Jornalista vota em jornalista: versão Apocalipse Now

Jornalista vota em jornalista: versão Apocalipse Now

Deputado Estadual: Paulo Borges (DEM)
Deputado Federal: Bibo Nunes (PSD)
Senador: Lasier Martins (PDT)
Governador: Ana Amélia (PP)
Presidente: Levy Fidelix (PRTB)

Lasier: um repórter elétrico
Lasier: um repórter elétrico

Colaborou o jornalista Caio Venâncio.

Sérgio Cabral sanciona a Lei Myrian Rios, "da moral e dos bons costumes"

No ano passado, a ex-atriz e atual deputada pelo PSD Myrian Rios, declarou que jamais contrataria homossexuais ou pedófilos para trabalharem com ela… Agora, ela criou uma lei retórica e patética, sem nenhuma chance de ser aplicável seriamente. A coisa não pode ser mais vaga: a lei promoverá o resgate da cidadania, o fortalecimento das relações humanas e a valorização da família, da escola e da comunidade “como um todo”. Será posta em prática através de parcerias com as prefeituras e a sociedade civil.

O que eu gostaria de saber é onde devemos guardar essas revistas agora, após a promulgação da lei. Vão nos prender?

Depois de sua fase hardcore, a santa criatura já fez várias tentativas de santificação. Primeiro, esteve casada com o Papai Noel  Roberto Carlos por onze anos.

Não deu certo. Então ela passou a frequentar a Renovação Carismática da Igreja Católica. Myrian foi uma eficiente crédula. Conseguiu aprovar uma emenda orçamentária que destinava R$ 5 milhões à Jornada Mundial da Juventude, um evento católico.

Mas não deu certo. Hoje é evangélica e vai aos cultos da Igreja Internacional da Graça de Deus, em Copacabana, zona sul do Rio. “Tenho fome de entender a Bíblia.”

Acho que também não está dando certo. Não deve estar conseguindo entender a Bíblia, apesar do texto fácil.

Então, hoje enche o nosso saco. E eu, que pensava que a cidadania e os valores éticos não surgiam por meio de leis? E eu, que pensava que o estado devia ser laico?

Ciro Gomes passa vexame literário

Ciro, meu caro.

Sei que é complicado ter uma mulher que todos gostariam de comer e ainda sentir-se traído por seu partido, mas tenho um duro conselho a lhe dar: retire do ar imediatamente esta porra de seu blog.

Meu amigo, este poema só foi escrito por Maiakóvski nos “.ppt” que Patrícia recebe. Este poema foi escrito por alguém com bem menos grife, o poeta brasileiro Eduardo Costa — não confundir com o ex-volante do Grêmio e do São Paulo.

É que o título atrapalha, Ciro. O nome do poema de Eduardo é Na Cama, com Patríc…, ops, desculpe, No Caminho, com Maiakóvski. É imenso e lá encontramos o trecho…

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

É o seu texto, certo? Informo-lhe também que há um poema, Intertexto, de Brecht, que é quase igual, viu?

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

E há um texto de 1933, de autoria de Martin Niemöller, que vai no mesmo lenga-lenga:

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar.

Então, retire-se ao menos com dignidade literária, providenciando a alteração da autoria e me recomende à Patrícia. Diga para ela deixar Waldick e me procurar.

Um abraço de quem não ia mesmo votar em ti, bobão.
Milton Ribeiro