AQUI.
No próximo domingo: Sarau e lançamento da Sociedade Bach Porto Alegre (SBPoA)
Em homenagem ao 325º aniversário de J.S. Bach (1685-1750), o StudioClio realizará o sarau musical de fundação da Sociedade Bach Porto Alegre, cujos objetivos são:
1) gravar com musicologia porto-alegrense toda a obra de J. S. Bach;
2) estimular a realização de concertos, seminários, estudos, encontros, ciclos de cinema, excursões e intercâmbios;
3) valorizar o estudo e difusão da música antiga e de seu impacto sobre a tradição.
Neste sarau, artistas convidados apresentarão peças prediletas. Estão confirmados (em 16/03/2010):
Angelin Loro
Artur Elias Carneiro
Ayres Potthoff
Cosmas Grieneisen
Fernando Turconi Cordella
Josias Matschulat
Olinda Allessandrini
Paulo Inda
Quando: Dia 21 de março, domingo, às 18h
Local: Rua José do Patrocínio, 698 – Cidade Baixa – Porto Alegre – RS
Vagas: 100
Valor: R$ 20,00 (renda líquida revertida para a SBPoA)
Colorados em chamas
Noto na cidade um clima copeiro que há muito não sentia. Estão todos na expectativa pelo jogo do Inter contra o Cerro uruguaio, líder do grupo 5 da Libertadores. O jogo será quase no Brasil, será em Rivera, no peculiar horário das 19h15. Acho inacreditável o otimismo de alguns colorados e acho mais lógico o detestável ceticismo dos gremistas.
O Inter vai mal, com um esquema de jogo muito defensivo e feio. Dizem que haverá um choripán na casa de um amigo e, bem… Eu e o Bernardo vamos conferir a função e a partida lá, claro. Sou simpático ao esquema 3-5-2, mas para utilizá-lo há que ter jogadores que o Inter não possui e, para piorar, o técnico Jorge Fossati irá com o crasso lateral Bruno Silva, em vez de utilizar o apoiador e aventureiro (para o bem e para o mal) Nei. Como se não bastasse, usará 3 zagueiros e dois volantes, o que torna o jogo difícil para o adversário e para nós, cujas ações ofensivas se assemelham à arrancada de um Gordini. Infelizmente, para funcionar o 3-5-2, temos que retirar ou Sandro ou Guiñazú — o que seria certamente uma profanação. 4-4-2 ou outra coisa já!
Enquanto isso, fico sabendo de um dado impressionante: a folha de pagamento do Inter é 38 vezes maior que a do Cerro. 105 mil contra 4 mlhões. Há jogadores nossos que ganham o dobro da folha completa do adversário. Hoje, do meu ponto de vista, tenho a chance única de sentir-me um milionário, apesar de incompetente. Nosso time Classe A é tão hispano hablante que serviria como ícone do Impedimento: Bruno Silva, Sorondo e Fossati são uruguaios, D`Alessandro, Abbondazieri e Guiñazú, argentinos. Eles já demonstraram bom entendimento com as árbitros, mas eu queria mesmo era vê-los num time organizado de forma mais arejada. Pois Fossati é um cagalhão que deve evitar até alongar-se — ah, os alongamentos, que saco… só são menos chatos dos que os abomináveis.
Espero que os fatos me desmintam, que o Inter vá acumulando seus pontinhos feios por aí hasta la victoria e até chegarmos ao Nirvana II, local apenas destinado ao Once Caldas, à seleção da Grécia, ao Parreirão 94 e a outros horrores vencedores.
Uma sacanagem da Folha
O educador português José Pacheco escreveu um texto para a Folha de São Paulo a respeito do “Caso Cléber”, ou seja, o caso da família que foi condenada por educar os filhos em casa. O periódico paulista não o publicou, além de ter pervertido a opinião de Pacheco em artigo. Soube de outro caso em que o pai consentia que seu filho abandonasse a escola mediante o compromisso de que assistisse todos os dias a um filme de escolha paterna. Como já escreveu o Hélio Paz, referindo-se à leitura, a escola é tão desinteressante e anacrônica que talvez os “Casos Cléber” tornem-se cada vez mais comuns.
O texto completo de José Pacheco foi passado ao OPS, que o publica bem aqui.
Provocações um(1) cidadão de origem polonesa
Há um cidadão muito curioso. Seu nome é Pedro Czarnina e ele parece ser de origem polonesa. Desconhecendo o fato de meu ex-sócio ter o sobrenome Galuschka e minha amizade com Radziuks e que tais, talvez ele seja a única pessoa no mundo que acredita que eu não gosto de poloneses. Nem Leticia Wierzchowski acredita mais nisso. E Pedro, o Quidam (*), volta e meia retorna aqui para me ofender. Eu sempre deleto seus comentários, porém desta vez vou dar um grande destaque a ele, pois, afinal, as ofensas costumam dizer mais do agressor do que do agredido. Ontem, ele desperdiçou seu tempo desta forma:
E aí! Como está o pai da Basia? Não tá mais brincando com os sobrenomes? Só pra dizer que viramos assíduos leitores do teu blog. E de vez em quando, ao não termos muita coisa pra fazer, elegemos alguém pra tomar no cu. Com acento ou sem acento, o eleito da hora foste tu. Semana que vem faremos novo pleito. Então Milton: — Idzie do Dupa. Em polonês, pois tu merece. Ah! Dia desses vi aqui comentários excelente de escritores russos… A Polônia é uma pequenino país, mas tem 5 prêmios Nobel de literatura. H.Sienkiewicz, todo mundo conhece o Quo Vadis, mas ele tem uma trilogia gigantesca, recém traduzida no Brasil por Tomasz Barcinski. Wladyslaw Reymont (pouco conhecido por aqui), Czeslaw Milosz e a Wiszlawa Szymborska, poetisa ainda viva. Tem também o Isaac Singer, polonês de nascimento, mas que escreveu sua obra em iidiche. É muito considerado lá mas, aqui em nossa terrinha de “gonorantis”, não sabemos muito acerca dele.
O pior é que Pedro, o Quidam, ignora que conheço o que foi traduzido de Sienkiewicz — bem chatinho, o coitado — e li os bons Milosz e Singer. Não conheço o Reymont (Rejment) nem a mulher de 6 milhões de dólares. A todos os que conheço prefiro Witold Marian Gombrowicz, que não ganhou a grife do Nobel, que era um pouco antinacionalista — creio que seria do mesmo modo se tivesse nascido em qualquer outro lugar — , meio argentino e morreu na França. Sim, conheço um pouco da cultura polonesa. Não muito. Sei alguma coisa das invasões, mas nem imagino quem seja a Basia do hino. Por favor, não precisa explicar nos comentários! Bem, Pedro, chega, né? A propósito, não gostei da tua frase “Em polonês, pois tu merece.”. Além do erro na conjugação verbal, há uma clara intenção de escamotear o idioma polonês, pois eu, o mandado tomar no cu, mereceria o polonês. Tu não? Francamente, Quidam…
(*) Obrigado, Ramiro.
P.S.– Acerca de outro assunto, acaba de comentar amigavelmente em meu Facebook, um amigo chamado Marko Petek. Árabe, com certeza.
Os daltônicos contra-atacam
Além da farta característica já ampla e doutamente discutida em nosso blog, você pode identificar os daltônicos por sua, bem, genialidade. Ao menos a de alguns deles.
Esse quadro foi pintado por um daltônico:
E esta figura também:
É só pesquisar. Van Gogh e Uderzo são dois de nossos representantes. Bem dotados, não?
A tal visita ao túmulo do sionista…
Lula fez muito bem ao não visitar o túmulo do fundador do movimento sionista Theodor Herzl. Em primeiro lugar porque a visita não estava prevista em sua agenda em Israel e depois porque é absurda e suspeita a súbita insistência para que Lula fizesse a visita, tirasse fotos e, afinal, demonstrasse com ela algum comprometimento para com a política de Israel.
Vejam o desplante: a responsável pela América Latina no Ministério de Relações Exteriores de Israel, Dorit Shavit, envidou “todos os esforços” para convencer o presidente Lula de que não haveria intenções ocultas por trás do pedido de visita ao túmulo de Herzl, cujos 150 anos de nascimento está sendo celebrado neste ano. A resposta da comitiva brasileira é a de que também não haveria intenções ocultas por parte do presidente Lula em não ir ao túmulo.
O resultado é que Israel considerou a negativa de Lula em fazer uma visita não prevista — isto é, sua negativa em não cair na malandragem israelense — um grave insulto. Em protesto, o descontrolado ministro de Assuntos Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, não compareceu ontem à sessão especial do Parlamento israelense na qual Lula discursou. Não creio que um chefe de Estado deva ser forçado a visitar o túmulo e que o Brasil tenha obrigação de mudar uma agenda em função de pressões.
A imprensa brasileira certamente não escreverá que Lula, depois de Cuba, visita outro país com presos políticos. Pior: visita agora um país que mantém palestinos em Apartheid imensos campos de concentrações, cercados por muros de ferro recentemente construídos.
Fico indignado com tudo isso, porém feliz por ter vários amigos judeus que compreendem minhas posições. No final de 2008, ficamos todos muito surpresos ao ver uma conhecida escritora gaúcha, de origem judaica, ser execrada por seus patrícios ao posicionar-se a favor da criação do Estado Palestino, contra os ataques à Gaza, admitindo ser a Faixa de Gaza um campo de concentração. Foi chamada de vadia, puta, vaca, etc. Como eu sempre digo, as ofensas dizem mais do agressor do que do ofendido. Então não pensem que eu, um provável cristão-novo, odeie judeus ou algo perto disso. Não, meus amigos, sou contra qualquer campo de concentração e tenho imensas dificuldades em relação ao vocábulo “sionista”.
Domingo banal
Ele odiava os finais de tarde de domingo. Não havia pior hora. A semana era suportável em sua rotina de trabalho, cansaço e sono; o sábado era o dia de fazer as compras da semana, de jantar com a mãe e de ir ao cinema; porém aquele horário dominical de completo ócio, em que sentia possuir forças além da necessidade, era terrível. Sentado na sala, pôs um CD e começou a organizar mentalmente a agenda da semana. Sua angústia crescia ao notar os compromissos avolumando-se. Havia os imediatos e os outros, piores, que costumeiramente eram deixados para depois. Procurava organizar-se. Ergueu-se e, deixando o volume da música mais alto, foi ao armário de remédios procurar um calmante. Pegou o comprimido e abriu a geladeira para servir-se de água. Viu um garrafão de vinho pela metade. Largou o comprimido sobre o esmalte branco da geladeira, apanhou o garrafão, um funil e, cuidadosa e amorosamente, passou a dividir o conteúdo do garrafão em garrafas menores. Deixou os três frascos iguais exatamente no mesmo nível e procurou rolhas. Enfileirou o resultado na porta da geladeira, desligou a música e ligou a TV.
A sósia da Bárbara
Ela se chama Tal Wilkenfeld, nasceu em Sydney, em 1986, é uma virtuose do baixo e é a cara da minha filha Bárbara, de 15 anos. Quinta-feira, seu irmão Bernardo entrou aqui em casa e disse que tinha que me mostrar um vídeo. Fiquei besta. Parecia a irmã dele. Deixo com vocês dois vídeos da moça, sempre muito bem acompanhada por Jeff Beck. O primeiro vídeo começa com o célebre tema Good-bye Pork Pie Hat, visceral homenagem de Charlie Mingus à Lester Young, e depois envereda para Brush With The Blues. O segundo é uma brincadeira entre Wilkenfeld e Beck, que tocam o mesmo baixo ao mesmo tempo. E, finalizando, duas fotinhos da minha Babi. Esclarecimento importante: ela é quem aparece do lado direito…
Fotos: Bernardo Ribeiro
Porque hoje é sábado, Hélène Grimaud
Os sete frequentadores deste blog talvez tenham notado a beleza da …

… pianista Hélène Grimaud neste post de 13 dias atrás.

Não notaram as mulheres e certamente aqueles que possuem outros interesses.

Na foto acima nem parece, mas Hélène é uma agitadíssima francesa nascida …

… no ano de 1969 em Aix-en-Provence. É absurdamente talentosa, inteligente …

… e, além de pianista de primeira linha, escreve livros sobre música e a respeito …

… de sua outra paixão, algo tão surpreendente para uma pianista que sempre …

… fico desconcertado. Porque esta bela moça ama os lobos.

Sim, e não apenas os ama como tem livros e DVDs onde defende …

… a preservação dos bichanos. Não preciso dizer para vocês que ela costuma …

… passar boas temporadas na companhia destes animais que têm o bom gosto …

de viver no frio. Olha o DVD aí!

Acostumei-me a respeitar as pessoas que fazem opções.

A ideologia nos permite novas interpretações e interações com aquilo …

… que nos cerca. Mas, ops, estou escrevendo para o Porque hoje é sábado.

Já viram pessoa mais apetitosa na frente de um piano ou do outro lado da mesa?

Sim, às vezes acontece, tudo bem. É incrível que a foto abaixo tenha …

… sido tirada numa masterclass de Grimaud. Piano? Mas que piano?
2666 recebe o Prêmio dos Prêmios
Sensacional!
Espetacular registro da chuva do dia 6 de março na Gávea, Rio de Janeiro.
Baixo Gávea Debaixo D’água from Mellin Videos on Vimeo.
Obrigado, Hupper.
Machado de Assis e Cees Nooteboom
O grande escritor holandês Cees Nooteboom — eterno candidato ao Nobel que estará na próxima Flip — é um viajante. Não, não no sentido de ser um cara desligado da realidade, é um viajante mesmo, desses que vão de um país a outro sem parar. Então, ele resolveu escrever o livro Tumbas, onde revela sua busca por 82 túmulos de escritores e filósofos em todos os continentes. Dentre os 82 estava, é claro, o de Machado de Assis.
Então Nooteboom (seu nome diz-se “seis notebom”) chegou ao cemitério de São João Batista em Botafogo. Estava acompanhado de sua esposa e do diretor do Instituto Goethe do Rio. Queria encontrar o túmulo de Machado de Assis. Dirigiu-se à administração. O atendente disse-lhe que daquele jeito não ia dar, precisava do primeiro nome.
— Sem o primeiro nome do presunto não dá — invento eu.
Cees e sua mulher não lembravam do primeiro nome e voltaram à carga.
— Mas o senhor não conhece o grande escritor Machado de Assis, o maior do Brasil? Ele está enterrado aqui!
— Sei não… — fantasio novamente o homem do cemitério.
Demorou, mas acabaram encontrando. Assim começa o mais novo livro de Nooteboom. Depois, a mulher do autor, fotógrafa, registrou o túmulo. Céus, é mínimo, é um quase nada! Sou quase indiferente aos cemitérios, mas, cá para nós, Machado merecia um túmulo à altura. Ironia, recebeu o túmulo que receberia o Conselheiro Aires. Algo para ser esquecido.
Um dia, meu amigo Dario Bestetti disse uma frase inesquecível:
— Milton, o lugar correto de se guardar os vinhos é na memória.
Dario, acho que tua frase servirá também para o maior escritor brasileiro. O local onde estão guardadas as sobras (evito a palavra “restos”, por demais respeitosa num contexto de descaso) de Machado de Assis — que mereceria estar no centro de uma praça cheia de loucos, adúlteros, jovens inseguros, empregados do governo e senhoras concupiscentes, todos passeando sob seu irônico busto, talvez de cabeça baixa, com um leve sorriso nos lábios — é uma bosta.
Absurdo do dia: Felipe Vieira processa o jornalista e blogueiro Marcelo Träsel
Eu sugiro que, hoje ou qualquer dia desses, vocês liguem o rádio na FM 99.3 ou, mais exatamente, na Band News de Porto Alegre, entre as 9 e 11h, de segunda a sexta. Há um programa apresentado pelos jornalistas Felipe Vieira e Diego Casagrande. É um programa muito ruim, pobre de ideias, miserável mesmo. Os dois amigos ficam trocando piadinhas espertas, comentando notícias, fazendo entrevistas, sendo que Felipe Vieira, de voz grave e baixos profundos, não abre muito a boca para falar; sua voz é uma espécie de ronco. O conteúdo é aquele conhecido de quase todas as emissoras gaúchas: a confusa defesa dos governos Fogaça e Yeda e ataques Millenium styled.
Talvez Marcelo Träsel — que além de jornalista é professor e coordenador da especialização em Jornalismo Digital da Famecos/PUCRS — , tenha exagerado se chamou Felipe Vieira de canalha e o acusou de participar de tramoias. Se tiver provas, tudo bem, mas será que tem? Observando os patrocínios do site de Felipe — uma nada sedutora espécie de clipping — , nota-se que há a Prefeitura de Porto Alegre, o Simers (Sindicato médico), o Sistema Farsul, o Sindicato de Lojistas e o CDL. Parece que há outros, não me detive. É engraçado, a Prefeitura e a Farsul patrocinam um jornalista que aprova suas atuações e isto forma uma espécie de faixa própria.
Acredito ter ouvido uma entrevista de Felipe Vieira com Carlos Sperotto (presidente do Sistema Farsul – Federação de Agricultura do Estado) em que o apresentador e o entrevistado tratavam-se como amigos, mantendo com dificuldade uma pauta objetiva — ou talvez tenha sido no programa de Lasier Martins, eu estava dirigindo, mais atento ao tráfego. Quando falo em “Faixa própria”, quero demonstrar o seguinte modus operandi: Felipe entrevista Carlos para gáudio dos poucos ouvintes do programa, os quais certamente concordam com o conteúdo dos comentários do primeiro. Não conseguem, desta forma, espraiar muita coisa, a não ser entre quem concorda com o jornalista. É o de sempre. Eles pensam estar polinizando qualquer coisa, a gente finge que está atento.
Aqui está o conteúdo do processo contra Marcelo Träsel. É uma besteira, uma coisa que deveria ser respondida ao vivo ou discutida num telefonema ou por e-mail, mas alguns acham melhor intimidar com indenizações. Injúria? Ora, basta ler as notícias pinçadas pelo clipper de Vieira… Aquela simples escolha também não constitui injúria? Ah, é jornalismo? Tá bom. Porém, o principal problema parece estar localizado na frase “jornalista processar jornalista é coisa de maricas”. Esta configuraria “abuso da liberdade de expressão”. Meus caros, na minha opinião, isto é ofensa de sexta série do Ensino Fundamental, nunca difamação.
E vou trabalhar.
Mais confusão nórdica com o Islã
Outro rolo nórdico. O cartunista sueco Lars Vilks foi jurado de morte por ter retratado Maomé como um cachorro e, por medo das reações, teve trabalhos seus proibidos em duas exposições de arte. Em resposta, o jornal Nerikes Allehanda, primeiro divulgador dos desenhos, publicou um editorial defendendo a livre expressão e uma nova coleção de imagens.
É uma provocação claríssima. Como o próprio autor certamente previu, seus trabalhos foram foram seguidos de manifestações muçulmanas na Suécia e protestos diplomáticos por parte do Irã, Jordânia, Afeganistão, Paquistão e Egito. Até ontem, ninguém tinha sofrido nenhum ataque nem embaixadas tinham sido queimadas, embora as ameaças à vida de Vilks. Ontem, a coisa mudou um pouco. Foram presas sete pessoas suspeitas de planejar o assassinato e a Al-Qaeda ofereceu 100 mil dólares pelo presunto do cartunista.
Como já disse, o jornal defendeu sua posição de publicar a charge, enquanto que o governo sueco anunciou que, se lamenta a ofensa causada, não pode desculpar-se por uma gravura da qual não é responsável e muito menos pode impedir sua publicação. Tudo normal na Suécia, mas a Organização da Conferência Islâmica pediu imediata “ação punitiva contra o artista e os editores do cartum”.
Acho que tais fatos se tornarão rotina nos próximos anos. Os governos muçulmanos estão cada vez mais exigindo que países europeus abandonem a liberdade de expressão e o Estado de Direito para introduzir censura ou punições a quem os agrida. Em outras palavras, querem que os suecos se comportem como eles. Isso dá pano pra manga.
Enquanto as gravuras de gosto duvidoso de Lars Vilks não são proibidas, vejam mais algumas abaixo:
E aqui, talvez, uma demonstração da paranoia europeia e americana.
Minha opinião? Os islâmicos sempre emigraram e os resultados disso não são comparáveis aos da emigração europeia. Ainda. Sabendo-se por antecipação da invasão muçulmana, há que construir uma convivência pacífica em vez de simplesmente combatê-los como se fossem usurpadores. Minha concepção talvez seja Pollyanna demais, mas acredito que haja tempo para isso. E há islâmicos e islâmicos. Para completar, informo que já houve estados islâmicos onde conviviam pessoas de diferentes religiões. Um exemplo disso é a Palestina pré-Israel, onde havia tranquilos judeus, cristãos e muçulmanos… Sempre é bom lembrar como os israelenses foram bem recebidos na Palestina… Sim, pura verdade.




Post escrito com um olho neste aqui.
Roberto Carlos é um piadista
Copa de 2006. Enquanto Thierry “La main de Dieu” Henry entrava na área brasileira para marcar o gol que eliminaria o Brasil, Roberto Carlos arrumava a meia.
Vejamos de novo: Zidane está batendo a falta que resultaria no gol da França. Uma regra básica do futebol diz: quando da cobrança de escanteios ou de faltas ao lado da área, a marcação é homem a homem, não se marca “a bola”. Daí, o famoso agarra-agarra da grande área. Observem como há jogadores brasileiros livres de tarefas defensivas. Deve ser devido aos intensos treinamentos de Parreira. E há um jogador — Roberto Carlos — é radical em sua negativa Bartleby de marcar. Roberto Carlos é implacável em sua desídia.
Após a relevante participação no lance, Roberto Carlos esforça-se por entender o que acontecera enquanto arrumava sua meia Nike. Brasil 0 x 1 França. Após o jogo, Roberto declarou que não era tarefa sua marcar Henry e deu o assunto por encerrado. Até hoje magoa-se quando falam nisso…
-=-=-=-
Hoje no Corinthians, o veterano RC causa-nos um riso mais franco agora. Como já foi expulso duas vezes no Campeonato Paulista por jogo violento, ele inventa uma incrível explicação:
O lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Corinthians, declarou que os árbitros brasileiros estão contribuindo para bloquear seu estilo de jogo.
“Aqui no Brasil, tenho até medo de chegar mais forte. O futebol brasileiro bloqueou um pouco a minha maneira de jogar, mas temos de passar também essa responsabilidade para o árbitro”, declarou incompreensivelmente Roberto Carlos em entrevista coletiva, ignorando o fato de que chega atrasado em quase todos os lances, tendo que apelar para as faltas.
O lateral, que já foi expulso em duas partidas desde que retornou ao Brasil, há dois meses, disse que os árbitros da Europa “deixam a bola correr mais, deixam ter mais contato físico”.
E ataca: “Na Europa, os árbitros são profissionais. No Brasil, depois de uma semana inteira, eles apitam somente no final de semana”, argumentou.
Isn`t he lovely?
Do livre falar e do chegar a lugar nenhum
Os grandes jornais brasileiros têm venda notavelmente decrescente — perdi o site que demonstrava cabalmente o fato, mas há comprovações medianamente aceitáveis aqui. Enquanto isso, prosperam os jornais destinados às classes C e D. Acho que podemos considerar que a internet começa a fazer baixas. Eu sou um consumidor médio de notícias e acho que sou exemplo claro disso. Exceção feita ao jornal de literatura Rascunho, não vejo outra publicação à qual cobiçasse receber em casa ou comprar. E sou um leitor compulsivo. Não obstante os fatos estatísticos, a maioria das pessoas continuam pensando na Folha, no Estadão e no Globo, por exemplo, como jornais muito influentes. OK, talvez eles influenciem aos leitores das classes A e B das zonas urbanas de Rio e São Paulo, mas e o resto? Eles simplesmente não existem fora das regiões-sedes. Sua presença no interior do país é rarefeita e sua capacidade de mudar uma eleição nacional é risível. Porém, a gente fala muito neles. Muito! Talvez nosso silêncio fosse mais adequado.
(O mesmo vale para o RS a “nossa” Zero Hora.)
É claro que todos estes órgãos têm seu equivalente na rede, mas — e volto a tirar os outros por mim — prefiro a página de esportes do Terra, as tabelas do Infobola, o Impedimento, o Todoprosa e leio sobre política num, modéstia à parte, bem-montado mix de blogs e sites constantes no meu Google Reader. Este sim, o Google Reader, é meu jornal. E não pensem que só inscrevo publicações e colunistas de mesma coloração política.
Em faixa contrária, o Instituto Millenium reuniu em São Paulo os representantes da mídia jornalão-style e a conclusão foi… bem, sou obrigado a rir novamente. Ignorando a ameaça da rede e sem conseguir refletir sobre o fato de todos serem exatamente iguais, tais órgãos realizaram uma reunião pública, chegando à patética conclusão de que Dilma Rousseff, o PT e Lula são stalinistas e contrários à liberdade de expressão. Pior: se Dilma ganhar a eleição, vamos retornar às brumas da ditadura. É notável e vale a pena dar risadas aqui.
O absolutamente lastimável Arnaldo Jabor — ex-cineasta que escolheu vagar e ser influente na Rede Globo — , que costuma ser tão admirado pela classe média spammer, fez uma das declarações mais paranóicas:
“O que está na cabeça de quem pode assumir em definitivo o poder no país é um patrimonialismo de Estado. Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito real de manter os bolcheviques e jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça de comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra. O perigo é que a cabeça deste novo patrimonialismo de estado acha que a sociedade não merece confiança. Se sentem realmente superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito de dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos”, afirma o cineasta e comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabor. “Minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”, alerta Jabor.
Tudo isso é dito desconhecendo a liberdade que a Veja teve e tem, que a Folha Ditabranda teve e tem, a liberdade do Estadão para ofender os blogs e toda a mídia eletrônica, etc. Jabor quer assumir o papel de Regina “eu tenho medo” Duarte 2002, porém, olha, com aquela cara de louco vai ser difícil que o levem à sério. Em textos efetivamente brilhantes, Tchékhov e Thomas Mann demonstraram que a forma clássica de decadência é fazer de conta que nada está acontecendo, que o mundo não gira e que há, ainda, hordas de guerrilheiros prontos para voltarem ao Araguaia.
Dia Internacional da Mulher: "Máquina de lavar fez mais pela mulher do que a pílula", diz Vaticano
No ano passado, em pleno Dia Internacional da Mulher, o Vaticano fez publicar em seu jornal um artigo de extrema sensibilidade, pois parte da indiscutível posição de que a mulher é quem deve lavar a roupa… Como achei o artigo cômico em seu preconceito, guardei-o por um ano entre meus “Favoritos”. Ele está copiado abaixo.
Por outro lado, a data de hoje serve para celebrar os avanços sociais, econômicos e políticos alcançados pelas mulheres. Escrevo isso e penso na empregada aqui de casa: casou-se aos 12 anos com um homem de 27, teve uma filha aos 14. Dias atrás, aos 23, tentava se separar mas era ameaçada, física e materialmente, pelo marido. Tratamos de aconselhá-la — advogados, delegacia da mulher, justiça gratuita, tudo — , enquanto ela seguia sendo perseguida pelo sujeito, e contava horrores. O advogado da Defensoria Pública disse que chamaria não apenas o cônjuge como seus pais e o mundo, pois como é que fora autorizado um casamento aos 12 anos? Resultado: ficou assustada, demitiu-se aqui de casa e voltou para o marido. Sim, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
-=-=-=-
O jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, publicou artigo neste fim de semana no qual afirma que a máquina de lavar talvez tenha feito mais pela liberação da mulher no século 20 do que a pílula anticoncepcional ou o acesso ao mercado de trabalho. A declaração faz parte de um artigo em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
O artigo é intitulado “A Máquina de lavar e a liberação das mulheres –ponha detergente, feche a tampa e relaxe”.
“O que no século 20 fez mais para liberar as mulheres ocidentais?”, questiona o artigo, escrito por uma mulher. “O debate é acalorado. Alguns dizem que a pílula, alguns dizem que o direito ao aborto, e alguns [dizem que] o direito a trabalhar fora de casa. Alguns, porém, ousam ir além: a máquina de lavar.”
O texto então conta a história da máquina de lavar, desde um modelo rudimentar de 1767 na Alemanha, até os modernos equipamentos com os quais a mulher pode tomar um capuccino com as amigas enquanto a roupa é lavada.
O artigo cita as palavras da feminista americana Betty Friedan, que, em 1963, descreveu “o momento sublime de poder trocar a roupa de cama duas vezes por semana em vez de uma só”.
Segundo o texto, embora os primeiros modelos fossem caros e pouco confiáveis, a tecnologia evoluiu a tal ponto que há agora “a imagem da super mulher, sorrindo, maquiada e radiante entre os equipamentos de sua casa”.
Da Reuters, Cidade do Vaticano.
Inter sem criatividade, Porto demite-se do penta
O Inter apresenta um grave problema. Não temos o segundo atacante, aquele que acompanha o centroavante (ops!, rimou). Taison e Edu estão muito deficientes, toda bola que vai em suas direções logo passam ao adversário. Perdem todas e não devem ser recuperados dentro de campo, prejudicando o time. Walter parece ter, no mínimo, deficiências emocionais e merecerá a punição que receber por sua fuga. Talvez a solução seja adiantar Andrezinho ou usar Leandro Damião ao lado de Alecsandro, o único avante eficiente que temos, apesar da insistência da parte burra da torcida em vaiá-lo. É complicadíssimo enfiar na cabeça dos torcedores que o jogador que faz gols é fundamental.
Pato Abbondanzieri começou a jogar. Um cara nascido em 19 de agosto não pode dar errado. Simples assim.
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Alguns adeptos do FC Porto vieram a este blog discordar cortesmente de minha opinião sobre a impossibilidade do penta. Pois piorou. Se a matemática já indicava dificuldades na semana passada, o empate com o terrível Olhanense (sim, da conhecidíssima cidade de Olhão), combinado com a vitória do Benfica só fez piorar as coisas. Agora são 11 pontos de diferença para serem tirados em oito rodadas. Impossível. Só o Braga, que está a três pontos, pode tirar o título do Benfica, meu time.
Este blog previu…
… o óbvio. Serra, por absoluta carência de condições e carisma, não teria a menor chance. Vai fazer forfait. Nada mal para este viajante que mal se informa sobre política. Só falta acertarmos! Se bem que o problema talvez sejam os apoiadores: Veja, Folha, Estadão, ZH, etc.
Pior para Dilma. Vai enfrentar a “cara nova”, ao menos em âmbito nacional, de Aécio.
E o Cloaca joga mais terra em cima:















