Atrás do balcão da Bamboletras (XXXVIII)

Entra um senhor de sandálias com um carregado sotaque alemão e pergunta se temos O Continente, de Erico Verissimo. Disse que tinha vindo à Bamboletras por recomendação de um amigo. Ele nos conta que encontrou o livro há muitos anos em seu país e que agora quer ler o original, de tanto que gostou. Abre a mochila, pega um paralelepípedo bem protegido por papel pardo, e nos mostra a edição alemã de 1955. Diz que jamais foi reeditado por lá. É impressionante, até porque a terceira parte de O Tempo e o Vento saiu só em 1962 — O Continente é de 49. O problema foi explicar a ele que as editoras transformaram o livro em dois volumes no Brasil. Examinei seu exemplar: uma coisa linda e, sim, tinha O Continente completo. Os dois volumes em português já estão na sua mochila, ao lado da relíquia.

O sorriso dele ao folhear os livros compensa tudo o que a livraria está passando nesta pandemia.

Os livros mais vendidos em março na Livraria Bamboletras

Os livros mais vendidos em março na Livraria Bamboletras

Como de costume, segue a lista dos mais vendidos do mês de março na Livraria Bamboletras. Alguns títulos seguem na lista, mas o mês passado trouxe novidades!

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia)
2. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
3. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
4. As Inseparáveis, de Simone de Beauvoir (Record)
5. Marrom e Amarelo, de Paulo Scott (Alfaguara)
6. O ar que me falta, de Luiz Schwarcz (Companhia das Letras)
7. E fomos ser gauche na vida, de Lelei Teixeira (Pubblicato)
8. D’ale: Meus sonhos, meu futebol, minha vida, meu legado, de Diego Borinsky (Sulina)
9. A Estrangeira, de Claudia Durastanti (Todavia)
10. A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante (Intrínseca)

É claro que temos todos! É só entrar em contato ou vir até nossa porta!

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Atrás do Balcão da Bamboletras (XXXVI)

Atrás do Balcão da Bamboletras (XXXVI)

Acaba de acontecer algo muito inusitado. Ontem à tarde, fomos levar um “De cu pra Lua”, ótimo livro do Nelson Motta, ali no Menino Deus.

A compra tinha sido feita por um homem. O ciclista chegou ao local, abriram-lhe a porta e ele disse para Beltrana que queria fazer uma entrega para Fulano do ap. 103. Beltrana perguntou o que era.

— Um livro que ele comprou.

— Ah, sim. Deixa eu ver. Está pago?

— Não, está escrito aqui que ele vai pagar em dinheiro.

Ela examinou com atenção o volume e perguntou o preço. Pagou e nosso ciclista retornou com o dinheiro.

Agora de manhã, Fulano nos liga indignado. Cadê o livro, pô? Me dá a maior mijada e eu tranquilo, pois o livro tinha sido entregue.

— Entregue pra quem?

Consulto o ciclista e respondo.

— Para uma moça. Não sabemos o nome.

— Mas eu não conheço ninguém no prédio! E todos os porteiros são homens!

— Bem, ela até pagou…

Fulano cai na risada.

— Acho que consegui uma venda pra vocês, mas, por favor, podem me trazer outro “De cu pra Lua”? Venham até a minha porta. Sou um cara alto, 1,90m, grisalho, uso óculos…

Já mandei. Espero que chegue.

Lista dos livros mais vendidos na Livraria Bamboletras em janeiro de 2021

Lista dos livros mais vendidos na Livraria Bamboletras em janeiro de 2021

1. Os Supridores, de José Falero.
2. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior.
3. E fomos ser gauche na vida, de Lelei Teixeira.
4. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório.
5. Máscaras da Tricolina — sim, máscaras para a pandemia.
6. Mulheres de Minha Alma, de Isabel Allende.
7. A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante.
8. Contra mim, de Valter Hugo Mãe.
9. Porto Alegre, Cidade Baixa: um bairro que contém seu passado, de Renato Menegotto.
10. República das Milícias, de Bruno Paes Manso.
11. Marrom e Amarelo, de Paulo Scott.

Que orgulho! Só tem livro bom aí!

Atrás do Balcão da Bamboletras (XXX)

Atrás do Balcão da Bamboletras (XXX)

Ganhamos do Correio do Povo o Prêmio Jacarandá como melhor Instituição Cultural de 2020. Resistimos entregando livros. Pensa que é mole?

Na foto, Caroline Joanello, Sofia Salinos, Gustavo Ventura Gomes, Osvaldo Filho, Bruno Aneres, Eliane Putrique Vicente e eu, com o troféu.

A Lili entrou de gaiata na foto. Está trabalhando remotamente.

Quando houve a bonita cerimônia de entrega do Prêmio Jacarandá na sede do Correio do Povo, a Bamboletras acabou não levando o troféu porque nele estava escrito algo como “Melhor Autor”… O equívoco foi corrigido e hoje eu e Elena fomos buscá-lo.

Fazia muito tempo que não caminhávamos juntos na rua, estávamos felizes e, após pegarmos o troféu, ela me propôs atuarmos como pessoas normais e fomos ao Café À Brasileira ali na Uruguai. A Elena tem saudáveis tendências hedonistas.

Como é bom o espresso deles! Que saudades da vida normal! Depois desta ousada iniciativa, levei a Elena pra casa e fui para a Livraria Bamboletras levar a honraria. Que bom ver reconhecido o enorme esforço de nossa livraria para resistir.

Obrigado, Correio do Povo! Obrigado, equipe da Bamboletras!

101 dias

101 dias

São 13 dias de março, mais os 30 de abril, os 31 de maio, sem esquecer os 27 deste mês. Já são 101 dias em que a Livraria Bamboletras começou o súbito e necessário aprendizado de trabalhar sem balcão, quase só na telentrega. Não reduzimos a equipe — importante ponto –, mas as tarefas se alteraram radicalmente, com mais da metade do pessoal trabalhando de casa. Trabalhando muito e sob tensão. A loja permanece bonita, só que pouca gente a vê, o que a gente faz é desejar que o telefone toque, que o Whats apite, que o Messenger se apresente. E passa a buscar os livros, nosso glorioso produto.

As pessoas não esquecem da Bamboletras. Ou às vezes esquecem, mas voltam sempre. E vêm com pedidos às vezes muito complicados — quero um livro que li na infância e que esqueci o nome, era um infantil de capa rosa que e era a história de uma menina chamada Soraia… Na retaguarda, é um pedir livro sem fim para as distribuidoras. Tem os fornecedores legais e outros nem tanto assim. Há o que estão sempre disponíveis como nós e os que apenas abrem uma vez por semana (em um turno). Há o fornecedor que aceita esperar um pouco (obrigado!), o que pede que façamos uma proposta de parcelamento (obrigado, obrigado!) e o durão. Há que ver o saldo bancário para não deixá-lo crescer para baixo. Há os clientes legais que até adiantam uma graninha e recriam o velho esquema do caderninho, há os que ficam perplexos quando ouvem que um livro pode demorar ou é impossível e os que ficam encantados quando ele chega logo ou tem na loja. Há a indignação com a lentidão do Correio — o que podemos fazer? –, há os que não gostam de não poder entrar na livraria e os que amam ver seu livro chegar de bike e que depois nos escrevem (obrigado!).

(Teve gente que entrou durante o relaxamento e que gritou ‘Como é bom estar numa Livraria!’)

E há que, fundamental e criteriosamente, cuidar da saúde e se esconder da COISA.

Até aqui foi um filme de terror, mas estamos na luta. Ontem, vi o colega ao lado desmontar seu bar. Hoje, ao chegar na livraria, vi outro — um enorme caminhão de mudança esconde sua fachada na meio da Lima e Silva. É sábado — teoricamente um dia de relaxar — e já estou apavorado antes das 10h. Sim, há muita gente na pior.

Entrei na livraria repetindo para mim mesmo que nosso dia não vai chegar. E dale trabalhar.

Carlos André Moreira nos 25 anos da Bamboletras

Carlos André Moreira nos 25 anos da Bamboletras

Carlos André Moreira é jornalista (e dos muito bons) com passagens por Jornal do Comércio e Zero Hora. Mestre em Literatura Portuguesa pela UFRGS, é também escritor e tradutor. Escreve no blog https://medium.com/@carlozandre.


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Franciel Cruz nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Franciel Cruz nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Franciel Cruz é escritor, jornalista, especialista em ingresia e fã da Bamboletras. E declarou antes de discursar:

A gloriosa Livraria Bamboletras, em Porto Alegre, tá completando 25 anos de labuta e o incauto do Milton Ribeiro , provavelmente entorpecido de cloroquina, me solicitou um depoimento sobre. Taí o que você não queria, mas compre livros lá. É fundamental nestes tempos temerários.

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Nelson Rego nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Nelson Rego nos 25 anos da Livraria Bamboletras

🌾 É chamado de shopping, mas jeito melhor de dizer é rua interior. Existem pátios internos e quem os frequenta sabe a importância de seus silêncios, pausas e convívios. Mais do que um pátio interno, a rua interna Olaria potencializa solidões boas e seu oposto complementar, bons encontros.

📖 Ali existe uma livraria que oferece a pausas e encontros uma seleção ao mesmo tempo seleta e amplamente diversificada de livros, discos e objetos de arte. Como é possível reunir seleção e diversidade no mesmo espaço similar, em tamanho, a uma sala de estar aconchegante? Um dos segredos é fazer de livros, discos e artes também a decoração do ambiente? Com certeza, mas muito longe de ser apenas isso e não me arriscarei a falar de maestrias que desconheço. Dessas maestrias de outros, usufruo, isso é diferente do que saber explicar segredos. É preciso ter alma de livreiro com um jeito especial de ser – Lu Vilella, Milton Ribeiro – para reunir tanto numa só equação.

📢 Grandes livrarias em shoppings também reúnem mundos num só lugar e também se apresentam como redutos dentro do Mundo de pouco apreço a autonomias de solidões boas e bons encontros, mas o seu jeito especial tem densidade rarefeita na comparação com a Bamboletras. Por quê? Posso pensar em várias respostas interligadas, mas já escrevi minha melhor resposta: dessas maestrias de outros, usufruo, isso é diferente do que saber explicar segredos. É preciso ter alma de livreiro com um jeito especial de ser.

🌼 Com Lu Vilella e as pessoas que a acompanhavam, com Milton Ribeiro e as pessoas que o acompanham, na Bamboletras, quem antes estava e quem agora está “atrás” do balcão circula entre livros e artes bem além do sentido físico. Pessoas que SABEM o que estão fazendo, GOSTAM do que estão fazendo, a livraria é SUA, e não apenas no sentido banal da propriedade.

🍁 Aí está, numa rua interior, outros sentidos para propriedade e outras palavras terminadas com esse mesmo sufixo, como liberdade e outras tantas que viram chavão e farelo sem as pausas e encontros para pensar e viver de outro jeito.

Nelson Rego é escritor de ficção e professor do Departamento de Pós-Graduação em Geografia da UFRGS.

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Robson de Freitas Pereira nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Robson de Freitas Pereira nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Robson de Freitas Pereira é psicanalista, membro da APPOA e cliente da Bamboletras. Publicou, entre outros: O divã e a tela – cinema e psicanálise (Porto Alegre: Artes & Ofícios, 2011) e Sargento Pimenta forever (Porto Alegre: Libretos, 2007).

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Lucia Serrano Pereira nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Lucia Serrano Pereira nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Lucia Serrano Pereira é psicanalista, cliente da Bamboletras, membro da APPOA e doutora em Literatura Brasileira pela UFRGS.

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Laura Backes nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Laura Backes nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Laura Backes é artista, educadora e cliente da Bamboletras. Transita por diferentes terrenos das artes, particularmente focada na experimentação vocal. Foi professora de corpo e voz na UFRGS e na Ufpel, e hoje dá aulas de voz e movimento para o Grupo Experimental de Dança da prefeitura, assim como na oficina Dança, Educação Somática e Criação, que acontece no Centro Cultural da UFRGS.

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Enéas de Souza nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Enéas de Souza nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Enéas de Souza é crítico de cinema, economista, filósofo, psicanalista e , como se não bastasse, cliente da Bamboletras.

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Cláudia Beylouni Santos nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Cláudia Beylouni Santos nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Cláudia Beylouni Santos tem formação em Ciências Jurídicas e Sociais, é especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional, e é estudante de Filosofia e Letras Clássicas.

Também é mãe da Sophia (nada mais justo, a Sophia foi a porta de entrada para a Bambô) e cliente da Bamboletras. É vorazmente curiosa pelo mundo, pela natureza, pelas gentes, cresceu devorando a vida através dos livros, da música e das artes em geral, até poder ir tocá-la de perto com os próprios olhos em jornadas tomando chá de manteiga de yak com nômades Khampa no Tibet; atravessando o mar de Drake como trainee de tripulação em um veleiro para chegar à península Antarctica; trocando abraços com ‘novos velhos amigos’ em tribos tradicionais etíopes; recebendo bênçãos em cerimônia privada na própria casa de uma Kumari – a deusa viva – durante as celebrações à Durga no vale de Kathmandu e muitas outras delícias mais…

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Éder Silveira nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Éder Silveira nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Éder Silveira é Doutor em História pela UFRGS, Professor da UFCSPA e cliente da Bamboletras. É autor de Oswald – Ponta de Lança e Outros Ensaios e Tupi or not Tupi: Nação e Nacionalidade em José de Alencar e Oswald de Andrade.

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Clara Corleone nos 25 anos Livraria Bamboletras

Clara Corleone nos 25 anos Livraria Bamboletras

minha admiração pela bamboletras vem desde a primeira vez que eu a encontrei, quando era criança. uma tampinha amante dos livros e das livrarias, achava um lugar meio encantado, sabe? pequeno e cheio de surpresas. eu e a bambô seguimos na vida uma da outra desde então: minha prima daciara cantou na bambô quando eu era adolescente. que legal, né? cantar numa livraria! quando trabalhei como garçonete em um bar na cidade baixa, tentava ir mais cedinho pro bairro – sou moradora do bom fim – para dar um pulinho na bamboletras. comprei alguns livros do caio fernando abreu por lá que ainda conservo, com muito carinho, na minha biblioteca. ano passado, ao receber uma grana a mais, encomendei dois livros enormes do meu amor reinaldo moraes com o milton. chegaram rapidinho e foram lidos rapidinho, também. essa semana, juntinho desse aniversário tão especial, também rolou um cascalho inesperado e logo pedi ao milton para me mandar alguns livros do marçal aquino. e não posso deixar de mencionar que, honra suprema, algumas cópias do meu primeiro livro ficaram em 2019 por lá autografadas a pedido do livreiro. muito chique!

vida longa a bamboletras, ao meu querido amigo milton e a todas as livraria de porta de rua do mundo.

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Bamboletras: balança, mas não cai

Bamboletras: balança, mas não cai

Por Marcos Nunes

Eu era cliente da livraria Leonardo da Vinci, no Rio, que fechou nos antigos moldes e reabriu em novos, o que a tornou equivalente a outras do ramo, como a Livraria da Travessa, ainda que não a supermercados sem caráter como a Saraiva, a Cultura e a Fnac.

Quando mais jovem, comprava na Livraria Eldorado, na Tijuca, e andava pelos sebos do Centro (tempos bicudos).

Agora sou cliente de uma única livraria, a Bamboletras, onde nunca fui, e com 99% de probabilidades nunca irei, pois moro a quase 1.900 km dela.

Pelo que vi nas fotos do lugar, é um estabelecimento pequeno, porém bem fornido, tipo aquele boteco pequenino e bem transado que a gente ama, pois tem tudo o que gostamos e conta com donos e atendentes de uma simpatia que é quase amor.

Recebo, é claro, meus livros pelo correio, sendo eles quase todos bons muito bons, exceções de praxe não contando, é claro. Alguns me são indicados; outros, escolho depois de vaguear por sites e recomendações avulsas em redes sociais.

Contudo, jamais, jamais mesmo!, compro livros em sites do gênero Amazon. Fazendo como faço agora, ainda me sinto, nesse meu imaginário de poeta e louco que todos têm um pouco, a impressão de circular pelos apertados vãos entre prateleiras repletas de livros, sentindo os cheiros de papel e tinta, olhando para uma eventual e bela cliente, ou atendente, e até para o sorriso bobão do Milton, que suspeito ser assim, bobão, uma vez que nunca nos vimos e sequer nos falamos pelo telefone.

É, a vida virtual pegou a gente e assim são nossos sonhos no século XXI: impossíveis abraços afetuosos em amigos e amantes unidos tantas vezes por um só interesse. Neste caso específico, os livros.

E, nos dias de quarentena, há pouca coisa melhor para fazer do que ler.

Óbvio, podemos também ficar na rede, beber umas garrafas de vinho, fazer um sexo geriátrico, ver uns filmes pirateados na Internet, ou tecer comentários no Facebook, Twitter e coisa que o valha, sem esquecer dos prazeres da cozinha e do simples vagar dos olhos pela paisagem (quando se tem uma à frente que não seja composta somente de prédios, casas, muros, fiações e automóveis).

Tenho visto, claro, nesses dias de muito ócio (e por isso muito prazer) as postagens de porto-alegrenses (e demais habitantes desse estranho país que é um estado) acerca do aniversário de 25 anos do estabelecimento, há uns tempos sob a gestão do colorado e dublê de jornalista Milton Ribeiro. São sempre palavras de muito carinho, muita força e consideração pela luta que é manter um comércio de livros atuante e alerta entre lojas de lingerie e sanduíches de bosta enlatada.

Escrevo, então, minha cartinha de plena solidariedade a esses compadres que leem, escrevem, fazem contas e pagam impostos, e suprem minha sede por palavras impressas em folhas de papel, enquanto existirem árvores e uns poucos leitores como eu, que de fato leem. Para dar um pouco de alegria aos mencionados compadres de nossa república do compadrio que não chega até nós — aliás, vem se estreitando e o número se compadriados cada dia diminui; acho que estamos criando algo novo no mundo: a república minimalista, que vive somente na Praça dos Três Poderes, e o resto é só o resto.

Sigo apoiando a brincadeira de adultos que é ter uma loja repleta desses estranhos objetos que não fazem parte da vida de quase ninguém, que são como as bruxas nas quais quase ninguém acredita – mas que elas existem, existem.

O bobão do Milton Ribeiro na porta da Bamboletras (Foto: Bárbara Ribeiro)

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Santiago nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Santiago nos 25 anos da Livraria Bamboletras

Quem não conhece e admira Neltair Abreu, o Santiago? Pois é, ele é mais um cliente da Bamboletras. Ele colaborou em diversos veículos, recebeu mil prêmios como ilustrador e chargista e aqui temos seu depoimento nos 25 anos da Bamboletras. Ah, temos quadros dele para vender em nossa loja!

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