me que os autores da referida canção, Almiro Oliveira e J. Veloso, se inspiraram na seguinte assertiva do francês Deschamps: les amis — ces parents que l’on se fait soi-même, que, numa tradução malamanhada, seria algo como “Amigos são familiares que cada um escolhe sozinho”.

Foda-se a erudição! Nada entendo de francofilia, direitos autorais e pouco me importa quem vai receber os royalties. O fato é que, há coisa de dois anos, eu escolhi uma nova família: o Impedimento. Foi amizade e admiração à primeira lida. A cada texto era como se a gente já se conhecesse desde sempre. E mais grave: contrariando toda e qualquer lógica, fui acolhido com uma generosidade assombrosa. E quando digo acolhimento não me restrinjo ao sentido figurativo, de dar guarida aos meus desajeitados rabiscos. Nécaras.

Um exemplo? Recebam.

No início de setembro do ano passado, comuniquei a estes meus novos parentes que iria descer a ribanceira rumo a Porto Alegre para orientar o Esporte Clube Vitória na peleja contra o Grêmio. Ato contínuo, Milton Ribeiro, a quem eu não conhecia nem de vista, de nariz ou de chapéu (chupa, Machado de Assis!) abriu as portas de sua casa, oferecendo-me uma excelente estadia, regada a bons papos e rangos de alta qualidade – não necessariamente nesta ordem. E tudo isso sem pedir nada em troca, antes que os hereges comecem a propagar maledicências. Afinal, até onde eu sei, Milton é gaúcho, mas não pratica.

Pois bem.

Tentando retribuir tamanha gentileza, como se existisse alguma forma de retribuição, fiz algo que contraria minha religião. Entreguei a um torcedor de outro time o bem mais precioso dos 18 continentes: uma camisa do Vitória. E ele vestiu o manto Rubro-Negro com orgulho – e fiquei puto. Por quê? Ora. Mesmo tendo sido eu o autor do presente, não conseguia conceber alguém que não torce para o meu Leão envergando a indumentária sagrada.

Aliás, este meu xiitismo leva-me sempre a indelicadezas.

Na antevéspera da final da Copa do Brasil entre Vitória x Santos, por exemplo, estava perdido na noite suja paulistana bebendo com Izabel Marcilio. Lá pra tantas, ela fala sobre suas duas paixões: O Corinthians e o Bahia. Sob o efeito de diversas canjebrinas e do incurável fanatismo, sentenciei. “Quem torce para mais de um time não tem caráter”. A menina Bel, que também possui uma generosa alma impedimentística, relevou.

Quero dizer, relevou, vírgula, pois mulher é bicho vingativo.

No início desta semana, ao ver que eu despejei no Terra Magazine minhas dores e orgulhos inúteis de glórias idem, ela partiu para o fulminante contra-ataque. “Chegando no Terra? Massa, Franciel. Quando tiver mais chegado, pergunte a Bob Fernandes (editor da disgrama) se ele é Baêa ou Santos, que isso de torcer pra dois times, que eu saiba, é coisa de mau caráter”.

Engoli em silêncio, pois não gosto de contrariar mulher.

Quarta, inclusive, a minha Patroa telefonou para esta gloriosa repartição convocando-me para ver um show de um cara com nome jogador francês: Tiganá Santana, exatamente às 20h. Eu quase disse não, mas pensei em meu espinhaço e recorri a Marisa Monte: “Claro, meu bem. O que é que a gente não faz por amor?”.

E fui. Porém, o ponteiro do relógio acelerava e o desinfeliz não parava de cantar. Eu nada ouvia porque minhas vastas emoções e pensamentos imperfeitos estavam voltadas para a partida entre Inter x Chivas. Exatamente às 21h23, o francezinho sai do palco. A plateia pede bis e eu peço uma guilhotinha. Vontade da zorra de enforcar todos aqueles hereges.

Vendo meu desespero, ela pergunta: “O que é que tá acontecendo?” Eu digo: “Nada. É que hoje tem a decisão da Libertadores e estou preocupado com meus amigos gaúchos”. E ela, de bate-pronto: “Não sabia que angústia era contagiante”.

Nem eu. Chego em casa esbaforido e vejo que a porra do time colorado foi contaminado pelo meu nervosismo. Ninguém acerta zorra de nada. Ninguém, vírgula, um viado mexicano manda uma bola no ângulo. 1 x 0. Penso logo nos pênaltis. Afinal, já haviam me ensinado que “No futebol da arquibancada, prova de caráter é ser pessimista”.

Começa o 2º tempo e Rafael Sobis continua enojando meu baba. E quando ele perde uma bola boba na lateral, não resisto e grito para todo o norte e nordeste de Amaralina: “CELSO ROTH, FILHO DA PUTA, bote Alecsandro, carajo, este conhece de futebol, pois já jogou no Vitória. Não quero nem saber se o matador está machucado”. Nem termino o xingamento e Sobis manda a criança para o barbante.

Então, chego à úncia conclusão possíevel naquele momento: sabe tudo este Roth, não foi à toa que começou a carreira treinando o Brioso Rubro-Negro.  O quê? Vai trocar Sobis por Damião? Este Roth não toma jeito. Continua o mesmo sacana que um dia botou Petkovic no banco para colocar Alex Mineiro.  No entanto, Leandro Damião, honrando o sobrenome de nordestino, sai numa correria desabalada como se fora um fugitivo da seca e só para na terra prometida: 2 x 1.

Ninguém dorme mais no pacato nordeste de Amaralina. Nem meu filho, que há poucos dias me propiciara ETERNAS EMOÇÕES, suporta minha algazarra quase solitária e larga a seguinte: Meu pai, você é um alienado.  Nem ligo. Afinal, desprovido de qualquer resquício de caráter, estava comemorando meu primeiro título Internacional.

Essa homilia é dedicada a Teixeirinha.

Originalmente escrito para o Impedimento.

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De "A Mecânica da Ficção", de James Wood

Esta educação é dialética. A literatura faz de nós melhores observadores da vida; e permite-nos exercitar o dom na própria vida; que por sua vez nos torna mais atentos ao detalhe na literatura; que por sua vez nos torna mais atentos ao detalhe na vida. E assim sucessivamente.

James Wood,  “A mecânica da ficção”
Quetzal, 2010 (Editora portuguesa)
Trad. Rogério Casanova

Retirado daqui.

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Sensacional!

Espetacular registro da chuva do dia 6 de março na Gávea, Rio de Janeiro.

Baixo Gávea Debaixo D’água from Mellin Videos on Vimeo.

Obrigado, Hupper.

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Desfile das Escolas de Samba

Há poucas coisas mais entediantes do que os desfiles. Tudo começa pela música. As melodias são todas muito parecidas, além do ritmo ser sempre o mesmo e das repetições fazerem parte do sistema. Mas ouvi-lo de longe não chega a ser irritante. Aos poucos, a atenção sobre o que se ouve vai ficando rarefeita e podemos perfeitamente religar nosso toca-discos interno. O som torna-se uma new age percussiva.

Já olhar é pior. A necessidade de “demonstrar 100% de alegria na passarela do samba” é das coisas mais enjoativas. Não é possível fazer um desfile triste e sem erros? E por que não usar uma batida mais lenta? Seria uma revolução… Se uma tem de ser mais alegre e empolgante que a anterior, não há como a coisa não tender à idiotice. E, decididamente, não é arte. É muito mais uma grande lavanderia de dinheiro para os traficantes.

Vi a comissão de frente da Unidos da Tijuca. Aquela troca de roupa é o sonho de todo marido.

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O ano de 2010 será uma coisa

O ano de 2010 será prenhe de absurdos. Já estou me preparando, ao menos do ponto de vista psicológico. Ontem, por exemplo, recebi um comentário épico, bastante educado, de alguém que discorda politicamente de mim e que mostra-se tão preocupado em desenterrar fatos dos últimos anos (anos Lula, bem entendido), tão conscio em tentar balançar cada convicção minha, que talvez sirva de prévia do que será 2010. Eu poderia fazer uma pesquisa sobre os anos FHC — não pensem que eu lembro — e entraríamos numa discussão infindável e inútil para ambos, pois permaneceríamos com as mesmas opiniões anteriores. Informo que não estou nem estarei preparado para bate-bocas. Acompanho a política de longe, aproveito-me do que me afeta para, desde meu bunker, fazer uso de minha pistola d`água lotada de comentários ácidos. Espero não ser processado, pois tenho especial talento para ofender na jugular. Mas será isso mesmo: darei uns tirinhos e ficarei rindo sem discutir. Só discuto literatura, música — assuntos onde me sinto mais seguro — e coisas pessoais.

Porém, ah, porém… 2010 será um ano político e de Copa do Mundo. Sei que iniciará com uma questão gaúcha: a incrível tentativa da desgovernadora Yeda Crusius de extinguir a TVE e a FM Cultura através do simples fato de não comprar o prédio alugado onde hoje as emissoras estão instaladas. Mônica Leal está envolvida, ora se não! Como isto tem o poder de prejudicar qualquer pretensão reeleitoral do Yedão, devo entrar com tudo. Aliás, já deveria ter entrado há alguns meses. E, mais: já adianto a meus sete leitores que votarei ou nos candidatos do PT ou mais à esquerda — considerando-se que este partido ainda jogue menos à esquerda que Ronaldinho e mais do que Messi. E informo que este blog não é um jornal destes que fingem imparcialidade. O blog é descaradamente parcial, tanto quanto a Veja, só que pelo outro lado. Talvez esteja na hora de desenterrar algumas histórias de Reinaldo de Azevedo na Bravo! Coisa divertida pacas… Ou não? Não, né? Nunca leio o Rei nem vou a seu blog. Deixa pra lá.

O que acho é que esta eleição será uma tentativa de desesperada da imprensa em desqualificar o bom governo federal — que acabará reeleito — e uma nova tentativa de vencer os políticos e a ignorância do interior, tão temerosa que o um governo estadual de esquerda venha comer suas mulheres e filhas.

Já disse mil vezes que no Brasil temos o sério problema do voto obrigatório. Limpem a maioria silenciosa e veremos no que dá. Tirem esse pessoal que ouve dupla sertaneja, Roberto Carlos, que vê só Record e SBT e a coisa ficaria muito melhor. Tenho um amigo radical de esquerda que, um pouco (só um pouco) jocosamente, defende a tese de manter o voto obrigatório, mas fazendo antes três perguntas-surpresa ao eleitor antes de votar. Se o cara não acertasse duas, voltaria direto para casa.

Exemplos de perguntas:

1. Lula sucedeu a qual presidente?
a. Getúlio Vargas
b. Fernando Henrique Cardoso
c. William Bonner

2. A queda do muro faz-lhe lembrar o quê?
a. De seu vizinho
b. Do Pink Floyd
c. Do fim do bloco comunista

3. A expressão “pra variar, acabou em pizza” é utilizada para significar:
a. Que não deu em nada
b. Que os políticos se empanturram de carboidratos em Brasília
c. O amor que o brasileiro tem pelos rodízios

4. Fernando Henrique Cardoso nunca…
a. engravidou repórteres e outras mulheres durante seu casamento
b. gostou de titulos acadêmicos
c. gostou de ser contestado, ainda mais por estrelas

5. José Serra é parecido…
a. com Tarcísio Meira
b. com José Mayer
c. com uma tartaruguinha

Não seria uma boa? Resolveria dois baitas problemas — o do voto dos analfabetos funcionais e dos viajantes em maionese — e seria educativo.

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Ué, a campanha começou?

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