Daniel Defoe, o grande cronista da Londres do século XVII

Daniel Defoe, o grande cronista da Londres do século XVII
Imagem anônima criada durante a Grande Peste de 1665

A chamada Grande Peste de Londres (1665-1666) foi uma epidemia que vitimou entre 75.000 e 100.000 pessoas, ou seja, um quinto da população da cidade. Um Diário do Ano da Peste (A Journal of the Plague Year) é um livro muito enganador escrito por Daniel Defoe (1660-1731), escritor e jornalista que completa mais um aniversário de morte neste domingo, 21 de abril. Até Gabriel García Márquez, que não é exatamente um tolo, quando se encantou pela obra, caiu no conto de que era uma reportagem da lavra do grande jornalista que o inglês também era. Sua perspectiva alterou-se muito ao ser informado de que Defoe tinha entre quatro e cinco anos de idade quando ocorreu a peste bubônica londrina. O autor descreve a peste como um repórter gonzo que, espicaçado pela curiosidade, vive de rua em rua cada drama, apesar do receio de contrair a doença. Como Defoe conversa com famílias que contam seus dramas em detalhes, é óbvio que se trata de um relato parcialmente ficcional. Defoe também era um ficcionista de mão cheia e estilo bastante original: num ambiente em que os escritores eram cheios de floreios e de citações à mitologia, ele era o escritor simples e direto que criara o livro mais mais vendido da Inglaterra três anos antes: Robinson Crusoe.

Os locais onde os mortos eram queimados

No livro, todo o esforço é para que o contato com os doentes seja minimizado a fim de que fosse evitada a transmissão da peste. Casas eram fechadas com doentes dentro. Também eram tomados cuidados extremos com a água. A angústia do leitor moderno aumenta muito ao saber que tudo aquilo era em vão. Os contemporâneos do escritor ignoravam como a peste bubônica era disseminada: a doença contaminava os ratos, as pulgas sugavam sangue contendo bacilos e as mesmas atacavam homens, inoculando-os. A contaminação dava-se de rato para homem através da pulga. O incrível é que Defoe faz referências aos grande número de ratos, mas não chega a apontá-los como um potencial problema. Os sintomas eram dor de cabeça, frio, dores nas costas, pulso e respiração aceleradas, febre alta e grande inquietação. Em 70% dos casos, a morte acontecia entre três e quatro dias.

Daniel Defoe (1660-1731)

Daniel Foe, de pseudônimo um pouco mais nobre – Daniel Defoe –, foi o autor, dentre outros, de três livros extraordinários: além de Um Diário do Ano da Peste e do conhecidíssimo Robinson Crusoe, Defoe foi o autor do igualmente clássico Moll Flanders, outro exemplo de romance realista “com interesses práticos e imediatos, não clássicos e remotos”, como escreveu Anthony Burgess (autor de Laranja Mecânia). Com efeito, sua formação foi o jornalismo. Pode-se dizer que a primeira versão de Defoe foi a do jornalista combativo e posicionado. A segunda foi ainda jornalística: ele percorreu seu país em busca de relatos rápidos, curiosos e despretensiosos. Será que eram todos ficção? A pergunta se justifica. Afinal, às vezes, Defoe trazia entrevistas surpreendentes com criminosos à beira do patíbulo. Ninguém testemunhou nenhuma delas, mas tais “confissões” ainda quentes, presumivelmente saídas da boca do inferno, faziam enorme sucesso.

Aos 43 anos de idade, na época da Rainha Ana, Defoe — um dissenter, nome dado aos protestantes ingleses não anglicanos — passou a atacá-la em razão de ela ser anglicana. O escritor acabou preso e condenado à exposição no pelourinho. Voltou a liberdade mas, dez anos depois, voltou ao cárcere em razão de outros panfletos contrários ao governo. Cansado das lutas, quando já tinha mais de 60 anos, veio a terceira versão e ele passou a dedicar-se exclusivamente ao romance. Mas mesmo o romancista não abria mão do jornalista. O estilo de Defoe é direto e abre mão de floreios e das demonstrações de erudição e outros que tais, tão apreciados por seus colegas. Ele sempre utilizou o verídico e o crível como apoio.

Capa do DVD de uma das versões de Robinson Crusoe: capa de gosto duvidoso

Em 1719, ele publicou Robinson Crusoe. Naquela primavera, esgotaram-se quatro edições do livro, revelando-se um excelente negócio para Defoe, que o considerava uma mercadoria, uma ficção popular, algo que dava mais lucro que o jornalismo. A história é conhecida. O personagem-título é um náufrago que passou 28 anos em uma remota ilha tropical, encontrando índios – alguns deles canibais – e todo o gênero de aventuras pelo caminho. De grande sucesso, o livro recebeu considerações inclusive de Karl Marx, que escreveu que Crusoe não representava aquilo que diziam dele – uns diziam que ele seria uma representação do homem universal, outros da superioridade do homem branco – e sim o homem capitalista em seu momento heroico. A leitura de Marx, assim como as outras citadas podem ser facilmente reconhecidas no livro de Defoe.

Mas seus grandes livros são Moll Flanders e Um Diário do Ano da Peste. Na época de Defoe, os romances tinham títulos enormes. O de Moll Flandres diz quase tudo a respeito:

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120 anos do catalão Joan Miró, o mestre da simplicidade e alegria

120 anos do catalão Joan Miró, o mestre da simplicidade e alegria
Joan Miró (1893-1983)

Publicado em 20 de abril de 2013 no Sul21.

Joan Miró nasceu há 120 anos, no dia 20 de abril de 1893, na cidade de Barcelona. Este catalão costuma ser classificado entre os surrealistas, mas sua simplicidade e alegria parecem alheias àquela escola. Na verdade, Miró foi influenciado por várias correntes. Os cubistas, os dadaístas e os abstracionistas podem ser facilmente identificados em seus trabalhos.

Apesar da insistência de seus pais, Miró não completou os estudos. Após chegar ao esgotamento nervoso no escritório onde trabalhava quando jovem, seus pais aprovaram que entrasse numa escola de arte em Barcelona. Tinha 19 anos. De 1912 a 1914, estudou com Francisco Galí, que o apresentou às escolas de arte moderna de Paris, transmitindo-lhe sua paixão pelos afrescos de influência bizantina das igrejas da Catalunha e o introduzindo-o à fantástica arquitetura de Antonio Gaudí.

Entre os anos de 1915 a 1919, Miró trabalhou em Montroig, próximo a Barcelona, e em Maiorca, onde pintou paisagens, retratos e nus. Depois, passou a alternar Paris e Montroig. De 1925 a 1928, influenciado pelo dadaísmo, pelo surrealismo e principalmente por Paul Klee, pintou cenas oníricas e paisagens imaginárias.

No fim da sua vida, Miró simplificou sua pintura, reduzindo-a a pontos, linhas e passando a usar basicamente o branco e o preto.

Na década de 1930, fez cenários para balés, e seus quadros passaram a ser expostos regularmente em galerias francesas e americanas. As tapeçarias que realizou em 1934 despertaram seu interesse pela arte monumental e mural. Estava em Paris em meados da década, quando explodiu a guerra civil espanhola, cujos horrores influenciaram sua produção artística desse período.

Apesar da alta qualidade de sua obra, Miró é bastante desigual. Algumas obras revelam grande espontaneidade, enquanto em outras se percebe extremo cuidado, e esse contraste também aparece em suas esculturas. Às vezes, o artista procurava mostrar a realidade de uma forma simplificada, quase infantil, simbólica, sem a complexidade e o mistério do surrealismo; outras vezes tomava caminho inverso.

Miró foi célebre em vida. Expôs seus trabalhos, inclusive as ilustrações feitas para livros, em vários países. Parece haver consenso de que sua mais importante obra é “Números e constelações em Amor com uma Mulher”.

Em 1954, ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza e, quatro anos mais tarde, o mural que realizou para o edifício da UNESCO em Paris ganhou o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim. Em 1963, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris realizou uma exposição de toda a sua obra. Joan Miró morreu em Palma de Maiorca, Espanha, em 25 de dezembro de 1983.

Abaixo, algumas de suas principais obras:

Com informações do site http://www.arteducacao.pro.br/

Números e constelações em amor com uma mulher (1941)
Maternidade (1924)
O voo da libélula sobre o sol (1968)

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20 anos da morte de meu pai

20 anos da morte de meu pai

Hoje faz 20 anos que meu pai morreu. Estou afastado das fotos de família, tudo a que tenho acesso está num disco externo que tenho aqui comigo e que possui o conteúdo do HD de minha ex-casa. Mas lá tenho uma mala e uma frasqueira — sim, isso mesmo — com muitas fotos não digitalizadas, em papel, e hoje me deu vontade de fuçar naquilo. Mas é só simples desejo, passa. Há pouco, conversando com a Elena na cozinha, notei que leio livros como ele o fazia com seus jornais, marcando as linhas com um caneta. Como alguém consegue ler sem uma caneta, hein? Os jornais do Dr. Milton… Aprendi a ler no colo dele, pela manhã, enquanto tomávamos café com o Correio do Povo. Claro que a primeira palavra que li foi a do nome do jornal do Dr. Breno Caldas. Mas sua maior herança, aquela que grudou em mim, foi mesmo a música. Ele passava as noites ouvindo seus discos em uma louca sequência. Sempre misturava erudito e popular, Pixinguinha e Beethoven, Chopin e Chico Buarque, chorinho e tango, mazurca e polca, em sucessões que nunca me perturbaram, pois nasci com elas.

Meu filho Bernardo, eu e meu pai. Ele se chamava Milton Cardoso Ribeiro; eu, Milton Luiz Cunha Ribeiro
Meu filho Bernardo, eu e meu pai em meados de 93. Ele se chamava Milton Cardoso Ribeiro; eu, como alguns sabem, sou Milton Luiz Cunha Ribeiro.

Ele reclamava que eu o fizera voltar ao futebol. Ele me fez colorado, mas logo eu passei a amar o futebol muito mais do que ele, passei a amá-lo como ele amava o turfe. E nós, eu e o Sylvio, marido de minha irmã — fizemos com que ele voltasse aos estádios de forma tão cabal que ele assistiu a final do Brasileiro de 1975 e eu não, pois estava estudando para o vestibular. Acho que eu não precisava me punir daquela forma — passei fácil no exame, glória juvenil — mas ele me contou que, quando Figueroa fez o gol que nos deu o título, ele se sentou com as mãos na cabeça na arquibancada do Beira-Rio, enquanto todos comemoravam, culpando-me por tê-lo tornado aquele fanático que quase morreria com cada chute de Nelinho — e defesa de Manga — nos minutos seguintes.

Talvez pela identificação, ambos homens e pais, penso muito no Dr. Milton. Acho que ele gostava mais de minha irmã do que de mim, assim como minha irmã escolhia minha mãe e esta a mim, que preferia meu pai. Nunca tinha pensado nisso! Será que era mesmo assim? Vamos organizar: Dr. Milton que amava Iracema que amava Maria Luiza que amava Milton (eu) que amava o Dr. Milton? Na verdade, acho que nós todos nos adorávamos, mas penso que as afinidades eletivas eram as que citei. Ou não? Tenho que consultar minha irmã a respeito.

schubert abbado sinfonia #9E, bem, o dia 11 de dezembro de 1993 foi o mais triste que vivi até hoje. No dia 10, à noite, tínhamos nos encontrado no Zaffari da Ipiranga. Ele comentou uns discos que comprara, dentre eles uma gravação da Nona Sinfonia de Schubert, a Grande, sob a regência do Abbado. Estava animado, feliz. Na manhã seguinte, às 6 horas de um sábado, minha mãe me ligou dizendo que ele estava caído no banheiro. Um ataque cardíaco fulminante, um velório num fim-de-semana, lotadíssimo. Fiquei inconsolável, mas nada ficou de mais terrível do que o último beijo que lhe dei. Aquilo me estragou para sempre. Ele estava frio, totalmente esquecido dele, de mim, de Schubert e do gol de Figueroa.

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Lição de literatura

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As Duas Águas do Mar, de Francisco José Viegas

As Duas Águas do Mar, de Francisco José Viegas

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Na capa do livro está escrito policial, mas isto é muito enganador. As Duas Águas do Mar não pertence de claramente a nenhum gênero literário, não se trata de forma alguma de um exemplar típico de romance policial. Sim, OK, é um whodunit, porém, antes disso, é um romance prazeroso de ser lido, descansado e hedonista, com dois policiais meio confusos que procuram de forma pachorrenta ligar dois assassinatos ocorridos a longa distância. (Pretendemos ir até o final sem spoilers, certo?). Os homens da lei, Jaime Ramos e Filipe Castanheira, são gourmets sempre dispostos a discorrer de forma original e interessante não somente sobre os crimes, mas também sobre as delícias da mesa, da vida e sobre suas paixões. Os charutos, os vinhos, as receitas e o amor fazem parte da trama tanto quanto os assassinatos, diria até que há mais molho do que sangue no livro. A vida pessoal dos detetives ocupa mais páginas do que a dos envolvidos nos crimes que investigam. Por outro lado, As duas águas do mar é uma história muito bem contada de uma desilusão amorosa ligada à mortes. Aliás, também os detetives têm vida amorosa em descompasso: Jaime Ramos namora Rosa, que reside no andar de cima e que não parece compartilhar muito de seus prazeres. Para piorar, ela o manda dormir em casa, pois ele ronca. Filipe, tem — ou teve — Isabel.

Ou seja, temos um romance policial sem correrias, perseguições, onde quase não há tiros, somente o(s) necessário(s) cadáver(es), a gastronomia, as viagens e uma tremenda indefinição. Poética, a narrativa caminha lentamente pelas 382 páginas do volume da Record. Estranha, a trama usa elementos nada usuais para justificar as mortes de Rui Pedro Martim da Luz e de Rita Calado Gomes. Minucioso, o romance leva embutidas a cena inesquecível do jantar preparado por Filipe para Isabel e as descrições de Finisterra, localidade considerada erradamente por anos o ponto mais ocidental da Espanha e, antes de Colombo, o ponto extremo do mundo conhecido. E várias coisas encontram lá seu fim.

Vale a pena ler este romance de Francisco José Viegas.

Cabo Finisterra

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A única forma de Giovanni Luigi Calvário encher os colorados de felicidade

A única forma de Giovanni Luigi Calvário encher os colorados de felicidade

De forma talvez involuntária, dormi das 15 às 19h de ontem. Digo “talvez” porque acho que foi o modo como que me protegi de ver Inter x Ponte Preta. Mais preocupada com a Copa Sul-Americana e já rebaixada, a Ponte jogaria com os reservas, mas nada indicava que o Inter pudesse sequer enfrentar esse time. Em verdade, tudo indica que o Inter não pode, hoje, enfrentar qualquer time. Como escreveu alguém no Impedimento, “O Internacional só não foi rebaixado porque não havia mais campeonato”. A degradação da qualidade do futebol tornou-se inexorável no segundo turno. Em outras palavras, o discurso vago e tolo da direção entrou no vestiário e lá permaneceu.

O ambiente é de pasmo. A direção do clube fica abismada e diz que gastou, que contratou e que pagou em dia, passando — para quem é bom entendedor — o bastão da culpa aos jogadores e à comissão técnica. Tudo o que foi previsto pelos múltiplos avisos de gente como eu, que anunciei no twitter — coisa que não cumpri — uma demissão do cargo de torcedor pelo prazo que durasse a segunda gestão Luigi, aconteceu. Tudo, tudinho, pois nunca acreditei numa Segundona Vermelha. O homem não entende nada de futebol, mas não se afasta dele. Ontem, já declarou que novidades virão, que 2014 será um grande ano.

A única novidade que Giovanni Luigi Calvário poderia trazer e que encheria de felicidade os colorados seria a que segue. Com a palavra, Giovanni Luig):

Colorados! Vou passar 2014 só administrando as finanças e nosso novo e belo estádio. Foi minha maior e única realização. Já que nos 36 meses em que estou no cargo, minha gestão futebolística mostrou-se deletéria, entregarei o futebol para quem dele entende. Afinal, está na cara que, sob minha influência, acabaremos na Segunda Divisão e não desejo isso. Aliás, nas minhas entrevistas nem vou mais falar sobre futebol a fim de não criar desassossego em nosso torcedor. Cumpra-se!

Enquanto isso, na mesma cidade:

Poster criado por FM, o número sete
Poster criado por FM, o número sete

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Vim aqui com uma única finalidade: a de avisar que hoje não haverá Porque hoje é sábado

Francesca Dellera
Francesca Dellera

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Um local da cidade: Bamboletras — a pequena aldeia gaulesa do Nova Olaria

Um local da cidade: Bamboletras — a pequena aldeia gaulesa do Nova Olaria
Sem auto-ajuda, vampiros e tons | Foto: Ramiro Furquim / Sul21

Publicado em 30 de março de 2013 no Sul21

Cercada por megalivrarias e sem nenhuma poção mágica a que possa recorrer, a irredutível Bamboletras resiste. Alheia ao modelo triunfante de livrarias onde os livros são procurados em terminais de computador — Vou ver se tem, poderia soletrar para mim?, diz o atendente, dirigindo-se a um terminal livre — , na pequena Bamboletras a resposta vem imediata e a caminhada é até a estante. Com um dedo, o livro é puxado e mostrado e, se o usuário perguntar, poderá ouvir uma opinião a respeito. Os livros do acervo não são quaisquer. Tudo é escolhido e conhecido pela dona e seus funcionários. Pois quem entra na Bamboletras sente que ali a literatura não está pressionada (ou demolida) sob pesadas cargas de auto-ajuda, vampiros e tons.

A dona e responsável pela pequena e acolhedora Bamboletras (R. Gen. Lima E Silva, 776, Centro, Porto Alegre, tel 51 3221-8764) é Lu Vilella, a jornalista com pós-graduação em literatura que a criou há 18 anos. “Quando eu estava na pós, enquanto meu gosto ia ficando mais requintado, notei que todos os títulos que eu queria ou precisava ler não estavam nas livrarias. Então eu pensei que Porto Alegre precisava de um local especializado em literatura”.

“Se a comunidade não demonstrasse interesse numa pequena livraria de qualidade, nós simplesmente fecharíamos” | Foto: Ramiro Furquim / Sul21

No começo, o foco era a literatura infantil como o nome denuncia: Bamboletras, bambolê de letras. “E comecei a vender livros infantis. A Bamboletras era a única onde as pessoas podiam escolher entre um Ou isto ou aquilo de Cecília Meirelles, ou um Drummond, um Quintana, um Guimarães Rosa ou um Erico para seus filhos”. A livraria foi fundada na Rua da República, 95, onde permaneceu apenas um ano. Depois mudou-se para onde está hoje, no Nova Olaria. “O lugar da Bamboletras é aqui. Recebi convites para abrir filiais em todos os shoppings que abriram, mas meu lugar é aqui”, conta Lu. Logo ampliou seu acervo para abarcar a literatura nacional e estrangeira, o ensaio, a poesia e o que se vê hoje é uma espécie de crescente acervo básico, onde os bons livros são substituídos assim que vendidos. “Quem é apaixonado ou viciado em literatura, aqui na cidade, já foi levado a visitar a Bamboletras por um motivo ou outro, tenho certeza”, completa com simplicidade.

E as megalivrarias? “Quando a Livraria Cultura apareceu em Porto Alegre, a Bamboletras sentiu o impacto”. Naquela época, Lu reuniu sua equipe e disse que teriam que melhorar em tudo: na organização do espaço, no acervo, no atendimento e na atenção para as boas novidades. “Porém, se a comunidade não demonstrasse interesse numa pequena livraria de qualidade, nós simplesmente fecharíamos, pois, se é para vender qualquer coisa, prefiro fechar. Eu só vendo o que conheço e gosto”.

Os banquinhos culturais da Bamboletras | Foto: Ramiro Furquim / Sul21

O primeiro ano de convivência com as megalivrarias foi complicado. Houve um mês de dezembro – mês de colheita para os livreiros – em que as vendas caíram muito. “Eu me desesperei, porém, lentamente, os clientes retornaram em função das sugestões, da orientação, da conversa, do antigo vínculo, da amizade. Nosso público é o da literatura. Aqui não tem 50 tons de nada. Às vezes, entram umas pessoas aqui atrás de best sellers. Neste caso, ou o cara se adapta — e há muitos que se apaixonam por nós — ou vai embora. É que aqui nosso banquinho é da Frida ou da Tarsila, os marcadores são do Dali, os imãs de geladeira são de Tchékhov, Kafka ou Klimt, os livros são diferentes do comum. Às vezes, boto em destaque livros de poesias da Sophia de Mello Breyner Andresen, por exemplo. Então o cara que entra se pergunta que porra é essa, optando por ficar ou não. Já o cara da área, o que já curte cultura, se sente em casa”.

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Cem anos

Cem anos
Relígio astronômico de Praga
Relógio astronômico de Praga

Eu e Elena somamos cem anos. Eu tenho 83; ela uns 17, claro, quem imaginaria outra coisa? Então, são cem anos, um século. Acho que já somei números maiores, mas, desta vez, iniciamos nossa história de maneira centenária. Minha mãe dizia que, na sua época, os homens dependuravam as chuteiras entre os 40 e os 50 anos. Hoje, eu e meus companheiros desbravadores não queremos nem saber — ainda estamos ainda marcando, armando e buscando o jogo, desafiando o técnico e o tempo. Como o Índio. Se há motivos para sê-lo, este é um dos motivos pelo qual não sou apocalíptico — se é certo que o homem destrói o mundo, também é certo que ele é extremamente egoísta e se trata.

Não reclamo da vida, tenho muita sorte, na verdade. E penso diariamente na morte. Todos os dias. E me acalmo. Ignoro se a idade me deixou mais sábio ou se pensar na morte revela sapiência, medo ou desespero, o que sei é que estou em período de gostar da vida e até de seus problemas. Quando me separei, meses atrás, a Elena me aconselhou cultivar a tranquilidade. Faço isso todo o dia. Eventualmente a coisa escapa, porém, até o momento, não houve o dia em que ambos se encontravam nervosos ou, pelo menos, sempre um de nós estava pronto para puxar o outro a um patamar mais acima.

Sorte, certamente. Bem, foi o que me ocorreu escrever neste tablet emprestado que não sei mexer. O problema agora é passar o textinho para o blog. Qual o trabalho que terei até esta coisa improvisada chegar a meus sete leitores é o que verei agora.

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Documento da lavra de um informante da ditadura

Melhora clicando na imagem, acho.
Melhora clicando na imagem, acho.

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James Joyce e seu neto Stephen

James Joyce e seu neto Stephen

James Joyce et son petit-fils Stephen

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Preparando-me para mais um ano com Giovanni Luigi Calvário

Preparando-me para mais um ano com Giovanni Luigi Calvário
Foto retirada do Blog Vermelho,onde ele é chamado de  Luigi Joker.
Montagem retirada do Blog Vermelho, onde ele é chamado de Luigi Joker.

Os colorados devem iniciar logo sua preparação para 2014. Será um ano duríssimo. Por um lado, teremos a grande alegria de rever o Beira-Rio lotado; por outro, teremos o ocaso de uma das administrações de futebol mais pífias e caras de todos os tempos. Pois nosso presidente Giovanni Luigi Calvário (sim, seu nome completo é muito mais transparente) é apenas bom nos negócios extra-campo. Fechou lentamente e de forma competente o contrato de reforma do Beira-Rio com a Andrade Gutierrez e costuma — apesar da morosidade — aplicar bastante dinheiro no departamento de futebol. Também é educado e honesto. É um bom homem para administrar uma empresa convencional, sem dúvida. É cuidadoso, não se atira. Não serve para o futebol.

Seus principais problemas são os fatos de que gasta muito e mal, de que fala muito e mal, de que centraliza muito e mal, de que rumina muito. Dentro do vestiário é igualmente calmo e tragicamente centralizador. O problema de colocar um sujeito lento no futebol do clube é que ele tratará de fazer-se cercado por pessoas do mesmo estilo. Pessoas que jamais criticarão seu ritmo adágio, sua indireção e falta de critério. Afinal, o sistema é presidencialista. Ele está protegido pelo cargo. No vestiário, Luigi é tipo do cara que espera que as coisas se resolvam por si mesmas, gosta de sentar sobre os problemas para refletir e, eventualmente, dormir. Isso talvez funcione na Rodoviária de Porto Alegre — também administrada por ele e onde a pressão é ínfima, comparada a de um clube de futebol. Quando resolve agir, costuma jogar dinheiro fora. O nosso dinheiro, aquele que é pago por sócios como eu.

Uma pena que Roberto Siegmann tenha agitado a coisa de tal forma que se tornou o Inimigo Nº 1 do mais tranquilo dos mandatários. O melhor caminho para um bom 2014 — caminho no qual não acredito — seria a renúncia de Luigi. Em três anos e mais os que foi diretor de futebol, só conseguiu demonstrar sua falta de critério. Não conhece futebol, simples assim. O que determinou que Roth recebesse de presente uma renovação de contrato dias depois do episódio Mazembe? O que norteou a contratação em sequência de Falcão, Dorival, Fernandão, Dunga e Clemer? E o que dizer de sua mania de trazer velhos ídolos de volta a fim de serem massacrados? Mesmo que a negociação com a AG tenha sido um sucesso, seu atraso deixou o Inter sem jogar todo o ano de 2013 no Beira-Rio. Como escreveu o Blog Vermelho “O mais básico em futebol é entender um pouco do assunto. Quem é bom, quem é ruim, quem está velho, quem ainda joga, onde estão as carências. Claro que tudo isso é subjetivo pois o “entender de futebol” depende do ponto de vista de cada um. Mas quando os resultados não acontecem em um, dois, três anos se percebe claramente onde está a origem do problema. Não posso dizer que esse ou aquele dirigente não entende do assunto, mas os resultados sim”.

Os méritos de Luigi são sua educação e honestidade — não é um cara louco por vender jogadores, não é louco por comissões e beiras… Mas seus deméritos são muito maiores: não sabe contratar jogadores nem comissão técnica, é totalmente destituído de senso de urgência e de ideias para o futebol. Não serve para o cargo. Seria uma bênção de renunciasse. Espero um 2014 morno. Se for quente, talvez seja a Segundona. E voltemos logo para o Beira-Rio, por favor.

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O cara que toca órgão e trompete ao mesmo tempo

Os dois primeiros movimentos da Cantata BWV 137, de Johann Sebastian Bach, por Gerard van Reenen:

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Um excelente concerto bachiano que acontecerá novamente amanhã

Um excelente concerto bachiano que acontecerá novamente amanhã

Eu não tinha muita fé na coisa. Domingo passado, no início da noite, fui ao Concerto de Aniversário de 80 anos de uma comunidade luterana ali na João Obino. Tudo porque estavam tocando um Bach que eu adoro – a Cantata BWV 137 – , mais a Glória de Vivaldi, um Telemann e uma pequena e expressiva obra coral de Mendelssohn. Também tinha um interesse extra e nada secundário que devo declinar ao longo do texto, mas, enfim, lá fui eu, apesar de estar perdendo mais um jogo do time de giovanni luigi Calvário.

A primeira surpresa é que, apesar de ter chegado quinze minutos antes do horário, a igreja estava lotada. Sentei numa cadeira extra, dessas brancas, de plástico, que parecem que podem cair a qualquer momento. A função iniciou pontualmente. A congregação – é assim que chamamos a plateia de uma igreja, os fiéis, não? – começou a cantar um hino onde reconheci a melodia-base da Cantata de Bach que viria logo a seguir, certamente uma tradicional melodia luterana. A surpresa é que a plateia cantava com entusiasmo e estranha afinação. Será que os alemães ou os luteranos já vêm com afinação e espírito bachiano pré-instalados? A verificar. Claro que eles cantam melhor que o comum dos mortais. A segunda surpresa é que a acústica da pequena igreja era boa, uma raridade em Porto Alegre.

Passados os primeiro e bons sustos, veio a Gloria, RV 589, de Vivaldi. A música é bonita, conhecidíssima e foi muito bem tocada. Mesmo com uma orquestra formada de improviso, o trabalho do regente Manfredo Schmiedt voltou a aparecer. A orquestra desempenhava bem seu papel e os cantores Elisa Machado, Rose Carvalho, Eduardo Bighelini e Ricardo Barpp mostravam suas habituais competências. Sobrava cantor.

Depois veio Jauchzet ihr Himmel, de Telemann, uma obrinha curiosa que não conhecia. E o filé estava logo ali, vindo.

Collegium-Aureum-C04-3a[Orbis-LP]E chegou. A Cantata BWV 137 Lobe den Herren, de J. S. Bach, recebeu minha admiração mais profunda desde que a conheci naquele vinil da Harmonia Mundi alemã com o Tölzer Knabenchor e a compreensiva regência de Franzjosef Maier. É daquelas pequenas joias que Bach deixou escondidas entre obras maiores. Não há nada que não seja absolutamente perfeito nela. Cioran não disse que foi Bach quem inventou Deus? Deve ter sido mesmo. O primeiro coral saiu belíssimo , mas estava me preparando para a ária para contralto, violino solo e contínuo que viria logo a seguir.

E aqui completo o motivo de minha ida ao concerto, de meu abandono do futebol e da leve indireção da qual sou refém aos finais das tardes de domingo. (Ah, o dia seguinte, a segunda-feira… Como voltar ao trabalho? De onde recomeçar e para quê? Por que não seguir desfrutando a vida e descansando como a mente e o corpo pedem de forma tão persuasiva?)

Mas tergiverso. A linda voz de contralto de Rose Carvalho foi acompanhada pelo solo de Elena Romanov. A Elena – spalla da orquestra e, para quem não sabe, minha namorada, o que me torna certamente suspeito – já tinha me dito: “Coube a mim acompanhar a Rose, que tem uma voz incrível, gosto muito”. A mim cabia apenas ouvi-las. A ária é realmente estupenda, com o solo de violino ornamentando a melodia cantada pelo contralto, que é uma variação do coral inicial e da melodia entoada pela congregação lá no início. Fechei os olhos e realmente fiquei feliz com o que ouvi. Foi maravilhoso e um ateu sabe a quem agradecer aqui na terra. Obrigado, Manfredo, Rose e Liênatchka – sim, este é o “diminutivo” de Elena em russo. Afinal, fui eu quem encheu o saco da Lienka – outro diminutivo, menos carinhoso – para que ela aceitasse o convite…

Sim, este foi o momento da ária a que me referi acima.
Este é um registro fotográfico da ária a que me referi acima. À esquerda do maestro, Elena; à direita, o baixo contínuo acompanhando Rose. (Clique na foto para ampliar)

Depois veio a ária para soprano e baixo acompanhados pelos oboés de Rômulo Chimelli e Anelise Kindel e a ária para tenor com o Bighelini, os violoncelos e os comentários do Elieser Ribeiro no trompete. Tudo foi muito bonito até o coral que fecha a Cantata.

No final, o coral envolveu a congregação e cantou o Verleih uns Frieden gnädiglich, de Mendelssohn, que tem início soturno a cargo do operoso violoncelo de Fábio Chagas e do contrabaixo de Renate Kollarz até que o coral alivia o peso.

Na saída, eu esperava por Elena e via na cara das pessoas o sucesso do concerto. E tudo isso que aconteceu em Porto Alegre será repetido amanhã (sábado, 30/11) na Capela da Ulbra, em Canoas, às 20h. Vão lá! Quem for, não vai dizer que eu sou suspeito e menti, tenho certeza.

(A Elena detesta aparecer fora do ambiente musical– “Milton, tu não és nada discreto. Liênatchka, por exemplo, pra quê?” – e vai querer me matar por este merecido texto. Intimamente, desejo-me sorte nos momentos da pós-leitura dela…)

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Hitler de shortinho

Hitler de shortinho

O Führer proibiu estas imagens — e várias outras feitas por seu fotógrafo pessoal no final da década de 20 — dizendo que elas estão “abaixo de sua dignidade”. Já que ele achava isto, publico-as com algum atraso, mas ainda com gosto.

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Ospa termina o ano com show de Rachel Barton Pine em excelente concerto

Ospa termina o ano com show de Rachel Barton Pine em excelente concerto
Foto: Giovanna Pozzer
Foto: Giovanna Pozzer

Apenas isso: o concerto de ontem à noite era de presença obrigatória. Havia a presença da grande violinista Rachel Barton Pine interpretando obras que talvez não fossem as melhores de seu vasto repertório, mas, pô, lá estava ela, uma violinista maior, e com seu Guarnieri.

Rachel Barton Pine diz que só lê sobre música, que só se interessa por música. E que sempre foi assim. Uma vez, seus pais tentaram desviá-la para outros trabalhos manuais e o resultado foi que só saiam violinos de suas agulhas de crochê. Na infância, às vezes não tinha luz em casa, pois se esta fosse paga, talvez faltasse comida. O transporte também era complicado. Depois, quando ela se tornou uma estrela ascendente, a dúvida era entre comprar partituras, cordas para o instrumento ou vestidos para os concertos. Um dia, o vestido e o transporte pregaram-lhe uma peça. O vestido ficou preso num trem do metrô e ela foi arrastada por 200 metros. Ficaram-lhe sequelas, mas ela não faz drama, apenas diz, toda sorridente: “Foi só mais um obstáculo”.

Ela esteve entre nós. O marido e o filho pequeno acompanharam o concerto e o caso das malas deles todos. As malas foram perdidas em São Paulo no domingo. Parece que lhes devolveram os pertences só segunda-feira à noite. Outro obstáculo. Ela achou graça. Não sei o resto da família.

RBP também disse que não há música quase afinada. Que é como a gravidez. Ou se está afinado ou desafinado. É como um bit qualquer do teu computador, caro leitor — ele está ligado ou desligado. Simples.

O concerto iniciou com o chatinho inglês Vaughan Williams, mais exatamente com The Lark Ascending (O Voo da Cotovia). A música foi inspirada por um enorme poema homônimo de George Meredith. São 122 linhas. A cotovia estreou em uma versão para violino + piano em 1920. A versão para violino + orquestra é do ano seguinte. O arranjo orquestral é mais famoso e tocado. Trata-se de uma das peças mais populares do repertório clássico entre os ouvintes britânicos. Ouvi alguns músicos de Ospa dizerem que tratava-se um obra precursora do new age. Olha, têm razão. É mais ou menos isso: um solo de violino com ornamentações, construindo um música nostálgica e folclórica, estática e extática, com maravilhosa interpretação de Barton Pine.

A Fantasia Carmen, de Pablo Sarasate, é por demais conhecida e popular. São as principais melodias da Carmen de Bizet em versão ultra-virtuosística e escabelada. Como música, pode ser um lixo, mas, como dissemos lá em cima, havia Rachel Barton Pine. Sua interpretação foi extraordinária, extraordinária e estimulante, extraordinária, estimulante e feliz e perfeita e inesquecível. Os alunos de violino, presentes comigo nas primeiras filas da reitoria da Ufrgs, olhavam encantados para a violinista que esmerilhava seu instrumento na frente de todos. Um show. Porém, para você, meu cético leitor que já está pensando numa demonstração vazia de habilidade, digo que ali tinha embutida uma interpretação diferente da habitual — e muito superior. Ou seja, havia música onde não se esperava. Muita música.

Nos bis, Paganini — com um final em estilo trash metal — e um belo arranjo de Barton Pine para diversos temas de Piazzolla.

Tive medo da Morte e Transfiguração, de Richard Strauss. Ou as cordas da Ospa iam se deprimir após RBP ou iam dar uma resposta. E deram. Olha, tocaram muito, demais mesmo. O poema sinfônico de Strauss é um lindíssimo dramalhão fin de siècle em quatro movimentos. Como quase sempre, Strauss é programático aqui. Desta forma, a obra descreve a morte de um artista. Conforme vai agonizando, pensamentos da sua vida passam por sua cabeça: a inocência da infância, os problemas da vida adulta, as conquistas, fracassos e, no fim, a transfiguração — uma passagem belíssima e cheia de anjinhos, baseada num motivo que se repete cada vez com maior intensidade). Música complicada e exigente que a Ospa realizou à perfeição sob a direção do bom uruguaio Nicolás Pasquet.

E, infelizmente, aqui acabam os Concertos Oficiais de 2013. Apesar da Ospa estar às traças e ser jogada de um lugar para outro como um cachorro indesejado, foi um bom ano artístico. Pergunte-me como isto aconteceu e eu vou responder que há grandes profissionais na orquestra. Só pode, não há outro jeito.

Que 2014 seja ainda melhor!

Foto: Giovanna Pozzer
Foto: Giovanna Pozzer

Programa:
Ralph Vaughan Williams – The Lark Ascending (O Voo da Cotovia)
Pablo de Sarasate – Fantasia Carmen
Richard Strauss – Morte e Transfiguração
Regente: Nicolás Pasquet
Solista: Rachel Barton Pine (violino)

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Frases ouvidas no fim-de-semana

Frases ouvidas no fim-de-semana

Do presidente da Associação Cultural Brasil-Peru, Carlos Nevado:

— Antes eu levava todos os sábados minha barraca para a Praça Brigadeiro Sampaio, ali ao lado do Museu do Trabalho a fim de participar da Feira de Gastronomia Internacional, que hoje não existe mais, infelizmente. Depois vim para o Comitê Latino-Americano, onde ficamos conhecidos pelos nossos almoços de domingo. Agora estamos neste novo espaço (o recém inaugurado Centro Peruano). A gastronomia peruana é respeitada no mundo inteiro, mas é desconhecida aqui. Na verdade, este trabalho de divulgação é uma continuidade de meu trabalho profissional como psicanalista. Trata-se do afeto, sempre.

 

Foto: Ramiro Furquim
Carlos Nevado | Foto: Ramiro Furquim

De uma amiga, rindo muito quando chegamos ao Festim Diabólico © de sábado, diretamente ao ouvido de Elena Romanov:

— Vamos fazer um brinde…? Aos encontros e desencontros!

 

Teve gente que afirmou ser incapaz geneticamente de dançar e que depois revelou-se pé-de-valsa.
Teve gente que afirmou ser incapaz geneticamente de dançar e que depois revelou-se — de forma severa — pé-de-valsa | Foto: Augusto Maurer
Foto: Augusto Maurer
Grande noite de sábado (eu e Elena) | Foto: Augusto Maurer

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Prefeitura mantém criadouro de aedes aegypti em pleno Parque da Redenção

Prefeitura mantém criadouro de aedes aegypti em pleno Parque da Redenção

Agentes da Prefeitura Municipal costumam bater em nossas casas a fim de verificar se não mantemos condições propícias ao surgimento do mosquito da dengue, o aedes aegypti. Acho que todos sabem que dito cujo se reproduz em qualquer lugar onde houver condições propícias (água parada limpa ou pouco poluída).

Pois ontem, após almoçar no Centro Peruano, passávamos pelo meio da Redenção, próximo ao Auditório Araújo Vianna, e encontramos um local que talvez vise substituir o zoológico retirado do centenário parque. Tratava-se do maior criadouro do mosquito da dengue a céu aberto de nossa cidade. Uma maravilha! Vejam as fotos abaixo, tiradas por este brioso repórter.

Como diz nosso prefeito, chove muito em Porto Alegre. OK, não chovia desde quarta-feira, mas não interessa.

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Porque hoje é sábado, comemoramos a sexta-feira, pois foi o dia em que Scarlett Johansson completou 29 anos

Porque hoje é sábado, comemoramos a sexta-feira, pois foi o dia em que Scarlett Johansson completou 29 anos

Em atendimento a Igor Natusch.

Sim, ontem, em 22 de novembro, a deusa e co-padroeira do PHES completou 29 anos.

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A cada ano, Scarlett Johansson recebe um desses galardões idiotas

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de A Mulher Mais Sexy do Mundo.

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Ela é indiscutivelmente linda, tem uma suspensão agradável e é pneumática (*).

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Porém, minha experiência manda dizer algumas coisas:

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1. há mulheres mais e menos femininas

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(há as patrolas abrutalhadas, os poemas naturais e todas as gradações intermediárias)

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2. todas as citadas acima podem tornar-se extremamente sexies,

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dependendo da companhia e do interesse delas, entendem?

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Então, quando falam em ser sexy, acho melhor falar em potencial.

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Já imaginaram as potencialidades matemáticas de uma Scarlett interessada?

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Britten e eu

Britten e eu

Hoje Benjamin Britten faria 100 anos. Já eu, faz um mês que não vejo meus livros, CDs, discos e outros pertences.

Ah, temos também os 50 anos de With the Beatles, segundo LP da turma.

Benjamin Britten (1913-1976): gênio total
Benjamin Britten (1913-1976): completo gênio

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