Grêmio, Fluminense, Santos, Atlético-MG, Vasco, Botafogo, São Paulo, Corinthians e Inter perderão jogadores por duas rodadas do Brasileirão? Alguns deles estão irritados? O Santos gostaria de usar Neymar, que recebe mais de 1 milhão por mês? Mas que coisa… Há anos digo que a CBF deve respeitar as datas Fifa parando seus campeonatos e que a única forma de fazer isso é RETIRAR OS CAMPEONATOS REGIONAIS DO CALENDÁRIO DOS GRANDES CLUBES. A CBF é a única Confederação do mundo que promove e boicota seus campeonatos.
Bem, em 2013, com os amistosos e a Copa das Confederações, tudo vai piorar. Mas as excrescências continuarão, sem dúvida. São puro entulho autoritário não removido desde o Golpe, quando o Almirante Heleno Nunes era presidente da CBF e gostava de ver suas federações regionais satisfeitas. Fodam-se os clubes que não fazem nada.
Ontem, estava almoçando no Sabor Natural, na Siqueira Campos, e me encontrei com meus velhos amigos Leônidas Abbio e Paulo Almeida. O Leônidas me lembrou de uma coisa que eu tinha dito a respeito do Inter e que tinha simplesmente esquecido. Logo após a contratação de Forlán, eu disse que o Inter estava se realmadrilizando. Referia-me ao Real Madrid que, antes de Mourinho, acumulava estrelas e não ganhava título nenhum. Não que seja ruim ter estrelas no time. É que estas, no Inter, sistematicamente são cooptadas a um grupo de semi-aposentados “grandes jogadores” que estão lá há anos e adotam seu estilo. Rapidamente, o jogador caro agrega-se ao grupo de Bolívar e Kléber, o dos jogadores “ricos com biografia”. Este grupo pensa que sua titularidade se dá por decreto e, quando ficam de fora, escolhem se querem ou não sofrer a humilhação do banco. Bolívar, por exemplo, não gosta de assistir o jogo do banco — ou joga ou fica em casa. Nei, Damião e Dagoberto, apesar de mais jovens, também participam do grupo dos velhos, talvez em função de seus altos salários. Índio idem, porém mata-se pelo time em campo e é adequado retirar dele a acusação da tal…
Fernandão chama a isso de “zona de conforto”. Tem razão. Mas não creio ser atribuição sua denunciar o problema. Aliás, ele parece ser o único angustiado. Luigi e seus companheiros de diretoria não estariam também numa zona de conforto? Pois é, o Inter é um clube estranho: tem uma folha de pagamentos que chega aos 9 milhões mensais e uma administração de futebol amadora. Também tem também um incrível respeito pelos jogadores campeões do passado. Eu já sou da opinião de Rubens Minelli, o qual repetia e repetia que futebol era momento e não tinha medo de deixar Batista, Caçapava ou Marinho Perez muitas vezes no banco. Não lembro de Manga, Figueroa, Falcão, Carpeggiani, Valdomiro ou Lula afrouxando o ritmo. Alfred Hitchcock também dizia que seus atores podiam ser substituídos por outros — disse uma vez a um deles que “atores são gado”. Ou seja, eles que obedecessem se quisessem seguir trabalhando com ele.
Mas o Inter tem medo do grupo de Bolívar, que já teve no passado co-líderes como Tinga, Clemer e… o próprio Fernandão. O tratamento com as vedetes é complicado, mas elas têm que ser dobradas. No Inter, há três grupos: o dos jovens, o dos estrangeiros e o dos velhos. A administração do futebol não consegue uni-los para dissolver a liderança dos velhos que moram no tal conforto. Fazendo corpo mole, eles já obtiveram demitir vários técnicos, mas nenhum veio se lamuriar em público, dizendo que nunca sabia se haveria esforço da parte do time e que rezava na beira do gramado para que houvesse interesse. “Eu nunca sei o que vai entrar em campo”. Piada, né? O fato é que nosso excelente grupo de jogadores, ao custo, repito, de 9 milhões por mês, é inútil, e faz uma campanha que, no segundo turno, o coloca na zona de rebaixamento. Nos últimos 9 jogos, ganhamos 6 pontos. (Eu abandonei o Beira-Rio e lhes digo, só volto em 2013). Se seguirmos assim, vamos nos livrar por pouco do rebaixamento. Não, não estou sendo louco, estou apenas olhando os números.
Então, apesar de achar que Fernandão não é técnico de futebol, seu mimimi pode fazer com que alguma coisa se mova internamente. Não, não se pode ser amiguinho de Bolívar e Cia. Ou eles jogam ou vão para onde o treinador os mandar. O próprio Fernandão, em seu patético pronunciamento, elogiou os jovens jogadores e disse que AGORA vai escalar quem se esforça em campo. Agora? Isto é uma confissão da vassalagem de um técnico que até dias atrás justificava tudo, desde as estranhas atitudes de Bolívar ao número incrível de cartões de D`Alessandro e Guiñazú. Não sei, creio que Fernandão devia comprar o confronto. Se hoje, na reapresentação dos jogadores, ele puser panos quentes, recuando de suas críticas, estamos fodidos. Está na hora de dobrar a geração vencedora ou virar a página.
Para os colorados, é o que resta torcer em 2012. Que a briga dê frutos e que venha um 2013 com novas diretoria, comissão técnica e, finalmente, nova dinâmica de grupo.
O Coritiba se reapresentou na tarde desta segunda-feira no CT da Graciosa, após o jogo contra o Figueirense, com desfalques confirmados. O meia Thiago Primão e o lateral Lucas Mendes foram diagnosticados com lesões e só devem retornar aos gramados em torno de duas semanas.
Thiago Primão sentiu dores no jogo diante o Grêmio pela Copa Sul-Americana. No final da semana, o atleta fez uma ressonância que constatou um entorse no joelho esquerdo. No entanto, não há necessidade de cirurgia e o tratamento será feito com fisioterapia no departamento médico do clube. O lateral Lucas Mendes, que foi vetado contra o Figueirense, teve uma lesão muscular na coxa e permanece fora do time.
Roberto, que levou uma pancada logo após o gol que fez contra o Grêmio, ainda não se recuperou e deve ficar à disposição de Marcelo Oliveira somente para o jogo contra o Botafogo, no final de semana. Emerson, que teve uma luxação no dedo do pé e Everton Costa, com lesão na panturrilha, seguem em tratamento. Ainda se recuperando de lesões ligamentares do joelho, Sérgio Manoel, volante, e Jackson, lateral-direito, também estão fora da partida.
Más sabe el diablo por viejo que por diablo. Traduzindo: “Mais sabe o diabo por ser velho do que por ser diabo”. Quando ouvi a escalação do Inter, tive a certeza de que o melhor caminho era o concerto de Rodrigo Calveyra e Manuel de Olaso. Não me decepcionei, foi um extraordinário recital de música antiga. Durante o maravilhoso concerto, a única coisa que me lembrou a escalação de Fernandão eram as goteiras do Santander Cultural, fato inacreditável em se tratando de uma instituição capitalizada, creio.
Escalar Kléber no meio-de-campo… Retirar Índio, nosso homem Gre-Nal, e manter Bolívar… E o Inter ainda vem falar em juiz? Tsc, tsc, tsc… Acabo de ler no blog de um amigo colorado a avaliação da atuação de nosso grande General: Lento e desatento. Todos os desarmes eram com falta. Passou da hora de dispensar a “liderança” do ex-general do Beira-Rio. Nota 2.
Más sabe el diablo por viejo que por diablo. Sou sócio e já disse, só volto ao Beira-Rio quando o Inter não tiver mais Bolívar sob contrato. Até lá, sou inimigo.
“Desânimo geral”, este é o titulo de uma das conversas que estamos travando em um dos grupos de discussões do Inter, justo naquele onde há mais conselheiros do clube. Mas a sensação estende-se aos outros grupos dos quais participo. Ninguém mais suporta falar sobre as escalações do time sabendo que estas são ditadas pela política do vestiário. Agora é Juan que provavelmente não iniciará o Gre-Nal — ou iniciará com mais dois outros zagueiros — tudo porque Bolívar, o líder do vestiário, o homem que avaliza treinadores, é inamovível.
Imaginem a vontade de treinar de um cara como, por exemplo, Rodrigo Moledo. Ele conseguiu retirar o Bolívar do time num esforço supremo — na bola que jogou a mais — e saiu do time por lesão. Virou reserva novamente. Está lá, no banco. Não sou apaixonado por ele, mas Moledo foi sacaneado. Dia desses ressurgiu no lugar de Índio. E foi o melhor da defesa.
Desta forma, o melhor Inter não pode entrar em campo em função do grupo de Bolívar. As substituições comprovam. Sempre saem os mais jovens (Élton, Fred), com os confirmados permanecendo em campo. E não há como motivar aqueles que não são amigos do General. Quase todo mundo está de saco cheio: os outros jogadores e a torcida. A perspectiva é péssima, mesmo contra o time do Grêmio.
Esse Gre-Nal pode desaguar em nova e desnecessária crise, mesmo que o Grêmio seja um time de opereta. Bem treinado, mas de opereta.
Faz algum tempo que decidi: como sócio e colorado, sigo pagando o clube, mas não vou ao estádio até que veja que o vestiário não é de um grupo de ex-vencedores, porque até as vitórias têm prazo de validade no futebol.
Como é que eles cantam “Com o Grêmio onde o Grêmio estiver” se não sabem onde estão?
Costumo discutir com meus amigos gremistas sobre a localização do Estádio Olímpico Monumental (grandioso, não?), o qual possui este nome por ter sido a sede principal das Olimpíadas de Porto Alegre. Sempre soube que o time da Azenha era, na verdade, o time da Medianeira, mas eles e a imprensa esportiva desejam ser “da Azenha”. Há músicas do clube que falam em Azenha e o site do clube confirma a informação. São equívocos.
Pois, em verdade, o estádio localiza-se na Medianeira, sendo que apenas o Pórtico Monumental e Imortal dos Campeões faz limite com o modesto bairro onde morei alguns anos. Como somos pessoas normais, sempre estranhei que abrigássemos o santuário de Zeus. Hoje eu descobri a verdade:
Medianeira é um bairro da zona sul da cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foi criado pela Lei 1762 de 23 de julho de 1957, com limites alterados pela Lei 4626 de 21 de dezembro de 1979. Foi o primeiro bairro criado por lei.
(…)
O bairro também abriga o Estádio Olímpico Monumental, do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, que fica nos limites com o bairro vizinho da Azenha. Entretanto, como o acesso se dá por este último – e, para confundir, por uma avenida homônima ao bairro -, muitas pessoas acreditam que o referido estádio fica no bairro Azenha, o que é uma inverdade.
OK, nosso estádio deveria ser chamado de Beira-Lago, mas isso eu não acho tão divertido.
O caso do romance Ulysses X Paulo Coelho: ontem li uma monumental besteira escrita por uma articulista num veículo de esquerda. É chocante a dificuldade que as pessoas têm de simplesmente admitir que foi uma bem urdida — mais uma — jogada de marketing.
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Sugiro aos querelantes que leiam um e outro. Parece-me tão simples.
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Detesto ir a dentistas. Vou hoje fazer uma revisão. Ainda bem que não sinto dores e tudo acabará em limpeza, como tem sido nos últimos cinco anos.
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Ontem, comprei o Amsterdam do McEwan. O Charlles Campos nem imagina, mas o fiz por insistência dele.
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O Inter contratou Rafael Moura quase na data do retorno de Leandro Damião. É uma diretoria muito bem humorada.
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Acho que o Inter pode continuar mandando seus jogos no Beira-Rio, mas não o Gre-Nal. Isto é, não jogos com duas torcidas.
Já passei da fase de defender meu time sob quaisquer circunstâncias. Quando um árbitro beneficia o Inter, digo sem qualquer problema ou sofrimento. Ontem, houve um jogo aqui no Olímpico onde o Bahia foi roubadíssimo em favor do Grêmio. À exceção de um, foram lances claríssimos. Não creio em pagamento de árbitro, mas em azar e predisposição. O sergipano Lima e Silva e seus auxiliares tiveram azar de ocorrerem vários lances duvidosos que fizeram com que aparecesse claramente sua predisposição a não se incomodar com a torcida local. O gol da virada do Bahia foi legal. O gol da vitória do Grêmio foi MUITO ilegal e na cara do auxiliar que vigia a linha de gol. O sujeito estava há 5 metros de distância e voltado para o lance. Quando pensei que o cara ia falar com juiz a fim de anular o gol, ele apenas avisou ao perdido sergipano que ele tinha dado dois cartões para Mancini e, portanto, deveria expulsar o jogador do Bahia. Foi uma decisão correta. O único lance realmente duvidoso foi se Kleber estaria ou não impedido no primeiro gol do Grêmio. Porque o pênalti posterior foi claro.
Ou seja, houve uma cirurgia no Olímpico e estou esperando a visita do sergipano ao Beira-Rio para poder dizer que beneficiaram o Inter.
Publicado originalmente no Sul21em 6 de de abril de 2012
Uma tragédia fica caracterizada onde não há apenas seriedade e dignidade, mas também conflitos com instâncias superiores, sejam elas metafísicas, como com deuses ou o destino, ou tangíveis, como com as leis e a sociedade. No caso de Heleno de Freitas o algoz foi o destino, o qual, como nas tragédia grega, não se deixou dobrar em nenhum momento. Pode-se dizer que Heleno cumpriu minuciosamente todo o papel trágico que lhe cabia, saindo da glória para a loucura e a morte em linha reta, com a convicção demonstrada sobejamente em Heleno, filme de José Henrique Fonseca, em cartaz nas principais cidades brasileiras.
A obra, rodada em gloriosa fotografia em preto a branco, deixa-nos por duas horas livres de quaisquer vestígios de ciúmes sobre a qualidade do cinema argentino, apesar da presença do hermano Fernando Castets dentre os roteiristas. Mais: não é necessário gostar de futebol para gostar de Heleno. Advogado, jogador de futebol dos bons, galã, boa vida, viciado em éter e lança-perfume, intratável, inteligente e vítima da sífilis, Heleno de Freitas traz todos os ingredientes de um grande personagem de tragédia. Vitimado pelos vícios e pela sífilis diagnosticada tardiamente — e que ele se negava a admitir ou tratar — , Heleno também foi vitimado pela celebridade e arrogância. É uma história triste, claro.
Heleno foi o primeiro grande encrenqueiro do futebol brasileiro e talvez mantenha-se no topo até hoje. A Adriano Imperador falta não apenas classe. O comportamento de nosso contemporâneo é uma brincadeira boba e monotemática frente a alguém que foi o principal jogador do Botafogo por oito anos — que fez 209 gols em 235 jogos no Bota, além de 19 em 24 jogos pelo Vasco e 15 em 18 jogos pela Seleção — , que desprezava seus companheiros pelo fato de serem um bando de pernas-de-pau (e que dizia e repetia isso para quem quisesse ouvir, a imprensa deliciava-se), que conquistava as mulheres que bem entendia, que se irritava por nada, que deu um nada metafórico tiro no pé ao tentar acender um fósforo enfiado na unha (John Wayne foi sua inspiração), que tinha amigos empresários, juristas e diplomatas e que acabou louco. Como definiu seu biógrafo Marcos Eduardo Neves:
Ele era temperamental como Edmundo, bonito como Raí, mulherengo como Renato Gaúcho, artilheiro como Romário, boêmio como Ronaldinho Gaúcho, inteligente como Tostão, de boa família como Kaká, elegante como Falcão e problemático como Adriano.
(Faltou dizer que ele torrava dinheiro e era explorado pelos amigos como Garrincha).
Seu gênio irascível e predador de mulheres rendeu-lhe o apelido de Gilda, analogia com a célebre personagem de Rita Hayworth, também bela e incontrolável. O apelido foi criado pela torcida do Fluminense. As noites de Heleno eram no Copacabana Palace, no Cassino da Urca ou na boate Vogue, tudo o que de melhor que a noite do Rio oferecia. Porém, assim como Rita Hayworth dizia que “todos os homens que já tive foram para a cama com Gilda e acordaram comigo”, Heleno dormia no Copacabana Palace e acordava no Botafogo. E o Botafogo era ruim demais, só Heleno se salvava. O time era tão ruim que Heleno nunca foi campeão carioca pelo time.
Em 1948, a contragosto, foi vendido ao Boca Juniors na maior transação do futebol brasileiro até então. Deixou a mulher grávida no Rio e seguiu fazendo seus gols até dar o tal tiro no pé. Voltou para conquistar seu único título carioca pelo Vasco, no ano de 1949. O técnico do Vasco era o exigente Flávio Costa, que também comandava a Seleção Brasileira. Aliás, a Seleção tinha por base o Vasco. Assim, era quase inevitável que Heleno jogasse e fosse Campeão do Mundo em 1950. Mas não gostava dos treinos, coisas chatas e cansativas após as noitadas. Um dia, irritado, ameaçou Flávio Costa com uma arma descarregada e acabou apanhando. Ficou fora da Copa, claro. E acabou partindo para a Colômbia, que pagava os mais altos salários do continente. Com a camisa do Atlético Barranquilla, “El jugador”, com era conhecido, encantou um jovem jornalista chamado Gabriel García Márquez.
Durante a Copa do Mundo, Heleno esteve na Colômbia. Quando soube da derrota, numa das melhores cenas do filme, Heleno comemorou a perda do título, finalizando a festa como sempre: com bebedeira e mulheres.
Fora de forma e falido, viciado em éter e lança-perfume, mas com os sintomas da sífilis já absolutamente presentes, teve uma passagem pelo Santos — nunca entrou em campo — e voltou ao Rio em 1953 para jogar em seu novo clube, o América-RJ. Jogou apenas alguns minutos. Foi expulso no primeiro tempo e nunca mais entrou em campo. Foi internado em 1954 na Casa de Saúde São Sebastião. Emagreceu, perdeu dentes e cabelo e o que lhe restava de sanidade. Ouvia vozes e agia de forma violenta.
O cuidadoso mosaico que o filme vai montando é formado por cenas alternadas da ascensão, glória, decadência e fim do craque, sem respeito à linha de tempo. É perfeito ao mostrar como que sua vida fora do campo foi lentamente matando o craque. Rodrigo Santoro, no papel de Heleno, voltou a demonstrar que não é apenas mais uma carinha bonita. Poucas vezes se viu no cinema nacional uma imersão tão radical num personagem. Basta dizer que o ator perdeu 12 quilos para viver as cenas finais do filme, já louco num sanatório. Santoro começou as filmagens pesando entre 80 e 82 quilos e chegou a 68, 69, fruto de uma dieta rigorosa ou, segundo declarou, da fome. Também tomou aulas com o bailarino Marcelo Misailidis para ganhar leveza e agilidade, características do jogador. O treinamento com bola foi feito com o ex-jogador Cláudio Adão.
O trio principal de atores é completado por Alinne Moraes, como Sílvia, esposa do jogador, pela colombiana Angie Cepeda, uma de suas amantes, e por Erom Cordeiro, que faz Alberto, o melhor amigo de Heleno e que acaba ficando com sua mulher… Heleno foi a mais solitária das estrelas.
Heleno é um filme rigoroso, não é moralista e muito menos piegas. Mesmo a música que acompanha a degenerecência mental do craque não busca lágrimas. É um movimento da 5ª Sinfonia de Mahler. O diretor Fonseca diz que gostaria que os espectadores soubessem da biografia de Heleno antes de verem o filme, pois considera que as cenas mostradas sejam insuficientes. Pedimos licença para discordar. O que é mostrado nos deixa tão fascinados que é impossível não sair do cinema e dar uma olhadinha no Google.
É, o difícil é fazer o simples
Bruno Zortea, no Facebook
O time está perfeito, espetacular? Claro quer não. Vamos patrolar o Vasco? Olha, se alguém passar por cima de alguém é mais provável que estejamos SOB o Vasco no próximo sábado. Mas o Inter melhorou muito, basta (re)ver o jogo de ontem. Fernandão e seu auxiliar não tiveram tempo para grande treinamentos. Acertaram apenas a escalação e tiveram a sorte de pegar dois adversários fracos — Atlético-GO e Figueirense. Mas só o fato de terem abandonado algumas invenções de Dorival e principalmente por não fazerem o gênero de substituições tolas como as do ex-treinador, fizeram o time crescer. Mudou muito? Não, negativo, porém Fernandão fixou o excelente Fred como titular na ausência de outros meias e evitou aquelas dorivalices de escalar um monte de “confirmados” (segundo ele) ou um monte de jovens, sem mesclar. Estes têm que entrar um a um, apoiando-se nos mais experientes.
A melhora do time reforça minha tese de que o melhor treinador é o que tem bom senso. É óbvio que eu não poderia treinar um time de futebol mesmo sabendo escalá-lo — pois desconheço a rotina de correções de posicionamentos, posturas, ajustes finos, controle do grupo, etc., mas penso que qualquer auxiliar de uma Comissão Técnica possa assumir o posto de técnico desde que lhe seja dado apoio e que haja organização e uma política de futebol. Por favor, chega de figurões, de magos. O Inter tem uma vaga política futebolística, mas Fernandão tem boa postura e apoio. É um ídolo do clube e isto lhe bastou para esta arrancadinha. Fundamentalmente, está longe de ser um tolo: como sabe que não é treinador — por enquanto é apenas um bom escalador de time — fez o Inter trazer do Catar um auxiliar técnico muito respeitado: Josué Teixeira, que trabalhava com Abel Braga, este sim um técnico de futebol.
O trabalho começa com duas vitórias que não garantem nada, mas já sabe melhor do que o de Dorival. Fernandão não perde os jogos na véspera, desculpando-se com desfalques por lesões, convocações ou cartões. Disse quando assumiu: o time que eu escalar é o Inter e será cobrado como o Inter é sempre cobrado. E foi esperto o suficiente para não tentar ser gênio. Apenas botou em campo a escalação que a gente imagina a mais equilibrada. E fim.
E é óbvio que desejo a Fernandão toda a sorte do mundo.
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A tabela do Brasileiro de 2012 é completamente diferente das dos anos anteriores. Vários clubes dispararam e a necessidade de pontos para a Libertadores será muito maior. Um campeão como o Corinthians, vencedor com menos de 66% dos pontos, está fora de questão. O Atlético-MG tem 85% e o Vasco 81%. O Grêmio, com pontuação de líder (66%), está em quarto lugar e os rebaixados têm o mais baixo percentual de aproveitamento dos últimos anos. A tabela não está achatada, muito pelo contrário. O site de estatísticas Chance de Gol avisa que os pontos necessários para a Libertadores não são mais os 63, 64 dos últimos anos, mas 74.
Avassalado por críticas, o técnico Dorival Júnior foi confirmado nesta quinta-feira pela diretoria do Internacional como treinador do time. Por enquanto. Quando um treinador entra em rota de colisão com torcida e jogadores, é apenas questão de tempo a sua demissão. Até lá, o Inter já estará distanciado da liderança do Brasileirão e qualquer sonho do tetracampeonato estará condenado.
Em sua defesa, o treinador disse que “não é mágico” e indiretamente reclama dos desfalques e do grupo de jogadores que tem disponível. Isto tem fundamento, mas não justifica pois as críticas são de longo prazo. Uma análise detalhada deixa claro que seu ciclo se encerrou em Porto Alegre.
Um treinador sobrevive sobre um tripé: resultados, bom futebol e comando de vestiário. Dorival fracassa nas três. Dorival tem a seu favor, dois títulos: um 3×1 em seu terceiro jogo no comando que garantiu o título da Recopa Sul-Americana. Neste jogo, fez um trabalho impecável e mereceu os louros. O outro é o Gauchão, um campeonato que Grêmio e Inter tem sempre a obrigação. Mas no Brasileirão e Libertadores, as competições mais difíceis, seu desempenho é discutível.
Em agosto de 2011, o técnico assumiu o time na 7º colocação, 14 pontos atrás do líder e 7 atrás do G5. Se manteve exatamente ali por mais de um turno, exceto nas 3 últimas rodadas quando foi 4º, 6º e finalmente 5º. Um ano depois, na mesma competição, o Inter está na 8º colocação, 9 pontos atrás do líder em 10 rodadas. Ou seja, um desempenho medíocre para quem almeja o título, 32 anos atrasado.
Dorival reclama dos desfalques, algo que todos os times possuem. Mas muitos dos jogos de pior desempenho ocorreram com time quase completo, como no 1×1 contra o Bahia ou no 1×2 para o Botafogo. Ele não cita que a maioria absoluta das lesões são causadas por problemas musculares, com a preparação física de responsabilidade de seu auxiliar Celso de Rezende, bastante criticado nos bastidores.
Na Libertadores, seu rendimento foi catastrófico. Em 10 jogos, 3 vitórias (todas em casa), 4 empates e 3 derrotas. Se classificou com a pior campanha da 1º fase em um grupo tenebroso com Juan Aurich e The Strongest, além do Santos (que, aliás, passeou e fez a 3º melhor campanha da 1º fase). O Inter só teve duas partidas convincentes, contra o Once Caldas na estréia e contra o The Strongest também no Beira-Rio.
O Estadual não foi muito diferente. Depois de uma primeira fase boa, acabou eliminado pelo Grêmio em casa com uma atuação medíocre na Taça Piratini. No returno foi melhor, eliminou o Grêmio na final, levantando a Taça Farroupilha e garantido na decisão contra o Caxias. Em dois jogos de rendimento bem ruim, perdia o título em casa até 20 do 2º tempo quando o Inter empatou e virou o placar. Mesmo assim correu riscos de perder o título nos minutos finais, salvo por Muriel.
Vamos ao outro baluarte de um treinador: bom futebol. Eventualmente um time pode não obter os resultados plenos mas agradar seus torcedores. Vimos a união “títulos+show” em times como o Inter dos anos 70 ou o Grêmio de 2001. Mas já apreciamos, mesmo em nível clubístico, times que jogaram muito bem e ainda assim não se sagraram campeões, casos do Inter de 2009 e do Grêmio de 2002.
Pior que os resultados colorados sob o comando de Dorival são as atuações nada convincentes: nenhuma sequência de 3 vitórias em competições nacionais e/ou Libertadores. Se comparado com temporadas anteriores é um desempenho medíocre. Por exemplo, o Inter de 2009 teve ALGUMAS sequências com 4 ou mais vitórias consecutivas. Um futebol envolvente, 156 gols em um ano. Alguma vez, o torcedor colorado teve, sob a batuta de Dorival Júnior, uma sequência de jogos que pudesse dizer: “nossa, como o time tá jogando legal, empolgante”? Negativo.
Não existe um padrão técnico e tático, jogadas que se possa dizer: “isto é a cara do treinador, um trabalho bem feito”. Os treinamentos são desperdiçados em inúteis treinos contra adversários invisíveis e rachões sem fim. O time não consegue jogar pressionando o adversário, nem mesmo na saída de bola do visitante, algo absolutamente incomum em se tratando de Internacional.
Porém o pior de tudo para um técnico é perder o vestiário. Isto é, perder a confiança dos atletas com seu trabalho. Desde agosto, são diversos casos de indisciplina dentro e fora dos gramados. Jogadores reclamando abertamenta, inclusive na imprensa. Algo raro no Beira-Rio nos últimos anos, que se tornou rotina nos últimos meses. Muitas punições com afastamento do time, punindo o clube e também a torcida.
Mas o que mais incomoda aos atletas é a incoerência. Por mais que tenha seus defeitos, Bolatti não pode ficar fora do banco de reservas em jogos sem limite de estrangeiros esgotados, algo praticamente inexistente em 2012 por lesões ou convocações. O tratamento injusto de Dorival desagrada os atletas, que vivem uma “roleta russa”: ora são titulares nos treinos, depois ficam fora do banco, aí titulares em um jogo nem concentram para a partida seguinte.
Esta semana vimos isto: Marcos Aurélio era titular, nem concentrou, depois voltou a ser relacionado. Já Maurides e João Paulo, primeiras opções e de razoável rendimento o 0x0 contra o Santos, sequer viajaram para Belo Horizonte. Fred, que se destacou em todos os jogos que entrou e treina com os profissionais desde maio, foi preterido por Lucas Lima, que chegou no clube há 1 mês e estava no Inter-B (e que até teve rendimento satisfatório) para o jogo contra o Santos.
Também vejo nas redes sociais e mesmo na imprensa algo que não condiz com a verdade. Muito se fala de que “D’Alessandro derrubou técnicos”. As demissões de Falcão e Fossatti foram pela diretoria, Mário Sérgio encerrou seu contrato, enquanto Roth caiu pela torcida. Apenas Tite se ‘enquadraria’ nesta análise.
Porém o competente técnico gaúcho sempre teve problemas a longo prazo, sem administrar direito o vestiário. Com seu discurso extremamente emocional, Tite acaba apegado a jogadores, prejudicando o time mantendo titulares em má e péssima fase, enquanto jogadores que estão “voando nos treinos” acabam invariavelmente fora da equipe, não importa o desempenho. Se na ocasião, o presidente Vitorio Piffero e o Vice-Presidente Fernando Carvalho tivessem interferido de maneira mais forte no vestiário, dando respaldo para Tite mas exigindo mudanças no time em nítido decréscimo técnico após um primeiro semestre esplendoroso, o resultado talvez tivesse sido diferente.
D’Alessandro errou muito naquele semestre, mas poucos se lembram que mesmo com Mário Sérgio dando total apoio ao atleta, seu rendimento não melhorou. Andrezinho terminou 2009 jogando muito mais que D’Alessandro, inclusive sendo titular na reta final do Brasileirão.
Ou seja, Dorival já tem seu destino traçado: a demissão em um futuro próximo.
Os resultados não dão embasamento para sua permanência.
O grupo de jogadores não confia no seu trabalho. E não consegue ser motivado por seu treinador.
A torcida quer sua cabeça. A diretoria do Inter saberá tomar a decisão correta?
Fica a questão, com a palavra: Giovanni Luigi, Luciano Davi e Fernandão.
“O _________ é uma excelente equipe. Tem excelentes jogadores como o _________, o _________ e também o _________. Fez uma ótima campanha no campeonato _________. O treinador deles é o competente __________. Nossa equipe está com desfalques importantes como o _________, o __________ e o __________. E o ________, voltando de lesão, ainda não está 100% em ritmo de jogo, precisa de mais tempo. Estamos aguardando as estreias de _______, _______ e ______, apesar de que eles também precisarão de tempo. Quer queiramos ou não, não podemos determinar um prazo para a equipe crescer. Eu acho que vai crescer. Apesar de que agora em diante vai faltar tempo para treinos porque teremos jogos quartas e domingos.”
Na minha opinião e na do Vicente Fonseca, com os jogos quarta e domingo e sem os treinos de Dorival, a tendência é de crescimento. Ah, o Vicente escreveu hoje: “O Internacional não perde para o Atlético-MG há quase 10 anos. A última derrota foi em outubro de 2002, 3 a 2”. Então, hoje do Rival tem a chance de quebrar um tabu.
Em treino realizado hoje, o time reserva do Inter tocou 4 x 0 no titular, gols de Maurides, Lucas Lima, D`Alessandro e Ygor. Time titular jogou com Muriel; Nei, Bolívar, Índio e Fabrício; Guiñazú, Elton, Marcos Aurélio e João Paulo; Dagoberto e Jajá. Reservas: Renan; Ratinho, Moledo, Dalton e Zé Mário; Ygor, Josimar, Bolatti e D`Alessandro; Maurides e Lucas Lima. Quem viu o coletivo, disse que a zaga de Moledo e Dalton nem foi incomodada.
Outro que não incomodou foi Dorival. Passou o tempo conversando com auxiliares ao lado do campo, sem intervir. Isso é que é treinador! Na metade, ele tirou Maurides dos reservas, colocando-o no time titular na vaga de Jajá. Foi o momento racional do treino. Afinal, o guri é atacante enquanto Jajá é um meio-campista lento.
No final, Dorival deu uma bronca nos titulares, mas nada de orientá-los. Uma pérola este homem.
Nilmar
Mas há mais fatos inacreditáveis, e desta vez o Dorival está fora. Soube agora que o Inter tinha se acertado ontem à noite com o Villarreal e com o empresário de Nilmar. Hoje, o empresário desfez o negócio. Motivo: achou que estava negociando os salários de seu jogador em valores líquidos e não brutos… E reclamou de sua comissão em entrevista. É muita baixaria. Talvez seja melhor desistir do cara.
Ontem, um amigo chamou minha atenção para um fato. Na página do Globoesporte relativa ao Internacional, havia notícias de várias transações que vão lentamente se confirmando. Todas elas são de repercussão internacional, coisas efetivamente grandiosas, coisas com as quais nem sonharíamos anos atrás. Há a venda de Oscar por 25 milhões de euros (79 milhões de reais); é uma venda, claro, mas já houve a chegada de Forlán, o provável retorno de Nilmar e as vindas de Ganso e do zagueiro Juan. Mas, querem saber de uma coisa?, não adianta nada se não for removido o fator Dorival.
O torcedor não aguenta mais. Nem o apoio da imprensa — sempre ao lado das direções — e nem o fato do Beira-Rio estar sendo pouco frequentado em razão das obras, impedem que a opinião pública se manifeste com clareza. O time não tem padrão de jogo, não tem jogadas e mantém-se simplesmente por seus bons jogadores. Ontem, o protesto deu-se de forma muito irônica no site do clube. O volante Bolatti, que permaneceu dois minutos em campo, recebeu 71,19% dos votos para melhor em campo na partida contra o Cruzeiro. Bolatti não é uma solução — é lento, marca mal, mas tem bom passe e, como segundo volante, é cem vezes melhor do que Élton ou Josimar. Dorival está visivelmente brincado com a torcida, talvez apostando numa demissão com multa rescisória. Após ser vaiado e chamado de burro ao inventar Jajá e Marcos Aurélio nos lugares de D`Alessandro e Dagoberto, chamou o xodó dos colorados para uma entradinha de dois minutos. Ele já tinha provocado a torcida ao fazer entrar o aposentado Bolívar no final de uma partida do Gauchão logo após a derrota para o Juan Aurich, cuja responsabilidade principal fora do zagueiro. O humor e a despreocupação de Dorival são claros. Parece estar com saudades de Florianópolis, onde tem uma mansão.
Ele é um bom treinador de imprensa e direção. É simpático e afável. Já escrevi neste blog sobre seus métodos de treinamento, mas o Inter vai ganhando e Dorival segue livre para ganhar um time invejável que não treinará. Como diz um amigo, estamos sem jóquei.
(Meus amigos gremistas são muito educados. Todos concordam racionalmente que estão absolutamente putos com a contratação de Forlán. Tudo começa pelo fato de amarem o Uruguai, por terem torcido pelo cara na Copa de 2010 e, fundamentalmente, por acharem que vai dar certo. Na boa, até eu me compadeço. Tenho um coração, porra!)
Como tínhamos previsto neste post (O Corinthians: dessa vez vai, acho), o Corinthians — “com um time de implacável pragmatismo, sem ilusões, dedicado à marcação e sem destacados protagonistas” — finalmente levou a Libertadores para casa. A conquista não incluiu as tradicionais arbitragens camaradas que acompanham o clube no Brasil, ela ocorreu limpamente no campo de jogo. Então, apesar de ter torcido para o Boca Juniors, reconheço a merecida vitória e deixo meus parabéns ao muitos e chatíssimos corintianos que conheço.
Na verdade, toda a tensão da torcida nem era justificada, tal a superioridade do time em campo. Mas sei como é, quando ganhamos a primeira Libertadores, meus amigos de outros estados diziam: “Mas foi fácil, vocês eram muito melhores que o São Paulo…” Tá bom, sofri horrores.
Para um sujeito como eu, que dá atenção residual ao futebol de seleções, a Libertadores é o torneio mais importante para ser acompanhado. Fico feliz que nossa versão da Champions League tenha se tornado uma paixão brasileira. É o terceiro título consecutivo de nosso futebol. O Inter ganhou em 2010, o Santos em 2011 e agora o Corinthians. Acho mais, acho que o espaço dado ao grande torneio fará crescer o interesse pelo Brasileiro, pela Copa do Brasil e apressará a morte dos regionais, pois é impossível manter os clubes que disputam a Libertadores fora de uma Copa do Brasil que pode levá-los novamente ao grande torneio. Em quase todos os países de futebol desenvolvido, há três grandes disputas anuais: o nacional com jogos de todos contra todos ida e volta, a Copa do país — com todos os clubes e eliminatória como a Copa do Brasil — e a competição continental. Só aqui temos estes anacrônicos regionais que atrapalham o calendário e nos fazem desrespeitar as datas Fifa. Vejam o efeito: agora, Inter e Santos perderão vários de seus principais jogadores em função das Olimpíadas. Culpa de quem? Ora, é só olhar o calendário.
Bem, aconteceu com o Grêmio o que quase todos — inclusive os mesmo gremistas mais inteligentes — esperavam. A novidade foi a chuva e o desespero de algumas emissoras de rádio para salvar o lamentável discurso de Paulo Odone após o jogo. Os jornalistas procuravam reinterpretá-lo de outra forma. Se a entrevista durou cinco minutos, as explicações e a amenização duraram dez.
Enquanto isso, escondidinho, o técnico Do Rival tentou fechar um treino com a intenção de escalar Bolívar. Ou seja, Do Rival traz um ex-jogador — porém alguém respeitado como líder — para auxiliá-lo a controlar um grupo que teima em dar a ele sua devida importância. Ou seja, serão dois generais de pijamas, um dentro e outro fora do gramado. Quando Bolívar salta para cabecear, você tem que ser rápido se quiser colocar uma folha de papel sob seus pés. Quando a bola é levantada na área do Inter, seu comportamento se equipara ao nosso no desejo de que o atacante erre. Como nós, ele torce. Hoje, abro o jornal e o texto é altamente laudatório a Bolívar. Trata-o por General. Os grupos de colorados nas redes sociais dizem exatamente o contrário. O jornal não gosta que falem mal da administração de clubes chefiados por políticos e empresários. Quando a vaia pegar de novo, haverá dez minutos explicando que ficamos nervosos e que torcedor é assim e está em seu direito.
De minha parte, estou tão cansado da política interna de Do Rival que desejo que o Sport passe o final da tarde de domingo levantando bolas em nossa área e fazendo gols. Simplesmente enchi o saco. O pior é que o Sport, que ocupa zona próxima a do rebaixamento, é tão mau time que talvez não consiga fazer nem isso. O contrato de Bolívar vai até o final de 2013.
Pois eu acho que desta vez o Corinthians será finalmente o Campeão da Libertadores. Com um time de implacável pragmatismo, sem ilusões, dedicado à marcação e sem destacados protagonistas, o time mais popular de São Paulo deverá levar não apenas a lenda de mais chato da competição. Apesar do que significa o Boca — se este passar hoje pelo Libertad — , os argentinos estão muito abaixo do que vimos ontem.
Afinal, é o ano dos pragmáticos. O Chelsea já ganhou a Liga dos Campeões vencendo times com melhores jogadores. (Acho que um encontro entre Chelsea e Corinthians deveria ser encaminhado diretamente para os pênaltis, tais suas retrancas.) Mas, ah, há lições a tirar dos enfadonhos.
Se o Chelsea teve sorte contra o Barcelona e principalmente contra o Bayern, o Corinthians demonstrou notável segurança, mantendo distância de quaisquer possibilidades de reversão. Todos, inclusive os atacantes, marcam mesmo. É comum ver Jorge Henrique, Emerson e William atirando-se à marcação com ânimo de volantes de contenção. E o resto do time faz o mesmo. Tanta dedicação aponta para um vestiário fechado e motivado, sem dorivais a impor ordens sem sentido. A marcação é completada por uma excelente organização e sincronia quando com a bola nos pés, prova de que o time não faz apenas os rachões desatentos de dorivais. Se há tanta dedicação e obediência, não há apenas Tite para administrar o grupo , há certamente uma equipe — da qual participa Fabio Maseredjan, dispensado pelo Inter para dar lugar ao preparador da equipe de dorival. OK, apesar de justos, chega de ressentimentos.
Ao ver os torcedores com lágrimas nos olhos e nervosos no final da partida, pensava em quão idiotas somos quando sob grande tensão. Eles deveriam estar tranquilos, tal a serenidade e a segurança do time do Pastor Tite. Apesar da diferença de um gol, o Santos nunca chegou a ameaçar, nem mesmo quando encontrou, sob as camadas da marcação corintiana, aquele gol de Neymar. A coisa estava tão séria e complicada para o Peixe que Neymar comemorou o gol de verdade, sem aquelas dancinhas das suas mais que vulgares músicas.
O gol foi imerecido e acabou sendo corrigido logo no começo do segundo tempo de uma forma bem corintiana — explorando o erro do adversário, no caso, Durval. Pois os times vencedores são assim, punem, estão ligados, prontos para o bote, totalmente instruídos e focados em objetivos, a não ser que sejam formados por Messis e Xavis e não precisem de tanta atenção, só de treino mesmo.
Esqueci de dizer que a objetividade do Tite — tão desapiedada quanto a de um pastor ao retirar o dízimo de seus fiéis — também revela-se quando o Corinthians toma posse da bola. O time vem tocando quase sem dribles e errando poucos passes. Os maestros são o excelente Paulinho e nosso conhecidíssimo Alex. Na reserva, há jogadores do porte de William, Liédson, Douglas, etc. Ou seja, a receita do Corinthians — provável vencedor da Lib 2012 — é foco, organização, dedicação, jogadores experientes e rejeição aos protagonismos.
Quando comparo com aquele meu time do sul… OK, eu paro.