Um time que erra passes e que decide esperar o adversário fatalmente ficará preso em seu campo, sem jogar. Este foi o primeiro tempo do jogo de ontem contra o Botafogo no Engenhão (Rio de Janeiro). Para piorar, nossos poucos ataques não terminavam em chutes a gol. Tem sido assim fora de casa, Odair. Tua estratégia para estes jogos é um repetido fracasso. Olha a estatística que o Alexandre Perin publicou em seu perfil do Facebook:
Desempenho do Inter como visitante no segundo turno:
– Vitória contra o Bahia, bom desempenho
– Empate contra o Cruzeiro, bom desempenho
– Derrota contra a Chape, mau desempenho
– Empate contra o Corinthians, mau desempenho
– Derrota para o Sport, péssimo desempenho
– Empate contra o Vasco, mau desempenho
– Empate contra o Ceará, mau desempenho
– Derrota para o Botafogo, péssimo desempenho
3 derrotas, 4 empates, 1 vitória. 7 pontos em 24 possíveis.
É isso.
Para piorar, é incompreensível a insistência com Patrick e Iago, sem falar no “Caso” da lateral direita, entregue a dois incompetentes, Fabiano e Zeca. A decadência da equipe tem seu lado ruim e bom. O ruim disso tudo é que podemos ficar fora do G-4 e atrás do Grêmio, o que deixaria os gremistas tirando sarro da gente por todo o período de férias. O lado bom é que sabemos previamente que não temos time para a Libertadores. Sempre achei que não tínhamos reposições, agora acho que não temos titulares. Dale, que fará 38 anos em maio, tem que ser a cereja do bolo, jamais o cara fundamental. Na verdade, no Campeonato Brasileiro, nossa boa posição na tabela advém dos jogos em casa, da pressão, de nossa torcida.
Nossa luta e minhas orações de ateu são para conseguir a vaga direta. A questão é como segurar nossa queda livre. Os jogos contra Atlético-MG e Fluminense no Beira-Rio, na próxima quarta e domingo, serão fundamentais. É claro que não sou pela tua saída, Odair, só que há alterar totalmente a postura fora de casa. O time entra desmobilizado, previsível, aceitando a marcação, tímido e passivo. Ou seja, desse jeito, vamos perder todas fora de casa na Libertadores 2019.
Lomba te salvou de uma goleada, Odair. Por três vezes ele ficou no mano a mano com atacantes do Fogão e conseguiu desarmá-los. Acho que tu já agradeceste a ele. Não? Pois faça-o já.
Bem, esqueça o título e tente ganhar as duas próximas em casa, Odair. Estamos em terceiro com Grêmio e São Paulo chagando. Temos 65 pontos, eles 62. O Grêmio tem mais saldo, é só encostar que passa. E a diretoria que trate de pensar em futebol e não somente na reeleição. É só pensar um pouco. Futebol é momento e a eleição pode ser decidida dentro de campo e não nas entrevistas de Roberto Mello, fazendo apologia da “continuidade”.
Guaraní-Par, Iquique, Zamora, Godoy Cruz, Botafogo, Barcelona de Guayaquil, Lanús, Monagas, Cerro Porteño, Defensor, Estudiantes, Atlético Tucumán…
Foi só pegar um time grande como o River para fazer os planetas se alinharem. Antes era muita sorte junta. Acabou.
Foi um River que passou em minha vida.
O Grêmio fez excelente partida em Buenos Aires, mas jamais deveria tê-la tentado repetir ipsis litteris em casa. Jogar fechadinho fora de casa é uma coisa, fazer o mesmo em casa é um equívoco — põe uma pulga atrás da orelha do adversário, que pensa: “Por que eles estão com medo?”. Renato errou e errou feio. Ele não cometeu um pênalti por azar como Bressan, ele entrou com a estratégia errada. Jogou com medo, recuado, como se o jogo fosse contra o Real Madrid de Abu Dhabi.
Apostavam, na arena lotada, num contra-ataque.
Mas teve enorme sorte ao fazer o primeiro gol na única chance que teve no primeiro tempo. Foi um escanteio mal cobrado por Alisson que acabou em gol do lateral direito Leonardo (Costa?), o time que jogava por um gol saía na frente e, ao final do primeiro tempo, vencia por 2 x 0 no placar agregado. Mas em campo só dava River. O Grêmio seguia com sua proverbial sorte.
No segundo tempo, o River pressionava sem resultados como fizera no Monumental de Nuñez, só que… Quem deixa a bola rondando sua área e desiste de jogar, quem faz cera a fu como fez Marcelo Grohe… Às vezes toma.
E aconteceu. Aos 25 minutos eu tinha ido tomar banho porque era inútil ver aquela coisa e o Grêmio ia se classificar sem merecer… Paciência. Então, Paulo Miranda sentiu câimbras e entrou em seu lugar o sujeito mais azarado do mundo: Bressan. O River empatou num lance que lembrou os dois gols do Grêmio. Bola na área e gol. Nada de jogadas trabalhadas.
E veio a justiça, pois o River sempre demonstrara mais desejo de ganhar do que o tricolor. Mas foi uma tremenda injustiça com o cara mais azarado do mundo.
Scocco chutou, Bressan chegou à bala e saltou na sua frente. Impossível pular sem abrir os braços, é uma questão de equilíbrio. E a bola bateu na sua mão. A regra diz que, se o braço não está grudado no corpo e a bola bate nele ou na mão, deve ser marcada a falta. Então o pênalti aconteceu, só que a regra é muito injusta e acho que esta deveria voltar a examinar a questão da intenção.
A cobrança foi perfeita e o River venceu. Por ter dois gols marcados fora de casa, levou a vaga. Foi cruel, mas justo.
Estou em férias até quinta-feira. Vi o jogo do Inter e escrevo rapidamente entre o café e uma caminhada que farei. O dia está lindo.
Como eu tinha previsto no Facebook, tu não inventarias nenhuma novidade tática contra o Botafogo, Odair. Afinal, tuas últimas criações foram enormes fracassos e pensei que voltarias a teu estado normal. Bingo! Escalaste um time no 4-1-4-1 ou no 4-3-3. No jogo, foi mais o segundo esquema, com Nico e Pottker jogando (bem) pelos lados e Damião centralizado. Entre Pottker e Nico, quem mais recuou foi teu bom menino Pottker. Foi uma exibição de luxo.
Foi assim: no meio-campo, Rodrigo Dourado ficou protegendo a zaga, tendo logo mais à frente o fraquíssimo Edenílson e o bom Patrick. Dos três atacantes, o mais discreto foi Damião.
Lá atrás, Cuesta e Emerson Santos fizeram boa partida. O titular é Rodrigo Moledo, que tem sido um dos melhores zagueiros do Brasileiro. Nas laterais, Zeca (que se machucou e fará falta se não voltar logo) e Iago, dois bons jogadores.
Mas o destaque é Patrick, que finalmente mostra bom futebol e regularidade.
A rodada acabou ontem e, após 16 rodadas, estamos isolados na terceira colocação com 29 pontos. Espero, Odair, que não estejas muito criativo nos próximo dias. É cuidar da ruindade de Edenilson, tentar recuperar Moledo e ir observando Dale e Álvez. De resto, não mexa demais.
O próximo jogo é só no dia 6 de agosto, às 20h, contra o Atlético-MG no Independência. É um adversário direto, e jogo difícil, mas não me invente uma retranca!
Ainda embasbacado com o Nobel concedido a Bob Dylan, escrevo sobre outro absurdo: o time do Inter. Acho que Roth (o incompetente Celso, não o gênio Philip, bem entendido) não sai mais. Quem sai é o Inter, que só com muita sorte não cairá para a segundona.
Tudo está pequeno no Inter. Por exemplo, ao final da partida, todos reclamavam da marcação do pênalti. Na verdade, não houve um pênalti contra o Inter, houve dois: primeiro Eduardo derruba Sassá e depois toca na bola com a mão, prendendo-a contra o chão. Isto é tão claro que me constrangeu enormemente ouvir as entrevistas pós-jogo. O negócio é se esconder sob fatos menores e repetir que jogamos bem. Nada mais falso.
Também me constrangeu ver Alex formando a linha de três pela esquerda, com toda a sua velocidade. Juarez colocou sua opção mais veloz, Valdívia, no meio, para pensar o jogo. É muita falta de noção. E Seijas, que começou todos os jogos que o Inter venceu ultimamente — conferi, todos! –, iniciou o jogo na reserva… E Paulão, sempre fora do lugar. Procurem-no no contra-ataque que resultou no pênalti. Estava passeando no ataque.
Só Danilo Fernandes, William e Vitinho salvara-se do naufrágio. Ah, por incrível que pareça, Anselmo fez boa partida. O grupo terá de ser inteiramente refeito e isto leva tempo e dinheiro. A formação de jogadores também fica complicada, pois serão recebidos por um arcabouço em ruínas.
Bem, só a sorte poderá nos salvar. Faltam 8 jogos e, sendo benigno, precisamos de 12 pontos. Precisamos que os outros se atrapalhem.
Jogos em casa: Flamengo (1), Santa Cruz (3), Ponte Preta (5), Cruzeiro (7).
Jogos fora: Grêmio (2), Palmeiras (4), Corinthians (6), Fluminense (8).
Matematicamente, é bem possível de não cairmos, mas vendo o time em campo não dá para ter grandes ilusões. Um amigo meu disse ontem que era um alívio quando a bola saía pela lateral. Verdade. É o pior Inter que vi na vida e acompanho atentamente futebol desde o final dos anos 60.
Parabéns, Piffero, Affatato, Carvalho, Argel e Celso Juarez Roth. Espero vê-los bem longe do clube em 2017.
O Inter, atual vice-líder do Brasileiro, obteve 1 um ponto dos últimos 9 que disputou. Ontem, fui ao Beira-Rio ver Inter 2 x 3 Botafogo, me deu vergonha, Argélico.
Na semana passada eu tinha escrito que o nível técnico do Brasileiro era tão baixo que nenhum resultado deveria surpreender. É óbvio que tudo isso começa nos técnicos desatualizados de nosso futebol. A derrota do Inter foi de inteira responsabilidade tua, Argélico Fucks. 100% tua e 100% previsível. Eu tirei um selfie no estádio antes do jogo — está no meu Face para comprovação — e escrevi: “Em busca da liderança com uma escalação podre…”.
Um time com Bob, Fabinho, Dourado e Anderson até suportaria uma nulidade como o Ferrareis na frente. Apesar do grupo fraco de jogadores, dá para fazer um time MUITO MELHOR. É ESCALAR e POSICIONAR corretamente os caras. Ontem, tínhamos que ter entrado com Bob, Fabinho, Dourado e Anderson. E Artur na LE, que é péssimo mas marca. Estou convicto de que a derrota de ontem passa 100% por ti, Argélico, que está deslumbrado com o G-4.
Não pensei que íamos perder para o fraco Botafogo, mas tinha certeza de uma péssima atuação.
O que viste em Géferson para colocá-lo no lugar de Artur? Exigências de empresários? Só pode ser.
O que vês neste coitado chamado Andrigo e no pobre Ferrareis? Andrigo é hoje um peso morto a Ferrareis é aquele tipo de jogador que os técnicos brasileiros amam: o atacante que sabe marcar e não faz mais nada. Com ele, ninguém sai jogando com facilidade. Porém, quando Ferrareis pega a bola, o zagueiro dá risada.
Já Alan Costa é um problema da direção que não contratou reposições para a montanha de zagueiros que foi vendida ou dispensada em 2016.
Por que a postura retrancada e cuidadosa — chamada por ti de pé no chão — foi abandonada para colocar Dourado e Fabinho como volantes-articuladores? Tomamos 7 gols em 3 jogos com a nova disposição. Éramos a melhor defesa do Temerão 2016. Dourado fora do lugar e Fernando Bob no banco enquanto nossa fraca zaga fica desprotegida? É de rir.
Mais: a Guaíba disse que o Inter fez 47 cruzamentos em todo o jogo, a maioria deles para os baixinhos Sasha e Andrigo. Para quê?
E o Botafogo, Argélico, é uma piada. Mesmo com as chances que lhes deste, poderíamos ter empatado ou até vencido… Os diretores reclamam da arbitragem… Ok, foi péssima, mas não foi por culpa dela que tomamos dois gols em 15 minutos do glorioso que irá novamente para a segunda divisão.
Muito triste o que fizeste. Difícil de acreditar que vais completar um ano como técnico do clube.
Anotem: Cruzeiro, Atlético-MG e Santos. Logo os três estarão na nossa frente. Era isso.
Bolívar esteve presente nas duas Copas Libertadores da América vencidas pelo Inter, em 2006 e 2010. Até marcou o gol da vitória na virada contra o Chivas Guadalajara no primeiro jogo da final de 2010, após passe de cabeça de Índio. Esteve no Inter entre 2003 (era lateral direito) e 2006. Retornou em 2008, ficando até 2012. Creio que Abel tornou-o zagueiro lá por 2005. E Bolívar foi um grande zagueiro, um grande vencedor, mas fez duas temporadas lamentáveis em 2011 e 2012, tendo sido negociado com o Botafogo no início de 2013, onde não foi muito mais feliz, tanto que em 2014 participou do time que caiu para a segunda divisão. No Inter, conquistou tanta coisa que ninguém tinha peito de deixá-lo na reserva, apesar das más atuações.
Eu fui um dos que mais criticaram Bolívar ao final de sua segunda passagem no Inter. Mas hoje acho que a torcida colorada deve lembrar não de seus últimos tempos no Inter e sim como aquele zagueiro veloz e vigoroso que dava botes exatos e que sabia sair jogando. Por muito tempo foi capitão do nosso time.
Hoje, Bolívar reaparecerá no Beira-Rio jogando pelo Novo Hamburgo. Tem 34 anos, uma de enorme saldo positivo e a vida certamente feita. Não estarei no estádio às 17h. Espero que a torcida colorada o aplauda muito. Chega de queimar ídolos.
É incrível como tu gostas de me dar razão, Abel. Aqui, em minha série de imerecidos “Bons dias” para ti, escrevi inúmeras vezes que Aránguiz estava fora do lugar. Até que ontem Willians estava ausente e tu resolveste colocar o chileno onde ele sabe jogar. E ele, que é uma espécie de termômetro do time, fez todo mundo jogar. Aránguiz gosta de levantar a cabeça e ver o campo. Depois, mesmo que ainda não seja o jogador de antes da Copa, sai para o ataque em troca de passes. Ontem, ele beneficiou enormemente Alex, o melhor em campo.
Claro que o responsável pela vitória não foi diretamente Aránguiz, mas tudo sabe melhor quando ele está no lugar certo. Alex estava tão feliz ao receber bolas que eram argumentos para jogar e não gritos, que resolveu acertar um chute espetacular para abrir o placar. Alan Ruschel não fez feio, e até Sasha resolveu mostrar alguma coisa.
Imagino que, na quarta-feira, contra o Sport, em Recife, tu farás tudo errado, adiantando Aránguiz para ficar menos com a bola, multiplicando o número de ataques do adversário. Aguardemos. Um beijo, querido.
Que mancada, hein Abel? Tudo bem que tu quisesses minimizar o ocorrido, dizendo que o Botafogo jogava em casa e pressionou no segundo tempo. Só que esse papinho só mostra como tu proteges bem os jogadores. Porque, na verdade, foram dois pontos jogados fora, bem dentro daquele estilo que faz com que estejamos na fila há LONGOS 35 ANOS de Brasileirão.
O jogo de ontem estava à feição, estava ali para ser aproveitado. Poucos times vencerão o Botafogo no Rio, uma vitória contra eles nos daria alguns daqueles pontos diferenciais que só os líderes têm e que o Fluminense obteve ao vencer o Palmeiras em São Paulo.
Sem forçar muito a barra, fazíamos dois a zero ao final do primeiro tempo. Dois gols do recuperado Rafael Moura em jogadas de Aránguiz e Valdívia. Fomos para o segundo tempo e o Dida deu aquela saidinha hesitante do gol que resultou no 2 x 1. Um minuto depois, tu fazes a substituição mais errada de tua atual gestão. Retiras o Alan Patrick e colocas o Gladestony para fechar o meio-de-campo. Ora, Abel, por que não o Ygor??? Ygor é um cara que sempre dá boas respostas. Já Gladestony entrou muitíssimo mal: em um minuto, já tinha recebido cartão amarelo e sua postura demonstrava claramente que ele entrara desmobilizado, entrara só para finalizar um jogo fácil. Fora a campo para mostrar que era um craque. O que tu disseste para ele, Abel?
Depois foi aquele filme de terror. O Botafogo empatou e, se fosse o time organizado que será daqui a três rodadas, teria virado o jogo. O Paulão tem razão ao dizer que perdem todos, mas nós sabemos que Dida, Gladestony e tu foram os responsáveis por esses dois pontos a menos.
Agora é importante vencer o Sport no Beira-Rio para não desgrudar da ponta de cima. Nada de mais erros infantis, Abel. Faz voltar o Gilberto e o Alex e vamos pra cima deles. Afinal, acho que nosso objetivo não é só a Libertadores, certo?
Garrincha chegou ao Botafogo em 1953. Vinha de Pau Grande, localidade cujo nome se presta a piadas que não faremos. Foi medido, pesado e auscultado. Pesava 67 quilos, tinha 1,69m de altura e os pulmões limpos. Os doutores Oscar Santamaria, clínico geral, e José Nova Monteiro, ortopedista, pediram que ele subisse numa mesa a fim de analisarem suas pernas. Garrincha tinha o joelho direito em varo, virado para dentro, e o esquerdo em valgo, virado para fora, além de um deslocamento da bacia. Sua perna esquerda tinha alguns centímetros a menos que a direita. E era também ligeiramente estrábico. Os médicos ficaram pensativos. Sabiam que o Botafogo precisava desesperadamente de um ponta direita.
O veterano ponta Paraguaio estava indo para o Fluminense e o técnico Gentil Cardoso estava experimentando uma série de jogadores ruins demais. E falavam bem daquele Garrincha. No domingo seguinte, contra o São Cristóvão, Gentil escalou Mangaratiba em seu time titular. Sim, Mangaratiba, um menino que, cada vez que pegava a bola, ouvia a torcida de General Severiano gritar “Olha o telefone, Mangaratiba!”. Nada pessoal, o problema é que, na partida preliminar, jogara um novo ponta que simplesmente tinha destroçado o adversário e do qual não se sabia nem o nome.
Durante a semana, sem consultar a ninguém, Garrincha resolveu dar um prêmio a si mesmo: uma folga em Pau Grande. A localidade é até hoje um distrito de Magé, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, aos pés da Serra dos Órgãos. Foi lá jogar umas peladas com os amigos. Apareceu para treinar só quinta-feira. Enfurecido, Gentil deixou-o na preso concentração e fez com que ele jogasse novamente nos aspirantes. E ele acabou com o jogo pela segunda vez. No domingo seguinte, Gentil escalou-o como titular para o jogo contra o Bonsucesso. Nos anos 50, eram raras as vitórias de times pequenos sobre os grandes. Naquela tarde, ventava e chovia em General Severiano, mas o verdadeiro mau tempo estava em campo. O Botafogo perdia por 2 x 1, Garrincha fazia uma estreia apagada e, de repente, pênalti para o Botafogo. Os mais experientes – o capitão Geninho, Nilton Santos, Juvenal, o artilheiro Dino – foram saindo de fininho. Então Garrincha pegou a bola e preparou-se para bater a penalidade. Só que ele não era o batedor do Botafogo, era o batedor do Pau Grande. Geninho olhou para Gentil que assentiu com a cabeça. A torcida observava aquela sandice. Então, Garrincha bateu forte, no canto, marcando seu primeiro gol como profissional. E enlouqueceu. Fez mais dois gols, deu passes para outros dois e, a cada um deles, corria para um determinado lugar da arquibancada. Depois do jogo, foi levado nos braços por aqueles para quem corria a cada gol: eram Pincel e Swing, seus melhores amigos de Pau Grande.
O time do Botafogo não era nada bom, tanto que acabou em sexto lugar no Carioca de 1954. Porém, em 1955 e 56, o Botafogo começou a montar o legendário time que tinha em Garrincha – e Didi e Nilton Santos – sua maior estrela. Didi, quando chegou ao Botafogo, vindo do Fluminense, ganhava 70 mil cruzeiros por mês. Sabedores do fato, Nilton Santos e Garrincha pediram reajuste. Nilton passou a ganhar 30 mil. Garricha passou de 16 para 18 mil. Com 18 mil, um casal vivia bem com seus filhos, mas ele tinha também vários irmãos agregados, assim como os tinha Nair, sua mulher. A profissão de jogador não era o que é hoje: não era regulamentada. Os jogadores não tinham direito à férias. Tratava-se de um semi-amadorismo onde os mais previdentes exerciam uma segunda profissão.
Em 1957, o Botafogo foi Campeão Carioca numa final que ficou marcada a ferro e fogo a alma do torcedor do Fluminense. Didi passou a tarde dando passes para Garrincha, que sistematicamente humilhava seu marcador Altair. O zagueiro Clóvis vinha na cobertura e também era driblado. Aos 40 min do primeiro tempo, já estava 3 x 0. O jogo acabou em 6 x 2. Era impossível não convocar aquele maluco para a Seleção Brasileira. Só que ele quase não foi à Copa da Suécia em 1958. Julinho Botelho era titular absoluto da posição, mas jogava na Itália. Por carta, comunicou a CBD que não achava justo tomar o lugar de um companheiro que jogava no Brasil. Então, seu reserva Joel seria o titular e Garrincha o ponteiro direito reserva. Nos coletivos, era marcado por Nilton Santos, seu companheiro de Botafogo. Nilton detestava aquilo. Era driblado mil vezes durante os treinamentos e pedia para Garrincha não exagerar com ele.
A grande estrela da Seleção era o atacante Mazzola, que também jogava na Itália. Porém, durante a Copa do Mundo, Vicente Feola, que tinha a fama de dormir durante os treinos de seus jogadores, observou que talvez fosse a hora de tirar Joel, Dida e Mazzola para colocar Garrincha, Vavá e Pelé contra a URSS. O efeito foi notável. Vários jornais noticiaram que os primeiros três minutos daquele jogo foi um dos mais extraordinários massacres do futebol mundial. Foi uma avalanche de bolas na trave e no travessão comandadas por Didi, Pelé e Garrincha. Lev Yashin, grande goleiro russo, disse que já suava, desesperado, quando finalmente Vavá marcou o primeiro gol brasileiro. Aos três minutos.
Foi a Copa de Pelé, que, coadjuvado por Didi e Garrincha apareceu para o mundo marcando um gol inesquecível contra o País de Gales e arrasando também contra a França e a Suécia. Com a conquista da primeira Copa do Mundo, uma parte do complexo de vira-latas do futebol brasileiro foi pelo ralo.
Enquanto bebia (muito) e fumava, o atleta Mané Garrincha seguia colecionando títulos com o Botafogo. Claro, havia problemas. Em 1959, o Botafogo empatou o triangular final contra Flamengo e Vasco e perdeu a final para Angelita Martínez. Sim, Garrincha – e João Goulart – frequentavam demais a vedete Angelita Martínez e, se ela não atrapalhou, também não ajudou muito no desempenho esportivo do “demônio das pernas tortas”. Em seus shows, Angelita cantava a marchinha “Mané Garrincha” que iniciava com os brilhantes versos “Mané, que nasceu em Pau Grande…”.
Por falar no local de nascimento de Mané, é importante dizer que ele sempre ia lá após os jogos. Os motivos eram dois, talvez três. Ele ia ver dona Nair e as numerosas filhas do casal. Também jogava peladas com os amigos e bebia, bebia até cair da tradicional cachaça do interior do estado do Rio de Janeiro.
Apesar do comportamento pouco indicado a um atleta, ele estava em alta e permaneceria assim por um bom tempo. Era admiradíssimo como jogador incontrolável e como um ser humano simples, natural, bem brasileiro. A imprensa da época amava seus ditos simplórios, ele era “Mané, a Alegria do Povo”. Tudo contribuía para sua fama, até seus casos amorosos. Além das conquistas nos gramados, além do reconhecimento mundial, as revistas o vendiam como uma máquina de fazer sexo. Falava-se que tinha filho até na Suécia — fato que foi depois confirmado: havia um varão escandinavo.
E então conheceu Elza Soares, uma explosiva baixinha de 1,57m pela qual largou tudo, família, filhas e amigos. Ela tinha 31 anos e era uma sensação já famosa nacionalmente. Era a cantora de “Se acaso você chegasse”. Garrincha tinha 28 anos e um comportamento infantil fora das camas. Ele foi ao encontro dela para pedir votos no concurso “o jogador mais popular do Rio”. Viu-a e foi para sempre. O prêmio era um Simca Chambord e Garrincha – apesar de raramente buscar seus salários e prêmios por vitória na tesouraria do Botafogo – queria ganhá-lo. Com o apoio de Elza, levou o carro e uma nova mulher.
A idade deixou-o cada vez mais meigo. Acho que as faltas e os corpos estendidos no chão serão comuns nas imediações da área do Botafogo. Fica nosso abraço para o General. E, por favor, não volte nunca mais.
O filme acima é de André Bozzetti. E, abaixo, o lance com Dodô, do Bahia. O jogador ficou seis meses fora dos campos.
Via grupo Colorados de Fé.
P.S. — O grande Ramiro Furquim, fotógrafo do Sul21, tem uma foto exclusiva onde fica patente a elegância, o fair play e a categoria de nosso ex-zagueiro.
Grêmio, Fluminense, Santos, Atlético-MG, Vasco, Botafogo, São Paulo, Corinthians e Inter perderão jogadores por duas rodadas do Brasileirão? Alguns deles estão irritados? O Santos gostaria de usar Neymar, que recebe mais de 1 milhão por mês? Mas que coisa… Há anos digo que a CBF deve respeitar as datas Fifa parando seus campeonatos e que a única forma de fazer isso é RETIRAR OS CAMPEONATOS REGIONAIS DO CALENDÁRIO DOS GRANDES CLUBES. A CBF é a única Confederação do mundo que promove e boicota seus campeonatos.
Bem, em 2013, com os amistosos e a Copa das Confederações, tudo vai piorar. Mas as excrescências continuarão, sem dúvida. São puro entulho autoritário não removido desde o Golpe, quando o Almirante Heleno Nunes era presidente da CBF e gostava de ver suas federações regionais satisfeitas. Fodam-se os clubes que não fazem nada.
Publicado originalmente no Sul21em 6 de de abril de 2012
Uma tragédia fica caracterizada onde não há apenas seriedade e dignidade, mas também conflitos com instâncias superiores, sejam elas metafísicas, como com deuses ou o destino, ou tangíveis, como com as leis e a sociedade. No caso de Heleno de Freitas o algoz foi o destino, o qual, como nas tragédia grega, não se deixou dobrar em nenhum momento. Pode-se dizer que Heleno cumpriu minuciosamente todo o papel trágico que lhe cabia, saindo da glória para a loucura e a morte em linha reta, com a convicção demonstrada sobejamente em Heleno, filme de José Henrique Fonseca, em cartaz nas principais cidades brasileiras.
A obra, rodada em gloriosa fotografia em preto a branco, deixa-nos por duas horas livres de quaisquer vestígios de ciúmes sobre a qualidade do cinema argentino, apesar da presença do hermano Fernando Castets dentre os roteiristas. Mais: não é necessário gostar de futebol para gostar de Heleno. Advogado, jogador de futebol dos bons, galã, boa vida, viciado em éter e lança-perfume, intratável, inteligente e vítima da sífilis, Heleno de Freitas traz todos os ingredientes de um grande personagem de tragédia. Vitimado pelos vícios e pela sífilis diagnosticada tardiamente — e que ele se negava a admitir ou tratar — , Heleno também foi vitimado pela celebridade e arrogância. É uma história triste, claro.
Heleno foi o primeiro grande encrenqueiro do futebol brasileiro e talvez mantenha-se no topo até hoje. A Adriano Imperador falta não apenas classe. O comportamento de nosso contemporâneo é uma brincadeira boba e monotemática frente a alguém que foi o principal jogador do Botafogo por oito anos — que fez 209 gols em 235 jogos no Bota, além de 19 em 24 jogos pelo Vasco e 15 em 18 jogos pela Seleção — , que desprezava seus companheiros pelo fato de serem um bando de pernas-de-pau (e que dizia e repetia isso para quem quisesse ouvir, a imprensa deliciava-se), que conquistava as mulheres que bem entendia, que se irritava por nada, que deu um nada metafórico tiro no pé ao tentar acender um fósforo enfiado na unha (John Wayne foi sua inspiração), que tinha amigos empresários, juristas e diplomatas e que acabou louco. Como definiu seu biógrafo Marcos Eduardo Neves:
Ele era temperamental como Edmundo, bonito como Raí, mulherengo como Renato Gaúcho, artilheiro como Romário, boêmio como Ronaldinho Gaúcho, inteligente como Tostão, de boa família como Kaká, elegante como Falcão e problemático como Adriano.
(Faltou dizer que ele torrava dinheiro e era explorado pelos amigos como Garrincha).
Seu gênio irascível e predador de mulheres rendeu-lhe o apelido de Gilda, analogia com a célebre personagem de Rita Hayworth, também bela e incontrolável. O apelido foi criado pela torcida do Fluminense. As noites de Heleno eram no Copacabana Palace, no Cassino da Urca ou na boate Vogue, tudo o que de melhor que a noite do Rio oferecia. Porém, assim como Rita Hayworth dizia que “todos os homens que já tive foram para a cama com Gilda e acordaram comigo”, Heleno dormia no Copacabana Palace e acordava no Botafogo. E o Botafogo era ruim demais, só Heleno se salvava. O time era tão ruim que Heleno nunca foi campeão carioca pelo time.
Em 1948, a contragosto, foi vendido ao Boca Juniors na maior transação do futebol brasileiro até então. Deixou a mulher grávida no Rio e seguiu fazendo seus gols até dar o tal tiro no pé. Voltou para conquistar seu único título carioca pelo Vasco, no ano de 1949. O técnico do Vasco era o exigente Flávio Costa, que também comandava a Seleção Brasileira. Aliás, a Seleção tinha por base o Vasco. Assim, era quase inevitável que Heleno jogasse e fosse Campeão do Mundo em 1950. Mas não gostava dos treinos, coisas chatas e cansativas após as noitadas. Um dia, irritado, ameaçou Flávio Costa com uma arma descarregada e acabou apanhando. Ficou fora da Copa, claro. E acabou partindo para a Colômbia, que pagava os mais altos salários do continente. Com a camisa do Atlético Barranquilla, “El jugador”, com era conhecido, encantou um jovem jornalista chamado Gabriel García Márquez.
Durante a Copa do Mundo, Heleno esteve na Colômbia. Quando soube da derrota, numa das melhores cenas do filme, Heleno comemorou a perda do título, finalizando a festa como sempre: com bebedeira e mulheres.
Fora de forma e falido, viciado em éter e lança-perfume, mas com os sintomas da sífilis já absolutamente presentes, teve uma passagem pelo Santos — nunca entrou em campo — e voltou ao Rio em 1953 para jogar em seu novo clube, o América-RJ. Jogou apenas alguns minutos. Foi expulso no primeiro tempo e nunca mais entrou em campo. Foi internado em 1954 na Casa de Saúde São Sebastião. Emagreceu, perdeu dentes e cabelo e o que lhe restava de sanidade. Ouvia vozes e agia de forma violenta.
O cuidadoso mosaico que o filme vai montando é formado por cenas alternadas da ascensão, glória, decadência e fim do craque, sem respeito à linha de tempo. É perfeito ao mostrar como que sua vida fora do campo foi lentamente matando o craque. Rodrigo Santoro, no papel de Heleno, voltou a demonstrar que não é apenas mais uma carinha bonita. Poucas vezes se viu no cinema nacional uma imersão tão radical num personagem. Basta dizer que o ator perdeu 12 quilos para viver as cenas finais do filme, já louco num sanatório. Santoro começou as filmagens pesando entre 80 e 82 quilos e chegou a 68, 69, fruto de uma dieta rigorosa ou, segundo declarou, da fome. Também tomou aulas com o bailarino Marcelo Misailidis para ganhar leveza e agilidade, características do jogador. O treinamento com bola foi feito com o ex-jogador Cláudio Adão.
O trio principal de atores é completado por Alinne Moraes, como Sílvia, esposa do jogador, pela colombiana Angie Cepeda, uma de suas amantes, e por Erom Cordeiro, que faz Alberto, o melhor amigo de Heleno e que acaba ficando com sua mulher… Heleno foi a mais solitária das estrelas.
Heleno é um filme rigoroso, não é moralista e muito menos piegas. Mesmo a música que acompanha a degenerecência mental do craque não busca lágrimas. É um movimento da 5ª Sinfonia de Mahler. O diretor Fonseca diz que gostaria que os espectadores soubessem da biografia de Heleno antes de verem o filme, pois considera que as cenas mostradas sejam insuficientes. Pedimos licença para discordar. O que é mostrado nos deixa tão fascinados que é impossível não sair do cinema e dar uma olhadinha no Google.
O grande escritor holandês Cees Nooteboom — eterno candidato ao Nobel que estará na próxima Flip — é um viajante. Não, não no sentido de ser um cara desligado da realidade, é um viajante mesmo, desses que vão de um país a outro sem parar. Então, ele resolveu escrever o livro Tumbas, onde revela sua busca por 82 túmulos de escritores e filósofos em todos os continentes. Dentre os 82 estava, é claro, o de Machado de Assis.
Então Nooteboom (seu nome diz-se “seis notebom”) chegou ao cemitério de São João Batista em Botafogo. Estava acompanhado de sua esposa e do diretor do Instituto Goethe do Rio. Queria encontrar o túmulo de Machado de Assis. Dirigiu-se à administração. O atendente disse-lhe que daquele jeito não ia dar, precisava do primeiro nome.
— Sem o primeiro nome do presunto não dá — invento eu.
Cees e sua mulher não lembravam do primeiro nome e voltaram à carga.
— Mas o senhor não conhece o grande escritor Machado de Assis, o maior do Brasil? Ele está enterrado aqui!
— Sei não… — fantasio novamente o homem do cemitério.
Demorou, mas acabaram encontrando. Assim começa o mais novo livro de Nooteboom. Depois, a mulher do autor, fotógrafa, registrou o túmulo. Céus, é mínimo, é um quase nada! Sou quase indiferente aos cemitérios, mas, cá para nós, Machado merecia um túmulo à altura. Ironia, recebeu o túmulo que receberia o Conselheiro Aires. Algo para ser esquecido.
Um dia, meu amigo Dario Bestetti disse uma frase inesquecível:
— Milton, o lugar correto de se guardar os vinhos é na memória.
Dario, acho que tua frase servirá também para o maior escritor brasileiro. O local onde estão guardadas as sobras (evito a palavra “restos”, por demais respeitosa num contexto de descaso) de Machado de Assis — que mereceria estar no centro de uma praça cheia de loucos, adúlteros, jovens inseguros, empregados do governo e senhoras concupiscentes, todos passeando sob seu irônico busto, talvez de cabeça baixa, com um leve sorriso nos lábios — é uma bosta.
Haverá disputa, e disputa sensacional, entre Fluminense, Botafogo, Coritiba e o vegetativo Santo André. Haverá outra decisão entre São Paulo, Palmeiras e Cruzeiro pelas últimas vagas na Libertadores. Mas acredito que não haverá disputa pelo título.
Eu nasci e vivo no Rio Grande do Sul. Gremistas e colorados vivem na mesma sociedade, são semelhantes étnica e religiosamente e acho que posso me colocar na pele dos gremistas com naturalidade. Basta inverter a situação e imaginar como eu reagiria. Eu nunca, mas nunca mesmo, desejaria ver o Grêmio campeão brasileiro. Então, por que o auxiliaria? É claro que eu torceria e aconselharia os jogadores e o clube a perderem o jogo de domingo logo nos primeiros minutos, para não deixar dúvidas nem esperanças ao outro lado. Porém, há outros clubes envolvidos e nem Souza nem a direção do Grêmio tiveram inteligência para notar onde estavam se metendo ao declararem abertamente que entregariam o jogo.
O jogador Souza, o qual não costuma primar pela reflexão, saiu de campo prometendo vingança ao Inter: entregariam o jogo pois o Inter fizera o mesmo no ano passado. Como colorado, admito que desejava que o São Paulo nos vencesse de forma a ultrapassar o Grêmio na liderança. Só que o Inter, muito mais malandro e marqueteiro, tratou de justificar a utilização do time reserva naquele jogo em São Paulo. Ah, temos jogo contra o Boca quarta-feira em Buenos Aires; ah, o temos que poupar nossos atletas porque só nos resta a Sul Americana; ah, pobres de nós que não temos mais chance de Libertadores e vamos lutar por um título de consolação, de segunda linha — afirmação que mudou logo após a conquista: ah, conquistamos um título INÉDITO para o Brasil, agora somos (nós, o Inter) campeões de TUDO.
Então, meus amigos, o jogo do Maracanã será uma farsa como foi São Paulo x Inter em 2008. O absurdo desse jogo foi o fato do Grêmio ter limpado a área dizendo que ia entregar MESMO. É claro que, durante a semana, sob protestos de Inter, São Paulo e Palmeiras, teve de recuar. Agora as vozes do Olímpico prometem luta, honra, dedicação, seriedade e… time reserva, provavelmente. Pois a forma politicamente correta de entregar um jogo é escalando um time fraco, mandando-o vencer o jogo. O que a tola direção gremista não pensou é que esta partida será transmitida para o mundo inteiro como a Decisão do Brasileiro de 2009 e que há uma grana grossa envolvida. Os donos dos direitos de transmissão querem vender o campeonato como um bom produto, como uma disputa séria e hasta la muerte, não como uma farsa. Me desculpem os amigos gremistas, mas que diretoria imbecil vocês têm.
A declaração lapidar (literalmente) sobre a situação foi dada pelo jogador Giuliano, 19 anos, do Internacional:
Se não perderem para o Flamengo, os jogadores ficarão marcados pela própria torcida. Se forem mal, serão lembrados por terem entregado a partida. Ficarão em situação ruim de qualquer jeito.
Óbvio, uma ação que teria de ser feita justificando a ausência de cada jogador — estes dois se machucaram durante os treinamentos, aquele perdeu a avó, o outro já tinha uma dispensa prometida previamente — foi feita à vista de todos. E digamos que o Brasil tenha certa dificuldade em compreender ou admitir nossa rivalidade sem tréguas. Um argentino, torcedor de Boca ou River, entenderia facilmente. A gente prefere mil vezes ver nosso time perder a imaginar o outro feliz. Somos irracionais? Mas é claro! Qual foi o idiota que disse que NÃO SOMOS IRRACIONAIS?