Facebook, 10 anos e mais de 1 bilhão de usuários

Facebook, 10 anos e mais de 1 bilhão de usuários
Atrás apenas do Google e da Amazon, por ora | Foto: Facebook/ Diulgação
Atrás apenas do Google e da Amazon, por ora | Foto: Facebook/ Diulgação

Publicado em 8 de fevereiro de 2014 no Sul21.

O Facebook, um vício irremediável, lançado em 4 de fevereiro de 2004, tem o mesmo número de usuários que a internet toda tinha em 2007. Em âmbito mundial, o Facebook já ultrapassou o número de 1 bilhão de usuários.

Traçando um paralelo simplório — pois desconsidera os perfis de empresas e de outras organizações — , diríamos que 14% da humanidade tem conta no Facebook. Proporcionalmente, o Brasil foi o país que mais deu usuários a Mark Zuckerberg nos últimos anos. O país saltou de 35 milhões de usuários em 2011 para 76 milhões. Mais da metade acessa pelo celular. Todos os dias, 61,4% dos usuários que residem na América Latina conectam-se à rede social. Isso representa uma audiência de 47 milhões de brasileiros, 28 milhões de mexicanos e 14 milhões de argentinos, porcentagem é significativamente mais alta que a média dos outros países.

Atualmente, o Brasil está na terceira colocação em número de usuários, perdendo apenas para os Estados Unidos e a Índia (41,3). Se o Facebook fosse um país, seria o segundo mais populoso do mundo, empatado com a Índia e apenas atrás da China, tendo ultrapassado de longe os Estados Unidos da América com seus 310 milhões de habitantes. Recentemente, o valor da empresa foi avaliado em mais de 100 bilhões de dólares, ficando atrás apenas do Google e da Amazon dentre as empresas da Internet. Mark Zuckerberg, principal proprietário da rede social, tem uma fortuna avaliada em 16,8 bilhões de dólares.

Nesta semana, a empresa lançou um novo e bonitinho produto. Como aos dez anos de idade já dá para ser nostálgico, o Recorde Momentos cria um filme com trilha dramática cheio de fotos animadas do indivíduo desde que este entrou na rede social, também mostra as postagens mais curtidas, os melhores amigos, etc. Foi a forma encontrada pela empresa para que os usuários participassem da festa dos dez anos. Ainda que pareça meio emocionado demais.

Recorde momentos:

Parte do pacote de aniversário

Parte do pacote de aniversário
Para saber das últimas, Facebook! | Fonte: FreePik

As razões do sucesso

Se o Google serve como plataforma de pesquisa, se o Twitter é rápido em suas frases e links e se o YouTube aos vídeos, principalmente os de entretenimento, o Facebook dá um importante retorno emocional a seus seguidores.

Estes veem seus pequenos textos e opiniões aprovadas, veem fotos de amigos sumidos, batem papo um com o outro ou em grupo, formam grupos por interesse, pesquisam sobre os amigos dos amigos (“quem será essa pessoa?”) acompanham se aquela(e) amiga(o) está tendo um “relacionamento sério” com outrem (analisamos quem é e examinamos as fotos, se tivermos permissão), reagem quando um destes status se altera (às vezes com alegria, outras vezes com inveja ou ódio), ficam preocupados com a falta de uma resposta (“será que ele(a) não se conecta ou não deseja responder?”), compartilham imagens e textos entre os amigos (“gostei tanto daquilo que meu amigo escreveu que repassei a todos os meus seguidores”) e bloqueiam seus desafetos (“para que ela(e) não saiba nada de minha vida!”).

Surgem com grande frequência notícias que relacionam o site com fatos que parecem saídos de revistas de fofocas do gênero a-mulher-que-descobriu-que-o-marido-já-era-casado ou pai-descobre-filhos-desaparecidos-há-anos, mas o site — concebido justamente para utilização pessoal — também passou a ser utilizado com finalidades políticas e pelos jornais que buscam interatividade com seus leitores e divulgam suas notícias.

A tela de abertura do Facebook original

Mas antes um pouco de história. O Facebook foi um sucesso instantâneo. Mark Zuckerberg, juntamente com Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, fundou o “The Facebook” enquanto frequentava a Universidade de Harvard. Era 4 de fevereiro de 2004 e, até o final do mês, mais da metade dos estudantes da Universidade foi registrada no serviço. Então Zuckerberg partiu para a promoção do site e o Facebook ficou disponível também para a Universidade de Stanford, Columbia e Yale. Esta expansão continuou em abril de 2004 com as universidades de Cornell, Brown, Dartmouth, Pensilvânia e Princeton. Logo foi aberto para fora do ambiente universitário e… Bem, o número de usuários chegou ao primeiro milhão em dezembro de 2004, apenas 10 meses após a fundação.

O serviço é gratuito e a receita é gerada por publicidade, incluindo banners, destaques patrocinados na coluna de notícias e grupos patrocinados. Os usuários criam perfis que contêm fotos e listas de interesses pessoais, trocando mensagens privadas e públicas entre si. As pessoas e empresas que estiverem interessadas em serem vistas na timeline de usuários escolhidos por profissão, interesses, região etc., podem pagar uma módica quantia que Mr. Zuckerberg divulga a eles. A visualização dos perfis detalhados dos membros é restrita a amigos confirmados e para membros de uma mesma rede, conforme as opções de privacidade. Há também opções de jogos. Trata-se de uma receita aparentemente perfeita e que faz com que cada usuário tenha uma média de 200 amigos e permaneça cerca de 750 minutos por mês no site.

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João Saldanha, Nelson Rodrigues, etc.

João Saldanha, Nelson Rodrigues, etc.

Roubado daqui.

saldanha e nelson

Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante, existiu um programa de TV chamado Grande Resenha Facit. O conceito de mesa redonda sobreviveu à passagem dos anos e chegou, ainda que envelhecido e amargurado, aos dias de hoje. Já as máquinas de escrever Facit, que patrocinavam o falecido programa dos anos 70, bem como a TV Rio, que o lançou em 1963, ficaram pelo caminho. O que não se discute é que a cultuada mesa foi a gênese de tudo o que veio depois no universo da cobertura esportiva. Os titulares da resenha eram: Armando Nogueira, Nelson Rodrigues, João Saldanha, José Maria Scassa, Hans Henningsen (o célebre “Marinheiro Sueco”),Vitorino Vieira, o ex-jogador Ademir e, como âncora, Luiz Mendes, “o comentarista da palavra fácil”.

Não tenho idade para ter visto a Resenha, o que é uma falha grave na biografia de qualquer cronista esportivo, mas conheço histórias formidáveis sobre grandes ideias, frases, tiradas e pancadarias verbais que floresceram naquele covil de craques. Quem mais brigava – além do João Saldanha, que batia boca até com presidente milico – eram Nelson Rodrigues e Armando Nogueira. Isso porque, enquanto Nelson era um autêntico Policarpo Quaresma, defensor da indiscutível supremacia futebolística do Brasil, Armando não conseguia disfarçar sua admiração pelas escolas europeias, algo que vinha dos tempos da gloriosa Hungria de Puskas. E foi antes mesmo da Resenha Facit, ainda na copa de 1958, que Nelson, mestre dos mestres dos mestres cronistas, eternizou em um texto antológico a rixa com o colega.

Na tal crônica de 1958, o pernambucano tricolor desancou as teorias do acriano botafoguense, que defendia com devoção a supremacia física dos atletas soviéticos (outra coisa que o tempo varreu das nossas vidas). Para Armando, com férrea disciplina e jogadores com saúde de vaca premiada, a União Soviética aplicaria uma inapelável sova nos talentosos, porém pouco preparados brasileiros. Ocorre que, para azar das teorias sobre a superioridade física e espiritual do Velho Continente e para sorte de Nelson e do Brasil, Garrincha e Pelé estrearam em copas do mundo justamente naquele jogo. Como gostava de dizer Didi – que, aliás, bancou a escalação dos dois gênios –, o que corre é a bola. E assim foi. Em poucos minutos, Garrincha desmontou o Sputnik do Armando e, com dois de Vavá, a Seleção ganhou sem fazer força. O título da crônica do Nelson não podia ser mais explícito: “As vacas premiadas somos nós”. Uma obra-prima, cujo recheio eu nem preciso comentar.

Catorze copas e cinco títulos mundiais brasileiros depois daquele jogo, é deprimente constatar que não somos mais as vacas premiadas. A coisa, no entanto, é bem pior do que parece. Sim, porque o Brasil podia ao menos ter cumprido tardiamente a profecia do Armando para a Copa de 1958: um time brilhante e talentoso que acabaria derrotado por outro mais forte atleticamente e mais organizado taticamente. Foi assim que perdemos em 1982, por exemplo, sem que sentíssemos um pingo de vergonha, embora náufragos em um oceano de dor. O problema da Seleção Brasileira que levou a maior goleada de sua história centenária foi que não apenas os alemães foram as vacas premiadas como também carregaram o estandarte do jogo bonito. Isso sim, é o que me causa profunda depressão – no sentido tarja preta da palavra.

A Alemanha da última e já saudosa Copa do Mundo (embora definitivamente não por isso) varreu o nosso time do mapa jogando como uma espécie de cruzamento do Brasil de 1982 com a União Soviética de 1958. Confesso que, ao ver os alemães treinando na sauna para simular o calor dos jogos de uma da tarde, o moderno centro de treinamento construído por eles, os reservas que davam piques em campo logo após o apito final dos jogos oficiais, não me impressionei. Ao contrário: tive foi um acesso de Nelson Rodrigues. Disse para mim mesmo que aquilo tudo era visagem, que os alemães eram os novos soviéticos, que nosso talento ia falar mais alto, que o malemolente menino Neymar – qual um Macunaíma emo de óculos de aros grossos – resolveria a parada e que, ao fim e ao cabo, as vacas premiadas continuariam sendo nós. Pura ilusão.

Quando eliminamos os valentes Chile e Colômbia, deixei o estádio com aquele velho chavão na cabeça: jogaram como nunca, perderam como sempre. Depois do 7 x 1, com o mundo como conhecemos já totalmente devastado, o que me veio à cabeça, além de uma puta dor, foi o seguinte: perdemos como nunca porque jogamos como nunca. De fato, nunca jogamos tão mal uma partida de futebol. Simplesmente não é suposto que o Brasil perca um jogo daquela maneira. Nem nos mais doces sonhos dos alemães, nem nos meus mais atrozes pesadelos. Nem quando eu sou o Brasil e meu filho João – um sarilho do FIFA 14 – opera o joystick pela Alemanha.

Tenho quase 50 anos, o que me credencia como um ser meio velhusco que já viu o Brasil perder a bagatela de nove copas. Nenhuma delas – repito: nenhuma! – com mínimos vestígios de desonra. Inventário breve: Em 1974 perdemos de 2 x 0 para o time que inventou o futebol moderno; em 1978 não perdemos um jogo sequer e fomos mesmo é roubados; em 1982 perdemos e o mundo chorou conosco a morte definitiva do futebol sublime; em 1986 perdemos em uma decisão por pênaltis; em 1990 perdemos nosso melhor jogo para um passe de Maradona; em 1998 e 2006 perdemos para Zidane e a melhor geração da história do futebol francês; e finalmente em 2010 dominamos o jogo, mas perdemos para uma espetacular Holanda. Arrependimentos? Alguns. Vergonha? Absolutamente nenhuma.

O inapelável saldo final é que nós não somos mais as vacas sagradas. E, pior, que os arautos do futebol-arte agora são eles. Nossa lápide da Copa de 2014 poderia trazer a seguinte inscrição: “Aqui jaz o Brasil que tentou jogar como Alemanha, humilhado por uma Alemanha que ousou jogar como Brasil”. Mais devastador do que isso, impossível. Que a terra nos seja leve. Porque derrotas são passageiras, mas vergonhas são eternas.

P.S.: Nelson Rodrigues não era dado a jabás e, por isso, escrevia seus textos em uma máquina Remington.

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Uma festa de velório

Uma festa de velório

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Há 400 anos, o fogo consumia o teatro de Shakespeare em Londres

Há 400 anos, o fogo consumia o teatro de Shakespeare em Londres
Vista aérea do atual Shakespeare`s Globe de Londres. Prédio vazado (clique para ampliar)
Vista aérea do atual Shakespeare`s Globe de Londres. Prédio vazado (clique para ampliar)

Publicado no Sul21 em 29 de junho de 2013

O Globe Theatre de Londres é associado ao maior dramaturgo de todos os tempos: William Shakespeare. A casa foi construída em 1599 por sua companhia de teatro. Shakespeare detinha 12,5 % das ações da mesma. Dois dos seis acionistas – Richard Burbage e seu irmão Cuthbert Burbage – possuíam 25% cada e um quarteto de 12,5% cada era formado por John Heminges, Agostinho Phillips, Thomas Pope e o famoso dramaturgo. Foi o primeiro teatro construído por atores para atores. Porém, após estrear várias peças do grande autor, o Globe foi destruído por um incêndio no dia 29 de junho de 1613, exatamente há 400 anos. O Globe foi inaugurado no outono de 1599, com Júlio César e a maioria das grandes peças de Shakespeare pós-1599 foram escritas para o teatro.

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Uma gravura da época anônima que mostra o famoso teatro de Shakespeare

No século XVII, qualquer incêndio podia transformar-se numa grande tragédia, tanto que em 1666, um terço da cidade foi destruída pelo fogo. As ruas eram estreitas, herança da transformação urbana acelerada a partir do século XIII, quando Londres virou capital do reino. A técnica contra incêndios era muito prosaica: eram usados baldes d`água e, quando não funcionavam, era providenciada a derrubada das construções contíguas para impedir o espraiamento do fogo. Só que a decisão de derrubar casas dependia de uma autorização do prefeito da cidade, que analisava empiricamente os ventos e a umidade do ar e das casas. Risco completo.

A pintura acima é de autor desconhecido. As chamas que consumiram Londres em 1666 podiam ser vistas de Oxford, a 64 km de distância.
A pintura acima é de autor desconhecido. As chamas que consumiram Londres em 1666 podiam ser vistas a 60 km de distância.

A indecisão para se fazerem as derrubadas era compreensível diante de seus custos, tanto de demolição quanto de reconstrução. No grande incêndio de 1666, houve demasiada hesitação e, quando as demolições foram autorizadas, grande parte da cidade já estava em chamas. Então os imóveis passaram a ser simplesmente explodidos, o que criou outros focos de fogo. Também não se sabia o número de vítimas dos sinistros pelo simples fato de que os não nobres não eram registrados. Do ponto de vista do estado, sumia gente que não existia. No grande Incêndio foram destruídas, pelo fogo e pela ação humana, 13.200 casas e uma área de 1,7 km²

Antes do incêndio, nos quase 15 anos em que esteve ativo, o Globe foi um estrondoso sucesso. No século XVI, as companhias de teatro apresentavam-se em locais improvisados, geralmente em bares ou na rua. Em 1576, James Burbage construiu o The Theater, primeira casa do gênero do país. Em 1581, Shakespeare juntou-se a Burbage escrevendo peças e trabalhando como ator. Apesar da casa sempre lotada, sobrevieram problemas financeiros e a casa acabou fechada. A curiosidade é que o Globe foi construído com a madeira do desmonte do The Theater. Do mesmo modo que o Theater, o Globe vivia com a casa cheia e as peças apresentadas eram normalmente de seu famoso sócio.

Foto: Carmen Crochemore
O atual Globe | Foto: Carmen Crochemore

Então, no dia 29 de junho de 1613, o Globe incendiou durante uma performance de Henrique VIII. Um canhão de luz pegou fogo, inflamando as vigas de madeira. De acordo com os poucos documentos existentes, ninguém ficou ferido, exceto um homem que perdeu as calças, tendo sido apagadas com cerveja por seus amigos. Era o que estava à mão. As peças teatrais, naquela época, recebiam um povo ruidoso e festivo, que vibrava com as cenas, vaiava os vilões e assobiava, desejando ou não as seduções . Não havia estatuto que impedisse o uso do álcool.

O Globe foi reconstruído no ano seguinte, porém, como todos os outros teatros de Londres, foi fechado e destruído pelos puritanos em 1642, dando lugar a outro tipo de construção. Atualmente, Londres ostenta o Globe na margem do Tâmisa, na região de Southwark. Não é o ponto exato do ex-teatro de Shakespeare. Ele se localizava há uns 230m de onde está hoje. Não ficava exatamente na margem. A reconstrução é fiel e foi feita com base nos edifícios de 1599 e 1614. O atual Globe apresenta exclusivamente peças de Shakespeare. O Grupo Galpão, de Belo Horizonte, é a única companhia brasileira que se apresentou lá. Houve uma temporada de Romeu & Julieta que está documentada em DVD.

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O teatro durante uma peça

Há em Shakespeare paixão, ambição, amor, inveja, traição, tudo isso temperado por poesia e lirismo absolutamente originais. O Globe era e é um edifício de forma octogonal, com abertura no centro. De dentro do teatro, vê-se o céu. Não existia cortina e, por causa disso, os personagens mortos – muita gente morre nas sanguinárias peças de Shakespeare – tinham que ser retirados por auxiliares. Todos os papéis eram representados pelos homens – mulheres eram proibidas de entrar em cena – , sendo os mais jovens os encarregados de fazerem papéis femininos. No período Globe, é certo que o autor estreou Hamlet, Otelo, Rei Lear e Macbeth, talvez Romeu e Julieta e Júlio César. Foi o chamado “Período Trágico”.

Falar de Shakespeare é como falar de um ser mitológico, de um produtor de trágedias, comédias, dramas históricos e sonetos geniais. Sua obra, assim como a de pouquíssimos outros artistas, é quase indiscutível. Em Shakespeare, a Invenção do Humano, do crítico literário Harold Bloom, nota-se a dificuldade de falar de um autor tão completo. Para Bloom, Shakespeare não apenas era dono de um cérebro muito privilegiado, como também criou personagens igualmente inteligentíssimos, que seriam capazes de refletirem sobre si próprios, sobre a interação com os outros para, a partir daí, crescerem dentro das histórias, modificando suas maneiras de pensar e agir. Mas a agudeza mental dos personagens são muito bem temperadas, não existem personagens meramente frios ou chatos. Os personagens têm humor, sarcasmo, poder de sedução e são muito diferentes entre si.

Foto: Carmen Crochemore
O teatro vazio | Foto: Carmen Crochemore

Bloom destaca Hamlet e Rosalinda (de As You like it), mas talvez seja Falstaff o maior de todos. Falstaff é o soldado que não quer saber da guerra. Foi o personagem mais popular na época em que Shakespeare estava vivo. Ele aparece no drama histórico Henrique IV e na comédia As Alegres Comadres de Windsor. “Não quero glória. Dêem-me vida”. Hamlet é alguém que não acredita em nada, principalmente em si mesmo, não obstante estar entregue a uma permanente reflexão. Ele tem sete monólogos absolutamente céticos na enorme peça. E Rosalinda é uma mulher apaixonada que corteja homens e é irônica em relação àquilo que mais deseja: o amor.

Mas é impossível estabelecer a grandeza de Shakespeare em uma pequena crônica, que na verdade, era sobre aquela curiosa construção que restou queimada há 400 anos.

William Shakespeare (1564-1616)
William Shakespeare (1564-1616)

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Hoje faz aniversário a “Queima de Livros”, a Bücherverbrennung — Veja fotos e filmes

Hoje faz aniversário a “Queima de Livros”, a Bücherverbrennung — Veja fotos e filmes

queima de livros nazista 2Entre os dias 10 de maio e 21 de junho de 1933, logo após a chegada ao poder de Adolf Hitler, foram organizadas queimas de liros em praça públicas com a presença de entusiastas, polícia e bombeiros e representantes do governo. Tudo o que fosse crítico ou se desviasse da orientação nazista, deveria ser destruído. Os incêndios ocorreram por iniciativa do diretório nacional de estudantes nazista.

Os estudantes e membros das SA e SS participaram destes festins. As entidades estudantis NSDStB e ASTA competiram entre si, numa tentativa de uma mostrar-se melhor que a outra. A maioria dos livros queimados pertenciam à bibliotecas públicas. Eles eram de autores “pouco alemães”. O poeta nazista Hanns Johst foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão do nazismo ao poder, com a “necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã”.

Entre os livros queimados pelos nazistas estavam obras de Thomas Mann, Heinrich Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Erich Kästner (que, anônimo, assistia a tudo), Robert Musil, Erich Maria Remarque, Joseph Roth, Nelly Sachs, Franz Werfel, Sigmund Freud, Albert Einstein, Karl Marx e Heinrich Heine.

Oskar Maria Graf não foi incluído na lista. Seus livros não somente não foram banidos como até foram recomendados pelos nazis. Em resposta, ele publicou um artigo intitulado “Verbrennt mich! (queimem-me) no jornal vienense “Arbeiter-Zeitung” (Jornal dos Trabalhadores). No ano seguinte, foi atendido.

A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca resistência à queima. A burguesia tomou distância, passando a responsabilidade aos universitários. Também os outros países acompanharam a destruição à distância, chegando a minimizar a queima como resultado do “fanatismo estudantil”.

(Intermezzo de Bertold Brecht

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Fim do intermezzo de Bertold Brecht)

Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava Thomas Mann. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao reitor: “Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade”.

Certa vez, um dos queimados, Heinrich Heine (1797-1856), escreveu: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas.”

Berlin, Bücherverbrennung

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Ramiro Furquim de saias no TRT

Ramiro Furquim de saias no TRT

Era a tensa audiência que poderia acabar com a greve dos rodoviários em Porto Alegre, mas a desembargadora e o resto do pessoal tiveram que rir do fotógrafo do Sul21. Agora, me digam o motivo que impede que se entre de bermudas naquele excelso ambiente?

Clique para ampliar
Clique para ampliar o muso supremo. E vejam as caras de todos | Agradecimentos a Lauro Alves (ZH)

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O que vê e como se sente um daltônico?

O que vê e como se sente um daltônico?

O termo daltonismo deriva de John Dalton, um cientista inglês que estudou teoria atômica, autor da lei de Dalton (algo sobre pressão, se não me engano) e que foi o primeiro a estudar a anomalia de que sofria. Atualmente, o termo mais utilizado não é mais daltonismo e sim Color Blindness ou Cegueira para Cores. Uma vez que esse problema está geneticamente ligado ao cromossomo X, ocorre mais frequentemente entre homens pois, no caso das mulheres, seria necessário que os dois cromossomos X contivessem “gens daltônicos”.

Curiosamente, os daltônicos muitas vezes apresentam genitália avantajada. Seus filhos, não.

Você reconhece um daltônico quando ele, ainda adolescente, morando na casa da mãe, sai de casa bem arrumado para alguma ocasião especial trajando estranhas combinações, como calça verde e camisa vermelha. No meu caso, a Dra. Maria Luiza Cunha Ribeiro dizia para mim:

– Pelo amor de Deus, muda de roupa, Miltinho. Tu mais pareces um periquito – não estranhem, minha mãe sempre falou um português perfeito, com todos os verbos bem conjugadinhos…

E o periquito voltava para seu quarto, acompanhado de sua mãe, dentista e consultora cromática, a fim de trocar de roupa. Mas nunca o fazia na frente dela, pois tinha vergonha de mostrar a característica secundária que os daltônicos carregam consigo.

Outra forma de identificar um daltônico é quando pedem a ele um objeto mais ou menos assim:

— Vai lá no quarto e pega a caixinha lilás.

Para nós, uma caixinha lilás ou marinho ou azul ou cor-de-burro-quando-foge é exatamente o mesmo. Ou, melhor dizendo, são diferentes, bem diferentes, o que não significa que eu saiba qual é especificamente a lilás (cor especialmente complicada). Quando eu não sabia que era daltônico, pensava que era apenas idiota, impressão que até hoje não se desfez inteiramente. Concluí que era incapaz de aprender as cores e ficava mal-humorado quando via algum mapa cheio de legendas coloridas no livro de geografia. Enchia os livros de flechinhas e anotações…

Porém, meu colega de daltonismo, fique sabendo que a culpada é sua mãe e desta forma ela não pode ficar irritada quando você não pega as meias nem as toalhas certas ou ameaça explodir a casa se errar aquela ligação elétrica identificada por fiozinhos coloridos. Neste momento, você deve mandá-la examinar seu cromossomo X — que você herdou exatamente dela — ou a puta que a pariu. Tudo depende do contexto.

Mas depois você casa e sua mulher lhe grita do banheiro para pegar no quarto a calcinha rosa e você lhe traz uma igual só que verde azulada, na opinião dela. E ela vai lhe dizer mui compreensivamente:

— Que má vontade, hein? Pegaste a primeira que te apareceu na frente! Isso demonstra teu desinteresse por mim — sem imaginar que você quase morreu dentro daquela gaveta colorida e que, de tão angustiado, esqueceu de mergulhar o nariz nela (no meu caso, um nariz igualmente avantajado).

Mas observem a imagem acima. À esquerda, está a imagem normal; à direita, as pessoas que não são daltônicas verão a imagem que nós, daltônicos avantajados, vemos. Pois é, dizem que para nós o mundo é mais feio, mas você só diz isso porque você não revisou em detalhes nossa anatomia.

A mesma mágica acima. A do lado esquerdo é a sua; a do direito, a nossa. Minha mulher tirou esta foto de minha filha para mostrar que eu não vejo o vermelho, cor do Sport Club Internacional, minha maior paixão. Diz ela que, à esquerda, o sofá é vermelho e, à direita, é outra coisa que esqueci. Talvez não esteja mentindo; afinal, aprendi a distinguir os gremistas por seu comportamento. Eles nem sempre estão fantasiados com seus pijamas.

Acima, foto de meu filho com sua ex-namorada Carol. Bernardo e Carol, aos 16 anos (isso em 2007), são certamente virgens – nem imagino outra hipótese! Acontece que dizem que o verde dos daltônicos (lado direito) é uma coisa desmaiada e seca, fato que nos torna mais concentrados, desligados do mundo exterior, das coisas materiais, mais reflexivos e inteligentes. Além, claro, de termos aquilo que vocês, pessoas espertas, já sabem.

Voltamos ao infeliz tema do vermelho. Agora, em nova e elegante referência subliminar ao casalzinho anteriormente citado, vemos uma maçã ainda intacta, claro. Ao lado direito está a maçã normal… Não brincadeirinha, a do lado direito é a nossa, a do esquerdo é a de vocês.

Eu adoro quindim. A simples visão de um, mesmo num bar de beira de estrada, mesmo que este seja imundo e pouco freqüentado, com milhares de quindins esperando uma meia dúzia de clientes diários, mesmo que haja mofo no doce vizinho, eu como com enorme prazer. Simplesmente amo e você não vai dizer que o quindim que vejo (foto à direita) não é bem amarelo.


Em pé, da esquerda para a direita: Filipe (sobrinho), Iracema (irmã) e Bárbara (filha). Agachados: George Clonney e Bernardo (filho).

Esta foto lamentável de colorados foi tirada por uma gremista. Vejam como ficamos feios e fora de foco. E iríamos mandá-la para um amigo português que encontrou a certidão de nascimento de meu avô em Lisboa, o que nos permitirá a dupla cidadania. Pois mesmo nesta foto de agradecimento por parte dos beneficiários da gentileza de um bom amigo, manifestou-se o ruindade gremista. Ela tremeu, desconfigurou a câmera e deixou-nos horrorosos, com caras de néscios sifilíticos. Resultado: ainda não mandei a foto, nem os mimos para o amigo. Não conte com gremistas para nada.

Vemos perfeitamente o azul. É importante reconhecer claramente…

… o inimigo.

Abaixo, o teste de Ishihara para identificar homens de genit… vocês sabem.

Acho
Acho

Obs: o software que transforma as fotos foi tirado daqui. E o teste do japa daqui.

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Documento da lavra de um informante da ditadura

Melhora clicando na imagem, acho.
Melhora clicando na imagem, acho.

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Hitler de shortinho

Hitler de shortinho

O Führer proibiu estas imagens — e várias outras feitas por seu fotógrafo pessoal no final da década de 20 — dizendo que elas estão “abaixo de sua dignidade”. Já que ele achava isto, publico-as com algum atraso, mas ainda com gosto.

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Paul McCartney pede para Vladimir Putin a liberação da tripulação do Greenpeace

Paul McCartney pede para Vladimir Putin a liberação da tripulação do Greenpeace
Heather e Paul McCartney com Vladimir Putin em 2003
Heather e Paul McCartney com Vladimir Putin em 2003

O músico tornou pública uma carta que escreveu para o líder russo há um mês. Ele está aguardando uma resposta.

Leiam abaixo a minha carta ao presidente Vladimir Putin, ainda não respondida. O embaixador russo gentilmente me comunicou que a situação “não é corretamente apresentada na mídia mundial .

Seria ótimo se esse mal-entendido pode ser resolvido e os manifestantes pudessem estar em casa com suas famílias, em tempo para o Natal . Vivemos na esperança.

Paul McCartney

A carta enviada a Putin:

14 de outubro de 2013
Querido Vladimir,
Espero que esta carta o encontre bem. Faz mais de dez anos que eu toquei na Praça Vermelha, mas acredite que muitas vezes penso na Rússia e nos russos.
Escrevo-lhe sobre os 28 ativistas do Greenpeace e dois jornalistas detidos em Murmansk. Espero que você não se oponha a que eu comente o caso.
Eu ouço dos meus amigos russos que os manifestantes estão sendo retratados em seu país como sendo contra a Rússia, que eles estavam fazendo o jogo dos governos ocidentais, e que ameaçaram a segurança das pessoas que trabalham na plataforma de petróleo do Ártico.
Estou escrevendo para garantir que o Greenpeace não é certamente uma organização anti-Rússia. Na minha experiência, eles tendem a irritar todos os governos. E eles nunca pedem recursos a nenhum governo ou corporação de qualquer lugar do mundo.
E acima de tudo, eles são pacíficos . Na minha experiência, a não-violência uma parte central de sua atuação.
Leio que você disse que eles não são piratas – bem, isso é algo que todo mundo pode concordar. Tão importante quanto isso, é o fato de que eles não pensam que estão acima da lei. Eles dizem que estão dispostos a responder por aquilo que realmente fizeram, então não poderia haver alguma forma de deixá-los livres?
Vladimir, milhões de pessoas em dezenas de países seriam muito gratas se você interviesse para pôr fim a este caso. Eu entendo, claro, que os tribunais russos e a Presidência da Rússia são entidades distintas. No entanto, pergunto-me se você não poderia usar sua influência a fim de reunir os detentos com suas famílias.
Quarenta e cinco anos atrás, eu escrevi uma canção sobre a Rússia para o Álbum Branco, bem na época em que não era moda dizer coisas boas sobre o seu país. Essa música tinha uma das minhas frases favoritas dos Beatles: “Been away so long I hardly knew the place, gee it’s good to be back home.”
Você poderia fazer isso se tornar realidade para os prisioneiros do Greenpeace?
Espero que, quando nossas agendas permitam, possamos nos encontrar novamente em Moscou.
Atenciosamente,
Paul McCartney

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Ricardo Darín num tempo em que alguns mudam subitamente suas convicções…

Ricardo Darín num tempo em que alguns mudam subitamente suas convicções…

Ricardo Darín foi entrevistado por Alejandro Fantino no programa Animales sueltos. Durante a conversa, o apresentador perguntou:

darin

Fantino: ¿Es cierto que vos rechazaste una oferta para filmar en Hollywood con Tarantino?.-

Darín: Sí, claro.-

F: Y ¿Por qué?.-

D: Porque me ofrecieron el papel principal pero tenía que hacer de narco mexicano, y yo le pregunté a su productor por qué los mexicanos tienen que seguir haciendo de narcos si los que más consumen merca a nivel planetario son los Yankees.-

F: ¿Y qué te contestó?.-

D: Bueno… a ver… la respuesta que me dio me molestó tanto que afirmó que estaba en lo correcto no filmar con Tarantino. Me dijo: “Entonces es una cuestión de plata, diga cuánto más quiere que se la pagamos, usted ponga la cifra”. Es decir, no pueden llegar a ver ni comprender que hay códigos por fuera del dinero que algunos todavía portamos, ¿me explico?.-

F: Mmm… no… la verdad que no.-

D: ¿Cómo que no?, Ale, vos sos un tipo piola, tenés que comprender de qué te hablo.-

F: Pero podrías haber tenido más plata.-

D: ¿Más plata? ¿ser millonario?… y… ¿Para qué?.-

F: ¿Cómo para qué?… para ser feliz!.-

D: ¿Feliz con más plata?, ¿De qué me hablás?.-

F: Bueno… todos quisiéramos tener más plata y ser felices.-

D: Ale, yo tengo plata, tengo un auto importado de alta gama. Desayuno, ceno y almuerzo lo que quiero y puedo darme dos duchas calientes al día ¿vos tenés idea de cuánta gente del mundo puede darse dos baños calientes al día?, muy poca gente puede darse ese gusto. Y como no me considero un excelente actor, siempre digo que lo mío fue pura suerte ¿me entendés? En este mundo capitalista salvaje yo soy un tipo de muchísima suerte. Yo soy un privilegiado entre millones de personas, y además tengo la suerte de poder ver eso en mí, que me permite tener una buena cuenta bancaria y no creérmela. Yo me puedo ver desde afuera y me digo “Puta, loco, qué suerte que tuviste”.-

F: Pero hubieras filmado en Hollywood… y no podés negarme que de Tarantino al Oscar hay un paso.-

D: Creo no me sé explicar bien… yo ya estuve en la ceremonia de los Oscar y no me gustó, todo es de plástico dorado, hasta las relaciones entre las personas. Fui, la pasé lindo, lo disfruté… pero ese mundo no es lo mío, no es lo que yo elegí en esta vida.”

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O caso Panair: o esquecimento de que a ditadura fazia mais que torturar

O caso Panair: o esquecimento de que a ditadura fazia mais que torturar

No caso da repressão, talvez se chegue à punição ou, no mínimo, à identificação de militares torturadores, mas o papel da Oban e da Fiesp e de outros civis coniventes permanecerá esquecido nas brumas do passado, a não ser que a tal Comissão da Verdade siga a sugestão do [Carlos] Araújo e jogue um pouco de luz nessa direção também.

Luís Fernando Verissimo, na crônica Os coniventes, de 21 de março de 2013

Cerveja que tomo hoje é
Apenas em memória dos tempos da Panair

A primeira Coca-cola foi
Me lembro bem agora, nas asas da Panair

A maior das maravilhas foi
Voando sobre o mundo nas asas da Panair

Conversando no bar (Canção de Milton Nascimento e Fernando Brant)

Há alguns anos, esta canção de Milton Nascimento recuperou seu título original de Saudades dos aviões da Panair. Na época em que foi lançada por Elis Regina, em 1974, os autores tiveram receio de falar em Panair e em suas saudades da empresa logo no título da canção. Então, ela foi rebatizada para Conversando no Bar. Afinal, era proibido sentir saudades da enorme e respeitada empresa que, por ação dos militares, foi desmontada sem maiores explicações nos primeiros meses do Golpe de 1964. Num país pobre e quase desindustrializado, a existência da Panair do Brasil S. A. era motivo de orgulho nacional.

Logotipo da Panair: pouso forçado em abril de 1965

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1965, 15 h. Um telegrama do Ministério da Aeronáutica chegou aos escritórios da Panair, a maior companhia aérea do país e uma das maiores do mundo. A mensagem era simples e dava conta de que o governo estava cassando seu certificado de operação em razão da condição financeira insustentável da empresa. O telegrama vinha assinado pelo ministro Eduardo Gomes. A Panair não tinha nenhum título protestado nem impostos atrasados, mas o telegrama adiantava que ela não tinha meios para saldar suas dívidas e que estava proibida de voar. Os dias eram assim, também cantava Elis, ou podiam ser assim.  À noite, tropas do Exército invadiram os hangares da Panair e a Varig imediatamente assumiu todas as  concessões de linhas aéreas e propriedades da concorrente. E conseguiu fazer isto sem atrasar nenhum voo. Provavelmente, tinha sido alertada sobre os caminhos se abririam para ela naquele grande abril.

Um avião que levava um passageiro e 25 fardos de borracha na Amazônia em 1943

A revogação das concessões de linhas aéreas da Panair do Brasil foi decretada pelo Marechal Castelo Branco e a Varig era de propriedade de um aliado do governo militar, Ruben Berta  — nome de bairro em Porto Alegre. De uma tacada, a atitude provocou o desemprego de cerca de 5 mil pessoas, deu à Varig o monopólio dos vôos aéreos internacionais do Brasil e isolou quarenta e três cidades da Amazônia, pois nenhuma outra empresa operava os hidroaviões Catalina, os únicos que alcançavam aquelas localidades. Já a Celma, a subsidiária da Panair que fazia a manutenção das turbinas aeronáuticas civis e militares no Brasil, foi estatizada. Fim.

Provavelmente, não houve apenas uma razão um motivo para que os militares responsáveis pelo Golpe de 1964 perseguissem a Panair. Provavelmente, o motivo foi o conjunto da obra e, certamente, houve considerável influência externa. Mário Wallace Simonsen, o principal sócio da empresa, era um dos homens mais ricos do país. Era uma versão principesca de nossos super-ricos, uma espécie de Eike Batista com glamour. Simonsen era o sócio majoritário da Panair, o dono da TV Excelsior, da Comal — maior exportadora de café do Brasil num período em que o café respondia por dois terços das exportações nacionais –, da Editora Melhoramentos, do Banco Noroeste, do Supermercado Sirva-se (o primeiro a existir no Brasil), da Rebratel (qualquer semelhança com o nome Embratel não é mera coincidência) e de mais 30 empresas. A rapidez com ele foi expurgado do mundo empresarial brasileiro após  1964 foi absolutamente espantosa. A única empresa que continuou a existir foi o Banco Noroeste, que foi repassado a seu primo Léo Cochrane Simonsen até ser recentemente comprado pelo Banco Santander.

A família era admiradíssima como os ricos costumam ser. Presença constante nas colunas sociais, sabia-se que a família Wallace Simonsen – Mário, sua esposa Baby e os três filhos Wallace, John e Mary Lou – viviam como reis. A linda Mary Lou era figura comum nas revistas dos dois lados do Atlântico. Sua festa de debutante foi realizada em Londres, na presença da rainha da Inglaterra. Seu noivado também ocorreu na capital inglesa, só que na embaixada do Brasil. Seu irmão Wallinho andava com um espantoso Mercedes-Benz esportivo nas ruas de São Paulo e tinha casa com mordomo em Paris.

Ou seja, tratava-se do jet set da época, pessoas que normalmente têm boas relações com o poder. Mas Mário Wallace Simonsen devia ter graves problemas, na opinião dos militares. Por que a ditadura empenhou-se tanto para acabar com o império de Simonsen? Há várias possibilidades: é notório que a Varig – cuja diretoria era amiga da ditadura – desejava o mercado aéreo dominado pela Panair, que os Diários Associados queriam o mercado da TV Excelsior e que as empresas americanas de café, representadas por Herbert Levy, queriam abocanhar a Comal. E se havia tais pressões civis, talvez houvesse também um bom motivo militar.

Mario Wallace Simonsen, dono de um grupo de empresas destroçadas pelo Golpe de 64

Simonsen não era especialmente simpático à esquerda nem tinha intimidade com João Goulart, porém, em agosto de 1961, enquanto Jânio Quadros estava em visita à China, Simonsen posicionou-se ao lado da legalidade. Houve “acusações” – fato inverídico – de que Jango teria voltado da China num avião da Panair. Mas a verdade talvez seja ainda pior: Simonsen mandou um executivo da empresa avisar o vice-presidente sobre o que estava em andamento no Brasil. Jango não sabia de nada, pois naquele tempo as comunicações eram tais que o vice-presidente poderia retornar da China sem cargo e sem saber de nada. Então, avisado, Jango deu telefonemas de Paris e Zurique, onde fazia escalas, para San Tiago Dantas — seu futuro Ministro de Relações Exteriores e da Fazenda — e para o ex-presidente Juscelino Kubitschek, articulando sua ascensão ao cargo que lhe cabia constitucionalmente.

Logo após o Golpe, o deputado Herbert Levy conseguiu criar uma CPI da Comal, a empresa de exportação de café de Simonsen.  Levy era uma figura da ditadura militar. Foi deputado federal por dez mandatos consecutivos, entre 1947 e 1987, pela UDN, Arena, Partido Popular, PDS, PFL e PSC, além de secretário da Agricultura do Estado de São Paulo em 1967, durante a administração Abreu Sodré. Na CPI, Levy conseguiu que o novo regime cancelasse a licença da empresa para comercialização de café, sem que ela tivesse um único título protestado.

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Um grupo de estudos trabalha sobre Finnegans Wake, de James Joyce

Um grupo de estudos trabalha sobre Finnegans Wake, de James Joyce

O resultado é espantoso…

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Um pequeno documentário sobre a expedição de Shackleton e seu Endurance

Um pequeno documentário sobre a expedição de Shackleton e seu Endurance

ENDURANCEParece uma história inventada por Jack London, só que é verídica. Sabendo de minha admiração, o Augusto Maurer me passou o link do filme abaixo a respeito do Endurance. Há também o livro de Caroline Alexander que, para lá de ser uma excelente narrativa, traz as fotos de Frank Hurley em todo o seu esplendor, como pode ser visto em parte no link acima. O irlandês Shackleton perdeu a corrida ao local do Polo Sul para Amundsen, mas sua jornada e competência em salvar todos os seus homens é fascinante. Certo, toda esta admiração pode ser “coisa de menino”, mas como e para que matá-lo em nós?

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A incrível aventura do Endurance de Shackleton e de Hurley, seu fotógrafo

A incrível aventura do Endurance de Shackleton e de Hurley, seu fotógrafo
Parte da tripulação do Endurance aquece-se frente ao fogo — CLIQUE PARA AMPLIAR

Publicado em 5 de janeiro de 2013 no Sul21

A celebridade do explorador irlandês Ernest Henry Shackleton, nascido em 15 de Fevereiro de 1874 e que morreu em 5 de Janeiro de 1922, é devida à incrível aventura do Endurance, mas também ao fotógrafo australiano Frank Hurley. Foram dele as fotos que imortalizaram a expedição, uma daquelas pioneiras viagens suicidas ao continente antártico, realizadas no início do século XX. Na verdade, o grande herói polar — norte e sul — não foi Shackleton e sim o norueguês Roald Amundsen, mas a documentação do Endurance é muito mais rica, graças a Hurley. Enquanto que as fotos de Amundsen são prosaicas, apresentando homens em fotografias posadas, Shackleton levou um artista entre os 27 tripulantes do barco, como os leitores do Sul21 poderão comprovar. Hurley capta a beleza das paisagens, a vida possível na Antártida e a tragédia.

A edição desta sexta-feira (4) do Guardian informa que um grupo australiano, aproveitando o aniversário de morte de Shackleton, anunciou que irá refazer a clássica viagem que vamos resumir aqui, uma das mais incríveis jornadas de sobrevivência conhecidas.

Sir Ernest Shackleton — CLIQUE PARA AMPLIAR

Assim como Amundsen, Shackleton foi tema de diversos livros que se assemelham às narrativas modernas de Amyr Klink e de alpinistas que arriscam tentativas de chegar ao topo do Everest, por exemplo. São atos aparentemente inúteis e perfeitamente humanos, como ressaltou o montanhista George Mallory (1886-1924). Numa conferência, ao ser questionado sobre o motivo pelo qual desejava tanto escalar o monte Everest, Mallory replicou a um repórter: “Quero porque ele está lá”. A Antártida também estava lá para Shackleton e ele desejava ser o primeiro a chegar ao Polo Sul. Na primeira tentativa, em novembro de 1902, numa expedição comandada por Robert Scott,  alcançaram 82°16 S, o ponto mais austral alcançado pelo homem até então. Doente de escorbuto, Shackleton viu a expedição ser abortada. Motivado com a experiência, organizou sua própria expedição e, em 9 de janeiro de 1909, após muitas dificuldades, alcança o recorde de latitude, 88°23 S, porém é forçado a abandoná-la a apenas 150 km do Polo Sul. O motivo de ter virado as costas à glória foi a segurança de seus homens. Após  percorrerem 3000 km na Antártica, ele regressaram à Inglaterra.

Amundsen: o maior de todos não tinha um fotógrafo à altura

Dois anos depois, em dezembro de 1911, o imbatível Amundsen, seus cães e trenós, alcançaram o Polo Sul. Naquele ano, o norueguês e Robert Falcon Scott protagonizaram uma verdadeira corrida pelos 90 graus: partiram com apenas duas semanas de diferença em outubro de 1911, ambos da plataforma de Ross. Amundsen atingiu o polo em 14 de dezembro, iniciando o retorno no início de janeiro. O grupo de Scott chegou ao mesmo local em 17 de janeiro, encontrando lá a bandeira norueguesa. No caminho de volta, Scott e seus cinco expedicionários morreram de fome e exaustão.

(Parêntese sobre Amundsen: já dissemos que este norueguês liderou a expedição à Antártida (1910-1912) que descobriu o Pólo Sul em dezembro de 1911. Também foi o líder da expedição que chegou pela primeira vez ao Polo Norte em 1926. Como se não bastasse, foi o primeiro a atravessar a Passagem do Noroeste, entre os anos de 1903 e 1906. A Passagem do Noroeste consiste em, de navio, entrar pelo oeste do Alaska, fazendo o contorno pelo norte da América, rente ao Polo Norte, até chegar à Groenlândia).

Já presos na neve, os tripulantes passeiam com os cães — CLIQUE PARA AMPLIAR

Perdida a corrida ao Polo Sul, Shackleton impôs-se um novo desafio: o de atravessar o continente a pé, passando sobre o Polo. Em agosto de 1914, partiu da Inglaterra no Endurance (palavra que significa resistência) com 27 homens. Eles viveriam uma das histórias mais complicadas da exploração polar. O resultado foi mais um fracasso. Após perderem o Endurance, foram resgatados pelo Yelcho, graças à generosidade do comandante chileno Luis Pardo Villalón. Ao voltar à Inglaterra, em 1917, Shackleton e seus homens foram recebidos como heróis.

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8 kg a menos

Perdi 8 kg desde o último dia 13 de junho. Não que eu tenha planejado. Crescentes fatores enervantes tiveram preponderância e não os indico ao pior de meus inimigos. Com boa dose de ironia, minha filha elogia o resultado. Os chineses também, pois… Não, antes dos chineses, mais uma coisinha. Fui fazer uma corrida domingo. Os 11% a menos de peso fizeram enorme diferença. Fiz 8 km em tempo recorde, mas falemos dos chineses.  A matéria é do publico.pt.

Restringir a quantidade de alimentos ingeridos pode ser a chave para uma vida prolongada, segundo dados de uma equipa de cientistas chineses que acabam de publicar um estudo na revista científica Nature Communications.

A equipa da Universidade de Jiao Tong, em Xangai, explica que fez uma série de experiências em 150 ratos ao longo de três anos e que foi possível estabelecer uma relação entre comer pouco e viver mais tempo nos ratinhos que foram sujeitos a uma restrição das calorias ingeridas por dia.

Zhao Liping, coordenador do estudo e investigador da Escola de Biotecnologia e Ciências da Vida da universidade chinesa, em declarações ao jornal Shanghai Daily, citado pela Lusa, adiantou que as conclusões se podem aplicar a outros animais e também a humanos – ainda que sejam necessárias investigações adicionais já que os resultados em pessoas devem ser personalizados. Além disso as experiências decorreram apenas em ratinhos machos, já que o sexo poderia ser um fator que poderia influenciar os resultados.

De acordo com o cientista, a restrição calórica favorece a expansão da flora bacteriana saudável presente no sistema digestivo, nomeadamente os lactobacilos, o que ajuda a combater e a reduzir o número de bactérias nocivas para o organismo. Zhao assegura que estas bactérias “boas” são um elemento determinante na saúde e tempo de vida.

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O dia em que o mundo não acabou

Publicado em 22 de dezembro de 2012 no Sul21

Imagem do filme Melancolia (2011), de Lars von Trier

Esta matéria foi escrita na tarde de 21 de dezembro e programada para ser publicada na madrugada do dia 22. Evidentemente, quando foi escrita, o mundo ainda existia e, se você a está lendo neste momento, temos outra evidência de que o mundo, mais uma vez, não acabou e que você pode preparar-se com tranquilidade para as festividades natalinas. Este é o motivo de nosso título altamente confiante.

A sigla Nasa significa National Aeronautics and Space Administration. Ignoramos como os EUA obtêm administrar o espaço sideral, mas estivemos de olho em seus informes. Estes garantiam que nada estava sendo ocultado e que nenhum fenômeno celeste rondava nosso planeta. O tal Niburi, planeta quatro vezes maior que a Terra e que estaria em rota de colisão conosco — em exata analogia com o filme Melancolia, de Lars von Trier — , nem passou perto. Se o Niburi viesse de encontro à Terra, seria uma catástrofe muito maior do que aquela que teve como resultado a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Na época, um asteroide de 10 a 15 km de diâmetro caiu sobre a atual península de Yucatán, no México. Don Yeomans, cientista do Laboratório de Propulsão de Jatos da Nasa, acrescenta que, se o Nibiru estivesse chegando, ele seria visível, muito visível, mesmo a olho nu, como o foi no filme de von Trier.

O Sol se extinguirá, mas só daqui a 5 bilhões de anos

Nada visível foi outra ameaça prevista e que também foi afastada pela Nasa: a de uma grande tempestade solar. Segundo a Nasa, a previsão do tempo no Sol é a seguinte para os próximos meses: as tempestades solares se acentuarão e seu máximo deverá ser no mês de maio. Mas, garante Yeomans, trata-se de ciclos normais. A cada 11 anos, o sol passa por uma fase chamada de “máxima solar”. Durante esta fase ou qualquer outra, a Terra é muito pouco afetada. Diz a Nasa que um “apagão solar” está previsto apenas para daqui a 5 bilhões de anos, quando Sol se tornará um gigante vermelho. Antes disso, o calor galopante provocará a evaporação dos oceanos e o desaparecimento de nossa atmosfera. Depois, o astro-rei se resfriará até a extinção. Então, em nota tranquilizadora emitida dias antes do suposto fim do mundo, a Nasa negou também o fim do Sol, ao menos nos próximos dias.

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Carta de Cristina Kirchner para o Papa

Carta de Cristina Kirchner para o Papa

É verdadeira, publicada pelo twitter oficial de Cristina (@CFKArgentina).

Cristina Kirchner para o Papa

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A água do Báltico afeta severamente poloneses, estonianos, finlandeses…

A água do Báltico afeta severamente poloneses, estonianos, finlandeses…
Helena Tulve dentro d`água
Helena Tulve dentro d`água

Há talento de sobra em torno do Mar Báltico. Deve haver alguma coisa na água que corre dos rios da Polônia, Finlândia, Letônia, Lituânia e Estônia — estes três últimos chamados de Países Bálticos — para o mar, que faz com que nasçam compositores extraordinários na região. Quem contar a história da música erudita do século XX tem que passar por ali. Mais ainda se a história for dedicada ao final do século e ao início do nosso. Não consultei os anos de nascimento de cada um deles, mas quem pode ostentar um time com Witold Lutosławski, Karol Szymanowski, Krzysztof Penderecki, Henryk Górecki, Wojciech Kilar e Bogusław Schaeffer como pode a Polônia? E, se quiserem mulheres, o país ainda tem Grażyna Bacewicz, que é uma excepcional compositora. Claro que o motivo do surgimento de tantos compositores é educacional e cultural, mas não deixa de ser curioso. Read More

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Sim, orgulho: meus filhos na Marcha das Vadias

Também é uma festa, também é uma piada, mas as piadas e as brincadeiras podem envolver fatos muito sérios. Uma explicação para marcianos — pois notei, através de sites, que há muitos recém chegados daquela planeta: a Marcha das Vadias (em inglês SlutWalk) é um movimento que surgiu a partir de um protesto realizado no dia 3 de abril de 2011 em Toronto, no Canadá, quando um delegado culpou uma mulher por ter sofrido abuso… Afinal, ela estava vestida de forma provocante… Desde então esta Marcha se internacionalizou como um protesto contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro porque “pedem” para ser estupradas com base em sua forma de vestir. Durante a marcha, algumas mulheres usam roupas cotidianas, mas a maioria vão seminuas com roupas transparentes, lingerie, saias, salto alto ou apenas sutiã. Em Porto Alegre, a Marcha teve também presença masculina. Em solidariedade a elas, eles vestiram saias ou outros itens do “provocante” vestuário feminino.

A Marcha das Vadias é um movimento indiscutível, cheio de razões de ser. Meus filhos Bárbara e Bernardo participaram da Marcha. Ele é fotógrafo, mas como aparece em duas, acho que a única de sua autoria é a da Bárbara, as outras devem ser da Natália Karam e da Bárbara Ribeiro, quando ausentes das fotos.

Bárbara já esta paramentada, o Bernardo ainda não tinha encontrado a Natália, da qual receberia a saia para participar.
Bárbara já esta paramentada, para o Bernardo só faltava desamarrar a saia que recebera da Natália.

Mais fotos:

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