É uma pena que a longa agonia do Inter mascare sua absoluta ruindade neste péssimo ano. Se, nesta altura, estivéssemos sem chances de Libertadores no Brasileirão 2015, talvez a diretoria já trabalhasse planejando algo de mais consistente para o ano que vem. O jogo de ontem demonstrou como o se joga fora uma classificação. O Fluminense — com um time misto — pediu para ser derrotado. Viramos o primeiro tempo com vantagem de 1 x 0, jogamos todo o segundo contra 10 e… cedemos o empate. Demos um tal banho de bola no primeiro tempo, o jogo estava tão fácil que escolhemos relaxar no segundo.
2015 pode ser resumido assim: problemas com o preparo físico, com doping, contratação no meio do ano de um treinador inadequado, mais problemas físicos (agora com os velhos D`Alessandro, Alex, Juan, Réver e Anderson, que, aos 27, parece ter 40) e nada de títulos importantes. E assim vamos seguindo o Grêmio. Se eles completarão 15 anos sem eles e debutarão em 2016, nossa criança terá já 5 anos. Mas, incrivelmente, vamos para a última rodada ainda com chances, o que servirá para esconder o fracasso por mais uma semana..
A conclusão a que chego às vésperas da última rodada do campeonato não pode ser mais desalentadora para o futebol brasileiro. Dos 5 melhores classificados, 4 são péssimos, o que explica enorme a distância do Corinthians na primeira colocação. Os times atuais de Atlético-MG, Grêmio, São Paulo e Inter são piadas que deveriam estar na segunda metade da tabela se o Brasileiro tivesse um mínimo de qualidade. Mesmo sem grandes contratações, a base do Inter deveria garantir uma classificação, mas esta também não funciona direito e hoje toma goleadas do pessoal do uma e tá.
Reclamar de arbitragem? Dizer que o pênalti a favor do Flu foi mal marcado? Também acho, mas ora, colorados, deixem essas circunstanciazinhas de lado. Era um jogo fácil que se complicou por nossa incapacidade de manter uma mínima compostura em campo.
Nosso time resume-se aos chutes do emprestado e Vitinho e, olha, nem dá para ver corretamente o que mais serve com tanta desorganização em campo. Dourado e Alisson, certamente. O resto eu não sei.
É complicado ter de ganhar uma partida de futebol com Rafael Moura e Wellington Martins, não, Argel? E, se acrescentarmos o Alex e o Lisandro López de sábado… Aí mesmo é que não acontece nada.
Foi uma partida deprimente. Durante o jogo, deu para filosofar bastante a respeito de como esses caras foram parar no Inter. (Ah, também deu para organizar a agenda da semana e pensar no livro que estou lendo). Alex tem uma história rica no clube, mas deixou de jogar bola logo após a renovação de contrato. Rafael Moura fez uma belíssima temporada no Goiás e vive dela até hoje. Depois de sair do clube goiano, ornamentou o banco do Fluminense. Por artes luigianas, passou a enfeitar o nosso como reserva de Damião. O problema é que o fato de ele estar no banco representa o perigo de uma eventual entrada e há as lesões dos titulares, que têm o condão de escalá-lo nos inícios dos jogos. Foi o que ocorreu sábado. Pesado e sem graça, não jogou nada. Aquele lance no segundo tempo em que a bola sobra para ele, que tenta o arremate de perna esquerda, demonstra que ele tem aspirações ao craquismo, que deseja meter a bola colocada de-curva-no-ângulo, ou seja, que é doido varrido.
Há jogadores que têm lampejos e fazem deles suas carreiras. Anderson e os Aflitos talvez seja um caso. Moura e o Goiás é certamente o caso. Espero que seu contrato acabe no final do ano. Mas não tenho certeza se receberemos esta bênção.
Wellington Martins passou o jogo tomando mijadas de Réver e Dourado. Estava sempre fora do lugar. Espero que seu lugar seja no São Paulo em 2016. O empréstimo dele terminará no fim do ano.
Lisandro López iniciou bem, mas foi caindo, caindo e agora propõe que se abra um alçapão no fundo do poço. Ele é o único que tem o benefício da dúvida. É centroavante, mas o escalam com armador. Deveria estar lá na frente, mas lá está Rafael Moura, né Argel?
Meu deus, quem joga no ataque do Inter B, Argel? Este ano, tivemos a entrada de uns meninos bem bons no time: William, Dourado, Valdívia, Arthur, etc. Acho que as saídas de Juan (pela idade), Moura, Wellington e talvez de Lisandro, serão muito boas para diminuir a folha de pagamento e para abrir espaço para os jovens. Ah, Vitinho tem que ficar!
Sobre o jogo… O que posso dizer para nossos sete leitores sobre aquela merda, Argel?
Aguirre, meu caro. O Inter jogou muito mal e isso deixou sensacional a partida de ontem contra o Emelec de Guaiaquil, maior cidade do Equador. Foi um jogo raro, de duas viradas, Inter 1 a 0, Emelec 2 a 1, Inter 3 a 2, com sofrimento no final. Houve boas novidades: Nilmar jogou bem; Alex entrou no lugar de D`Alessandro e comandou o time, além de marcar um belo gol; Alisson praticou um milagre. Mas foi só. Na parte individual, Fabrício foi uma larga avenida sem sinaleiras, Sasha afogou-se na marcação, Vitinho queria jogar sozinho, o genial Dale arranjou uma lesão muscular após pifar Nilmar e Réver, o mesmo que fez o salvador gol da vitória, foi uma piada na defesa.
Aliás, Diego, a defesa do Inter foi efetivamente o problema do jogo. Com dois volantes fixos, todos acharam, inclusive tu, que os problemas defensivos seriam minimizados. De forma nenhuma! A bagunça, a lentidão e certa arrogância de quem se sabe um bom time, deixaram livres os bons e entrosados equatorianos. Se não fosse Alisson… Outra coisa, Diego, nosso time está morrendo no segundo tempo. Ontem, não apenas se via o cansaço em quem está jogando só uma vez por semana como se apareceram cãibras em Nilmar e Nilton, assim como lesões musculares em quem não jogou, casos de Aránguiz e Anderson. Ou seja, está na hora de tu levares um papo com a preparação física.
No mais, tivemos sorte pelo fato de nossas falhas não terem resultado em mais gols do Emelec e competência nas defesas de Alisson e nos golaços de Nilmar (com esplêndido passe de D`Alessandro) e Alex (com esplêndido passe de Nilmar). Sobre a sorte de Réver, minha nossa. O cara estava péssimo e salvou o time com um chute difícil de acertar.
Nosso próximo jogo na Libertadores será contra o mesmo Emelec no Equador. Se fizermos o mesmo gênero de atuação, perderemos feio. O time do Emelec marca no campo inteiro, impede a saída fácil de bola do adversário e vai nos sufocar se não estivermos num nível melhor. Além disso, é rápido e tem bom toque de bola. Muito cuidado. Uma derrota lá e os fantasmas retornam.
Esse time tem que jogar para se entrosar mais, Aguirre. É muita gente nova e cada um tenta se comunicar numa língua diferente, à exceção de Vitinho, que não fala com ninguém.
Se os treinamentos são cheios de ideias e imaginativos, Diego Aguirre chegou ao Internacional com um contrapeso: veio com esquema de jogo pronto na cabeça. É o esquema do qual ele gosta e que deseja aplicar à fórceps a um bom grupo de jogadores totalmente inadequado a ele. E digo mais, é um esquema inadequado à maioria dos clubes brasileiros. Começo por aí:
O 4-4-2 (ou o 4-4-1-1, com D`Alessandro de enganche): com duas linhas de quatro jogadores, faz com que os membros da linha mais à frente comportem-se ora como volantes, ora como armadores. Algum torcedor colorado consegue vislumbrar Alex, Sasha, Valdívia, Vitinho ou D`Alessandro atuando como frequentemente como volantes? Ora, Aguirre, isso não acontecerá. Simples assim. Mas há mais:
Os laterais fixos: já vi todos os esquemas de jogo darem certo no Brasil, mas ainda não vi um que mantivesse fixos os laterais. Pois talvez a maior distinção que o futebol brasileiro apresente em relação aos outros, é o fato de nossos laterais aparecerem no ataque sempre que este seja realizado pelo lado em que jogarem. Mantendo fixos os laterais, o Inter perde as melhores características do jovem Cláudio Winck, cheio de futuro, e de Fabrício.
D`Alessandro centralizado: Dale está há oito anos no Inter. É um grande jogador, é um sucesso, porém, por algum motivo, apenas mata a pau quando organiza suas jogadas a partir dos flancos, com menor marcação. Aguirre quer vê-lo centralizado. Tudo indica que não funcionará.
Paulão: alguém deveria ter avisado Aguirre que Paulão tem um posicionamento em campo que lhe é habitual e que simplesmente… Vocês viram o segundo gol do Shakhtar, o de Taison? Pois é. Ele tem o vício de ignorar o cara que poderá receber a bola. Como está beirando os trinta anos, creio que jamais aprenderá. Abel já sabia que Alan Costa era uma opção muito mais segura.
Abel, parabéns pela vitória choradíssima. Teu time não foi nada brilhante, mas fez o que tinha que fazer jogando sem Aránguiz, Alex, Nilmar, Fabrício, Cláudio Winck, Juan, Wellington Martins e Sacha. São oito jogadores. O futebol apresentado hoje deu para o gasto, mas, se quisermos a vaga para a Libertadores, há que melhorar. Ah, e voltaremos à questão dos machucados.
Não sei por quê, eu e meu filho Bernardo chegamos ao Beira-Rio às 16h. Uma hora antes do jogo. Digo-te, Abel, que a atmosfera era do mais profundo ceticismo quanto a teu time. Não sei se cético ou não, tinha um fisioculturista sentado com sua filha na minha frente. Usava uma camiseta sem mangas a fim de impressionar quem se impressionasse. Na camiseta, estavam estampadas uma propagandas de suplementos alimentares. Fiquei pensando em como aquele cara faz para coçar a cabeça com tanto músculo sobrando. Mas enfim, cada um com seus dramas e obstinações.
Nosso primeiro tempo foi até bom. Perdemos gols. O goleiro do Goiás praticou uma defesa milagrosa e Ernando acertou o poste após driblar o mesmo Renan. No segundo tempo, começou aquele dramalhão. O time, meu caro Abel, novamente cansou. Enquanto isso, o Goiás só se defendia, sem a mínima pretensão de atacar. Até que, quando as coisas estavam dirigindo-se para um melancólico 0 x 0, eis que Paulão comete uma obra-prima, marcando um gol de bicicleta após um escanteio.
Ah, pois é. Paulão saiu da reserva para marcar um golaço. Acho que tens razão, Abel, Paulão é banco mesmo. Porém, o que apavora o torcedor é que o time está estropiado fisicamente mesmo tendo desistido da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil. E hoje, mantendo a tendência de morte física, tu fizeste duas substituições por lesões musculares. Ou seja, o que sobrava para o meu vizinho de arquibancada — se aquilo no Beira-Rio ainda pode ser chamado assim — faltava para os nossos jogadores. Que preparo físico de merda é esse, Abel? Alan Patrick e o excelente Alan Costa saíram de campo com problemas musculares a fim de darem lugar a Valdívia e Paulão. E Bertotto saiu por estar TONTO devido ao esforço. Repito: que preparo físico de merda é esse, Abel? Pois o preparador físico é teu contratado, da tua equipe.
Como acabaremos o Brasileiro? Com todos no Departamento Médico?
Espero que o time esteja um pouquinho mais inteiro no próximo sábado, 22. O adversário não será o Goiás, Abel, será o Atlético-MG no Beira-Rio. Será que eles virão com os reservas, preservando os titulares para a final da Copa do Brasil, dia 26, contra o Cruzeiro? Rezemos que sim.
P.S. — Devo dizer que Rafael Moura jogou bem, assim como Willians, D`Alessandro, Ernando e, ainda mais incrível, Jorge Henrique. Os laterais, ambos, tu deves mandá-los embora amanhã.
O jogo de ontem foi um claro retrato do atual futebol brasileiro: uma péssima administração — representada pelo “árbitro” Héber Roberto Lopes –, um time cansado pelo calendário absurdo (São Paulo) e outro de níveis técnico e tático rasteiros (Internacional).
O Inter teve sorte. Tu entraste com um retrancão de três zagueiros e dois volantes, Abel, e o SP teve dificuldades para chegar próximo de nosso gol. Então, no meio daquela coisa de centenas de passes errados, rebatidas e tentativas de futebol, ganhamos um gol de presente. Paulão estava impedidíssimo ao marcar o 1 x 0. Foi constrangedor. Nem comemorei, apenas ri. Acho que o bandeira não viu o desvio de cabeça do Bertotto.
Nosso time estava desfalcado e tua opção pela retranca foi compreendida por este que te escreve. Alisson esteve genial. Nosso goleiro pegou bolas incríveis ontem, como meus sete leitores e tu podem ver no vídeo abaixo. E tem só 22 anos! Boa sacada tua a de tirar o Dida para colocar o rapaz. Acho melhor te tratar bem neste período crepuscular de tua gestão. Só não repita que vais deixar um legado! Legado o caralho!
Voltando a ontem: o gol do Luís Fabiano foi uma piada. Os caras levantam uma bola na área lá do outro lado e o cara aparece livre no meio de três zagueiros!
Bem, não sei como conseguiremos os nove pontos que nos faltam em quatro jogos para chegar à Libertadores, mas é o único jeito. E já vamos sem Fabrício para o próximo jogo… Que idiotice do Héber. Foi a mais comum das faltas. Aliás, talvez nem tenha sido falta, mas ele tocou o cara na rua com o segundo cartão.
Precisamos fazer retornar o D`Alessandro, seguir colando os cacos e torcer para o glorioso Alan Ruschel reencontre o futebol que deixou no vestiário da Arena Tricolor. Dê companhia para o Nilmar, Abel. O coitado está muito sozinho e vai acabar deprimido.
Até domingo contra o Goiás no Beira-Rio. Estarei lá sofrendo. Boa sorte.
Na semana passada, atrapalhado pelas eleições, deixei passar em branco nossa vitória contra o Bahia por 2 x 0 no Beira-Rio. Gostaria de dizer que Alan Patrick, a quem detesto como jogador de futebol, jogou muito bem. Todo o time esteve bem no primeiro tempo, depois foi aquilo de novo, mas o Bahia era fraco e ganhamos.
Já ontem, Abel, a sorte nos sorriu desavergonhadamente. Teu time até que jogou bem após o primeiro gol de Aránguiz — por sinal, belíssimo, com um passe embasbacante de D`Alessandro e conclusão perfeita do chileno –, mas depois caiu lamentavelmente. Para manter a tradição, tu enfiaste os pés pelas mãos: como o time sempre piora no segundo tempo, após tua preleção, tiraste o Dale (?) para colocar Wellington Paulista (?) como armador pelo lado direito, mesmo tendo Valdívia no banco. Tu és um brincalhão, né? Teu humor canhestro voltou a se manifestar quando retiraste Alan Patrick para colocar mais um volante, Bertotto, chamando o Santos para o nosso campo. O Peixe empatou e cansou de perder gols antes e depois do segundo gol de Aránguiz. Viste a cobrança dele? Craque, enfiou bem onde a barreira abriu.
O jogo de ontem poderia ter tido qualquer resultado. Nossa vitória foi pura loteria. É inacreditável que estejamos em terceiro lugar no Brasileiro. O nível técnico de nosso maior campeonato é 7 x 1 para a Alemanha.
É essa minha esperança para o Gre-Nal: a qualidade de nossos jogadores. Espero que Dale, Aránguiz, Alex e Nilmar façam a diferença. Pois nossa defesa perdeu todas as bolas altas e é claro que Felipão tratará de passar a tarde do próximo domingo erguendo bolas sobre a nossa área. Mas confio nos jogadores, Abel.
Sabes? Acho tu estás ficando meio doido. Aquelas declarações sobre ganhar do Santos após 100 anos não apontam exatamente na direção da sanidade mental. Se somarmos isso as substituições malucas…
A obsessão de bloquear todos os caminhos do oponente também significa multiplicar o número de bolas de que ele vai dispor.
Marcelo Bielsa
Abel, agora leia o que o Igor Natusch escreveu ontem em resposta a uma postagem minha no Facebook:
Hoje o Abel foi, para usar o termo técnico, cagão. E burro. O Inter não é um time veloz, isso até os vazamentos do Gigantinho sabem. Um time lento não pode jogar atrás contra um adversário mais forte, porque vai acabar sendo encaixotado; tem que jogar mais à frente, mantendo o controle da bola do meio do campo para frente, sempre o mais longe da própria meta quanto possível. No primeiro tempo, o Inter ficava com a bola na defesa e TROTAVA em direção ao ataque, carregando a bola ao invés de fazê-la rodar em campo – nada mais natural, já que o time todo estava atrás da linha da bola e inexistiam jogadores capazes de ocuparem posições ofensivas com rapidez. Foi só botar Alex e o time melhorou: teve a bola mais tempo, carregou o jogo de forma mais produtiva. Perder para o Cruzeiro fora de casa é normal, mas Abel dificultou as coisas para si mesmo.
Ora, toda a América Latina sabe a posição correta de Aránguiz — um dos maiores jogadores do continente — num time de futebol. Tu, Abel, não sabes e insistes num erro que, aliás, já tinha cometido e corrigido. Com a repetição do erro, isto é, com a colocação de três volantes, tu chamaste o Cruzeiro para o teu campo, “multiplicando o número de bolas à disposição” do adversário. Tu deste a bola para o melhor time do Brasileiro, Abel. Desculpe, mas que burrice.
O mais incrível é que fizeste uma substituição correta — a de Sacha, machucado, por Valdívia –, porém, de graça, pela mais pura covardia, colocaste o volante Willians em campo no lugar de Alex, que vinha sendo o protagonista de várias vitórias recentes do Inter. Incrível! Quase saí da frente da TV quando vi tua novidade. Tu és inventor, inventor, inventor, tolo, cagão e burro.
Quando Alex entrou em campo no intervalo no lugar de um dos volantes… Que coisa, né? O time começou a enfrentar o Cruzeiro de igual para igual, marcando um gol e podendo até empatar. Posso te resumir? Abel, tu és um bom técnico, sabes dar dinâmica a um time, mas fazes péssimas alterações antes e durante os jogos, quando tua fantasia e teus medos desenfreados remexem teus intestinos. Tu precisas de um auxiliar mais corajoso ou, como dizemos um tanto preconceituosamente aqui no RS, mais macho.
Cara, desculpe, mas tu é muito frouxo.
Como escreveu o Emilio Carlos Baino, “acho que o campeonato [a luta pelo título] acabou. Inter, São Paulo, Atlético-MG, Grêmio e Corinthians disputarão as vagas remanescentes para a Libertadores. Do Bahia para baixo, haverá luta sangrenta para o rebaixamento. O Cruzeiro está em outro patamar futebolístico”. E, para piorar, ainda há técnicos vice-líderes que têm medinho da Raposa. Aí acabou mesmo.
O Inter é vice-líder do Brasileiro; o Inter venceu seus últimos cinco jogos; nestes, não tomou nenhum gol; o Inter é demais! Só que a verdade é que o desempenho do futebol desenvolvido em campo está abaixo do aceitável… Não, não é corneta. É fato facilmente comprovável — estamos com uma sorte incrível, é só rever os jogos. Deste cinco, ganhamos bem do Grêmio e do Flamengo. Só. As vitórias contra o Bahia, o Santos e o Goiás foram casuais. O resultado mais normal para os jogos contra o estes times seria o empate. Neles, não criamos NENHUMA chance de gol. Nosso mérito foi o de ter imposto o mesmo a nosso adversário. Só que dois gols irrepetíveis, resultados de falhas incríveis do adversário, deram-nos as vitórias. Já contra o Santos, poderíamos podíamos ter empatado ou até perdido.
Não pense, Abel, que com isso desvalorizo tua sequência de vitórias. Ao contrário, penso que sejam fundamentais, pois dão tranquilidade e boas condições para que se melhore em campo. Se tivéssemos uma pontuação baixa, teríamos que resolver as questões de jogo sob mau tempo. Não é o caso. Todo o Brasil está acompanhando nossa perseguição ao Cruzeiro como se fôssemos um adversário real. E somos, mas só pelos insistentes resultados.
Abelito, veja bem, coração: o jogo de sábado demonstrou que Aránguiz fica meio perdido jogando na linha de três, com D`Alessandro e Alex. Eu também achava que ali seria o lugar dele, mas não é. Ele é bem melhor vindo de trás, mais livre, de surpresa. É claro que isso não significa a reentrada da enceradeira Jorge Henrique, nem de Alan Patrick, uma enceradeira sem energia elétrica. É a hora de testar Leandro, Valdívia e… onde está o Luque? O argentino que acabamos de contratar é tão ruim assim?
Outra coisa, por ora, nosso guichê não aceita críticas ao Fabrício. Ele pode ser isso ou aquilo, mas seus cruzamentos resultam em gols, vários gols. Ele é a única esperança para o Rafael Moura, centroavante totalmente inadequado aos meias que temos. Aliás, aí está outro problema. Moura serve para receber cruzamentos ou para fazer parede. Como não há nem um nem outro, é melhor pensar em outro para a função.
Elogios? Sim, vão todos para a marcação. Desde o trio de meias até a extraordinária dupla de zagueiros Ernando e Juan, todos marcam. E bem. Até Winck, célebre por não marcar, está fazendo direitinho seu papel. E poucos recebem cartões, o que comprova o bom posicionamento de todos. O problema é o ataque e os erros de passe. Lembra da Primeira de Lei de Andrade? A que diz assim: “Quem não tem a bola corre o dobro?”. Pois é.
Ah, o Fernandão morreu,
o Fernandão morreu,
o Fernandão morreu-eu
Da torcida Grêmio no Gre-Nal de ontem
Só por isso já mereciam ter perdido, não? Mas é uma postura que ultrapasse a truculência das organizadas. Ainda na noite de ontem, li vários gremistas pedindo desculpas pelo comportamento de sua torcida.
Me envergonho desses imbecis que estavam lá envergonhando o meu time em mais uma derrota,
disse um deles para mim. Igor Natusch, outro baita gremista meu amigo, escreveu:
Quanto maior a carência de títulos, mais essas criaturas vão tomando conta da torcida gremista. Pobres de espírito, toscos mergulhados na babaquice, gente que vê futebol com rancor. Quero distância desse pessoal, não quero isso aí para a minha vida. Futebol, mesmo na derrota, é prazer, não infâmia. Lamento pelo insulto escroto dessas pessoas e espero que encontrem algum tipo de grandeza pessoal no futuro, se bem que acho difícil.
OK, vamos adiante. Efetivamente, não é uma postura geral. A reação da torcida do Inter foi de aplaudir a imbecilidade. Pois, há ofensas que dizem mais do ofensor do que do ofendido. Foi a resposta mais perfeita para aquele momento.
Falemos do jogo.
Abel, somos obrigados a reconhecer que o Grêmio de Felipão foi bem diferente do de Enderson Moreira. Este marca, não tem a indulgência daquele. O primeiro tempo só acabou em 0 x 0 porque Dudu perdeu um gol feitíssimo. No início do segundo tempo, a coisa piorou para nós. O Grêmio começava a dominar o jogo com base nas excelentes atuações de, num primeiro nível, Felipe Bastos, secundado pelo jovem Walace e por Giuliano. Mas aí ocorreu o que tem sido nossa doce rotina.
Gosto dos jogadores decisivos. Você pode empilhar dez Rodriguinhos no seu time que eles não farão um D`Alessandro. Exagero? Claro que sim, os gregos criaram a figura da hipérbole para intensificar um fato até o inconcebível e os lógicos adoram hipérboles. Por isso, digo que 61 Baideks não fariam o que um Renato fez em Tóquio, por exemplo. Como eu dizia, o Grêmio se esforçava e dominava o jogo, só que, quando menos esperava… Alex driblou meio-mundo, abriu para Fabrício que, livre, cruzou para Aránguiz abrir o marcador. Ter melhores jogadores é uma arma óbvia e decisiva.
O que veio depois foi uma enorme perturbação tricolor e uma festa colorada. É muito chato jogar no limite, com a atenção máxima, e tomar na cabeça. Para piorar, a qualidade do Inter, antes de(re)primida, passou por momentos de euforia com D`Alessandro e Aránguiz no comando. O segundo gol saiu ao natural e, se houvesse mais tempo, chegaríamos aos 7 x 1, tenho certeza. Além dos jogadores citados do Inter, Juan esteve em dia de gênio.
Ah, Abel, pelamordedeus, acho que está na hora de efetivar Cláudio Winck na lateral. Ele é muito melhor do que a concorrência e ainda faz gols. Chega de nabas. Wellington Silva deve ficar ao lado de Alan Patrick, no banco.
http://youtu.be/dPIZW7OldPE
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HISTÓRICO GERAL DO CLÁSSICO GRE-NAL (après Carta na Manga):
402 jogos
125 vitórias do Grêmio
152 vitórias do Internacional
125 empates
529 gols do Grêmio
574 gols do Internacional
JOGOS OFICIAIS
322 jogos
102 vitórias do Grêmio
118 vitórias do Internacional
102 empates
412 gols do Grêmio
424 gols do Internacional
AMISTOSOS E TORNEIOS NÃO OFICIAIS
80 jogos
23 vitórias do Grêmio
34 vitórias do Internacional
23 empates
117 gols do Grêmio
150 gols do Internacional
POR COMPETIÇÃO
Seletiva da Libertadores: 2 jogos; 2 empates; 2 gols do Grêmio; 2 gols do Inter
Copa Sul-Americana: 4 jogos; 1 vitória do Grêmio; 1 vitória do Inter; 2 empates; 5 gols do Grêmio; 6 gols do Inter
Campeonato Brasileiro: 49 jogos; 19 vitórias do Grêmio; 17 vitórias do Inter; 13 empates; 46 gols do Grêmio; 48 gols do Inter
Copa do Brasil: 2 jogos; 2 empates; 2 gols do Grêmio; 2 gols do Inter
Robertão: 6 jogos; 4 vitórias do Inter; 2 empates; 1 gol do Grêmio; 4 gols do Inter
Copa Sul/Sul-Minas: 3 jogos; 1 vitória do Inter; 2 empates; 2 gols do Grêmio; 4 gols do Inter
Gauchão: 155 jogos; 45 vitórias do Grêmio; 53 vitórias do Inter; 57 empates; 163 gols do Grêmio; 160 gols do Inter
Citadino: 105 jogos; 37 vitórias do Grêmio; 44 vitórias do Inter; 20 empates; 191 gols do Grêmio; 198 gols do Inter
POR ESTÁDIO
Olímpico: 123 jogos; 41 vitórias do Grêmio; 34 vitórias do Inter; 48 empates; 152 gols do Grêmio; 132 gols do Inter
Beira-Rio: 110 jogos; 27 vitórias do Grêmio; 43 vitórias do Inter; 40 empates; 91 gols do Grêmio; 110 gols do Inter
Eucaliptos: 54 jogos; 22 vitórias do Grêmio; 24 vitórias do Inter; 8 empates; 84 gols do Grêmio; 98 gols do Inter
Baixada: 47 jogos; 23 vitórias do Grêmio; 15 vitórias do Inter; 9 empates; 100 gols do Grêmio; 92 gols do Inter
Chácara dos Eucaliptos: 12 jogos; 6 vitórias do Grêmio; 6 vitórias do Inter; 24 gols do Grêmio; 27 gols do Inter
Arena do Grêmio: 3 jogos; 1 vitória do Inter; 2 empates; 3 gols do Grêmio; 4 gols do Inter
POR DÉCADA
1909: 1 jogo; 1 vitória do Grêmio; 10 gols do Grêmio
1910-19: 12 jogos; 7 vitórias do Grêmio; 5 vitórias do Inter; 36 gols do Grêmio; 25 gols do Inter
1920-29: 18 jogos; 11 vitórias do Grêmio; 4 vitórias do Inter; 3 empates; 45 gols do Grêmio; 34 gols do Inter
1930-39: 30 jogos; 14 vitórias do Grêmio; 10 vitórias do Inter; 6 empates; 60 gols do Grêmio; 59 gols do Inter
1940-49: 49 jogos; 7 vitórias do Grêmio; 32 vitórias do Inter; 10 empates; 73 gols do Grêmio; 138 gols do Inter
1950-59: 40 jogos; 11 vitórias do Grêmio; 16 vitórias do Inter; 13 empates; 47 gols do Grêmio; 69 gols do Inter
1960-69: 42 jogos; 16 vitórias do Grêmio; 13 vitórias do Inter; 13 empates; 52 gols do Grêmio; 34 gols do Inter
1970-79: 59 jogos; 12 vitórias do Grêmio; 24 vitórias do Inter; 23 empates; 52 gols do Grêmio; 56 gols do Inter
1980-89: 50 jogos; 16 vitórias do Grêmio; 13 vitórias do Inter; 21 empates; 54 gols do Grêmio; 51 gols do Inter
1990-99: 43 jogos; 14 vitórias do Grêmio; 12 vitórias do Inter; 7 empates; 39 gols do Grêmio; 37 gols do Inter
2000-09: 34 jogos; 10 vitórias do Grêmio; 13 vitórias do Inter; 11 empates; 33 gols do Grêmio; 39 gols do Inter
2010-14: 24 jogos; 6 vitórias do Grêmio; 10 vitórias do Inter; 8 empates; 28 gols do Grêmio; 34 gols do Inter
Tudo tranquilo? Sem dúvida, pois voltamos a nossa posição habitual no Brasileiro, o oitavo lugar. Parabéns. Puxa, Abel, disse na última quinta-feira que tu dirias após o jogo de ontem:
O Cruzeiro é um time perigoso, bem preparado e joga bem tanto em casa como fora. Jogaram no nosso erro. Além do mais, tem o grande Ricardo Goulart.
Hoje leio no jornal:
Acabou que não conseguimos jogar, nos marcaram e jogaram no nosso erro. O Cruzeiro achou o segundo gol. Agora, é o momento da grandeza, blá, blá, blá…
Tudo tão previsível, Abel. Nós sempre erramos! Não temos banco e, se as quatro estrelas do time eram Aránguiz, Alex, D`Alessandro e Alan Patrick, ontem estivemos sem 3 delas — só D`Alessandro jogou — e com Otávio… Céus. Além do mais, se o titular já não é uma Brastemp, o que dizer de Wellington Paulista como centroavante? Melhor não dizer nada. Outra coisa, nunca pensei que sentiria falta do Paulão… E o Dida que agora deu para espalmar para a frente?
Bem, não vou cansar meus sete leitores, são os mesmos erros de todos os anos, a única coisa que muda são os nomes. Acho que perderíamos mesmo sem os desfalques. O Cruzeiro é muito melhor. Apenas gostaria de saber se a folha de pagamento do mineiros é maior que a nossa. Creio que não. Afinal, somos o time das velhas e caras estrelas cadentes, o time que não confirma a compra de Ricardo Goulart ao Santo André mas que tem um goleiro caro e deficiente de 40 anos. Por isso, estamos atrás de times ridículos como Goiás, Grêmio e Palmeiras no Brasileiro.
No jogo de ontem, será que Dida gritou “Deixa!” para Valdívia no primeiro gol? O que fez Wellington no segundo e como explicar a letargia no terceiro gol? E a montanha de erros de passe? Acho que os anos Luigi serão isso aí, mas até isso era previsível. Espero que haja trabalho durante a Copa. Senão, podem contar mais um ano, 36, sem Brasileiros
Abel, meu querido, é em razão de coisas como a de ontem à noite que faz 35 anos que o Inter não vence um Brasileiro. Escreva aí: o campeão brasileiro de 2014 — e qualquer um, de qualquer ano — vai vencer quase todos os timinhos, dentro e fora de casa. Os pontos de ontem são difíceis de recuperar e meu prognóstico é o de que, na próxima rodada, já não estaremos na liderança, pois o pensamento de que um “empate é um bom resultado em Curitiba” já faz parte da forma de pensar no Beira-Rio.
Viste o Diego Simeone sendo jogado pra cima pelos jogadores do Atlético de Madrid após vencer o Campeonato Espanhol? Apesar do teu peso, queria te ver naquela situação. Pense bem, nós não temos punch. Te explico o que é punch: é a força, a potência no golpe para derrubar um adversário numa luta de boxe. Nós damos soquinhos. Quando temos a oportunidade de derrubar, quando o time adversário parece pronto para perder, nós relaxamos, tranquilizados pelo fato de não sermos atacados. Acho que para fazer gol é preciso gostar de fazer gol. Cadê os chutes de fora da área? Procura aí abaixo, nos melhores lances de ontem, Abel. Ter Alex e D`Alessandro no time e não chutar de fora? Não entendo. Aliás, outra coisa que não entendo é o motivo de três meias num jogo como o de ontem.
Eu gosto muito de tênis, professor. Grande parte do trabalho do tenista é deixar o adversário desconfortável na quadra. O bom tenista tenta obrigar o cara do outro lado a fazer tudo o que ele não gosta de fazer. E nós, no futebol, gastamos largos períodos de nossos jogos trocando passes lentamente, num acordo tácito de confortabilidade mínima para os dois lados. Parece que lideramos o campeonato com larga margem. Olha a tabela, Abel!
E agora, vamos jogar fora de casa contra o Coritiba sem Juan, Willians (por terceiros cartões), Aránguiz e Gilberto. Vamos pra cima deles ou fazemos teremos mais enrolação? Lembre-se que o Coritiba de Celso Roth não venceu nenhuma partida no campeonato. Tem 3 empates e 2 derrotas.
Abel, acho que o Inter fez seu melhor jogo no Campeonato Brasileiro. Não obstante, quase entregou novamente no final. Dominamos inteiramente o Atlético-PR, mas deixamos com que eles fizessem o primeiro numa incrível falha de nossa defesa. Depois, OK, viramos com méritos e poderíamos ter feito mais. Mas aí vem nosso problema, Abel: a gente não mata ninguém, nossas vitórias são todas por um gol de diferença, até o fim é aquele sufoco e, assim como ocorreu contra o Sport, os paranaenses quase empataram no final. Houve intensidade e boas atuações de Alan Patrick, D´Alessandro, Aránguiz e Alex. Aliás, Patrick marcou um lindo gol – chute violentíssimo no ângulo superior direito –, fez a jogada do gol do D´Alessandro e quase marcou o terceiro. Foi o melhor em campo.
http://youtu.be/ZCcRO2w1r9k
Bem, Abel, somos líderes isolados (10 pontos em 12 possíveis), mas nunca esqueça que jogamos três jogos em casa e apenas um fora. Se eu fosse cínico, diria que é só manter a posição por mais 34 rodadas, porém não te direi isso. Agora temos um jogo da Copa do Brasil na quarta-feira — contra o Cuiabá, às 22h, o jogo de ida foi 1 x 1 — e, no domingo, pegamos o Criciúma fora.
Ora, convenhamos Abel, o Criciúma levou 6 do Botafogo, não é um bom time. Vamos lá marcá-los direitinho, dando aquelas especuladas espertas. Deve ser fácil pegar eles em contra-ataques. Claro que só de pensar que o Paulo Baier (39 anos) estará do outro lado, já significa que tomaremos um gol, mas é importante manter for o que foi conquistado a duras penas em casa. Lembre-se que o campeão é o time que ganha dos pequenos. Não faça bobagem contra esses timecos.
De entremeio, espero um jogo tranquilo contra o Cuiabá, daqueles que são resolvidos no primeiro tempo. Ah, mas esqueci que nunca conseguimos ganhar por larga diferença de gols. Ou conseguimos?
Sexta-feira, eu avisei a meus amigos gremistas: nós, do Internacional, ganharíamos o Gre-Nal. Ganharíamos porque nosso time estava e está em ascensão — jogando mais do que o Grêmio — e porque a ZH estava ajudando. Explico o caso ZH: na publicação, naquela mesma sexta-feira, de forma inexplicável, quatro analistas escreviam que o Grêmio chegava melhor ao Gre-Nal e era consequentemente o favorito. Eu discordava, sigo discordando e, desculpem, tinha razão. Para fazer valer a forcinha dada pelo jornal, bastaria fazer um poster da página principal de esportes e colocá-lo na entrada do vestiário do Inter. Puro doping.
(Não vou discutir aqui o enganador nível técnico do decepcionante Grupo da Morte da Libertadores, seria entediante).
Mas é claro que Abel contribuiu para deixar o jogo mais emocionante. Com Abel não tem nada de meritocracia, para ele substituir um titular, este há que ser antes execrado publicamente. Às vezes, tal atitude se revela sábia. Ele insistiu com o Rafael Moura e hoje penso em conhecer o desenho do He-man. Hoje já me mostraram a música de abertura. É ruim pra caralho.
Quando Abel acertou a escalação no início do segundo tempo e mais, a organização do time com D`Alessandro pela direita, Aránguiz solto e Alan Patrick se enfiando, a superioridade de nosso time tornou-se algo constrangedor para os locatários da Arena. Foram dois gols, dois gols perdidos cara a cara (Aránguiz e Alex) e mais aquela bola do Alan Patrick que merecia ter entrado pela magia do futebol. O Inter chega bem no momento da reinauguração do Beira-Rio e do início do Brasileiro, que é o que interessa num ano sem Libertadores.
Achei o Grêmio morto do ponto de vista físico, mas lembrem-se da lição Nº 1 do Andrade quando jogador do Flamengo: “Quem não tem a bola corre o dobro”. E o Grêmio realmente não viu foi a bola. Não obstante, Barcos fez um belo gol. Até eu fiquei feliz de ver, pena que tenha sido no nossa goleira.
Agora, os números do clássico estão bem redondos e justos: são 400 Gre-Nais, com 150 vitórias do Inter, 125 empates e 125 derrotas. Se o Grêmio alcançar o Inter algum dia, é certo que estarei morto. Assim sendo, agora torço pelos empates!
Oh! sejamos pornográficos. Oh! não, não, nada disso. Sejamos pragmáticos. Só para poder dizer que o Inter venceu o Remo por 6 x 1 sem jogar nada. Passei a noite sofrendo críticas por estar cabeceando durante o jogo. Me mandavam para a cama, só que o time empilhava gols… Como sair da frente da TV? Sim, minha cabeça caía de sono e levantava quase só para ver os gols. Agora, pude conferir nos jornais que não perdi nada. Abel Braga já começou a fazer das suas ao juntar Jorge Henrique e Alex na armação. Ambos são bons o suficiente para não serem massacrados e lentos o suficiente para causar sono. Acho que o efeito dramin foi sentido para dupla de volantes do Remo na segunda etapa.
O curioso é que todos sabem disso, todos os comentaristas de todas as rádios falam na lentidão da dupla, mas Abel tem seu código de conduta e este diz que os substitutos têm que aguardar pela aposentadoria ou pelo enforcamento público dos titulares.
Mas, pô, como sou chato, foi 6 x 1. Cala a boca , Milton! Melhor abster-se de criticar hoje. Melhor falar do golaço de Rafael Moura, que fez aquela coisa incompreensivelmente linda no último gol. Melhor falar do Aránguiz, que joga bem até quando não está inspirado. Mas torcedor de futebol é um sujeito sempre insatisfeito então mando o Luigi às favas mesmo com o 6 x 1.
Pois eu acho que desta vez o Corinthians será finalmente o Campeão da Libertadores. Com um time de implacável pragmatismo, sem ilusões, dedicado à marcação e sem destacados protagonistas, o time mais popular de São Paulo deverá levar não apenas a lenda de mais chato da competição. Apesar do que significa o Boca — se este passar hoje pelo Libertad — , os argentinos estão muito abaixo do que vimos ontem.
Afinal, é o ano dos pragmáticos. O Chelsea já ganhou a Liga dos Campeões vencendo times com melhores jogadores. (Acho que um encontro entre Chelsea e Corinthians deveria ser encaminhado diretamente para os pênaltis, tais suas retrancas.) Mas, ah, há lições a tirar dos enfadonhos.
Se o Chelsea teve sorte contra o Barcelona e principalmente contra o Bayern, o Corinthians demonstrou notável segurança, mantendo distância de quaisquer possibilidades de reversão. Todos, inclusive os atacantes, marcam mesmo. É comum ver Jorge Henrique, Emerson e William atirando-se à marcação com ânimo de volantes de contenção. E o resto do time faz o mesmo. Tanta dedicação aponta para um vestiário fechado e motivado, sem dorivais a impor ordens sem sentido. A marcação é completada por uma excelente organização e sincronia quando com a bola nos pés, prova de que o time não faz apenas os rachões desatentos de dorivais. Se há tanta dedicação e obediência, não há apenas Tite para administrar o grupo , há certamente uma equipe — da qual participa Fabio Maseredjan, dispensado pelo Inter para dar lugar ao preparador da equipe de dorival. OK, apesar de justos, chega de ressentimentos.
Ao ver os torcedores com lágrimas nos olhos e nervosos no final da partida, pensava em quão idiotas somos quando sob grande tensão. Eles deveriam estar tranquilos, tal a serenidade e a segurança do time do Pastor Tite. Apesar da diferença de um gol, o Santos nunca chegou a ameaçar, nem mesmo quando encontrou, sob as camadas da marcação corintiana, aquele gol de Neymar. A coisa estava tão séria e complicada para o Peixe que Neymar comemorou o gol de verdade, sem aquelas dancinhas das suas mais que vulgares músicas.
O gol foi imerecido e acabou sendo corrigido logo no começo do segundo tempo de uma forma bem corintiana — explorando o erro do adversário, no caso, Durval. Pois os times vencedores são assim, punem, estão ligados, prontos para o bote, totalmente instruídos e focados em objetivos, a não ser que sejam formados por Messis e Xavis e não precisem de tanta atenção, só de treino mesmo.
Esqueci de dizer que a objetividade do Tite — tão desapiedada quanto a de um pastor ao retirar o dízimo de seus fiéis — também revela-se quando o Corinthians toma posse da bola. O time vem tocando quase sem dribles e errando poucos passes. Os maestros são o excelente Paulinho e nosso conhecidíssimo Alex. Na reserva, há jogadores do porte de William, Liédson, Douglas, etc. Ou seja, a receita do Corinthians — provável vencedor da Lib 2012 — é foco, organização, dedicação, jogadores experientes e rejeição aos protagonismos.
Quando comparo com aquele meu time do sul… OK, eu paro.
Foi um final de semana totalmente satisfatório com as visitas da Cami–nhante, da Nikelen e do Farinatti. Houve também um festim diabólico de aniversário, que teve como destaques não apenas o grupo reunido e a excepcional gastronomia, mas o belo e inesperado recital da Elena e do Vladimir Romanov, tocando uma Serenata de Haydn para a aniversariante — as lojas estavam fechadas, então a gente resolveu dar música de presente (obrigado, Elena e Vladimir) — e várias músicas brasileiras em arranjos que nos deixaram (muito) embasbacados. Era a noite do pessoal da música erudita tocar popular. O Alexandre Constantino também sentou-se ao piano para esmerilhar a bossa nova (obrigadíssimo, Alexandre!).
Porém, não adianta. A gente sempre lembra mais daquilo que não gostou. Ou daquilo que gostou menos, porque na história que vou contar há muito de gratidão, amor e respeito. Eu e o Farinatti fomos ao jogo do Inter e eu, com minha boca grande e boba, resolvi me referir antes do jogo ao fato de Gamarra, Fernandão, Iarley, Alex e muitos outros ex-jogadores do Inter terem ido ao Beira-Rio jogar, alguns marcando gols — como todos os citados — , mas sempre demonstrando seus sentimentos à torcida, pois nunca vibraram ao balançar as redes do ex-clube.
Como é característico meu, não pude deixar de dizer: “Os gremistas devem ficar loucos com isso, os caras vêm aqui e demonstram gratidão, coisa raríssima de a gente ver no outro lado”.
Então ontem, no mais importante jogo para o Internacional neste Brasileiro, Rafael Sóbis nos fez o mais doloroso dos gols, o da vitória do Fluminense. Sua reação — para demonstrar a todo o estádio que não vibraria — foi a mais cabal possível. Juntos as mãos como se rezasse, num pedido desajeitado de desculpas (vejam abaixo a foto de Alexandro Auler publicada no Impedimento). Depois, do jogo, confessou que seus filhos foram ao estádio ver papai jogar, ambos com camisas vermelhas. Dizer o quê? Triste consolo para um time de 7 milhões mensais, que joga pouco e que não irá à Libertadores 2012.
Só espero não ter que gostar de tomar gols.
E, após o jogo, Sóbis falou:
— Peço desculpas à torcida. Podem ter certeza de que estou com uma dor enorme no coração por vencer o meu time e distanciá-lo de um objetivo. Queria que esse gol fosse de outro.
Neste final de semana, minha filha pediu para conhecer o filme Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971), de Stanley Kubrick. Esta é uma das delícias da paternidade — pode rever coisas acompanhado daquele olhar juvenil que perdemos. Ela adorou o filme. A curiosidade é que neste tempo de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e de tentar mudar as políticas de enfrentamento ao tráfico e ao crime, o filme está mais atual do que nunca, apesar do seu visual estranho e dos escritores do futuro usarem máquinas de escrever…
Não vou descrever o filme, pois acho que todos os que passam por aqui sabem de tudo: da violência estilizada, da prisão, do tratamento Ludovico e da primeira e segunda curas.
A Claudia fez uma rápida pesquisa sobre as circunstâncias em que foi filmada aquela maravilha e demos boas risadas com sua leitura. As filmagens foram o que esperávamos. Copio abaixo, de forma algo editada, algumas observações deliciosas da Wikipedia:
Stanley Kubrick e o objeto de arte futurista que será fatal para a mulher dos gatos
Durante a cena em que Alex (Malcolm McDowell) é submetido ao tratamento Ludovico, o ator arranhou a córnea e ficou temporariamente cego. Revendo as cenas não é de surpreender. O cara recebe garras de metal para manter os olhos abertos.
O médico que acompanha Alex durante o tratamento no filme era realmente médico e estava lá por motivos de segurança para o protagonista.
Malcolm também teve costelas quebradas durante a filmagem da cena de humilhação após o tratamento.
Malcolm quase se afogou de verdade devido a uma falha no equipamento que o ajudaria a respirar, na cena em que os seus ex-“droogies” — naquele momento já no cargo de policiais — o encontram e o submetem a uma tortura em uma banheira.
Stanley Kubrick propositalmente cometeu alguns erros de continuidade em Laranja Mecânica. Os pratos em cima das mesa trocam de posição e o nível de vinho nas garrafas muda em diversas tomadas, com a intenção de causar desorientação ao espectador.
O filme foi retirado de cartaz no Reino Unido a mando de Stanley Kubrick. Irritado com as críticas recebidas, de que Laranja Mecânica seria muito violento, Kubrick declarou que o filme apenas seria exibido lá após sua morte, ocorrida em 1999.
A linguagem utilizada por Alex, chamada de nadsat, foi inventada pelo autor Anthony Burgess, que misturou palavras em inglês, em russo e gírias.
A cobra foi colocada nas filmagens após o diretor Stanley Kubrick descobrir que Malcolm McDowell tinha medo delas.
A música de Beethoven que perpassa todo o filme foi executada no revolucionário “sintetizador” de Walter Carlos. Depois, famoso, o moço mudou de sexo, rebatizando-se como Wendy Carlos.
No livro, o sobrenome de Alex não é revelado em momento algum. Comenta-se que DeLarge seja uma referência a um momento no livro em que Alex chama a si mesmo de “Alexander the Large”.
O orçamento total do filme foi de apenas US$ 2 milhões.
Stanley Kubrick certa vez declarou que, se não pudesse contar com Malcolm McDowell, provavelmente não teria feito Laranja Mecânica.
A canção Singing in the Rain, cantada por Alex durante a cena em que ele e seus colegas violentam uma mulher na frente de seu marido, só está no filme porque esta era a única música que Malcolm McDowell sabia cantar por inteiro.
O filme foi proibido no Brasil na época do lançamento, mas liberado depois de alguns anos com a condição de que a genitália da mulher na cena de estupro fosse encoberta por meio de manchas pretas sobrepostas à cena. Quem assistiu ao filme naquela época pôde perceber que tais “manchas pretas” nem sempre acompanhavam a vagina com os pêlos pubianos. Isso sem contar que a censura era de 18 anos. Tais acontecimentos no Brasil serviram para a que a oposição ao governo militar ridicularizasse a censura.
Durante a Copa do Mundo de 1974, disputada na Alemanha Ocidental, graças ao seu futebol envolvente, revolucionário e taticamente perfeito, a Seleção Holandesa de Futebol foi batizada pelos jornalistas europeus de Laranja Mecânica. A “Laranja” faz referência também ao vistoso equipamento utilizado por essa lendária seleção de futebol, comandada por Johan Cruijff e Rinus Michels.
Na cena em que Alex está em uma loja de discos, pode-se notar que um dos discos que está na prateleira da loja, na fileira central, é o da trilha sonora do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, além do Magical Mystery Tour dos Beatles e Atom Heart Mother do Pink Floyd.
A banda Sepultura lançou, no início de 2009, o álbum A-lex, inspirado inteiramente no livro. Inclusive todos os títulos das músicas têm relação com a obra de Anthony Burgess.