Presidente da República Checa rouba caneta frente às câmeras

Com a maior cara-de-pau, ao lado do presidente do Chile Sebastián Piñera, Václav Klaus olha a caneta, aprova-a, enfia-a satisfeito no bolso e aparece com as mãos vazias. Este vídeo está causando furor na internet. Confira.


Ou clique aqui.

Ode ao Biscoito

Eu lamentei muito o fim do Biscoito. É uma baita perda num país em que a imprensa tradicional é uma coisa cujo bom senso manda ignorar. Eu concordo com tudo o que a Fal escreveu abaixo, mas, sabem?, eu não discordava tanto do Idelber quanto ela. Talvez ele me seduzisse de tal forma com a qualidade de seus textos que já vinha louco prara concordar. Das muitas pessoas que conheci através da rede, o Idelber e seus filhos — que passaram 3 ou 4 dias hospedados lá em casa — foram dos mais especiais. Porém, cá pra nós, duvido que ele suma assim, quase totalmente. Ele não iria nos deixar sem seus textos, maravilhosos textos. Pois como escreve o animal! E também, a seu modo, a Fal, que apenas vi uma vez.

Por Fal Azevedo, roubado do Amálgama

Era 14 de março, estava de trabalho até a raiz dos cabelos, tinha não um, mas dois livros do Dani olhando feio pra mim ali da estante e exigindo resenha e tive que parar tudo pra processar essa novidade: o Idelber fechou o blog. Não, dessa vez ele não botou o blog pra nanar. Ele fechou o blog. Baubau.

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Quer dizer, de novo vem o Idelber me tirar do sério.

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Master Idelber. Então, que ele fazia esse blog, o Biscoito Fino e a Massa. Uns textos sobre futebol. Pra mim, chatíssimos, né, que acho futebol chatíssimo. Quem ama futebol, venerava os textos do Idelber. E eu lia cada um daqueles textos, do começo ao fim, detestando o futebol, não dando a mínima pra que diabo fez o Guarani, mas amando aquele entusiasmo desvairado. E os textos, claro. Lindos textos, tremendamente bem escritos. Sobre futebol, valha-me, mas lindos. Uns textos cacete sobre política, porque, ahhhww, política partidária neste porto tropical me torra o saco. E sabe o quê? Eu lia aqueles textos sobre política do começo ao fim. Concordando, não concordando, dizendo baixinho que ele era um gênio, gritando pra minha mãe “Ouve o que esse cretino disse agora, mã!”, eu lia. Porque o Idelber tem isso: você lê. Puta da cara ou amando loucamente, você lê aquele texto bem construído, bem ligadinho, bonito, fluido e fica passada. Você não concordou com uma linha dos 400 parágrafos, mas o texto arrebata você. Ou você concorda com tudo e quer mandar tatuar na testa e ainda assim, no meio da crise de paixonite, o texto é tão bem feito, que permite a você distanciamento suficiente para dizer: que puta texto.

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Mas vai daí que não são uns textos flutuando no espaço, né, os textos eram o Idelber. Era ele ali. E concordando ou não, você tinha que dizer: esse cara tem coragem. A coragem das próprias convicções. Gosto de gente assim, sempre gostei. Gostei de ler o Biscoito desde o começo, por isso, sempre foi assim. Se o Idelber acha que é azul, ele acha que é azul e sai da frente.

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Ele vai fazer falta, ele, os muitos eles que são o Idelber, fazem falta na minha tela mesmo quando estão lá. Imagine quando não estão. O Idelber cego pelas causas. O Idelber resmungão (meu favorito). O Idelber noveleiro, o Idelber boboca.

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Mais do que o boleiro ou adorador do PT, tem o Idelber crítico literário. Tremendo, tremendo. O Idelber escritor. Sensacional (Alegorias da Derrota é meu livro-totem há tantos anos). O Idelber queridinho.

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Quando fui falar num bendito encontro literário em Beagá, Idelber e Ana foram ouro sobre o azul comigo. Eu estava apavorada. Apavorada tipo, tendo crise de choro no banheiro, e eles não foram nada menos que uns amores. Quando meu marido morreu, Ana disse as coisas mais lindas, Idelber disse as coisas mais lindas. Sempre senti falta desse Idelber no blog. Sempre. Não é o estilo dele e meu marido adorava o Biscoito exatamente por isso (‘Bi, isso é blog de macho’, dizia meu doce Alexandre), mas eu sempre senti falta do Idelber-Idelber no Biscoito. Me fazia falta ler sobre o Idelber. Compras no supermercado, se os filhos tinham ligado, que-que ele usa no cabelo. Porque eu sou esse tipo de leitor. Quero saber a marca do chá do cara e se ele tem medo de trovão.

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O que mais lamento não é a perda do blog. É de saber do Idelber. Ele é o blog. Já mandei e-mail dando dura, mas qual, ninguém me obedece nessa blogosfera.

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Nunca tive saco pros discursos, pras brigas e pras intrigas palacianas do Biscoito Fino e, caras, aquilo era um vendaval de emoções. O pau tava sempre cantando. Nunca tive saco nenhum pros comentaristas-salvadores-do-mundo que apareciam por lá, aqueles seres superiores que não peidam, e acho a educação do Idelber com a grande maioria, por si só, uma demonstração de educação que vi poucas vezes na vida. Por outro lado fiz grandes, grandes amigos ali na meiuca dos comentaristas do blog dele, pessoas parecidas comigo, pessoas diferentes de mim, pessoas queridas, que Idelber me deu de presente.

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Nunca li um texto do Idelber sem concordar e discordar, às vezes no mesmo parágrafo, às vezes na mesma frase. Nunca.

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Já fiz parte duma mesa literária com ele (com muito orgulho), duma mesa de bar (mais orgulho ainda), já abracei o Idelber, ri das piadas dele e sempre admirei a construção do pensar dele, a forma como ele concatena as ideias, a fúria com que ele defende as coisas que defende (já me apavorei também, com essa mesma fúria, e dei um passo para trás, e é assim mesmo, quando a gente ama).

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Sinto e sentirei falta do amor adulto que o Idelber desperta em mim. Esse tipo tão raro de admiração de parte a parte, que diz: “Nós não concordamos o tempo todo e se na mesma cidade estivéssemos, capaz que eu desse com o cardápio na sua testa depois da batatada que você disse, mas nós nos gostamos e está tudo bem”. Tipo estranho de gostar esse, porque é seu primeiro e mais infantil gostar: seu irmão. É só pro seu irmão que você pode dizer as coisas mais terríveis e ouvir as coisas mais assombrosas e seguir amando e sendo amado. E descobri agora, velhinha, que é também o amor da maturidade.

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Meses depois de o Alexandre morrer (ou anos depois, vivo num mundo completamente a parte, meu tempo é diferente do tempo do planeta), empacotei uns livros dele pro Idelber. Todos os livros de futebol do Alê. E o livro que ele tinha no criado-mudo, bem ao lado da cabeça dele, no momento em que morreu. Uma edição capenga de Moby Dick, nosso livro preferido. Pareceu tão, tão correto, que os livros do Alê, os livros que ele mais gostava, fossem parar nas mãos do Idelber. Ainda parece.

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E se vocês querem saber, assisti muita sessão da tarde, li muito livro da Alcott e, por isso, carrego aquela esperança tola no coração, aquela fantasia adolescente, de que o Idelber vai aparecer a qualquer momento aqui no umbral do meu Apart Hotel do Conde Drácula, com uma rosa entre os dentes, usando uma daquelas batas malucas, blogando de novo, prontinho pra me irritar. Se ele lesse esse treco, riria das minhas fantasias burguesas decadentes, claro, mas não ligo. Sou grata a todas as vezes que tive que espanar o pó dos neurônios pra concordar com ele ou que tive que dar todinho pros meus pobres neurônios pra discordar dele. Sou grata a toda a leitura à qual ele me obrigou, dele, dos textos de referência, dos comentaristas, de outros blogs. Amar o Idelber foi, e é, um exercício de inteligência (no meu caso da pouca inteligência que tenho), todos os dias. E a gente ama. Simplesmente.

Sou um ator morto (à guisa de explicação)

Sábado, quando acordei, vi que minha mulher tinha deixado um recadinho para mim no Skype. Ela está na Venezuela e o recado era um link e uma ordem bem humorada: “Veja isso, quase morri de rir”. Fui visitar o endereço e dei de cara com a imagem que você pode ver claramente clicando duas vezes sobre a cópia abaixo. Era um obituário do ator Milton Ribeiro, que já conhecia, mas havia um detalhe. A foto do ator era deste Milton Ribeiro que vos escreve, não daquele que morreu. Sim, era uma fotografia tirada por minha filha numa praça de alimentação de um shopping.


É óbvio que me diverti com o fato e comecei a avisar os amigos por e-mail, Facebook e Twitter. Eu tinha morrido em 1972. mandei e recebi vários recados:

Milton, agora que vc morreu, peça para teu filhos me enviarem sua coleção de clássicos, por favor. Mando rezar missa por Richard Dawkins. Obrigado.

Morri em 1972. O que faço? Tomo banho e vou no super ou largo tudo de vez?

@miltonribeiro Aliás, ateu convicto como és, imagino que estejas condenado ao inferno. Então, se fores ao super, como pretendes, vá ao BIG.

@miltonribeiro Como disse Mark Twain num caso assim, “The report of my death is an exaggeration”.

Interpretações de homem mau é a pérola! RT @miltonribeiro

Meu pai também tá dando risada.. RT @miltonribeiro Gostaria de noticiar a todos os meus amigos que morri. (Explico: o pai de Alexandre Ribeiro, um grande amigo meu, também atende por Milton Ribeiro)

Isso foi em 72? Eu nem era nascida. Garanto que da próxima vez que formos à tua casa, vai aparecer uma velhinha à porta e dizer: Milton Ribeiro? Mas, minha filha, ele morreu há 38 anos…

Infelizmente, durou pouco. Algum dos meus amigos destes redes sociais acabou avisando o site Mensagem Vitual, que corrigiu a foto e me enviou um tuíte bem humorado em português alternativo:

@miltonribeiro Desculpe pelo nosso ezorbitante erro! Já arrumamos a foto! Agora você já pode viver em paz…

Quem acordou tarde e viu meu link não entendeu a piada, pois permaneci morto apenas até às 11h. Depois, a vida voltou ao normal, o ator com cara de mau recebeu o seu devido lugar; ou seja, tudo voltou à bosta de sempre, como vocês podem ver abaixo.


Porém, a mensagem mais curiosa veio de Fernando Monteiro, dizendo que o ator com cara de mau na verdade gostava de rapazes altos, de pernas fortes, passadas largas… E não de Juliette Binoche, como eu. Agora falando sério — como diria Chico Buarque — os caras consultam o Google Images, dão de cara com um Milton Ribeiro qualquer e colocam numa biografia sem conferir? Não, é demais. Ah, a mensagem do Fernando:

O danado, Milton, é que com toda aquela cara de mau, o Milton cangaceiro do cinema tinha um apurado olho para rapazes fortes (sabias?), enquanto vosmicê pende mais, quer dizer, pende totalmente para as Juliettes Binoches (sou testemunha), e não somente nos sábados!
Bom domingo, “Capitão”!
Fernando Monteiro

Maria Bethânia terá R$ 1,3 milhão para criar blog (ou site)

A cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão a fim de criar um blog. A proposta é de que O Mundo Precisa de Poesia seja atualizado diariamente por um ano. O blog apresentaria, a cada dia, um vídeo da cantora interpretando grandes obras.

A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington. Há três anos, Bethânia se envolveu numa polêmica ao ter um pedido de captação, de R$ 1,8 milhão para uma turnê, rejeitado pela área técnica do ministério.

Bem, captação de recursos é dinheiro nosso que, em vez de irem para o país na forma de impostos, beneficia a cultura. Maria Bethânia é uma artista bastante rica, como sua sobrinha @belovelloso confirmou no twitter. Ela irá se promover com o site, sem dúvida. Por que ela precisa captar?

Acho que a matéria é MUITO polêmica e duvidosa.

Sonho com Marcelo Backes e Blogueiros + Inverno Quente

Publicado em 9 de setembro de 2004

Nossos termômetros chegaram a 36,4 graus e era 7 de setembro. Não temos termômetros malucos, somos apenas gaúchos. Pela manhã, não acreditava no calor que sentia; abri a janela e vi algumas pessoas caminhando com blusas de mangas compridas (estes confiam cegamente no calendário) e outras de camiseta ou sem camisa (os realistas). Eu e as crianças fomos para a piscina, mas é inverno e poucas estavam prontas para uso. Não senti frio algum quando entrei na água. Pensei: é setembro, tenho um monte de coisas por fazer, a Claudia ficou revisando um livro que recém traduziu e eu aqui, brincando de afogar o Bernardo e a Bárbara. Quem sabe volto para casa e dou um jeito de ser produtivo? Não, continuei na piscina.

Como a temperatura subiu, quis mudar de leitura. Ora, se o contexto é outro – calor, piscina, braços e pernas à mostra -, mude-se o livro! Peguei um comprado em Buenos Aires em 1990, El Mago, de John Fowles. Seu início é arrebatador, mas já estão dizendo que vai esfriar no próximo fim de semana e aí voltarei à mistura de Graciliano e Paul Auster em que me encontrava. O jornal decidirá. Abro na previsão do tempo: ficaremos entre 9 e 14 graus no próximo sábado. Sei que o jornal está certo, vivo neste estado há muito tempo e sei o quanto o tempo pode ser louco. I´m going back to Graciliano and Auster.

Há anos não lembro de meus sonhos. Eles se evaporam. Invejo a Claudia quando ela vem me contar o que sonhou logo cedo. Nunca tenho nada para contrapor e fico ouvindo suas histórias delirantes e cheias de ratos. Talvez tenha sido o calor, o fato é que lembrei de um sonho.

O SONHO. O começo é comum ao sonho de todos os brasileiros: ganhei na Megasena. Porém, minha primeira providência foi algo que nunca pensei fazer. Viajei imediatamente à Alemanha, mais exatamente à Freiburg para falar com meu amigo Marcelo Backes. Propus a ele fundarmos uma editora – a Ribeiro & Backes. Eu tinha a grana, estava rico. Instalamos a firma na casa de minha mãe, que é bem grande e logo ficamos com a garagem e todos os cantos cheios de Luiz Ruffato, Sergio Faraco, Fernando Monteiro, Luís Vilela, etc. Reeditamos também clássicos brasileiros em pocket. As capas eram espantosamente belas, como só se vê em sonhos ou na Cosac & Naify. Com Marcelo indicando os livros, conversando e pagando os editores culturais de várias publicações brasileiras e portuguesas, começamos a ganhar notoriedade e dinheiro. Só trabalhávamos à tarde. Pela manhã, tínhamos outras atividades. Por volta das 18h, fazíamos um happy-hour reunindo amigos e champanhe. Lembro de só de uma cena que nos incluía, além da Alda, Claudia, Franklin, Branco, Helen e alguns funcionários desconhecidos.

Um dia, com a bunda posta numa pilha do enorme, notável e nunca traduzido romance Daniel Martin, de John Fowles, um best-seller exclusivo da R & B (já sabem que não me refiro a Rhythm & Blues e sim a Ribeiro & Backes) , propus ao Marcelo lançarmos pockets de blogs. Em meu sonho disse-lhe para ler o Literatus, a Mônica, o Guiu, a Tchela, o Tiagón, a Meg, o Inagaki, a Mafalda Crescida, a Praia no Nelson, o Zadig e a Nora, lembro destes. (Calma, gente, isto é só o começo da coleção e o melhor fica para o final…) Marcelo era contra, mas resolveu aceitar; afinal, eu era o cara do dinheiro e meu plano era de fazer livros baratinhos com 100 páginas no máximo. Algo para se ler em duas horas. A capa da coleção – chamada apenas “Blogs” – era linda. Vi um exemplar do livro do Tiagón: letras pretas sobre fundo laranja: Bereteando com Tiago Casagrande – 50 Posts do Ano da Graça de 2004 e, abaixo, fotos em preto e branco e coloridas com referências à cultura pop. Só que a parte colorida formava um desenho que era plastificado – o restante era fosco – e, quando prestávamos atenção, víamos um pterodáctilo. Quem conhece o Tiago entende o motivo da presença do lagartão. Quando vi esta capa, acordei. Apesar desta descrição, juro-lhes, meus amigos, no meu sonho a capa era linda! Deve ter vendido bem.

Pela complexidade

Ontem, estourou uma bombinha no twitter: uma irritação feminista contra um texto publicado no blog do Luiz Nassif que citava a palavra feminazi para caracterizar certo gênero de feminismo. É claro que o mau gosto é evidente e que a analogia entre feminismo e nazismo é infelicíssima, até porque, até onde sei, só existe um tipo de nazismo e este é terrível.

A briga no twitter e nos posts levam todos a posições exageradas e falsas. As feministas passam a demonstrar ojeriza e incompreensão para com o jornalista. Ele, dias atrás tão legal, avançado e “de esquerda”, transformou-se num monstro. Em resposta, ele e seus defensores tiram sarro, adotando pontos de vista cada vez mais machistas. Os dois grupos correm para os extremos, empurrados pelas figurinhas carimbadas de sempre. Não penso que nenhum dos dois grupos seja tão enlouquecidamente equivocado. Mas tornaram-se nas últimas horas. É claro que “os machistas” não têm razão, digamos, primária na questão — pois nem eles acreditam que a expressão discutida seja justa — , mas foram levados a defender-se em função dos ataques.

Casualmente, estou deliciando-me com Um teto todo seu, de Virginia Woolf. OK, não é um livro feminista tal como entendemos a palavra hoje, apesar de ser um texto que deixa muito claras as injustas posições da mulher na sociedade das primeiras décadas do século XX — seu tema, na verdade, é “As Mulheres e a Literatura”. Mas a lição de equilíbrio e a noção de que há camadas e mais camadas de complexidades sob o tema fica desnudada no livrinho de VW (138 páginas, na edição que leio). Isso é tudo o que não acontece na briga de bugios (*) ora observada. É notável como os grandes autores que permanecem como referência maiores, são aqueles que não têm soluções ou palavras definitivas. Dostoiévski mostra todos os lados das questões sem escolher nenhum; Tchékhov dá uma sucinta aula cada vez que demonstra que há paixão e motivos profundos até num passar da faca na manteiga; Virginia é mais explícita e parte para o intimismo a cada linha, expondo uma confusão que chega ao ponto de ser gloriosa; Freud é humilde e costumava retificar-se e dar a cara ao tapa a cada duas páginas… E há mais exemplos, muitos mais. Mas os contendores de ontem têm certezas absolutas.

O importante é ofender, é amassar o adversário. Não deixa de ser curioso.

(*) Diz-se da briga ou discussão acalorada entre duas ou mais pessoas, onde o xingamento, o palavrão e as ofensas mais pesadas são usadas contra o outro. Os bugios, quando brigam, usam a própria bosta para atingir o adversário.

Who`s Next?

Publicado em 30 de janeiro de 2007

Eu pensei naquela velha piada do cara que vai ao psiquiatra e diz ‘Doutor, meu irmão está louco. Ele acha que é uma galinha.’ E o doutor responde ‘Bem, mas por que você não tenta convencê-lo do contrário?’. E o cara diz ‘Eu até o convenceria, mas é que preciso dos ovos’. Bom, eu acho que é mais ou menos isso o que penso dos relacionamentos. Sabe, eles são totalmente loucos, irracionais, absurdos, mas continuamos atrás deles, porque a maioria de nós precisa dos ovos”.

ANNIE HALL – Woody Allen

Meu estado de espírito foi lentamente luto do dia 14 para a brutal ironia dos dias subseqüentes e agora estaciona triste e decepcionado. Ontem, porém, fiz uma piada sobre pensando no rumoroso caso Meg-Paulo José Miranda; fiz mal; como resultado, algumas risadas e e-mails pessoais acusando-me de traição à Meg. Os espectadores desta tragédia grave e real, acontecida da forma mais virtual possível, parecem divididos entre os bondosos que depuseram irrestritamente seu perdão, os malvados incondicionamente irritados e os de minha posição, sem vontade de linchar nem afagar.

Teria muitos motivos para espernear indignado: fui eu o primeiro crédulo a divulgar a notícia a pedido de Paulo José Miranda, fui dos primeiros a ver minha caixa de e-mails pululando de textos que apontavam incoerências e pediam retificações a uma história mal contada. Aliás, minha caixa de entrada – uma verdadeira pândega durante a semana passada – tem declarações por escrito de pessoas que afirmam taxativamente fatos que são negados veementemente duas horas depois… pelas mesmas pessoas. O manicômio. Agora, o movimento está voltando ao normal, mas há os pedidos de explicações. São um saco, pois alguns começam assim: “Milton, cadê o Sub Rosa?, a Meg morreu mesmo?” Putz, e lá vai o Milton explicar….

Logo após meu enlutado post, vi a recém fantasmal criatura escrever um scrap no Orkut como Meg, vi-a metamorfoseada como Tereza Quetzal comentando em meu blog, li cético a declaração do Paulo sobre um encontro de ambos em São Paulo, revisei IPs que não apontavam nem por sombra para os Estados Unidos, discuti acerbamente com o Paulo tentando fazer com que ele abrisse os olhos e visse a mentira (e o problema) em que estava começando a charfurdar – mas ele permaneceu convicto – e tive com vários blogueiros diálogos dos mais inesperados de minha vida.

Não vou contar toda a história em detalhes. Acho mais importante afirmar que discordo visceralmente da posição de perdão irrestrito. Dizer que atitudes mentirosas e imorais – mesmo que provocadas com o objetivo de proteger o objeto amado… – são sub-produtos de uma doença é um enorme erro. Mas é a reação da maioria. Muita gente parece possuir o vício mental de trazer, colada à compreensão, o perdão. Se eu compreendo, perdôo. Discordo. Isto faria com que perdoássemos a todos. Também não me alinho na posição dos que execram o casal. Se a Meg reabrir seu blog, irei lá. Ela errou? Sim, mas o Sub Rosa era bom, muito bom. Quando o Paulo publicar um livro, não vomitarei sobre ele, é provável que goste como gostei dos que li. Preciso dos ovos e esta é uma relação escritor-leitor, ou seja, é a mesma que tenho com Diogo Mainardi (escritor?, foi promovido?) ou Franz Kafka.

Há confusão entre vida pessoal e vida na rede. Quando leio Diogo Mainardi na Veja, rio ou acho lastimável ou sinto impulsos de jogar a revista no lixo, mas sempre o objeto da discussão é o texto. Porém, se falo em seu filho que sofre de retardo mental – fato exposto por ele – e o ofendo dizendo que “ele merece”, não estou sendo apenas deselegante como passa a uma esfera onde só deveria entrar com a máxima educação: a dos problemas pessoais. Ora, só discutirei a impotência do blogueiro X se ele me conceder abertura para isso e, se o fizer, será com amizade e cuidado; só falarei em regimes alimentares quando Y se declarar gordo ou anoréxico e pedir conselhos a respeito; não falarei nunca sobre um transtorno bipolar exposto a mim, pois não tenho competência para tanto e procurarei ser apenas carinhoso. Sim, é preciso cuidado, a exposição existe onde mais da metade dos blogs são confessionais (e chatos). No caso em questão, a super-exposição da vida pessoal de um e de outro era inevitável, pois havia no ar a certeza de uma ocorrência muito estranha. E, talvez pior, houve os diagnósticos…

O caso é que uma fato comum da Internet foi levado ao paroxismo.

O que houve? Ora, uma mulher de mais de 50 anos, muito inteligente, jovial, culta e sedutora entra em contato (ou ele entra em contato, não interessa) com um escritor desimpedido, talentoso, culto e mais jovem. Ela lhe abre contatos, apresenta-lhe pessoas e encanta-se por ele, assim como ele por ela. Então, a mulher manda-lhe uma foto tirada há 25 anos. Fez mal, muito mal, pois ele acreditou que ela fosse ainda aquela – por que desconfiaria? O jogo prossegue e o homem quer conhecer a mulher, claro. Mas não pode, pois descobrirá sua idade! Então, ela cria uma enorme fantasia: adquire um câncer, vai para o Nova Iorque e morre por lá. Fez mal, muito mal, pois ele não apenas acreditou novamente, como resolveu pranteá-la publicamente, com foto e tudo. Mas ele também erra: a morte é importante, porém é mais convicente agregada a um romance fugaz. Ele o cria. Enquanto isso – como é difícil livrar-se do vício da Internet! -, ela fica entrando na rede e sendo descoberta quase todos os dias. Ou todos, teria que revisar. (Neste ínterim, já existia uma rede de relatórios informais da blogosfera.) Quando tento, e tentei várias vezes, dizer ao homem que a mulher está viva, que ele está equivocado, ele responde: está morta e ela é a da foto! E fica irritado. Fez mal, muito mal em desconsiderar as advertências. Às vezes até eu estou certo.

No domingo passado nem era Páscoa, mas quando a gorda mentira estava sendo levada merecida e lentamente pelo Inagaki para a estreita via do esquecimento, onde também teria dificuldades, estoura a bomba. Ressurreição! A mulher reaparece. No primeiro momento passam de mentiroso e idealista e de mentirosa e voyeur à mais pura compreensão e solidariedade. Todos erraram, todos pedem perdão. Meg retorna. Paulo envergonhado, diz que as advertências que recebera estavam corretas; Meg pede desculpas. É claro que, passados dois dias, a situação já deve ser outra. Não sei.

Fico triste, são dois amigos. Não sei se permanecerão. Os brasileiros são tolerantes e colocarão a história nos anais da blogosfera como uma curiosidade. Já os blogs portugueses são muito mais sérios e não sei não.

Mas acho que chega desta história, não sou monotemático. Who`s next?

Minha participação no imbroglio

Publicado em 26 de janeiro de 2007

No dia 14 deste mês, fui informado que a Meg do Sub Rosa morrera na noite anterior. A notícia dava conta de que ela estava internada no Hospital Monte Sinai em Nova Iorque desde meados do segundo semestre. Pedia que eu avisasse seus amigos. Achei natural ser o portador da comunicação; afinal, era amigo tanto do informante quanto da Meg. Fiz dois posts a respeito, ambos lamentando o fato – um dia 14 e outro dia 16.

Dias depois, alguns contestaram a notícia e lotaram minha caixa de e-mails com protestos. Ela estaria viva. Fiz a averiguação pessoal possível: comprovei que os comentários feitos pela Meg em meu blog, durante o período de hospitalização, haviam sido escritos (ou ao menos gravados) no Brasil. Os endereços IPs associados a eles eram todos brasileiros, mesmo aqueles dos dias 26 e 30/12. Depois, recebi outras informações, mas só posso garantir as que estão sob meu controle, é óbvio.

Mesmo assim, ainda acreditando no ocorrido, entrei na blogagem coletiva do dia 23 em homenagem à sua memória; porém retirei o post uma hora depois, tal foi a ênfase do questionamento: ao mesmo tempo que recebia comentários emocionados, o telefone não parava de tocar e minha caixa de e-mails se enchia. Eram alertas de amigos pedindo para eu não publicar algo que seria falso.

Naturalmente, escrevi um e-mail a quem tinha me avisado de sua morte. Pedi esclarecimentos, é claro, pois a notícia que veiculei comovera toda a comunidade blogueira – imaginem que houve pessoas que me ligaram chorando -, mas a resposta foram apenas protestos pelas perguntas.

Espero que os boatos sejam verdadeiros e que a Meg esteja viva.

Os motivos que me levam a escrever este post são os seguintes:

1. Fui eu, provavelmente, o primeiro a noticiar a morte da Meg.
2. A notícia está finalmente circulando pela rede a partir deste post.

Comentários:

Milton, meu amigo, junto-me aos que te pedem para retirar referências a este PJM. Àurea, sinto muito informá-la, mas tudo isso é cascata. Droga. Eu já tinha dado esse assunto por encerrado.
Sergio Fonseca Minha participação no … Jan 27 2007

Tá bom, vamos continuar perdendo nosso tempo, então. Milton, eu te envio um e-mail e te digo: Sergio morreu. Pronto. Sou tua amiga e pessoa confiável até debaixo d’água. Aí vc me pergunta coisas básicas e obviamente a minha resposta a vc será extremamente ofendida do tipo “respeite a minha dor”. Tudo bem. Por quem vc estaria me tomando, meu amigo??? Olha, me desculpem, mas tudo o que eu mais quero neste momento é que ver isto acabado, preservando o que for bom sobre Meg e o Sub Rosa, sim. E esquecendo certos tipos que não precisam de tanta divulgação, muito menos amizade. E estou falando demais, sim. Porque estou cheia. De verdade. Beijo, Milton. Se quiser, me liga. Eu não sei mais como tentar te convencer a limpar este lixo, do qual vc não é culpado.
Ane Aguirre Minha participação no … Jan 27 2007

Áurea, vou pensar na tua sugestão. De um lado, há a Meg e os anos de excelente relacionamento que tivemos. Há a saudade dela. De outro, há o fato de eu ter divulgado, a pedido do Paulo, um fato que foi contestado e que, na pobre averiguação que fiz (conforme explico neste post) demonstrou não ser inteiramente correto. Minha mulher e vários amigos estão também pedindo que eu delete todos os posts a respeito deste caso. Mas há uma voz interna rebatendo e perguntando: você divulga e depois corre da repercussão?
Milton Ribeiro Minha participação no … Jan 27 2007

Meu amigo, Eu te escrevi por e-mail. Sei que vc não é ariano feito o Sergio. Mas leoninos também são osso duro de roer (risos). É desagradável todo este assunto. E ele já está acabado. Não concordo com Áurea (desculpe, moça, não é nada pessoal), mas PJM já ganhou seu espaço. E vamos deixar esse papo de certidão e cartório pra lá! Quem precisa disto? Ah! Por favor, saia da pia!!! (risos) Beijo pra vcs.
Ane Aguirre Minha participação no … Jan 27 2007

Paulo, não vou deletar teu comentário como tens feito com tantos. Apesar das ofensas e “sugestões” sobre meu mau caráter – vou dormir na pia hoje de tanta preocupação… -, é um comentário dentro do assunto do post e vem ao meu encontro quando diz que parte da solução para o imbroglio seria a apresentação da certidão de óbito. Façamos o seguinte: deves saber em que cartório está. Diga-me que eu peço uma segunda via. De acordo? Quanto à questão “Onde estava Meg”, parece-me que já há certa admissão de que estava em Belém mesmo. Abraços a todos e bom findi. P.S.- Seja objetivo. Não responda com palavrões como tens feito em meu e-mail. Encaminhe soluções. Ninguém suporta mais esta história. Obrigado.
Milton Ribeiro Minha participação no … Jan 27 2007

Milton, É, para mim uma incoerência da tua parte esse post. Em primeiro lugar por que ele não faz jus à sua inteligência que é, ou deveria ser, capaz de discernir com muito mais lucidez os fatos acerca da partida da Meg.Em segundo lugar deveria bastar a você a informação que o Paulo te deu acerca da verdade. Você conhece a integridade dele e isto deveria ser suficiente para que você não tratasse com tanta leviandade a morte da Meg. Ou você acha que o Paulo, ou qualquer pessoa que não seja insana, colocaria no seu blog um post com o título mais pesaroso que alguém pode escrever: “minha mulher morreu” se não fosse verdade? E, se já não bastasse a decepção desse teu post para todos os que conhecem a verdade dos fatos, ainda você oferece um link que para um outro post que transforma a morte num circo, fazendo chacota de tudo e juízos de valor acerca das pessoas envolvidas. PELO AMOR DE DEUS, CARA, RESPEITE A DOR DO PAULO!!!. Retire esse post. A forma como tudo isto está sendo tratado é uma vergonha pra blogosfera e pra nós brasileiros. A Meg deixou tantas marcas boas em todos nós…não precisava ser tão desonrada depois de sua partida. Recupere a lucidez “querídolo”.
Áurea Cruz Minha participação no … Jan 27 2007

Eu vou deletar os posts… que nojo!
Alena Minha participação no … Jan 27 2007

O que menos me importa na vida é o blog! Se fiz ali minha última homenagem à Meg, foi por ela, que amava seu blog e quis que eu fizesse o meu. Mais do que um blog, o subrosa foi a vida da Meg nos seus últimos anos. E fi-lo para seus amigos e continuo certo de ter feito bem, pois seus amigos me agradeceram. Quanto a ser ou não verdade, que ela morreu, é muito fácil de averiguar, caso estejam interessados, pois há uma coisa que se chama certidão de óbito. Quem tenha dúvidas, em vez de dizer disparates e mostrar a falta de educação que tem, deveria telefonar para sua irmã, confirmando a verdade ou a mentira do fato. Mas o mais lamentável é um amigo não defender sua amiga. Isso é o mais lamentável de tudo. Pensem bem nisto, pois um dia podem estar na situação de precisar desse “amigo”.
Paulo José Miranda Minha participação no … Jan 27 2007

meu amigo, sinto muito mesmo tudo o que vc está passado por essa história. eu também torço para que ela esteja viva, mesmo sem compreeender os motivos que a levaram a criar toda essa história. um grande abraço
nora borges Minha participação no … Jan 27 2007

Lamento ter contribuido com essa história toda, lamento ter acreditado no que li aqui, no Milton, no Francisco Cals, e ter dado essa “triste” notícia, e assustado o Dudi. De resto continuo sem entender o por que? E acho também que o melhor a se fazer é ESQUECER o assunto definitivamente.
Eduardo Minha participação no … Jan 27 2007

O Sérgio tem razão ninguém (nem morto, nem vivo, nem do além) merece ler o blog do tal portuga PJM. Aquilo é a coisa mais chata que já li na minha vida. Lendo aquilo até entendo que a Meg tenha querido desaparecer do mapa, só de ler tanta chatice já me dá enjôo, o cara é um porreeeeeeee ha ha ha.
Ana Lucia Minha participação no … Jan 26 2007

Quer saber?? manda esse povinho mequetrefe e querendo uma promoçãozinha “sifu” e vai curtir tua esposa linda!!! Beijos
Sandra Minha participação no … Jan 26 2007

Querido Milton, sugiro a retirada dos links para o PJM da tua lista. Tanto da lista de links quanto dos posts. A maior parte das visitas do cara está saindo do teu blog. A propósito, a falecida deletou o blog. Um abraço!
Sergio Fonseca Minha participação no … Jan 26 2007

Sei lá, cara. Por algum motivo só consigo pensar em Nâzguls alados. Enfim, Solidarnosc.
hermenauta Minha participação no … Jan 26 2007

Milton, estou pasma com essa história, como abusaram da tua boa fé. Esse mundo virtual é bastante perigoso às vezes. Mas que isso não te desanime a continuar blogando e a fazer amigos de carne e osso.
Leila Minha participação no … Jan 26 2007

Claudia está coberta de razão, Milton. Eu, de minha parte, fiz todos os meus esforços para que o Sergio mantivesse limpo o espaço dele no PDP. Claudia está certa, certíssima. Este assunto pode ser considerado encerrado. E deletado, inclusive. Sem mais. Beijo pra ti. Outro grandão para a Claudia.
Ane Aguirre Minha participação no … Jan 26 2007

Milton, “pelamordedeus” pára de perder tempo com este absurdo. Não responda mais nada sobre este assunto. Elimine-o e a tudo que há sobre isto no teu blog. É de um tamanho mau gosto o fizeram que não há desculpas. Te usaram como veículo de uma falácia despropositada. Perturbaram tantas pessoas queridas. Não tem cabimento! Só de pensar que a Magaly, com 80 anos e recém viúva, ficou tocada e escreveu longamente sobre o tema me enoja. Ela merece e vocês também mais respeito. É vergonhoso!
Claudia Antonini begin_of_the_skype_highlighting end_of_the_skype_highlighting Minha participação no … Jan 26 2007

mais uma prova que idiotice e imbecilidade dos blogueiros e agregados nao tem limite mesmo.
Ana Lucia Minha participação no … Jan 26 2007

Nesse teu post, faltou falar sobre a argumentação do Paulo José Miranda quando você resolveu questioná-lo. Achei-a sensacional. “Faleceu, como tu bem sabes, pois anunciaste no teu blog.”
Sergio Fonseca Minha participação no … Jan 26 2007

Vou meter minha colher… Se isso foi uma brincadeira ou forma de sair da net, foi de um mau gosto sem tamanho!! No dia em que foi divulgada a morte naveguei por outros blogs e o que li foi indignação, tristeza, sentimentos bons misturados com perda. Mais uma coisa: se ela está viva deve saber desse furdíncio todo. Então, por que não se manifesta??? Por que não desmente? Tá! Eu sei. Não a conheço, não a lia mas, depois de sentir a perda do meu pai há tão pouco tempo, só digo uma coisa: notícia de morte de alguém que gostamos dói demais!!! E, notícia falsa na net, só a morte do Biajoni no dia do niver dele e com muito humor. E se não quiser publicar esse comentário, meu anjo, fique à vontade! Beijos
Sandra Minha participação no … Jan 26 2007

Mas isso é uma ÓTIMA notícia! Eu realmente espero que tenha sido tudo uma brincadeira de péssimo gosto, não me incomodo de nem um pouco de ter caído nela – pena que ninguém me avisou nada sobre as dúvidas que seria boato e eu entrei na blogagem coletiva que entendi tinha sido convocada por você, Milton – mas meu post pra Meg não perde a validade, muito pelo contrário. Só posso torcer muito para que seja mesmo tudo uma grande mentira, isso é o que mais interessa. ps.: mas e o Paulo não é casado com ela? e a Tereza?
Denise Arcoverde Minha participação no … Jan 26 2007

Milton, brincadeira têm hora!
Ramiro Conceição Minha participação no … Jan 26 2007

http://www.omelete.com.br/Conteudo.aspx?id=100003394&secao=cine
Nelson Moraes Minha participação no … Jan 26 2007

Uma Morte Virtual

Publicado em 23 de janeiro de 2007

Hoje é o dia 23 e vários blogs devem estar postando sobre a filósofa e professora Maria Elisa Guimarães, a Meg do Sub Rosa, falecida no último dia 14. Devido a compromissos profissionais, chego quase atrasado a esta postagem coletiva e não poderei escrever com a calma que gostaria.

Comecei isto aqui em maio de 2003, época em que o vírus do blog, apesar de inoculado, ainda não estava instalado em mim. Pouco tempo depois, fiquei impressionado com o tamanho e a qualidade de um comentário que recebera de uma certa Meg (Sub Rosa). Era assim que ela assinava. O texto era muito inteligente e gentil, mas não visitei-a imediatamente, preferi remoer antes as idéias da leitora. No dia seguinte, publiquei novo post e o primeiro comentário foi novamente da Meg. Se o primeiro fora grande, o segundo era um épico. Fui então conhecer o Sub Rosa.

E, desde aquele dia, nunca mais deixei de ir. Depois, iniciamos a intensa troca de e-mails e comentários que só acabou em 30 de dezembro. Talvez eu tenha uns 1000 e-mails da Meg comigo. Há de tudo ali, pois ela parecia conhecer e ter opiniões relevantes acerca de tudo. Era difícil falar de um autor que ela não conhecesse, de um blogueiro que não tivesse lido, de um filme que não tivesse visto; também era raro ela não elogiar ou fazer reparos compreensivos a textos meus. E suas explicações não vinham como conversa insípida de scholar, mas em tom scherzando, cheio de referências e de analogias bem humoradas, acompanhadas de declarações em que desculpava-se por ser tão tola e prolixa… Ora, é impossível não sentir falta de alguém assim. Era a consultora que me respondia às questões com mais de uma alternativa; era a amiga que apresentava seus amigos sugerindo “conversem, vocês têm isto e aquilo em comum”; era quem sabia de toda minha família em detalhes e quem tinha a prosa mais característica possível: numa mesma frase podia fazer variações sobre um tema, entremeá-las de piadas, de risadas às piadas (Ho ho ho), tudo isso sem se perder, apenas com muitos erros de digitação, característica sua.

Um exemplo?

E-mail 1:
Milton, querido
Bom dia.
Olha, eu quero sim. Me manda por e-mail? Muito obrigada.
E queria saber se poso colocar em contato você e o meu amigo X por um dia desses para vcs conversarem sobre musica.
um beojo

E-mail 2:
Queridos amigos X e Milton,
Milton e X
Apresento-os um ao outro.
O Milton Ribeiro, escritor e melômano.
Já O X, meu amigo há mais tempo, mebora estejamos tão afastados, desde que me mudei do Rio de Janeiro, como já disse é escritor premiado etc etc.
Estou apresentando-os porque acho que tem amuito em comum.
O Milton é gaúcho e X é mineiro. Mas mora em São Paulo.
X, seu artigo na Agulha eu enviei ao Milton, pra que lesse e desse sua opinião, ao que el não se furtou.
Eu como sabem estou doente não me perguntem, por caridade, o que tenho.
Beijos, apresentações feitas que espero, possam redundar em amizade.

Era assim.

Querido Milton.
Sabes? – ou não sabes – cheguei a uma altura da vida em que posso (ou não posso?) – me permitir expressar sempre o amor, o gostar, o querer, a admiração pelos meus talentosos e predestinados etc… Quero, necessito e desejo ser livre para tanto.
Para quem como eu, já chegou algumas vezes, muito, mas muito próximo das fronteiras com o Nada, todo o tempo é tempo e não pode ser desperdiçado, pois bem sei que não teria como Proust a chance do Tempo Recuperado, ou Reencontrado, – enfim Le Temps Retrouvé -(ô coisa difícil e sublime é a tradução, não achas?)
Pois bem, eu estou viajando desde 30 de agosto.
Quem está organizando o blog com republicações é minha cunhada e alguns amigos, inclusive a magaly.
Mas como não gosto de culyivar a imagem de donete, não disse nada.
Mas, mesmo sendo cético e ateu ou agnóstico, como eu, pede e ora por mim, pois farei uma operação de alto risco.
Mais não quero dizer, quero guardar esse momento só para mim e ver como me saio dele.
Consegui afsatar todos os que mo, inclusive namorado, irmã, e todo o ressto da família, pois a mim incomoda que estejam me perguntando como estou o que é semlhante à pergunta: vais viver? vais morrer?
Só quero ganhar ou reapossar-me de alguma saúde: preciso estar bem para ver os filhotes, vocês, tu e mais alguns crescerem ainda mais e ganharem a cavalgada das asas que já possuem.
Beijos ao “teu grande elenco” de casa,
M.

A Pior das Notícias

Publicado em 14 de janeiro de 2007

Amigos.

Através de um post e de um e-mail de Paulo José Miranda – seu grande amigo, com o qual ela conversava todos os dias e que abandonou a blogosfera para estar mais tempo com – ela, fiquei sabendo que nossa queridíssima amiga Meg, a Maria Elisa Guimarães do blog Sub Rosa, deixou-nos esta noite após uma hospitalização de vários meses. É uma notícia inacreditável, da qual ainda não consigo ou desejo me convencer totalmente.

A última vez que ela me escreveu, em 30 de dezembro, foi da forma mais alegre possível:

Querido.

Teus bombons – DE CASTANHA, Mirto – estão lá em Belém, esperando que te mandem. Beijos, beijos. E escrevi em comentário de blog que sou igualzinha a ti. Não curto Natal e fico assanhada no Ano Novo.

QUE SEJA O MELHOR DE TODOS até o fim e dê lugar a outro mais e mais feliz, quando a Claudia e tu engravidarão e o filhote sairá. Eu mando esses desejos de fada.

Meguita
beijos

Estou inconsolável.

O Paulo – certamente o melhor, o mais leal, sábio e compreensivo dos amigos dos últimos dias da Meg (*) – pede para avisar:

Milton.
Às 14h00m e às 20h00m, no Brasil,
vai haver duas missas em intenção da Meg.
Se puderes partilha uns momentos conosco.
Ela vai gostar.

abraços
Paulo José Miranda

Gostaria de convidar os muitos amigos da Meg para uma postagem coletiva no próximo dia 23. O assunto pode ser a própria Meg ou algo de que ela gostasse. Faço um pedido aos que postarem: deixem um comentário no Sub Rosa a fim de que possamos encontrar todos os posts.

Chega, não consigo escrever mais.

(*) A Internet, que nos faz estar tão perto e tão longe do cotidiano das pessoas, a ponto de ignorarmos seus reais vínculos, deixa margem a que o Paulo José Miranda me corrija:

Mas a Meg não era só minha amiga.
Era minha mulher.
É minha mulher.

Comentários:

Conheci a Meg há uns 5 anos atrás. Criei um blog, quando ela fechou o Subrosa, em 2003, chamado VoltaMeg que circulou até 2005. Sentirei muitas saudades da minha doce Meg. Abraços
Alvaro

Ola, Milton, parece nunca tive oportunidade de conversasr com voce. Terei tido? Meu nome eh Tereza Quetzal e sou da familia da Meg (sabendo da velha blague:cunhando nao eh parente, inda menos ex-cunhado) Queria escrever em todos os blogs cujos donos escreveram para ela, e ainda até hoje têm uma palavra de apoio. De imenso carinho. Claro que fico atónita diante de pessoas, cuja reação foi realmente a que ela imginava rs.. Mas ela não se arrepende. Au contrário. Creio que vc sabe que ela era sua admiradora numero 1 e o pacote inclui blog e escritor do blog. Sem esquecer que ela sempre achou vc bamba (BAMBA) como escritor. Repito two times para não condundir.lol E third of all, ela acha um trabalho nunca visto antes e que eh esse: É você tambem responsável por difusao incrivel um tabalho onde poe grande parte da sua inteligencia, alma e coracao nas músicas eruditas, uma verdadeira Educacao Musical. Nao, ela diria melhor, se eu puder escrevo um email para voce. Methinks, just me, que Meg sempre esteve certa em relacao a vc e não sei se mortos veem, mas diremos para ela: Olhe, tudo o que Milton deseja, e mais tudo que vc deseja pro Milton vieram (come true)realidade total. Ela jamais fez mal para alguém, ao contrário dizia: “Hoje fazer o bem a alguém é fazer mal, ele nunca esquecera quando estiver em cima que ja precisou de vc..” lol. Só entrava em lugares livres para ela assim como seu (your) coracao. Não imagina o quanto riram ela e o Paulo, e eu depois, quando vc a chamou de ASSANHADA. Eu tambem. PS agora ou amanha tenho que ir a Li Stoducto (uma das mulheres mais belas do Rio de Janeiro, assim disse)

Tereza Quetzal

Fiquei arrasada, Milton… Acabei de saber.

Alma

DO OUTRO LADO DO RIO by Ramiro Conceição À memória da Meg Talvez do outro lado rio, o dia esteja alegre! e assim compense a tristeza de cá… Talvez do outro lado, apareça a lucidez que lave e leve bravamente a insensatez da dor deixada pelo Amor que precisou partir ao outro lado… Talvez, Lá, comece tudo novamente pra voltar pra Cá. Talvez tudo tenha somente um lado e, assim, MORTOS E VIVOS façam parte dum Universo sem lados! Talvez, Lá, a morte seja a vida… E, Cá, a nossa vida seja, Lá, batizada de morte… Quem realmente sabe sobre a imensidão entre Lá e Cá? É, sempre efêmeros estagiários, sempre aprendizes de Lá e Cá, sempre laicos da existência seremos! É muito interessante, pois quando chegamos Cá ou Lá: pousamos sempre — calados! Cá: um tapinha… nos faz gritar e chorar! Mas, e lá? Talvez um tapinha na alma… nos faça voar! Mas pra onde? Para as plagas primaveris dos querubins benditos ou para àquelas outonais dos tempos das colheitas dos frutos apodrecidos? Quem realmente sabe o que acontece entre Lá e Cá? Humanidade, Humanidade, Humildade! Tanto Lá quanto Cá — somos laicos! Tanto Cá quanto Lá — “nascemos” calados!

Ramiro Conceição

Conheci a Meg através da lista das Artémis e logo me apercebi da paixão dela por Portugal onde viveu e entusiasmada que era por poesia e sentimentos nobres ligou daí para mim uma noite. Não esqueço a sua voz. A Meg era uma referência de qualidade na Blogiosfera e um enorme coração…Uma ponte de afabilidade entre as pessoas… Ela será sempre a SUBROSA… rosa leonor

rosa leonor

Bela a frase da Magaly. Lembremos da Meg, sempre com carinho, admiração e amor, pelo tempo que ainda temos pela frente…

Inagaki

De novo, eu nos teus comentários, Milton. Sorry! Mas é que o comentário repetido sem intenção pela Magaly, acabou ficando bonito. É como uma prece. Beijos.

Ane Aguirre

Milton Houve um erro de colagem em meu comentário. Fiz pelo teclado e ele repetiu umas 12 vezes o mesmo trecho. Desculpe-me , não queria enfear seu sistema de comentário. Estou nervosa Não quero vezes, Faça-me o favor de remover as repetições ou removê=lo odo assim como este

Magaly

Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.Mílton, demo-nos as mãos e as ergamos em homenagem a essa companheira sem igual por todas as suas qualidades e virtudes e vibremos por ela pelo tempo que temos pela frente.

Magaly

Meg Hiper-Rosa. Saudades.

gugala

Eu talvez tenha sido eu o ultimo amigão que a ,já querida Meg, fez ha poucos dias!Vou contar tudo no meu BLOG. Farei hoje uma homenagem e dia 23 com certeza outra!Estou sem palavras e chocado!

Eduardo

Infelizmente não tive tempo de conhecê-la. mas vejo que era uma alma iluminada, generosa em compartilhar o que sabia com todo mundo. vai fazer falta.

Serbon

Puxa, Milton… Tudo é tão delicado nesses momentos, mas sou obrigada a concordar com o Sergio. Desculpe-me. Talvez eu mesma não tenha entendido. Eu queria escrever algo sobre Meg e tenho medo da minha sinceridade. Às vezes, falar demais é bobagem. Falo demais agora. Beijo. Fica bem.

Ane Aguirre

Estava acompanhando em silêncio respeitoso a notícia da mudança de plano da Meg, sabidamente uma pessoa querida por muitos. Eu costumava discordar de muita coisa que ela dizia e tivemos ótimas discussões. Eu ria muito ao implicar com ela e durante bom tempo, trocamos vários e-mails onde ela tentava explicar seus pontos de vista. Mulher inteligente, amável e culta, certamente continuará mandando suas dicas, onde quer que esteja. Interrompi meu silêncio em função desse comentário do Ramiro, que aparentemente não entendeu o que aconteceu. Se fosse no meu blog, eu deletava. “For God’s sake!” Forte abraço.

Sergio Fonseca

Nossa, que tristeza. Obrigada pelo post. Eu não sabia de nada. Que a meg fique em paz.

Maria Fabriani

Milton, conheci a Meg há pouco tempo. Ela ia ao Bala de vez em quando e era sempre muito simpática. Eu soube através do Aomirante. Chocado é pouco para o que estou sentindo. Vou deixar um comentário lá abração

JULIO CESAR CORRÊA

Ah Milton… saudasdes da nossa amiga, de conversar com ela por telefone, por seu carinho, cuidado e brilho…. claro, vou homenageá-la dia 23, claro… beijo, querido

Quel

Que triste.

hermenauta

Será um de meus maiores arrependimentos da vida não me haver movido a tempo de conhecê-la em pessoa, ou “in natura” como lembro que disse a ela no primeiro e-mail que trocamos, já tentando driblar as barreiras de distância que a internet apenas muito ilusoriamente faz que dribla. Não só a voz nos trai, a nossa própria palermice o faz de modo ainda bem mais incisivo e dolorido…

[Anonymous]

Acabei de saber, Milton… Todos os que sabíamos da situação dela estávamos ciente de que poderia acontecer a qualquer hora. E isso todavia não significa o menor alívio ou consolo. Acho que só nos resta permanecer “remetidos à nossa própria sombra”, para citar o último post-homenagem do Paulo em “A voz que nos trai”. E até quando não sei.

Luigi

Recebi dois emails da Meg, datados de sábado, às 20h, um com “Take de walk on the wild side” (do Lou Reed que ela ama) e outro com “The passanger” (com o Bowie, sua outra paixão) – que abri e estava ouvindo agora quando entro no blog do Cals e soube. E agora? me fugiu o chão

claudio boczon

Algo que ela gostasse? O verbo, amor dela, amor nosso. Abre para tudo. Preito, sim, sem espartilho. Dia 23.

João Sedas Nunes

Caro Milton Deus-do-céu! Não quero acreditar em uma notícia dessas. Meg era queridíssima amiga. Foi em Belém, Milton? Ontem à noite? Que triste notícia, meu amigo. Vou colocar uma nota no blog do Globo. Abs Gravatá

Luiz Gravatá

Estou chocada e sinto muito. Mesmo.

Silvia Chueire

Oi, Milton, estou desolado! Nunca conheci a Meg pessoalmente, mas era como se a conhecesse. Sempre tivemos corpondências, via blogues ou e-mails, dos mais afetuosos. Pra mim, uma grande amiga, muito mais do que virtual. Fiquei “chapado” com essa notícia, sobretudo pela coragem e ânimo da Meguita, que sempre soube suportar sua doença de forma elevada. De tal forma que nunca a imaginei em alguma situação mais dolorosa. Dificil, dificilimo, escrever esse comentário! Muita tristeza! Abraço, desconsolado, amigo! fernando cals

fernando cals

A Indústria do Elogio e A Arte do Combate

Publicado em 9 de outubro de 2003

Ia escrever sobre o blog português O Meu Pipi, mas, por pura sorte, entrei antes no blog do Inagaki e vi que ele já o fizera. Fica prá próxima, pois assunto é o que não falta.

Sempre me preocupa o fato de que há um sistema de “compra de comentários elogiosos” na blogosfera. A coisa funciona assim: eu visito um blog e escrevo um elogio, então o recebedor do afago fica em dívida comigo e se obriga a retribuir minha visita; nesta ocasião, ele convenientemente se desmancha de amores por meu último post. É isto. Gosto muito de visitar blogs e de deixar comentários neles. Fico feliz quando abro qualquer de meus blogs preferidos e vejo que há post novo. Estou no esquema, mas tenho muitas restrições.

Vou fazer uma confissão: confesso que – algumas vezes – me comportei como Machado de Assis quando escrevia sobre as obras de seus amigos: busco algo de positivo nos posts que leio e deixo de lado o que me desgosta. E, quando não encontro nada de positivo, simplesmente vou embora. Não creio ter sido hipócrita a ponto de elogiar o que detestei ou o que não li. Mas já fiquei muitas vezes intrigado ao receber comentários laudatórios que ignoravam e até contrariavam a tese defendida por meu texto. Ou seja, os autores das pequenas notas não haviam lido o post… Isto é uma temeridade, pois o maior interessado em ler o comentário é a pessoa que mais conhece o post.

Voltando a meu assunto. A esmagadora maioria dos blogueiros só comenta para louvar. Entramos nos blogs alheios como se entrássemos numa sala de estar desconhecida e formal, onde devemos nos comportar com fineza. Temos apenas sorrisos para nossos anfitriões e, se eles cometem uma gafe, voltamos pudicamente o rosto para o lado. Só que não estamos entrando na sala de estar de outrem, o blog é um espaço público onde há exposição e pode haver, eventualmente, críticas. Qualquer um que se exponha está sujeito a críticas, seja ele artista, jogador de futebol ou blogueiro. Se não temos intimidade com o anfitrião, é natural que sejamos educados, agradáveis e indulgentes, mas não é muito natural mantermos esta postura para quem não está “fazendo sala” para nós, mas sim opinando, poetizando, fantasiando, inventando, criando. Isto é, ficamos sorrindo para um anfitrião que se comporta como um louco. Em quatro meses de blog, posso dizer que recebi apenas um comentário discordante, obra do citado Inagaki. Ele foi veemente ao defender uma opinião contrária à minha. Não houve ofensa, nem repercussão, apenas discordamos cordialmente e permanecemos amigos e leitores mútuos. Outro blogueiro, o Zadig, me confidenciou que evita deixar comentários quando não gosta do post, é uma opção que o protege da hipocrisia.

Já eu devo ter lido centenas de posts que achei detestáveis, mas somente combati quando percebia que o dono do blog era muito inteligente e aberto ao contraponto. Ousei discordar do genial Pro Tensão – e não aconteceu nada -, do Ladeira da Memória (que espero seja reativado logo) – e não aconteceu nada -, do Literatus – a Andréa até agradeceu a interferência e, dias depois, convidou-me para escrever um artigo para o site literário de uma de suas clientes -, etc. Ou seja, não precisamos viver da indústria do elogio. Nossos grupos de comentários se ampliarão ou diminuirão com ou sem eles.

Mas por que estou pensando nisto? Por analogia à obra que meu amigo Marcelo Backes – um imenso intelectual gaúcho que está morando na Alemanha – lançará nos próximos dias pela editora paulista Boitempo. Ele abandonou temporária ou definitivamente suas excelentes traduções de Kafka, Goethe, Heine, etc., e escreveu o livro “A Arte do Combate”. No ano passado, durante sua visita anual ao Brasil, ele me comentou que julgava asquerosa a forma como os escritores gaúchos falavam da genialidade de seus colegas, por literariamente díspares e intimamente hostis que fossem. Não interessa a obra, o escritor X publica elogios rasgados a Y e fica esperando que venha a contrapartida. Um dia ela virá. Backes recusa-se a participar deste esquema, pois a eliminação da crítica e da pluralidade de opiniões não servem à literatura e só se justificam para enganar o público, fazendo-o comprar obras de segunda categoria. Na Alemanha, segundo Backes, a coisa é muito diferente. Os escritores combatem por suas opiniões e o resultado é uma das melhores literaturas da Europa, certamente muito acima da francesa e italiana, por exemplo. Não sou ingênuo a ponto de achar que apenas isto crie uma grande literatura, mas acredito que eventuais “combates” entre seus protagonistas não a prejudiquem.

Um resgate para o qual talvez não tenha tempo, nem saco

Não se trata de um passado tão remoto assim, são coisas que escrevi entre 2003 e 2007, mas sei que vou perder meus textos antigos da Verbeat. Meu ultracharmoso ex-condomínio vai acabar no final do ano e, apesar de meu ex-blog não estar mais no ar, há ainda mais de 280 posts lá. Tem muita porcaria, muita coisa que só teria valor naquele contexto, mas eu deveria dar uma revisada antes do tsunami.

Mas, sabe, que preguiça!

A volta do "Ao Mirante, Nelson!"

Logo após Idelber Avelar, temos o retorno de Nelson Moraes à blogosfera. Eram e são meus blogs preferidos. O leiaute do novo Ao Mirante desagrada a este daltônico, mas a verdade é que só me importo mesmo com os textos. Vai para o Google Reader já.

E, para lembrar do cerrado, não esqueçam que Charlles Campos agora tem o seu.

P.S. — Estou absolutamente puto da vida. Cheguei ao trabalho com um monte de coisas para imprimir e a geringonça impressora não sai do offline. Estou louco para reinstalar tudo e perder duas horas enquanto o suporte dorme…

Charlles Campos passa de pedra a vidraça

Um dos maiores e mais queridos comentaristas deste sítio acaba de abrir um blog. Mas espero que ele continue assíduo e pedra neste local. Bem, sem maiores delongas, AQUI está ele em toda sua amplitude de vidraça. Visitem-no! Não esqueçam que as visitas e os comentários são nosso melhor combustível.

Longa vida ao novo blog!

A Autocensura

Post publicado em 24 de maio de 2007 e republicado agora com adaptações e cortes. É que ontem soube de mais um processo de separação que utiliza como provas o conteúdo de um blog. Desta vez de uma mulher. Quando publiquei este post, recebi dois comentários que achei notáveis e os publico ao final do post.

A moda está pegando. Como todos os posts confessionais dizem a verdade (?); então qualquer advogado lê um texto que escrevemos e o utiliza num processo familiar. Mas não é bem assim. Acreditar em nós é perigoso por várias razões.

A primeira razão é a mais humana: num texto confessional e mesmo naqueles de aparência visceral, o blogueiro ou escritor está publicando o que decidiu publicar. Os posts são seletivos como nossa memória, que arquiva os acontecimentos com alterações que podem deixá-los no formato de livros com belas capas para serem colocados na estante — podendo descer dela a qualquer momento — , ou ficam impressos com sangue, lágrimas ou lama para reaparecerem quando do Grande Ressentimento ou da Grande Irritação. Há infinitas formas de arquivamento, tudo depende do caso contado e da personalidade e honestidade de quem conta. E vêm misturados com sentimentos. Não são como os antigos diários, são diários ou textos ou ficções ou resenhas ou crônicas para serem expostas e, portanto, recebem tintas de exagero, contenção, poesia, educação, correção, escatologia, putaria, etc. Respondam: são prova de alguma coisa? Não há outro modo de se produzir provas?

Uma vez, estava no telefone conversando com o Carpinejar e lamentei sinceramente alguns graves problemas que o poeta tinha relatado em seu blog. Ele me respondeu:

— Problemas? Que problemas?
— Pô, cara. Aqueles lá com a tua mulher.

Ele ficou hesitante e, inesperadamente, estourou numa gargalhada. Depois, respondeu:

— Então, tu acreditaste naquilo? — disse ainda rindo.
— Mas…
— Milton, é tudo mentira. Teve gente que me ligou, ligaram até para a minha mãe perguntando. É normal, já aconteceu muitas vezes. Eu uso pessoas da vida real, só que as histórias são inventadas.

Se houver difamação é outro problema — e isso o Fabrício não fez. Estamos aqui discutindo a veracidade de textos que estão entrando em processos judiciais. Por quê?

Anteontem, uma amiga que descreve seus casos amorosos num blog foi acusada de puta e vagabunda num processo. O pai de seu filho quer a guarda da criança. As provas? Ora, os poemas e textos publicados em seu blog, que narram “experiências diárias”. Piada, né? Suas experiências diárias ocorrem na frente do computador, sozinha, insone, enquanto o filho dorme. Senão não passaria tantas horas no twitter…

De minha parte, já falei o que considerava as maiores verdades, procurando ser frio, claro e racional, mas também já casei com Juliette Binoche (nosso caso era puro sexo e durou anos, nunca tivemos problemas, apesar de eu não falar francês), já mantive diálogos com outros Miltons que eram eu mesmo, só que uns anos antes ou depois e ,ah, no meu aniversário do ano passado estava namorando Sophie Marceau, lembram? (Sempre o problema do francês, merde!) É claro que estou utilizando exemplos extremos nos quais só um idiota acreditaria, porém como ficam os casos intermediários, aqueles em que as confissões são romanceadas com jeito e cheiro de verdade, mas que talvez sejam apenas desejadas?

Minha ex fez isso num processo. Lá, havia trechos escolhidos deste blog. Em um deles, o mais importante, meu filho protege sua mãe de mim. Estou a sós com ele. Duas frases são trocadas num post sobre rock. Eu começo a falar mal de Pâmela (ou Suélen, não lembro) e ele interrompe dizendo que aqueles são problemas nossos. Só. Era uma forma de mostrar que o Bernardo sabia das coisas. Ele sabe mesmo e minha intenção apareceu nos comentários dos leitores: disseram que ele tinha mais bom senso do que eu. Porém, no processo, foi uma atitude de mau pai… Claro, tive de responder com o blog inteiro, com todos os posts. Na metade do ano passado eram mais de mil páginas. Muita gente sabe de minhas opiniões sobre Suélen (ou seria Pâmela?), mas não sou louco de preencher a vida de meus filhos com reclamações contra sua mãe. Eles me detestariam. (A propósito, as mulheres do “Porque Hoje é Sábado” foram para o juiz? O doutor achou essa aqui gostosinha?)

Bem, mas há mais: o fato de manter um blog “bem montado” – expressão de sua advogada – seria prova de que passo muito tempo trabalhando nele e, se acrescentarmos a isto algumas viagens que faço, pronto!, chegamos à conclusão de que tenho largo tempo livre e um estilo de vida, digamos, confortável. Lendo aquilo, senti-me como um malandro da velha guarda carioca.

Cervantes reclamava que não lhe davam muito dinheiro, mas admite que, se lhe dessem, iria se divertir mais e escrever menos. Queixava-se que seus mecenas sabiam disso e o mantinham à mingua. Interessante. (Oh, sei. Comparar Milton Ribeiro e Miguel de Cervantes é caso de internação.)

Neste ínterim, tenho exercitado a autocensura. O blog piorou, também sei. Entre alterar meu texto em função de um advogado e não publicá-lo, tenho escolhido a segunda opção. Então substituo o post previsto por algo sobre futebol ou tiro sarro da Igreja Católica. Afinal, o Papa não pára de dizer besteiras nem o Inter de fazê-las. Permanecerão no micro até não sei quando. Ou será que tudo isto é mentira e não tenho textos por publicar nem ex-esPosa? (Pronunciem esPosa com pê cuspido, por favor.)

E agora, publico este ou não? Assim mesmo, cheio de parênteses?

Comentário do Dr. Claudio Costa:

Já aprendi – com Lacan, veja só! – que o significado do que se diz é dado por quem escuta e não por quem fala. Freud, muito antes, já descobrira que a chave da interpretação está com o analisando, não com o analista. Este, quando não atrapalha, oferece a escuta e… aí o analisando diz e exclama: -“Eu sabia!”. Assim vivemos: num mundo imaginário onde até mesmo a imagem de si mesmo é constructo imaginário, putz! Por isso acredito piamente em TUDO que você escreve – o que é a mesma coisa que dizer: “não acredito em NADA” disso.

Comentário de Maria Elisa Guimarães, a Meg:

MILTON, Olha, não entendo de muita coisa, mas algumas, as de que vou falar aqui, pelo menos, ENTENDO e não é POUCO, entendo muitíssimo. 1- Muito embora, hoje em dia, um email seja aceito com prova num processo e qualquer bom advogado já saiba disso – felizmente, ainda não mudou absolutamente NADA, a respeito da questão da VEROSSIMILHANÇA, conceito este que não significa e à vezes é muito diferente da VERDADE ou pelo menos da *relação* desta com a realidade.. 2- Textos literários ou poéticos trabalham com o simulacro, (e muita gente desconhece o real sentido dessa palavra) e não com fatos. O *simulacro* , grosseiramente simplificando, é a MÍMESE, uma espécie de representação livre do que se viu ou se vê na realidade. Nesse caso, seria muito bom que todo mundo lesse as tragédias gregas. Há muito o que aprender lá. Por outro lado, uma crônica, um conto, um romance, ou um texto que se pretenda literário, tanto que se publica, não é notícia , é literatura!! Boa ou má, mas sempre literatura e não jornalismo investigativo. Nem depoimento. 3- E mais uma coisa, e disso entendo mais ainda: o “mundo não é dos inocentes”, e definitivamente, “justiça é balela, é conto de fadas”. Parece, só parece, pelo que tenho visto, na História antiga ou recente, que sai-se melhor SEMPRE quem está ou ao lado dos poderosos ou ao lado de quem lhe oferece mai$$$. Ou dos que parecem poder oferecer. Espero que te saias muito bem nesse caso que já se arrasta (e estou falando na condição de leitora e portanto quem lê teu blog sabe algo sobre esse caso, pelo menos o que permitiste que soubéssemos). Um dia as chateações todas acabam! Um dia tudo acaba. E de preferência, antes que nos tornemos ressentidos ou amargos. Solidarizo-me contigo: eu sei o que é a injustiça: dá vontade de morrer. Um beijo M.

Absurdo do dia: Felipe Vieira processa o jornalista e blogueiro Marcelo Träsel

Eu sugiro que, hoje ou qualquer dia desses, vocês liguem o rádio na FM 99.3 ou, mais exatamente, na Band News de Porto Alegre, entre as 9 e 11h, de segunda a sexta. Há um programa apresentado pelos jornalistas Felipe Vieira e Diego Casagrande. É um programa muito ruim, pobre de ideias, miserável mesmo. Os dois amigos ficam trocando piadinhas espertas, comentando notícias, fazendo entrevistas, sendo que Felipe Vieira, de voz grave e baixos profundos, não abre muito a boca para falar; sua voz é uma espécie de ronco. O conteúdo é aquele conhecido de quase todas as emissoras gaúchas: a confusa defesa dos governos Fogaça e Yeda e ataques Millenium styled.

Talvez Marcelo Träsel — que além de jornalista é professor e coordenador da especialização em Jornalismo Digital da Famecos/PUCRS — , tenha exagerado se chamou Felipe Vieira de canalha e o acusou de participar de tramoias. Se tiver provas, tudo bem, mas será que tem? Observando os patrocínios do site de Felipe — uma nada sedutora espécie de clipping — , nota-se que há a Prefeitura de Porto Alegre, o Simers (Sindicato médico), o Sistema Farsul, o Sindicato de Lojistas e o CDL. Parece que há outros, não me detive. É engraçado, a Prefeitura e a Farsul patrocinam um jornalista que aprova suas atuações e isto forma uma espécie de faixa própria.

Acredito ter ouvido uma entrevista de Felipe Vieira com Carlos Sperotto (presidente do Sistema Farsul – Federação de Agricultura do Estado) em que o apresentador e o entrevistado tratavam-se como amigos, mantendo com dificuldade uma pauta objetiva — ou talvez tenha sido no programa de Lasier Martins, eu estava dirigindo, mais atento ao tráfego. Quando falo em “Faixa própria”, quero demonstrar o seguinte modus operandi: Felipe entrevista Carlos para gáudio dos poucos ouvintes do programa, os quais certamente concordam com o conteúdo dos comentários do primeiro. Não conseguem, desta forma, espraiar muita coisa, a não ser entre quem concorda com o jornalista. É o de sempre. Eles pensam estar polinizando qualquer coisa, a gente finge que está atento.

Aqui está o conteúdo do processo contra Marcelo Träsel. É uma besteira, uma coisa que deveria ser respondida ao vivo ou discutida num telefonema ou por e-mail, mas alguns acham melhor intimidar com indenizações. Injúria? Ora, basta ler as notícias pinçadas pelo clipper de Vieira… Aquela simples escolha também não constitui injúria? Ah, é jornalismo? Tá bom. Porém, o principal problema parece estar localizado na frase “jornalista processar jornalista é coisa de maricas”. Esta configuraria “abuso da liberdade de expressão”. Meus caros, na minha opinião, isto é ofensa de sexta série do Ensino Fundamental, nunca difamação.

E vou trabalhar.