Por respeito, procurei uma foto atual de Juliette Binoche. Une photo d’aujourd’hui. Não queria uma da jovem atriz. Encontrei esta de 2022 no Festival de Berlim. Ela não para, faz filmes e mais filmes, sempre brilhantemente. Ainda bem.
Ela diz que os diretores gostam de colocá-la em papéis dramáticos e que ficam desconcertados quando a conhecem porque ela passa seus dias fazendo piadas, muitas vezes inconvenientes ou autodepreciativas. Te compreendo, Ju.
Hoje, está completando 60 anos. Gosto demais da poesia de seu rosto, assim como da inteligência que transborda de seu olhar. Parabéns, deusa.
A data de 8 de dezembro marca o nascimento de Camille Claudel (1864-1943). O cinema parece apreciar a trágica vida desta escultora, tanto que, recentemente, levou sua vida duas vezes às telas. Em 1988, em um filme chamado apenas Camille Claudel, Isabelle Adjani encarnou a aprendiz, assistente e depois amante de Auguste Rodin em extensivos e desesperados 175 minutos. Em 2013, outra belíssima atriz, Juliette Binoche, debulhou-se em lágrimas por 95 minutos em Camille Claudel, 1915. Os filmes são bem diferentes. O primeiro propõe-se a ser uma biografia completa; o segundo foca na internação de Camille no ano de 1915.
De forma esquemática, a biografia de Camille pode ser resumida assim: ela era uma talentosa escultora que, quando tornou-se amante de Rodin, caiu em desgraça junto à sociedade parisiense. Afinal, o escultor era casado, célebre e a ligação foi um escândalo. Após quinze anos de um tortuoso relacionamento, Camille rompeu e mergulhou cada vez mais na solidão e na loucura. Por iniciativa de seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel, foi internada em 1913 num manicômio.
Apesar da atuação escabelada de Isabelle Adjani e do excesso de lágrimas de Binoche, os dois filmes são corretos do ponto de vista histórico. Camille Claudel, 1915 dá a correta impressão de que a escultora foi vítima de uma injustiça. A personagem de Binoche foi internada indevidamente. Seu trabalho pregresso fica esquecido e tudo indica que a sociedade e seu irmão Paul desejavam apenas livrar-se dela.
Em 1881, com 17 anos, Claudel ingressou na Academia Colarossi, em Paris, uma escola que formava escultores. Entre seus mestres estava Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras conhecidas: A Velha Helena e Paul aos treze anos.
Rodin, impressionado pela beleza de seu trabalho, recebeu-a como aprendiz de seu ateliê. Ela colaborou na execução de As Portas do Inferno (Les Portes de l’Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Ela trabalhou vários anos a serviço de Rodin, por quem era secretamente apaixonada. Ao mesmo tempo, criava suas próprias obras. Por vezes, a produção de um e outro eram tão semelhantes que não se sabia o que era do professor e o que era da aluna. Eles se apaixonaram e Camille Claudel enfrentou duas dificuldades, pois por um lado Rodin não conseguia decidir-se a deixar Rose Beuret e, por outro, alguns afirmam que suas obras seriam executadas pelo mestre. Triste em função das acusações e por Rodin manter outra mulher, Camille tentará se distanciar dele. Percebe-se essa tentativa de autonomia em sua obra tanto na escolha de temas como no tratamento dado a, por exemplo, A Valsa (La Valse) e A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine). Esta tentativa de afastamento segue até o rompimento definitivo em 1898. A ruptura é marcada por A Idade Madura (L’Age Mûr).
Então ela sofreu um grande golpe. Rodin escolhe ficar com Rose. Ela concluiu que seu romance com Rodin não passou de uma aventura para ele. Ela se instala no hotel Quai Bourbon e seguiu seu trabalho em grande solidão. Apesar do apoio de amigos, ela não conseguiu superar o luto da separação. Eugène Blot organizou duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e benefício financeiro para Claudel. As exposições tiveram grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para ouvir os elogios. Ela passa a desejar a morte de Rodin, enquanto revive a infância, com sua mãe tentando impedir que ela se tornasse uma artista.
Após 1905, os períodos paranoicos de Camille multiplicam-se. Ela crê em seus delírios. Ela acredita que Rodin roubará suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas. Também suspeita que o Ministério das Belas-Artes da França está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe roubar. Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Nesta época vive grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todas as pessoas, achando que qualquer um a matará. Ela se isola, rompendo com os amigos. Mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
Seu pai, a única pessoa pela qual guarda afeição, morre em 3 de março de 1913, o que acentua seu estado. Tem crises violentas em que destrói suas obras. Em 10 de março, é internada no manicômio de Ville-Evrard. O irmão Paul Claudel — que trabalha como Embaixador da França em vários países e é muito rico — nega-se a pagar uma pensão hospitalar para a irmã. Ele nada faz para amenizar o sofrimento de Camille, apesar de saber das condições sub-humanas em que viviam os internos da época. Rodin envia-lhe algum dinheiro e expõe algumas das esculturas que sobreviveram à destruição, mas nada faz para liberá-la do hospital. De qualquer maneira, sua iniciativa seria impedida pela mãe de Camille, que o considerava culpado pela ruína e loucura de sua filha. Uma total desgraça. Camille morreu em 1943, aos 78 anos, enterrada anonimamente em vala comum, sem nunca ter recebido uma visita de sua mãe.
A tragédia de Camille Claudel tem ingredientes que a potencializam. A cidade era Paris e ela estava envolvida com Rodin e com seu irmão Paul Claudel, um dos grandes escritores de sua geração na França. É certo que o preconceito de gênero tem seu papel no desespero da escultora. Ela foi sufocada por dois artistas respeitadíssimos em sua época. Um, seu mestre, por quem era apaixonada, a abandonou; outro, seu irmão, que parecia vê-la como um estorvo.
Como afirma o crítico Eugène Blot no filme com Isabelle Adjani, seu gênio criativo ultrapassou a compreensão de sua época.
Do hospital, Camille manteve por algum tempo correspondência com sua família e seus amigos. Às vezes, pedia à sua mãe alguns itens como chá, açúcar em cubinhos e café — “…café brasileiro porque é de excelente qualidade…”. Com seu irmão Paul, a intensidade das cartas chegou ao nível do emocionante. Paul, em seus escritos sobre a irmã, descreve o trabalho da artista:
“Da mesma forma que um homem, no campo, se serve de uma árvore ou de um rochedo ao qual seus olhos se prendem, a fim de acompanhá-lo em sua meditação, uma obra de Camille Claudel no meio do apartamento existe unicamente através de suas formas, assim como essas curiosas rochas colecionadas pelos chineses, como um tipo de monumento do pensamento interior, o tufo de um tema proposto a todos os sonhos. Ao passo que um livro, por exemplo, somos obrigados a ir buscá-lo nas prateleiras de nosso armário, uma música, a tocá-la, ao contrário, a peça trabalhada, de metal, ou de pedra, exala de si mesma seu encantamento, e a casa inteira é por ela penetrada”.
Fontes: http://www.pitoresco.com/, http://www.culturamidia.com.br/, http://www.artelivre.net/, http://www.artcyclopedia.com/ e os filmes citados.
Eu e Elena acabamos de assistir ao excelente ‘Quem você pensa que sou?’, de Safy Nebbou.
Trata-se de uma história moderna onde o Facebook é utilizado para que se crie um perfil falso de uma jovem, só que a autora é uma Juliette Binoche cinquentona.
A partir desta premissa quase vulgar, o filme parte para nos falar de desejo, separações, frustrações e da proximidade da morte, tudo dentro do pacote de uma história que nos engana várias vezes. Fala também da invisibilidade de alguns problemas reais.
Grande atuação de Binoche como Claire / Clara e de Nicole Garcia como a psicanalista dela.
Dia desses escrevi no Face algo de tom ameno — o único tom possível para não receber muitas agressões no Facebook — sobre o fato de que as pessoas não sabem a diferença entre pornografia e erotismo. De qualquer maneira, aquilo causou certa confusão e recebi de volta até a citação de Alain Robbe-Grillet, “A pornografia é o erotismo dos outros”, a qual, para alguns, significa de uma coisa é igual a outra, bastando alterar a perspectiva.
Definições melhores partiram de filósofos e linguistas que conhecem as raízes gregas das palavras — encontrei inclusive uma catilinária pró-erotismo do grande Donaldo Schüller — e de psicólogos.
A etimologia da palavra grega pornografia nos diz claramente: “escrever sobre prostituição”. A de erotismo vem de eros (amor, desejo sexual), mais o sufixo ismo, que significa atividade, sistema.
Comecemos pela pornografia. A pornografia é fácil de identificar. É quando é vendida uma ilusão (ou menu) simples e fácil. Não há nenhum fato de ordem psicológica que impeça a realização do desejo, nenhuma culpa ou neurose, nada. Ali, há a platitude, o 2D. Tudo é resolvido em linha reta no âmbito de um desejo a ser satisfeito. É mudar várias vezes de posições e chegar ao espetacular orgasmo. Não há inibições ou problemas. Apenas envolvimento no sentido de chegar lá.
Já o erotismo não dá facilidade. O sexo pode até não ocorrer. A realidade é incontrolável e pode ser fugidia. A erótica é uma ficção realista, carregada de possibilidades estimulantes ou não, longe do gozo louco e contínuo.
Ou seja, na pornográfica tudo está absolutamente controlado, seguro. É uma via em um só sentido, um atalho onde normalmente um responde ao desejo do outro. Ambos têm em grande quantidade o que outro quer e os acontecimentos são repetitivos, previsíveis, aguardados, sem divergências. Problemas para fazer o outro gozar? Nem pensar. Longe de qualquer problema, perto de um final feliz, a pornografia vai ao Olimpo com os gritos de Yesss da mulher dando aval ao pênis, à mão, à língua ou outro objeto ou equipamento. Você imagina um pornô dando errado? Jamais. O pornô deve estimular.
Já o erotismo pode ser tão excitante quanto a pornografia, mas nele a coisa pode tornar-se traiçoeira como a realidade. Ele vem carregado de possibilidades e impossibilidades, de ascensões e declínios, o gozo é limitado aos limites humanos e há possibilidades de embaraços.
Como o cinema é a arte mais pública e em comum que temos, diria que os filmes O Último Tango em Paris, Jovem e Bela, Shame e Ninfomaníaca são filmes limítrofes, mas pendem mais decididamente para o erotismo, assim como tudo aquilo que nos excite fora do caminho fácil e inexorável da pornografia. Ou seja, é claro que muita coisa pode ser erótica em dramas ou comédias assistidos comportadamente por famílias. Já viram Grace Kelly crescendo na tela em Janela Indiscreta, Ingrid Bergman olhando para Humphrey Bogart em Casablanca ou Juliette Binoche massageando os pés em Cópia Fiel? Pois é.
Já a pornografia pode ser vista às carradas em sites como pornhub, xvideos, redtube, xtube, o diabo.
Assistindo uns e outros, deve ser fácil notar a diferença…
No último final de semana, vi o filme Deixe a Luz do Sol Entrar, tradução marota para Un Beau Soleil Intérieur, ou “Um Belo Sol Interior’. Como sempre, Binoche está esplêndida neste filme de Claire Denis, mas acho meio forte dizer o tema são variações sobre a obra-prima de Roland Barthes Fragmentos de um Discurso Amoroso. Não. Ainda bem que a diretora e co-roteirista Denis é uma mulher, pois Binoche passa todo o filme desejando encontrar o homem de sua vida ou ao menos sexo com um pouquinho de amor, como se sua vida dependesse apenas disso. Já imaginaram se o diretor fosse homem? Bem, o filme é ótimo ao mostrar o deslocamento total da personagem principal na paisagem da Paris artística. Destaque absoluto para o maravilhoso final, com Depardieu falando todo o tipo de lugares comuns sobre o amor. Recomendo.
Uma comédia deve ser… engraçada. Mas quase não ri por mais de uma hora. Inseparáveis, Avril (Camille Cottin) e sua mãe, Mado (Juliette Binoche), não podem ser mais diferentes uma da outra. Avril, 30 anos, é casada, tem um emprego fixo e é organizada. Sua mãe, de 47 anos, é uma eterna adolescente que vive às custas de sua filha desde o seu divórcio. Quando as duas mulheres se veem grávidas ao mesmo tempo e sob o mesmo teto, o choque é inevitável. Tal Mãe, Tal Filha é tão ruim que entra em ressonância, reverbera e acaba bom, numa cena tão absurda que rimos sem parar e saímos felizes do cinema. Juliette Binoche arrasa dançando com véus a terceira de Brahms. É uma imagem que se leva para a vida. Uma atriz que sabe rir de sua (alta) respeitabilidade e protagoniza algo 200% brega é muito digna. E salva o filme.
La Binoche faz parte daquela categoria especial de mulheres que tem a capacidade de intrigar e enfeitiçar os homens com o seu olhar de “sei tudo mas nunca vou dizer pra você”. Cazzo, eu sei que ela sabe o que eu nunca vou saber! Não tem como não virar capacho desses monstros.
Em novembro de 2007, aos 43 anos e dois filhos, La Binoche aceitou um convite da Playboy francesa.
A homarada fã da grande atriz viu nisto a oportunidade de perto os detalhes do corpo que se prestara a tantos personagens angustiados.
Porém, o tal “ensaio” é um ensaio mesmo. Trata-se de uma grande entrevista acompanhadas de fotos artísticas.
São bonitas, mas estão mais perto de inspirar desenhos a nosso querido Eduardo Lunardelli do que provocar o vício onanista do Marconi Leal…
Tudo muito francês, não chega a lugar algum, diria o Ao Mirante.
Mas examinemos melhor a questão.
Trata-se de uma grande atriz que tem demonstrado corajosamente sua idade nos filmes.
Em Caché, Invasão de Domícilio e Paris ela mostra barriguinha, alguma celulite e, sinceramente, me orgulhei da coragem dela.
Mas Binoche não iria pagar um mico planetário pela Playboy. É uma das maiores atrizes que temos, certamente. E as fotos são belas, apesar de altamente estilizadas e tratadas.
Não é de se envergonhar, Juliette. (A de cima e as próximas já não são da Playboy, claro).
Hum… esta aí de cima é de O Paciente Inglês. Mas mostre a eles as fotos tiradas por Robert Doisneau.
Sim, sei desses detalhes, conheço essas fotos. Mostre-se por inteiro, por favor.
Mostre-se por inteiro, eu disse.
Por um defeito de fabricação, acho a foto acima irresistível. E a próxima também.
Enganaste a todos que pensaram em hardcore e te criticaram, hein? Esses trouxas…
A foto abaixo eu tenho autografada pela própria Juliette. Sim, ganhei de um amigo que sabia de minha “admiração”.
Fui mostrar a Veja para a Juliette Binoche e a Kristin Scott Thomas. Vejam o que aconteceu.
Então procurei Juliette em particular. Déjà vu. Veja, Ju!
Mas ela não quis olhar e demonstrou de um jeitinho todo seu. Amei-a ainda mais.
Então, invadi o quarto da Kristin a qual me disse, tapando o nariz, que Veja fedia.
A politizada e inteligente Vanessa Redgrave simplesmente virou o rosto e nem viu a Veja.
A shakespeariana Kate Winslet demonstrou cansaço de Veja. “Prefiro a mídia alternativa”, suspirou cansada.
Fui embora da hostil Inglaterra indo para a mui gentil França. Irène Jacob tirou a roupa quando falei em Veja — entendera outra coisa — mas, quando soube de minha intenção, fechou os olhos, agastada.
Fiz o mesmo com Emmanuelle Béart. Ela me dispensou, horrorizada.
Pensei que a juventude sem preocupações de Laetitia Casta aceitaria ler a revista, mas ela ficou nessa posição lânguida e declarou que eu era velho demais. Fiquei ofendido.
Na Espanha, Penélope Cruz alegou dor de cabeça.
Dirigi-me à Itália, contudo Sara Tommasi não aceitou a Veja nem como revista de cabeleireiro.
Sophia Loren foi curta e grossa: “Mostre a Veja para a Alessandra Mussolini!”.
La Bellucci jogou mel nos olhos e, bem, tive de limpá-la. Gosto de mel.
Passando pela Sérvia, Ana Ivanovic mostrou-me o que faria se eu insistisse com Veja. Mal-educada!!!
Fui aos EUA em busca de gente republicana, mas Kim Basinger atalhou: “Não quero ficar mais deprimida ainda”.
Quando mostrei a Veja para a Gene Tierney, ela começou a recitar uns mantras esquisitos sobre paz e equilíbrio e seus seguranças me enxotaram.
Desci para Venezuela. Aida Yespica quis saber o que havia sobre Chávez na Veja. Observei seus seguranças atentos e nem mostrei a coisa para ela.
Sônia Braga deu-me as costas.
Voltei à Inglaterra e Helena Bonham Carter fez furos na revista com seu cigarro, enquanto eu ia ao banheiro. Desisti.
Post publicado originalmente em 15 de março de 2008
A maioria de meus sete leitores ignora a verdade: …
… esta sabatina coluna só existe por causa dela. (As três primeiras fotos, que na verdade são uma só, são de Robert Doisneau (1912-1994). Há mais duas dele depois. São reconhecíveis.)
Creio que se encontrasse Juliette Binoche aí pela rua, …
… ela nem veria de onde eu surgi.
Não sei se ela demonstrará o mesmo entusiasmo que demonstrou por Daniel Day-Lewis, mas não custa fazer a experiência.
Talvez tais palavras tenham sido suficientes para caracterizar o tamanho de minha admiração. Ou não.
Numa ocasião, um grande amigo pernambucano mandou-me a foto que segue, imensa e AUTOGRAFADA POR ELA.
Linda, não? Então, já tenho o autógrafo. O resto virá com o tempo.
A propósito, tempo é o que não me falta. Afinal, já acumulei 57 anos.
A novidade é que, justo no dia de meu aniversário, bem num 19 de agosto, Juliette dialogou comigo em uma revista, conforme vocês podem ver abaixo.
Prova de nossa incontestável, inda que longínqua, ligação.
(Sinceramente, não sei se alguém nota que às vezes tento ligar texto e fotos. Não notam, né? É que meu trabalho é ruim mesmo.)
Meu futuro affair posou para a Playboy há alguns anos.
Como já tem 51 anos, creio que não fará outro desses “ensaios” e me poupará constrangimentos…
Juliette Binoche nasceu em Paris em 9 de março de 1964.
Extraordinária atriz, tem invejável currículo de filmes.
Parece procurar bons projetos: já filmou com Haneke, Kiarostami, Carax, Kieslowski…
Enfim, tem uma superlista.
Acima, uma foto da atriz durante a leitura da revista Veja e abaixo…
… todas as caras de minha musa. Ao menos em formato bidimensional.
A excelente Revista Bula publicou a lista cujo nome está edição do PHES. Participaram do levantamento as publicações: “Vanity Fair” “Empire” “Life”, “Ranker”, “The Guardian”, “Los Angeles Times”, “Vogue”, “Der Spiegel”, “Telegraph”, “Playboy”, “Askmen” e “Listal”.
As dez são as que seguem — aqui em outras fotos, à exceção de Claudia Cardinale:
1. Grace Kelly
2. Catherine Deneuve
3. Charlize Theron
4. Marilyn Monroe
5. Monica Bellucci
6. Audrey Hepburn
7. Brigitte Bardot
8. Sophia Loren
9. Claudia Cardinale
10. Jennifer Connelly
Desculpe, mas uma lista sem:
Ingrid Bergman
Ava Gardner
Marlene Dietrich
Juliette Binoche e
Eva Green
não pode ser levada a sério. Deem um jeito de acomodar!
(Sugiro começar pela retirada de Connelly e Hepburn da lista inicial).
se Juliette Binoche é a Rainha do PHES, Monica Bellucci é sua padroeira.
E nossa padroeira completará, neste domingo (30)
a idade de 48 anos.
Acho que já contei esta história, mas não custa repetir:
quando lhe perguntaram o segredo de sua persistente beleza, ela respondeu:
— Uso photoshop diariamente.
A resposta demonstra uma coisa que todos nós deveríamos desenvolver:
a auto-ironia.
Que mundo triste aquele onde todos se levam a sério.
Já pensaram o que é esta mulher, sendo ainda por cima bem humorada e zombeteira?
Na boa, é melhor nem pensar.
E hoje nem era para ter sido publicado o PHES…
Foi uma semana terrivelmente cansativa, duramente trabalhada.
Mas cumpria homenagear a aniversariante. Afinal
sono innamorato di questa donna e
non posso far altro che dedicarle um PHES speciale.
.Acho que apenas Sophia Loren e o magnetismo de Monica Vitti são páreo para
La Bellucci na história do cinema italiano.
Não sei se assim também pensam meus sete leitores, mas é o que
tenho a dizer no dia de hoje. E vou dormir.
Boa noite.
Apêndice: Mais Bellucci aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Céus, é a terceira vez que conto essa história do photoshop, coisa do Alzheimer, sem dúvida. Mas há poucas fotos repetidas de MB.
“No colégio, tive amigas que se prostituíam para sobreviver”
BERLIM – A imprensa francesa se refere a ela como “La Binoche” — e não há ironia na expressão. Entre seus compatriotas, Juliette Binoche é tratada como patrimônio nacional, a grande dama do cinema de sua geração, dona de um currículo sólido, recheado de personagens ora líricos, ora controversos, como a jornalista do drama “Elles”, em cartaz nos cinemas da cidade. No filme da jovem diretora polonesa Malgorzata Szumowska, Juliette interpreta uma repórter de uma revista que, ao mergulhar no mundo da prostituição, passa a questionar sua existência burguesa, ao lado do marido e dos filhos.
Aos 48 anos, a atriz continua inquieta como nos primeiros anos da carreira, quando empolgou como um dos vértices do triângulo amoroso de “A insustentável leveza do ser” (1988) ou a jovem amante de um membro do parlamento inglês de “Perdas e danos” (1992). Ela continua fiel a seus instintos mesmo depois da bajulação decorrente do épico “O paciente inglês” (1996), em que ganhou o Oscar de atriz coadjuvante.
— Busco projetos que me façam sentir a necessidade de fazê-los. Gosto de ser convencida a fazer um papel, mesmo sem saber exatamente a razão — diz a atriz, sentada no canto de um barulhento café de Potsdamerplatz, durante o Festival de Berlim, onde “Elles” foi exibido na mostra Panorama. — Nós, atores, sempre esperamos que o trabalho afete nossas vidas. Queremos ser comovidos por uma experiência nova, explorar coisas dentro de nós que, ao mesmo tempo, também nos é exterior. Sinto vontade de me despir da minha pele e entender melhor não só a mim mesma, mas também a sociedade em que vivo.
Neste aspecto, “Elles” tem muito a oferecer, embora parte de sua controvérsia seja exagerada. O filme confronta o estilo de vida da jornalista, que vê o relacionamento com o marido e os filhos se deteriorando dentro de seu confortável apartamento parisiense, com o das duas jovens prostitutas que entrevista. À guisa de pesquisa, a produção do filme ofereceu a Juliette um documentário sobre universitárias que vendem o corpo para pagar os estudos, feito durante a fase de confecção do roteiro.
Um desafio: cenas de nudez aos 48 anos
A atriz achou o material muito informativo, mas ela já estava familiarizada com o assunto:
— No colégio, tive amigas que se prostituíam para sobreviver. Não as julgo, porque sei como é difícil estudar sem apoio financeiro da família ou do estado — conta. — O documentário que vi ajudou a me atualizar sobre o tema. A prostituição entre jovens é um fenômeno mundial, principalmente por causa da internet. O que me impressionou foi descobrir que parece ser muito fácil entrar na prostituição para quem está do lado de fora dessa vida. Mas, aos poucos, descobre-se que não é tão fácil assim, as pessoas idealizam muito a profissão das prostitutas. Elas se expõem a perigos reais nessa atividade.
“Elles” impôs pelo menos um grande desafio a Juliette, à beira dos 50 anos: fazer cenas de nudez. Na mais polêmica delas, sua personagem se masturba no chão do banheiro. Amparada pelas mulheres atormentadas que interpretou no passado, Juliette não se abalou.
— No final das contas, foi até divertido (filmar nua) — diz, pontuando a frase com uma sonora gargalhada. — Porque estabelecia um contraste, sabe? No final do dia, Anne, a minha personagem, põe um bom vestido, como uma prostituta sedutora. É como um espelho para ela: depois de ouvir todas as histórias das prostitutas, de conviver com elas, Anne volta para o casamento burguês para enfrentar as perdas dentro de casa, mas dentro de uma roupa elegante. Gosto dessa contradição. É como fumar um cigarro depois do sexo e descobrir na TV que o mundo está acabando em algum lugar lá fora.
Mãe de Raphael, de 18 anos, fruto de sua união com o mergulhador Andre Halle, e de Hannah, de 12 anos, filha do ator Benoît Magimel, Juliette mora numa confortável casa de Vaucresson, subúrbio luxuoso de Paris. Solteira e com os filhos já mais ou menos encaminhados no mundo, a atriz se sente mais à vontade para os projetos que quiser. Há dois anos, foi para a Itália com o diretor iraniano Abbas Kiarostami rodar “Cópia fiel”, produção que lhe deu a Palma de Ouro de melhor atriz no Festival de Cannes de 2010.
Ano passado, voou para o Canadá, onde rodou uma pequena participação em “Cosmópolis”, de David Cronenberg, no qual interpreta uma das amantes do galãzinho Robert Pattinson.
Nas telas, amante de Robert Pattinson
Por razões financeiras, parte de “Elles” foi rodado na Alemanha. O nome de Malgorzata lhe foi sugerido pelo diretor de fotografia Slavomir Idziak, que conheceu no set de “A liberdade é azul” (1993).
— Perguntei ao Slavomir o que estava acontecendo de interessante no cinema polonês, que já nos deu Polanski, Kieslowski e Wajda, e ele me disse que a única grande cineasta da geração atual era Malgorzata. O nome dela ficou na minha mente. Umas duas semanas depois dessa conversa eu recebi o roteiro de “Elles” — lembra. — Achei um assunto forte, especial, arriscado. No nosso primeiro encontro, Malgorzata chegou a dizer que não nos daríamos muito bem, porque ela tem personalidade forte e eu também tenho personalidade forte, e blá, blá, blá… Mas, no final das contas, foi ótimo, foi como se dançássemos juntas no set.
Escrever poucas linhas sobre Cópia Fiel é muito mais complicado do que dedicar-lhe uma tese. Posso começar tergiversando, apesar de dizer uma verdade: é um filme que provoca reações apaixonadas, para o positivo e o negativo. Um sujeito, certamente um menino, crítico de cinema na internet, disse que o filme era chato porque as discussões de relacionamento são chatas. Sim, sei, ele deverá ter futuros. É uma opinião das mais primárias, mas demonstra o cerne de certo ódio ao filme. Porém, dizer que este belíssimo Cópia Fiel, de personagens que mudam de cena para cena, de imagens deslumbranres e atuações impecáveis, de roteiro moderno e até virtuosístico, dizer que o filme é apenas uma DR é uma redução muito emburrecedora.
Com pouquíssimos spoilers, certo? Não pretendo estragar o prazer de ninguém: durante uma visita à Toscana para lançar seu novo livro sobre história da arte e a importância das cópias nas artes plásticas, o ensaísta inglês James (William Shimmel) é acompanhado por Elle (Juliette Binoche), uma franco-italiana proprietária de galeria de arte. Ela o leva em um passeio de carro para conhecer a região e o dois começam uma discussão — entre o irônico e o azedo — sobre os conceitos do livro. Sem que pareça crível, tudo começa a mudar depois da antológica cena com a dona de um café. Ela, cheia de experiência, admira e elogia a dupla com alguma sabedoria de vida. Então, os dois passam a se comportar como um experiente, velho e cansado casal, transformação que já vinha ocorrendo discretamente e que se completa no café. Aquilo que vimos antes era uma cópia? Ou aqui a temos? A má relação entre Elle e seu filho não é outra cópia fiel desta que nos será apresentada? Quantas cópias, quantos vezes repetimos nossos padrões de relacionamento? E o que tem isto a ver com o filtro interior através do qual analisamos um quadro ou uma realidade? A cena do café, onde até o idioma serve para separar, é central no roteiro de Kiarostami.
Neste filme desalentador, muitas dúvidas universais e humanas nos ocorrem. Como obra cinematográfica, o que me arrebata é o fato de que Kiarostami toca fundo na humanidade dos personagens e dos casais sem a menor afetação. Evitando inteiramente uma fácil abordagem pernóstica e “inteligente”, o iraniano nos leva por um tema universal de forma discreta e firme, mostrando-nos as camadas de realidade que há, umas sob as outras como um quadro repintado ou retocado. Binoche cumpre novamente uma atuação perfeita e os prêmios de Cannes e outros de melhor atriz por este filme são merecidos. A surpresa é a bela atuação de seu partner, William Shimell, que não é bem um ator e sim um conhecido barítono que, nos intervalos das fimagens com Binoche, viajava para contracenar com Anna Netrebko em Cosi fan tutte, de Mozart, já na pele do solteirão Don Alfonso. Ah, se a minha inveja fosse mortal, esse Shimell cairia morto agora.
Serviço: vi Cópia Fiel no fim-de-semana, em pré-estreia no Guion, claro.
Sábado, quando acordei, vi que minha mulher tinha deixado um recadinho para mim no Skype. Ela está na Venezuela e o recado era um link e uma ordem bem humorada: “Veja isso, quase morri de rir”. Fui visitar o endereço e dei de cara com a imagem que você pode ver claramente clicando duas vezes sobre a cópia abaixo. Era um obituário do ator Milton Ribeiro, que já conhecia, mas havia um detalhe. A foto do ator era deste Milton Ribeiro que vos escreve, não daquele que morreu. Sim, era uma fotografia tirada por minha filha numa praça de alimentação de um shopping.
É óbvio que me diverti com o fato e comecei a avisar os amigos por e-mail, Facebook e Twitter. Eu tinha morrido em 1972. mandei e recebi vários recados:
Milton, agora que vc morreu, peça para teu filhos me enviarem sua coleção de clássicos, por favor. Mando rezar missa por Richard Dawkins. Obrigado.
Morri em 1972. O que faço? Tomo banho e vou no super ou largo tudo de vez?
@miltonribeiro Aliás, ateu convicto como és, imagino que estejas condenado ao inferno. Então, se fores ao super, como pretendes, vá ao BIG.
@miltonribeiro Como disse Mark Twain num caso assim, “The report of my death is an exaggeration”.
Interpretações de homem mau é a pérola! RT @miltonribeiro
Meu pai também tá dando risada.. RT @miltonribeiro Gostaria de noticiar a todos os meus amigos que morri. (Explico: o pai de Alexandre Ribeiro, um grande amigo meu, também atende por Milton Ribeiro)
Isso foi em 72? Eu nem era nascida. Garanto que da próxima vez que formos à tua casa, vai aparecer uma velhinha à porta e dizer: Milton Ribeiro? Mas, minha filha, ele morreu há 38 anos…
Infelizmente, durou pouco. Algum dos meus amigos destes redes sociais acabou avisando o site Mensagem Vitual, que corrigiu a foto e me enviou um tuíte bem humorado em português alternativo:
@miltonribeiro Desculpe pelo nosso ezorbitante erro! Já arrumamos a foto! Agora você já pode viver em paz…
Quem acordou tarde e viu meu link não entendeu a piada, pois permaneci morto apenas até às 11h. Depois, a vida voltou ao normal, o ator com cara de mau recebeu o seu devido lugar; ou seja, tudo voltou à bosta de sempre, como vocês podem ver abaixo.
Porém, a mensagem mais curiosa veio de Fernando Monteiro, dizendo que o ator com cara de mau na verdade gostava de rapazes altos, de pernas fortes, passadas largas… E não de Juliette Binoche, como eu. Agora falando sério — como diria Chico Buarque — os caras consultam o Google Images, dão de cara com um Milton Ribeiro qualquer e colocam numa biografia sem conferir? Não, é demais. Ah, a mensagem do Fernando:
O danado, Milton, é que com toda aquela cara de mau, o Milton cangaceiro do cinema tinha um apurado olho para rapazes fortes (sabias?), enquanto vosmicê pende mais, quer dizer, pende totalmente para as Juliettes Binoches (sou testemunha), e não somente nos sábados!
Bom domingo, “Capitão”!
Fernando Monteiro