Livros à mancheia!

Livros à mancheia!

Livros, há presente melhor? Eles duram muito, passam muito tempo com a pessoa presenteada, costumam vir encharcados em humanidade, ajudam a entender melhor a vida ampliando nossa visão de mundo com entretenimento, imaginação, informação e reflexão. São bons de dar e receber.

Como diz Neil Gaiman, os livros são grandes presentes porque eles têm mundos inteiros dentro deles. E é muito mais barato comprar um livro para alguém do que comprar o mundo inteiro.

Melhor ainda se você comprá-los numa pequena livraria como a Livraria Bamboletras. A forma mais gostosa de receber algo querido é pelas mãos de quem realmente precisa.

Estamos combalidos, recém saindo da pandemia e, como diria Drummond, precisamos de todos. Compre livros neste Natal! E nas independentes!

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Shakespeare: o discurso do Dia de São Crispim em Henrique V

Shakespeare: o discurso do Dia de São Crispim em Henrique V

Eu não sei quem é o autor para o português da tradução que copio abaixo. E é claro que o significado deste famoso discurso ultrapassa em muito o filme de Branagh, Henrique V, pois, afinal, o Discurso do Dia de São Crispim faz parte da peça histórica de William Shakespeare, Henrique V, Ato IV, Cena III.

Na véspera da Batalha de Azincourt (parte da Guerra dos 100 Anos), que caiu num dia de São Crispim — para ser mais exato, em 25 de outubro de 1415 –, Henrique V exorta seus homens, que estavam em número muito menor do que os franceses, a imaginar a glória e a imortalidade que teriam se fossem vitoriosos. O discurso foi repetido por Laurence Olivier para elevar o espírito britânico durante a Segunda Guerra Mundial, e por Kenneth Branagh no filme Henry V, de 1989. Nele, está a famosa expressão band of brothers. A peça foi escrita por volta de 1600, e vários escritores posteriores usaram partes dela em seus próprios textos.

Explicando melhor: o exército britânico estava em solo francês. Depois de uma campanha malsucedida, estavam procurando voltar para a Inglaterra, doentes e exaustos. Porém, foram alcançados pelos franceses. Logo antes de começar a batalha, os nobres ingleses discutiam entre si, comentando que o inimigo estava descansado, inteiro e, bem, em esmagadora superioridade numérica. Os ingleses tinham aproximadamente 7 mil homens, os franceses por volta de 20 mil. E o primo do rei suspirou, dizendo que gostaria de ter os homens que ficaram na Inglaterra fazendo nada.

A seguir, o vídeo do filme — Branagh faz alguns cortes –, o que diz Westmoreland e a resposta de Henrique V, em português e o original de Shakespeare:

O conde de Westmoreland, primo do rei, lamenta a falta de mais homens para pelo menos tentar equilibrar um pouco a enorme diferença dos efetivos de combatentes. O rei toma a palavra então:

Quem expressa esse desejo? Meu primo Westmoreland? Não, meu simpático primo; se estamos destinados a morrer, nosso país não tem necessidade de perder mais homens do que nós temos aqui; e , se devemos viver, quanto menor é o nosso número, maior será para cada um de nós a parte da honra. Pela vontade de Deus! Não desejes nenhum um homem a mais, te rogo! Por Júpiter! Não sou avaro de ouro, e pouco me importo se vivem às minhas expensas: sinto pouco que outros usem minhas roupas: essa coisas externas não encontram abrigo entre as minhas preocupações; mas se ambicionar a honra é pecado, sou a alma mais pecadora que existe.

Não, por fé, não desejeis nenhum homem mais da Inglaterra. Paz de Deus! Não quereria, pela melhor das esperanças, expor-me a perder uma honra tão grande, que um homem a mais poderia quiçá compartir comigo. Oh! Não ansieis por nenhum homem a mais! Proclama antes, através do meu exército, Westmoreland, que aquele que não for com coração à luta poderá se retirar: lhe daremos um passaporte e poremos na sua mochila uns escudos para a viagem; não queremos morrer na companhia de um homem que teme morrer como companheiro nosso.

Este dia é o da festa de São Crispim; aquele que sobreviver esse dia voltará são e salvo ao seu lar e se colocará na ponta dos pés quando se mencionará esta data, ele crescerá sobre si mesmo ante o nome de São Crispim. Aquele que sobrevier esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: “Amanhã é São Crispim”. E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: “Recebi estas feridas no dia de São Crispim.”

Os velhos esquecerão; mas, aqueles que não esquecem de tudo, se lembrarão todavia com satisfação das proezas que levaram a cabo naquele dia. E então nossos nomes serão tão familiares nas suas bocas com os nomes dos seus parentes: o rei Harry, Bedford, Exeter, Warwick e Talbot, Salisbury e Gloucester serão ressuscitados pela recordação viva e saudados com o estalar dos copos.

O bom homem ensinará esta história ao seu filho, e desde este dia até o fim do mundo a festa de São Crispim e Crispiano nunca chegará sem que venha associada a nossa recordação, à lembrança do nosso pequeno exército, do nosso bando de irmãos; porque aquele que verter hoje seu sangue comigo, por muito vil que seja, será meu irmão, esta jornada enobrecerá sua condição e os cavaleiros que permanecem agora no leito da Inglaterra irão se considerar como malditos por não estarem aqui, e sentirão sua nobreza diminuída quando escutarem falar daqueles que combateram conosco no dia de São Crispim.

(A vida do rei Henrique V, ato IV, cena III)

.oOo.

O original sem cortes:

What’s he that wishes so?
My cousin, Westmorland? No, my fair cousin;
If we are mark’d to die, we are enough
To do our country loss; and if to live,
The fewer men, the greater share of honour.
God’s will! I pray thee, wish not one man more.

By Jove, I am not covetous for gold,
Nor care I who doth feed upon my cost;
It yearns me not if men my garments wear;
Such outward things dwell not in my desires.
But if it be a sin to covet honour,
I am the most offending soul alive.
No, faith, my coz, wish not a man from England.
God’s peace! I would not lose so great an honour
As one man more methinks would share from me
For the best hope I have. O, do not wish one more!
Rather proclaim it, Westmorland, through my host,
That he which hath no stomach to this fight,
Let him depart; his passport shall be made,
And crowns for convoy put into his purse;
We would not die in that man’s company
That fears his fellowship to die with us.

This day is call’d the feast of Crispian.
He that outlives this day, and comes safe home,
Will stand a tip-toe when this day is nam’d,
And rouse him at the name of Crispian.
He that shall live this day, and see old age,
Will yearly on the vigil feast his neighbours,
And say “To-morrow is Saint Crispian.”
Then will he strip his sleeve and show his scars,
And say “These wounds I had on Crispin’s day.”

Old men forget; yet all shall be forgot,
But he’ll remember, with advantages,
What feats he did that day. Then shall our names,
Familiar in his mouth as household words—
Harry the King, Bedford and Exeter,
Warwick and Talbot, Salisbury and Gloucester—
Be in their flowing cups freshly rememb’red.

This story shall the good man teach his son;
And Crispin Crispian shall ne’er go by,
From this day to the ending of the world,
But we in it shall be rememberèd—
We few, we happy few, we band of brothers;
For he to-day that sheds his blood with me
Shall be my brother; be he ne’er so vile,
This day shall gentle his condition;
And gentlemen in England now a-bed
Shall think themselves accurs’d they were not here,
And hold their manhoods cheap whiles any speaks
That fought with us upon Saint Crispin’s day.

Batalha de Azincourt em miniatura do século XV | Autoria de Thomas_Walsingham

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Origem, de Thomas Bernhard

Origem, de Thomas Bernhard

Origem reúne 5 pequenos livros — trata-se de relatos autobiográficos de mais ou menos 100 paginas cada um —  que Thomas Bernhard publicou  entre 1975 e 1982: são eles Uma criança, A causa, O porão, A respiração e O frio. Bernhard publicou-os fora de ordem cronológica mas, neste volume de 501 páginas, a Companhia das Letras reuniu todos os textos em ordem cronológica. O resultado é estupendo e forma uma bela autobiografia da juventude do autor, desde a infância até seus quase 20 anos de idade.

Este período foi marcado por  extremas dificuldades — Bernhard nasceu em 1931 e cresceu, portanto, durante a guerra e depois. Também jamais conheceu seu pai e teve uma relação conflituosa com a mãe. Foi criado pelo avô anarquista, seu mestre para toda a vida.

Não existe escritor que una com maior brilhantismo mau humor, ranzinice, inteligência e talento como Bernhard. Ninguém odeia como Bernhard. Ele odiava sua Áustria natal, odiava seus professores, seu médicos e achava que a quase totalidade da humanidade era perfeitamente imbecil. Só que tinha enormes fatias de razão e sabia como ninguém expressar seu ódio e repugnância. Ele tinha vergonha de Salzburgo e de seu país — e explica tudo em detalhes. “Minha existência sempre perturbou, o tempo todo. Sempre perturbei e sempre irritei as pessoas. Tudo que escrevo, tudo que faço é perturbação e irritação. Minha vida inteira nada mais é do que perturbação e irritação ininterruptas. Porque chamo a atenção para fatos perturbadores e irritantes. Existem aqueles que deixam os outros em paz e aqueles que perturbam e irritam, categoria à qual pertenço”, escreveu o escritor em Origem.

Cada um dos cinco relatos têm apenas um parágrafo de mais ou menos 100 páginas, mas são facílimos de ler. Extremamente musical, ele faz repetições pontuais que jamais fazem com que a gente se perca. Ele avança e retorna, avança e retorna com extrema habilidade.

O primeiro relato — Uma criança — é sobre sua infância e é algo lindo desde a decisão de Thomas em fazer uma viagem logo que aprende a equilibrar-se sobre uma bicicleta. A causa trata do internato e seu justificado ódio a Salzburgo. O porão é o extraordinário relato de quando Thomas desistiu de ir à escola, descobrindo o comércio e a música. A respiração e O frio são sobre as doenças que o acometeram na adolescência — Bernhard é realmente um sobrevivente.

Origem é espetacularmente bem escrito e mostra lindamente a formação de um ser humano não somente literário, mas principalmente musical. Explico: Bernhard descobriu seu grande talento musical durante a adolescência. Se não fossem seus combalidos pulmões, seria um barítono e sua formação com a professora de canto Maria Keldorfer e seu marido Theodor W. Werner está descrita em trechos inesquecíveis.

Recomendo muito!

Thomas Bernhard (1931-1989)

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Bamboletras recomenda um verdadeiro suco de Brasil

Bamboletras recomenda um verdadeiro suco de Brasil

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Três excelentes livros!

O primeiro da lista fala sobre a pandemia e o que virá e é o livro que mais vendemos atualmente na Bamboletras. Sim, Abrão Slavutzky e Edson Souza são best-sellers!

O segundo vem de Ruy Castro falando novamente sobre o Rio antigo, tema sobre o qual Ruy é irresistível.

E o terceiro é a deliciosa biografia de nada menos do que João Gilberto escrita pelo especialista Zuza Homem de Mello.

É mole?

Boa semana com boas leituras!

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Imaginar o Amanhã, de Abrão Slavutzky e Edson Luiz André de Souza (Diadorim, 216 páginas, R$ 55,00)

Ainda falta muito? Todos nós já fizemos essa pergunta. Na infância, obrigados a suportar provações de toda espécie e, ao longo da vida, quando percorremos longos caminhos e estradas desconhecidas, e o cansaço e a impaciência nos abatem. Nos quase dois anos da pandemia do coronavírus, essa pergunta, ou pelo menos o sentimento de angústia que ela contém, se fez presente em cada um de nós. Para grande parte dos brasileiros, a passagem dilacerante do tempo teve como agravante o estarrecimento diante da indiferença do presidente do país à tragédia vivida pela população, cuja expressão mais dolorida são os quase 600 mil mortos pela Covid 19 contabilizados até agora. Drama ao qual se somaram o desemprego, a crise econômica e a carestia generalizada dos bens de primeira necessidade. Privadas da rotina e relacionamentos cotidianos, as pessoas tiveram nas redes sociais sua principal companhia no mundo pandêmico, marcado pelo isolamento, pelo medo, pelo luto e… pela esperança. Sim, a esperança foi imprescindível para nos mantermos lúcidos ou pelo menos humanos nestes tempos. Que nada mais é do que uma parte do eterno labirinto que enreda nossa existência. Neste livro, os autores se propuseram a imaginar o amanhã que será de todos nós.

As Vozes da Metrópole, de Ruy Castro (Cia. das Letras, 464 páginas, R$ 79,90)

As vozes da metrópole joga luz sobre a produção literária, poética e jornalística dos escritores que foram protagonistas e testemunhas dos anos loucos cariocas. Cenário de Metrópole à beira-mar, o Rio dos anos 20 estava em ebulição e já era moderno na arquitetura, na música, nas artes plásticas, no pensamento, nos costumes – e, é claro, na literatura. Dividido em frases, crônicas, reportagens, trechos de romances, poemas e provocações, o livro reúne cerca de quarenta autores, desde os mais conhecidos, como Murilo Mendes, Lima Barreto e João do Rio, até nomes que tiveram edições restritas ou que estão fora de circulação há décadas, a exemplo de Adelino Magalhães, Mercedes Dantas e Romeu de Avellar. Eis aqui uma amostra irresistível do que foi feito num Rio que mudou a história – organizada por quem conhece a cidade como ninguém.

Amoroso — Uma biografia de João Gilberto, de Zuza Homem de Mello (Cia. das Letras, 344 páginas, 89,90)

Já não restam superlativos para caracterizar a música de João Gilberto. Com sua voz e seu violão inigualáveis, o criador da bossa nova foi reverenciado no mundo inteiro – até nos deixar, aos 88 anos, em julho de 2019. Escrito pelo produtor e pesquisador musical Zuza Homem de Mello, Amoroso é a primeira biografia dedicada ao baiano de Juazeiro. Personagem tão apaixonante quanto idiossincrático, João Gilberto é aqui retratado pelo prisma de sua arte. De Salvador a Tóquio, passando por Nova York, Rio de Janeiro e Cidade do México, somos levados aos estúdios, teatros, bares, clubes e festivais por onde João circulou, e conhecemos os compositores, arranjadores, instrumentistas, produtores, jornalistas, técnicos de som e empresários que cruzaram seu caminho. Melômano de conhecimento enciclopédico, o autor reconstrói a trajetória musical de seu amigo e ídolo em prosa leve e alegre, elegante e precisa – como ensinou João.

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Porque era ela, porque era eu, de Clara Corleone

Este é o segundo livro e primeiro romance de Clara Corleone. Primeiro vieram as excelentes crônicas de O homem infelizmente tem que acabar. Este Porque era ela, porque era eu tem todo o jeito de história real, mas, sabe-se lá, talvez seja apenas uma realidade ficcional. Uma das personagens principais — chamada Clara Corleone — e passa por um conflito interno entre feminismo e estilo de vida. Afinal, ela aceita de ser a “amante”, a “outra”, de um homem. Sim, é uma crise, mas o é leve, bem humorado e é novamente escrito na prosa afiada e fluida de Clara.

Pois não é um tratado feminista ou filosófico. O conflito de que falei é perfeitamente encoberto por conversas jogadas fora, mil detalhes, garrafas de cerveja, por descrições de encontros entre amigas, entre amantes, em bares e em camas, tudo com a autora no controle. A história é contada pela Clara personagem. por um lado, e por Clarissa, de outro. No início do romance, a autora nos confunde sobre quem está narrando.

Quase todo mundo já lançou olhares ou se apaixonou ou ficou com alguém “comprometido”, creio eu. E é simplificar muito as coisas considerar a(o) amante um(a) mera vilã. Porém, para além do desejo, pegar um cara casado é uma opção ética. Neste caso, ela se une a ele no desrespeito que tem pela esposa, correto? Ela se une a ele e não à outra… Uma mulher que faz isto não estaria sendo machista? O feminismo não deveria ser também uma construção de apoio mútuo entre mulheres? É saudável uma relação que aniquila outra?

Mas a gente se diverte muito lendo Porque era ela… Há uma visão real e colorida da contemporaneidade do bairro Bom Fim e adjacências de Porto Alegre. É onde moro e é uma maravilha poder ir ao Miau da Cabral e pensar se podemos mesmo levantar (vá ler o livro). É uma delícia entrar na Lancheria do Parque pensando nas conversas e no aconselhamento entre as mulheres nas mesas. Aliás, anteontem, fui na Lancheria com a Elena quando repentinamente surgiu Clara Corleone herself na nossa frente.

A cena final do livro é realmente muito boa. Não há facadas, gritos e nem canos fumegantes. Ninguém arranca os cabelos. Há elegância.

Leia!

P.S. 1 — Clara leu esta resenha e esclareceu que só 10% daquilo ali aconteceu de fato.

P.S. 2 — O título do livro foi inspirado pela canção de Chico Buarque que, por sua vez, a trouxe de Montaigne, conforme está bem explicado aqui.

Clara na festa em que recebeu o Prêmio Jacarandá de “Aurora do Ano” | Foto de Bruna Paulin

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Bamboletras recomenda uma mineira e um monte de gaúcho(a)s

Bamboletras recomenda uma mineira e um monte de gaúcho(a)s

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Um livro da mineira Carla Madeira, autora do excelente Tudo é rio, outro que marca o retorno de Martha Medeiros à poesia e uma antologia tocada à base de talento e algum álcool, pensamos. Estas são as recomendações da Bamboletras nesta segunda newsletter de dezembro.

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Véspera, de Carla Madeira (Record, 280 páginas, R$ 49,90)

Em Véspera, o leitor se depara com dois tempos narrativos. O tempo passado traz Custódia e seus dois filhos gêmeos, Caim e Abel, assim batizados pelo pai à revelia da genitora. Um salto temporal coloca Vedina, mulher de Abel, no papel de protagonista, logo de cara cometendo um ato que provavelmente só uma pessoa numa situação emocional limítrofe faria: ela abandona seu carro com o filho do casal dentro, deixado à própria sorte. O arrependimento se dá rapidamente, só que, quando ela volta, o garoto não está mais lá. A autora conta: “A questão central é: como uma pessoa pode chegar a tal extremo? Como essa mãe chegou a ponto de abandonar o filho?”. Para tentar responder, Carla optou por esse cruzamento temporal exatamente para mostrar a ‘véspera’ do acontecimento. “Vou lá atrás, na história dos gêmeos Caim e Abel. Falo do nascimento dos meninos, do motivo de terem recebido esses nomes, etc.”.

Horas Íntimas — Master Class Santa Sede para Vinícius de Moraes, antologia organizada por Rubem Penz (Santa Sede, 240 páginas, R$ 40,00)

Este é o oitavo livro nascido no ambiente da Master Class Santa Sede, um seleto grupo de cronistas de botequim que se reúne em Porto Alegre. Nele, há crônicas e poesias. Pedro Gonzaga diz: “Poucos mestres do gênero ensinarão tão fortemente a arte da conversa, a coloquialidade do português brasileiro e moderno, a leveza profunda de quem olha para a vida como um fenômeno passageiro e fatal, mas ao mesmo tempo permanente e esperançoso. Por essas e outras razões, parece-me difícil imaginar um autor mais versátil como fonte de inspiração para uma antologia de crônicas. (…) Mais uma vez Rubem Penz consegue produzir o espaço em que a celebração de clássicos e a energia da novidade se encontram”.

Noite em Claro Noite Adentro, de Martha Medeiros (L&PM, 144 páginas, 39,90)

A rebeldia, a ousadia, a inconformidade estão neste livro, mas temperadas pela maturidade, pelas frustrações, pelo cansaço de quem já viu muita coisa na vida e não se abala por pouco. A primeira incursão de Martha Medeiros na literatura foi com o livro de poesias Strip Tease, publicado em 1985. O livro ganhou a admiração de Millôr Fernandes e Caio Fernando Abreu. Seguiram-se vários best-sellers. Cartas extraviadas e outros poemas foi lançado em 2001 e desde então Martha não publicou mais versos, dedicando-se às crônicas e às narrativas em prosa. Agora, ela retorna à escrita poética, com as 51 composições deste volume. Além disso, este volume traz a novela Noite em claro, publicada em 2012 mas pouco conhecida do público. Um livro leve, delicioso, para matar a saudade da poeta e que fará o deleite dos fãs da autora.

Carla Madeira | Foto: Versatille

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Os mais vendidos de novembro na Bamboletras

Os mais vendidos de novembro na Bamboletras

1. Imaginar o Amanhã, de Abrão Slavutzky e Edson Luiz André de Souza (Diadorim)
2. Lula: Biografia – Volume 1, de Fernando Morais (Companhia das Letras)
3. Aquarela Brasileira (Volume 1), de Juarez Fonseca (Diadorim)
4. Mas em que mundo tu vive?, de José Falero (Todavia)
5. Anos de Chumbo e outros contos, de Chico Buarque (Companhia das Letras)
6. Santa Sede: Outros Presentes (Volume 12), de Rubem Penz, Org. (Santa Sede Editorial)
7. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
8. Drogas para Adultos, de Carl Hart (Zahar)
9. Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, de Eliane Brum (Companhia das Letras)
10. Um Preço Muito Alto, de Carl Hart (Zahar)

Vem conferir estas obras (e muito mais!) aqui na Bamboletras!
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Bamboletras recomenda Gerbase e os últimos Eliane Brum e Coetzee

Bamboletras recomenda Gerbase e os últimos Eliane Brum e Coetzee

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Nossas sugestões sempre trazem bons livros, mas raramente foram tão variadas. Um romance gaúcho que tende ao fantástico, um documento incontornável sobre a devastação amazônica e mais contos de Coetzee. Pô, tudo heterogêneo, tendo por ligação a alta qualidade!

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Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, de Eliane Brum (Cia. das Letras, 448 páginas, R$ 69,90)

Eliane Brum mescla relato pessoal e investigação jornalística para escrever um livro de denúncia e em defesa da Amazônia, lugar que adotou como casa e de cuja luta pela sobrevivência participa ativamente. Escritora, jornalista e documentarista, Eliane Brum faz um mergulho profundo nas múltiplas realidades da maior floresta tropical do planeta. Com quase 35 anos de experiência como repórter, há mais de vinte ela percorre diferentes Amazônias. Em 2017, adotou a floresta como casa ao se mudar de São Paulo para Altamira, epicentro de destruição e uma das mais violentas cidades do Brasil desde que a hidrelétrica de Belo Monte foi implantada. A partir de rigorosa pesquisa, Brum denuncia a escalada de devastação que leva a floresta aceleradamente a um ponto de não retorno. E vai mais além ao refletir sobre o impacto das ações da minoria dominante que levaram o mundo ao colapso climático e à sexta extinção em massa de espécies. Neste percurso às vezes fascinante, às vezes aterrador, a autora cruza com vários seres da floresta e mostra como raça, classe e gênero estão implicados no destino da Amazônia e do planeta.

Contos Morais, de J. M. Coetzee (Cia. das Letras, 152 páginas, R$ 54,90)

Sete contos sobre o desejo. Ou sobre como lidamos com o desejo dentro dos limites da nossa cultura. Nesta surpreendente incursão pela forma breve, o prêmio Nobel J. M. Coetzee nos apresenta um conjunto de narrativas de brilho perturbador. Num dos textos, uma mulher se sente diariamente ameaçada por um cão. Em outro, uma escritora só encontra conforto ao cuidar de gatos abandonados. O título Contos morais poderia remeter a um diálogo com uma convenção da fábula clássica: o uso de bichos em histórias que enfatizam aspectos virtuosos da conduta humana. Como se trata de J. M. Coetzee, no entanto, nada é previsível. Para quem conhece a obra deste autor, a um só tempo fácil e difícil, moderna e pós-moderna, não é surpresa que a ideia de moralidade seja subvertida por uma ironia constante, feita de contradições presentes inclusive no estilo da escrita. Assim, se a linguagem é transparente e direta, a complexidade das ideias que expressa gera um curto-circuito nas certezas de quem lê. Os contos aqui não oferecem nenhuma lição. Das contradições entre natureza e cultura, Coetzee faz uma obra sobre todos nós.

O Caderno dos Sonhos de Hugo Drummond, de Carlos Gerbase (Diadorim, 136 páginas, R$ 49,00)

Neste romance de Gerbase, Hugo, um jovem cineasta do interior do Rio Grande do Sul, há pouco premiado em importante festival na França, vem a Porto Alegre para apresentar o projeto de seu novo longa-metragem num encontro internacional de produtores. O evento acontece num prédio que, cem anos atrás, foi o hotel mais luxuoso da cidade. Desde sua chegada, Hugo é envolvido por uma atmosfera surreal e conhece personagens tão solícitos quanto estranhos: uma recepcionista que parece ter saído de um filme de espionagem dos anos 1960, um produtor cinematográfico, que muda de aparência de acordo com o restaurante que frequenta, e sua bela e misteriosa secretária. Por três dias, Hugo tenta seguir a programação do encontro, mas uma série de eventos bizarros, acompanhados de sonhos perturbadores, levam-no a questionar o que pretende filmar no futuro e que destino dar à própria vida.

Eliane Brum entrevistando na Amazônia

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E Tenório leva o Jabuti

E Tenório leva o Jabuti

Soube agora que Jeferson Tenório recebeu o Jabuti de melhor romance por esta verdadeira obra-prima que é O Avesso da Pele. Muito, mas muito merecido!

Parabéns ao Jeferson, que é um amigo e cliente da Livraria Bamboletras! Te mete!

Fico imensamente feliz pelo prêmio e também pelo que eu disse a ele em nosso penúltimo encontro. Estou acertando.

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Bamboletras recomenda Lula, Tobias e Confinada

Bamboletras recomenda Lula, Tobias e Confinada

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Três livros brasileiros de primeira linha!

A biografia de Lula — que não é dirigida exclusivamente a fãs e eleitores do ex-presidente –, um livro de contos do excelente Tobias Carvalho e o fenômeno Confinada, obra brasileira teve a maior pré-venda de todos os tempos no país. Puxa, são 3 grandes razões para vocês nos visitarem, nos ligarem, nos mandarem um Whats, entrarem no nosso site…

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Lula — Biografia (Volume 1), de Fernando Morais (Cia. das Letras, 416 páginas, R$ 74,90)

A primeira – e aguardada – biografia de vulto de Luiz Inácio Lula da Silva. Para além de juízos ou paixões, Lula está entre as maiores figuras políticas da história brasileira. Único presidente do país com origens operárias, e campo magnético de um partido profundamente original em suas raízes, exerceu seu poder carismático e sua influência de modo mais duradouro que qualquer outro homem público no período republicano, salvo talvez Getúlio Vargas – com quem também compartilha a virulência dos adversários. Desde 2011, Fernando Morais ganhou acesso direto, franco e frequente a Lula. A essas dezenas de horas de depoimentos, somou o faro de repórter e a prosa cativante para compor projeto biográfico que traz um painel do personagem em toda sua grandeza e complexidade. Em narrativa que faz uso de recuos e avanços cronológicos para manter um ritmo eletrizante, neste primeiro volume Morais vai da infância de Lula até a anulação de suas condenações, em 2021 – passando pelo novo sindicalismo, as greves do ABC, a fundação do PT e a primeira campanha eleitoral.

Visão Noturna, de Tobias Carvalho (Todavia, 112 páginas, R$ 54,90)

Um quarteto de contos que transitam entre o terror e o drama familiar, a investigação científica e o suspense. Qual é a diferença entre sonho e memória, vigília e imaginação? Tobias Carvalho transforma essas perguntas em um campo de muitas possibilidades. Estas quatro histórias ao mesmo tempo sutis e vertiginosas falam do efeito dos sonhos na vida de quatro pessoas. São personagens que encontram nos sonhos um caminho para os labirintos da memória e para as promessas do futuro, para seus dilemas e desejos. Visão Noturna é um livro incomum, menos interessado no que significam os sonhos do que em como eles se entrelaçam à vida de todos, conduzindo e impelindo narrativas, ora mostrando-se sem nada ocultar, ora mantendo-se obscuros.

Confinada, de Leandro Assis e Triscila Oliveira (Todavia, 128 páginas, R$ 74,90)

Fran é uma influenciadora com milhões de seguidores. Sua vida diante da câmera é uma sucessão de frases de efeito, dicas de saúde e cenários paradisíacos. Para ela, a pandemia de Covid-19 é uma oportunidade de “fazer um balanço”, “buscar novos desafios” e “crescer”. Das três trabalhadoras domésticas que são funcionárias de Fran, apenas Ju, que é mãe da Drica e gosta de tirar fotos em seu tempo livre, aceita passar a quarentena com ela — as outras são mandadas para casa com metade do salário. Em nome do sustento da família, Ju inicia uma dura convivência com Fran, que se revela mais alienada, e sobretudo cruel, do que ela poderia supor. A partir da postura crítica de Ju e de seu olhar incisivo para as desigualdades que compõem a sociedade brasileira, Confinada vai escancarar as bases dessa crueldade. Na relação entre Ju e Fran, revela-se, a cada episódio, o racismo e o ódio de classe, bem como os interesses econômicos que alimentam a injustiça e os privilégios da branquitude. Combinando crítica social, humor e drama, e trazendo para o centro a vida real de milhões de pessoas, Confinada é um marco dos quadrinhos e um retrato único da pandemia e do Brasil.

Fernando Morais

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Sobre a Amazon

Sobre a Amazon

Por Nanni Rios

Em primeiro lugar, o que importa é ler, mas para tanto é importante manter a cadeia do livro ativa. Esta cadeia envolve um monte de profissionais que têm de ser pagos. São capistas, diagramadores, autores, tradutores, revisores, editores, etc. Ou seja, há muita gente envolvida e cada um deles recebe uma remuneração. Em geral, a remuneração é justa. Afinal, é um sistema que está profissionalizado.

No momento em que a gente compra na Amazon, está alimentando uma empresa que não paga impostos aqui. Ou seja, o dinheiro que a gente paga para a Amazon jamais reverterá em ganhos para o país e a cidade, jamais tapará o buraco da tua rua, não comprará vacinas nem escolas. Deste modo, o dinheiro que vc põe na Amazon não retorna para vc. Ele vai todo para a Lua… Ou para o Bezos.

Para o Bezos mesmo!, gerando uma acumulação indecente de riqueza. Comprar na Amazon é exatamente o contrário da distribuição de renda.

E os trabalhadores da Amazon? Vocês viram o filme Você não estava lá, de Ken Loach? É a história de um entregador da Amazon, com tudo o que ele(s) sofre(m). São jornadas exaustivas para gerar mais dinheiro para o Bezos. O filme é muito triste. O cara não tem vida, não tem tempo para nada e a vida familiar é uma treta só. É uma exploração, sem direitos trabalhistas ou dignidade. Comprar na Amazon é financiar isto.

Mas, como se não bastasse, a empresa tem o objetivo explícito de quebrar a concorrência em volta dela para que ela possa ditar o preço. É estratégia. Então, à medida em que as livrarias pequenas perdem vendas para a Amazon, a sociedade perde, assim como a bibliodiversidade. E a Amazon tem como estratégia quebrar todos estes pequenos locais — que proporcionam encontros só possíveis nelas — para que ela possa, no futuro, ditar as regras.

E mais: ela já exerce enorme pressão sobre as editoras. Ou seja, sobre a cadeia do livro e todos os envolvidos no processo. Para muitas editoras, a Amazon já é o principal canal de vendas e então ela já pode impor a condição que quiser. Ela pede o desconto que quiser, paga quando quiser e muitas vezes tem exclusividade na venda.

Esses pontos são apenas o começo da tragédia que a Amazon representa. É demoníaco.

Porém, ela não pode fazer o que faz no Brasil em todos países do mundo. Países mais avançados têm regulação financeira. Há países que não permitem o dumping, que é vender abaixo do preço de custo para provocar a quebra da concorrência. Em vários países, isto é crime contra o sistema financeiro. Na França, por exemplo, a Amazon não pode dar mais de 10% de desconto num livro até 12 meses após seu lançamento.

Eu pago meus impostos
Você paga seus impostos
Nós pagamos nossos impostos
A Amazon paga zero!

Pela #JustiçaFiscal
Tributar os ultra-ricos e as multinacionais

 

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Thomas Bernhard — no livro Origem, no capítulo A Causa

Thomas Bernhard — no livro Origem, no capítulo A Causa

Assim como no período nacional-socialista a maioria dos alunos era versada em nacional-socialismo, agora era escolada pelos pais no catolicismo; quanto a mim, eu não era uma coisa nem outra, já que os avós junto dos quais cresci nunca, jamais foram acometidos por nenhuma dessas duas doenças intrinsecamente malignas. Alertado com frequência por meu avô para que não me deixasse de forma alguma impressionar nem por uma estupidez (a nacional-socialista) nem por outra (a católica), nunca corri sequer o risco de incorrer numa tal fraqueza de caráter e de espírito, nem na nacional-socialista, nem na católica, ainda que isso fosse dificílimo na atmosfera tão corroída e envenenada por ambas como a de Salzburgo.

A bela Salzburgo

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Bamboletras recomenda uma obra-prima, um Faraco e um suspense

Bamboletras recomenda uma obra-prima, um Faraco e um suspense

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Quem leu Hífen sabe. É uma obra-prima da portuguesa Patrícia Portela.  Merece ser lido e relido. Mas esta semana temos também um livro de crônicas de Sergio Faraco e o premiado romance de estreia da excelente Ottessa Moshfegh, de quem já tivemos outros livros na Bamboletras.

Boa semana com boas leituras!

Corre para garantir seu exemplar aqui na Bamboletras!
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Hífen, de Patrícia Portela (Dublinense, 256 páginas, R$ 59,90)

Uma obra-prima, não deixamos por menos. Hífen é um romance muito conectado com o que vivemos agora. É sobre uma epidemia, sobre maternidade, sobre deportados, sobre tecnologia. É também uma distopia, mas não é aquela distopia que desconsidera aspectos psicológicos e humanos para se apoiar apenas em tecnologia, autoridade e opressão. Não, é uma distopia a ser espreitada aos poucos, através dos depoimentos pessoais de suas narradoras e, mesmo que uma delas seja uma androide, tudo está encharcado em humanidade. Acontece que as crianças da Flândia, naquela idade em que recém foram alfabetizadas, entre os 8 e os 12 anos, começam súbita e estranhamente a dormir. Todas elas caem numa espécie de coma, como o descrito nesta notícia real, só que as de Flândia… A princípio, o formato fragmentário esconde a seriedade do romance. São reflexões sobre o mundo e divagações aparentemente casuais mas que acabam por revelar uma, duas ou três histórias trágicas. A certa altura, a androide Maria do Carmo escreve que “… uma história linear é apenas um tabefe muito eficaz num mar de possibilidades que cada segundo de uma vida orgânica pode oferecer”.

As Noivas Fantasmas e outros casos, de Sergio Faraco (L&PM, 176 páginas, R$ 45,90)

Faraco prescinde apresentações, correto? Nestas 46 crônicas inéditas, ele nos oferece um vislumbre de sua vida, sua percepção de mundo, seus temas preferidos e também suas obsessões. Da vez em que assistiu Marlene Dietrich cantar ao vivo em Moscou à história da invenção do futebol, passando por cenas do convívio com escritores e intelectuais como Mario Quintana e Erico Verissimo, somos brindados com textos que oscilam entre o pessoal e o universal, entre o corriqueiro e o grandioso da existência humana. Em comum, o estilo lapidar e o deleite garantidos ao leitor. Faraco já é um clássico moderno. Se você não leu seus contos, por favor, corrija isso porque você está perdendo muito.

Meu nome era Eileen, de Ottessa Moshfegh (Todavia, 272 páginas, R$ 69,90)

Cidadezinha X, Nova Inglaterra, EUA, meados dos anos 1960. Ali cresceu Eileen, a neurótica e imaginativa personagem deste livro. Cinquenta anos depois, ela narra os traumas e as paixões de uma juventude tão implacável quanto sufocante, marcada por uma série de eventos que beiram o disparate. Os dias de Eileen nesse gélido subúrbio do nordeste americano ficaram para trás, mas constituem a espinha dorsal de sua existência. Pontuado por um humor sinistro, Meu nome era Eileen é um romance inusitado da mesma autora de Meu Ano de Descanso e Relaxamento. Ottessa Moshfegh levou o Prémio PEN/Hemingway para melhor romance de estreia com este livro que utiliza as estratégias narrativas próprias do “thriller” para dar a conhecer uma invulgar rapariga, cuja história individual é indissociável das características familiares e sociais, ambas hostis às ideias de emancipação feminina.

Patrícia Portela

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Posso ser esnobe? Ai, não sei se a Clara tem razão…

Posso ser esnobe? Ai, não sei se a Clara tem razão…

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A entrevista que fiz com Patrícia Portela durante a Feira do Livro 2021

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Hífen, de Patrícia Portela

Hífen, de Patrícia Portela

Eu gostei muitíssimo deste livro recém lançado pela Dublinense e que está disponível na melhor das livrarias, a Bamboletras.

Hífen é um romance muito conectado com o que vivemos agora. É sobre uma epidemia, sobre maternidade, sobre deportados, sobre tecnologia. É também uma distopia, mas não é aquela distopia que desconsidera aspectos psicológicos e humanos para se apoiar apenas em tecnologia, autoridade e opressão. Não, é uma distopia a ser espreitada aos poucos, através dos depoimentos pessoais de suas narradoras e, mesmo que uma delas seja uma androide, tudo está encharcado em humanidade.

De um modo geral, há quatro classes de capítulos. Os escritos por Ofélia, uma mãe imigrante numa Europa que não tem espaço para ela; os por Maria do Carmo, uma enfermeira androide que deseja ser imperfeita e humana; e há também as notícias de jornal e as receitas gastronômicas.

A ação se passa em Flândia, uma espécie de sucedâneo da Europa. Seus habitantes são os flans, pessoas que sofrem de solidão crônica, usam óculos (como eu) e são daltônicos (como eu). A região ”não é bem um país, nem um Estado, e seu prato mais tradicional é o Pudim Flan”. Fora de Flândia há outro país muito mais pobre, Olival, cujos habitantes querem entrar em Flan e que às vezes são deportados.

Acontece que as crianças da Flândia, naquela idade em que recém foram alfabetizadas, entre os 8 e os 12 anos, começam súbita e estranhamente a dormir. Todas elas caem numa espécie de coma, como o descrito nesta notícia real, só que as de Flândia caem num sono sem fim.

A princípio, o formato fragmentário esconde a seriedade do romance. São reflexões sobre o mundo e divagações aparentemente casuais mas que acabam por revelar uma, duas ou três histórias trágicas. A certa altura, a androide Maria do Carmo escreve que “… uma história linear é apenas um tabefe muito eficaz num mar de possibilidades que cada segundo de uma vida orgânica pode oferecer”.

A principal personagem humana chama-se Ofélia, mãe de uma menina identificada como Z. A outra é Maria do Carmo, a androide que deseja ser humana e até a escrever manualmente. É um livro triste que não aponta saídas — não é para isso que os romances existem, certo? –, mas não é catastrófico. É antes de tudo poético. Os textos de Ofélia para sua filha são belíssimos, assim como os de Maria do Carmo sobre o humano.

E o hífen? O hífen é uma conexão. O que junta duas coisas para muitas vezes formarem não uma soma, mas outra coisa. Como um guarda-chuva, um arco-íris, a boa-fé, uma segunda-feira, uma mesa-redonda. Pode ser como uma flor que é comida por um animal que depois morre e se desintegra para deixar germinar a semente que carrega em outro lugar. Pode ser a conexão entre leitor e autor. Como escreve Ofélia: “Ler é o hífen entre o leitor e o autor, o que nos permite compreender o que estamos a ler. Entre a novidade que lemos e o que já sabemos”.

RECOMENDO MUITO.

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Dias úteis, de Patrícia Portela

Dias úteis, de Patrícia Portela

— Pai, quando é que tudo melhora?
— Quando te habituares a isto, filho.
Patrícia Portela, Dias Úteis (segunda-feira)

Dias úteis é um pequeno livro formado por um prefácio e seis contos, um para cada dia da semana, e mais um epitáfio para o domingo. Não há continuidade entre eles, são mais monólogos onde o poético, o lírico e o humor estão bem presentes. É excelente e intrigante. A escrita ou os temas abordados não parecem possuir um plano, são mais improvisações sem um tema-base, como o free jazz. A ideologia artística de Portela parece ser a de deixar-se assombrar-se com o que aparece de surpresa, com aquilo que se deixa mostrar sob os bons modos e a compostura, com a intimidade mais minudente. Adorei a terça-feira, onde uma mulher diz precisar de férias e passa a planejá-las. Ela primeiro fala em um fim de semana fora de casa e depois passa a fazer planos que incluem cada vez mais dias e viagens mais longas — chegando a algo como um “paroxismo” de férias, independência e liberdade.  Ela planeja uma mudança de vida em outro continente, aprendendo outras línguas. Tudo acaba na China. mas ela logo volta à razão (ou ao comum) e acaba desistindo de tudo. O final é muito engraçado. O altamente poético sábado, chamado aqui “Porque hoje é sábado” talvez seja o melhor conto do livro. Ele fala da memória que temos da pessoa amada que morreu — “a memória é um inimigo poderoso, mantém o cérebro a funcionar contra a sua vontade.”

Curiosamente, temos muito Brasil neste livro. Além do “Porque hoje é sábado” — título arrancado a Dia da Criação, de Vinícius de Moraes –, há epígrafes de Drummond, João Gilberto Noll, Machado de Assis, Adélia Prado, de uma carta de Erico Verissimo para Clarice Lispector, e ainda cita o Carnaval do Rio no prefácio que estabelece um jogo sem regras que pode ser recebido diferentemente por cada leitor.

Foto: publico.pt

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Bamboletras recomenda duas geniais mulheres negras e um mestre

Bamboletras recomenda duas geniais mulheres negras e um mestre

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Nesta semana, estamos felizes de recomendar livros tão bons e relevantes. Não é todo dia que a gente pode reunir Alice Walker, Elisa Lucinda e Thomas Bernhard na mesma recomendação. Confira abaixo nossas justificativas!

Boa semana com boas leituras!

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Em busca dos jardins de nossas mães, de Alice Walker (Bazar do Tempo, 376 páginas, R$ 69,90)

Primeira mulher afro-americana a receber o Pulitzer de ficção, Alice Walker também foi pioneira ao tratar de vários temas da cultura negra dos Estados Unidos. Ainda nos anos 1970, abordou pela primeira vez questões raciais como o colorismo, e passou a defender um ponto de vista mulherista, termo reivindicado pelo feminismo negro para expressar as particularidades de suas lutas. Filha de trabalhadores rurais, Alice Walker experimentou a violência da segregação racial e as dificuldades de ser uma mulher negra no Sul do país, contexto que incorporou em seu romance A cor púrpura e que está presente em vários ensaios deste livro. Entre perspectivas pessoais e políticas, a autora nos convida a acompanhá-la na busca da própria identidade e das referências afro-americanas, muitas delas apagadas pela história. Seguindo-a nesse caminho, nos deparamos com Zora Neale Hurston, Martin Luther King, Phillis Weathley, e chegamos ao jardim de uma casa modesta na Geórgia. Lá, em meio a uma rotina sem descanso, sua mãe encontrou a porção diária de vida cultivando dedicadamente suas flores -– e Alice Walker, o sentido desse legado materno.

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Mestres Antigos, de Thomas Bernhard (Cia. das Letras, 184 páginas, R$ 64,90)

Podemos dizer que há algo de errado em quem não conhece Thomas Bernhard, autor de diversas obras-primas… Vejam só este Mestres Antigos. Por mais de trinta anos, Reger, um crítico musical octogenário, sentou-se no mesmo banco diante da pintura Homem de barba branca, de Tintoretto, no Museu de História da Arte de Viena. Ali ele reflete, dia sim, dia não, sobre a sociedade contemporânea, seus pares, a arte e os artistas, sobre o clima e até o estado dos banheiros públicos. O amigo Atzbacher, um filósofo bem mais jovem, é convocado a encontrá-lo no museu num sábado, dia sempre evitado pelo crítico. É através do seu olhar que passamos a conhecer mais sobre Reger – a morte trágica de sua mulher, seus temidos pensamentos suicidas, a relação difícil com seu país e, por fim, qual o verdadeiro propósito daquele encontro. Tão pessimista como exuberante, rancoroso e ao mesmo tempo hilário – no melhor estilo de Thomas Bernhard –, o romance é composto de um único parágrafo que se estende por 182 páginas e remonta uma série de conversas entre os dois amigos. Mestres Antigos foi publicado originalmente em 1985 e é um retrato satírico da cultura e da nação austríaca, discutindo questões como genialidade, classe e as aspirações da humanidade.

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Vozes Guardadas, de Elisa Lucinda (Record, 518 páginas, R$ 69,90)

Após a notável participação de Lucinda nos Diálogos Contemporâneos na última quarta-feira, escolhemos lembrar deste tremendo livro de 2016. Com a delicadeza, a sensualidade, a inteligência e o humor que marcam a sua criação artística, os versos deste Vozes guardadas revelam amores contidos e outros obscenos, num mundo vasto de espantos, lágrimas, risos e paixões. Ao entregar ao público mais uma leva das “multidões de vozes” que a habitam, a poeta se despede dessas vozes guardadas para dividi-las com todos, fazendo delas nossas próprias vozes. Penetrar no universo dos poemas de Elisa Lucinda exige estancar o tempo e a correria da vida: um delicioso e irrecusável convite.

Homem com Barba Branca (circa 1570), de Tintoretto (Jacopo Robusti)

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A Coleção Privada de Acácio Nobre, de Patrícia Portela

A Coleção Privada de Acácio Nobre, de Patrícia Portela

Este é um romance nada convencional. É para quem gosta de vanguarda. A história parte de um baú encontrado pela autora na casa de seus avós. Dentro dele, ela encontra o espólio de um certo Acácio Nobre, já falecido. Ali estão objetos, correspondências, desenhos e documentos do mesmo. Acácio Nobre é uma figura que existiu, mas da qual não se encontram os rastros… O Google, por exemplo, o desconhece. Mas ele foi conhecido de importantes figuras de sua época, além de inventor e visionário. Imagina-se que ele teria nascido em 1868 e vivido até 1969. O livro é o conjunto, um a um, dos itens encontrados no baú, ou seja, é uma colagem do que foi sua vida. Em minha opinião, ele é uma realidade ficcional, mas nada disso interessa.

Acácio tinha a convicção de que as obras de arte deveriam permanecer anônimas, para poderem sobreviver ao artista e isto contribuiu para a quase inexistente documentação sobre ele. “Quero estar morto quando estiver morto! Que viva por si só a obra! A verdadeira imortalidade só se atinge quando nos apagamos definitivamente deste mundo”. Claro que ele não gostava de ser fotografado, embora o boato de ter sido registrado por Man Ray.

Por mais de 25 anos, desenhou puzzles geométricos para a Richter & Co. Uma de suas principais criações foi o Ovo de Colombo, que se desfazia em muitas peças e com as quais era possível montar um enorme número de imagens de aves. Também por suas estranhas ideias, foi investigado pela PIDE, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado, espécie de DOPS da ditadura portuguesa. No relatório da PIDE, que aparece no livro, é definido como um “louco, desenhista, alpinista e monge tibetano”. Não havia registros de sua identidade ou nascimento. Por todas essas características, ele tinha um potencial subversivo e perigoso e, mesmo que se desconhecessem ações concretas neste sentido, a PIDE estava de olho.

Além disso, ele adorava escrever cartas para políticos e importantes personalidades a fim de  solicitar auxílio na implementação de uma unidade do Instituto Fröbel em Portugal. A ideia do instituto era a de desenvolver o raciocínio lógico e a capacidade de desenhar, coisas que Acácio considerava imprescindíveis para todos os indivíduos. Sim, ele estava numa cruzada de alfabetização gráfica.

Dos seus contemporâneos, Patrícia traz um possível encontro com Fernando Pessoa (1888-1935) no café A Brazileira, ponto de encontro dos modernistas portugueses. Enquanto Patrícia nos entrega Acácio peça por peça, vamos fazendo nossa própria montagem do personagem. Ele, Acácio, fala em Pessoa, mas também em Lorca, Picasso, Maiakovski, Malevich, Marinetti…

Também afirma que sempre viaja sem mala porque nunca usa nada duas vezes, mantendo uma constante necessidade do novo e por isso troca de nome, de realidade, mundo, vida, linguagem, cultura. “A soma das partes não dá uma só pessoa”.

O livro é acompanhado de inúmeros fac-símiles de textos de Acácio, assim como de seus projetos. Eu imagino que apenas uma escritora transdisciplinar pudesse escrever / montar um livro como este. É o que Patrícia é. Seu currículo é impressionante e este sim pode ser conferido no Google. Ela é licenciada em realização plástica do espetáculo e leciona dramaturgia, entre outras mil coisas. “A soma das partes não dá uma só pessoa”.

Recomendo.

 

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Porque era ela, porque sou eu

Porque era ela, porque sou eu

Encontrei a Clara Corleone sábado, na Feira do Livro. Ela estava com o meu livro na mão e pediu um autógrafo. Lembrei da dedicatória que ela me escrevera em seu livro anterior e busquei no cérebro algo de qualidade semelhante — isto é, de alta qualidade — enquanto conversava com ela e sua irmã Joana Alencastro. Elas são duas agitadas beldades, para usar um termo antiquado, mas evidentemente real.

De meu combalido cérebro não chegou nada de bom. Mas ouvi que eu era um dos poucos héteros brancos da minha geração com o qual valia a pena conversar. Ou não foi isso que ouvi?

O fato é que, se este branco hétero fosse um sujeito decente, deveria ter comprado o último livro da Clara e feito com que ela o assinasse de volta. Mas fiquei ali, de papo, lembrando que ela, falando sobre seu novo romance num encontro casual na Fernandes Vieira, tinha me dito que ficara com receio de alguma confusão de direito autoral que envolvesse Chico Buarque. Afinal Porque era ela, porque era eu é uma canção de Chico. Só que alguém lhe assoprou que a expressão viera de Montaigne.

Chegando em casa, pesquisei e mandei um Whats pra ela:

‘Porque era ele, porque era eu’: foi assim que Montaigne explicou as razões de sua amizade com Étienne de La Boétie. A explicação de uma amizade, no fundo, envolve a recusa de qualquer explicação, né? Estaríamos no campo da pura afinidade eletiva, ou melhor, da paixão, do amor.

Logo depois que mandei, fiquei pensando que fizera um típico mansplaining e já fui ficando puto comigo e com minha geração que NÃO APRENDE a não dizer obviedades para as mulheres. Sim, acho que tenho medo da nova geração de feministas. Mas, agora que soube que sou um velhinho hétero branco até que aceitável, tô de boas.

E comecei a ler o livro dela. Calma, tô só na página 33, mas gostando muito.

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