Boa tarde, Diego Aguirre (um bilhete e os melhores lances da pelada de ontem)

Boa tarde, Diego Aguirre (um bilhete e os melhores lances da pelada de ontem)
Vitinho faz careta logo após a ressurreição.
Vitinho faz careta logo após a ressurreição.

Teu Inter, Aguirre, acredita no rumo traçado pela comissão técnica e o resto — Wianey e que tais — deve permanecer como ruído de fundo. Ontem, fizemos um paupérrimo jogo contra o Avaí, mas vencemos e isso é fundamental para que o ruído não alcance o time titular, empenhado na Libertadores. Jogamos muito mal, corremos riscos de perder, só que a boa e velha lei da boa pontaria falou mais alto e, pimba!, gol de Vitinho. E mais nada.

O Grêmio também protege a estratégia colorada das críticas. Afinal, se em duas rodadas está atrás de nós na classificação, o que dizer dos queridinhos da RBS? Alerto que, com o time 100% reserva, o Inter está em 12º lugar no Brasileiro, enquanto que o Grêmio, com o time 100% titular, está em 18º.

Mas, cá entre nós, Aguirre, livre-se de Alan Ruschel anteontem, de Léo ontem, e de Luque (com Rafael Moura) hoje à tarde, por favor. Vitinho e Paulão ficam em observação, mas os 3 citados acima podem ir para o moedor de carne imediatamente.

https://youtu.be/aMANoVMTtyI

Sopros estritamente barrocos e algumas mãos pesadas

Sopros estritamente barrocos e algumas mãos pesadas
Rodrigo Calveyra
O flautista Rodrigo Calveyra

Ontem (17), fui ver o concerto da Orquestra de Câmara da Ulbra no Leopoldina Juvenil, com regência de Tiago Flores. O programa foi o que segue:

Haendel (1685 – 1759): Concerto Grosso op. 6 n° 2
Sammartini (1695 – 1750): Concerto in F major (Solista: Rodrigo Calveyra)
Vivaldi (1678 – 1741): Concerto per flautino in Sol M – RV 443 (Solista: Rodrigo Calveyra)
Haendel (1685 – 1759): Concerto Grosso op.6 N° 10

O concerto iniciou bem complicado. O Concerto Grosso, Op. 6, Nº 2, de Handel, foi levado com mão pesada pelas cordas da orquestra e só a cabeleira do maestro Tiago Flores me causava algum prazer. Ela medrou vicejante no último verão e está efetivamente magnífica! Porém, os bonitos jogos entre os dois primeiros violinistas cresceram um tanto opacos, nada barrocos. Não creio que a culpa seja de nosso Tiago Flores, mas da cintura dura de alguns músicos.

Quando veio o Concerto em Fá Maior para Flauta de Sammartini, notou-se claramente que quem tinha espírito efetivamente barroco eram o extraordinário solista Rodrigo Calveyra e o violoncelista Alexandre Diel. Eles tinham a leveza e a sutileza; os outros, a força. É uma questão de adaptação. Muitos não conseguem. O violinista Emmanuele Baldini, por exemplo, faz Mendelssohn ou Tartini com senso de estilo e sotaque, adequando-os aos autores. (Sei de um cara que fala mais de cinco sotaques do interior gaúcho. Eu só sei fazer o meu e dos “magro do Bonfa” dos anos 70 e 80). Enquanto isso, Calveyra é um sujeito que respira música antiga, não sendo necessária a adaptação à qual a orquestra deveria dobrar-se. Já Diel, que eu pouco conhecia, surpreendeu com leveza e baixo contínuo consistentes.

O negócio era ficar com o solista e seu escudeiro Diel. O Concerto para Flautino em Dó Maior — não está errado no programa? — estava espetacular pelo largo espaço que Vivaldi deu ao solista acompanhado pelo baixo contínuo.

Rodrigo Calveyra é um caso à parte. Ele foi o motivo de eu ter ido ao Leopoldina. É um flautista que dá notável dimensão artística e expressiva a seu instrumento. Apaixonado pelo que faz, gosta espalhar conhecimento contando histórias e dando explicações sobre músicas e instrumentos. Tal generosidade também ocorre quando toca. Ele se coloca inteiramente a serviço de ideias e estilos musicais. Seu Vivaldi de ontem teve o exato virtuosismo e estilo exigidos pela obra. O seu bis, do barroco holandês, já foi inteiramente diferente. Nada da alegria vivaldiana, mas sim a vetustez de um barroco mais longínquo. Trata-se de um músico de extrema sensibilidade e sofisticação.

Não assisti o solo de batuta final no Concerto Grosso, Op. 6, Nº 10 de Handel. Preferi ouvir o jogo do Inter, que estava em seus 15 minutos finais.

A Porca Noiva

A Porca Noiva

O dia de ontem foi excelente. Eu e a Elena fomos ao Margs — a exposição das ‘últimas aquisições’ é muito legal –, tivemos um breve encontro com os queridos Bruno Alencastro e Ramiro Furquim, depois uma ida ao café do Santander, outra às exposições da CCMQ — todas elas lastimáveis –, jantamos num bom restaurante da Andradas (Buteko sei-lá-o-que), entramos no cinema para ver o ótimo O Sal da Terra e finalizamos com um suco misto na Lancheria do Parque. Para terminar, quando cheguei em casa, fiquei sabendo de Coritiba 2 x 0 Grêmio. Perfeito, apesar de que o Bruno e o Ramiro não devem ter gostado…

O ponto alto da exposição do Margs foi a Porca Noiva, de Evenir Comerlato. A primeira foto é ruim, mas depois dá para ver a qualidade e o dantesco da obra. Como em Esopo, em cujos escritos os animais falam e têm características humanas, aqui a porca vai se casar. E está toda esperançosa com seu véu. Mas há um detalhe, a aliança não cabe em sua pata de porca, o que dá espaço para pensarmos que a artista acha que tais animais não sejam adequados a um casório. Também veste preto, como aquela noiva de Truffaut que depois matava seus maridos. Outra interpretação possível é a de ver muito ódio ou desistência, pois, se observarmos bem a pata direita da porca, veremos mal disfarçados dedos humanos, o que talvez mostre que a porca é um ser humano. A aliança também vai nessa direção, não? E as unhas, das quais as noivas tanto cuidam?

Bem, vão ao Margs e tirem suas conclusões.
porca noiva 2

porca noiva 3

porca noiva 6

porca noiva 8

porca noiva 9

Porque hoje é sábado, Padma Lakshmi (ex-mulher de Salman Rushdie)

Porque hoje é sábado, Padma Lakshmi (ex-mulher de Salman Rushdie)

Todo escritor merece que sua mulher vá à feira comprar os melhores produtos.

Padma_Lakshmi_01

Todo escritor merece que sua comida seja preparada carinhosa e cuidadosamente.

Padma_Lakshmi_02

Todo escritor merece uma mulher que saiba o que faz na cozinha.

Padma_Lakshmi_03

Todo escritor merece a melhor das sobremesas. (Todo escritor merece lambuzar-se).

Padma_Lakshmi_04

Todo escritor merece casar com a mulher que escolher, não interessando quem seja.

Padma_Lakshmi_05

Pois todo escritor deve descansar de sua relação entediante com o teclado.

padma-lakshmi-20-h

(E todo escritor deve mergulhar seus cansados dedos em outros locais).

Padma_Lakshmi_07

Mas é fundamental que todo escritor se alimente bem. Sempre.

Padma_Lakshmi_08

Salman Rushdie não é somente aquele escritor que a fatwa não calou.

Padma_Lakshmi_09

Trata-se de um autêntico grande. Tanto que foi eleito o melhor em 40 anos do Booker.

Padma_Lakshmi_10

A ex-Lady Rushdie Padma Lakshmi — pois o casal acaba de se separar — nasceu na Índia em 1º de setembro de 1970.

Padma_Lakshmi_11

Ela é modelo, apresentadora de TV, atriz e autora de livros sobre gastronomia indiana.

padma

(detesto “indiana”, por que não hindu?).

Padma_Lakshmi_12

Faria uma bela dupla com Nigella.

padma-lakshmi-3A magra e a fornida, ambas apetitosas

Padma_Lakshmi_13

… com demonstrações dos resultados. Um encontro entre duas culturas, sei lá.

Padma_Lakshmi_14

Ela está retratada no romance Fúria, de Rushdie, o qual é a ela dedicado.

Padma_Lakshmi_15

Sobre Rushdie, sete anos mais jovem que seu pai, ela disse: “somos atraídas por aquilo que sabemos precisar”.

Padma_Lakshmi_16

Porém, sabemos o que reza a Terceira Lei da Termodinâmica: tudo acaba em merda. E o casal separou-se.

Padma_Lakshmi_17

Ela passou a circular seu 1,75m sozinha por aí…

Padma_Lakshmi_18

… enquanto Rushdie, escritor crasso, manteve-se fiel a seus implacáveis princípios.

Porque hoje é sábado, Romy Schneider

Porque hoje é sábado, Romy Schneider

Tão pontual quanto os fiascos do Grêmio, aqui vocês têm um PHES muito especial.

Romy_Schneider_01

Romy Schneider (1938-1982) foi o nome de atriz que mais ouvi durante minha infância.

Romy_Schneider_02

Meu pai era fascinado por esta austríaca que tornou-se a namorada do mundo aos 17 anos, no papel de Sissi, a imperatriz da Áustria.

schneider-romy_101

Logo após Sissi, recusando outros papéis de jovem inocente, escolheu viver uma lésbica, para algum espanto dos fãs.

Romy-Schneider-Orson-Welles-and-Anthony-Perkins-on-the-set-of-The-Trial-1962-dir.-Orson-Welles-1

Entre 1958 e 1963, foi a invejada namorada do cobiçado Alain Delon.

Romy_Schneider_05

Nesta época, começou a filmar com Visconti (Boccaccio 70) para demonstrar o que já se imaginava: era uma grande atriz.

Romy_Schneider_06

Mas lembro que meu pai dizia sem que eu entendesse o motivo: é muita mulher para pouca sorte.

Romy_Schneider_07

Durante umas férias, viu seu filho morrer ao pular uma cerca de ferro.

Romy_Schneider_08

O menino de 14 anos foi perfurado pelas pontas do alto da cerca.

Romy-Schneider_visuel_article2

Depois, o primeiro marido, pai de seu filho, suicidou-se e …

Actress Romy Schneider

… Romy caiu em depressão. Logo após o tratamento, vieram o câncer, a retirada de um rim e …

Romy_Schneider_11

… a morte aos 43 anos. Li em algum lugar e guardei num arquivo que ela tinha beleza de deusa, …

Romy_Schneider_12

… calma de budista e o mais transparente ar de felicidade. Puro fingimento.

Romy_Schneider_43

A atriz de Ludwig, de Visconti, de O Processo, de Orson Welles, de O Importante é Amar, de Andrezj Zulawski, …

Romy_Schneider_14

… e de tantos outros filmes, foi uma mulher infeliz, como garantem seus biógrafos.

romyschneider3

Uma das belas atrizes de todos os tempos teve uma vida que foi uma …

Romy-Schneider-sa-mort-continue-a-faire-debat

confusa combinação de conto de fada e tragédia grega.

Romy_Schneider_17

Além dos filmes que citei, ficaram em minha memória suas maravilhosas participações em Uma História Simples, de Claude Sautet e em Um Homem, uma Mulher, uma Noite (Claire de Femme), de Costa-Gavras.

Romy_Schneider

Meu pai não tinha razão em tudo, mas tinha sobre Romy Schneider. Muita mulher e muita atriz para pouca sorte.

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols da epopeia de ontem)

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols da epopeia de ontem)

Que jogo, Aguirre! Cada vez que o Atlético-MG vinha, calafrios contrafeitos percorriam minhas costas do cóccix aos primeiros pelos do pescoço. E tu reagiste valentemente aos rasantes que os mineiros nos davam repetidamente e que abalavam as estruturas do bergamotão. Imagino que, em condições normais, ninguém é sufocado sem se debater desesperadamente. E tu te retorceste, jogando pernas e braços para todos os lados a fim de fazer o Atlético parar. Primeiro, colocaste Jorge Henrique para marcar Patric, que penetrava como uma faca quente na manteiga do lado esquerdo de nossa defesa. Não deu certo. Então tiraste o baixinho, colocando o volante Nico Freitas. Melhorou pouca coisa. Depois, inverteste os laterais. Passamos a respirar. E acabamos com a sangria trocando, imaginem, D`Alessandro por Réver.

Mais tinha os outros todos. Então, gostaria de elogiar um cara do qual ninguém fala. Ele é velho, discreto e faz tudo com tamanha naturalidade que até os pênaltis que comete não são marcados. Os juízes observam, duvidam do que veem e deixam pra lá. Ontem, ele fez um desses. Aos 36 anos, Juan deixa Alan Costa e Ernando não apenas mais bonitos, mas cheios de garbo e compostura. Ele engana também os atacantes. Lento, faz-se de rápido ao usar atalhos desconhecidos para chegar nas bolas. Contra o Atlético-MG cumpriu uma partida sem falhas, sendo uma ilha de segurança em meio à balbúrdia.

Valdívia faz Victor voltar correndo para o gol.
Valdívia faz Victor voltar correndo para o gol | SC Internacional / Alexandre Lops

Fui no jogo com o Diego Dutra, zelador do prédio onde moro. Somos uma dupla invicta. Quando saímos do T5, perguntei-lhe quanto seria o jogo. No Sul21, tinham dito que seria 2 x 1, 1 x 1 ou 2 x 0, sempre com o Inter classificado, mas o Diego disse que seria 3 x 1. Acertou. Só que, certamente, não previu do tamanho do sofrimento para um placar tão dilatado. É que nosso aproveitamento foi — tem sido sempre– muito alto. E não adianta dizer que o Atlético teve mais posse de bola e muitas chances. Tu, Aguirre, gostas de dar campo ao adversário. O que Levir e os jornalistas mineiros tiveram que entender é que faz parte do “jogar bem” converter as chances em gols. E isso nós fizemos de forma e beleza alucinantes. Até no gol de Lisandro López, o mais acanhado de todos, tivemos uma conclusão sensacional, com o argentino mandando Victor para um lado, chutando no outro. Ou seja, somos um time complicado como era aquele teu Peñarol, Aguirre, que nos matou no Beira-Rio em dois contra-ataques. Até hoje fico puto quando penso naquele jogo.

victorE D`Alessandro, que fez o seu sétimo gol em Victor? E não foi qualquer gol. Ele girou sobre Thiago Ribeiro e Douglas Costa mandando um chute em curva, no ângulo, uma coisa de grandiosidade e exatidão como só os grandes algozes conseguem. Foi um golpe só, definitivo, indolor, sem piedade. Ocorreu ao final do primeiro tempo, antes que o Galo voltasse a dar as cartas no início do segundo, período de maior terror para a arquibancada colorada, quando levamos um banho de bola sem acertar contra-ataque nenhum.

No T5 da volta, a sensação geral era a de que podemos ser campeões novamente. Talvez o cruzamento com o Santa Fe não nos obrigue a parir outro bebê de 25 Kg. O Marco Weissheimer, atento e caseiro torcedor colorado, me escreveu dizendo que o ataque do Santa Fe é bom, mas a defesa é fraquinha. E terminou citando o inesperado complemento de nossa felicidade de noite de ontem. “A cereja no pudim ontem foi mesmo a eliminação do Corinthians pelo Grêmio Bagé”. Verdade.

https://youtu.be/EprGf3loudA

Em Israel, entre as oliveiras

Em Israel, entre as oliveiras
Quando visto à noite, é ainda mais bonito
Quando visto à noite, é ainda mais bonito

No início do ano 2000, minha Elena foi visitar seus familiares em Israel. Entre um passeio e outro, foi aos grandes mosteiros russos erguidos no Monte das Oliveiras. Os prédios são belíssimos. Um deles, o da foto acima, foi construído em 1886 pelos Romanov, a mandado do czar do antigo Império Russo Alexandre II, em homenagem a sua mãe, a imperatriz Maria Alexandrovna. Sim, os prédios foram pagos pelos russos de então.

Não se enganem, esta torre é enorme.
Não se enganem, esta torre é enorme.

O outro mosteiro ortodoxo, o da foto ao lado, é de 1870, é imenso e tem até uma fábrica de azeite de oliva em seus 5,4 hectares. O Monte das Oliveiras tem três picos dispostos no sentido de norte-sul. É um local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos.

Após visitar detalhadamente os mosteiros, por interesse histórico e por ser cristã ortodoxa, a querida Elena, namorada deste ateu que vos escreve, caminhou para a região católica do Monte, entre suas árvores milenares. Foi quando deu-se conta de que estava no Jardim de Getsêmani, ao lado das famosas oliveiras sob as quais Judas deu o beijo fatal em Jesus. Para quem não sabe, um beijo foi a forma escolhida por Judas Iscariotes para identificar Jesus aos soldados que vieram prendê-lo. A combinação era de que Judas beijaria o homem que deveria ser preso. Tal traição a Jesus ocorreu exatamente no Getsêmani, debaixo das oliveiras, após a Última Ceia. E o ósculo levou Jesus à prisão pela força policial do Sinédrio (assembleia de 70 juízes que a lei judaica ordenava existir em cada cidade). Tal fato criou a expressão “Beijo de Judas”.

A azeitona hoje
A azeitona de Judas após 15 anos, sobre um livro de Dostoiévski | Foto: Elena Romanov

Elena viu uma azeitona seca no chão e levou-a como um troféu de peregrinação (ao lado, a coitada da azeitona). Neste mês, num espaço de sete dias — mais bíblico ainda –, aconteceram dois casamentos diferentes de pessoas conhecidas. Por mera coincidência, havia pessoas de igual sobrenome. Minha Elena é cheia de superstições e me veio com esta história de azeitonas, achando que era um bom sinal e “que devemos abençoar, de coração puro, estas uniões”. Estamos livres para o que der e vier.

Ela gosta de azeitonas, eu detesto.

(Há um pacto. Quando formos a Israel, ela vai sozinha a estes lugares santos — apesar de que aquela coisa toda é chamada de Terra Santa… Tô ralado).

As oliveiras do Jardim de Gersêmani
As oliveiras do Jardim de Getsêmani

Dias tristes: fim da Ipanema, da Sala dos Clássicos e morte do Hagemann

Dias tristes: fim da Ipanema, da Sala dos Clássicos e morte do Hagemann
Charge do Latuff descomemorando o fim da Ipanema
Charge do Latuff descomemorando o fim da Ipanema

Não era um grande ouvinte da Ipanema. Ouvia mais quando tinha carro e precisava de barulho para vencer o som da rua. Era o período glorioso de Kátia Suman e Mary Mezzari. Algumas tardes da Kátia eram realmente extraordinárias. Ela conseguia enfileirar uma tal série de músicas, com um tal ritmo e entusiasmo, que parecia que quem estava fazendo música era ela. É preciso talento e conhecimento para obter aquele efeito e ela conseguia quando queria. Era, deve ser ainda, tarada pelo Led Zeppelin. Mas havia também o alemão Victor Hugo, o Mutuca e programas surpreendentes — e ótimos — como o Musica Mundi e o Arrasa Quarteirão. Acabou. E acabou para virar mais do mesmo. A péssima programação da Band AM vai tomar conta da rádio.

E, ontem à tardinha, fui procurar um CD e dei de cara com a Sala dos Clássicos Eruditos fechada. Era ali na Galeria Chaves, no primeiro andar. Em seu lugar estava uma reles agência de viagens. A loja da Margarida e da Mirta era o local que substituía o porão da King`s Discos da Cristina e do Júlio. Era um local de encontros de músicos e melômanos. A gente podia encomendar o que quisesse. Elas davam um jeito. Passei muitas e boas horas lá. Já conhecia até o banheiro, pois às vezes ficava muito tempo batendo papo…. Mas agora acabou.

LAURO-HAGEMANN-Elson-Sempé-PedrosoE, nesta madrugada, aos 84 anos, morreu Lauro Hagemann. Conheci o velho comuna no partidão. Como escreveu Franklin Cunha, Lauro dignificou a profissão de jornalista, hoje tão justamente criticada por algumas posições políticas, institucionais e empresariais. Era uma voz que se fazia muito presente em minha casa, pois meu pai sempre preferia que a locução dos noticiários viesse pelo Hagemann, que era uma pessoa ética. Lauro foi cassado pela ditadura, tendo um comportamento impecável de oposição durante o período.

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols de ontem)

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols de ontem)
O indecifrável Cláudio Winck jogou como volante e lateral na derrora por 3 x 0 para o Atlético-PR
O indecifrável Cláudio Winck jogou como volante e lateral na derrota por 3 x 0 para o Atlético-PR

Aguirre, claro que a Libertadores é nosso objetivo, mas há limites para o uso de reservas. Léo, Paulão e Alan Ruschel são casos de irremediável ruindade. Réver, Anderson e Vitinho são casos de desinteresse. Os reservas Nilton (lesionado) e Nico Freitas (suspenso) não fizeram falta, mas esses seis que citei inicialmente jogaram teu time misto no chão.

Não dá para analisar taticamente aquele amontoado de jogadores, até porque algumas péssimas atuações tornaram impossível qualquer vida futebolística. Paulão passou a tarde dando chutões para a frente. Quando resolveu chutar para trás, acabou acertando nosso gol. Léo é o próprio Homem Sem Qualidades: é deficiente na defesa e no apoio. Onde está aquele Diogo que entrou com dignidade em alguns jogos do Gauchão? Alan Ruschel é a mesma coisa que Léo, só que pela esquerda, em versão charmosa.

Já Réver, Anderson e Vitinho vieram para ser titulares, perderam a posição e parecem estar “desmotivados”. Os dois primeiros podem até estar sem ritmo de jogo, mas Vitinho parece ser um caso de desistência. E o argentino Luque?

E Cláudio Winck? Podemos contar com ele? Iniciou bem e depois encolheu-se.

Bem, é claro que toda a nossa torcida e interesse está voltada para quarta-feira, mas um péssimo Brasileiro pode ter como consequência uma Libertadores nervosa. A imprensa já começou a encher o saco, dizendo que Brasileiro não é Gauchão e que tu não és tão brilhante quanto parece. Haja saco, Aguirre, haja saco.

Na quarta, vamos de Ernando pela esquerda, não? Colocar o Alex ali pode ser perigoso, considerando que o Atlético tem Luan e Marcos Rocha no setor. Já sei que JH vai jogar para aumentar nossa marcação no meio. Boa sorte pra nós!

Porque hoje é sábado, Nicole Kidman

Porque hoje é sábado, Nicole Kidman

Nicole Kidman deixa filme de Von Trier após saber que teria de fazer sexo de verdade”.

É verdade, está aqui.

Hitchcock disse uma vez — e se arrependeu depois — que atores são gado

Bergman escusava-se pelo que obrigava a seus atores, apesar de não pedir nada demais

Apesar de lamentar, respeito a opção tomada por Nicole Kidman

cada um sabe de si e de seu corpo

mas o que me leva a usar o mote da desistência para postar Nicole

é que sou totalmente indiferente a ela

claro que ela é belíssima e aí está a objeção: é perfeita demais, é barbie demais,

parece feita de uma material diferente, recém inventado, todo autolimpante.

nicole kidman

Por isso, tratei de pegar fotos que primem pelo desprimor

Nicole-Kidman-Hot1

pela nudez

nicole kidman gtgdg

e pela deselegância impossível

inimaginável em alguém tão exato, ideal e preciso.

Lamento mesmo que ela não tenha se permitido o filme de Trier

o qual colocaria uma mácula

na enorme brancura, esmero, pureza e requinte da moça.

Nicole, por favor, me diz que tu não és uma convencional wasp

Nicole-Kidman-68

e depois faz alguma coisa bem louca, suja ou vulgar pra gente ver.

Nicole-Kidman-Sexy-Black-Lingerie-Photoshoot2

Porque hoje é sábado, mulheres lendo

Porque hoje é sábado, mulheres lendo

Eu tenho diretórios e mais diretórios cheios de fotografias

mulheres lendo 04

eles são razoavelmente organizados, pois

daquelas figuras planas, vistas na tela

surgem ideias, desejos, estímulos… — para mim e para vocês, meus sete leitores —

e… o que mais posso dizer sem pisar a linha do vulgar?

Pois então eu abro o diretório Mulheres lendo

mulheres lendo 05

e observo que há nele

427 imagens

Procuro por imagens de Marilyn Monroe lendo, encontro,

mas me parabenizo ao notar que há um diretório exclusivo para ela

Read More

Cine Teatro Presidente: um e-mail do jornalista Geraldo Hasse

Cine Teatro Presidente: um e-mail do jornalista Geraldo Hasse

presidenteBuenas, Milton: envio uma atualização para seu inventário dos cinemas de Porto Alegre.

Leia mais:
A migração dos cinemas de Porto Alegre (Parte 1 – Centro)
A migração dos cinemas de Porto Alegre (Parte 2 – alguns bairros)
A migração dos cinemas de Porto Alegre (Final)

Fechado há dois anos, quando saiu dali uma igreja evangélica que o locava, o ex-Cine Presidente está despejando na sarjeta da Av. Benjamin Constant, 1773, as pastilhas de sua bela fachada. No imagem em anexo (abaixo), uma amostra das pecinhas de cerâmica que emolduram os murais (na verdade, paredais) do prédio dos anos 1960, cuja arquitetura foi claramente influenciada pela construção de Brasília.

Um abraço, Geraldo Hasse.

Imagem (24)

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols do jogo de ontem)

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols do jogo de ontem)

Aguirre, caríssimo!

Claro que é frustrante ver o adversário empatar a partida aos 49 min do segundo tempo, mas o resultado da partida, o 2 x 2, foi excelente e nós dá boas chances de seguir no Galeanão 2015. Tu disseste antes do jogo que o empate serviria e eu respondo que um empate com gols serve mais ainda. Engraçado, o jogo iniciou e terminou com falhas defensivas. O primeiro gol do jogo — do colorado Lisandro López — nasceu de uma tremenda mancada do bom Marcos Rocha. O último, marcado pelo zagueiro Leonardo Silva, surgiu de um bate-rebate em que o também excelente Rodrigo Dourado ficou girando à procura de uma bola que estava a seus pés. Acontece.

Atlético-MG x Internacional

Não hora, não vi o gol de Lisandro, Aguirre. Foi a Elena quem disse baixinho com seu sotaque russo: “gol do Inter”. Eu estava no computador conversando com um bando de atleticanos e gremistas inteligentes que desejavam nos vencer antes do jogo, imagina… Eu gostei muito do Inter, apesar do susto de ver Valdívia e D`Alessandro no banco de reservas. A opção por Alex e Jorge Henrique acabou demonstrando ser boa, principalmente porque JH fez aquilo que sabe e que era necessário: segurou Marcos Rocha, excelente no apoio pelo lado direito atleticano. Temos grupo, isso é fundamental num calendário tão ilógico e cansativo quanto o do futebol brasileiro. No mais, bobeamos ao recuar muito no final do jogo. A bola voltava muito rapidamente, pois os nossos jogadores tentavam passes difíceis em vez de trocar bolas sem maior objetivo. Uma dose de Iarley sempre faz falta nesses momentos.

Mas não é lógico lamentar. De cada 5 times que vão ao Horto, 4 saem de lá derrotados. Importante lembrar também que, 3 dias antes, houve uma final muito intensa contra os pijamistas do Humaitá.

O Atlético-MG é um bom time, mas pior quer outras versões recentes. O trio de meias, Dátolo, Luan e Tiago Ribeiro e  mais o atacante Pratto não são tudo isso, mas não podemos dar espaços para quem que precisa marcar gols em Porto Alegre. O Inter está mais próximo da classificação e, se mantiver o bom futebol e a compostura defensiva dos últimos jogos, deve levar a vaga para as quartas-de-final.

No sonho, lá bem longe, vimos nosso rival de 2006 ganhar de 3 x 0 do Bayern. E a fantasia começa a rolar solta, Diego. Eu posso, sou torcedor.

Lutando na Espanha, de George Orwell

Lutando na Espanha, de George Orwell

Lutando-na-Espanha-George-Orwell

O bom do livro do livro de Orwell não está na descrição da política espanhola de muitas siglas e tendências na época. O bom está no retrato sem maquiagem ou heroísmo da Guerra Civil e nas traições que as linhas tortuosas da política mundial perpetraram contra o governo eleito. Uma frente popular de esquerda tinha sido eleita em 1936 e havia uma reação golpista por parte dos fascistas de Franco. A frente era uma grande aliança de partidos e organizações de esquerda, incluindo anarquistas. A situação na Catalunha era única. As igrejas estavam ocupadas, os garçons não tratavam os clientes por señor porque ninguém era subserviente a ninguém e todos usavam roupas simples para não parecerem mais do que os outros.

Por não aceitar esta reação golpista por parte dos fascistas, Orwell foi lutar na Espanha. O caos imperava e as descrições do relacionamento entre os ingleses e os espanhóis são curiosas. O inglês Orwell sabia manejar uma arma e gostava de pontualidade, enquanto seus companheiros quase se matavam cada vez que limpavam um fuzil. Seus relógios eram meros adornos. Ele esperava disciplina e estratégia, mas só via simpatia, ignorância e fome em seus companheiros. Nada funcionava direito. As armas eram velhas e imprecisas, cuspiam balas para qualquer lado. A trincheira fascista ficava longe, inalcançável a qualquer tiro. As ameaças vinham por alto-falantes.

O livro, muitíssimo bem escrito, é cheio de méritos e informação. Há um olhar de estranheza e encanto de alguém que, pela primeira vez, vê os trabalhadores no poder. Depois, o desencanto é completo.

Semanas após chegar, Orwell foi ferido por um tiro e deixou a frente de batalha, retornando à Barcelona, onde a situação catalã já mudara. A burguesia tinha voltado à tona, assim como os tratamentos de senhoria. Na complexa política da época, o POUM que os trabalhistas ingleses como Orwell apoiavam, teve seus membros perseguidos e mortos pelos comunistas. Na fantasia dos devotos de Stalin, tornaram-se simples trotskistas ou espiões dos fascistas. Orwell e sua esposa conseguiram fugir para a França.

Stalin foi um dos responsáveis pela derrota republicana. Enfraquecida econômica e politicamente — com graves perseguições políticas internas ao pessoal de 17 –, não interessava taticamente à União Soviética que a unidade popular-republicana vencesse na Espanha. Agentes stalinistas assassinaram lideranças importantes da frente popular, fortalecendo indiretamente o fascismo franquista. Franco e o fascismo venceram. No horizonte soviético, estava o pacto de não-agressão assinado com Hitler em agosto de 1939.

Orwell era um homem de esquerda que viu o stalinismo trair a classe trabalhadora. O autor foi utilizadíssimo como anticomunista pela direita. Mal lido, Orwell passou a vida atacando o stalinismo em grandes livros, ao mesmo tempo que desmentia a imprensa, que apresenta Franco e as ditaduras de direita como fossem democracias. Quanto à Espanha, Franco permaneceu como ditador até sua morte em 1975 e Orwell só ganhou seu verdadeiro tamanho de excelente escritor há poucos anos.

George-orwell-BBC

O Google não gosta de aréolas nem de bundas. Então, sumiremos com elas

O Google não gosta de aréolas nem de bundas. Então, sumiremos com elas
Velasquez, meu menino, tape essas vergonhas...
Velasquez, meu menino, tape essas vergonhas…

Você pode fazer a apologia da pedofilia, negar o holocausto judeu, armênio e indonésio, aprovar o último estudo de gênero da FEE ou elogiar o time do Grêmio. Você pode qualquer absurdo por escrito, mas jamais mostrar a sombra de uma aréola ou a redondez de um traseiro. Assim é o mundo do Google, que aceita conviver, levar uma grana e divulgar as mais disparatadas igrejas, mas jamais ter uma propagandinha ao lado de um corpo que não esteja devidamente velado.

Não interessa se é uma estrela pornô ou a Angela Merkel durante sua juventude na praia, não interessa se é uma atriz em uma cena de Bergman; uma aréola é uma aréola, uma bunda é uma bunda. Drummond escreveu um poema chamado, A bunda, que engraçada, que começa dizendo que tal parte dos corpos masculino e feminino Está sempre sorrindo, nunca é trágica. Pois o Google não gosta, não vê graça, acha feio, nojento e não mistura seus produtos com tal gênero de sorriso.

Faço todo este destampatório para anunciar que o Sul21 fará um teste com alguns produtos do Google e, para tanto, teremos que tornar nosso blog de sete leitores bundas-free, aréolas-free. Então, nesta semana, estou retirando pouco a pouco todos os posts que contenham tais partes do corpo que o pudor deve recatar.

E eu dou razão ao Google. Noto quão nervosos ficam os espectadores durante as cenas de sexo nos cinemas. Noto o constrangimento das pessoas nos museus, locais habituais de putaria. No país do carnaval, das plásticas e dos discretos implantes em seios e bundas, onde também é comum verem-se outros lugares pudendos sem a vestimenta que a natureza lhes deu, estamos — de forma coerente — ocultando vergonhas.

Goya
Goya, seu incorreto!

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols e melhores lances da decisão)

Bom dia, Diego Aguirre (com os gols e melhores lances da decisão)
Campeão após instalar a meritocracia: 8 jogadores da base em campo
Campeão com 8 jogadores da base em campo: meritocracia, afinal | Foto: Alexandre Lops

Aguirre, sou sócio do Inter desde os anos 70. Pago uma migalha do orçamento do clube, uma migalha de teu salário. Assim, como torcedor, tenho o mais pleno direito para criticar a ti e ao time, mas nunca embarquei nessa de pedir tua saída. Sempre identifiquei sentido e inteligência no que tu fazias, mesmo errando eventualmente. Porém, esqueça, é demais esperar um mea culpa daquela parte da imprensa que vinha todo dia encher o saco, pedindo tua demissão. Será que agora eles pedirão a demissão de quem perdeu para ti? Olha, espero que não, deixa como está.

Ontem, entramos em campo com oito jogadores saídos da base, não obstante o fato da direção ter contratado sete jogadores no início do ano. Mais fácil listar os que não nasceram nas divisões inferiores do clube: Ernando, Aránguiz e D`Alessandro. Acabou aquela coisa injusta do Abel, que escalava sempre os mais experientes a fim de “manter o grupo na mão”. Tu escalas mais de 22 jogadores a cada dois jogos e, na final, escalaste quem estava melhor. Correto.

Historicamente, agora são 406 Gre-Nais, com 153 vitórias do Inter, 127 empates e 126 vitórias do Grêmio. Os empates são os verdadeiros rivais do Grêmio. Em Campeonatos Gaúchos são 44 a 36. A vantagem é imensa. O Grêmio não ganha um Gauchão desde 2010. O último título “de verdade” do tricolor a Copa do Brasil de 2001, de 17 de junho de 2001. O Inter ganhou mais regionais nos últimos 5 anos que o Grêmio nos últimos 15. Mas a crise sempre persegue o Inter, vá entender a imprensa chefiada por David Coimbra.

O Gre-Nal de ontem começou fácil. O Grêmio vinha e nós contra-atacávamos. Com volantes pesados — grandes sucessos no século XX –, o Grêmio não conseguia evitar que nossos atacantes dessem logo de cara com os desprotegidos zagueiros gremistas. E nós passávamos por eles em velocidade. Fizemos 2 x 0 rapidamente, mas poderíamos-deveríamos ter feito mais. O gol do Grêmio, ao final do primeiro tempo, deu aquele cagaço típico do clássico; afinal, o empate em dois gols, daria o campeonato ao Grêmio. Só que o Grêmio não construiu NENHUMA CHANCE DE GOL em todo o segundo tempo, que foi um saco. As únicas oportunidades criadas eram as bolas alçadas na área e ponto final. O futebol do Grêmio parece a dos times ingleses de trinta anos atrás. É um time duro de vencer, mas que, para ganhar, depende apenas da bola aérea.

O Gre-Nal foi bonito. A torcida mista é uma grande sacada. Todos saem do estádio juntos, azuis e vermelhos. Apenas o espaço exclusivamente gremista, tomado por organizadas, tem comportamento violento. Ontem, quebraram 166 cadeiras e as mandaram pelos ares. São uns bobos. O Inter também tem os seus e todos têm de ser identificados e impedidos de ir aos estádios.