Boa tarde, Abel Braga

Boa tarde, Abel Braga

abel-bragaViste ontem o jogo do Grêmio? Pois é lembrei da Teoria do Caos. Conheces? É o seguinte: dizem os matemáticos e físicos que, se colocarmos em uma caixa de fundo plano um grupo de bolinhas em movimento chocando-se elasticamente entre si e as paredes, sem atrito contra a superfície, o resultado será o caos. Ou seja, será impossível calcular as posições futuras que as bolas tomarão. E elas nunca pararão de bater-se umas contra as outras e as paredes. É isso que eu achei do jogo do Grêmio ontem. Uma correria absolutamente sem sentido, objetivo ou beleza. São dois times muito ruins. O gol do San Lorenzo me pareceu meio casual, foi como se uma bolinha do caos tivesse resolvido entrar ali. Fico feliz de nosso time ser diferente. Temos conseguido manter certa compostura e lógica.

Mas o jogo contra o Vitória foi triste. D`Alessandro foi bem marcado, Alex estava a meio pau e o Alan Patrick jogou muito, mas muito mal. Então, não houve criação. Além disso, Cláudio Winck sentiu o Beira-Rio. Gostei das tuas reclamações sobre o desempenho do time nas entrevistas de final de jogo. Acho perfeitamente viável vencer o Botafogo do Bolívar no final-de-semana, mas só que com um jogo melhor. Não chegaremos a lugar nenhum com aquela pobreza. Salvou-se e salvou-nos o Aránguiz. Vamos contratá-lo né, Abel?

Outra coisa: devo ser um chato, pois sou o único colorado do mundo que achou comum o Beira-Rio. Claro, está mais bonito, mas eu esperava muito mais. As pessoas piraram de tal forma que pensei que entraria no Nirvana. Nada disso. Mas é nossa casa, precisamos dela para somar pontos. Não adianta, meu negócio é futebol, não arquitetura. Não ignoro que o Inter tornou-se multi-campeão depois da inauguração dos Eucaliptos, tendo o mesmo acontecido com o Grêmio pós-Olímpico e o Inter pós-Beira-Rio, só que não consigo torcer por estádios.

Sobre Abel Braga e o novo avião do Grêmio

Sobre Abel Braga e o novo avião do Grêmio

Após a repetição da vitória de duas semanas atrás e a consequente conquista do Campeonato Gaúcho, Abel Braga demonstrou surpreendente falta de entusiasmo, mantendo uma lucidez inesperada para aquele momento. Na entrevista após o jogo, ele não fez qualquer alusão ao título, mirando apenas o futuro. Tem toda a razão. O Gauchão não representa nada, sua importância limita-se às duas vitórias consistentes sobre o time do Grêmio e nada mais. OK, a conquista posiciona melhor o ego e altera e sala de troféus, mas é só isso. Pior que ganhar o Gaúcho é perdê-lo, certamente.

Sobre o Gre-Nal: já tinha externado com muita clareza minha opinião sobre nossa superioridade, mas é óbvio que os 4 x 1 devem ter assustado os inquilinos da Arena, ainda mais pela forma como aconteceu. Fizemos uso de certa indulgência, não? O Grêmio até jogou melhor no primeiro tempo, mas volume de jogo não é quase nada quando seu adversário tem jogadores de melhor qualidade. Um time mais ou menos cria quatro oportunidades e faz uma, um melhor cria duas e marca. É da vida. Nos anos 80 e 90, eu via isso acontecer todo dia no Beira-Rio. Quando o Inter massacrou o São Paulo — e perdeu o jogo por 4 x 1 — comecei a pensar que bom mesmo era contra-atacar com Kaká, Júlio Baptista e Luís Fabiano e ser feliz.

Agora, o óbvio: o Brasileiro será disputado em poucas datas. É uma disputa para um grupo grande de jogadores. Haverá lesões e cartões pra todo o lado, além de adversários muito melhores. Então, não sei se temos que contratar — não conheço detalhadamente o banco do meu time –, mas certamente o clube com mais material de reposição sofrerá menos. Mais: acho que não há nenhum paulista ou carioca de assustar. O perigo, como no ano passado, está novamente em BH. E, olha, faz 35 anos que não levantamos o Brasileiro. Já passou da hora. Vamos lá, gente.

Ah, abaixo, o novo avião do Grêmio.

Novo avião tricolor foi entregue ontem no aeroporto de Caxias
Novo avião tricolor foi entregue ontem no aeroporto de Caxias

Um raro Gre-Nal, um daqueles bem fáceis

Um raro Gre-Nal, um daqueles bem fáceis
Clique para ampliar um pouco este disparate.
Clique para ampliar um pouco mais este disparate.

Sexta-feira, eu avisei a meus amigos gremistas: nós, do Internacional, ganharíamos o Gre-Nal. Ganharíamos porque nosso time estava e está em ascensão — jogando mais do que o Grêmio — e porque a ZH estava ajudando. Explico o caso ZH: na publicação, naquela mesma sexta-feira, de forma inexplicável, quatro analistas escreviam que o Grêmio chegava melhor ao Gre-Nal e era consequentemente o favorito. Eu discordava, sigo discordando e, desculpem, tinha razão. Para fazer valer a forcinha dada pelo jornal, bastaria fazer um poster da página principal de esportes e colocá-lo na entrada do vestiário do Inter. Puro doping.

(Não vou discutir aqui o enganador nível técnico do decepcionante Grupo da Morte da Libertadores, seria entediante).

Mas é claro que Abel contribuiu para deixar o jogo mais emocionante. Com Abel não tem nada de meritocracia, para ele substituir um titular, este há que ser antes execrado publicamente. Às vezes, tal atitude se revela sábia. Ele insistiu com o Rafael Moura e hoje penso em conhecer o desenho do He-man. Hoje já me mostraram a música de abertura. É ruim pra caralho.

Moura marca, para desespero dos quatro articulistas de ZH
Moura comemora, para desespero dos quatro articulistas de ZH

Quando Abel acertou a escalação no início do segundo tempo e mais, a organização do time com D`Alessandro pela direita, Aránguiz solto e Alan Patrick se enfiando, a superioridade de nosso time tornou-se algo constrangedor para os locatários da Arena. Foram dois gols, dois gols perdidos cara a cara (Aránguiz e Alex) e mais aquela bola do Alan Patrick que merecia ter entrado pela magia do futebol. O Inter chega bem no momento da reinauguração do Beira-Rio e do início do Brasileiro, que é o que interessa num ano sem Libertadores.

Achei o Grêmio morto do ponto de vista físico, mas lembrem-se da lição Nº 1 do Andrade quando jogador do Flamengo: “Quem não tem a bola corre o dobro”. E o Grêmio realmente não viu foi a bola. Não obstante, Barcos fez um belo gol. Até eu fiquei feliz de ver, pena que tenha sido no nossa goleira.

Agora, os números do clássico estão bem redondos e justos: são 400 Gre-Nais, com 150 vitórias do Inter, 125 empates e 125 derrotas. Se o Grêmio alcançar o Inter algum dia, é certo que estarei morto. Assim sendo, agora torço pelos empates!

Abel Braga, deixa o Patrick jogar, combinado?
Abel Braga, deixa o Patrick jogar, combinado?

Bom dia, Abel (ou Sejamos pragmáticos)

Bom dia, Abel (ou Sejamos pragmáticos)
Abel Braga, o técnico do time-dramin.
Abel Braga, o técnico do time-dramin.

Oh! sejamos pornográficosOh! não, não, nada disso. Sejamos pragmáticos. Só para poder dizer que o Inter venceu o Remo por 6 x 1 sem jogar nada. Passei a noite sofrendo críticas por estar cabeceando durante o jogo. Me mandavam para a cama, só que o time empilhava gols… Como sair da frente da TV? Sim, minha cabeça caía de sono e levantava quase só para ver os gols. Agora, pude conferir nos jornais que não perdi nada. Abel Braga já começou a fazer das suas ao juntar Jorge Henrique e Alex na armação. Ambos são bons o suficiente para não serem massacrados e lentos o suficiente para causar sono. Acho que o efeito dramin foi sentido para dupla de volantes do Remo na segunda etapa.

O curioso é que todos sabem disso, todos os comentaristas de todas as rádios falam na lentidão da dupla, mas Abel tem seu código de conduta e este diz que os substitutos têm que aguardar pela aposentadoria ou pelo enforcamento público dos titulares.

Mas, pô, como sou chato, foi 6 x 1. Cala a boca , Milton! Melhor abster-se de criticar hoje. Melhor falar do golaço de Rafael Moura, que fez aquela coisa incompreensivelmente linda no último gol. Melhor falar do Aránguiz, que joga bem até quando não está inspirado. Mas torcedor de futebol é um sujeito sempre insatisfeito então mando o Luigi às favas mesmo com o 6 x 1.

Em tempo: aquele Paulão é muito ruim!

Abel e a cabeça tola e nostálgica de Luigi

Abel e a cabeça tola e nostálgica de Luigi
Abel, vai ser feliz,  te desprega do Luigi.
Abel, vai ser feliz, te desprega do Luigi!

Abel Braga voltou ao Internacional. É um vencedor dos mais chatos e teimosos. Lembro que ele amava de paixão o jogador Michel, o que deixava a arquibancada doida. Após Abel, Michel foi do Inter para o limbo, claro. Mas é um treinador que normalmente dá padrões interessantes de jogo a seus times. E que costuma dar certo no Inter. Basta dizer que faltam 62 jogos para que se ele se torne o técnico com mais partidas disputadas em toda a história do clube. Mas devagar, né?

Certamente pilhado por Luigi Calvário — que adora a História do Futebol, apesar de entender tão pouco a respeito dele –, Abel saiu falando num monte de jogadores velhos. Não vamos palmilhar o mesmo caminho dos últimos anos, com o time se arrastando lamentavelmente em campo puxado por atletas de vasta biografia, sem mais nada a provar ou ambicionar. Na boa, a política de trazer os velhos ídolos nos deu pouco. Para que falar em Edinho? É bom jogador, mas começa a decair. Chega, Abel. Precisamos de volantes cumpridores, mas talvez o ideal não seja mais um jogador passado dos 30 anos. Outro fato a ser considerado é que agora podemos ter até 5 estrangeiros em campo. Ora, se olharmos os nossos, temos só D’Alessandro. Scocco é uma incógnita, Forlán só jogou bem no estadual — o que significa absolutamente nada — e Bolatti é um fracasso ainda maior. A preços e salários menores que os praticados no Brasil, há argentinos, uruguaios e colombianos a serem observados. E, cheios de vontade, deve haver joias nas divisões inferiores do clube. Dali saem e saíram nossas maiores vendas, inclusive. Então, por favor, chega de seguir a tola cabeça nostálgica de nosso presidente Luigi Calvário. Ou, quem sabe, a gente traz Figueroa para acertar a defesa e Valdomiro e Lula para dar velocidade ao ataque? Não Abel, vamos chegar ao futuro não pelo passadismo, mas pela perspectiva de uma nova geração vitoriosa. Pense no nosso time de 2005 e 2006. Era velho? Não, de modo algum. De velhos, bastamos eu e tu.

P.S. — Será que o Luigi sabe que o Keith Richards faz hoje 70 anos?

Keith-Richards