A incontornável Liga dos Canelas Pretas

A incontornável Liga dos Canelas Pretas
Provável time da Liga da Canela Preta.
Provável time da Liga da Canela Preta. Qual será?

No tempo que preto não entrava no Bahiano
Nem pela porta da cozinha

Gilberto Gil, em Tradição

Porto Alegre é uma das sete cidades do mundo que têm dois times campeões mundiais — você saberia dizer quais são as outras seis? (*) — e uma história de nosso futebol jamais poderia tangenciar a Liga dos Canelas Pretas, formada por negros em nossa cidade no início do século XX.

A referência feita por Gilberto Gil na canção Tradição, de 1973, é ao Clube Bahiano de Tênis. O tênis é ainda um esporte de elite, mas até 1952 havia clubes de futebol no país que não aceitavam jogadores negros. O último grande clube a incorporar negros a sua equipe foi o Grêmio de Porto Alegre. Na época, por iniciativa do presidente Saturnino Vanzelotti, o clube foi atrás de um grande jogador negro que desse fim, em grande estilo, à discriminação no clube. E contratou o Tesourinha, ex-ídolo do Internacional, que estava no Vasco da Gama do Rio de Janeiro. A chegada dele ao Grêmio seria um choque nos colorados e um grande reforço para o Grêmio. Mas Vanzelotti pensava mais longe: o presidente queria Tesourinha para servir como emblema contra o racismo.

— É de um ídolo como você que eu preciso para provar a todos que esse racismo é errado — teria dito a Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha.

Então, no dia 4 de março de 1952, aos 32 anos, Tesourinha vestiu o novo uniforme para um treino no velho Estádio da Baixada. Um público numeroso nas sociais aplaudiu o novo contratado, enquanto alguns conselheiros reprovaram a contratação, alegando que era a quebra de uma importante tradição do clube. Era apenas um dia de treino, mas uma data histórica para o futebol gaúcho. É incrível pensar que, seis anos depois, o mundo reverenciaria Pelé, um negro de 17 anos, no Mundial da Suécia.

A Liga dos Canelas Pretas

Era o final da longa caminhada iniciada pela Liga dos Canelas Pretas. Este curioso nome era como a população conhecia a Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense, formada no início do século XX na região do antigo bairro da Ilhota, em Porto Alegre, unicamente por “homens de cor”. Também era chamada de Liga “das” Canelas Pretas ou simplesmente Liga Canela Preta.

É muito complicada qualquer pesquisa a respeito dela. Quase não há fotos ou registros escritos e o que conseguimos abaixo é o resultado da consulta a mais de vinte fontes diferentes.

Foto do Sport Club 8 de Setembro
Foto do Sport Club 8 de Setembro

Tudo começou com a discriminação — naturalíssima, na época — praticada pela Liga Metropolitana. Ali, só podiam jogar times de homens brancos. Em resposta, os Canelas Pretas estabeleceram sua liga entre 1910 e 1915, atingindo grande reconhecimento na década de 1920. Como sempre acontece no Rio Grande do Sul, havia dois grandes adversários: o Bento Gonçalves e o Rio-Grandense. Mas havia outras equipes menores, como o Primavera (dos arredores da Rua Gonçalves Dias), o Primeiro de Novembro (formado por funcionários do Forno do Lixão), o Oito de Setembro (da área então chamada de Colônia Africana, hoje o bairro Rio Branco), mais União, Palmeiras, Aquidabã e Venezianos, totalizando nove clubes associados.

Mesmo dentro da Liga havia certa segmentação. O Rio-Grandense (não confundir com outros times homônimos) era um time de mulatos, os chamados “mulatinhos cor-de-rosa”, formado por funcionários públicos e de hotéis. Já o Bento Gonçalves era um time majoritariamente de negros, formado por engraxates e outros profissionais, quase sempre muito pobres.

A discriminação tinha a ver com a sociedade da época, mas também com a estrutura urbana de Porto Alegre. Havia guetos negros como a Colônia Africana, atual bairro Rio Branco, e outros bairros étnicos, o que poderia ajudar a explicar a segregação racial do futebol local. Ou seja, a Liga da Canela Preta e toda a rejeição por parte da liga branca são fatos que não podem ser isolados da dinâmica urbana.

Nos anos 20, a Liga Metropolitana criou sua segunda divisão (a “liga do sabão”, composta pela classe média baixa), absorvendo os melhores jogadores dos Canelas Pretas, o que acabaria por fazer desaparecer a Liga na década de 1930 (possivelmente em 1933, início do profissionalismo no futebol local).

Antonio Carlos Textor, autor do filme A Liga dos Canelas Pretas, fala a respeito das dificuldades que enfrentou na realização da obra:

— Os registros oficiais da liga se perderam na enchente de 1941. Essa história foi praticamente ignorada pela imprensa local e sobreviveu na memória oral da comunidade negra e em raríssimas fotografias. Muita gente, inclusive entidades ligadas ao movimento negro, desconhece esse episódio.

A existência da curiosa Liga de nome peculiar serve apenas deixar evidente as dificuldades dos ex-escravos e seus descendentes para se integrarem à sociedade.

O Internacional

O Internacional teria o primeiro registro de um negro em sua equipe no ano de 1913, o zagueiro Dirceu Alves. Porém, até 1928, apesar de o Internacional possibilitar a inclusão de indivíduos não oriundos da elite em seus quadros, era quase inexistente a presença de jogadores negros em seus quadros. Na década de 30, o Internacional também contribuiu para o fim da Liga dos Canelas Pretas, pois passou a utilizar muitos jogadores negros em seu grupo. A atitude acabou fortalecendo a equipe, absolutamente hegemônica nos anos 40, além de criar o carinhoso apelido de Clube do Povo. Mas os jogadores da Liga não vieram para o Inter por algum amor abnegado. Os atletas negros se transferiam atrás do pagamento de salários, ainda que muito baixos.

O time do Inter dos anos 40, conhecido por Rolo Compressor: negros
O time do Inter dos anos 40, conhecido por Rolo Compressor: negros

O Grêmio

A história da presença de negros no Grêmio é muito contraditória. Além da foto abaixo, que mostra o Grêmio com dois negros em sua equipe nos tempos do lendário goleiro Eurico Lara, que permaneceu no clube entre 1920 e 1935 — quem seriam? –, pesquisas recentes realizadas pelo clube indicam que os primeiros negros (ou pardos) a atuarem foram os Irmãos Carlos e Alfredo Mostardeiro, na equipe principal a partir de 1911 (tendo ingressado no clube em 1909 e participado da segunda equipe em 1910).

O que se sabe é que, a partir dos nos 30, o tricolor não teve negros em suas esquadras até a chegada de Tesourinha em 1952.

Uma crônica do gremista e mulato Lupicínio Rodrigues, publicada no jornal Última Hora em 6 de abril de 1963 (Coluna Roteiro de Um Boêmio) vem em nosso auxílio. Ela está publicada abaixo, finalizando o texto.

Uma foto deveras estranha. O time do Grêmio, com o goleiro Eurico Lara -- que jogou no clube entre 1920 e 1935 -- deitado à frente. Só que há dois negros na foto...
Uma foto deveras estranha. O goleiro Eurico Lara deitado à frente do time do Grêmio. Só que há dois negros na foto…

 

Domingo, estive em um churrasco da Sociedade Satélite Prontidão, onde se reúne a “Gema” dos mulatos de Pôrto Alegre. Lá houve tudo de bom, bom churrasco, boa música e boa palestra. Mas, como sempre, nestas festas nunca falta uma discussão quando a cerveja sobe, lá também houve uma, e, esta foi a seguinte. Uma turma de amigos quis saber porque, sendo eu um homem do povo e de origem humilde, era um torcedor tão fanático do Grêmio. Por sorte, lá estava também o senhor Orlando Ferreira da Silva, velho funcionário da Biblioteca Pública, que me ajudou a explicar, o que meu pai já havia me contado. Em 1907, uma turma de mulatinhos, que naquela época já sonhava com a evolução das pessoas de côr, resolveu formar um time de futebol. Entre estes mulatinhos estava o senhor Júlio Silveira, pai do nosso querido Antoninho Onofre da Silveira, o senhor Francisco Rodrigues, meu querido pai, o senhor Otacílio Conceição, pai do nosso amigo Marceli Conceição, o senhor Orlando Ferreira da Silva, o senhor José Gomes e outros. O time foi formado. Deram-lhe o nome de “RIO-GRANDENSE” e ficou sob a presidência do saudoso Julio Silveira. Foram grandes os trabalhos para escolher as côres, o fardamento, fazer estatutos e tudo que fôsse necessário para um Clube se legalizar, pois os mulatinhos sonhavam em participar da Liga, que era, naquele tempo, formada pelo Fuss-Ball, que é o Grêmio de hoje, o Ruy Barbosa, o Internacional e outros. Êste sonho durou anos, mas no dia em que o “RIO-GRANDENSE” pediu inscrição na Liga, não foi aceito porque justamente o Internacional, que havia sido criado pelo “Zé Povo”, votou contra, e o “RIO-GRANDENSE” não foi aceito. Isso magoou profundamente os mulatinhos, que resolveram torcer contra o Internacional e, sendo o Grêmio seu maior rival, foi escolhido para tal. Fundou-se, por isso, uma nova Liga, que mais tarde foi chamada de “Canela Preta”, e quando êstes moços casaram, procuraram desviar os seus filhos do clube que hoje é chamado o “CLUBE DO POVO”, apesar de não ser êle o primeiro a modificar seus estatutos, para aceitar pessoas de côr, pois esta iniciativa coube ao “ESPORTE CLUBE AMERICANO”, e vou explicar como: A Liga dos “Canelas Pretas” durou muitos anos, até quando o “ESPORTE CLUBE RUY BARBOSA”, precisando de dinheiro, desafiou os pretinhos para uma partida amistosa, que foi vencida pelos desafiados, ou seja, os pretinhos. O segundo adversário dos moços de côr foi o Grêmio, que jogou com o título de “Escrete Branco”. Isso despertou a atenção dos outros clubes que viram nos “Canelas Pretas” um grande celeiro de jogadores e trataram de mudar seus estatutos, para aceitarem os mesmos em suas fileiras, conseguindo levar assim, os melhores jogadores, e a Liga teve que terminar. O Grêmio foi o último time a aceitar a raça porque em seus estatutos, constava uma cláusula que dizia que êle perderia seu campo, doado por uns alemães, caso aceitasse pessoas de côr em seus quadros. Felizmente, essa cláusula já foi abolida, e hoje tenho a honra de ser sócio honorário do Grêmio e ter composto seu hino.

(*) Milão, Madrid, Montevidéu, São Paulo, Buenos Aires e Avellaneda.

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É claro que o IDH de Porto Alegre só pode ser baixo

É claro que o IDH de Porto Alegre só pode ser baixo

O conceito de desenvolvimento humano foi criado para definir o processo de ampliação das escolhas das pessoas a fim de elas possam se capacitar àquilo que desejam ser. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a longo prazo das três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. O IDH foi criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998.

Hoje, a Região Metropolitana de Porto Alegre ostenta o pior IDH das regiões Sul e Sudeste (ver tabela ao final do post) e quem anda por nossas ruas, notando as ações de nossos conterrâneos, concluem facilmente que nosso IDH é o que é em razão de uma das três dimensões básicas aferidas: a educação. Isso se nota até quando ouvimos o som de um conteiner sendo virado num caminhão de lixo. Lá parece só haver garrafas. Lendo detidamente a pesquisa sobre o IDH das regiões, fica claro: Porto Alegre está onde está por culpa de nossa péssima educação.

sala de aula

Anos atrás, eu fazia trabalhos comunitários como professor de qualquer coisa — mas principalmente de matemática — e ficava pasmo com o pouco que sabiam os estudantes da periferia da cidade. Como chegaria a usar suas potencialidades alguém que… Uma pergunta muito séria: como é que eles puderam chegar à sétima ou à oitava série do primeiro grau – e alguns já estavam no segundo grau – sem saber dividir 65.536 por 1000? Pois bem, exatamente este cálculo gerou um enorme debate em aula.

— Para onde vai a vírgula? Para a esquerda ou para a direita? – disse o mais culturalizado.
— Porra, que vírgula? Hahahahaha.
— Professor, isso é muito trabalhoso, vou ficar horas fazendo.
— Bota três zeros lá atrás e pronto!
— Mas tu tá dividindo, meu! O resultado não vai ser maior.
— Não, bota um zero só! Lá atrás.

Foram trinta minutos de exercícios só de multiplicação e divisão por múltiplos de 10. Uma dificuldade.

Esta é nossa educação. E nos colégios públicos da zona central não é muito diferente, tanto que uma vizinha cujos filhos só vestem roupas de grife, me disse que, na aula de seus guris, ninguém ouve a professora pois todos gritam e conversam ao mesmo tempo. (Colégio Anne Frank, Bonfim, Porto Alegre). Claro que é um absurdo pagar impostos e ainda a educação e a Unimed, mas quem considera que educar é um bom investimento morre com mais de R$ 1000 mensais por uma educação que mereça este nome. E nem sempre merece, mas esta é outra história.

Nos longos intervalos de minhas aulas, a pedido dos alunos, dava aula de matemática sobre os temas do colégio de cada um: um pedia auxílio nas equações de primeiro grau, nas de segundo grau, na divisão de polinômios, o diabo… Mas como é que iam dominar tais tópicos se não dominavam conceitos muito mais básicos? Olha, era complicado e, se eu extraía algum prazer em ajudá-los, sentia enorme cansaço e desconsolo quando saía de lá – e eu tinha escolhido um trabalho simples e útil para mudar de ares e descansar… Era um trabalho de Sísifo e se, com alguns de meus alunos buscava minha pedra um pouco mais acima, com outros a coisa parecia piorar de semana para semana.

Saía de lá pensando na inutilidade do que fazia. Alguns riam quando lhes dizia que ele tinham que estudar e praticar em casa. Passei a lhes dar meus conselhos rindo, meio sem acreditar em minhas palavras. Havia bons e esforçados alunos, mas estes eram uma minoria que sentava bem na frente a fim de me ouvir. O resto permanecia em suas conversas e acertos pessoais.

O que quero dizer é que nossa educação é um imenso fracasso. É algo que, para ser alterado, demandará anos. Pois quem está sendo educado hoje nas escolas públicas serão pais de alunos que aprenderão em casa que a escola não é tão importante assim. Mais: lendo os cadernos de meus alunos, podia espreitar a baixa qualidade do professor que ensinava coisas erradas ou pelo método mais difícil e decorado. Sim, fico meio puto ao lembrar de alguns contatos que tive com estes mestres. Eram pessoas desinteressadas que apenas se preocupavam com a disciplina formal de seu aluno e não com a disciplina cabal do aprendizado. Era como se uma coisa não estivesse associada à outra. Ficavam desconcertados ou achavam graça quando eu lhes perguntava como tinham abordado determinado tópico. E o maior problema é que também sabiam pouco. Era de chorar. E, céus, como estes alunos passavam de ano, chegando ao segundo grau sem entender uma Regra de Três? Olha, não sei. E como se faz um país com esses alunos?

Na prática, sei que a educação é o entrave para nosso desenvolvimento. O estudo diz: nas três dimensões que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a educação está estagnada, enquanto avançam os indicadores de renda e saúde, que não deixar de crescer se o primeiro item não melhorar. É uma situação gravíssima no país e a situação da Região Metropolitana de Porto Alegre é especialmente triste, pois, sem educação, vamos continuar como estamos, ladeira abaixo.

1 Região Metropolitana de São Paulo  São Paulo 0,794
2 Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno  Distrito Federal 0,792
3 Região Metropolitana de Curitiba  Paraná 0,783
4 Região Metropolitana de Belo Horizonte  Minas Gerais 0,774
5 Região Metropolitana de Vitória  Espírito Santo 0,772
6 Região Metropolitana do Rio de Janeiro  Rio de Janeiro 0,771
7 Região Metropolitana de Goiânia  Goiás 0,769
8 Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá  Mato Grosso 0,767
9 Região Metropolitana de Porto Alegre  Rio Grande do Sul 0,762
10 Região Metropolitana de São Luís  Maranhão 0,755
11 Região Metropolitana de Salvador  Bahia 0,743
12 Região Metropolitana de Recife  Pernambuco 0,734
13 Região Metropolitana de Natal  Rio Grande do Norte 0,734
14 Região Metropolitana de Fortaleza  Ceará 0,732
15 Região Metropolitana de Belém Pará Pará 0,729
16 Região Metropolitana de Manaus  Amazonas 0,720

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A Sala Sinfônica da Ospa, ontem, 05/11/2014, às 16h

A Sala Sinfônica da Ospa, ontem, 05/11/2014, às 16h

Pedi para o repórter fotográfico do Sul21, Ramiro Furquim, que, quando tivesse tempo, desse uma passadinha pelas obras da nova Sala Sinfônica da Ospa. Ele foi visitá-la ontem. Os moradores que aparecem nas fotos estão do lado de fora do espaço. Dentro, uma obra paralisada, árvores e grama. Ninguém estava trabalhando. O zelador disse que a obra estava embargada.

Isto não é uma reportagem. É um post de um blog que documenta a situação atual.

.oOo.

Acabo de receber o seguinte comentário, vindo do leitor Paulo Augusto (@pacdesouza):

O GOVERNO INFORMA
Atualizado em 09 SET, 2014
Foram encontradas divergências entre o que foi executado e o que estava previsto no projeto estrutural da obra. Em virtude dessa situação, a concretagem dos elementos estruturais não foi autorizada. A Simon Engenharia, empresa responsável pelo projeto estrutural, elaborou uma proposta técnica, com o objetivo de apresentar as soluções para as discrepâncias encontradas no levantamento topográfico. A previsão de conclusão dos serviços de reforço estrutural é até o dia 19/09.

Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21
Por Ramiro Furquim/Sul21

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Concurso Público Ospa 2014 | Aviso aos candidatos estrangeiros?

Concurso Público Ospa 2014 | Aviso aos candidatos estrangeiros?
Mais 24h...
Mais 24h… | Foto: Antonieta Pinheiro

Não tive tempo de examinar, mas o adiamento foi somente por um dia útil. Pouca coisa. E não mudaram mais nada. Deram o aviso em inglês? Como avisar a quem já desistiu? De qualquer maneira, deve ser um aviso ao pessoal de fora. Abaixo, a nota da Ospa no Facebook. E vamos lá, gurizada! Pra cima com a viga!

Os candidatos estrangeiros que não possuem o nº de CPF (Cadastro de Pessoa Física) da Receita Federal do Brasil, deverão solicitar, pelo e-mail [email protected], número de CPF Fundatec.

Este CPF Fundatec não terá validade em território brasileiro como documentação e servirá apenas para a inscrição no Concurso Público da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.

O prazo de inscrições para o concurso foi prorrogado até o dia 27! Saiba mais: http://bit.ly/1z3Q8bx

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O estranho concurso da Ospa (Parte III – final: Os Requisitos)

O estranho concurso da Ospa (Parte III – final: Os Requisitos)
Venezuelanos, stay at home!
Venezuelanos, stay at home!

A primeira parte está aqui e a  segunda aqui.

Nas duas primeiras partes, contei com o auxílio de várias pessoas — citadas ou não — que falaram com muita seriedade e conhecimento a respeito do assunto. Finalizo mantendo a seriedade, mas contando apenas com o pouco brilhantismo de minhas opiniões.

Antes de analisar alguns dos requisitos, gostaria de escrever algumas frases sobre a pressa e o momento inoportuno em que ocorre o concurso. E nem falo mais no final do mandato do governo do estado.

O edital foi publicado no DOE (Diário Oficial do Estado) no dia 3 de outubro e o final das inscrições ocorrerá nesta sexta-feira, 24 de outubro, às 23h59. Penso que tudo foi feito dentro da lei, mas fora do bom senso. As provas serão realizadas em novembro, que é uma parte do ano em que todos estão muito ocupados. Também o pequeno prazo torna complicado marcar passagens, cancelar compromissos, etc., para as pessoas de fora de Porto Alegre. E acredito que a Ospa pense em obter os melhores instrumentistas para a orquestra, facilitando ao máximo o acesso ao concurso. As vagas não são milionárias mas há a estabilidade logo ali no horizonte. Por isso, muita gente se interessa. Seria o caso de fazer tudo com mais tempo, acredito.

Bem, a questão dos requisitos é delicada e costuma agredir os brios de muita gente. O primeiro problema é com o item b) no caso de estrangeiros, estar em situação regular no Brasil. Ora, estar em situação regular significa ter visto de trabalho. Ou seja, os que podem participar do concurso são os brasileiros, os estrangeiros naturalizados e aqueles que já estiverem trabalhando no país. Isso exclui o pessoal do Prata e, principalmente, os venezuelanos do El Sistema. Desta forma, podemos ter médicos cubanos, mas não violinistas venezuelanos! Ou seja, o item b) é limitador e, diria, provinciano. A Osesp, para dar um exemplo de alta qualidade no país, faz o mesmo — pois a lei exige, é claro, situação regular no país –, mas dá um prazo para que o estrangeiro regularize sua situação. A Ospa não poderia fazer o mesmo? Outro problema é que o formulário de inscrição da fundatec.org.br só fala português e, para poder chegar até a tela de inscrição, há que se informar o CPF… E há músicos desempregados e orquestras desmanchando-se na Espanha, Itália, etc.

Paradoxalmente, o item d) é extremamente democrático. É assim: podem participar do concurso os que d) possuir(em) escolaridade nível médio completo ou equivalente (estrangeiros) (sic). Tal indulgência extrema é empobrecedora ao não valorizar a educação e a cultura. A falta de uma formação musical acadêmica não deveria ser eliminatória, mas tal formação deveria ser pontuada. A Ospa não dá muita bola, mas creio que não precise explicar para meus sete leitores que educação é uma coisa boa. E talvez não precise explicar que a entrada de músicos de outras culturas melhoram o nível da orquestra, apesar do estado orgulhar-se de seu caráter insular. Não pontuar por títulos, não diferenciar a experiência, a vivência, o conhecimento e a cultura… Desculpem, mas eu ri. Com seriedade.

Faria mais alguns reparos, mas é semana de eleições e as obrigações me chamam.

Antes de terminar, gostaria de acrescentar à Parte I desta série que recebemos um telefonema informando que há 22 pessoas trabalhando na administração da Ospa. Destas, 20 seriam CCs. Pergunto: é verdade? Os espaços para comentários — nosso guichê de atendimento — está sempre aberto para esclarecimentos, elogios, choros, ofensas e bombons.

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O estranho concurso da Ospa (Parte II: Esta é a melhor forma de se avaliar os músicos?)

O estranho concurso da Ospa (Parte II: Esta é a melhor forma de se avaliar os músicos?)
Tocando sem piano... E sem avaliar, ritmo, afinação,
Tocando sem piano… E sem avaliar, ritmo, afinação, fraseado, conjunto…

A primeira parte está aqui.

Como sou um cara chato, fui procurar grandes maestros e músicos com três perguntas debaixo do braço. Eram sobre algumas características da disputa por vagas de músico. Procurei bem longe, é óbvio. Procurei gente que nunca trabalhou em Porto Alegre. Meus sete leitores nem imaginam quais foram os nomes escolhidos. E não vou lhes dizer porque eles não acreditariam. Não, não vou dizer porque sei como funcionam as coisas e garanti confidencialidade. Fiz uma abordagem em inglês, em que só não prometia caixas de bombons. Se me permite, poderia incomodá-lo? Com a intenção de formar minha opinião, estou fazendo algumas perguntas a músicos de destaque. Obviamente, sua resposta ficará em segredo. Sou um experiente jornalista e sei respeitar the confidentiality of sources, which is central to the ethics of journalism. (Apesar de estar num blog…). 

Agradecidíssimo pelas respostas detalhadas, tabulo-as abaixo como minha cara.

.oOo.

Pergunta Nº 1: A fase eliminatória do concurso prevê a execução de diferentes concertos. Por exemplo, os primeiros violinos e solistas tocarão O 5° Concerto para Violino de Mozart e os segundos e o tutti tocarão o 3º. Os flautistas tocarão o Concerto em Sol Maior, e os fagotistas o Concerto em Si Bemol Maior, K.191, sempre de Mozart. Haverá os concertos de Haydn para violoncelo, etc. (explicitei aqui exemplos das partes da segunda fase). As apresentações, assim como as de outros instrumentos e cantores, serão sempre solo, SEM PIANO. Isto é o habitual ou o candidato deveria ser avaliado tocando em conjunto, como fará na orquestra? E como executar um concerto sem acompanhamento? Não seria mais razoável utilizar obras solo?

As respostas foram mais ou menos iguais: 100% afirmaram que um músico de orquestra deveria ser sempre avaliado com um instrumento acompanhando, pois exatamente dessa forma se pode avaliar afinação, ritmo, fraseado e a maneira como ele se relaciona com o conjunto. Três utilizaram a palavra Ridículo! (com exclamação), outro usou Absurdo!, referindo-se a esta característica do concurso. Na minha opinião, é como avaliar um jogador de futebol apenas com a bola, sem vê-lo em campo com companheiros e adversários.

Pergunta Nº 2: Quem deve formar a banca? Ela deve ser formada por músicos da orquestra ou por músicos ou regentes convidados?

Aqui, houve dois tipos de respostas, 50% para cada lado: (1) dificilmente se convida músicos de fora da orquestra, apenas exceção feita se aquele instrumento não tem representantes em seu próprio instrumento. (2) Devem ser convidados um músico representativo do instrumento e um regente.

Pergunta Nº 3: Temos eleições estaduais e a orquestra é estadual. Isto é, pode ser que o diretor artístico e outros membros do staff — que são cargos políticos na orquestra — mudem no próximo ano. O Sr(a). acha normal que se faça um concurso no final de uma gestão?

Novamente duas linhas de respostas: (1) 50% disseram algo como “Claro que seria mais inteligente esperar a eleição para fazer as audições com o novo maestro titular”. 25% disseram quase a mesma coisa: “O melhor seria que já estivesse na banca alguém que pudesse dar continuidade ao que essa pessoa irá ‘carimbar’. Uma questão certamente complicada”. E 25% escreveram que (2) Talvez a mescla com uma banca convidada de notáveis, juntamente com a comissão da orquestra, atenuasse este “problema”.

Na minha opinião, este concurso está acontecendo fora de hora.

.oOo.

Esta série deverá continuar com comentários sobre os requisitos para o concurso.

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O estranho concurso da Ospa (Parte I: Onde foram parar aquelas vagas?)

O estranho concurso da Ospa (Parte I: Onde foram parar aquelas vagas?)
Vagas suprimidas | Foto: Antonieta Pinheiro
Vagas suprimidas. Por quê? | Foto: Antonieta Pinheiro

A segunda parte está aqui.

Uma postagem no Facebook de um músico da Ospa que simplesmente divulgava o concurso para 28 vagas para músicos da orquestra desnudou um problema ou uma dúvida. Onde foram parar as vagas administrativas? Em resposta à postagem, que apenas tinha o link para o edital do concurso, sem texto, Maristela Heck, ex-diretora do Departamento de Administração e dos Recursos Humanos (Dearh) do Estado, disse que as vagas para a área administrativa e para os cargos de músicos foram autorizados pela Fazenda há mais de 7 meses. E completou por escrito e publicamente: “Foram autorizadas vagas para todos os cargos da área administrativa. Eu mesma peguei o processo em baixo do braço e convenci o Secretário da Fazenda de que era necessário fazer o concurso, já que foi criado o quadro e a Lei prevê a extinção dos cargos de CCs”.

Sim, a Lei prevê que os cargos administrativos comissionados sejam extintos e que deveria ser realizado concurso público para provimento destes cargos. É claro que não há ilegalidade num concurso que selecione apenas músicos, mas o concurso deveria ser maior.

Ainda duvidando que a Ospa sumisse com vagas para funcionários seus, consultei o membro do Conselho da Ospa Roberto Schmitt-Prym, que respondeu também publicamente no Facebook: “Estava tudo certo, foram autorizadas as vagas para cargos administrativos, para a orquestra e para o coro. É preciso ver o que está acontecendo. Quanto à AFFOSPA, o blog da Associação está parado desde dezembro de 2010”.

Eu é que não sei onde foram parar as vagas. Eu lembro de ter lido na internet uma relação de 10 ou mais cargos administrativos — velha reivindicação da orquestra –, mas não a reencontrei agora. Isto é, não posso comprovar.

Se as vagas foram retiradas da orquestra não seria o caso de parar tudo e retificar o concurso? Repito, acho que não há ilegalidade no ato, mas a lei que criou o quadro e que prevê a extinção dos cargos de CCs não estaria sendo ignorada?

Bem, amanhã exporei mais dúvidas. Estou ainda finalizando minhas consultas. Tenho todo o material mas tenho que organizar algumas coisas. Voltaremos amanhã.

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Porque me retirei da Associação dos Amigos da OSPA

Logo-OSPA

Carta aberta a meus sete leitores 

Hoje foi o dia de receber e-mails me perguntando coisas. É normal. O anormal foi receber uma série de questionamentos acerca de minha não participação no grupo do Facebook chamado Associação dos Amigos da OSPA. Já havia recebido vários outros, mas o número de perguntas cresceu em função do espetáculo que a Orquestra apresentará neste fim-de-semana. Um de vocês me escreveu 3 vezes apenas hoje! Pô, cara! OK, respondo a todos aqui no blog, espaço administrado por mim.

Eu fui um dos moderadores do grupo e, além de só permitir posts que dissessem respeito à orquestra, ali publicava chamadas para os concertos que achava prometedores e para minhas opiniões críticas — elogiosas ou não. Só que a imaturidade de alguns, assim como a de uma moderadora, recebia extremamente mal quaisquer reparos que eu fizesse a um concerto. Eram esperados apenas elogios. Quando não cumpria minha função de mero elogiador, podia e fui chamado de palhaço, idiota, etc. Não vejo problemas. Tenho mais de um blog, vivo no Brasil e estou acostumado às ofensas. Mas as reações de alguns do grupo eram desproporcionais, por demais infantis, chegando às vezes à beira da psicopatia. O baixo controle comportamental parecia ser a regra, inclusive da moderadora. Aqui, vejo problemas, pois houve a invasão de problemas particulares da moderadora para comigo que nunca deveriam aflorar num grupo público. Para minha não-surpresa, logo deixei de ser um dos moderadores e, ato contínuo, deixei de poder postar no grupo. E minhas opiniões passaram a ser rejeitadas. Retirei-me silenciosamente.

Bem, meus caros sete leitores, não sou nada brilhante ou original, mas nasci com teimosia e opinião, infelizmente. Não pensem que o fato de não poder colocar meus humildes links no grupo diminuiu o número de pessoas que leem minhas observações concertísticas. Ao contrário, o número de leitores de meus posts sobre a Ospa aumentou inexplicavelmente. Fora do grupo, também não saí por aí fazendo campanha contra quem me combateu ou contra a moderadora que se candidatou a deputada estadual. Também não aconselhei ninguém a deixar o grupo. Mais: seria uma irresponsabilidade contra-atacar. Vocês sete foram 34 mil visitantes únicos em setembro. É muita gente, fico feliz. Mas é claro que não sirvo mais, pois, como externou equivocadamente um dos músicos, aquele grupo da futura Associação serve apoiar a Ospa, nunca para criticá-la (?). Hum… Pensei que criticar fosse uma das formas mais honestas e francas de apoio a uma instituição.

Sou um melômano de grande experiência como ouvinte. Sei quando as cordas desafinam ou quando bolas batem na trave ou na bandeirinha de escanteio. Sei também que vários maestros acabaram meus amigos, principalmente os melhores e principalmente após receberem críticas negativas. Por outro lado, sou um leigo e conheço a diminuta relevância de minhas observações. Talvez elas devam ser mesmo desprezadas, pois escrevo-as rapidamente, com grande liberdade e colorido de expressão. Há ideologia nisso. Mas algumas coisas eu mantenho para todos os casos: o texto tem que ser legível, informativo, divertido, leve e ousado, sem dobrar-se aos elogios baratos. Todos os meus poros se revoltam contra o compadrio. Não me serve a troca vazia de adulações, o “tu és genial” que aguarda o retorno de um “tu és fabuloso”. Isso só se faz com o filho pequeno quando se deixa que ele nos ganhe no futebol ou com a filha para convencê-la de que é a mais linda. E mesmo assim não devemos exagerar.

Esta é a segunda ou terceira Associação que se forma em torno da Orquestra de Porto Alegre. Nunca elas deram certo. Mas acredito mesmo que um dia a Ospa será como outras (grandes) orquestras e terá uma Associação digna. Pode ser que seja dessa vez, por que não? Espero que a atual dê certo e que fique totalmente afastada de partidos e dos interesses de pessoas partidarizadas. O que importa é a instituição. Sem isso, a Associação será novamente estéril. Quem estiver ao lado da orquestra tem que estar tanto pronto a defendê-la do que a prejudique quanto disposto a apontar publicamente seus problemas. Ou ao menos para seus membros. Hoje, a Ospa detesta discutir problemas. Faz de conta que tudo vai bem.

E eu? Eu, meus caros missivistas, permanecerei como gosto e como sou — um melômano que quer a melhor Ospa possível. E que vai escrever de vez em quando sabendo que, um dia, aparecerão pessoas para tecer criticas e que estas serão ouvidas por gente mais consistente e consequente. Ou tudo vai ficar mais ou menos assim para pior.

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José Ivo Sartori, o homem da mudança

José Ivo Sartori, o homem da mudança
Sartori: problema com as roupas em casa
Sartori: problema com as roupas em casa (Foto: Ramiro Furquim / Sul21)

Mudança é a palavra mágica para qualquer marqueteiro político. Nove entre dez deles mandam seus candidatos dizerem que são agentes da mudança e Sartori repete isso como um mantra: estou aqui para mudar, eu represento a mudança. Ontem, eu vi o programa eleitoral do homem da mudança. Ele estava em família, sentado na sala da sua casa com a esposa deputada e os dois filhos que acabarão deputadinhos, é só esperar. O programa não podia ser menos político ou propositivo. A filha comentou que o pai era brincalhão, mas que quando ficava brabo, nossa senhora. Pensei em como aplicar tal fato no Palácio Piratini. O filho disse que a mãe sempre separava e arrumava a roupa de Sartori, mas que quando virou deputada, o pobre passou a ter que escolher ele mesmo o que vestiria. Então, em apuros, ele perguntava aos filhos se podia sair de casa assim ou assado. Olha, já li reportagens de Caras que eram mais palpitantes.

Dona Elsa garante (Foto: Ramiro Furquim/ Sul21)
Dona Elsa garante: o filho é bom (Foto: Ramiro Furquim/ Sul21)

Mas há mais: ontem, liguei o rádio e entrou uma dessas propagandas eleitorais gratuitas. Pasmo, ouvi a mãe de Sartori dizer que seu filho sempre foi bom e correto. Parecia a mãe de um trombadinha garantindo que “meu guri é bom, o problema são as companhias”. Vejam bem: um depoimento da própria mãe! Nunca antes ouvi nada mais imparcial… Fico triste que minha mãe não tenha gravado depoimentos a meu respeito. Ela garantiria para vocês a pérola de pessoa que sou, indubitavelmente.

Tal é o esvaziamento da discussão politica em nosso país… A cena da mala de papelón — entre Dona Elsa e o filho na propaganda da TV — com a qual Sartoni foi para o seminário mesmo sem vocação para padre, traz os lugares-comuns mais chatos da imigração italiana: povero, contadino, católico, nostálgico de suas raízes. Só o italiano tem saudades, só eles têm coração, só eles são bons, só eles são passionais, ai que saco.

Voltando ao político Sartori, outra particularidade sua é a fuga dos debates. Com receio da argumentação de Tarso Genro ou com medo de colocar fatos novos numa situação que o beneficia — pois ele lidera as pesquisas (se isso pode ser mesmo levado a sério) –, Sartorão desmarca e desmarca debates. Entre um e outro cancelamento, o gringuinho medroso apresenta poucas ideias, investindo na imagem bom moço, que tem como partido apenas o Rio Grande. Estranhamente para um peemedebista tão caseiro, Sartori procurou grudar seu nome nos protestos de junho de 2013. Afinal, os protestos queriam o quê? Ah, claro, eram um clamor por mudança, como você, um de meus sete leitores, certamente adivinhou. Só que Sartori tem tanta empatia com os fatos de junho de 2013 que dou risadas ao pensar em tê-lo a meu lado pelas ruas, naquele inverno quente. Além disso, seu partido, o PMDB, sempre foi reformista, um verdadeiro agente de mudanças, não?

(Engraçado, uma pessoa de minhas relações ficou apelidada de PMDB por sua fácil aderência seja a quem for. Ela não lê mais este blog, mas antes lia).

Para terminar, diria que seria maravilhoso se o Sartori propusesse a mudança de seus adversários para um lugar legal como o Uruguai. O RS está ficando monótono demais. Como viver com Fortunati na prefeitura e Sartori no Piratini? Melhor Montevidéu. Há um Café Brasilero na Avenida 18 de Julio, parada obrigatória.

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Estava 2 x 0 para o Grêmio, mas, estranhamente, acabou 4 x 0… para o Coritiba

Estava 2 x 0 para o Grêmio, mas, estranhamente, acabou 4 x 0… para o Coritiba

Via Fernando Guimarães.

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(Com belas fotos) Não pensem que tenho algo contra uma nova Biblioteca Pública, mas…

… penso que antes temos que reabrir nossa bela Biblioteca Pública da Riachuelo, sob pena de criarmos uma segunda Ospa, com sua sede sempre futura.

Clique para ampliar

Eu sei bem da situação da Cultura no RS, faço parte da diretoria da Amaospa (Associação de Amigos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) e nada do que está escrito no folder ao lado me é estranho. Também não vejo problema em planejar uma Biblioteca Pública maior, mas desconfio que estes longos 6 anos — há previsão de ficar fechada por mais dois, ou seja, toda uma geração passará sua  juventude sem conhecê-la — em que nossa Biblioteca Pública do Estado esteve fechada, fizeram com que as pessoas esquecessem um pouco de como ela era e de suas funções. E da urgência de sua reabertura. Ontem, Dia do Livro, houve uma caminhada desde o Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega, até a centenária BPE. Estavam convidados “os que torcem e defendem um novo prédio para os livros e a cultura”. Também foi criada uma Petição Pública que assinei: Eu também quero uma NOVA Biblioteca Pública pro RS, JÁ.

Mas, sabem, acho que há um problema de prioridades. Primeiro uma coisa e depois outra. Dentro do governo, os processos tem de ser acompanhados detidamente para que não parem em algum gabinete. Há que ter a sociedade e ao menos um bom deputado empurrando e cobrando. Abrir canais, ter foco e dar visibilidade é tudo. O documento acima diz-se desolado com a demoradíssima restauração da velha e querida Biblioteca, e não a descarta de modo algum, mas vai logo pedindo uma nova, uma que possa abrigar um acervo que tornou-se grande demais. Mas há um fato muito importante: uma biblioteca não é apenas um monte de livros organizados, uma biblioteca é um lugar de convivência e… Posso lembrá-los de como era a nossa?

Eu, por exemplo, fui centenas de vezes até a velha biblioteca, passei lá milhares de horas — não há nenhum exagero nesta afirmativa — e jamais retirei ou abri um livro de seu acervo. Ou seja, a BPE era utilizada de outra forma por mim. Eu ia lá para baixo e ficava na sala mais frequentada e uma das mais silenciosas, um local bonito com um jardim ao lado. Chamava-se Sala de Leitura ou algo análogo. Era onde podíamos entrar com nossos livros e pertences. Eu ia lá simplesmente estudar, ler jornais ou os livros que trouxera. Era tranquilo, era bom de ficar lá, era um ambiente de concentração, sofisticado, onde a gente tinha a impressão de absorver as coisas mais rapidamente. A maioria das pessoas lia os jornais disponíveis; outros faziam como eu, mudando de atividade a cada meia hora. Como ganho secundário, digo que era um bom lugar para conhecer pessoas, talvez namorar. As bibliotecas públicas,  meus amigos, são formadas por outras coisas além de livros: há cadeiras e mesas, idealmente há conforto e silêncio e, em nosso caso havia tudo isso e mais beleza. Atualmente, toda a biblioteca tem uma coisa barata e fundamental: wireless. Na minha época de BPE, não havia internet e a gente lia jornais. Hoje há coisa melhor e as pessoas frequentam as bibliotecas entre papéis e tablets ou notebooks. As pessoas falam muito no acervo, no acervo, no acervo hoje colocado num porão da Casa de Cultura Mario Quintana, mas este obsessivo leitor e amante dos livros que vos escreve, repete: uma biblioteca pública não é feita apenas de livros. O acervo é um material de pesquisa fundamental, é o que dá nome e justifica a instituição, mas, convenhamos, poderia ficar temporariamente organizado em outro local, como está hoje, até que o nova sede ficasse pronta. O grande acervo é o que impede a reabertura da velha BPE? Penso que não.

E o que também parece estar longe da memória das pessoas é que a BPE/RS possuía o Salão Mourisco, que era uma das melhores salas de concerto da cidade. Quantos concertos de música de câmara assisti no Mourisco nos finais de tarde? Por motivos bem diferentes, lembro especialmente de dois: um onde Marcello Guerchfeld e uma pianista (Cristina Capparelli?) interpretaram as duas Sonatas para Violino e Piano de Béla Bartók. A temperatura emocional da coisa foi tão alta que, ao aplaudir, olhei para o lado e vi que metade da minha fila tinha estado chorando. Eu? Desmilinguido, claro. Outra vez foi cômico. Meu pai tinha um daqueles chaveiros que respondiam a determinado tom. Isto é, quando ele queria encontrar suas chaves, largava um Si Menor e o troço apitava. E ele, inteiramente esquecido de seu chaveiro, foi ao concerto. Ora, cada vez que o pianista esbarrava na nota, a engenhoca berrava, glu, glu, glu, glu, glu (5x). A princípio olhamos para todos os lados a fim de descobrir quem era o imbecil que fazia aquilo. Quando meu pai se deu conta que era ele, levantou cuidadosamente, foi ao banheiro e fez submergir o chaveiro na privada. A BPE/RS era um local vivo.

Então, entre o ideal e o imediato, entre o quase-pronto e o projetão, desculpem, fico primeiramente com o imediato e quase-pronto. E aconselho: a pressão deve ser feita primeiro pela reabertura daquilo que é lindo e que nos foi roubado para só depois vir o projeto. Até parece que já estou ouvindo as respostas que a Ospa ouviu: “O que vocês querem não é factível. Onde seria a nova BPE? Vocês já têm local?”. E todo o périplo percorrido pela Ospa será percorrido pela BPE. Lembrem que a orquestra está há anos sem o Teatro da Ospa e sem a Sala Sinfônica. Então aconselho: nada de atropelar as coisas.

Abaixo, mostro para vocês algumas fotos tiradas por Ramiro Furquim para o Sul21 em 5 de maio de 2012. Hoje, ela não está mais cercada, mas, em compensação, a pintura já está lascada. Afinal, são anos de restauração… São quinze fotos para que vocês vejam o crime que é deixar a velha e querida BPE/RS fechada. Quem sabe uma pressão e petições para reabri-la o quanto antes, hein?

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Atea denuncia Colégio Estadual gaúcho que teria tornado obrigatório o ensino religioso

Foto: Divulgação

(Atualização das 19h25 de 19/03: a desmatrícula de Ensino Religioso foi finalmente autorizada, mas a diretora está ameaçando levar o garoto ao juiz para processá-lo, civil e criminalmente, por causa de uma gravação que ele teria feito. Não a ouvi, não procurei, nem quero que me mostrem).

A Associação de Ateus e Agnósticos do Brasil (Atea) enviou ofício ao Colégio Estadual Augusto Meyer, de Esteio (RS). A atitude deve-se ao fato de um aluno afirmar que o Ensino Religioso tornou-se disciplina obrigatória do currículo do Colégio. A denúncia partiu deste mesmo aluno do 1° grau, ateu, que informou que tanto a professora de Ensino Religioso, como a diretora e vice-diretora do Augusto Meyer, defenderam a obrigatoriedade da matéria.

A alegada obrigatoriedade do ensino religioso deu origem a incidente em uma dessas aulas, em que o aluno afirma que a professora riu dele por sua descrença, assim como os demais colegas, com a anuência dela, o que constituiria um caso de bullying.

A Constituição Federal tem como cláusula pétrea o Art. 5º, que estabelece que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.

De acordo com o artigo 210 da Constituição Federal e a lei de Diretrizes e Bases da educação, o Ensino Religioso não é obrigatório, mas de matrícula facultativa.

O documento abaixo foi entregue na secretaria da Escola pelo aluno. Curiosamente, a secretaria recusou-se a dar o visto de “Entregue” na cópia que ficou com o menino.

OFÍCIO n.002 – 2013

A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, entidade sem fins lucrativos sediada na cidade de São Paulo (SP) e registrada na Receita Federal (CNPJ) sob o número 10.480.171/0001-19, vem respeitosamente oficiar a sra. Nara Machado, diretora do Colégio Estadual Augusto Meyer, situado à R Rio Pardo, 1187, em Esteio (RS), tendo em vista o seguinte:

1. DOS FATOS

Informa-nos o adolescente X., ateu, regularmente matriculado na turma 104 do 1º ano do ensino médio do turno vespertino do dito estabelecimento desde o dia 07/03/2013, que a sua professora de Ensino Religioso, assim como a diretora e vice-diretora, alegam que o Ensino Religioso é disciplina obrigatória do currículo escolar que assim o obrigam a frequentar as aulas dessa disciplina

2. DO DIREITO

a) A Constituição Federal tem como cláusula pétrea o Art. 5º, que estabelece que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
b) O art. 3 da CF afirma que “constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil… IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
c) Em consonância com esse dispositivo, o ensino religioso estabelecido no § 1º do art. 210 da Constituição Federal se estabelece da seguinte maneira:
O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
d) A lei de Diretrizes e Bases da educação (Lei Nº 9.394, de 20/12/1996) repete e reforça a CF, lendo-se
“O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão”

e) um dos reflexos do princípio constitucional da igualdade é o princípio da impessoalidade da administração pública, expresso no art. 37 da Constituição Federal, que assegura que a neutralidade tem que prevalecer em todos os comportamentos da administração pública e veda a adoção de comportamento administrativo motivado pelo partidarismo. Custeada com dinheiro público, a atividade da Administração Pública jamais poderá ser apropriada, para quaisquer fins, por aquele que, em decorrência do exercício funcional, se viu na condição de executá-la. Cabe aos servidores públicos, portanto, informar a população de maneira correta a respeito da legislação vigente, sob pena de incorrerem em falta administrativa grave, além de violarem direitos fundamentais dos alunos e de seus pais.

f) Ainda que a maioria dos pais, alunos e/ou professores se identifique e esteja de acordo com a obrigatoriedade do ensino religioso, a lei não lhes faculta criar uma obrigação como se da lei viesse. Os direitos fundamentais são indisponíveis e portanto não estão sujeitos a voto.

3. DO PEDIDO

a) A alegada obrigatoriedade do ensino religioso deu origem a incidente que reputamos grave durante uma dessas aulas, em que o citado aluno alega que a professora riu dele por sua descrença, assim como os demais colegas, com anuência dela – o que constitui claro caso de bullying, envolvendo comportamentos extremamente inapropriados de alunos e de uma professora, o que em tese pode até configurar ilícito penal. A cessação da alegação de obrigatoriedade fará com que eventos desse tipo não mais se repitam com os alunos atuais ou futuros.
b) Caso a diretoria continue impedindo a desmatrícula do citado aluno, ou de qualquer outro, da disciplina de ensino religioso ao fim do prazo de 5 dias úteis a partir do recebimento desta, isso implicará nas medidas administrativas e judiciais cabíveis junto à Secretaria de Educação, ao Conselho Tutelar e ao Ministério Público Estadual para garantir os direitos constitucionais dos alunos da instituição.
c) Para atestar a conformidade da instituição com a lei e informar corretamente os cidadãos, o colégio deve entregar uma circular a cada um dos alunos regularmente matriculados, e afixar uma cópia dela nos murais de cada uma das salas de aula, em que conste claramente que, segundo o art. 210 da Constituição Federal e a lei de Diretrizes e Bases da educação (Lei Nº 9.394, de 20/12/1996), o Ensino Religioso não é obrigatório, mas de matrícula facultativa, e que portanto a diretoria receberá e prontamente aprovará todos os pedidos de desmatrícula de Ensino Religioso dos interessados, nos termos da lei.
d) E para que fique plenamente documentada a posição da instituição, o colégio deve enviar uma cópia da circular e fotos dos avisos afixados nos murais do colégio através do email da Atea ([email protected]).

São Paulo, 18 de março de 2013

Daniel Sottomaior
Presidente
Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos

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Um comentário sobre os fatos ocorridos em Santa Maria

É difícil imaginar um cenário mais terrível do que o da Boate Kiss, de Santa Maria, na madrugada de ontem. O local pode receber até 2000 pessoas — lotação só alcançada em sua inauguração — e apresenta bandas e música eletrônica. Ontem, estavam programadas várias bandas e o preço era de R$ 15, o que atrai a presença de muitos  jovens.

Como em todas as tragédias, há participação e culpa de muita gente. Segundo depoimentos que ouço desde a manhã de hoje, tudo começou com o show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira, coisa rotineira em seus espetáculos. Aqui está o primeiro erro: (1) um show pirotécnico em ambiente fechado e altamente inflamável.

Uma fagulha teria alcançado a espuma de isolamento acústico da boate que estava sobre a banda. Era um fogo de nada e, sempre segundo vários depoimentos, um dos vocalistas da banda tentou jogar um copo de água no princípio de incêndio. Como não deu certo, ele pegou o extintor de incêndio, (2) estava vencido, descarregado. O fogo se alastrou e (3) ficou tudo escuro. Caiu a luz da boate. Todos nós sabemos que existem luzes de emergência cujas baterias são carregadas quando há energia e que ligam automaticamente quando há falta de luz. Onde estavam? Tenho uma no banheiro de casa e não tenho fantasias com incêndios, apenas acho legal enxergar quando falta luz.

O que ocorreu depois foi infernal. No escuro, assustados e desorientados, os jovens procuraram a saída. No prédio há 4 saídas, mas (4) apenas uma estava aberta e servia também de entrada. Era um corredor. Às cegas, muitos encontraram portas para fugir e morreram em banheiros. Outros encontraram a verdadeira saída e (5) foram impedidos de sair pelos seguranças. Mesmo com a falta de luz, eles queriam ver as comandas pagas. Depois, sentiram o cheiro forte da fumaça e liberaram a saída. (Eu odeio autoridades, ainda mais quando são falsas).

Um médico entrevistado pela Band, disse que, nestas circunstâncias, qualquer ser humano perde a consciência e morre em aproximadamente 3 minutos. Então, tudo tinha que ser muito rápido, as pessoas deviam estar sentindo o perigo e muitos caminharam uns sobre os outros no escuro, tropeçando em busca de ar.

(6) O Plano de Prevenção de Incêndios de boate Kiss estava vencido, o estabelecimento pedira a renovação, mas (7) estava liberado para funcionar até nova perícia. Lembro que, faz dez anos, houve um caso assim em Buenos Aires e o prefeito recebeu um merecido impeachment. A atuação de Cézar Schirmer no episódio é digna exatamente disso. Só punições deste calibre — foram 232 mortes, certo? — fará com que as autoridades concluam que alvarás, licenças, saídas amplas e planos de contingência são coisas sérias. Depois, vamos ao dono da boate, para chegar até a banda e seus fogos em ambiente fechado.

Todos os meus amigos da região de Santa Maria — a maioria deles é muito jovem — estão bem. Fico embargado ao pensar que é pura casualidade. São universitários que poderiam estar lá dançando e bebendo como qualquer pessoa da sua idade. Um deles, cuja família é de Ijuí, foi dormir e deixou o celular sem som. Quando acordou, havia umas 40 ligações não atendidas. Esta é uma cena de final feliz, mas há outras como esta: a de celulares tocando sem parar no IML sem os funcionários saberem como agir.

Agora, apenas punir é muito bonito. Há que punir e trabalhar na fiscalização. E, enquanto tudo não estiver OK, tem que fechar — e não abrir temporariamente. Afinal, como disse, o meu amigo Eugênio Neves no Facebook, chega de “cultuar a fatalidade”.

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O Inter joga a pré-Libertadores, o Grêmio, a primeira fase

O estranho é que o mata-mata jogado pelo Inter em 2012 é o mesmo que o Grêmio jogará no início de 2013. São tratamentos diversos para exatamente a mesma coisa.

Um abraço.

Com a colaboração de Fernando Guimarães.

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O Remendão sobre sobras

Eu e o Igor somos coeditores do Sul21. Temos a característica de concordar em quase tudo. Isso é maravilhoso, pois evita brigas, estresse, etc. Também moramos na Zona Sul, mais ou menos perto um do outro, e nosso ônibus vai para o centro da cidade passando pelo Beira-Rio, o qual é observado com expectativa por mim e com prazer por ele. Porque não há mais Beira-Rio e porque numa coisa discordamos — ele é gremista e eu colorado. Quando a gente passa pela Padre Cacique, o que se vê é uma casca com o anel superior completo e com algumas partes do inferior. E só. Tantas paredes foram derrubadas que a gente consegue ver da rua não apenas o outro lado do estádio, mas o rio, ou lago, através do túneis de acesso e do vazio de alguns paredões. Além disso, não há gramado.

Nos últimos dias, eu, que achava até simpático o termo Remendão inventado pelos gremistas, passei a achá-lo inadequado. Remendo é um pedaço de pano que se costura sobre uma base rota. Uma base. Aquilo que está lá nem é uma base, tanto que a cobertura terá fundações próprias. Não será um Remendão, será um estádio construído sobre as sobras do tal anel superior e as rampas. Acho que até teria sido mais produtiva uma implosão. Só que haveria a resistência dos nostálgicos, que acham que as pedras do Beira-Rio lembram de Figueroa e do gol de Tinga no São Paulo.

Ah, estou exagerando? Então vai lá e olha! Ontem, fui comprar um presente na loja do estádio. Cheguei ao Beira-Rio às 18h. Sabem o que me disseram? Que a construtura pedira que a loja fechasse às 16h para evitar o trânsito de pessoas. Voltando ao termo Remendão, aquilo que vi não é uma obra de arte que mereça o nome de Restauro, por exemplo. Merece um nome mais chinelão. Desta forma, não sei que nome sugerir, só sei que está horrível.

Foto do gremista @FTarganski

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Manifesto em Defesa do Barulho das Crianças

Crianças não causam poluição sonora

Enviado por um de nossos sete leitores, que assina apenas Evandro. Aliás, como disse nos comentários ao post sobre a atitude intempestiva de Cíntia Moscovich, os carros são MESMO a maior fonte de ruído.

A propósito, clique antes aqui.

O Grupo de Pesquisa Identidade e Território (GPIT), ligado à Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vem por meio deste manifestar a preocupação de seus pesquisadores no campo do Planejamento Urbano e Regional com a recente decisão do desembargador Carlos Marchionatti, motivada por ação de uma escritora, que alegou prejuízo profissional de atividades realizadas em sua residência em função do ruído produzido por crianças de 18 meses a seis anos de idade, no pátio de uma escola vizinha, localizada no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A decisão, vencida em primeiro grau e confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), coloca algumas questões importantes e urgentes sobre as quais a sociedade brasileira precisa refletir.

Nos estudos urbanos ainda carecemos de maior volume de investigações a respeito das relações entre sons e cidade, no entanto o tema tem estado presente em trabalhos acadêmicos em todo o mundo, inclusive os realizados e debatidos no interior do GPIT. Não temos dúvidas sobre a importância dos sons como delimitadores de territorializações na experiência espacial, especialmente no espaço urbano. Sirenes, badalar de sinos, vozerio das multidões ou saudosos sons dos vendedores de jornais e afiadores de faca não apenas situam um tempo-espaço como também acabam por expressar ou mesmo regular a convivência. Locus da modernidade, o urbano é o lugar de encontro das diferenças e de convívio com imagens sonoras, as mais diversas. Viver em cidade é acolher a diversidade e experimentar a diferença. Escolas são importantes equipamentos urbanos que articulam a vida dos bairros, orientando inclusive a escolha da moradia por famílias que desejam viver em proximidade com esses espaços. Do ponto de vista da legislação urbana, inclusive não há impedimento de atividades escolares no Moinhos de Vento e, por princípio, escolas devem estar situadas em áreas de alta densidade.

Entendemos que a decisão da Justiça do Rio Grande do Sul pode estimular a intolerância, ao invés de promover soluções apaziguadoras, como a adoção de tecnologias de conforto acústico e uma série de outros recursos e medidas que minimizem a propagação sonora tanto na escola quanto na residência. A mediação de conflitos neste campo não pode mais se dar apenas baseando-se na medição física do fenômeno acústico, dada a importância social de muitas das atividades que se configuram como fontes emissoras. Estudos apontam que o tráfego automotor, por exemplo, é responsável pela maior parte do que é considerado poluição sonora em nossas cidades hoje, levando inclusive a transtornos psíquicos, mas não se tem apontado para a proibição da circulação de automóveis como solução desse problema. No caso dos espaços reservados à vivência das crianças em nossas cidades, o que propomos aqui não é que se deixe de observar os direitos que assistem o cidadão, mas que possamos pensar e colocar em prática alternativas que não se traduzam no distanciamento – ou silenciamento – de grupos ou sujeitos, pois é exatamente o relacionamento entre eles que fortalece a civilidade.


Grupo de Pesquisa Identidade e Território – GPIT/CNPq
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
www.ufrgs.br/gpit

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Escritora entra na justiça contra escola maternal barulhenta e vence

Cíntia Moscovich: enfim, silêncio

Há quatro anos, a escritora Cíntia Moscovich, que reside em Porto Alegre na Rua Marquês do Pombal, entrou na Justiça contra a escolinha do Grêmio Náutico União. Esta teria o pátio muito próximo de suas janelas e atrapalharia seu processo criativo. Afinal, eram 60 crianças brincando diariamente. O primeiro fato que me surpreende, antes mesmo de comentar a decisão da Justa, é que Cíntia é casada e mora com o também escritor Luiz Paulo Faccioli. Por que os dois não entraram juntos nessa furada? Pô, Luiz Paulo, que falta de solidariedade! Bem, estou brincando, cada casal é de um jeito. Conheço e gosto do casal, apesar não concordar em nada com a ação ganha. Pois é, de fato a escritora venceu e as crianças não podem mais sair para o pátio, a não ser que sejam antes caladas. Se alguém der o primo canto, pronto, a escola terá que pagar R$ 5 mil de multa.

O fato inusitado deu à escritora uma celebridade nunca antes fruída por ela — toda a cidade e todo o Facebook só fala disso. Nunca li um livro de Cíntia, apenas suas colunas, e acho que ela tem o direito de trabalhar em silêncio dentro de sua casa. A minha opinião é torta e a Justiça não gosta de complexidade: se o barulho fosse gerado por um maluco com um rádio tocando música perecível, este seria digno de um processo, mas 60 (sessenta) crianças não. Cíntia não apenas escreve como também dá aulas em casa. Mais um motivo para diminuir as interferências da rua com o isolamento acústico. Por que a escritora não optou pelo isolamento acústico e um ar condicionado? Custa certamente menos do que contratar um advogado.

Numa entrevista concedida por Cíntia, ela dizia que absorvia “mais a interferência do cotidiano doméstico, fracionando sua atenção entre os sons que vêm do pátio, da rua e dos bichos, e estava produzido melhor de madrugada”. Agora, trabalhará de dia.

A opinião de Cíntia é a opinião de Cíntia, o problema maior é a Justiça ter embarcado na insistência dela. Lembro de quando era estudante e achava que tinha que me livrar dos sons da vida para conseguir aprender alguma coisa. Olha, foi a melhor das épocas. Eu ia para a Biblioteca Pública. OK, OK, isso sou eu. Se fosse a Cíntia, um tratamento acústico me bastaria. Pois, pensemos, a escola terá de fechar por causa da profissão e das exigências da escritora? E as crianças? É uma questão numérica: 60 x 1 ou 60 x 2 com o Luiz Paulo. Mas a Justiça é burra como uma anta. Os caras foram lá, mediram o barulho e disseram que estava acima do permitido. Só que não era um motor, uma festa, o DOPS ou um rádio, eram crianças.

Se um dia eu for atropelado, vou lembrar de não gritar. Tenho Unimed, mas não R$ 5 mil disponíveis. Vou dizer um ai bem baixinho e pedir ajuda educadamente.

Ah, — lembra um amigo — Proust fez isolamento acústico. E era Marcel Proust.

E volto para minhas férias.

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A escritora Cíntia Moscovich publicou na tarde de hoje um comentário sobre a ação que moveu (e venceu em duas instâncias) contra o Grêmio Náutico União.

Leiam o que a escritora publicou:

“Vamos aos fatos: a escola União Criança costumava estar localizada dentro do clube, em um espaço amplo, bem diferente do espaço em que se encontra hoje. A mudança ocorreu porque o clube resolveu construir um estacionamento onde antes ficava a escola. Estacionamentos são um negócio bem mais rentável que a educação. Todos sabem disso. No fim das contas, a escola foi transferida para uma casinha na Rua Marquês do Herval. De um lado dessa casinha mora a vizinha que entrou na justiça e que acabou sendo tratada como vilã da história, mesmo sem ser. Do outro lado, moro eu e minha família há 25 anos. A janela do meu quarto, aliás, dá exatamente para o pátio da escola. Estão dizendo por aí que o processo todo é um absurdo, que representa a vontade de uma pessoa contra a vontade de todos. Vontade de todos? Peraí! Quer dizer que a vizinhança do Grêmio Náutico União não faz parte desse todo? Desde que moro aqui (minha vida inteira!) o ruído oriundo do clube sempre foi um pé no saco. E tenho certeza de que não falo só por mim. Tanto que existe outro processo, movido por outros vizinhos, que reclamam justamente do barulho descomunal gerado pelo clube. Barulho esse que, diga-se de passagem, não tem dia nem hora pra acontecer, já que a sede Moinhos de Vento é “pioneira no oferecimento de serviços 24 horas”.

Mas voltemos à escola: se o barulho já era ruim antes, ficou ainda pior. Na realidade, o volume de emissão sonora da escola é cinco vezes superior ao permitido por Lei. Isso foi atestado por perícia realizada a mando do TJ. Se é natural que crianças façam barulho, não é natural – muito menos saudável – que alguém esteja sujeito a esse barulho doze horas por dia. Imagina que tu quer falar ao telefone quando vinte crianças estão no pátio. Não dá. Agora imagina que tu quer ler. Também não dá. Imagina que tu quer estudar. Desiste, chapa. Agora imagina que tu depende justamente disso tudo pra sobreviver. Imagina que teu sustento está baseado em algum tipo de atividade que exige o mínimo de concentração. Esse é o caso da vizinha que moveu o processo, e esse é também o meu caso. Nos últimos cinco anos, tenho sido obrigado a ajustar a minha rotina à rotina da escola. Nesse tempo, compartilhei minha frustração com muita gente. É triste não conseguir fazer o que se tem vontade dentro da própria casa. Se alguém duvida que a situação seja essa, as portas estão abertas. Empresto o quarto pra quem quiser trabalhar uma tarde aqui. Se conseguir fazê-lo, ganha um doce. Salvem a União Criança, sim, mas salvem-na da negligência da administração do clube. E vamos ser mais criteriosos pra não difundir bobagens por aqui.”

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Ospa faz 62 anos e ainda é uma senhora difícil

Pablo Komlos: Diz quem foi que fez o primeiro teto / Que o projeto não desmoronou / Quem foi esse pedreiro esse arquiteto /E o valente primeiro morador

O primeiro concerto da Ospa ocorreu em 23 de novembro de 1950. A regência foi de seu primeiro maestro e diretor artístico, Pablo Komlós, e a orquestra interpretou obras de Weber, Mendelssohn, Berlioz e Beethoven. O gran finale veio com a Sinfonia Nº 3, Eroica. Deve ter sido uma noite e tanto e eu, sinceramente, não quero que seja verdade o fato de que a primeira obra executada tenha sido de autoria de Weber. Acho que isso machucaria a maioria dos admiradores da orquestra. Em função deste temor, encerro aqui o processo de pesquisas para este texto.

Aos 62 anos, esta senhora permanece sem teto ou, melhor dizendo, é jogada de um local para outro, como se costuma fazer com as vilas e a cultura em nosso estado. No início de 2013, nossa Ospa mudará novamente de ponto, ops, desculpem, de local de ensaios. Parece que sairá do cais do porto onde os integrantes da orquestra tiravam belas fotos de barcos e lagartos para o CAFF (Centro Administrativo Fernando Ferrari). Este seria seu penúltimo lugar de moradia, pois o Teatro da Ospa deve ficar pronto em 2014.

(Nas línguas eslavas, Ospa significa varíola; ignoro se estas mudanças de local são devidas a algum gênero de quarentena).

O que é notável é como esta sexagenária, mesmo sem moradia fixa e ainda negociando seu quadro — onde tenta reorganizar a instituição e colocar seus membros nas posições corretas através de concursos específicos — está bonita, com bom desempenho e, pasmem, é muito cortejada. Por exemplo, há alguns meses um grupo de melômanos quixotescos procura criar uma Associação de Amigos da dita cuja e, olha, como é complicado marcar reuniões! Já somos 3.082 admiradores e ninguém obteve ainda tocar na senhora. Céus, é muita pudicícia para quem é tão boa no palco.

Parece que segunda-feira haverá finalmente uma reunião. Está marcada. Serão 3.082 admiradores se pavoneando para a senhora de 62 anos. Esperamos alguma abertura.

De resto, parabéns a esta grande orquestra, a seus músicos e até a sua diretoria, que um dia irá render-se ao encanto de seus fãs!

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A migração dos cinemas de Porto Alegre (Final)

Finalizamos aqui nossas visitas aos antigos cinemas de Porto Alegre. Não obtivemos todas as fotos necessárias para se façam as comparações entre o então e o agora de cada endereço, mas acreditamos ter feito um bom levantamento acerca da situação daqueles prédios, alguns deles derrubados, outros reformados, reaproveitados ou abandonados.

Sabemos que faltaram algumas salas. O principal motivo é que não encontramos registros fotográficos de alguns cinemas. Em outros casos, havia dúvidas até acerca de seus endereços.

Como curiosidade, vale informar que, para a edição de hoje, nosso fotógrafo estagiário, Bernardo Ribeiro, percorreu, de cinema fantasma em cinema fantasma, exatos 41,5 Km em sua bicicleta.

Leia e veja mais:

— A migração dos cinemas de Porto Alegre (Parte 1 – Centro)
— A migração dos cinemas de Porto Alegre (Parte 2 – alguns bairros)

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O cinema Marrocos ficava na Av. Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus, quase esquina com José de Alencar.

Verdadeiramente imenso, azul e absolutamente frio durante o inverno, foi inaugurado em 26 de setembro de 1953. Fechou em 30 de junho de 1994.

Hoje é uma garagem, como vemos abaixo, na foto de nosso leitor Fernando Guimarães.

Além da garagem, há uma farmácia, pequenas lojas e, sobre o velho cinema, um restaurante.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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O Coliseu é de 1915 e ficava na Av. Voluntários da Pátria, esquina com a Pinto Bandeira, junto à Praça Osvaldo Cruz.

Esse prédio lindíssimo era um cinema para 3000 lugares

Hoje abriga a loja Du Pé, além de outras casas e salas comerciais.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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Em 24 de junho de 1914 surgiu o Colombo, na Av. Cristóvão Colombo, nº 1370.

Nada mais resta dele.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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Em 1952, foi aberto cinema Miramar na rua Aparício Borges, nº 2730, quase esquina com av. Bento Gonçalves, bairro Partenon.

O Miramar em 1978
O Miramar em 1978

 Hoje é uma loja da Piccadilly.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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Em 16 de dezembro de 1957, é inaugurado o Pirajá, na Av. Bento Gonçalves. Fomos informados que ficava na  esquina com a rua Teixeira de Freitas, no bairro Partenon e que lá haveria hoje uma loja de ferragens.

Observando a foto abaixo, concluímos que o prédio não ficava exatamente na esquina, mas era o segundo. Aquele cuja foto abaixo só mostra parcialmente, à esquerda. Durante a semana substituiremos a foto.

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O cinema Rey abriu em 26 de junho de 1954, na av. Assis Brasil, nº 1894, na Volta do Guerino, bairro Passo D’Areia.

O cinema deixou de funcionar em agosto de 1980. No seu lugar foi construída a loja Empo.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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O cinema Teresópolis é de 1953. Ficava na Av. Teresópolis, 3235.

Em seu lugar, hoje há uma agência da Caixa Econômica Federal.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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Mesmo depois de muitas tentativas, não conseguimos fotos do valente, artístico e sofisticado Palermo, sala do centro da cidade, na Av. Sete de Setembro.  O cinema é de 1953 e não sabemos quando foi fechado. Hoje, temos em seu lugar a Garagem Ceres.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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O Mônaco foi efêmero. Iniciou suas atividades em 1958 com Corações em Angústia e fechou em 1960. Não encontramos imagens antigas do Mônaco.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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O Brasil era de 1943 e não há fotos suas. Ficava na Av. Bento Gonçalves, 1960, esquina Cel. Vilagran Cabrita, no Partenon.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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O brioso e duradouro Gioconda permaneceu em atividade entre os anos de 1925 e 1972. Abriu com o pouco comercial nome do bairro: era o Cine Tristeza. Ganhou o nome da obra de da Vinci em 1934. Ficava nas proximidades da rua Armando Barbedo. Inclusive há ali uma rua chamada “Beco do Cinema Gioconda”.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

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Finalizamos com o pequeno Tamoio. Nasceu em 1957 no número 2129 da Av. Cavalhada. Casa para 600 lugares, hoje abriga os vazios e as picanhas da boa Churrascaria Kasarão”. Quem entra na churrascaria, logo nota o cinema que ali havia.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul21

Os atuais donos projetam imagens de TV na antiga tela.

Foto: Milton Ribeiro / Sul21

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A migração dos cinemas de Porto Alegre (Parte 2 – alguns bairros)

No dia 27 de maio, há pouco mais de uma semana, publicamos A migração dos cinemas de Porto Alegre (Parte 1 – Centro). Ali, explicávamos que não houve o fim dos cinemas, mas uma migração deles em direção aos shoppings, Casas de Cultura, Sindicatos, etc. Tanto foi assim que o ano de 2011 marcou um novo recorde de vendas de ingressos.

Repetimos aqui que pretendemos fazer uma matéria apocalíptica, mas que um pouco de nostalgia é inevitável. Afinal, estamos mostrando como estão hoje alguns locais onde antes havia cinemas. Nossa coleção de cinemas do Centro da cidade revelou-se incompleta e nesta Parte 2 não esgotaremos os cinemas de bairro.

As fotos antigas foram retiradas de diversos, sites, blogs e do Facebook. Normalmente não são informados os autores destas fotos.

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O lento ocaso do Astor é das coisas mais tristes para a paisagem de nossa cidade. Localizado na Avenida Benjamin Constant, 1891, bairro Floresta, foi inaugurado em 6 de outubro de 1923. Abaixo, seu aspecto nos anos 20, em foto retirada daqui.

Foi reformado em 1963,  ganhando o nome de Astor. A sala de 1.395 lugares fechou em 1994, década da foto abaixo.

Em 2007, o fotógrafo Diego de Leão Pufal fez belas fotos do que sobrou de sua fachada.

Hoje, o Astor é um estacionamento.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Logo adiante, ainda na Benjamim, no nº 1773, temos o Presidente. Ele foi inaugurado em 15 de novembro de 1958 pelo filme A Mais Bela Mulher do Mundo, com Gina Lollobrigida.

Atualmente abriga o Centro de Avivamento para as Nações, uma igreja evangélica. Não é primeira igreja a alugar o prédio do velho Cine Teatro.

Foto:Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Em 1928, foi aberto o Rosário, Av. Benjamin Constant,  nº 305.

Este velho cinema de 1.180 lugares foi simplesmente pulverizado.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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No bairro Floresta, havia o Cine Theatro Ypiranga. Ficava na Cristóvão Colombo, 772. A sala tinha 1.159 cadeiras.

Transformou-se em garagem.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Um importante cinema de Porto Alegre era o Vogue. A primeira sessão foi O Velho e o Mar, em 1º de agosto de 1959. Ficava na Av. Independência, nº 640 , no bairro Independência. Nos anos 70, mudou de nome para Cinema 1 – Sala Vogue. Durante anos, esta foi a sala dos filmes de arte em Porto Alegre. A foto abaixo, que anuncia  O Gato, de Julien Bouin, é de 1971.

A foto abaixo, do filme Fanny e Alexandre, de Ingmar Bergman, é de 1982. Aqui, ele já é o Cinema 1.

Hoje, em lugar de Bergman, é um buffet livre / buffet kilo.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Se o Vogue era cult, o que dizer da dupla Baltimore e Bristol? Os pranteados Baltimore e Bristol ficavam na Av. Osvaldo Aranha, nos números 1048 e 1058. O Baltimore nasceu em 3 de setembro de 1931. Em 1970, foi inaugurado o Mini Baltimore, no piso superior. Esta sala passou a se chamar Cine Bristol em 1º de maio de 1975.

A foto mais embaixo mostra a platéia do Baltimore e foi publicada na Revista do Globo em fevereiro de 1950.

Depois, a enorme sala do Baltimore, foi dividida em três cinemas menores. O Bristol permaneceu. As lotações das 4 salas de cinema eram: Baltimore 1, seiscentos lugares; Baltimore 2, duzentos e sessenta e quatro lugares; Baltimore 3, ex-Bristol, cento e oitenta e quatro lugares e Baltimore 4, com cento e trinta e oito lugares. Em 2000, a última sala de cinema deixou de funcionar.

No inicio de 2003, o prédio foi demolido, ficando apenas a fachada. A foto abaixo é de maio de 2003 quando restava apenas a fachada do prédio; essa fachada acabou desabando no Natal do mesmo ano.

No local será construído centro comercial com dezesseis andares que ocupará toda a extensão do Baltimore e do não menos lendário Bar do João. Tanto o cinema quanto o bar representaram, por muito tempo, a cena cultural não apenas do Bom Fim, mas de boa parte dos porto-alegrenses. Hoje é um canteiro de obras.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Ah, as matinês do velho Rio Branco da Av. Protásio Alves.

Todas as famílias levavam seus filhos para ver filmes de entretenimento aos sábados, domingos e feriados à tarde. À noite, a coisa mudava.

Hoje, o Rio Branco é mais um dos pulverizados.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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É uma dificuldade conseguir fotos do grande, enorme Cinema Coral na 24 de outubro.

As fotos encontradas já são de sua decadência.

Hoje, o velho cinema é um Centro de Eventos.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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O Avenida é muito antigo. Foi inaugurado como América em 1923. Porém, uma ventania ocorrida durante uma exibição do filme mudo O Barqueiro do Volga (1926) deixou a sala bastante danificada, além de um morto e 5 feridos. Provavelmente, a foto abaixo retrate o prédio do cinema após a ventania, pois vê-se que há peças de madeira sustentando as paredes. O novo prédio do Cine Avenida foi inaugurado em 6 de junho de 1929.

O preferido da elite porto-alegrense anunciava suas atracções no jornal.

E hoje, após ter se dividido em Avenida 1 e 2 e de passar um período como bingo, procura compradores.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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O velho ABC parecia o modelo para o túnel do seriado O  Túnel do Tempo. Tanto que seu melhor lugar era na primeira fila. No início, era chamado cinema Garibaldi. Foi inaugurado no dia 8 de dezembro de 1914 na rua Venâncio Aires, nº 77, bairro Cidade Baixa. Foi reinaugurado em 1º de janeiro de 1969 com o nome de ABC. Fechou definitivamente suas portas no dia 10 de julho de 1994.

Hoje, é uma galeria de lojas.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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O cinema Castelo, na av. Azenha, nº 666, no bairro Azenha, foi inaugurado no dia 27 de abril de 1939. Funcionou por cerca de 40 anos, fechando em 1979. Era um imenso cinema. Teve dias gloriosos ao sediar os eventos e programas da Rádio Farroupilha. Destaque absoluto para shows de uma jovem cantora: Elis Regina. Depois, por mais de duas décadas, passou somente filmes B.

O prédio pintado e adornado pela parada de ônibus no meio da Azenha.

Hoje, há um prédio de apartamentos no local.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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A casa abaixo foi destruída para dar lugar ao cinema Roma, inaugurado em 24 de setembro de 1960. Não encontramos fotos desta época.

Hoje está fechado, disponível para aluguel ou venda.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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O dia 6 de setembro de 1948 marcou a inauguração do cinema Ritz, na Av. Protásio Alves, nº 2557, no bairro Petrópolis. O Ritz fechou em1994 e o prédio foi demolido em 2002…

… dando lugar a um edifício sem maior personalidade.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Em 11 de setembro de 1960, tivemos a inauguração do cinema Atlas em um prédio localizado na esquina da av. Protásio Alves e rua Alcides Cruz, no bairro Petrópolis. A foto abaixo mostra a esquina em julho de 1997.

O Atlas era muito bonito por dentro, com escadarias que levavam ao mezanino.

É mais um cinema que foi substituído por um edifício.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

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Utilizamos várias fontes, as principais estão listadas abaixo:

http://cinemasportoalegre.blogspot.com.br/
http://www.carlosadib.com.br/poa_fatos.html
http://lealevalerosa.blogspot.com.br/2010/05/outros-angulos-de-porto-alegre.html
http://ronaldofotografia.blogspot.com.br/

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