Rascunho de meu pai

Rascunho de meu pai

Ele não pertencia ao Departamento de Preocupações e frequentemente licenciava-se do de Sustento. Em nossa casa e em todos os lugares onde ia, suas funções estavam mais ligadas ao Ministério do Lazer, Jogos e Cultura, sem esquecer as Relações Públicas. Não posso imaginar coisa melhor para uma criança do que um pai sempre presente, brincalhão e meio irresponsável. Desde muito pequeno tive contato com os dois lados do Dr. Milton Cardoso Ribeiro — o pai adorável e o apostador do turfe. Meu pai e minha mãe eram dentistas numa época em que os bons profissionais desta área faturavam o que todos nós deveríamos faturar sempre. Só que meu pai direcionava grande parte de seus ganhos para o Jockey Club. Minha mãe ficava maluca com isto, mas para mim, que não conhecia outra família, era algo tão normal que suas reclamações eram como a música incidental sob a qual vivíamos tranquilamente. E esta trilha não poderia ser mesmo muito tonitruante, pois meu pai era alguém tão doce que era difícil brigar com ele.

Ele nasceu há 89 anos, em 17 de fevereiro de 1927 e morreu em 11 de dezembro de 1993, um sábado, aos 66 anos. No dia anterior, dera-me um encontrão por trás no super-mercado — outra tradição nossa — e comentáramos sobre um monte de coisas. Estava muito bem, porém, no dia seguinte, sofreu um ataque cardíaco. Sinto enormemente sua falta. Ele certamente ficaria encantado com esta novidade tecnológica onde que você me lê e que o faria saber de tudo rapidamente. Sua Internet eram os muitos jornais dos quais não se separava e o chatíssimo rádio de pilha que usava sempre para ouvir notícias e a meteorologia. Algumas vezes suas manias tornavam-se incontroláveis, como naquele caso ocorrido em pleno casamento de minha irmã: durante a festa, organizada num dos hotéis mais chiques de Porto Alegre, um amigo da Iracema chegou-se para dizer-lhe que um convidado — certamente desinteressado na festa — estava escondido no recinto da privada, ouvindo os páreos num radinho de pilha. Minha irmã voltou-se rindo para o amigo e disse-lhe: “Deve ser meu pai!”.

Não lembro de grandes brigas ou discussões com ele. Lembro é das disputas. Seu perfil de apostador adequava-se perfeitamente a elas. Eu e ele tínhamos um jogo que durou de minha adolescência até sua morte. Toda a vez que ligávamos na Rádio da Universidade — especializada em música erudita –, tratávamos de identificar o mais rapidamente possível qual era a música que estava sendo executada. Isto podia acontecer várias vezes ao dia. Com isto, sou, até hoje, supertreinado em descobrir tudo o que de clássico toca no rádio. Hoje mesmo liguei o rádio e disse rapidamente, para mim mesmo: “Sarabanda da Suite Nº 2 da Música Aquática de Handel”.

Quando eu tinha menos de 13 anos, nos dedicávamos — sempre antes de dormir — à atividade de imaginar histórias para a música que estivéssemos ouvindo. Lembro dos numerosos tuaregues que acompanhavam o Bolero de Ravel… Dos prelúdios líquidos e cheios de peixes de Chopin… Dos concertos atléticos de Bach… das histórias de terror que acompanhavam o Concerto Nº 1 para piano e orquestra de Brahms… É desnecessário dizer que meu pai amava a música. Qualquer música. Colocava Mozart e Noel no mesmo patamar e misturava na mesma noite eruditos e populares. Como pianista amador, chegou a compor e a dedicar a valsa Férias de Julho a mim e minha irmã.

Acho que meus pais se amavam. Lembro de gestos de carinho num e noutro sentido. Minha mãe refere-se a ele como um homem que só tinha um só defeito (o já citado) e, quando ele morreu, disse-me com um olhar perdido que estava arrependida por ter recebido muito mais amor do que dera.

Boa parte das boas lembranças da infância e da juventude estão associadas a meu pai. Ele era um piadista, um cara engraçado e bem humorado que participava de tudo e era moderno o suficiente para não estabelecer distâncias. Sempre me senti seu par, um igual. Assistimos a centenas de jogos do Inter juntos e, no dia que fomos Campeões Brasileiros pela primeira vez, em 75, quando Figueroa fez o gol da vitória, ele, em vez de vibrar, sentou-se na arquibancada com as mãos na cabeça. Eu não estava presente, ficara estudando para o Vestibular. Ele me contou que se sentiu meio tonto e que não precisava de tanta emoção: “Há pouco tempo, eu não gostava mais de futebol e nem ia mais aos estádios. Tu me fizeste voltar e agora toda essa coisa”.

Meu filho Bernardo, eu e meu pai em 1993.
Meu filho Bernardo, eu e meu pai em 1993.

Ele conheceu meu primeiro filho, Bernardo. As fotos comprovam — ele não saía de perto do menino que tinha quase três anos quando o avô morreu. E como desejava uma neta! E ela veio somente um ano após sua morte. Conhecendo os dois, sei que se adorariam e não desgrudariam. Até hoje conto para ela histórias de seu avô. Céus, como sinto falta dele.

Aniversário de 15 anos de meu pai, em 1942
Aniversário de 15 anos de meu pai, em 1942. Ele é o que está sentado na cabeceira da mesa. Não sei de onde surgiu toda essa portuguesada. Deviam ser amigos, pois minha família é diminuta. Importante notar o distintivo do Inter na parede.
Meu pai e minha mãe em 1951
Meu pai e minha mãe em 195o dando um rolê por Porto Alegre
Pais e filhos num desses dias do século XX
Pais e filhos num desses dias do século XX

Texto revisado hoje, com fotos “novas”, etc. Quem me influenciou a republicá-lo foi a Elena, que disse que, se comemoramos as datas de nascimento e morte de grandes autores do passado, por que não comemoramos a data de nascimento de alguém próximo e querido que já foi?

O bem que Fortunati causou à Ponte dos Açorianos, hoje um criadouro de Aedes aegypt

O bem que Fortunati causou à Ponte dos Açorianos, hoje um criadouro de Aedes aegypt

Em poucos anos, nossa querida Ponte dos Açorianos foi de cartão postal a criadouro de Aedes aegypti. Vejam nas fotos baixo, a Ponte em 2008 e agora. José Fortunati é nosso prefeito deste a longínqua e triste data de 30 de março de 2010.

Segundo a Wikipedia, A Ponte de Pedra dos Açorianos é um monumento histórico da cidade de Porto Alegre. Está situada no chamado Largo dos Açorianos, que abriga também outro conhecido monumento da cidade, o Monumento aos Açorianos.

A ponte de pedra substituiu uma primitiva ponte de madeira erguida quase no mesmo local por volta de 1825. Várias vezes reconstruída em razão dos estragos causados pelas enchentes e pela deterioração natural da madeira, foi fechada ao trânsito em março de 1848, altura em que já estavam quase finalizadas as obras para uma nova ponte, mandada edificar já em 1843, antes do fim da Guerra dos Farrapos, pelo Duque de Caxias, então presidente da província.

A nova obra deveria ser mais durável e, por isso, foi construída de alvenaria de pedra. O construtor designado foi João Batista Soares da Silveira e Sousa, que utilizou escravos como mão de obra, num custo de 980 contos. A obra foi aberta ao público em 1848, ainda inacabada, e só foi concluída em 1854. A ponte cruzava um dos braços do arroio Dilúvio, que se bifurcava onde hoje está o Colégio Estadual Protásio Alves, e representava a única ligação entre o Arraial (pequeno vilarejo) do Menino Deus e o Centro Histórico de Porto Alegre.

Veja as fotos:

Ponte de Pedra dos Açorianos na década de 30
Ponte de Pedra dos Açorianos na década de 30
Em 2008 | Ricardo André Frantz
Em 2008 | Ricardo André Frantz
Em 9 de junho de 2015 - Lago sobre a Ponte dos Açorianos, também conhecida como Ponte de Pedra. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Em 9 de junho de 2015 – Lago sobre a Ponte dos Açorianos, também conhecida como Ponte de Pedra. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ontem | Foto: Ladeira Livros
Ontem | Foto: Ladeira Livros
Ontem | Foto: Wladymir Ungaretti
Ontem | Foto: Wladymir Ungaretti

A última do Sartori: governo estuda exonerar concursados

A última do Sartori: governo estuda exonerar concursados
Quem pariu Sartori que o embale? Mas cadê essa gente? | Foto: Luiz Chaves
Quem pariu Sartori que o embale? Infelizmente não | Foto: Luiz Chaves

Como se não bastasse o caos já instalado em diversos setores da administração estadual, como se não bastasse a montanha de gestores incompetentes, hoje o Correio do Povo traz uma nota de fazer cair os butiá dos bolso de muita gente. Se já estava difícil encontrar quem votou neste cabra, agora ficará pior. O cruzeiro para a Flórida e Caribe não melhorou nosso governador. A notícia:

No primeiro encontro deste ano entre o governador e sua base parlamentar, José Ivo Sartori (PMDB) anunciou que o governo poderá optar por exonerar servidores concursados para adaptar as despesas com pessoal à receita do Estado. Em janeiro, o Rio Grande do Sul foi notificado pelo Ministério da Fazenda por ter extrapolado o limite de 49%, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

“Se o Estado não alcançar, nos próximos oito meses, o equilíbrio entre a receita e a folha de pagamento, servidores concursados poderão ser exonerados”, relatou o deputado Ênio Bacci (PDT). “Isso é complicado, muito complicado. Temos é que fazer um grande esforço pela renegociação da dívida com a União para viabilizarmos as contratações necessárias”, completou Elton Weber (PSB).

(…)

O secretário de Comunicação do governo do Estado, Cleber Benvegnú, garante que não foi apresentado na reunião qualquer estudo prevendo corte de concursados. Segundo ele, apenas foi apresentado no encontro os mecanismos relativos à Lei de Responsabilidade Fiscal, visto que o Estado está chegando ao limite prudencial.

Conforme estabelecido pela Constituição Federal, isto seria possível. Porém estas mesmas legislações asseguram uma escala de prioridades a ser respeitada, protegendo a estabilidade do servidor. Os ocupantes de cargos ou funções comissionadas seriam os primeiros desta lista de demissões. Na sequência, estariam os não-estáveis, ou seja, aqueles que ainda não se tornaram efetivos, conforme o artigo 41 da Constituição. Após estes, precisariam ser dispensados do trabalho os empregados terceirizados na atividade fim de empresas públicas e sociedade de economia mista, seguidos ainda pelos contratados temporariamente.

O processo de demissão de um servidor público não é simples. A legislação os protege para garantir-lhes segurança no exercício de suas funções. Precisamos lembrar ainda que artigo 41 é muito claro neste assunto. Ele só perderá sua estabilidade em virtude de uma sentença judicial transitada e julgada ou ainda após passar por processo administrativo, no qual ainda terá o direito de ampla defesa.

Atrás apenas de Rio Grande do Norte, Tocantins e Mato Grosso, o Rio Grande do Sul é o quarto Estado que mais estourou o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal em 2015. No ano passado, o RS registrou percentual de 49,18% na relação entre gastos com pessoal e arrecadação de receitas – o limite máximo estipulado pela medida é de 49%.

Quem roubou nosso tempo de leitura?

Quem roubou nosso tempo de leitura?
Cena de Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino, 2009
Cena de Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino, 2009

O tempo para leitura parece cada vez mais comprimido e isto não é uma perda apenas para a literatura.

Um súbito interesse renovado por Tolstói, causado pelo filme sobre seus últimos dias, A Última Estação, fez-me lembrar que há um ano atrás eu tinha prometido a mim mesmo reler Guerra e Paz. Fazia algum tempo que eu não enfrentava um romance de grandes proporções ou, para ser mais exato, qualquer coisa publicada antes do século XX. A releitura de Guerra e Paz iria me tranquilizar: minha resistência física e disponibilidade estavam intactas. Fui até a estante e descobri a página em que deixei o marcador —  ele estava na página 55 e eu sequer podia utilizar a desculpa de ter crianças pequenas.

O fato em si não teria me assustado — afinal, é Guerra e Paz — se não fosse a existência de outros marcadores abandonados em outros livros. Eu não estava terminando nenhum deles? Como é que eu, que adorava ficção o suficiente para estudá-la, ensiná-la e escrever a repeito, me tornara tão distraído?

Cena de Persona, de Ingmar Bergman, 1966
Cena de Persona, de Ingmar Bergman, 1966

O mundo dos meus tempos de estudante era fundamentalmente diferente do atual. Foi apenas no final da minha graduação que um amigo me mostrou uma maravilha chamada internet (Ele: “Há sites sobre qualquer assunto, tudo pode ser encontrado!”. Eu: “O que é um site?”). Nos anos 90, havia somente quatro canais de televisão. Cada família tinha um telefone, cujo uso era consecutivo. Poucos tinham jogos eletrônicos. Então, era muito mais fácil retirar-se completamente do mundo para a grande arquitetura do romance. Agora, o leitor está sob o ataque de centenas de canais de televisão, cinema 3D, há um negócio de jogos de computador tão florescente que faz com que Hollywood os imite em seus filmes, há os iPhones, o Wifi, o YouTube, há notícias 24h, uma cultura tola da celebridade — verdadeiras ou falsas (vide BBB) — , acesso instantâneo a toda e qualquer música já registrada, temos o esporte onipresente, há caixas de DVDs com tudo o que gostamos. Os momentos de lazer que já eram preciosos foram engolidos pela lista anterior e também e-mails, torpedos, WhatsApp e Facebook. Quase todos as pessoas com quem eu falo dizem amar os livros, mas que simplesmente não encontram mais tempo para lê-los. Bem, eles CERTAMENTE têm tempo, só que não conseguem gastá-lo de forma diferente.

Isto tem consequências desastrosas para nossa inteligência coletiva. Estamos sitiados pela indústria de entretenimento, a qual nos estimula apenas em determinadas direções. O sedução é sonora, visual e tátil. A concentração na palavra impressa, na profundidade de um argumento ou de uma narrativa ficcional, exige uma postura que os dependentes dos meios visuais não têm condições de atender. Seus cérebros não se fixam na leitura ou, se leem, fazem-no rapidamente para voltar logo ao plin-plin. Ora, isso é um roubo de um espaço de pensamento que deveria ser recuperado.

Alphaville, de Godard, 1965
Alphaville, de Godard, 1965

Obviamente, os meios de comunicação como a Internet nos oferecem enormes benefícios (você não estaria lendo isto de outra forma), mas nos empurram facilmente para coisas bem superficiais que roubam nosso tempo. Você viu Avatar? Você viu o que eles podem fazer agora? Podem me chamar de melodramático, mas estou começando a me sentir como protagonista de alguma distopia (ou antiutopia) do gênero de 1984 ou Fahrenheit 451, tendo meus pensamentos apagados e, pior, gostando disso.

A Cultura mudou rapidamente nesta década. A leitura está sob ameaça como nunca antes. “Escrever e ler é uma forma de liberdade pessoal”, disse Don DeLillo em uma carta a Jonathan Franzen, que o questionara muito tempo antes da chegada da Internet. “A literatura nos liberta dos pensamentos comuns, de possuir a mesma identidade das pessoas que vemos em torno de nós. Nós, escritores, fundamentalmente, não escrevemos para sermos heróis de alguma subcultura, mas principalmente para nos salvar, para sobrevivermos como indivíduos.” Exatamente a mesma afirmação, penso eu, descreve a condição dos leitores sérios.

Deem-me o meu Tolstói. Agora é guerra.

Traduzido mui veloz e livremente por mim. O original de Alan Bissett está aqui.

Imagens retiradas — à exceção da última — do maravilhoso blog O Silêncio dos Livros

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Pequena viagem virtual à cidade onde Elena nasceu

Pequena viagem virtual à cidade onde Elena nasceu

De vez em quando, eu viajo pela cidade onde Elena nasceu. Hoje, ela quase só tem amigos na cidade. Sua família emigrou depois do fim da URSS, quando a vida ficou ainda mais difícil. Esta é a praça central de Moguilióv, na Bielorrússia, cidade de 360 mil habitantes. Ao fundo, o rio Dnieper.

Mogilev_2007_7Este é o mosteiro de São Nicolau.

mosteiro de São NicolauE este, à esquerda, é um Clube de Cultura. Estes Clubes eram a casa da Elena e de muitos jovens. Cada instituição ou fábrica tinha um Clube de Cultura onde os funcionários e jovens — seus filhos ou não — se reuniam, dançavam, cantavam, liam, faziam teatro, etc., tudo gratuito. Ela tocou lá. À direita, a Ratusha, local mais alto da cidade velha. É do século XVI. Antes era de madeira e incendiou. No século XVII, fizeram-na de pedra e segue-se uma longa história.

mogilev RatushaOs fundos do Teatro Dramático de Moguilióv. Aqui, só peças de teatro, nada de música.

Mogilev Drama TheatreO mesmo teatro, agora de frente.

Mogilev Drama Theatre frenteA estação de trem.

estação de trem MogilevOutra da estação de trem.

Outra da estação de tremSua escola de primeiro grau.

escola MogilevSua escola de segundo grau já traz um violino.

escola segundo grauOutra parte do colégio do segundo grau.

escola segundo grau outra parteMuseu de nome impronunciável. Ela também deu concertos lá e disse que, mais de um século antes, Pushkin tomou a maior bebedeira no local.

Museu MogilevO estádio do Spartak.

estádio do SpartakO Monumento aos Mortos da 2ª Guerra.

Monumento aos mortos da 2ª GuerraIgreja de Boris e Gleb. Ela não entrava lá porque era soviética! Depois entrou. Intacta, a igreja sobreviveu à guerra.

Igreja de Boris e GlebEsta é a Elena (aos 13 anos, à direita) no dia da inauguração da praça que encabeça este post.

elena 13 anosA catedral. Na época soviética era um clube.

catedral Mogilev

O beijo na boca é universal?

O beijo na boca é universal?

Romeu – Em tua boca me limpo dos pecados. (Beija-a.)
Julieta – Que passaram, assim, para meus lábios.
Romeu – Pecados meus? Oh! Quero-os retornados. Devolve-mos.
Julieta – Beijais tal qual os sábios.

WILLIAM SHAKESPEARE — Romeu e Julieta, ato I, cena V.

beijo na boca

Estudo prova que o beijo na boca é usado em menos de metade das sociedades humanas.

A sugestão de que o beijo no lábios era uma fonte de prazer universal para os humanos era recorrente. Afinal de contas, os chimpanzés e os bonobos fazem-no, e até abrem a boca e usam a língua. Mas não é verdade. Um estudo de William Jankowiak e Justin R. Garcia, publicado em julho de 2015, mostra que esse gesto apenas se encontra em menos de metade (46%) das 168 culturas estudadas pelos autores. Pelo contrário, outros tipos de beijos são usados por 90% das populações.

Parece haver alguns padrões para esta diferença. Por exemplo, em sociedades com diferentes classes sociais o beijo na boca costuma ser usado, mas em sociedades, como de caçadores, com pouca ou nenhuma estratificação social, não é comum. Isso demonstra que o beijo nos lábios é uma forma de demonstração de carinho muito culturalmente variável.

Por outro lado, como as tribos de caçadores costumam ser usadas como espelho das sociedades passadas, parece ser razoável, defendem os autores, que o beijo “romântico” tenha surgido numa altura relativamente recente da história humana. Uma exceção a esta conclusão dos autores do estudo é que em nove das onze comunidades do Círculo Polar Ártico as pessoas beijam-se.

A origem, ou origens, evolutivas dos beijos são desconhecidas. Os autores falam tanto em teste de saúde de potenciais parceiros através do paladar ou, simplesmente, para testar o interesse romântico e compatibilidade sexual entre potenciais parceiros.

A referência mais antiga a um beijo na boca é numa escritura em sânscrito com 3.500 anos chamada Vedas. Jankowiak e Garcia descrevem, num artigo no portal Sapiens, que quando as tribos Thonga da África do Sul ou os Mehinku na Amazônia viram pela primeira vez dois europeus beijando-se, reagiram com repugnância perante comportamento tão nojento.

via

Meu herói Dmitri Shostakovich

Meu herói Dmitri Shostakovich

Shostakovich Stalin

Por Julian Barnes, no The Guardian
Tradução e traições por Milton Ribeiro

Meu herói era um covarde. Ou melhor, muitas vezes considerava-se um covarde. Ou melhor, foi colocado numa posição em que não era possível não ser covarde. Você ou eu teríamos sido covardes em sua posição, pois ser o oposto de um covarde — um herói — seria tolo. Aqueles que se levantaram contra o poder naqueles dias foram mortos e os membros da sua família, amigos e associados foram desonrados, enviados para campos ou executados. Então, ser um covarde era uma escolha sensata.

Ele era Dmitri Dmitrievich Shostakovich, que, mais do que qualquer outro compositor em toda a história da música, sentiu a pressão diária do poder. Ele escreveu sua Primeira Sinfonia em 1926 com a idade de 19; foi um sucesso em todo o mundo; três anos depois, a pessoa a quem a obra era dedicada foi presa e fuzilada. Muita gente morreu. Qualquer um que parecesse remotamente suspeito aos olhos paranoicos de Stálin.

A música de Shostakovich tem estado comigo durante meio século. Hoje, aparecem finalmente suas opiniões, testemunhos e até obras musicais ridicularizando os líderes e a burocracia soviéticas. Ele sofreu muito e passou seus últimos anos de vida desejando a própria morte. Compôs músicas de encomenda, todas de baixa qualidade, deixando o poder divulgar, orgulhoso, verdadeiras porcarias. Tikhon Khrennikov, um puxa-saco do Partido que trabalhava na União dos Compositores, alegou — absurdamente — que o compositor era “um homem alegre, que não tinha nada a temer”. Mas, como diz um ditado russo, o lobo não pode falar do medo das ovelhas. Shostakovich foi muitas vezes ameaçado e tornou-se cauteloso e desconfiado. Foi censuradíssimo e seguiu trabalhando até onde sua saúde permitiu. Realizou alguns desafios calculados que demonstraram sua ojeriza a Stalin. Conversou algumas vezes com ele, enquanto o mesmo Khrennikov literalmente borrou-se nas calças na presença do ditador.

Shostakovich se manteve firme, pagou a César o que lhe era devido — e César era muito exigente naqueles dias –, protegeu a sua família, esperou por dias melhores e desesperou-se enquanto produzia uma obra verdadeiramente sofrida e brilhante. Há mais formas de heroísmo do que as óbvias.

Bom dia, Argel Fucks (com os gols da façanha de ontem)

Bom dia, Argel Fucks (com os gols da façanha de ontem)

Por isso que a gente está aqui, se a gente não estivesse aqui não teria porque estar aqui.
A verdade de hoje é mentira de amanhã e a mentira de hoje é a verdade de amanhã.
ARGEL FUCKS, após o empate contra o Aimoré, ontem à tarde

Estas palavras não são apenas do técnico do Internacional, estas palavras representam o time, a tática, a estratégia e o engano do Internacional. Estamos perdendo preciosas semanas de treinamento com um técnico sem condições de levar adiante um time de primeira ou de segunda linha. Não sei o que a diretoria faz ou pensa. Ontem, Argel mudou o time em seis posições. A finalidade eram “testes”: Então, ele trocou os dois laterais, colocando Paulo César e Gefferson, os dois volantes — entraram Jair e Fabinho –, mais o zagueiro Alan Costa e o centroavante Aylon. Destes, o único que não jogou vergonhosamente foi o último.

Aylon: uma fraca chama de esperança
Aylon: uma fraca chama de esperança | Foto: Ricardo Duarte

Eu quero dizer que estou apavorado com Argel. Aliás, já disse isso nas rodadas finais do Brasileiro do ano passado. Lembram que eu o “demiti”? Não adiantará reforçar o time se o arcabouço preparado para os novos jogadores estiver podre.

Bem, o jogo de ontem. O Aimoré faz parte do quarteto favorito para o rebaixamento juntamente com Passo Fundo, Cruzeiro e Veranópolis. Eles disputarão as três vagas. É um time fraco, mas jogou mais do que o Inter. Teve mais chances e, se não fosse Allison, teria virado o jogo. Paulo Cesar Magalhães, Alan Costa, Réver e Anderson são confirmações e deveriam receber imediatamente suas passagens para a Sibéria. Suas baixíssimas qualidades aparecem muito dentro de um time onde quem joga melhor apenas não compromete. Tal a bagunça organizada por Argel.

Que venha 2017!

https://youtu.be/KYXJgvwvMUI

Em breve Londres terá mais bicicletas que carros

Em breve Londres terá mais bicicletas que carros

londres transportes cliclistasA bicicleta é uma revolução silenciosa e inevitável. Essa é a conclusão de um relatório do Transport for London (TfL), que indica que, em breve, o número de ciclistas será maior do que o de motoristas de carros na cidade inglesa.

De acordo com o estudo, o número de veículos particulares no centro da cidade caiu para metade, de 137 mil para 64 mil por dia na última década. Ao mesmo tempo, a quantidade de ciclistas mais que duplicou no mesmo período, de 12 mil e para 36 mil na região central. Além disso, quando levamos em conta os números da cidade inteira, houve um crescimento de 40 mil ciclistas em 1990 para 180 mil em 2014.

Isso aconteceu devido à implementação de pedágios para quem entra nas regiões centrais da cidade de carro. Não esqueçamos de que o sistema de transporte da capital inglesa é eficiente, rápido e confortável, o que faz com que muitos londrinos nem pensem em comprara carro. Além do maior número de bicicletas, também foi verificado um aumento expressivo na quantidade de pessoas que andam a pé e utilizando os transportes públicos, uma mudança sem precedentes quando falamos de grandes cidades. Para fomentar esta tendência, Londres está a investir em diversas ações para facilitar a vida do ciclista, como a construção de ciclovias e a remodelação de ruas, favorecendo o uso da bicicleta. Com isso, esperam obter melhorias não só nos índices de engarrafamentos, mas também na qualidade do ar e no bem estar da população local.

Adaptado do esquerda.net

Porque hoje é sábado, o fotógrafo Lucien Clergue

Porque hoje é sábado, o fotógrafo Lucien Clergue

Lucien Clergue (1934-2014) foi um fotógrafo francês.

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Grande amigo de Pablo Picasso,

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mas também perto de Jean Cocteau e Salvador Dali,

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Lucien Clergue foi testemunha privilegiada de um intenso período artístico.

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Ele se tornou conhecido por suas fotos de mulheres nuas zebradas.

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Mas tem muito mais:

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nas praias de Camargue, ele realizou extraordinárias fotos em preto e branco

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das quais emanam beleza e liberdade.

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São seios e anseios,

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pernas fraternas,

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gloriosas entrâncias,

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relevos surpreendentes e

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reincidentes

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Bom dia, Argel Fucks (com os gols de Inter 2 x 1 Passo Fundo)

Bom dia, Argel Fucks (com os gols de Inter 2 x 1 Passo Fundo)
Argel Fucks fazendo cara de "Eu não vendi ninguém!".
Argel Fucks fazendo cara de “Eu não vendi ninguém!”.

Os três patetas, versão 2016. Se abstrairmos a influência dos atos de cada um, tenho dúvidas sobre quem é mais inadequado para o cargo: se Sartori como governador, se Lasier como senador ou se Argel como técnico de futebol. Mas talvez os mais estúpidos mesmo sejam o povo gaúcho e os sócios colorados, que elegeram os dois primeiros e o presidente Piffero, o qual escolheu Argel como “técnico”.

O jogo de ontem foi constrangedor. Tivemos extremas dificuldades contra o mau time do Passo Fundo, que veio apenas bem organizado pelo técnico Paulo Porto. Os três articuladores, Alex, Marquinhos e Sasha, estiveram lentos e perdidos, Vitinho abandonado, William foi o doido varrido de sempre. E não há como aparecer individualidades no barco furado de Argel. Não há mecânica de jogo, a coisa é lenta e atrapalhada desde a saída de bola. Até Pelé, Cruyff e Maradona — separadamente, é claro — se deprimiriam.

A vertiginosa decadência do time do seu Argélico não se deve apenas à ausência de D`Alessandro, tem a inestimável contribuição do vendedor Vitorio Piffero. O homem que vendeu 3 vezes Nilmar, e mais Fernandão, Iarley e D`Alessandro uma vez cada, livrou-se de vários problemas em 2016. Saíram Dida, D`Alessandro, Juan, Nico Freitas, Lisandro López, Rafael Moura, Leo e Wellington Martins. Só que que tal alívio na folha de pagamento do clube não recebeu nenhum contrapeso. A única contratação do clube foi a de Paulo Cezar Magalhães, que Argel nem teve coragem de fazer estrear. Se é reserva do William louquinho, imaginem como joga.

Esperava que, se a folha foi aliviada em quase três milhões mensais, o Inter contrataria ao menos 1,5 milhão em novos jogadores, mas a inércia pifferiana é algo de fazer inveja ao governador Sartori. Ele quer uma bela contabilidade e nada em campo. O planejamento do futebol colorado é mais ou menos como o Plano de Contigência de Fortunati para os vendavais. Não existe. Dizem que vão lançar os jovens. Sim, mas com o arcabouço atual, será o mesmo que lançá-los ao fogo. Depois, eles se tornarão outros Lucas Lima e Ricardo Goulart fora daqui. Já conheço esta história.

400 anos da morte de Cervantes: tentando conectar os programadores de orquestras

400 cervantes logo

No mesmo mês de abril de 2016, teremos os 400 anos da morte de Miguel de Cervantes (aqui, sobre Shakespeare). Os programadores dos repertórios das orquestras poderiam se ligar. Há menos repertório cervantino do que há para o bardo, mas mesmo assim tem bastante coisa. Não se justifica as orquestras ficarem de fora das comemorações universais dos 400 anos de morte destes dois autores fundamentais.

Don Quichotte auf der Hochzeit des Camacho, de Telemann, baseado num episódio do romance
Burlesque de Don Quixote, Overture-suite in G for strings and basso continuo, de Telemann
Die Hochzeit des Camacho, de Mendelssohn, baseado no mesmo episódio que Telemann usou para sua ópera
The Comical History of Don Quixote, de Purcell
Don Quixote, balé de Ludwig Minkus
Dom Quixote, de Richard Strauss
Don Quichotte, de Jules Massenet
Don Quichotte à Dulcinée, de Maurice Ravel
El retablo de Maese Pedro, de Manuel de Falla
Quatre Chansons de Don Quichotte, de Jacques Ibert

Yo Yo Ma mandando bala no  Don Quixote de Strauss
Yo Yo Ma mandando bala no Don Quixote de Strauss

400 anos da morte de Shakespeare: tentando conectar os programadores de orquestras

400 anos da morte de Shakespeare: tentando conectar os programadores de orquestras

Shakespeare 400Vamos acordar? Há muita música orquestral e óperas baseadas em peças e sonetos de William Shakespeare, cujos 400 anos de morte são lembrados neste ano de 2016. A maioria das orquestras brasileiras, mesmo tendo toda a informação disponível, ignorou a data, preferindo fazer muito barulho por nada. Já está mais do que na hora de certos diretores artísticos conhecerem Lady Macbeth.

Aqui vão alguns exemplos de repertório que pode ser utilizado para homenagear o velho Shake. Afinal, os compositores cansaram de se inspirar nele.

Romeu e Julieta, de Tchaikovsky
Romeu e Julieta, de Prokofiev
Otelo, de Dvorák
Macbeth, de Richard Strauss
Let me tell you, para soprano e orquestra, inspirado na personagem Ofélia (Hamlet), de Hans Abrahamsen
Oitava Sinfonia, de Hans Werner Henze baseada em Sonho de uma noite de Verão
Sonetos, de George Tsontakis
Hamlet, de Shostakovich
Sonho de uma Noite de Verão, de Mendelssohn
The Fairy Queen, de Purcell, baseada em Sonho de uma Noite de Verão
Sonho de uma Noite de Verão, de Benjamin Britten
Beatrice and Benedict, baseada em Muito Barulho por Nada, de Benjamin Britten
Falstaff, de Elgar
Hamlet, de Tchaikovsky
A Tempestade, de Tchaikovsky

Sonho de uma Noite de Verão, de Benjamin Britten
Montagem de Sonho de uma Noite de Verão, de Benjamin Britten

Um texto sobre tributação viraliza em pleno Carnaval

Um texto sobre tributação viraliza em pleno Carnaval

Por Rogério Godinho, texto retirado de seu perfil do Facebook

imposto

A carga tributária do Brasil é de 34,4%.

O que isso quer dizer?
Nada.
A do Chade é 4,2%, de Angola 5,7% e Bangladesh 8,5%.
A do Reino Unido é 39%, da Áustria 43,4% e da Suécia 47,9%.

Alguém pode vir com alguns poucos exemplos de países que pagam menos do que nós e estão melhor, mas isso também não quer dizer NADA.

O problema real tem muito mais a ver com a forma como é cobrado. Como já escrevi em vários textos, o Brasil cobra
– muito no consumo e
– pouco na renda.

Isso na média. Porque mesmo na renda se cobra
– pouco de quem está em cima
– muito de quem está embaixo.

Resultado:
– A galera de baixo é a que mais sente,
– A galera do meio é a que mais paga,
– A galera de cima não sente e (quase) não paga.

Como assim?
Se você ganha até R$ 1900, como 66% dos brasileiros, não paga imposto de renda. Mas todo o seu dinheiro vai para a subsistência, que é taxada. Absurdamente taxada.
Sobra nada.
E ainda usa um serviço público ruim.

Se você ganha entre R$ 2000 e R$ 6800, como 25% dos brasileiros, pode pagar até 27,5%. E também gasta muito para sobreviver, então paga alto.
Sobra pouco.
E não quer usar o serviço público ruim, então sobra menos ainda.

Bom mesmo é quem ganha muito.
Mas muito, aquele 1% de cima, sabe?
Esse reclama porque a empresa dele é taxada, mas embute isso no preço dos produtos – aquele imposto que mata o resto dos brasileiros – enquanto tem sua renda isenta. Chamam de lucros e dividendos.
Sabe quantos países isentam lucros e dividendos?
Dois.
Brasil e Estônia.
Quando muito, essa galera de cima paga aquela média de 3% sobre o patrimônio, enquanto a média mundial está entre 8% e 12%.
E aí ficamos discutindo se a CPMF é boa ou ruim.
E por quê?
Porque a galera do meio compra facinho o discurso de que a carga tributária é alta.
Só que a Suécia tem 7 vezes mais dinheiro por habitante para gastar no serviço público.
Mas a galera de cima não usa serviço público.
Ela quer mesmo é pagar ainda menos imposto.

Então, vende esse discurso para a galera do meio, que passa a querer
– imposto baixo angolano e
– serviço público sueco.

É isso.
Reflita.

.oOo.

P.S. — Os negritos são do blog.

Como a praia nos ensinou a gostar de música sertaneja…

Como a praia nos ensinou a gostar de música sertaneja…

A Elena quer que eu conte como a praia nos ensinou a gostar de música sertaneja. Foi um fenômeno súbito. Nós frequentemente íamos a uma pastelaria na Rua Rio Tapajós, a principal de Zimbros.

Acontece que bem na frente da pastelaria havia uma igreja cfe. foto abaixo. A cantora da igreja pegava o microfone e cantava, puxando a pequena congregação. Olha, só estando muito necessitado para aguentar aquilo. A pobre moça berrava, alcançando muito raramente a nota procurada. Para que seus erros não ficassem plasmados, ela procurava demonstrar “pegada”. É um vício de maus músicos e cantores. Como não sabem tocar ou cantar, saracoteiam, fazem cara de inspirados ou de extremo esforço e tocam e cantam alto, errando tudo, mas com “garra”. Certo público e a torcida do Grêmio deixam-se enganar pelo esforço, vão esforço.

Até o dono da pastelaria dizia que as músicas da igreja doíam nos ouvidos. E, bem…

Em contraposição, dentro da pastelaria havia uma TV alimentada por um DVD que passava shows de duplas, trios e solos de música sertaneja. Que maravilha… Eles acertavam um pouco mais no tom, e sua música e temas ainda tinham algum sentido. Pouco, mas tinham. Soube que a ideologia deles é a de ser solteiro, beber muito, dançar e pegar e ser pegado por mulher. É um mundo de péssimo gosto, porém hedonista e mais eufônico do que o das igrejas evangélicas. Por isso, eu passei a amar um pouquinho os sertanojos.

Elena Romanov Zimbros

P.S. — Mais da metade das músicas da pastelaria eram assim mesmo. O cara chegava cansado em casa, mas tinha marcada uma festa com mulher, música e muita bebida. Ou o cara tirava sarro do amigo que tinha que ir ao cinema porque estava namorando e, assim, perdia o menu de mulheres das festas. Ou era a respeito de mulheres poderosas que pegavam um cara por noite e não tavam nem aí. As letras são deste tipo.

O edifício “The Circus”, em Bath, na Inglaterra

O edifício “The Circus”, em Bath, na Inglaterra

A pequena cidade de Bath, hoje com 80 mil habitantes, é conhecida pelos seus banhos termais que provém de três nascentes. A história diz que os romanos descobriram ali águas com propriedades curativas e construíram termas. OK, só os locais dizem que tudo isto já era conhecido antes. Mas o que me interessa é o The Circus.

The Circus of Bath é um edifício da cidade de Bath que consiste em três segmentos curvos, arranjados em uma forma circular. Originalmente conhecido como The King Circus, este marco do século XVIII foi projetado pelo arquiteto John Wood, o Velho. Ele não sobreviveu para ver seus planos se transformarem em realidade. A primeira pedra foi lançada em 1754 e o Velho morreu três meses depois, naquele mesmo ano. Seu filho, John Wood, o Jovem, completou o edifício em 1768.

Sua inspiração foi o Coliseu romano, mas o Coliseu foi projetado para ser visto do lado de fora e o Circus para ser visto internamente. Observando atentamente os detalhes sobre a construção de pedra, veremos verá muitos detalhes como serpentes, símbolos náuticos, instrumentos utilizados nas artes e nas ciências, além de símbolos maçônicos. Wood era fascinado por círculos de pedra pré-históricos.

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A área central do Circus continha originalmente um grande reservatório que fornecia água para as casas. O reservatório transformou-se em um jardim gramado em 1800. Um grupo de plátanos agora cresce no centro. Quando visto a partir de cima, o Circus, juntamente com o Queens Square e Gay Street formam um símbolo maçônico semelhantes aos que adornam os edifícios.

Durante a Segunda Guerra, em 1942, parte do Circus foi seriamente danificada. Mas hoje temos o edifício no seu formato do começo do século XIX.

Abaixo, uma pequena série de fotos. Se você quiser vê-las expandidas, basta clicar sobre as mesmas:

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