Música para mal formados

Hoje, acompanhei pelo twitter uma discussão sobre música que me deixou curioso, tanto que procurei ouvir aquilo do qual falavam com tanta reverência. Peço desculpas a quem reconhecer a discussão, mas a música discutida era primária. Não vou entrar nessa de avaliar se era boa ou ruim, provocativa ou new age, monótona ou intrigante; vou apenas dizer que era constrangedoramente simples.

Haydn e Bruckner eram também assim só que na vida civil. Os registros históricos tratam de Haydn — um gênio que chegou a inventar novas formas musicais, como o quarteto de cordas — como um bobo alegre. Já sobre Bruckner, que faleceu ao final do século XIX, temos informações certeiras. Era um carola que não sabia nada do mundo, era meio tolo mesmo, mas ouvir suas sinfonias e achar seguir achando o cara simples é impossível! O cara era, do ponto de vista musical, de complexidade e profundidades abissais. Então, penso que haja uma inteligência específica voltada à musica. Esta transcende gêneros, pois, por exemplo, Frank Zappa foi roqueiro brilhante, Charlie Mingus um jazzísta e Steve Reich… O que faz mesmo Steve Reich?

Desculpe se pareço nojento ou elitista, normalmente sou mais gentil, mas é que quedei-me boquiaberto que aqueles escritores ficassem abobalhados por músicas que, antes de revelarem determinadas etnias, vivências ou culturas, demonstravam estruturas que tornariam qualquer frase SVO (Sujeito-Verbo-Objeto) digna de estudos. OK, tudo é diversão. Também acho. Só que a gente pode se divertir com Bergman ou Zé do Caixão, com Coetzee ou Paulo Coelho. São escolhas, vivências e cultura. Mas, engraçado, não consigo imaginar um papo semelhante entre escritores argentinos, ingleses, portugueses ou, pior, alemães. E tenho certeza de que isto é muito, mas muito significativo.

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Armando`s Rhumba e algumas das Children Songs, de e com Chick Corea

Quando surgiu em 1976 no álbum duplo My Spanish Heart, Armando`s Rhumba tinha solo de piano (Corea) e violino (Grappelli), acompanhamento de baixo e bateria e ainda palmas. É impossível pedir a um músico de jazz que mantenha uma composição tal como o original. Com os anos, a parte “rumba” foi ficando cada vez mais breve e Corea foi colocando uma introdução maior e diminuindo o tamanho do resto. Hoje, a rumba quase inexiste, Armando`s Rhumba é totalmente outra coisa mas permanece boa de ouvir. Acho legal a cara dos músicos quando, após a execução, levantam satisfeitos com jeito de “mandei bem”. Corea faz essa cara no filme abaixo.

No seguinte, algumas das Children Songs com Chick Corea e Gary Burton (vibrafone). Vale a pena assistir até o fim. Afinal, em minha opinião, só essas miniaturas bastam para enfrentar as obras de Philip Glass e Michel Nyman — os Paulo Coelhos da música erudita atual — , os quais costumam ser tratados com incompreensível indulgência. Para comprovar, confira a Children Song que começa a 7min55.

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Sentimental, de Chico Buarque, com Maria de Medeiros

Às vezes, leio por aí uns Top 5 ou Top 10 das canções de Chico Buarque. Não lembro de ter lido Sentimental dentre as muitas escolhas. Porém, eu faria questão de colocá-la numa lista minha. Profundamente original, de melodia alongada e sem estribilho, Sentimental tem uma daquelas inspiradas letras femininas de Chico, desta vez metamorfoseado numa morena clara, atraente e sentimental menina de 16 anos. Uma joia!

A interpretação da portuguesa Maria de Medeiros perde fácil para o original de Zizi Possi, mas é tão curiosa — principalmente na repetição discursiva de letra em francês — que vale a pena conferir.

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Kammermusik, de Paul Hindemith

A série Kammermusik, de Paul Hindemith (1895-1963), tem estrutura semelhante aos 6 Concertos de Brandenburgo de Bach. Só que aqui são 7 Concertos de Câmara para os mais variados instrumentos. A Kammermusik Nº 1, Op.24 n.1 para 12 instrumentos solo (1921) é o cartão de apresentação do que virá em termos de inventividade. Notem, estamos em 1921. Hindemith já é parodístico como grande parte da música do século XX, mas sua sintaxe é barroca, contrapontística.

A seguir, a Kammermusik Nº 1 completa:

1º mvto: Sehr Schnell und Wild
2º mvto: Maessig Schnell Halbe
3º mvto: Quartett: Sehr Langsam und mit Ausdruck

Royal Concertgebouw Orchestra
Riccardo Chailly.

Os filmes apresentados são os seguintes:

“Le Retour a la Raison” di Man Ray (1923)
“Emak-Batik” di Man Ray (1926)
“Anemic-Cinema” Di Marcel Duchamp (1926)
“La Tour” di Rene Clair (1927)

4º movimento da Kammermusik Nº 1.

Obrigado, Wellesz!

Muito mais nervosa é a Kammermusik Nº 5, um vertiginoso Concerto para Viola, cujo primeiro movimento coloco abaixo…

San Francisco Conservatory of Music Orchestra

Jodi Levitz, viola
Andrew Mogrelia, conductor

e, para terminar, o segundo movimento acompanhado de imagens que não sei se agradariam ao autor:

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Custo a acreditar que seja verdade, mas parece que é…

(Atualização feita 30 minutos após a postagem: trata-se mesmo de uma piada. Fica como registro.)

José Serra não gosta de mulher?

Engraçado, os tucanos já gostaram. O FHC tem até dois filhos fora do casamento… O que será que houve ?

Muito engraçado o post do Blog da Dilma:

Tucano não gosta de mulher

Representantes do PSDB nacional entraram semana passada junto ao TSE com um pedido de proibição da música “Eu gosto de mulher”, da banda paulistana Ultraje a Rigor, durante o período de campanha eleitoral.

A música, que fez sucesso a partir do final dos anos 80, faz em determinado momento a seguinte citação: “Mulher dona-de-casa, mulher pra presidente”.

O partido acredita que a música caracteriza propaganda para a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, principal concorrente do partido tucano, e deve ser proibida de tocar nas rádios brasileiras durante o período de eleição.

“É um absurdo, temos que ficar de olho neste tipo de propaganda discreta” – disse Sérgio Guerra, presidente do PSDB – “é preciso ter atenção, pois detalhes como este ficam na mente do eleitor e influenciam no momento do voto”, completou em tom repreendedor.

Caso não consiga vetar a reprodução da música nas rádios, o partido pretende sugerir a substituição da frase por outra que não faça apologia a nenhum candidato – ou candidata – que dispute as eleições deste ano.

O PT se manifestou dizendo que não tem nenhuma ligação com a banda. Em nota à imprensa, o partido do presidente Lula e da candidata Dilma diz se tratar “de uma feliz coincidência”.

A música, que tem mais de 20 anos e fez sucesso a partir do final dos anos 80, faz em determinado momento a seguinte citação:

Não fosse por mulher eu nem era roqueiro
Mulher que se atrasa, mulher que vai na frente
Mulher dona-de-casa, mulher pra presidente…..

Fala Sérgio Guerra, isso que é ter medo de (ou da) mulher…

Com solo roubado de Khatchaturian (Dança dos Sabres)…

Em resposta, o PT deveria pedir a proibição desta marchinha de Carnaval…

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Biko, de Peter Gabriel

Eu, soterrado em minha profunda ingenuidade, pensei que o show de abertura da Copa pudesse conter o hino mais importante anti-apartheid das manifestações. Mas a época é de Shakira e não de canções politizadas. Abaixo, a letra de Biko, inspirada no assassinato do ativista Steve Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 – 12 de setembro de 1977). O show de Peter Gabriel (abaixo) é de 1986.

Biko

September ’77
Port Elizabeth weather fine
It was business as usual
In police room 619
Oh Biko, Biko, because Biko
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

When I try to sleep at night
I can only dream in red
The outside world is black and white
With only one colour dead
Oh Biko, Biko, because Biko
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

You can blow out a candle
But you can’t blow out a fire
Once the flames begin to catch
The wind will blow it higher
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

And the eyes of the world are
watching now
watching now

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Que orquestra! Fico taquicárdico.

São fragmentos, mas que fragmentos! Abaixo, a Orquestra Filarmônica de Berlim, regida por Pierre Boulez, dá um show no Finale da Música para Cordas, Percussão e Celesta de Béla Bartók.

E aqui, com Hélène Grimaud ao piano e sob a regência de Tugan Sokhiev, no Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior de Maurice Ravel:

Aqui, com o regente titular Simon Rattle, parte do Finale da Sinfonia Nº 1 de Brahms (notem sua felicidade ao reger uma das melodias mas belas jamais compostas e que foi utilizada no Fausto de Mann):

Novamente com Rattle na Sinfonia Nº 10 de Shostakovich:

E com Gustavo Dudamel na Sinfonia Nº 5 de Prokofiev:

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Três peças de Carl Philipp Emanuel Bach

Hoje, há um belo esforço para a recuperação de C. P. E. Emanuel Bach como um dos principais compositores da história da música. Ele não tinha as qualidades de papai Johann Sebastian, um verdadeiro semideus, mas merece figurar nas mais exclusivas galerias. Carl Philipp foi imenso e imensamente injustiçado. Certamente, o motivo disto é o de ostentar o nome Bach e ser menor… Mas quem não é filho de Bach e menor?

Encravado naquele estranho período — o barroco tinha acabado e Haydn e Mozart ainda não tinham definido o “novo estilo clássico” — Carl Philipp demonstra notável originalidade e até antecipa Beethoven em seus temas curtos e afirmativos.

Abaixo, o registro de dois concertos. No primeiro, Christopher Hogwood dirige o Collegium Bach de Munique e o violoncelista David Adorjan em um Concerto para Violoncelo e Orquestra.

No segundo, a Orquestra Barroca e Coro da Universidade de Innsbruck mostra uma face bem bachiana deste Bach “menor”.

E aqui a linguagem já muda bastante. Estamos fora do barroco. Trata-se do oratório Die Auferstehung und Himmelfahrt Jesu com La Petite Bande, dirigida por Sigiswald Kuijken. O cantor é Stephan Genz.

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Celebridades

Curioso o post de Augusto Maurer sobre celebridades na música. Achei cômica a frase de Mick Jagger que pode ser encontrada nos links do post: “Éramos jovens, bonitos e estúpidos. Agora somos só estúpidos”.

Jagger, assim como Paul McCartney, já disse que fazer rock é a coisa mais fácil que há no mundo. E eu acredito que seja mesmo. Eles entram na categoria dos que se consideram superestimados, enquanto que os artistas “de raiz” orgulham-se de serem mais ou menos obscuros e outros têm personal networkers (fabricantes de onipresença e de factóides em escala industrial).

Muito me surpreende o interesse do Augusto sobre o assunto. Ele — que é primeiro clarinetista da OSPA e professor universitário na UFRGS — é certamente o amigo mais inteligente que tenho ao vivo e a cores. Quando com ele, tenho sempre a impressão de que ele já entendeu o que recém estou introduzindo na conversa. E que já discordou ou não. E que já concebeu do quase nada uma teoria maior e para mim inatingível a respeito. Nunca pensei que ele se interessaria por isto.

Lily Allen: a que se considera “uma bobagem”. Provavelmente é mesmo.

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J.S. Bach: Sonatina da Cantata BWV 106 "Actus Tragicus"

Para Ralf Rickli

Uma das coisas mais simples e belas que conheço. Em versão para piano a quatro mãos:

E no arrebatador formato original, com duas flautas doces e orquestra:

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3º Concerto de Brandenburgo de J.S. Bach

Não requer justificativa nem explicação. Interpretação da Orquestra Barroca de Freiburg, sob a direção musical de Gottfried von der Goltz — no vídeo, o terceiro violinista à esquerda. É um dos melhores grupos barrocos da atualidade. Não estranhem o adágio de 13 segundos, é assim mesmo. Creio que Bach não quis interromper a verve rítmica dos movimentos externos e… Por favor, quem sou eu (ou nós) para criticá-lo?

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Béla Bartók – Danças da Romênia

Para uma plateia agitada e feliz, ao ar livre, em Amsterdam, Janine Jansen mostra seu virtuosismo neste série de belas danças do folclore romeno, recolhidas do esquecimento e rearranjadas por Bartók. Não esqueçam que Bartók, um de meus três compositores preferidos — os outros são Bach, Brahms e Beethoven — foi um grande pesquisador e o fundador da etnomusicologia. A inspiração cigana pega fundo em quem nasceu na Transilvânia, quando esta era húngara.

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Adágio da Sonata K. 332 de Mozart e Masterclass da genial Maria João Pires

Não há boas ou más versões, elas são todas más porque não representam nem 1% do que é a música, elas são só uma ideia do que podemos fazer.

Maria João Pires, no início da masterclass abaixo

A portuguesa Maria João Pires é uma grande mestra do repertório clássico e romântico. Após ouvir suas interpretações, fico pensando no quanto ela, Maurizio Pollini e Nelson Freire já acrescentaram a um repertório visitado por todos os monstros do passado, e que apenas são mais formidáveis pelo fato de terem morrido.

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Gustav Mahler – Sinfonia Nº 3 (Finale)

A Sinfonia Nº 3 de Mahler é a que mais gosto da série. Também é a mais longa, mas não a que usa maior efetivo orquestral. Mesmo assim a orquestra é imensa, exigindo, por exemplo, as 8 trompas que dão início à Sinfonia. Apresento aqui a parte final do Finale (6º movimento: “O que me diz o amor”) com o regente da moda, o venezuelano Gustavo Dudamel. A Dudamania é um fenômeno do YouTube, mas não é demérito nenhum para o maestro, que tem enorme carisma e é excelente. A orquestra é a do La Scala de Milão. Neste excerto, fica claro o estilo de Mahler de alternar grandes massas orquestrais com rarefeitos episódios solistas. É lindo.

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Stravinsky e Pergolesi na OSPA

Tudo certo na Suite Pulcinella. Boa música de Stravinsky sobre temas de Pergolesi, orquestra animada, a pequena plateia feliz, divertindo-se.  Já no Pergolesi não. O efetivo enorme tornava o cravo e, às vezes, o sonolento soprano (sim, é substantivo masculino) inaudíveis. E sono pega, é incrível, apesar do bom desempenho de Angela Diel. Pessoal, quase toda música barroca é de câmara, Pergolesi incluído. A sonoridade pesada impedia que espreitássamos o Stabat Mater. Mais delicadeza, gente, por favor.

Delicadeza e sabor houve no excelente Bóris (esquina da Osvaldo Aranha com Santo Antônio). Idem, na conversa com o chef Pepe Laytano.

Programa de ontem:

I. Stravinsky/G. B. Pergolesi – Suite Pulcinella
II. G. B. Pergolesi – Stabat Mater

Elisa Machado (soprano)
Angela Diel (mezzo-soprano)
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre
Guilherme Bernstein, regente

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Meu caro amigo, as coisas estão melhorando

Por Daniel Cariello e Thiago Araújo, da revista Brazuca | Foto: Jorge Bispo

“Se tiver bola, eu dou a entrevista”. Essa foi a única exigência do nosso companheiro de pelada, Chico Buarque, numa caminhada entre o metrô e o campo. Uma bola. E eu acabara de informar que o dono da redonda não viria à pelada de quarta-feira. Éramos dez amantes do futebol, órfãos.



Sem saber se esse era um gol de letra dele para fugir da solicitação de seus parceiros jornalistas, ou uma última esperança, em forma de pressão, de não perder a religiosa partida, eu, que não creio, olhei para o céu e pedi a Deus: uma pelota!

Nada de enigma, oferenda ou golpe de Estado. Ele estava ali, o cálice sagrado da cultura brasileira, que sucumbiu ao ver não uma, mas duas bolas chegarem à quadra pelas mãos de Mauro Cardoso, mais conhecido como Ganso. A partir daí, nada mais alterou o meu ânimo e o da minha dupla de ataque-entrevista, Daniel Cariello. Apesar de termos jogado no time adversário do ilustre entrevistado, tomado duas goleadas consecutivas de 10 x 6 e 10 x 1, tínhamos a certeza de que ele não iria trair dois dos principais craques do Paristheama, e sua palavra seria honrada.

Mas o desafio maior não era convencer o camisa 10 do time bordeaux-mostarda parisiense a ceder duas horas de sua tarde ensolarada de sábado. O que você perguntaria ao artista ícone da resistência à ditadura, parceiro de Tom Jobim, Vinicius de Morais e Caetano Veloso, escritor dos best sellers “Estorvo”, “Benjamin”, “Budapeste” e “Leite Derramado”, autor de “A banda”, “Essa moça tá diferente”, “O que será”, “Construção” e da canção de amor mais triste jamais escrita, “Pedaço de mim”?

Admirado e amado por todas as idades, estudado por universitários, defendido por Chicólatras, oráculo no Facebook, onipresente nas manifestações artísticas brasileiras – sua modéstia diria “isso é um exagero”, mas sabemos que não é –, sua reação imediata ao ser comparado a Deus foi “em primeiro lugar, não acredito em Deus. Em segundo, não acredito em mim. Essa é a única coisa que pode nos ligar. Então, pra começo de conversa, vamos tirar Deus da mesa e seguir em frente”.

Enfim, ainda não creio que entrevistamos Deus, quase sem falar de Deus. Mas foi com ele mesmo que aprendi uma lição, talvez um mandamento: acreditar em coisas inacreditáveis. (Thiago Araújo)


Você assume que não acredita em Deus, mas existem trechos nas suas músicas como “dias iguais, avareza de Deus” ou “eu, que não creio, peço a Deus”. No Brasil, é complicado não acreditar em Deus?

Eu não tenho crença. Eu fui criado na Igreja Católica, fui educado em colégio de padre. Eu simplesmente perdi a fé. Mas não faço disso uma bandeira. Eu sou ateu como o meu tipo sanguíneo é esse.

Hoje há uma volta de certos valores religiosos muito forte, acho que no mundo inteiro. O que é perigoso quando passa para posições integristas e dá lugar ao fanatismo. O Brasil talvez seja o pais mais católico do mundo, mas isso é um pouco de fachada. Conheço muitos católicos que vão à umbanda, fazem despacho. E fica essa coisa de Deus, que entra no vocabulário mais recente, que me incomoda um pouquinho. Essa coisa de “vai com Deus”, “fica com Deus”. Escuta, eu não posso ir com o diabo que me carregue? (Risos). Tem até um samba que fala algo como “é Deus pra lá, Deus pra cá – e canta – Deus já está de saco cheio” (risos).

Você já foi em umbanda, candomblé, algo do tipo?

Já, eu sou muito curioso. A mulher jogou umas pipocas na minha cabeça, sangue, disse que eu estava cheio de encosto. Eu fui porque me falaram “vai lá que vai ser bom”. Passei também por espíritas mais ortodoxos, do tipo que encarnava um médico que me receitou um remédio para o aparelho digestivo. Aí eu fui procurar o remédio e ele não existia mais. O remédio era do tempo do médico que ele encarnava (risos).

Já tive também um bruxo de confiança, que fez coisas incríveis. Aquela música do Caetano dizia isso muito bem, “quem é ateu, e viu milagres como eu, sabe que os deuses sem Deus não cessam de brotar.” Eu vi cirurgias com gilete suja, sem a menor assepsia, e a pessoa saía curada. Estava com o joelho ferrado e saía andando. Eu fui anestesista dessa cirurgia. A anestesia era a música. O próprio Tom Jobim tocava durante as cirurgias. Eu toquei para uma dançarina que estava com problema no joelho. Ela tinha uma estreia, mas o ortopedista disse “você rompeu o menisco”. Ela estreou na semana seguinte, e na primeira fila estavam o ortopedista e o bruxo (risos).

Uma vez, estava com um problema e fui ao médico. Ele me tocou e não viu nada. Aí eu disse “olha, meu bruxo, meu feiticeiro, quando ele apertava aqui, doía”. Ele começou a dizer “mas essa coisa de feitiçaria…” e atrás dele tinha um crucifixo com o Cristo. Daí eu perguntei “como você duvida da feitiçaria, mas acredita na ressurreição de Cristo?”. Eu acho isso uma incongruência. Gosto de acreditar um pouco nisso, um pouco naquilo, porque eu vejo coisas inacreditáveis. Eu não acredito em Deus, acredito que há coisas inacreditáveis.

De vez em quando você dá uma escapada do Brasil e vem a Paris. Isso te permite respirar?

Muito mais. Eu aqui não tenho preocupação nenhuma, tomo uma distância do Brasil que me faz bem. Fico menos envolvido com coisas pequenas que acabam tomando todo o meu tempo. Aqui, eu leio o Le Monde todos os dias, e fico sabendo de questões como o Cáucaso, os enclaves da antiga União Soviética, que no Brasil passam muito batidos. O Brasil, nesse sentido, é muito provinciano, eu acho que o noticiário é cada vez mais local.

Meu pai, que era um crítico literário e jornalista, foi morar em Berlim no começo dos anos trinta. Foi lá, onde teve uma visão de historiador, de fora do país, que ele começou a escrever Raízes do Brasil, que se tornou um clássico. A possibilidade de ter esse trânsito, de ir e voltar, eu acho boa. É como você mudar de óculos, um para ver de longe e outro para ver de perto.


Nesse seu vai e vem Brasil-França, o que você traria do Brasil para a França, e vice-versa?

Eu traria pra cá um pouquinho da bagunça, da desordem. Os nossos defeitos, que acabam sendo também nossas qualidades. O tratamento informal, que gera tanta sujeira, ao mesmo tempo é uma coisa bonita de se ver. Você tem uma camaradagem com um sujeito que você não conhece. Aqui existe uma distância, uma impessoalidade que me incomoda.

Para o Brasil, eu gostaria de levar também um pouco dessa impessoalidade. Da seriedade, principalmente para as pessoas que tratam da coisa pública. Não que não exista corrupção na França.

Outra coisa que eu levaria pra lá é o sentimento de solidariedade, que existe entre os brasileiros que moram fora. Isso eu conheci no tempo que eu morava fora, e vejo muito aqui através das pessoas com as quais convivo. Eles se juntam. Como se dizia, “o brasileiro só se junta na prisão”. Os brasileiros também se juntam no exílio, na diáspora.

Falando em exílio, tem uma história curiosa de Essa moça tá diferente, a sua música mais conhecida na França.

É. A coisa de trabalho (N.R.: na Itália, onde Chico estava em exílio político, em 1968) estava só piorando e o que me salvou foi uma gravadora, a Polygram, pois minha antiga se desinteressou. A Polygram me contratou e me deu um adiantamento. E consegui ficar na Itália um pouco melhor. Mas eu tinha que gravar o disco lá. Eu gravei tudo num gravador pequenininho. Um produtor pegou essas músicas e levou para o Brasil, onde o César Camargo Mariano escreveu os arranjos. Esses arranjos chegaram de volta na Itália e eu botei minha voz em cima, sem que falasse com o César Camargo. Falar por telefone era muito complicado e caro. Então foi feito assim o disco. É um disco complicado esse.


Você acabou de citar o
Le Monde. Para nós, que trabalhamos com comunicação, sempre existiu uma crítica pesada contra os veículos de massa no Brasil. Você acha que existe um plano cruel para imbecilizar o brasileiro?

Não, não acredito em nenhuma teoria conspiratória e nem sou paranoico. Agora, aí é a questão do ovo e da galinha. Você não sabe exatamente. Os meios de comunicação vão dizer que a culpa é da população, que quer ver esses programas. Bom, a TV Globo está instalada no Brasil desde os anos 60. O fato de a Globo ser tão poderosa, isso sim eu acho nocivo. Não se trata de monopólio, não estou querendo que fechem a Globo. E a Globo levanta essa possibilidade comparando o governo Lula ao governo Chavez. Esse exagero.


Você acha que a mídia ataca o Lula injustamente?

Nem sempre é injusto, não há uma caça às bruxas. Mas há uma má vontade com o governo Lula que não existia no governo anterior.

E o que você acha da entrevista recente do Caetano Veloso, onde ele falou mal do Lula e depois acabou sendo desautorizado pela própria mãe?

Nossas mães são muito mais lulistas que nós mesmos. Mas não sou do PT, nunca fui ligado ao PT. Ligado de certa forma, sim, pois conheço o Lula mesmo antes de existir o PT, na época do movimento metalúrgico, das primeiras greves. Naquela época, nós tínhamos uma participação política muito mais firme e necessária do que hoje. Eu confesso, vou votar na Dilma porque é a candidata do Lula e eu gosto do Lula. Mas, a Dilma ou o Serra, não haveria muita diferença.

O que você tem escutado?

Eu raramente paro para ouvir música. Já estou impregnado de tanta música que eu acho que não entra mais nada. Na verdade, quando estou doente eu ouço. Inclusive ouvi o disco do Terça Feira Trio, do Fernando do Cavaco, e gostei. Nunca tinha visto ou ouvido formação assim. Tem ao mesmo tempo muita delicadeza e senso de humor.

A música francesa te influenciou de alguma maneira?

Eu ouvi muito. Nos anos 50, quando comecei a ouvir muita música, as rádios tocavam de tudo. Muita música brasileira, americana, francesa, italiana, boleros latino americanos. Minha mãe tinha loucura por Edith Piaf e não sei dizer se Piaf me influenciou. Mas ouvi muito, como ouvi Aznavour.

O que me tocou muito foi Jacques Brel. Eu tinha uma tia que morou a vida inteira em Paris. Ela me mandou um disquinho azul, um compacto duplo com Ne me quitte pas, La valse à mille temps, quatro canções. E eu ouvia aquilo adoidado. Foi pouco antes da bossa nova, que me conquistou para a música e me fez tocar violão. As letras dele ficaram marcadas para mim.

Eu encontrei o Jacques Brel depois, no Brasil. Estava gravando Carolina e ele apareceu no estúdio, junto com meu editor. Eu fiquei meio besta, não acreditei que era ele. Aí eu fui falar pra ele essa história, que eu o conhecia desde aquele disco. Ele disse “é, faz muito tempo”. Isso deve ter sido 1955 ou 56, esse disquinho dele. Eu o encontrei em 67. Depois, muito mais tarde, eu assisti a L’homme de la mancha, e um dia ele estava no café em frente ao teatro. Eu o vi sentado, olhei pra ele, ele olhou pra mim, mas fiquei sem saber se ele tinha olhado estranhamente ou se me reconheceu. Fiquei sem graça, pois não o queria chatear. Ele estava ali sozinho, não queria aborrecer. Mas ele foi uma figuraça. Eu gostava muito das canções dele. Conhecia todas.

Falando de encontros geniais, você tem uma foto com o Bob Marley. Como foi essa história?

Foi futebol. Ele foi ao Brasil quando uma gravadora chamada Ariola se estabeleceu lá e contratou uma porção de artistas brasileiros, inclusive eu, e deram uma festa de fundação. O Bob Marley foi lá. Não me lembro se houve show, não me lembro de nada. Só lembro desse futebol. Eu já tinha um campinho e disseram “vamos fazer algo lá para a gravadora”. Bater uma bola, fazer um churrasco, o Bob Marley queria jogar. E jogamos, armamos um time de brasileiros e ele com os músicos. Corriam à beça.


Vocês fumaram um baseado juntos?

Não. Dessa vez eu não fumei.


E essa sua migração para escritor, isso é encarado como um momento da sua vida, já era um objetivo?

Isso não é atual. De vinte anos pra cá eu escrevi quatro romances e não deixei de fazer música. Tenho conseguido alternar os dois fazeres, sem que um interfira no outro.

Eu comecei a tentar escrever o meu primeiro livro porque vinha de um ano de seca. Eu não fazia música, tive a impressão que não iria mais fazer, então vamos tentar outra coisa. E foi bom, de alguma forma me alimentou. Eu terminei o livro e fiquei com vontade de voltar à musica. Fiquei com tesão, e o disco seguinte era todo uma declaração de amor à música. Começava com Paratodos, que é uma homenagem à minha genealogia musical. E tinha aquele samba (cantarola) “pensou, que eu não vinha mais, pensou”. Eu voltei pra música, era uma alegria. Agora que terminei de escrever um livro já faz um ano, minha vontade é de escrever música. Demora, é complicado. Porque você não sai de um e vai direto para outro. Você meio que esquece, tem um tempo de aprendizado e um tempo de desaprendizado, para a música não ficar contaminada pela literatura. Então eu reaprendo a tocar violão, praticamente. Eu fiquei um tempão sem tocar, mas isso é bom. Quando vem, vem fresco. É uma continuação do que estava fazendo antes. Isso é bom para as duas coisas. Para a literatura e para a música.

Tanto em Estorvo quanto em Leite derramado o leitor tem uma certa dificuldade em separar o real do imaginário. Você, como seus personagens, derrapa entre essas duas realidades?

Eu? O tempo todo, agora mesmo eu não sei se você esta aí ou se eu estou te imaginando (gargalhadas).

Completamente. Eu fico vivendo aquele personagem o tempo todo. Entrando no pensamento dele. Adquiro coisas dele. Você pode discordar, mas chega uma hora que tem que criar uma empatia ou uma simpatia. Você cria uma identificação. E alguma coisa no gene é roubado mesmo de mim, algumas situações, um certo desconforto, não saber bem se você é real, se você está vivendo ou sonhando aquilo. Por exemplo, agora que ganhamos de 10 a 1 (referência à pelada que jogamos três dias antes), eu saí da quadra e falei: “acho que eu sonhei. Não é possível que tenha acontecido” (risos).

Você é fanático por futebol?

Não sou fanático por nada. Mas eu tenho muito prazer em jogar futebol. Em assistir ao bom futebol, independentemente de ser o meu time. Quando é o meu time jogando bem, é melhor ainda, pois eu consigo torcer. Agora mesmo, no Brasil, tinha os jogos do Santos.

Mas eu vou menos aos estádios. Eu não me incomodo de andar na rua, mas quando você vai a alguns lugares, tem que estar com o cabelo penteado, tem que estar preparado para dar entrevistas. Aqui, eu estou dando a minha última (risos). Aqui, é exclusiva. Fiz pra Brazuca e mais ninguém. Eu quero ver o pessoal jogar bola. Então eu vejo na televisão. E quando não estou escrevendo, aí eu vejo bastante.


É verdade que um dia o Pelé ligou na sua casa, lamentando os escândalos políticos no Brasil, e disse “é, Chico, como diz aquela música sua: ‘se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão’”?

É verdade (risos). Eu falei “legal, Pelé, mas essa música não é minha”. O Pelé é uma grande figura. Nós gravamos um programa juntos. Brincamos muito. Conheci o Pelé quando eu fazia televisão em São Paulo, na TV Record, e me mudei para o Rio. Os artistas eram hospedados no Hotel Danúbio, em São Paulo. O mesmo onde o Santos se concentrava. Então, eu conheci o Pelé no hotel. E sempre que a gente se encontra é igual, porque eu só quero falar de futebol e ele só quer saber de música. Ele adora fazer música, adora cantar, adora compor. Por ele, o Pelé seria compositor.

E você, trocaria o seu passado de compositor por um de jogador?

Trocaria, mas por um bom jogador, que pudesse participar da Copa do Mundo. Um pacote completo. Um jogador mais ou menos, aí não.

Você ainda pretende pendurar as chuteiras aos 78 anos, como afirmou?

Não. Já prorroguei. Tava muito cedo. Agora, eu deixei em aberto. Podendo, vou até os 95 (risos).

O Niemeyer está com 102 anos e continua trabalhando. Aliás, não só trabalhando como ainda continua com uma grande fama de tarado (risos).

Ele me falou isso. Eu fui à festa dele de 90 anos e ele me disse: “o importante é trabalhar e ó (fez sinal com a mão, referente a transar)”. Aí eu falei “é mesmo?” e ele respondeu “é mesmo”.

Falando nisso, o Vinícius foi casado nove vezes. Você acha a paixão essencial para a criação?

Sem dúvida. Quando a gente começa – isso é um caso pessoal, não dá pra generalizar – faz música um pouco para arranjar mulher. E hoje em dia você inventa amor para fazer música. Se não tiver uma paixão, você inventa uma, para a partir daí ficar eufórico, ou sofrer. Aí o Vinícius disse muito bem, né? “É melhor ser alegre que ser triste… mas pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não”.

Quando eu falo que você inventa amores, você também sofre por eles. “E a moça da farmácia? Ela foi embora! Elle est partie en vacances, monsieur!”. E você não vai vê-la nunca mais. Dá uma solidão. Eu estou fazendo uma caricatura, mas essas coisas acontecem. Você se encanta com uma pessoa que você viu na televisão, daí você cria uma história e você sofre. E fica feliz e escreve músicas.

Pra finalizar. Se você fosse escrever uma carta para o seu caro amigo hoje, o que você diria?

Volta, que as coisas estão melhorando!

MAIS

A entrevista foi publicada originalmente na revista Brazuca, uma publicação bilíngue sobre cultura brasileira que circula em Paris e Bruxelas. A partir de 3 de maio, a degravação completa estará disponível no site de Brazuca. Também lá, é possível baixar em pdf, desde já, a edição completa de março-abril (inclusive com as fotos de Chico…)

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Canção "Der Hirt auf dem Felsen", de Franz Schubert

Belíssimo lied de Schubert. Para minha supresa, foi um pouco difícil de encontrar no YouTube e tive de apelar para o concerto de graduação de um certo Paul Miller (clarinetista). Há falta de sincronia entre imagem e som na segunda parte, mas não é nada grave. Enjoy!

Paul Miller, clarinet
Rebekah Kenote, soprano
Lisa Spector, piano

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Concerto no StudioClio – Trio Sonata da Oferenda Musical e Bist du bei mir

O primeiro concerto da Sociedade Bach de Porto Alegre foi muito satisfatório. Talvez, em seu material de divulgação, o StudioClio tenha explorado pouco a rara característica de ser um concerto com instrumentos originais, para o bem e para o mal. Sou suficientemente purista para preferir a utilização de instrumentos autênticos, mas há problemas — são instrumentos difíceis de controlar, principalmente quando a temperatura muda. Lembrem que os primeiros dias outonais ocorreram nesta semana. Por exemplo, o cravo do excelente Fernando Cordella estava falhando e causando preocupação a ele e ao público. Só que, meus amigos, faz parte do jogo, o som não vem sozinho. O mesmo deve ter ocorrido com Carlos Sell, mas nada ocorreu com o imparável Artur Elias, de espetacular atuação na Sonata Trio da Oferenda Musical. Artur parecia meio zonzo ao final do concerto, algo do gênero “”onde estava indagorina?” ou “eu fiz isso mesmo?”. Fez. Também Ângela Diel esteve muito bem.

A propósito de Ângela: ela repetiu a ária Erbarme dich no bis, saindo-se muito melhor do que antes. Fico pensando no Mal de Porto Alegre. Analisemos: o concerto foi preparado para apenas uma récita. Imaginem se tivéssemos público para várias sessões. Neste caso, este grupo de músicos estaria no ponto lá pelo terceiro dia, rendendo tudo o que indiscutivelmente sabem.

A sala principal do Studio Clio acomoda 100 pessoas. Seria esperar demais uma demanda de 300 pessoas para um concerto deste nível? Não, né? Moramos numa cidade de mais de 1 milhão de pessoas. Somemos os ouvintes da Rádio da Universidade, mais os músicos, mais os estudantes de música, mais os curiosos, mais os apaixonados como eu, mais os namorados ou namoradas de todos, quantos dá? Raciocino desta maneira porque acho criminoso o notável esforço despendido para ensaiar obras tão importentes e difíceis somente para um recital. Acho um crime o que esta cidade comete contra si. Há que serem criados novos hábitos, nem que seja à fórceps.

Bem, como sempre posto músicas no fim-de-semana, deixo com vocês a Trio Sonata da Oferenda com o Musica Antiqua de Köln e um curioso filme com Bist du bei mir incompleta. Vale a pena ver e ouvir tudo!

Programa de sexta-feira no StudioClio:
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata em Sol menor para Flauta e Cravo obligatto, BWV 1020
– Allegro
– Adagio
– Allegro
– Presto

Paixão Segundo São Mateus, BWV 244
– Erbarme dich (ária)

Missa em Si Menor BWV 232
– Agnus Dei (ária)

– Bist du bei mir, BWV 508 (Nota do Milton: na verdade esta ária avulsa é de Gottfried Heinrich Stölzel)

Suite Francesa para cravo solo em Sol Maior, BWV 816 (excertos)
– Allemande
– Sarabande
– Gavotte

Aria em Sol Maior das Variações Golgberg, BWV 988

Oferenda musical, BWV 1079
Sonata Sopr’ Il Soggetto Reale a Traversa, Violino e Continuo
– Largo
– Allegro
– Andante
– Allegro
– Canon Perpettus

Angela Diel (mezzo-soprano),
Artur Elias Carneiro (traverso barroco),
Carlos Sell (violino barroco) e
Fernando Turconi Cordella (cravo).

Musica Antiqua Köln:
Wilbert Hazelzet (traverso)
Reinhard Goebel (violino)
Phoebe Carrai (cello)
Andreas Staier (cravo)

Ingrid Kertesi, soprano

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Beethoven – Sinfonia Nº 7, Op.92, 4º mvto, Allegro con brio

Durante esta semana, escrevi que faltava elã à OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), que a postura da orquestra era desidiosa e desmotivada, fato talvez causado por enormes e repetidos equívocos de repertório, os quais obrigam, por exemplo, a orquestra a comemorar repetidamente os 200 anos de Schumann e quase ignorar os 150 de Mahler, compositor, aliás, esquecido pela orquestra há anos… Coisa triste. Então, vamos ao outro extremo: o primeiro comentário a este vídeo do YouTube é They sure are having fun!! (…) Great Berlin Philharmoniker!!

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160 estações de rádio tocando música erudita 24h por dia, 7 dias por semana

Já que estamos no terreno da música… Vamos a um post informativo. O site com a lista e links das estações está no final do texto. Por exemplo: encontrei uma rádio polonesa que toca exclusivamente Bach, sem parar nunca. Confira a explicação, retirada da página da emissora:

Przez 24 godziny na dobę, 7 dni w tygodniu oferujemy twórczość Jana Sebastiana Bacha. Słowo “Bach” w języku niemieckim oznacza strumień, potok i takim nurtem muzycznym nadaje nasze Radio B.A.C.H. W zależności od nastroju wybierz kanał, który najlepiej “nastroi” twoje samopoczucie.

Claríssimo, não? Godziny deve ser “horas”, não? E dni , “dias”, é claro. Tygodniu seria semana? Oferujemy deve ser “oferecemos”; muzycznym seria talvez “música”, “músico” ou “compositor”; strumie obviamente não é “estrume” e sim “instrumentos” e kanał, “canal”. Entendemos tudo! Viram como sei polonês? Nem tomarei processo dessa vez! (Epa, rimou). Mas tergiverso…

Tenho certeza absoluta de que o mestre, um austero trabalhador e pai de vinte filhos, detestaria ser chamado de Jana Sebastiana — nome de comadre paraibana. (Epa, de novo). Mas sacanagem é colocarem nele um sobrenome de economista tucano.

E aqui, nesta página, está a relação de 160 estações de rádio espalhadas pelo mundo. Todas disponíveis na rede e dedicadas aos eruditos. Boa navegação!

Com especial predileção e amor por esta aqui.

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