Os gatinhos da Ospa e a ascensão do conservadorismo pela via religiosa

Os gatinhos da Ospa e a ascensão do conservadorismo pela via religiosa
Volo 1
O volume 1 da numerosa série

Com a ajuda dos amigos FM e MPN.

Não tem nada a ver? Pois tem sim.

Prelúdio

Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Salada semelhante foi servida  na noite de ontem. A Ospa estava cheia de gatinhos, óin… Claro que isto não cria público. Este gênero de programa é válido apenas em séries de concertos para escolas ou como eram os velhos “Concertos para a Juventude”, mas, enfim. O apelido “Disco de Gatinhos” ou “Concerto de Gatinhos” é de autoria do Júlio e da D. Cristina lá da King`s Discos, esplêndida loja que ficava na Galeria Chaves. Eles não gostavam muito daquelas seleções… Nem eu.

Allegro politico

Eduardo Cunha, o homem que está tentando — e que provavelmente conseguirá — acabar com direitos trabalhistas conquistados em décadas de lutas, é fiel da Assembleia de Deus. Faz parte da bancada religiosa que infestou o Congresso Nacional. É um lutador, um fundamentalista encarniçado, um homem perigoso.

Vitória em Cristo...
Retrocesso e maior sofrimento para os trabalhadores em Cristo

Já eu e todos os que estão em greve hoje acham que ele é um criminoso. Afinal, ele está jogando nossos direitos trabalhistas fora em nome do pagamento do lobby dos empresários que financiaram a campanha eleitoral dele e de outros. Foi isso que os deputados fizeram quando aprovaram o projeto que beneficiava os empresários. Nós, é claro, ficamos apanhando do lado de fora do Congresso, sem poder entrar.

Enquanto a bancada religiosa acaba conosco, nós paricipamos de um um festim fora do Congresso
Enquanto a bancada religiosa nos fodia no Congresso, um flagrante da festa lá fora

Eduardo Cunha — como costuma ocorrer com os evangélicos — também é um conservador. Ele representa uma oligarquia política oportunista que se aproveita de um governo fraco e desestabilizado para fazer o Brasil retroceder para aquém das mínimas conquistas de melhoria da qualidade de vida, tudo sob a lógica do “melhor um trabalho péssimo que nenhum”, chantagem canalha que apresenta apenas duas alternativas quando existem múltiplas.

Eduardo Cunha é do PMDB e é um sujeito que usa as palavras gay e feminismo como se fossem palavrões. E diz coisas incríveis: “Eu não acho que o homossexualismo deva ser imposto à sociedade”. Eduardo Cunha é do PMDB. O governador Sartori é do PMDB. E a Ospa é do Governo do Estado.

Desculpem o mau gosto da foto | Foto: Guilherme Santos / Sul21
Cunha e Sartori ouvindo Temer: desculpem o mau gosto da foto | Foto: Guilherme Santos / Sul21

Adagio difficili da uccidere

Tal orquestra seminômade criou o projeto OSPA nas Igrejas. Os espaços que o projeto ocupava eram restritos às mais tradicionais instituições religiosas, mas é legítimo que outros espaços de culto reivindiquem concertos, não? Antes dos terreiros de umbanda, dos budistas e do candomblé, os evangélicos saltaram à frente na disputa, pois o momento é de ofensiva social e política deles. Quando eles tomarem o poder em Brasília — pois é essa sua intenção — teremos o maior espetáculo de incultura, burrice, arrogância, intolerância e estupidez de todos os tempos. Nosso país sem educação permitirá tudo a eles. E ontem o concerto (de gatinhos) foi no Templo da Assembleia de Deus da General Neto. Os admiradores da boa música em salas adequadas e humanistas que não têm simpatias pelas relações entre instituições públicas e templos religiosos lastimam e se afastam. Este projeto, ruim na origem, torna-se cada dia pior. No momento político atual do Brasil e do mundo, é um temerário apoio ao furor teocrático dos neopentecostais que são adulados por quase todos os políticos com a exceção de poucos partidos..

Vão me dizer que a orquestra precisa de locais para dar seus concertos, mimimi que justifica o afago feito ontem ao poder mesmo que este esteja no arcabouço de uma tendência que nos empurra mais para perto da tragédia do fundamentalismo. Todos querem ficar bem com a(s) igreja(s). Elas dão votos agora e problemas logo depois, se quisermos voltar a Eduardo Cunha e à famigerada bancada religiosa.

A nova sala de concertos
A nova sala de concertos na General Neto, em Porto Alegre

Presto breve

Nem deveria ter escrito isso. A maioria dos cristãos odeia demais e vou ter que moderar os comentários furibundos deles. A pessoa que tem fé deveria procurar só fazer coisas dignas dela, não? Afinal, acho que não desejam perder a salvação assim no mais, ofendendo um ateu bobão como eu.. Só que “Narciso acha feio o que não é espelho” e eles são odiadores profissionais. Prova de que religião não define caráter.

Coda

Não fui ao concerto de ontem.

David Guttenfelder na Guerra do Afeganistão

David Guttenfelder na Guerra do Afeganistão

Meu filho Bernardo estagiou por longo tempo no Sul21. Era fotógrafo. Atualmente, está em Berlim, fazendo um curso de fotografia que durará 3 anos. O estranho é que, hoje, tenho a impressão de conversar mais com ele pelo Skype do que fazia antes, quando o tinha a meu lado. Não sabia, por exemplo, de sua admiração pelo trabalho de David Guttenfelder. Aliás, eu desconhecia Guttenfelder! O cara é um monstro. Só espero que o Dado não resolva ser fotógrafo de guerra.

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ANTI-TALIBAN FIGHTERS

ANTI-TALIBAN FIGHTERS

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O Condenado (Brighton Rock), de Graham Greene

O Condenado (Brighton Rock), de Graham Greene

o-condenado-graham-greenePor favor, fujam desta antiga edição ao lado. Se este romance de Greene é uma obra-prima, a tradução e os inúmeros erros de digitação são espetaculares. Nos últimos anos, no Brasil, as traduções melhoraram muito. Esta, de Leonel Vallandro, é lá dos anos 50 e tem trechos difíceis de entender, seja hoje, seja na época em que foi lançada. Ademais, cadê a revisão? Espero que a nova edição da Globo, de 2003 e com uma bela capa, traga uma versão revisada.

Aliás, Brighton Rock parece fadado a ter problemas. Após uma notável adaptação para o cinema com Rincão de Tormentas (1947), o romance recebeu uma segunda versão para o cinema, O Pior dos Pecados (2003), que é de absoluta ruindade.

Greene: só bebendo para aguentar tanta transposição ruim!
Greene: só bebendo para aguentar tanta transposição ruim!

Brighton Rock é a história patética de um adolescente que tenta tornar-se um mafioso — ou chefe de gangue — num mundo adulto. O livro é um curioso exemplar de multi-estilismo. É suspense, é filosófico-religioso, policial, tem crítica social, além de ser um violento drama psicológico.

Logo no início temos o assassinato de um homem logo após ter conhecido a prostituta Ida Arnold. Pinkie, o adolescente que o matou, resolve eliminar todos os vestígios do crime. Para tanto, terá que eliminar alguns comparsas e se forçará a casar com a garçonete Rose, também adolescente, a fim de calá-la.

Só que Ida — desinibida, inteligente e debochada — resolve investigar o caso da morte do novo amigo por conta própria, achando que deve isso a ele. OK, gente, sem spoilers.

A história serve perfeitamente a Greene. O suspense vai até o final — quem vencerá, Pinkie ou Ida? O catolicismo do autor está representado pelo jovem casal. Pinkie acredita apenas no inferno e crê estar condenado pela religião. Rose busca o céu e uma vida melhor, mas com um futuro chefe de gangue. A crítica social perpassa tudo, mas explode brilhantemente na figura do advogado de marginais Prewitt. O mesmo vale para o poderoso drama psicológico, principalmente o que envolve o casamento arranjado de Rose e Pinkie. Ele a detesta desde o primeiro minuto, ela se acha obrigada a amá-lo, mesmo que veja só desprezo em Pinkie.

Escrevi tudo isso rapidamente e não creio ter dado ideia da grandiosidade de Brighton Rock. Mas é da vida. Ah, o livro tem um final estarrecedor do ponto de vista humano, mas esplêndido do ponto de vista de solução ficcional. Indico o romance a meus sete leitores.

Deputado Van Hattem pode pagar até R$ 1 milhão em indenização por atropelamento com morte

Deputado Van Hattem pode pagar até R$ 1 milhão em indenização por atropelamento com morte

Vítima faleceu depois de sete meses internada. Ação tramita no STJ

Da Rádio Guaíba | Por Vitória Famer

Familiares de Adair Wiest seguem esperando respostas da justiça sete anos depois que o pai da família faleceu em decorrência de um atropelamento às margens da BR 116, em Ivoti, no Vale do Sinos. Segundo os familiares, o homem morreu, aos 41 anos, sete meses após o incidente, causado, segundo eles, pelo hoje deputado estadual Marcel Van Hattem (PP). O advogado da família, Marcelo Bastos, estima que se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerar procedente a ação movida pelos parentes, a indenização pode chegar a R$ 1 milhão.

Marcel Van Hattem em foto retirada de seu material de campanha
Marcel Van Hattem em foto retirada de seu material de campanha

Adane Wiest, filha de Adair, contou que o pai retornava de moto de Novo Hamburgo, próximo das 15h, quando percebeu, quase chegando em casa, que uma peça do veículo havia caído às margens da rodovia. Como a casa ficava a aproximadamente 40 metros da BR 116, Adair resolveu deixar a moto em casa e retornar a pé até o acostamento da estrada para procurar a peça. Nesse ponto, ele foi atropelado, em 9 de outubro de 2006.

A família relata que Van Hattem chegou a parar o veículo para prestar socorro à vítima e a ir, no mesmo dia, com os pais, visitar a família de Adair no hospital. No entanto, depois, tudo mudou.

“Ele não nos procurou mais, disse que não podia ajudar e nem acionar o seguro do carro porque ele não foi o culpado, que meu pai que teria invadido a pista e que, por isso, ele teria atropelado meu pai. Não prestou nenhum auxílio. Na época eu não trabalhava, eu tinha 17 anos, meu irmão era menor (tinha 12 anos). A gente vendeu o que tinha e o que não tinha dentro de casa. Precisávamos de fralda e de óleo. Quantas vezes fomos conversar com o Marcel e ele prometia que ia ajudar e não ajudou. Nem visitar meu pai ele foi. Meu pai ficou em coma quase sete meses. Por quase três meses o pai ficou em um lar, porque o hospital não tinha mais o que fazer. Então, é como se tivesse que esperar ele acordar. Ele teve traumatismo craniano. Mandaram ele embora. A casa era um valor absurdo. Fomos conversar com o Marcel. Ele nem bola”, desabafou Adane.

Antes da morte de Adair, o Ministério Público ingressou com uma ação criminal contra Van Hattem. Mas, segundo Marcelo Bastos, a indignação da família é pelo fato de o atual parlamentar não ter respondido pelo homicídio, somente pelas lesões corporais leves, o que tramitou no Juizado Especial Criminal.

“Quando há um atropelamento com morte, quem tem que tratar disso é o Estado. Não é a parte que promove uma ação. E o que se tem no caso concreto, é que o deputado respondeu apenas pelas lesões corporais leves. Tanto é que esse processo tramitou no Juizado Especial Criminal, que trata apenas de lesões leves. A questão do homicídio decorrente do acidente de trânsito não foi apurada. Essa é a indignação da família”, explicou Bastos.

Além disso, a família ingressou com uma ação cível contra Marcel, em 2007, que já foi considerada procedente em duas instâncias da justiça, permanecendo a decisão de culpa. A família pede indenização e danos morais pela morte de Adair. O recurso tramita no STJ, em Brasília. Mas, segundo o advogado da família, a Corte não discute a culpabilidade do motorista. Agora, a discussão é apenas com relação ao valor da indenização.

O deputado respondeu que o acidente ocorreu pelo fato de Adair ter invadido a pista. Van Hattem disse que repudia a ação da família da vítima, que foi até a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, na semana passada, e solicitou a abertura de um investigação sobre o fato, ocorrido há quase oito anos. Apesar de ter sido considerado culpado no âmbito cível, Van Hattem criticou o sistema do Judiciário. Segundo ele, o cível anda “descolado” do criminal.

“Cível, infelizmente, anda totalmente descolado do crime, do processo. O advogado, eu repito, no mínimo está orientando mal os seus clientes dizendo que não fui bem investigado. Isso é mentira. Aconteceu tudo que tinha que acontecer do âmbito das autoridades policiais. Ele está tentando fazer um caso político, inclusive, em cima dessa situação. Mas o cível é um processo separado”, expôs o deputado.

O deputado ainda apontou considerar que a família esteja se utilizando politicamente do caso. A família rebate, assegurando que ingressou com ações contra Van Hattem antes mesmo de ele ser deputado estadual.

A família acrescentou que, na próxima quarta-feira, vai comparecer à reunião da Comissão de Direitos Humanos do legislativo gaúcho.

As ideias fora do lugar (por Antonio Prata)

As ideias fora do lugar (por Antonio Prata)

No O Tempo.

“Si hay gobierno, soy contra!”: eis aí uma máxima tão repetida quanto cretina. Na democracia, ser contra todo governo, sempre, não é uma postura crítica, mas infantil. É não perceber que num sistema representativo cabe a nós não só eleger o governo como influenciá-lo, seja criticando-o ou mesmo o aplaudindo. A frase, contudo, tem seu charme. Empresta a qualquer resmungo de oposição o silvo de um morteiro republicano, na Guerra Civil Espanhola. O cara pode ser um empresário corrupto que sonega milhões em impostos, mas basta dizer “Si hay gobierno, soy contra!” e fica se achando uma espécie de Hemingway redivivo, recostado numa colina de la Mancha, lutando contra o fascismo estatal.

Uma das consequências da chegada da esquerda ao poder (ou, pelo menos, da chegada de um partido com um discurso de esquerda), em 2003, foi dar à direita este selinho hype, de “Soy contra!”. De uma hora pra outra, o sujeito podia se referir ao Lula como “Aquele retirante analfabeto!” e não estava sendo demofóbico, estava fazendo uma crítica ao poder. Dizia: “O melhor movimento feminino é o movimento dos quadris” e não estava sendo machista, mas lutando contra as feministas governistas que queriam castrar os machos livres da pátria. Piadas racistas e homofóbicas deixaram de ser vistas como reforços aos estereótipos de que o negro é inferior e de que o gay é errado ou doente, para se tornarem armas da livre expressão contra a “ditadura do politicamente correto”.

A Santa Ceia da
A Santa Ceia da hidrofobia reacionária

Aguentar a velha hidrofobia reacionária andando por aí de sapatênis e pomada no cabelo, se achando moderninha, seria um preço aceitável a se pagar, caso o PT tivesse instituído a pauta pela qual foi eleito. Hoje, então, negros e brancos teriam as mesmas chances no mercado de trabalho, estudando em nossas boas escolas públicas. Gays andariam de mãos dadas, à noite, sem correrem o risco de serem espancados. Mulheres poderiam recorrer a um aborto, caso todas as providências oferecidas pela excelente frente de planejamento familiar em nossa invejável rede pública de saúde houvessem falhado. O quatrocentão ressentido repetiria à toda hora que “Esse aeroporto tá parecendo uma rodoviária!”, mas deixaríamos quieto, afinal, ele haveria perdido seu camarote no topo da pirâmide social, num país que deixara de ser um dos mais desiguais do mundo.

O problema é que, com o PT no poder, tais melhoras não vieram. Embora a concentração de renda tenha diminuído um pouco, os 5% mais ricos detém mais de 40% da renda total do país. Nas faculdades, apenas 11% dos alunos são negros. Gays tomam lampadadas na orelha, na Paulista. A polícia mata em média cinco pessoas por dia. As mulheres ganham cerca de 30% menos do que os homens e mais de 50 mil delas são estupradas, todo ano.

Assim, chegamos a este cenário desolador: no poder, uma esquerda esquizofrênica, incapaz de mexer em nossas feridas seculares, liberando, na oposição, as vozes mais raivosas, preconceituosas e reativas às mudanças que essa esquerda sequer promove.

Se fosse um ato de repúdio à desigualdade e à injustiça que se perpetuam, eu iria pra rua, hoje, acusar o governo. Mas pra andar atrás de um trio elétrico que estampa a imagem de uma mão sem o mindinho, ao lado de famílias que fazem “selfies” com a Tropa de Choque, licença: “Soy contra”.

Os gols e mais alguma coisa sobre a classificação do Inter após o empate com o Cruzeiro

Os gols e mais alguma coisa sobre a classificação do Inter após o empate com o Cruzeiro
Juan tenta uma bicicleta na área do Cruzeiro | Foto: Alexandre Lops
Durante a temporada de desperdício de gols, Juan tenta uma bicicleta na área do Cruzeiro | Foto: Alexandre Lops

O incrível é que não jogamos mal. Perdemos várias chances antes do primeiro gol do Cruzeiro. E houve um segundo. A classificação aconteceu com dois pênaltis reais — a Fifa manda dá-los quando qualquer bola toca na mão de um defensor dentro da área — , mas apenas um foi convertido. D`Alessandro errou e Lisandro López fez o seu. Só não posso concordar com os cartões amarelos imputados. Foram claras bolas na mão, totalmente casuais. Um dos cartões expulsou um atleta do Cruzeiro.

É um lugar-comum e uma verdade: o 2 a 2 é um alerta. É preocupante a dificuldade do Inter para fazer gols, principalmente se pensarmos nos adversários da Libertadores da América. Lisandro entrou e fez dois, demonstrando porque é quem é. Não é jogador de encolher a perna na hora de decidir. Claro que não é só isso, o cara sabe jogar, porém comparem sua gana de fazer gols com a de Valdívia, por exemplo. O cabeludinho chuta com medo de errar. Ainda bem que Dale, Lisandro e Juan garantiram a classificação nos pênaltis. Dos quatro que bateram, só Rafael Moura errou.

Outra coisa, não creio de Jorge Henrique possa ser titular ao lado de Rodrigo Dourado. O baixinho pode jogar eventualmente como volante, mas Nico Freitas e Nilton são do lugar, apesar de terem realizado más partidas.

E vamos em frente, acertando o time e matando alguns — nem que seja de enfarto — pelo caminho. Ah, o Cruzeirinho jogou demais. Futebol moderno, rápido e participativo. Este Luiz Antônio Zaluar é um baita técnico.

Antes dos gatinhos, a Ospa e muitas coisas

Antes dos gatinhos, a Ospa e muitas coisas

Há duas semanas, eu já tinha visto e resenhado o mesmo concerto. Afinal, este programa foi apresentado lá na igreja do Colégio Anchieta. Fui assisti-lo novamente para acompanhar a Elena e ir jantar depois, mas tenho uma coisa a citar, uma coisa a imaginar, uma coisa a nomear, uma coisa a esconder, uma coisa a esperar, uma coisa a lamentar, uma coisa a propor, uma coisa a prometer e uma coisa a imaginar, entre outras coisas.

Comecemos dizendo que, sentado lá em cima, na Igreja da Reconciliação (da Rua Senhor dos Passos) pude ouvir quão melhor é a acústica de lá em relação à Igreja da Ressurreição (a do Colégio Anchieta). Os luteranos têm melhor acústica do que os católicos, quem não sabia? Uma coisa que lamento é o fato de cada concerto da Ospa ser apresentado apenas uma vez. Sem dúvida, o desempenho da orquestra foi bem melhor ontem. É claro que há concertos de gatinhos — como o da próxima semana –, os quais é melhor nem pensar em repetir (melhor correndo fugir deles), mas há vários de nível aceitável que deveriam ser repetidos. Aliás, o próximo concerto da Ospa será num templo da Assembleia de Deus… Se iniciamos o ano assim, não consigo imaginar até onde irá a baixaria. Na boa, há que acabar com esta série de Ospa das Igrejas. Conheço pessoas que já desistiram. Chega disso, seja em igrejas católicas, luteranas ou evangélicas. É bunda dura, palco nenhum e deus demais. Deu.

Mas, voltando à calmaria, dizia eu que estava lá em cima na tal da Reconciliação, assistindo ao Réquiem de Fauré, e só tinha olhos para minha dama, que empalidecia tudo ao redor. A lua lá fora também estava pálida e eu só pensava em me aproximar de minha violinista, pois, como diria o Chico Buarque de Januária, até o mar faria maré cheia para chegar mais perto dela. Mas, dizia eu, este réquiem é tranquilo e apaziguador. Canta com delicadeza a chegada ao paraíso. Estava bom de assistir: o Coro Sinfônico da Ospa saiu-se benissimamente, o órgão estava em mãos seguras, a orquestra soava melhor na referida acústica, o solo de violino fazia curvas tranquilas pelo circuito até tocar de leve no muro de proteção, a dupla de cantores nos levava docemente pela mão… (rimou) Aliás, essa Elisa Machado, que não conheço, canta muito!

Depois veio o Tchaikovsky. A Fantasia para A Tempestade merece o esquecimento. A música horrenda — que, espero, seja reapresentada em Porto Alegre somente muitos anos após minha morte — fazia-me dizer internamente Come on, come on a cada dez segundos. Queria apressar a coisa. A memória veio em meu socorro e os Beatles pegaram aquele repetido Come on e atacaram Everybody’s Got Something to Hide Except Me and My Monkey. E simplesmente, como num quadro lisérgico de Chagall, saí voando com a Elena da Reconciliação, livrando-me daquilo. Afinal, está na letra, the deeper you go, the higher you fly (…) So come on.

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Breve comentário sobre a possível injúria racial sofrida por Fabrício

Breve comentário sobre a possível injúria racial sofrida por Fabrício

fabricioO racismo nunca deve ser relativizado. Ele deve ser punido exemplarmente. Acho também detestável o nhém-nhém-nhém jurídico que, através de recursos, transformam as penas em pó. Se houve ofensa racial, o clube e o torcedor devem sofrer o que prevê a lei e isso deve valer para Inter, Grêmio, Flamengo ou ASA da Arapiraca, indistintamente.

Gremistas e colorados fazem parte da mesma sociedade. Há muitos gaúchos, torcedores de ambos os times, que chamam os negros de macacos quando acham que eles estão demais. Nosso racismo circundante não é restrito a determinados clubes.

Os jogos de times como Internacional e Grêmio são registrados por dezenas de câmeras e microfones. Estes devem ser examinados. Acreditar no depoimento de um jornalista é simplesmente ocioso. Ontem, entrei no twitter de Luciano Potter — que acusa torcedores de chamarem Fabrício de macaco. A coisa é uma série de lugares comuns, cheios de grandes palavras vazias. Parece-me que é conselheiro do Inter, o que lhe daria autoridade moral, mas sua postura trai a vontade de posar como herói defensor dos oprimidos. Posso estar errado, mas acho que, para comprovar as ofensas, bastam os registros eletrônicos, sem a necessidade de egos.

E há alguns fatos estranhos: um homem foi acusado de ofender Fabrício. Havia fotos e filme. Ele se apresentou e negou o fato. Estava até rindo da coisa. Afinal, ele é negro e não chamaria ninguém de macaco, disse. Outro é o silêncio de Fabrício a respeito do caso. Ele se declara apenas arrependido de sua atitude e não se apoia em injúrias sofridas. E mais: há certo desejo de que o Inter também seja acusado de racismo, como foi o Grêmio no ano passado.

Aqui, a atitude de Fabrício em vídeo.

Por outro lado, o presidente Piffero anunciou que o jogador não joga mais no Inter. É uma atitude que demonstra o destemor do clube com as denúncias de injúrias raciais. Fabrício teria reagido daquele forma por ser meio louco e descontrolado. Quem, como eu, o conhece de outras reações que teve no passado, não se surpreendeu muito.

Concluindo: sou favorável a que a denúncia por injúria racial seja examinada em detalhe, mas por favor, usemos a tecnologia, não o parente de Harry.

Boa tarde, Diego Aguirre (com os gols de ontem)

Boa tarde, Diego Aguirre (com os gols de ontem)
Nossa imprensa só o momento, Aguirre
Nossa imprensa só o momento, Aguirre

Mesmo com as pesadas críticas feitas a teu trabalho por parte da imprensa, o Inter chegou ao final da fase classificatória do Salsichão 2015 em primeiro lugar, quatro pontos à frente do segundo colocado: o Grêmio, treinado pelo infalível sete-a-um. A imprensa da área Zelotes já começa a mudar de opinião a teu respeito, mas te cuida, eles só costumam agir com naturalidade quando o objeto de análise é o time do bairro uma-e tá.

É claro que também fiz críticas a ti. Afinal, não acho que tu sejas um novo Telê Santana ou um Rinus Michels ou um Rubens Minelli ou um Guardiola — meus técnicos favoritos –, só que jamais pedi tua cabeça. Os motivos são óbvios. Qual era o grande problema do time no início do ano? Era a defesa. Lembro dos 4 a 4 contra o São José e de outros jogos onde sempre levávamos gols… Pois nos últimos OITO JOGOS tomamos apenas UM GOL, do Emelec, no interior do Equador. Ou seja, tu trabalhaste e corrigiste nossa maior deficiência. O que não entendo é por que pediam tua cabeça se tu estás trabalhando há menos de três meses. Teu time é um bebê. E mais: acabamos o ano jogando malíssimo. As pessoas pedem por milagres.

Como disse, nós realmente não estamos jogando muito, estamos jogando o que se espera de um time novo. Fazemos algumas boas partidas, outras lamentáveis. Dei risada quando abri o jornal de hoje e li as manchetes “Tranquilidade no Beira-Rio” e “Sete jogos, sete vitórias”. Ontem, era um merda; hoje, foste guindado a gênio. Afinal, passaste na frente do espetacular Grêmio. A avaliação do teu trabalho desconsidera quaisquer processos, apenas vê o último jogo. Então, te cuida, Aguirre. Não há nada a comemorar. Basta perder uma partida para voltar ao estado de merda.

https://youtu.be/qy8n_VlG_hg

Aguardando mais fotos da festa de ontem…

Aguardando mais fotos da festa de ontem…

Ontem, houve uma baita festa para a Beatriz Gossweiler, clarinetista que se aposentou da Ospa no final de 2014. Todos os naipes estavam representados, à exceção das violas e da percussão — hum… piano não é percussão? A Beatriz é a mais querida das pessoas. Além dos músicos, estavam lá dois de seus filhos, mais noras e neto. Só que eu tirei poucas, pouquíssimas fotos e estas ficaram lamentáveis. Não em razão dos fotografados, mas da crise de minha pequena Sony. O Augusto é quem estava como uma máquina decente e deve ter muitas. Aqui vão duas e mais uma de nossas diversões da noite: o filme que o Philip Gastal Mayer mostrou para a gente lá no meio da madrugada. Alguém imagina como a orquestra consegue entrar junto na início da Quinta de Beethoven?

A ideia e a organização da festa foram da Astrid Müller e do Augusto Maurer, só para variar. Foi uma noite carinhosa e muito, mas muito engraçada.

Beatriz Gossweiler, Klaus Volkmann e Elena Romanov
Beatriz Gossweiler, Klaus Volkmann e Elena Romanov

Festa Beatriz 2

Original, RBS culpa advogados pela sonegação

Original, RBS culpa advogados pela sonegação

propina sombraDo Jornal GGN

A RBS, afiliada gaúcha e catarinense da Rede Globo, foi pega na Operação Zelote da Polícia Federal, como beneficiária da suposta sonegação de R$ 150 milhões em impostos mediante pagamento de propinas a auditores da Receita Federal.

Quando estourou a operação Zelote a RBS publicou em seu site: “A RBS desconhece a investigação e nega qualquer irregularidade em suas relações com a Receita Federal”.

Segundo o jornalista Renan Antunes de Oliveira, de Santa Catarina, quatro dias depois, na noite de 1º de abril, Duda Sirotsky, neto do fundador e presidente do grupo, deu um upgrade na versão: já não nega que houve suborno e sonegação, mas joga a responsabilidade para terceiros.

Para conter os danos à imagem do grupo, Duda iniciou um giro de emergência entre as filiais da empresa nos dois estados, apresentando a nova posição oficial aos empregados. Em Florianópolis, Duda disse: “Nós apenas contratamos, inadvertidamente, um dos escritórios de advocacia hoje identificado como sendo de lobistas que subornavam conselheiros do CARF”.

Diante do silêncio dos empregados, uniu as duas mãos e implorou: “Por favor, acreditem: eu não sabia de nada”.

Um dos mais famosos “populares” de todos os tempos: o homem que viu os Beatles atravessarem Abbey Road…

Um dos mais famosos “populares” de todos os tempos: o homem que viu os Beatles atravessarem Abbey Road…

… morreu na semana passada, aos 96 anos.

Paul-Cole-Abbey-Road-243x180Observe cuidadosamente a capa de Abbey Road.

No canto superior direito, entre John e Ringo, dá para ver um homem em pé ao lado de uma van da polícia.

Era um turista de Florida, chamado Paul Cole.

Paul curtiu a fama por 45 anos. “Eu comprara um novo casaco esportivo e uns óculos feitos de conchas e fui passear”. Ele pensou que os Beatles eram “um bando de malucos”. E acabou saindo na capa.

Paul Cole morreu na semana passada em Pensacola, aos 96 anos.

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via Norman Lebrecht

Jornalistas recebem treinamento do BOE sobre como devem atuar em manifestações

Jornalistas recebem treinamento do BOE sobre como devem atuar em manifestações

Publicado em 16 de junho de 2014 no Sul21

Por solicitação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (SINDJORS), a Brigada Militar mostrou como deve ser o comportamento dos profissionais de imprensa durante quaisquer manifestações, durante ou fora da Copa do Mundo. Além do presidente do Sindicato, Milton Simas Junior, estava presente um grupo de jornalistas convidados. O evento teve a duração de dois turnos, manhã e tarde, envolvendo uma parte teórica pela manhã, almoço e prática à tarde. O local escolhido foi o canil da Brigada, já que todos os outros espaços estavam ocupados por militares que vieram do interior.

Foto: Carlos Latuff
“Agora o inimigo é você” | Foto: Carlos Latuff

A instrução foi ministrada por três capitães — Araújo, Euclides e Bukowski. Bukowski fez uma apresentação do ponto de vista legal, revisando as atribuições e a lei que regula a atividade policial dentro do contexto das manifestações. Sua apresentação teve o auxílio de um PowerPoint que mostrava cenas de manifestações. Ele abriu a apresentação com uma imagem do filme Tropa de Elite que mostrava a frase “Agora o inimigo é você” e outras imagens de protestos retiradas das redes sociais.

Depois disso vieram os dois outros capitães, os quais fizeram uma abordagem do ponto de vista estratégico. Definiram, por exemplo, a sigla CDC (Controle de Distúrbios Civis) e explicaram como os jornalistas devem se portar diante de uma manifestação a fim de se proteger fisicamente. A teoria estendeu-se até a hora do almoço.

Foto: Carlos Latuff
Jornalistas fora do alvo | Foto: Carlos Latuff

Após o almoço, houve a apresentação das armas utilizadas para conter conflitos. Foram apresentados os armamentos da Condor, empresa do Rio de Janeiro, tais como lançadores de granada e diversos tipos de munições não letais.

Foto: Carlos Latuff
Parte da munição | Foto: Carlos Latuff

Depois, os jornalistas foram levados num micro-ônibus até uma pedreira próxima ao Quilombo dos Alpes. Ali, foram demonstradas cada uma das munições. Calibre 12 de curta, média e longa distância, quatro tipos de granada de efeito moral, gás lacrimogênio, etc. Depois de fazer demonstrações em três alvos  — silhuetas humanas de papelão –, os jornalistas foram convidados a participar.

Nem todos entraram na fila com a finalidade de experimentar as armas. Os que participaram deram tiros com vários tipos de munição. Alguns puderam jogar granadas também. Havia granadas para serem jogadas com a mão e outras para serem atiradas com um lançador. Depois disso, foi feita uma demonstração de como atua a formação clássica de um pelotão do choque. Então, surgiu um pelotão do BOE vestido exatamente como os que vão para as ruas, equipado, armado e em formação. A intenção era reproduzir a abordagem de aproximação contra manifestantes. No teatro montado, os manifestantes eram policiais à paisana que gritavam “Revolução! Não vai ter Copa!”. Ninguém atacou ninguém.

Então, foi proposto que os jornalistas se fizessem de pelotão de choque. “Agora, os policiais vão tirar seu equipamento e os senhores poderão usá-los para sentir o mesmo que a gente sente”. Com exceção de três jornalistas, o restante do grupo animou-se a fazê-lo. E passaram a vestir-se como policiais. Houve brincadeiras com aqueles que não aceitaram participar da simulação. “Vocês não vão receber o certificado de participação no curso…”.

Foto: Carlos Latuff
Os jornalistas encaram o inimigo e… | Foto: Carlos Latuff
Foto: Carlos Latuff
… vão ao ataque, recebendo frutas! |Foto: Carlos Latuff
O presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS Milton Simas Júnior | Foto: Carlos Latuff
O presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS Milton Simas Júnior | Foto: Carlos Latuff

O presidente do Sindicato ficou entre aqueles que colocaram os capacetes, escudos e o cassetetes. Eles fizeram a formação da polícia e foram atrás dos “manifestantes”. Quando chegaram a uma certa distância, os “manifestantes” começaram a atacá-los com frutas. Em meio à simulação — conforme fora combinado previamente com o comando do BOE — , o instrutor da PM aproximou-se por trás e soltou uma bomba real de gás lacrimogêneo, provavelmente do tipo “bailarina”. Esta não explode, somente esguicha o gás. Formou-se então uma nuvem branca no meio da tropa de jornalistas, que ficaram desnorteados. E o capitão gritou:” Mantenham a unidade! Não se dispersem!”. Como eles não tinham o treinamento adequado, dispersaram-se de qualquer maneira, começando a tossir. A assessora do Sindicato caiu, passando mal, e foi atendida por dois oficiais médicos que estavam lá.

Foto: Carlos latuff
Uma baixa na tropa de choque formada pelos jornalistas | Foto: Carlos latuff

Todos ficaram constrangidos durante o atendimento. O comando explicou que aquilo não estava dentro do previsto, mas que os médicos resolveriam o problema rapidamente. Após a assessora erguer-se e não sem antes tirar uma foto com fumaça colorida para guardar como lembrança do curso, todos dirigiram-se para o micro-ônibus de volta para o batalhão, onde foi servido um lanche de pão com salsichão. Foram entregues os certificados e houve mais falas, inclusive a do comandante geral do Batalhão. O presidente do sindicato sugeriu uma aproximação entre os jornalistas e policiais militares: “Espero que não aconteçam protestos como os do ano passado, mas, se houver, desejamos que os jornalistas possam trabalhar em conjunto com a Brigada”.

Depois disso, o representante do Sindicato entregou a cada um o guia da Copa da Volkswagen para jornalistas.

Para a posteridade | Foto: Carlos Latuff
Para a posteridade | Foto: Carlos Latuff

Segundo o cartunista e repórter fotográfico Carlos Latuff, presente no evento, a ideia era a de capacitar os profissionais da imprensa que cobrem manifestações para atuar com segurança. Mas o que se verificou, principalmente nesse momento da prática, foi uma aproximação dos jornalistas com a tropa de choque, com a polícia, através de jogos lúdicos. “Repare que o pessoal brincava com escopeta calibre 12, atirando bala de borracha. Aquela arma, aquela munição, é utilizada para atingir pessoas. Pessoas, inclusive, já perderam os olhos por conta dessas balas. O comando disse que havia diferença de precisão entre a munição fabricada no Brasil e a munição padrão americano. Disseram que o policial é treinado para atingir o manifestante do joelho para baixo, mas que estes muitas vezes os atingem mais acima em função da munição nacional não ser de boa qualidade. Nos Estados Unidos , palavras deles, “se você atira abaixo do joelho é abaixo do joelho que a munição vai”. No Brasil não. É curioso que o Brasil, através da Condor, exporta essa munição. O gás lacrimogêneo utilizado no Bahrein é feito pela Condor. O gás lacrimogêneo que é utilizado na Turquia é também produzido pela Condor. Não acredito que esses países comprariam produtos de má qualidade do Brasil”.

Segundo o jornal Versão dos Jornalistas, do SINDJORS, o presidente Milton Simas e o comando do BOE acenam com novas ações integradas entre as duas entidades. “Todos saímos do treinamento melhor instrumentalizados para cobrir protestos. A Brigada Militar deixa abertos seus portões aos jornalistas e isto pode significar uma nova edição do curso. Recebemos orientações importantes de como se portar e de como comparecer a estas manifestações. Por exemplo, poucos sabem que lentes de contato não combinam com gás lacrimogêneo e que há que ser cuidado até com a maquiagem”. O primeiro secretário do SINDJORS, Ludwig Larré, um dos idealizadores do treinamento, observa que a entidade assumiu uma responsabilidade que deveria ser das empresas, no sentido de promover a segurança dos trabalhadores jornalistas.  “Não podíamos protelar essa capacitação. O Sindicato tem que zelar pela integridade física da categoria. Se isso ocorrer por meio de ações conjuntas com as empresas, tanto melhor. Caso contrário, estaremos sempre buscando os meios para que esse serviço não deixe de ser prestado”, pondera Larré.

Fabrício e seu chilique contra a tribo (com vídeo)

Fabrício e seu chilique contra a tribo (com vídeo)
Fabrício: fim da linha
Fabrício: fim da linha

Para se entender o futebol, há que se considerar sua dimensão tribal e ritualística, seu lado irracional. Há valores infantis, mas muito sérios, envolvidos. A camiseta, as cores, o símbolo, o clube, a fidelidade à tribo. Quando Fabrício ouviu as vaias ontem à noite, ele desistiu da jogada e virou-se para a arquibancada mandando-a tomar no cu com os dois dedos médios erguidos. Foi uma ofensa grave, mas um descontrole até perdoável após punição, pedidos de desculpas e geladeira de algumas semanas. Mas depois, quando foi expulso, ele fez mais. Ele pegou a camisa do clube, o chamado manto sagrado, e o jogou no chão. Naquele momento, descumpriu vários acordos tácitos de amor à tribo e tornou impossível o caminho da volta.

Não fui ao jogo de ontem. Cheguei em casa cansado e repassei meu ingresso ao coloradíssimo zelador do prédio onde moro. Não falei com ele depois. Mais tarde saí até um restaurante. O taxista, outro colorado, estava louco de ódio. Disse que só um cheirado, com o cérebro carcomido pela cocaína poderia agir daquela maneira. Mais: disse que o contrato deveria ser suspenso por justa causa (?). É claro que Fabrício, com seu excelente desempenho físico em campo, não é um viciado em drogas, é apenas um pavio curto que atacou o lado sagrado e religioso do clube. Não é um bom jogador, mas é um cara esforçado e, certamente, autodestrutivo. Que clube terá coragem de contratar um sujeito que pode agir assim? Vi o site do Inter com as (belas) fotos de ontem. Fabrício não está em nenhuma delas. Ele deixou de existir. Adeus, Fabrício.

Abaixo, o chilique:

https://youtu.be/m5QEsjnoNBE

Aguirre demonstrou classe: “Vamos deixar passar as horas e ver o que vai acontecer. Poderíamos estar aqui falando de futebol ou de minha demissão”.

Ontem, parece até que jogamos melhor e assumimos pela primeira vez a liderança do Gaúcho. Isso é que desespera a tribo azul. Chega no final e a gente está lá. Foi a quarta vitória consecutiva por 1 x 0. Estamos virando um time chato, mas pontuador.

https://youtu.be/Q6cRAgZs0Hc

A Ospa numa noite de sonho no Theatro São Pedro

A Ospa numa noite de sonho no Theatro São Pedro

bach mais umaNa semana passada, tivemos o dia 21 de março de 2015, data no qual o mundo comemorava os 330 anos de Johann Sebastian Bach. E a Ospa, sempre ligada, fez o que se esperava, dedicando seu concerto à obras do Mestre de Eisenach, queridão pai de 20 filhos e de de uma obra interminável em número e tamanho.

Mas, Milton, não foi nada disso que acont… Cala a boca! Tudo começou quando adentraram o palco os 11 músicos que interpretariam o Concerto de Brandemburgo Nº 3, peça de abertura da noite. A concepção era antigo-moderna: 10 instrumentos de cordas mais o cravo de Fernando Cordella. Sobrava espaço no palco com esta formação rarefeita. Foi algo deste gênero:

Mas, pô, Milton, tu tá louco… Calado! Pois bem, foi um lindo e sensível começo de uma noite gloriosa, dedicada ao compositor preferido deste que vos escreve e do presidente da Ospa, Dr. Ivo Nesralla — segundo confidência feita há três anos no Instituto de Cardiologia. Depois, Cordella mandou bala no solo do Concerto Nº 5 de Brandemburgo, para cravo e orquestra.

Não, sete leitores, o pogrom, opa, o programa era outr… Depois, tivemos uma seleção de árias de Cantatas de Bach. Elisa Machado foi a primeira cantora convidada. O soprano cantou a famosa ária Bist du bei mir BWV 508, encantando o público do teatro. (Na verdade, ao que tudo indica, esta ária avulsa é de Gottfried Heinrich Stölzel, um aluno de Bach cuja ária foi copiada para Caderno de Notas de Anna Magdalena Bach, mas a tradição diz que é de Bach). O belo acompanhamento veio através do Quinteto de Metais da orquestra. Afinal, o maestro Sotelo é especialista em sopros. A coisa foi mais ou menos assim:

Milton, tu estás delirando. O concerto de ontem foi uma m… Continuando a noite, depois tivemos a mezzo-soprano Angela Diehl cantando a ária Erbarme dich, da Paixão Segundo São Mateus, acompanhada do maestro convidado, que empunhou o violino. (Bem, chega de exemplos, quem não conhece as árias que as procure no Youtube!).

Mas, caralho, Miton, para com is… Ora, para tu, eu é que escrevo, e dá trabalho. E estou fazendo a correção de um grave equívoco. Juremir Vieira foi o convidado seguinte. Ele esmerilhou na ária Der Ewigkeit saphirnes Haus, da Cantata Trauerode BWV 198. Logo após, Ricardo Barpp mostrou o esplendor de sua careca fechando a parte dedicada à música vocal de Bach. Ele elevou o público alguns centímetros do chão ao interpretar a ária inicial da Cantata Ich habe genug, BWV 82. Amigos, que noite!

Espere por mim, no final, eu vou dizer a verdad… Conforme a tradição da Ospa, a segunda parte dos concertos são de solo de batuta. Então, o de ontem foi finalizado com algumas fugas de A Arte da Fuga arranjadas para orquestra — versão de Karl Münchinger

— e com a Suíte Orquestral Nº 3. Um programa de enorme, de sonho, uma noite perfeita!

Deixa eu falar… Não ainda! Como bis, tivemos a Ária da Suíte Nº 3, ouvida entre suspiros do público. Agora sim, podes falar.

Na verdade, digo a vocês que foi um concerto bem diferente e pobre. Gente, a OSPA deu um concerto no dia dos 330 anos de nascimento de Bach e o programa foi de obras de Milhaud, Beethoven, Villani-Côrtes e Schubert! Há coerência. Afinal, no dia dos 50 anos de morte de Villa-Lobos, em 2009, a orquestra programou um Festival Mendelssohn.

Bem, o Milhaud foi excelente com um show do percussionista Douglas Gutjahr. Beethoven.. Putz, a Egmont pela 247ª vez? O Villani-Côrtes foi aceitável e o Schubert foi fraco, com direito a erro do maestro que entrou e desistiu, fazendo a orquestra parar sem entender nada. A quem estava sentado onde eu estava, num camarote bem em cima dos músicos, só restou rir. O melhor do concerto foram os solos de Klaus Volkmann e a cara de alívio de Emerson Kretschmer quando tudo acabou. Aliás, a cara dos músicos… Os violinos chegaram a fazer uma breve reunião no palco após o concerto, certamente para comemorar a rapidez com que reagiram à mancada do regente Dario Sotelo. Tudo o que o Milton descreveu seria totalmente possível e lindo, só que a criatividade e a ousadia andam tomando um pau que nem lhes conto.